quinta-feira, 23 de julho de 2015

“Para quando eu me for”

“Para quando eu me for”, um texto para quem não tem medo de se emocionar

Morrer é uma surpresa. Sempre. Nunca se espera. Nem mesmo o paciente terminal acha que vai morrer hoje ou amanhã. Na semana que vem talvez, mas apenas se a semana que vem continuar sendo na semana que vem.
Nunca se está pronto. Nunca é a hora. Nunca vamos ter feito tudo o que queríamos ter feito. O fim da vida sempre vem de surpresa, fazendo as viúvas chorarem e entediando as crianças que ainda não entendem o que é um velório (Graças a Deus).
Com meu pai não foi diferente. Na verdade, foi mais inesperado. Meu pai se foi com 27 anos, a idade que leva muitos músicos famosos. Jovem. Moço demais. Meu pai não era músico nem famoso, o câncer parece não ter preferência. Ele se foi quando eu ainda era novo, descobri o que era um velório justamente com ele. Eu tinha 8 anos e meio, o suficiente pra sentir saudade pelo resto da vida. Se ele tivesse morrido antes, não haveriam lembranças. Nem dor. Mas também não haveria um pai na minha história. E eu tive um pai.
Tive um pai que era duro e divertido. Que me colocava de castigo com uma piadinha pra não me magoar. Que me dava um beijo na testa antes de dormir. Hábito esse que eu levei para os meus filhos. Que me obrigou a amar o mesmo time que ele e que explicava as coisas de um jeito melhor que a minha mãe. Sabe? Um pai desses que faz falta.
Ele nunca me disse que ia morrer, nem quando já estava deitado cheio de tubos. Meu pai fazia planos para o ano que vem mesmo sabendo que não veria o próximo mês. No ano que vem iríamos pescar, viajar, visitar lugares que nenhum de nós conhecia. O ano que vem seria incrível. Eu vivi esse sonho com ele.
Acho, tenho certeza na verdade, que ele pensava que isso daria sorte. Supersticioso. Pensar no futuro era o jeito dele se manter otimista. O desgraçado me fez rir até o final. Ele sabia. Ele não me contou. Ele não me viu chorar a sua perda.
E de repente o ano que vem acabou antes de começar.
Minha mãe me pegou na escola e fomos ao hospital. O médico deu a notícia com toda a sensibilidade que um médico deixa de ter com os anos. Minha mãe chorou. Ela também tinha um pingo de esperança. Como disse antes, todo mundo tem. Eu senti o golpe. Como assim? Não era só uma doença normal dessas que a gente toma injeção? Pai, como eu te odiei. Você mentiu pra mim. Não fiquei triste, pai, fiquei com raiva. Me senti traído. Gritei de raiva no hospital até perceber que meu pai não estava lá pra me colocar de castigo. Chorei.
Mas aí meu pai foi meu pai de novo. Trazendo uma caixa de sapato debaixo dos braços, uma enfermeira veio me consolar. Dentro, dezenas de envelopes lacrados com frases escritas onde deveriam ficar os nomes dos destinatários. Entre as lágrimas e os soluços não consegui entender direito o que estava acontecendo. E então a mesma enfermeira me entregou uma carta. A única fora da caixa.
“Seu pai me pediu pra entregar essa pessoalmente e te dizer pra abrir. Ele passou a semana inteira escrevendo tudo isso e disse que era pra você. Seja forte.” Disse a enfermeira com um abraço.
PARA QUANDO EU ME FOR dizia o envelope que ela me entregou. Abri.Filho,
Se você está lendo eu morri. Desculpa, eu sabia.
Não queria te dizer que ia acontecer, não queria te ver chorar. Parece que consegui. Acho que um homem prestes a morrer tem o direito de ser um pouco egoísta.
Bom, como eu ainda tenho muito pra te ensinar, afinal você não sabe de nada, deixei essas cartas. Você só pode abrir quando o momento certo chegar, o momento que eu escrevi no envelope. Esse é o nosso combinado, ok?
Eu te amo. Cuida da sua mãe, você é o homem da casa agora.
Beijo, pai.
PS: Não deixei cartas para sua mãe, ela já ficou com o carro.
E com aqueles garranchos, afinal naquela época não era tão fácil imprimir como é hoje em dia, ele me fez parar de chorar. Aquela letra porca que uma criança de 8 anos mal entendia (eu, no caso) me acalmou. Me arrancou um riso do rosto. Esse era o jeito do meu pai de fazer as coisas. Que nem o castigo com uma piadinha para aliviar.
Aquela caixa se tornou a coisa mais importante do mundo. Proibi minha mãe de abrir, de ler. Mas elas eram minhas, só pra mim. Sabia decorado todos os momentos da vida em que eu poderia abrir uma carta e ler o que meu pai tinha deixado. Só que esses momentos demoraram muito pra chegar. E eu esqueci.
Sete anos e uma mudança depois eu não tinha ideia de onde a caixa tinha ido parar. Eu não lembrava dela. Algo que você não lembra não faz falta. Se você perdeu algo da sua memória, você não perdeu. Simplesmente não existe. Como dinheiro que depois você acha no bolso da bermuda.
E então aconteceu. Uma mistura de adolescência com o novo namorado da minha mãe desencadeou o que meu pai sabia que um dia aconteceria. Minha mãe teve vários namorados, sempre entendi. Ela nunca casou de novo. Não sei ao certo o motivo, mas gosto de acreditar que o amor da vida dela tinha sido meu pai. Mas esse namorado era ridículo. Eu sentia que ela se rebaixava pra ele. Que ele fazia pouco da mulher que ela era. Que uma mulher como ela merecia algo melhor do que um cara que ela tinha conhecido no forró.
Me lembro até hoje do tapa que veio acompanhado da palavra “forró”. Eu mereci, admito. Os anos me mostraram isso. Na hora, enquanto a pele da minha bochecha ardia, lembrei da minha caixa e das minhas cartas. De uma carta em específico que dizia PARA QUANDO VOCÊ TIVER A PIOR BRIGA DO MUNDO COM A SUA MÃE.
