sábado, 25 de julho de 2020

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sexta-feira, 24 de julho de 2020

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Cabo Polônio no Uruguai

dunas cabo polonio uruguai 1

Cabo Polônio: um dia e uma noite em uma das praias mais selvagens (e charmosas) do Uruguai

Cabo Polônio é uma praia quase selvagem, localizada no Departamento de Rocha, no Uruguai. É conhecida por suas grandes dunas e por conservar o clima de vilarejo, com pouquíssimos habitantes e casinhas rústicas de madeira colorida.
Lá não tem eletricidade e só se pode chegar de caminhão 4 x 4 – ou a cavalo (há passeios que te levam a cavalo).
Desde que soube da existência dessa praia, eu queria conhece-la. Ela fica 140km distante de Punta del Este e por isso, programei uma viagem especialmente para ir a Cabo Polonio.
Foi uma viagem de dois dias e uma noite, no mês de novembro (baixa temporada). Então o clima estava começando a esquentar e a cidade não estava tão lotada. Com todos esses fatores à meu favor, me pareceu uma ótima época para conhecer Cabo Polônio.

Como chegar em Cabo Polônio

Nós optamos por ir de carro, saindo de Montevideo, mas é possível chegar a Cabo Polônio de ônibus e você pode consultar os preços e horários aqui no Terminal Tres Cruces de Montevideo. Tem um post completo com informações sobre como chegar em Cabo polônio no nosso blog. Confira aqui.
Saímos de Montevidéu e percorremos a Interbalneária (Ruta 9) até Punta del Este – Manantiales, onde buscamos uma amiga que estava hospedada lá. De lá pegamos a Ruta 104 para voltar a Ruta 9 e seguimos até Rocha, onde pegamos a Ruta 15 a caminho de La Paloma.
(Podíamos ter seguido pela Ruta 10, para ir pela costa, mas fomos alertadas que a balsa da Laguna de Rocha poderia estar fechada, ou com atrasos, devido às fortes chuvas do dia anterior).
Em La Paloma, pegamos a Ruta 10 até chegar em Cabo Polônio. A estrada segue em mão dupla e tem alguns buracos, mas a entrada para Cabo Polônio tem uma placa de sinalização na estrada, o que facilita a nossa chegada.
cabo polonio uruguai dunas praia

Comprando o ingresso para Cabo Polônio

Na entrada da reserva, há um estacionamento (descoberto), onde você pode estacionar o carro. Desde o estacionamento é possível avistar a enorme recepção, cuja arquitetura moderna contrasta com a paisagem deserta.
cabo polonio uruguai
Lá está a bilheteria, além da ampla área de lounge e uma cafeteria. É quase difícil de acreditar nesse lugar lindo, no “meio do nada”, em um lugar rústico como aquele. Mas assim é o Uruguai… sempre nos surpreendendo com a sua incansável mescla do antigo com o moderno.
cabo polonio uruguai horarios
cabo polonio uruguai
Os ingressos para a entrada em Cabo Polônio de caminhão 4×4 variam de preço, mas a ida e volta nos custou por volta de 30 reais. (Não gosto de colocar preços no blog porque variam muito de estação para estação, ou simplesmente porque o preço aumentou ou diminuiu sem muita explicação).
Os horários também podem ser alterados sem prévio aviso. Então, o ideal é sempre olhar no site do Puerta del Polonio para verificar preços e horários de saída dos caminhões.
Após comprar os ingressos, esperamos a próxima saída do caminhão, com outras pessoas (a maioria estrangeiros) no local de espera.

No caminhão 4×4

O caminhão 4×4 para ir a Cabo Polônio é algo que nunca havia visto. Embaixo, bancos cobertos onde as pessoas sentam uma ao lado das outras. Em cima, um banco grande na frente do caminhão e um banco atrás. Esses bancos superiores são para quem quer ver a paisagem e não se importa em ir sacolejando.
Porém, minha amiga, que tem medo de altura, ficou um pouco desconfortável. No entanto eu aproveitei (e muito) a linda visão.
cabo polonio uruguai caminhão 4x4 1
cabo polonio uruguai caminhão 4x4 1
O caminho de terra, quando se está em cima do caminhão, parece um pouco longo. Talvez seja a ansiedade de chegar.
cabo polonio uruguai estrada
Depois de poucos minutos já podíamos avistar a praia e o imenso farol. A praia é uma pequena península. Do outro lado do Farol estão as casas coloridas, marca registrada de Cabo Polônio.
praia cabo polonio uruguai
praia cabo polonio uruguai
O caminhão para na praça principal, onde todos descem, já que lá tem restaurantes, lanchonetes e hostels. Tudo pertinho.
cabo polonio uruguai

Onde Ficar em Cabo Polônio?

