sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Uma outra Luíza (*)

Uma outra Luíza (*)

MIÚDA, NEGRA E DE POUCOS SORRISOS, LUÍZA NÃO ENTENDEU MUITO BEM O PORQUÊ DE TODA AQUELA MOBILIZAÇÃO EM TORNO DO NOME QUE LHE FOI DADO EM HOMENAGEM A UMA TIA

24 de Janeiro de 2012 às 21:15

Henrique França

Luíza é uma adolescente brasileira, pobre, cheia de sonhos e ideias. Mora em uma favela urbana, agora chamada comunidade, e, aos 17 anos, sabe muito mal escrever o próprio nome. Vez por outra troca o Z pelo S na hora de assinar recibos como diarista ou babá – e também troca comida por cigarros, troca o dia pela noite, troca de nome para não ser reconhecida e humilhada na madrugada. Naquele momento, porém, quando passava em frente à TV, não fez confusão ao reconhecer, na tela, seu nome estampado: #Luiza.
Miúda, negra e de poucos sorrisos, Luíza não entendeu muito bem o porquê de toda aquela mobilização em torno do nome que lhe foi dado em homenagem a uma tia sertaneja que ela nunca conhecera. Nas conversas que ouvia pelas ruas, palavras estranhas: twitter, hashtag, Trending Topics… não, Luíza não tinha computador em casa e, das poucas vezes em que se aventurou em lan houses, teve pouca paciência para entender aquele universo. Preferia estar nas ruas ou arrumando casas e cuidando de crianças.
Inicialmente, deu de ombros a toda movimentação sobre #Luiza. Mas a coisa foi ganhando força, mais e mais pessoas repetiam seu nome, comemoravam cada novidade. “Ouviu a música de #Luiza?”, “Viu a foto dela?”, “Dizem que vai ganhar muito dinheiro com isso”, “Mas, afinal, quando #Luiza volta do Canadá?”. Luíza, a outra, já ouvira falar em Canadá algumas poucas vezes, mas não fazia a menor ideia de onde ficava o País, o que se fazia lá. Até porque, aos 17 anos, a menina mal conseguia sair dos limites da sua comunidade – a não ser para ir à praia ou quando era levada para lugares estranhos, nas madrugadas.
Foi quando ela viu, pela TV, o comercial onde uma família bonita citava #Luiza. O coração da pobre Luíza se encheu de sonhos. Imaginou-se nascida em família tão elegante, rica, sorridente – e afastou de imediato as lembranças das surras recebidas do pai, das humilhações sofridas nas ruas, da cicatriz de um filho indesejado; fechou os olhos e tentou memorizar as imagens do local onde aquelas pessoas diziam morar: ‘são quantas suítes, mesmo? E tem piscina?!’, perguntava a si mesma, baixinho. Por um longo momento, esqueceu-se dos tantos nomes que usou para fugir da realidade e teve orgulho de ser Luíza. “Luíza, Luíza”… sussurrava e gostava do som.
Dias depois, ainda eufórica com a alegria que seu nome trazia às pessoas, Luíza soube que #Luiza havia retornado do Canadá. E ela, nascida e criada em uma favela brasileira, não perderia por nada a chance de conhecer, pessoalmente, o segredo de tanto alvoroço. Ademais, Luíza se sentia parte daquele sucesso, da festa e dos muitos comentários em torno de um nome que também era o seu. No grande dia, Luíza vestiu sua melhor roupa e seguiu ao encontro de #Luiza. Assustou-se quando viu uma multidão no local, mas sorriu quando ouviu as vozes saudando “#Luiza! #Luiza! #Luiza!”. Cheia de orgulho e de sonhos, Luíza seguiu adiante.
Ao longe, viu uma moça bonita, sorridente, acenar para a multidão. Era #Luiza! Determinada, a outra Luíza tentava abrir caminho por entre as pessoas, e não entendeu quando começaram a resmungar contra ela e até a xingá-la. Foi impedida, pela massa, de ir adiante. E quando #Luiza passou em carro aberto, o êxtase se fez. E Luíza, miúda, viu apenas parte dos dedos daquela que voltara do Canadá para a glória, acenando. Logo depois todos puseram-se a correr para seguir #Luiza. E a outra Luíza, empurrada, caiu. Teve as mãos pisoteadas, o vestido manchado e a maquilagem borrada pelas lágrimas. Porque a pobre Luíza, de tanto ouvir sobre o Canadá, havia esquecido de como as coisas são no Brasil.
Henrique França é professor universitário, mestre em Ciência da Informação e mantém o blog #CotidianaMente

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Igreja brasileira lança dízimo em débito automático

Igreja brasileira lança dízimo em débito automático

As igrejas realmente têm criatividade e não é por falta de métodos que deixarão de arrecadar dinheiro dos seus fiéis. Grande exemplo disso é o missionário R.R.Soares, líder da Igreja Internacional da Graça. A instituição acaba de lançar uma nova modalidade de coleta de dízimo, por meio de débito automático em conta-corrente.