Corri para o quarto e revirei minhas coisas o suficiente para levar outro tapa na cara da minha mãe. Encontrei a caixa dentro de uma mala de viagem na parte de cima do armário. O limbo. Procurei entre os envelopes. Passei por PARA QUANDO VOCÊ DER O PRIMEIRO BEIJO e percebi que havia pulado essa, me odiei um pouco e decidi que a leria logo depois, e por PARA QUANDO VOCÊ PERDER A VIRGINDADE, uma que eu esperava abrir logo, logo. Achei o que procurava e abri.
Pede desculpa.
Eu não sei o motivo da briga e nem quem tem razão. Mas eu conheço a sua mãe. Então a melhor maneira de resolver isso é com um humilde pedido de desculpas. Do tipo rabinho entre as pernas.
Ela é sua mãe, cara. Te ama mais do que tudo nessa vida. Sabe, ela escolheu parto normal porque alguém disse que era melhor pra você. Você já viu um parto normal? Pois é, quer demonstração de amor maior que essa?
Pede desculpa. Ela vai te perdoar. Eu não seria tão bonzinho.
Beijo, pai.
Meu pai passava longe de um escritor, era bancário, mas as palavras dele mexeram comigo. Havia mais maturidade nelas do que nos meus quatorze anos de vida. O que não era muito difícil por sinal.
Corri para o quarto da minha mãe e abri a porta. Já estava chorando quando ela, chorando também, virou a cabeça pra me olhar nos olhos. Não lembro o que ela gritou pra mim, algo como “O que você quer?”, mas lembro que andei até ela e a abracei, ainda segurando a carta do meu pai. Amassando o papel já velho entre os meus dedos. Ela me abraçou de volta e ficamos em silêncio por não sei quantos minutos.
A carta do meu pai fez ela rir alguns momentos depois. Fizemos as pazes e conversamos um pouco sobre ele. Ela me contou umas manias estranhas que ele tinha, como comer salame com geleia de morango. De algum modo, senti que ele estava ali. Eu, minha mãe e um pedaço do meu pai, um pedacinho que ele deixou naquele papel. Que bom.
Não demorou muito e li PARA QUANDO VOCÊ PERDER A VIRGINDADE.
Parabéns, filho.
Não se preocupa, com o tempo a coisa fica melhor. Toda primeira vez é um lixo. A minha foi com a puta mais feia do mundo, por exemplo.
Meu maior medo é você ler o envelope e perguntar da sua mãe antes da hora o que é virgindade. Ou pior, ler o que eu acabei de escrever sem nem saber o que é punheta (você sabe, não sabe?). Mas isso também não será problema meu, não é mesmo?
Beijo, pai.
Meu pai acompanhou minha vida toda. De longe, sim, mas acompanhou. Em incontáveis momentos suas palavras me deram aquela força que ninguém mais conseguia dar. Ele sempre dava um jeito de me arrancar um sorriso em um momento de tristeza ou de clarear meus pensamentos num momento de raiva.
PARA QUANDO VOCÊ CASAR me emocionou, mas não tanto quanto PARA QUANDO EU FOR AVÔ.
Filho, agora você vai descobrir o que é amor de verdade. Vai descobrir que você gosta bastante da sua mulher, mas que amor mesmo é o que você vai sentir por essa coisinha aí que eu não sei se é ele ou ela. Sou um cadáver, não um vidente.
Aproveita. É a melhor coisa do mundo. O tempo vai passar rápido, então esteja presente todos os dias. Não perca nenhum momento, eles não voltam mais. Troque as fraldas, dê banho, sirva de exemplo. Acho que você tem condições de ser um pai tão incrível quanto eu.
A carta mais dolorida da minha vida foi também a mais curta do meu pai. Acredito que ele sofreu para escrever aquelas quatro palavras o mesmo que eu sofri por ter vivido aquele momento. Demorou, mas um dia eu tive que ler PARA QUANDO SUA MÃE SE FOR.
Ela é minha agora.
Uma piada. Um palhaço triste que esconde o choro por trás do sorriso de maquiagem. Foi a única carta que não me arrancou um sorriso, mas entendi a razão.
Eu sempre respeitei o combinado com meu pai. Nunca li nenhuma carta antes do momento certo. Tirando PARA QUANDO VOCÊ SE DESCOBRIR GAY, claro. Nunca acreditei que o momento de ler essa carta chegaria, então abri muitos anos atrás. Ela foi uma das mais engraçadas, por sinal.
O que eu posso dizer? Ainda bem que morri.
Deixando as brincadeiras de lado e falando sério (é raro, aproveita). Agora semimorto eu vejo que a gente se importa muito com coisas que não importam tanto. Você acha que isso muda alguma coisa, filho?
Não seja bobo, seja feliz.
Sempre esperei muito pelo próximo momento. Pela próxima carta. Pela próxima lição que meu pai tinha pra me dar. Incrível como um homem que viveu 27 anos teve tanto pra ensinar pra um senhor de 85 como eu.
Agora, deitado na cama do hospital, com tubos no nariz e na traqueia (maldito câncer), eu passo os dedos por cima do papel desbotado da última carta. PARA QUANDO SUA HORA CHEGAR o garrancho quase invisível diz.
Não quero abrir. Tenho medo. Não quero acreditar que a minha hora chegou. Esperança, lembra? Ninguém acredita que vai morrer hoje.
Respiro fundo e abro.
Oi, filho, espero que você seja um velho agora.
Sabe, essa foi a carta mais fácil de escrever. A primeira que eu escrevi. A carta que me livrou da dor de te perder. Acho que estar perto do fim clareia a cabeça pra falar sobre o assunto.
Nos meus últimos dias eu pensei na vida que eu levei. Na minha curta vida, sim, mas que me fez muito feliz. Eu fui seu pai e marido da sua mãe. O que mais eu poderia querer? Isso me deu paz. Faça o mesmo.
Um conselho: não precisa ter medo.
PS: Tô com saudade.