Em Cabo Polônio, não há muita opção de conforto ou luxo, pois a ideia é ter contato com a natureza em um lugar simples e rústico. Ainda assim existem diversos hostels e casinhas para alugar e até alguns hotéis.
Veja aqui nosso post sobre onde ficar em Cabo Polônio, com opções de hospedagens que recomendamos.
Nós ficamos em um hostel bem pertinho da parada final do caminhão. O hostel só tinha quartos compartilhados e por isso dividimos o quarto com mais 4 pessoas: um casal da Rússia, um da Argentina e um outro casal da Colômbia. Tinha banheiro compartilhado dentro do quarto e, para tomar banho, tinha que ser o banheiro que estava lá fora.
No Hostel não havia um único Uruguaio, nem tampouco algum brasileiro. Eram gringos de todas as partes: Irlanda, Inglaterra, Colômbia, Rússia, Argentina, França e outras pessoas que não sabia bem de onde eram, mas não falavam espanhol nem português. Rsrs.
Contemple a vista do nosso Hostel:
dunas cabo polonio uruguai 1
cabo polonio uruguai

O Passeio por Cabo Polônio

Cabo Polônio é um lugar para relaxar. Lá não tem muitas atrações e por isso é possível conhecer em apenas um dia (é o que a maioria das pessoas faz).
Para conhecer, existe o Farol de Cabo Polônio, com seus muitos lobos marinhos (leões marinhos) além das Dunas de Cabo Polônio, do outro lado da praia.
farol cabo polonio uruguai
Fomos até o Farol para ver os Lobos Marinhos e a vista de lá de cima. Realmente subir no Farol é um passeio de tirar o fôlego. A vista é simplesmente incrível, porque se vê toda a extensão da praia dos dois lados. É muito bonito. E alto. Minha amiga ficou grudada na parede, sem nem poder chegar perto da borda, porque ela morre de medo de altura.
cabo polonio uruguai
Depois de visitar o farol, fomos às Dunas de Cabo Polônio, que fica do outro lado da praia. Chega-se em 10 minutos caminhando pela praia. Subimos nas dunas para ver a vista e descansar um pouquinho.
praia cabo polonio uruguai

A nossa noite em Cabo Polônio

A grande vantagem de ficar em Cabo Polônio para dormir, é poder contemplar a noite maravilhosa e iluminada de estrelas.
Logo depois de visitar as dunas e o farol, voltamos para o Hostel e nos encontramos com o pessoal que também estava hospedado ali.
A noite estava começando a se pronunciar quando o argentino teve a ideia de reunir todos os que estavam presentes para ir comprar carne na mercearia e fazer um churrasco comunitário.
Não tinha opção de restaurante aberto de noite, já que era baixa temporada, e ideia veio em boa hora. Então todo mundo ficou super feliz com a ideia!
Tirando os russos que não quiseram participar – e ficaram comendo arroz com uma verdura de cor verde esquisita – todos os demais foram às compras.
Asado de Tira, Chorizo, Frango, Pãozinho, Fernet com Coca-cola e pronto. Estava armado nosso assado à luz do luar.
noite em cabo polonio uruguai
Então o argentino se encarregou de preparar a fogueira e trazer um pedaço de grelha que havia encontrado.
hostel cabo polonio
Todos se reuniram em volta do fogo para conversar e comer, uma vez que a noite estava muito linda, cheia de estrelas. A única luz que iluminava o céu era a luz do farol que a cada tanto, cortava toda a praia.
noite cabo polonio hostel
Lá pelas tantas, estava todo mundo cantando e dançando. Não havia eletricidade, então cantávamos nós mesmos (músicas internacionais conhecidas, claro). Foi muito divertido.