Cartão de Crédito da Igreja Internacional da Graça.
Segundo Soares divulgou em seu programa na Band, o membro da igreja poderá fazer suas doações mensalmente de forma mais prática. Para isso o fiel deve preencher um cadastro nos sites da igreja e passar seus dados bancários. É o doador, afirma Soares, quem decide quanto quer doar. Quem se cadastrar, diz ele, ganha "um brinde de Jesus", sem dizer o que é.

O missionário garante ainda que, se por acaso o doador não tiver saldo num determinado mês para dar o dízimo automático, ele não será debitado e "o fiel não será incluído no SPC ou no Serasa". A doação mensal voltará a ser debitada no mês seguinte, sem acumular a que não foi paga. Para criar o "dízimo em conta corrente", a Igreja Internacional da Graça firmou parceria com Itaú, Banco do Brasil e Bradesco.

Dízimo no débito automático
Além do dízimo automático, o pastor R.R.Soares também lançou o cartão de crédito da Igreja Internacional da Graça de Deus. Entre outras vantagens, o cartão permite pagar as compras "em até 40 dias, financiar no crédito rotativo e fazer saques de emergência no Brasil e exterior". Segundo a igreja, o cartão "é mais uma forma de você contribuir com as ações e obras sociais da igreja". Além da Internacional da Graça, a Universal e a Mundial também aceitam o pagamento de dízimos e doações por meio de cartão de crédito e débito. As operações são legais.

Do Bocão News com informações da Folha

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

O que é o racismo institucional? Psicólogo Valter da Mata explica em vídeo.

entá



PATRICIA PINHEIRO

Comentário de PATRICIA PINHEIRO 1 hora atrás



RACISMO INSTITUCIONAL!
SOU VÍTIMA DISSO!
SOU DELEGADA DE POLICIA E TENHO 13 ANOS DE CARREIRA, TENDO PASSADO PELO INTERIOR DO ESTADO, PELO DEPARTAMENTO DE POLICIA METROPOLITANA E AGORA ESTOU NO DEPARTAMENTO DE CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO JÁ A CINCO ANOS, E NUNCA FUI APONTADA PARA UMA PROMOÇÃO, NUNCA FUI CONVIDADA A SER ADJUNTA OU ASSESSORA DE NENHUM DELEGADO TITULAR, E O QUE É PIOR, NUNCA, JAMAIS FUI COGITADA A EXERCER UMA TITULARIDADE, NO QUE PESE TODA A MINHA EXPERIÊNCIA E ESTRADA. QUANDO OLHO PRA FRENTE SÓ VEJO TREVAS, E CHEGO A INFELIZ CONCLUSÃO QUE NESTA POLICIA, QUANTO MAIS VELHO SE FICA, MENOS SE TEM VALOR OU  SE MERECE O  RESPEITO DA INSTITUIÇÃO. HOJE ME ENCONTRO SOB O COMANDO DE DELEGADOS MUITO MAIS NOVOS E MENOS EXPERIENTES DO QUE EU, POIS NÃO PASSARAM METADE DO QUE EU PASSEI! 
SE ISSO NÃO É DISCRIMINAÇÃO, NÃO SEI MAS COMO CLASSIFICAR ESTE TIPO DE COISA!!!
DRª LUYISLINDA VALOIS QUE O DIGA, POIS ELA É O ESPELHO VIVO DO QUE MUITOS DE NÓS PASSAMOS AQUI NA BAHIA !
É TRISTE MAS É VERDADE!!!!

Oxalá - Orixá Funfun

Yemanja (Orixa da Bahia)

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

A música que confortou Dilma no presídio e o poder da canção



Quem não tem uma canção na vida? Aquela que marcou época, o primeiro beijo, a primeira transa, uma viagem, uma mudança, uma situação inesquecível? Música às vezes funciona como cheiro que quando bate nos faz lembrar. Uma fumaça que passa pode nos levar à beira de um fogão à lenha a quilômetros e quilômetros da metrópole até uma pequena fazenda no sertão.

Por Alberto Villas, em Carta Capital


Para um amor no Recife, de Paulinho da Viola, confortou a guerrilheira Dilma 
quando estava no presídio / Foto: AFP
 

Músicas perdidas no ar vivem grudadas na memória. Mais de três décadas depois ainda hoje quando ouço Ednardo cantando Carneiro viajo até a Rue de la Roquette, no outrora mais comunista dos bairros de Paris, onde um grupo de exilados ouviu junto a canção pela primeira vez.

“Amanhã se der o carneiro/Carneiro/Vou-me embora pro Rio de Janeiro.”