segunda-feira, 13 de julho de 2015

A Dupla Lucas e Orelha Consagra-se Honradamente Campeã por Excelência

Lucas e Orelha estão confiantes para próxima fase do Superstar: ‘Nossa meta é vencer’
Dupla se apresenta novamente neste domingo no reality. Foto: Reprodução/Facebook
A vida de Lucas Arcanjo e João Henrique Santana, a dupla Lucas e Orelha, deu um giro de 180 graus desde a primeira audição no reality show musical Superstar, da Rede Globo. Acompanhados pela banda, os garotos, de 19 e 17 anos, respectivamente, subiram ao palco no dia 26 de abril e animaram público e jurados com a música autoral “Presságio”, garantindo 86% dos votos, segunda melhor votação da noite, e o “sim” do trio formado por Paulo Ricardo, Sandy e Thiaguinho, escolhido pela dupla como padrinho. Neste domingo (31), Lucas e Orelha voltam a se apresentar no programa e prometem ir com todo gás disputar o “SuperPasse” para a terceira etapa da competição. “A gente não pode dizer o que estamos preparando, mas está muito bom! Vocês e os críticos vão gostar pra caramba! Está diferente, super lindo”, contou Lucas, confiante. Diferente do que muitos pensam, ele e Rick não são irmãos. Amigos de escola, se juntaram há cerca de um ano para gravar uns vídeos e divulgar na internet. Aos poucos, a brincadeira virou coisa séria, e as pessoas começaram a se interessar pelo trabalho que eles faziam. “Conheci o Orelha no colégio, estudávamos juntos. Um dia, resolvi postar um vídeo com ele na internet e a repercussão do público começou a surgir. Conhecemos o Guga (Fernandes, produtor) e ele quis começar uma banda com a gente”, relembra Lucas.