Hora de Voltar

No dia seguinte, arrumamos as malas e fomos tomar o café. O café da manhã era incluído e servido pelo próprio dono do lugar, na pequena cozinha do hostel. Então tinham alguns pães com manteiga e um pedaço de bolo, com café.
Os gringos faziam seu próprio café da manhã, fato que nos causou um pouco de estranhamento à princípio. Um irlandês preparava um macarrão (miojo) com molho pesto frio e o britânico fazia um pedaço de carne frito. Às 9h da manhã.
Na cozinha estava a única tomada que todos compartilhavam para carregar o celular e aparatos eletrônicos, já que funcionava por gerador.
Depois do café, ficamos um tempo na praia, na frente do Hostel até dar a hora de ir para o caminhão.
cabo polonio uruguai
Seguimos para a pracinha e embarcamos de volta para a recepção de Cabo Polônio. Voltar para a civilização foi meio chato.
Gostaríamos de ter ficado pelo menos uma noite mais, para aproveitar o sol e nos divertir com as pessoas que tínhamos conhecido. Tinha que voltar, já era domingo. Mas guardo na lembrança aqueles dias que passei em Cabo Polônio e daquela noite super divertida que passei com aquelas pessoas do mundo.
Pessoas de todos os lugares, de todas as idades, com histórias tão diferentes. E ainda assim, cantando junto, com a mesma alegria, sob as estrelas de Cabo Polônio.

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quinta-feira, 23 de julho de 2020

RAYMUNDO EVANGELHISTA E A POLÍTICA DO AMOR




Raymundo Evangelhista








As eleições acontecerão em 15 de novembro próximo. Muitos já estão COMPRANDO votos. Eles e elas começaram a descer. Só agora os DOUTORES BRANCOS E RICOS vem bater a nossa porta. Agora eles e elas acertam onde ficam os Bairros e Favelas de Santo Antônio de Jesus. 'ANTES DAS ELEIÇÕES entram aqui e MATAM os nossos FILHOS E FILHAS'. Agora, CINICAMENTE, eles e elas vêm nos implorar o voto. Até nos oferecem DINHEIRO. VAMOS COMER O DINHEIRO E NÃO VAMOS VOTAR EM NENHUM DESSES CRIMINOSOS. Eles e elas moram no CENTRO da cidade em suas MANSÕES e LUXÚRIAS. EM SEUS CONDOMÍNIOS FECHADOS. É momento de nos ROUBAR e prometer os DIABOS para melhorar as nossas vidas. E CONTINUAMOS HUMILHADOS: acordando madrugada para conseguir uma consulta médica que não trata e nem cura a nossa DOENÇA. Todos eles e elas estão aí no exercício do CRIME. Têm CARGOS POLÍTICOS ETERNOS.  Desviam verbas públicas por todo o Brasil. É a Ética da Malandragem. E nada melhora para nós porque eles e elas nos tornam MAIS POBRES e MISERÁVEIS a cada ELEIÇÃO. Quando nos empregam é para ENRIQUECER O SEU PATRIMÔNIO. E falam que tem serviços prestados em nossa cidade. Todos eles e elas milionários. Chega! Nós vamos fechar a porta e sumir da frente dessa gente ASSASSINA. Queremos pessoas que tenham sentimento para nos representar. Nos respeitar. Fazer valer o nosso Direito. Chega de falsos RELIGIOSOS, - HIPÓCRITAS! Usam o Santo Nome do SENHOR JESUS CRISTO para a prática de  CRIMES. Os seus chefes, DONOS DE IGREJAS, ENRIQUECEM FACILMENTE. Enquanto os fieis mergulham na eterna desgraça da FOME E MISÉRIA. Sempre aguardando a prosperidade que é DELES, - DOS SEUS CHEFES! Por certo, aguardar  o fim do mundo seja o melhor para quem vive na miséria. Desta vez vamos ELEGER os nossos CANDIDATOS NEGROS, POBRES E OPERÁRIOS, - TRABALHADORES que vivem entre NÓS. Que moram perto de nós. Mas que tenham CONHECIMENTO E SAIBAM QUE É POLÍTICA COMO CIÊNCIA. E encarem a CIÊNCIA POLÍTICA para  SERVIR À PÁTRIA E  CONSTRUIR O AMOR. 