Tenho um amigo que não pode ouvir Movimento dos Barcos na voz de Jards Macalé. Enfiado num terno no décimo andar de um prédio na Avenida Paulista, ele tem vontade de vestir uma calça vermelha, um casaco de general, encher os dedos de anéis e sair por aí, pegar um velho navio acreditando que não precisa de muito dinheiro, graças a Deus.

Voltando à França dos anos 1970, ainda me lembro bem daquele sábado de final de dezembro num quarto de hotel em Gobelins ouvindo numa velha fita K-7 ao lado de Augusto Boal a canção que Chico fez pra ele.

“Meu caro amigo, me perdoe, por favor/Se eu não lhe faço uma visita/Mas como agora apareceu um portador/Mando notícias nessa fita/Aqui na terra tão jogando futebol/Tem muito samba, muito choro e rock and roll/Uns dias chove, noutros dias bate sol/Mas o que eu quero é lhe dizer/Que a coisa aqui tá preta/Muita mutreta pra levar a situação/Que a gente vai levando/De teimoso e de pirraça/E a gente vai tomando, que também/Sem a cachaça/Ninguém segura esse rojão.”

O rei Roberto, esperto, soube traduzir bem tudo isso cantando As canções que você fez pra mim.
“Hoje eu ouço as canções que você fez pra mim/Não sei por que razão tudo mudou assim/Ficaram as canções e você não ficou.”

Algumas músicas ficam mesmo para sempre. Em 1971, a guerrilheira Dilma Rousseff estava comendo o pão que o diabo amassou no presídio da Avenida Tiradentes em São Paulo e era uma canção que muitas vezes confortava aquelas mocinhas que viviam ali naqueles poucos metros quadrados imundos e fétidos. Cada guerrilheira nova que chegava Dilma a recebia com um acalanto porque não estava fácil segurar o rojão.

A história está muito bem contada no livro A Vida quer é coragem, de Ricardo Batista Amaral. Quando bati os olhos na página 78, fiquei imaginando Paulinho da Viola lendo aquilo. Será que ele sabia que a futura presidente do Brasil tinha na cabeça, naqueles momentos de aflição, uma canção sua?

A uruguaia Maria Cristina Uslendi conta que em outubro de 1971, toda vez que voltava das sessões de tortura, encontrava Dilma de braços abertos “me amparando, me ajudando a usar a latrina quando não tinha forças, me dando sopinhas de colher na boca, me cedendo a parte de baixo do beliche e pondo na vitrolinha de pilhas as melhores músicas da MPB”.

Cristina conta que Dilma sempre pedia a ela que prestasse muita atenção à letra de Para um amor no Recife, uma canção de Paulinho que diz assim:

“A razão por que mando um sorriso/E não corro/É que vou levando a vida/Quase morto/Quero fechar a ferida/Quero estancar o sangue/E sepultar bem longe/O que restou da camisa/Colorida que cobria minha dor/Meu amor eu não esqueço/Não se esqueça, por favor,/Que voltarei depressa/Tão logo a noite acabe/Tão logo este tempo passe/Para beijar você.”

Pois é, existem canções que são verdadeiros rios que passam na vida da gente.

Reintegração de posse em Pinheirinho vai parar no STF

Reintegração de posse em Pinheirinho vai parar no STF

23
Jan
2012


Agência Brasil

“A Associação Democrática por Moradia e Direitos Sociais de São José dos Campos (SP) entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo a suspensão da desocupação de Pinheirinho, em São José dos Campos (SP). A posse da área é reclamada pela massa falida da empresa Selecta, e vinha sendo ocupada, desde 2004, por cerca de 1,3 mil famílias sem teto.

A desocupação da área teve início no último fim de semana, e segundo a associação, o comandante da Polícia Militar que estava à frente da operação ignorou uma ordem da Justiça Federal para que não desocupar a área. A associação também alega que o comandante da Guarda Municipal não recebeu a ordem para suspender as atividades das mãos do oficial de Justiça que foi entregar o mandado.

A reintegração de posse da área resultou em uma disputa judicial de liminares que passou por varas de primeira instância, pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, e finalmente, pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), que anulou todo o processo por entender que ele tinha irregularidades. Segundo a associação, a decisão do STJ foi comunicada à 6ª Vara Cível de São José dos Campos (SP), mas a juíza titular desconsiderou a informação.

A associação também informou que a União passou a manifestar interesse pela solução do problema e chegou a firmar um termo de compromisso com o governo paulista e com o município de São José para regularizar a gleba de terras. Foi assim que o caso foi parar na Justiça Federal, com decisão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3) suspendendo a desocupação. Mesmo assim, no último domingo, a Polícia Militar de São Paulo (PM-SP) e a Guarda Municipal de São José dos Campos iniciaram a desocupação da área.

A associação pede que o STF reconheça que a competência de julgar o caso é da Justiça federal, e não da estadual. Alega perigo na demora de uma decisão, observando que não é possível aguardar o fim do recesso do Judiciário para que o STJ julgue recurso definitivo sobre o assunto.”