Após a apresentação, Thiaguinho aprovou: "Me vi neles. Gostei muito da música. Tem muito a ver comigo e vocês conseguiram colocar a cara de vocês. Parabéns!". Ouça abaixo "Presságio", canção que levou Lucas e Orelha à segunda fase do Superstar:
Parceiros no trabalho e na vida, a identificação entre Lucas e Rick Orelha foi imediata, especialmente porque ambos têm o mesmo gosto e referências musicais. “Apesar de não sermos irmãos de sangue, a gente se identificou bastante. Parece que já nos conhecíamos há anos, de outras vidas. Somos irmãos de alma”, diz Lucas. Fãs de Anitta, Justin Bieber, Justin Timberlake, Naldo, Projota e Chris Brown, os meninos tentam aliar o que ouvem ao que produzem e, até agora, já são mais de 50 composições. “A gente tenta mesclar essas influências à nossa baianidade e brasilidade. Criamos um estilo próprio, que definimos como funk pop melody”, explica. As preferências, no entanto, não impedem o trânsito da dupla por outros ritmos, um deles, o Axé. "Como a gente mora em Salvador, não tem como não beber dessa fonte. Já nascemos ouvindo. Mas o Axé que a gente faz é um pouco diferente, meio pop, meio melody, meio eletrônico", ressalta Lucas. Inclusive, o próximo álbum do ex-Jammil e Uma Noites, Tuca Fernandes, contará com cinco músicas compostas pelos meninos. "Assim como aconteceu comigo e o Rick, parece que já conhecíamos o Tuca há dez mil anos. Ele se identificou verdadeiramente com a gente, é uma pessoa nota 100 que nos deu uma oportunidade e mostrou o caminho e a direção a seguir. Quando a gente senta e toca é incrível", destaca.

Lucas e Orelha comemoram passagem para segunda fase ao lado da banda. Foto: Fabiano Battaglin / Gshow
Embora não esperassem a repercussão gerada pela participação no Superstar e até tenham duvidado da possibilidade de entrar no reality, Lucas e Orelha não reclamam da nova fase, só desfrutam. " Não sabíamos se tínhamos chance. Foi uma surpresa, porque a gente não esperava que os três jurados gostassem do nosso estilo, principalmente o Paulo Ricardo que é do rock, mas que foi o primeiro a apertar o botão. Também não sabíamos que o poder da emissora e do programa eram tão grandes assim. Nossa vida mudou da água para o vinho. A gente sai na rua e as pessoas já reconhecem de cara. Estamos gostando demais de ver que nosso sonho está sendo realizado. É uma coisa muito gostosa", enfatiza. Os meninos, que superaram bandas com mais tempo de estrada e experiência, não acreditam que a pouca idade traga vantagem na disputa. "Se somos novos ou não, não importa. Cada um tem que chegar lá, mostrar seu trabalho, sua verdade, o que é e o que é capaz de fazer", pontua. Apesar de felizes e satisfeitos com a experiência e a oportunidade proporcionadas pelo Superstar, Lucas e Orelha querem avançar ainda mais na disputa e na carreira. "O programa nos ensinou muita coisa. Tem muita gente boa e estamos muitos felizes. Esperamos ser aprovados para a próxima fase e mostrar nossa musicalidade para o Brasil e o mundo. Nossa meta é vencer e com fé em Deus vai dar tudo certo", torce Lucas.