*Raymundo Evangelhista - E A  Política do Amor










quarta-feira, 22 de julho de 2020

O Grito dos Esquecidos (Raymundo Evangelhista)


O Grito dos Esquecidos



Raymundo Evangelhista



Quem somos nós, afinal?...
Somos a maioria e somos odiados,
Cuspidos, escarrados, mal tratados e humilhados.
Somos a força de trabalho que enriquece essa gente.
Só servimos para votar em ricos e brancos.
Somos negros e negras pobres, e quase pobres.
Desempregados, às vezes assalariados,
Subempregados, mãos de obra informal.
Moramos nos Bairros, Guetos e Favelas.
Não que nossa forma de vida sofrida 
Nos leve a ser inferior a ninguém.
Sentimos que o bacana nem aí pra nós.
Só somos cinicamente iguais para votar.
Para dar o controle das nossas vidas
A esses trastes perversos e miseráveis.
Chegou a hora e estamos raciocinando.
Vamos escolher os melhores dentre nós e votar.
Nós somos muito capazes até demais. 
A essa gente da cidade é como diz Raul Seixas:

"Num planto capim-guiné pra boi abaná rabo
eu tô virado no diabo
Eu tô retado com você."

O nosso candidato à VEREADOR mora vizinho a nós
É esse que vamos escolher: ele sofre igual a nós.
Sabe fazer política e ama o nosso povo;
Por favor e amor a Deus:
Não venham nos aborrecer.
Não temos voto para vocês!

domingo, 19 de julho de 2020

Caetano Veloso - Reconvexo

O "Adeus" de Teresa



Castro Alves

A vez primeira que eu fitei Teresa,
Como as plantas que arrasta a correnteza,
A valsa nos levou nos giros seus
E amamos juntos E depois na sala
"Adeus" eu disse-lhe a tremer com a fala

E ela, corando, murmurou-me: "adeus."

Uma noite entreabriu-se um reposteiro. . .
E da alcova saía um cavaleiro
Inda beijando uma mulher sem véus
Era eu Era a pálida Teresa!
"Adeus" lhe disse conservando-a presa

E ela entre beijos murmurou-me: "adeus!"

Passaram tempos séculos de delírio
Prazeres divinais gozos do Empíreo
... Mas um dia volvi aos lares meus.
Partindo eu disse - "Voltarei! descansa!. . . "
Ela, chorando mais que uma criança,

Ela em soluços murmurou-me: "adeus!"

Quando voltei era o palácio em festa!
E a voz dela e de um homem lá na orquestra
Preenchiam de amor o azul dos céus.
Entrei! Ela me olhou branca surpresa!
Foi a última vez que eu vi Teresa!

E ela arquejando murmurou-me: "adeus!"

Dos10 conflitos mais preocupantes em 2020, três são na África. Saiba por quê:




Dos 10 conflitos mais preocupantes em 2020, três são na África. Saiba por quê:



05/02/2020 08h 42min
O aumento da violência no Sahel fez a região que abrange 10 países africanos, mais ao norte do continente, entrar para a lista dos locais onde acontecem os 10 mais preocupantes conflitos em 2020, segundo o Armed Conflict Location & Event Data Project (ACLED). A violência política foi mais difundida na região ao longo do ano passado, quando foram registrados mais de 2.100 situações como explosões, protestos que terminaram em confusão, conflitos armados e violência contra civis. Número bem maior do que o de 2018 (quase 1.300). Desde 2014, esta situação se agrava. Só no ano passado, esses episódios deixaram mais de 5.360 mortos.
O aumento da violência no Sahel fez a região que abrange 10 países africanos, mais ao norte do continente, entrar para a lista dos locais onde acontecem os 10 mais preocupantes conflitos em 2020, segundo o Armed Conflict Location & Event Data Project (ACLED). A violência política foi mais difundida na região ao longo do ano passado, quando foram registrados mais de 2.100 situações como explosões, protestos que terminaram em confusão, conflitos armados e violência contra civis. Número bem maior do que o de 2018 (quase 1.300). Desde 2014, esta situação se agrava. Só no ano passado, esses episódios deixaram mais de 5.360 mortos.
Segundo o relatório do ACLED, os ataques de vários grupos islâmicos locais e globais, com objetivos diversos, e a fraca resposta das forças de segurança contribuíram para o cenário de instabilidade, que deixa essa região da África mais vulnerável que em 2018. O Boko Haram, que antes era uma preocupação só para o governo da Nigéria, agora é uma ameaça regional. O norte dos Camarões é assolado pela violência transfronteiriça. Chade vem experimentando tentativas de insurgência em vários espaços descoordenados. Tillaberi, no Níger, virou uma região praticamente fantasma depois que moradores se viram obrigados a deixar suas casas nos últimos meses para fugir dos conflitos entre as forças de segurança do país e os militantes do Estado Islâmico. Burkina Faso vem registrando conflitos em todas as suas regiões, enquanto grupos do Mali continuam com plano de invasão ao sul. As taxas de violência no Mali, Burkina Faso e Níger dobraram em 2019 em comparação com 2018.
O desdobramento de tropas no Sahel nos últimos anos tem tomado uma forma relativamente diferenciada na opinião de  Gustavo de Carvalho, o único brasileiro entre os pesquisadores do Institute for Security Studies. O especialista em operações de paz não vê com surpresa o envio de mais tropas francesas à África, o que considera uma confirmação do interesse direto da França na região. "Isso leva o país a engajar de forma mais próxima ao G5 Sahel, coalização de países da região autorizada tanto pelas Nações Unidas como pela União Africana", completou. O G5 Sahel tem tido dificuldades em controlar a situação de segurança da região.
O governo francês atendeu ao pedido de líderes africanos da região do Sahel e vai mandar mais 600 soldados para a África, específicamente no sul do Saara. O objetivo é reforçar a luta contra militantes islâmicos. O anúncio foi feito no domingo pela ministra da Defesa francesa, Florence Parly. Governantes africanos começaram 2020 reunidos com o presidente francês, Emmanuel Macron, pedindo apoio para combater o avanço do terrorismo nesta parte do continente.
A França já tem 4.500 militares operando na região. A ideia é que parte desses novos soldados vá, principalmente, para a área entre o Mali, Burkina Faso e Niger. Outra parte se juntaria às forças do G5 no Sahel, que é uma região com mais de 5 mil km de extensão.
O professor de Relações Internacionais da PUC-Rio, Márcio Scalercio, diz que acredita na solidariedade francesa, mas também reforça que o país tem seus próprios interesses. "Há empresas e organizações do país na velha África Equatorial francesa. E boa parte dos suprimentos de energia nuclear vem do Mali. Além do mais, se aquele pedaço da África se desestabilizar completamente a crise dos refugiados vai se agravar na Europa", disse.
"De certa forma, espera-se que debates a cerca do Sahel aumentem em importância nos próximos meses, liderados pela França mas também apoiados por Niger, membro do G5, que recentemente entrou no Conselho de Seguranca para um mandato temporário de 2 anos", completou o pesquisador sênior do ISS.
Somália
Outros dois conflitos africanos entraram para a lista dos 10 mais preocupantes do mundo em 2020. Um deles acontece na Somália, onde há um grande risco do grupo terrorista al-Shabaab se fortalecer e acabar dominando um governo enfraquecido.
A Somália declarou , no último domingo, estado de emergência por conta da tempestade de gafanhotos que assola o país e compromete sua já fragilizada segurança alimentar. Mas, em se tratando de segurança, esta é só mais uma batalha que o governo somali precisa enfrentar para proteger o seu povo. E em breve vai contar com menos forças para isso. É que o comando da missão de paz da União Africana (AMISOM) decidiu retirar mil homens da tropa no país.
Será o segundo corte desde que o aumento do número de ataques do grupo terrorista al-Shabaab passou a preocupar, segundo a imprensa local. A União Africana disse que a retirada dos mil militares será concluída até o dia 28 de fevereiro.
A Somália foi alvo de um grande ataque do al-Shabaab no fim de dezembro. Uma explosão matou mais de 90 pessoas e fez o número de feridos passar de cem na capital Mogadíscio. O atentado virou notícia internacional, mas há anos ações terroristas como esta fazem parte da rotina do povo somali.