Assista ao clipe de "Não Vou Esperar", de Lucas e Orelha:

terça-feira, 7 de julho de 2015

QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL E INCONSTITUCIONALIDADE - Robson Ramos

QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL E INCONSTITUCIONALIDADE

A infiltração da OAB nos poderes do país impõe ao Judiciário a doutrina da violação da lei através de interpretações subjetivas daquilo que deve ser cumprido e não interpretado. O judiciário não diz mais o que é direito e sim qual é a sua vontade, A verdade mais conveniente à OAB e à ditadura neocomunista.
O artigo quinto da Constituição é absolutamente claro ao dizer que é livre o exercício de qualquer profissão ou ofício, interpretá-la de maneira a reduzir o alcance desta afirmação é servir ao totalitarismo que nos governa e não à democracia. É o que ocorre quando se utiliza a “qualificação profissional” como artifício para impedir que os bacharéis em direito exerçam a profissão de advogado.
“CF - Art. 5º
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer; “
A OAB e o JUDICIÁRIO precisam entender que cada ciência tem seu objeto de estudo e que precisam respeitar as outras ciências e os demais poderes da República. Não é lícito ao Judiciário e à OAB se apropriarem da verdade e estabelecerem definições que competem a outros órgãos fazê-lo.
QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL
Compete ao MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO e ao MINISTÉRIO DO TRABALHO legislar sobre a QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL. Compete ao Ministério do Trabalho investigar qual é o tipo de qualificação profissional que o mercado precisa e é tarefa do Ministério da Educação fornecê-la. A qualificação profissional é fornecida pelo Ministério da Educação e comprovada pela exibição do DIPLOMA reconhecido pelo MEC.
A lei não autoriza o JUDICIÁRIO a se apropriar da verdade e definir aquilo que a lei já definiu para atender aos interesses da OAB. Cabe ao JUDICIÁRIO atender aos interesses da SOCIEDADE e não de uma associação privada.
Qualificação profissional são os atributos e características de um indivíduo para se posicionar bem no mercado de mercado. Qualificação profissional é a preparação para aprimorar suas habilidades, e especializar-se em determinadas áreas para executar da melhor forma suas atribuições. O Ministério da Educação ao definir o currículo da cada profissão definiu quais as QUALIDADES que o PROFISSIONAL dever ter para exercer aquela profissão. E ao conceder-lhe o DIPLOMA certificou que aquele indivíduo possui tais QUALIFICAÇÕES PROFISSIONAIS.
Se quisermos melhorar a qualificação profissional dos bacharéis em direito temos que alterar o currículo do curso, excluindo a interferência da OAB. Introduzindo nos cursos filosofias PRÓ-SOCIEDADE e terminar com a exclusividade do ensino do direito pró-indivíduo, pró-réu, pró-bandido.
Não é através de uma prova ilegal que exclui os direitos dos cidadãos, restringindo a amplitude da liberdade ao trabalho que a Constituição determina que se vai melhorar o que a OAB estragou com sua ideologia comunista. Nem é o propósito desta prova fazê-lo. O único propósito da prova é servir ao Totalitarismo que se instalou neste país.
A QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL é objeto de estudo da ciência da ADMINISTRAÇÃO, dos profissionais de Recursos Humanos, dos Economistas, do Ministério do Trabalho, do Ministério da Educação, da Sociologia do trabalho.
Quando os profissionais de recursos humanos reclamam da falta de profissionais qualificados estão dizendo que não há no mercado profissionais graduados, com diplomas reconhecidos pelo MEC em uma determinada profissão. Este é o significado de QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL.
A lei atribuiu ao MEC a competência para avaliar a qualidade da qualificação e exigir melhorias, inclusive fechando as escolas que não atendam aos requisitos mínimos que o MEC impõe. Não é competência nem da OAB, nem do STF legislar nesta matéria contra as leis vigentes. Não compete ao Judiciário posto a serviço da OAB violar as leis para atender a uma Associação Privada.
Não é tarefa dos membros da OAB infiltrados no STF inovar e criar significados para expressões que estão absolutamente claras. Ao STF compete cumprir a lei não criar interpretações sobre aquilo que está explícito. A expressão QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL não admite significação diversa daquilo que qualquer pessoa de formação intelectual mediana compreenda.
“A Concepção capitalista de qualificação profissional remete ao campo estritamente positivista e técnico como na visão de Taylor e Ford. Na visão liberal predominam a competência, a formação técnica como a habilitação para o exercício da profissão que se comprova pela exibição do certificado ou diploma. “
“A Concepção marxista de qualificação profissional insere na educação e na profissionalização problemas de natureza econômica, filosófica, social e ético-política que remetem não apenas à formação profissional estrito senso, mas à formação humana, em sentido pleno”.
Esta interpretação permite inserções subjetivas que alienam o sujeito do direito ao trabalho, colocando no ostracismo os opositores do regime, para esta concepção a qualificação profissional não se comprova com a exibição do certificado, nem pela competência, mas pelo consentimento do regime. Para a concepção marxista atributos pessoais são mais valorizados que a competência profissional.
“a qualificação dos trabalhadores se dá por meio da articulação entre a sua subjetividade e o modo como ela é intrinsecamente vinculada às relações sociais, ao conjunto dos trabalhadores e ao modo de reprodução do capital” (p.36). Claudia Mattos Kober Campinas: Autores Associados, 2004.
"O conceito de qualificação não pode ser compreendido como uma construção teórica acabada, mas como um conceito explicativo da articulação de diferentes elementos no contexto das relações de trabalho, capaz de dar conta das regulações técnicas que ocorrem na relação dos trabalhadores com a tecnologia e das regulações sociais que produzem os diferentes atores da produção que resultam nas formas coletivas de produzir (Villavicencio, 1992, p.1)."
Com a introdução desta concepção marxista de qualificação profissional, os funcionários dos departamentos de RH das empresas têm feito a seleção fundamentados em valores puramente subjetivos excluindo pessoas em razão da idade, peso, traje, corte de cabelo, opinião política, chegando mesmo a investigar na internet a postura política do candidato, e um sem número de abusos não admitidos no sistema capitalista. Hoje, o Einstein não conseguiria sequer uma entrevista numa destas empresas. Tudo importa, com supremacia à competência profissional. A concepção marxista introduz um subterfúgio para legalizar a discriminação.
Concepção Relativista da Qualificação Profissional segundo Pierre Naville:
Para Naville a qualificação profissional não deve ser vista apenas do prisma da técnica e do conteúdo do trabalho, mas como um processo e um produto social que decorre, por um lado da relação e das negociações tensas entre capital e trabalho, e por outro, de fatores socioculturais que influenciam o julgamento e a classificação que a sociedade faz sobre os indivíduos.
Concepção Essencialista da Qualificação Profissional segundo o marxista francês Georges Friedman:
Friedman divide a qualificação profissional em qualificação do trabalho: competências técnicas e qualificação do trabalhador: uma lista de atributos pessoais do trabalhador.
CONCEPÇÃO MARXISTA
A concepção de qualificação profissional adotada pelo Judiciário Brasileiro e pela OAB é a concepção marxista onde considerações subjetivas se sobrepõem aos fatos e se chocam frontalmente com concepção positivista. O marxismo criou uma maneira velada de se legalizar a discriminação.
Para a Teoria Sociológica Neopositivista os conceitos precisam ser provados por Interpretações Estatísticas e não há qualquer estudo no Brasil que demonstre que os bacharéis recém-formados ou sem registro na OAB causem danos à sociedade, nem poderia haver, pois são impedidos de exercer a profissão. Não existe uma comprovação desta afirmação inverídica.
A presunção subjetiva de que os bacharéis recém-formados possam causar danos à sociedade tem uma solução prevista em lei. Se algum profissional causar danos à sociedade o Conselho Fiscalizador da Profissão tem autoridade para cassar-lhe o registro profissional.
Presumir que alguém vá cometer um ilícito e proibi-lo de exercer a profissão é considerar culpado um cidadão antes mesmo que ele cometa um ilícito. Uma violação ao princípio da inocência. Uma violação à Constituição permitida pela interpretação neocomunista da qualidade do trabalho.

domingo, 5 de julho de 2015

Compra-se Um Amor

Compra-se Um Amor




(evangelista da silva)


Paga-se excelente preço
pelo amor de uma mulher
que se me atire aos braços,
chore os meus descompassos
e arreia-se sobre o meu coração
em vômitos de amar...

Sim, dinheiro não é problema,
sou dono do mundo!...
tenho milhões de empregados:
mandados, subalternos...
pago quanto quero...
assim é o meu porvir.

Deixo claro:
não sou mercador de sexo...
estou a procura de um amor que,
sabendo eu ter dinheiro, não se despoje
interesseira...
seja completa.

Pago pelos préstimos de uma médica em UTI
jamais impondo-lhe vantagens em me amar...
agradeço-lhe por todo o seu carinho,
certa de que será recíproco o meu querer bem...
vem, ó mulher...
querida e sonhada mulher...

Se o problema for dinheiro...
não se lhe preocupe amor!...
pago-lhe por todo o seu trabalho hospitalar...
mas que seja por amor tudo o que fizer por mim...
odeio ser traído...
sim...

Ainda...
não pague a outro
aquilo que pago
por ti
sim...
não.

Maria Rita Kehl: Justiça ou vingança?

Maria Rita Kehl: Justiça ou vingança?

Sou obrigada a concordar com Friedrich Nietzsche: na origem da demanda por justiça está o desejo de vingança. Nem por isso as duas coisas se equivalem. O que distingue civilização de barbárie é o empenho em produzir dispositivos que separem um de outro. Essa é uma das questões que devemos responder a cada vez que nos indignamos com as consequências da tradicional violência social em nosso país.
Escrevo "tradicional" sem ironia. O Brasil foi o último país livre no Ocidente a abolir a prática bárbara do trabalho escravo. Durante três séculos, a elite brasileira capturou, traficou, explorou e torturou africanos e seus descendentes sem causar muito escândalo.
Joaquim Nabuco percebeu que a exploração do trabalho escravo perverteria a sociedade brasileira –a começar pela própria elite escravocrata. Ele tinha razão.
Ainda vivemos sérias consequências desse crime prolongado que só terminou porque se tornou economicamente inviável. Assim como pagamos o preço, em violência social disseminada, pelas duas ditaduras –a de Vargas e a militar (1964 e 1985)– que se extinguiram sem que os crimes de lesa-humanidade praticados por agentes de Estado contra civis capturados e indefesos fossem apurados, julgados, punidos.
Hoje, três décadas depois de nossa tímida anistia "ampla, geral e irrestrita", temos uma polícia ainda militarizada, que comete mais crimes contra cidadãos rendidos e desarmados do que o fez durante a ditadura militar.
Por que escrevo sobre esse passado supostamente distante ao me incluir no debate sobre a redução da maioridade penal? Porque a meu ver, os argumentos em defesa do encarceramento de crianças no mesmo regime dos adultos advém dessa mesma triste "tradição" de violência social.
É muito evidente que os que conduzem a defesa da mudança na legislação estão pensando em colocar na cadeia, sob a influência e a ameaça de bandidos adultos já muito bem formados na escola do crime, somente os "filhos dos outros".
Quem acredita que o filho de um deputado, evangélico ou não, homofóbico ou não, será julgado e encarcerado aos 16 anos por ter queimado um índio adormecido, espancado prostitutas ou fugido depois de atropelar e matar um ciclista?
Sabemos, sem mencioná-lo publicamente, que essa alteração na lei visa apenas os filhos dos "outros". Estes outros são os mesmos, há 500 anos. Os expulsos da terra e "incluídos" nas favelas. Os submetidos a trabalhos forçados.
São os encarcerados que furtaram para matar a fome e esperam anos sem julgamento, expostos à violência de criminosos periculosos. São os militantes desaparecidos durante a ditadura militar de 1964-85, que a Comissão da Verdade não conseguiu localizar porque os agentes da repressão se recusaram a revelar seu paradeiro.
Este é o Brasil que queremos tornar menos violento sem mexer em nada além de reduzir a idade em que as crianças devem ser encarceradas junto de criminosos adultos. Alguém acredita que a medida há de amenizar a violência de que somos (todos, sem exceção) vítimas?
As crianças arregimentadas pelo crime são evidências de nosso fracasso em cuidar, educar, alimentar e oferecer futuro a um grande número de brasileiros. Esconder nossa vergonha atrás das grades não vai resolver o problema.
Vamos vencer nosso conformismo, nossa baixa estima, nossa vontade de apostar no pior –em uma frase, vamos curar nossa depressão social. Inventemos medidas socioeducativas que funcionem: sabemos que os presídios são escolas de bandidos. Vamos criar dispositivos que criem cidadãos, mesmo entre os miseráveis –aqueles de quem não se espera nada.
MARIA RITA KEHL, 63, psicanalista, foi integrante da Comissão Nacional da Verdade. É autora de "O Tempo e o Cão - A Atualidade das Depressões" (Boitempo) e de "Processos Primários" (Estação Liberdade)