Os Estados Unidos continuam apoiando o país na luta contra o grupo. O ACLED registrou 72 ataques aéreos realizados por forças americanas no ano passado. Um aumento de 24% em relação a 2018 (58 ataques) e de 200% quando comparado aos ataques em 2016 (24 ataques). Semanas atrás o continente também foi surpreendido pela notícia da ideia dos EUA de diminuir a presença militar americana na África. Foram mais de 2.300 conflitos armados na Somália em 2019, que deixaram 4.030 mortos.
A potencial redução de tropas já vinha sendo discutida pela União Africana. "A pressão financeira e capacidade logística têm sido os grandes determinantes de tal decisão, já que existe uma situação de estabilidade muito tênue no país", acrescentou Gustavo de Carvalho.
Ainda de acordo com o pesquisador sênior do ISS, a grande questão será a capacidade do Governo Federal da Somália em atuar no vazio deixado pelas tropas e componentes policiais da AMISOM e da habilidade da UA em continuar atuando como um facilidador crível no processo de estabilização.
"Caso haja um aumento de violência, países da região como Quênia ou Etiópia continuarão interessados em manter estabilidade, e já vimos no passado intervenções dos dois países na Somália, mesmo fora do contexto da União Africana", acrescentou.
Etiópia com Nobel, mas sem paz
O país governado pelo vencedor do Nobel da Paz do ano passado, o primeiro-ministro Abiy Ahmed, parece não viver uma realidade muito pacífica. O homenageado foi reconhecido por ter colocado fim a um longo conflito com a vizinha Eritréia, mas também alvo de críticas por parte da opinião pública africana por não ter contido conflitos internos etíopes.
O professor Márcio Scalercio se disse surpreso ao ver o país nesta lista. "A Situação da Etiópia é grave. Sabia que havia problemas entre muçulmanos e cristãos, mas pelo que o relatório diz é um cenário bem mais complicado", afirmou.
A violência política na Etiópia mudou da resistência contra o regime para conflitos étnicos, incluindo tumultos e confrontos instigados por milícias étnicas. Resultado: ao longo de 2019 houve brigas em universidades que terminaram em mortes até grandes conflitos armados. Foram quase 300 registrados no ano passado, entre explosões, manifestações e protestos que desencadearam em violência. Aproximadamente 680 pessoas morreram nestes episódios.
A complexa busca pela paz na África
Este ano será desafiador para a União Africana, que começou 2020 com o objetivo de silenciar armas no continente. O pesquisador sênior do ISS, Gustavo de Carvalho, diz que este é um processo importante, mas que deve ser visto com cautela, pois provavelmente não trará resultados a curto prazo.
"Certamente não será um processo simples ou rápido, mas pode ajudar no desenvolvimento de políticas públicas mais eficientes no que diz respeito à prevenção de conflitos e manutenção da paz no continente", concluiu o especialista em operações de paz, Gustavo de Carvalho.
México
O professor da PUC-Rio se disse surpreso também com a inclusão do México nesta lista. Houve protestos e episódios de violência política em praticamente todo o país, principalmente nas províncias mais ao sul. A segurança do país vem se deteriorando e o crime ligado ao narcotráfico preocupa cada vez mais. Foram registrados mais de 31.000 homicídios nos últimos 12 meses e o governo acabou de divulgar dados indicando que mais de 60.000 pessoas desapareceram desde 2006.
Assassinatos de jornalistas e funcionários do governo, decapitações, desaparecimentos e cadáveres enforcados publicamente vêm sendo manchetes no México. Os vários ataques particularmente brutais levam a crer que os cartéis estão adotando cada vez mais técnicas insurgentes.
"Fica mais difícil gerenciar a segurança com a pulverização dos cartéis. Mas ainda mais preocupante é que essa fragmentação aconteceu por conta de uma política do Estado, quando o presidente anterior objetivou prender os líderes dos cartéis e acabou favorecendo a fragmentação. É preocupante porque tem implicações com os EUA. Ainda mais com o Trump querendo declarar os cartéis mexicanos como organizações terroristas", analisou Márcio Scalercio.
Iêmen
A escala de destruição atingiu níveis sem precedentes no país, há cinco anos em conflito. Estima-se que mais de 100.000 pessoas tenham morrido, alvos diretos da violência, incluindo mais de 12.000 civis mortos em ataques direcionados. O ACLED registrou mais de 23.000 mortes em 2019 diretamente ligados - uma queda de 25% no total de mortes relatadas em 2018, mas ainda o segundo ano mais mortal desde o início dos conflitos. Enquanto os diferentes lados iemenitas da guerra não chegarem a um acordo entre si, a violência física continuará, segundo o relatório.
"A situação do Iêmen está se tornando pulverizada quase como foi na guerra civil da Síria", comparou o professor de Relações Internacionais, que admitiu não ter se surpreendido ao ver este país na lista do ACLED.
Índia
O governo do Partido do Povo Indiano (BJP, sigla em inglês), do atual primeiro-ministro, Narendra Modi, se vê em um cenário complexo de discórdia política envolvendo conflitos nacionais e internacionais de longa data. Internacionalmente, a tensão entre a Índia e o Paquistão sobre a região disputada da Caxemira aumentou em 2019, quando a relação política volátil entre os dois países foi testada por ataques militantes e violência transfronteiriça frequente ao longo da Linha de Controle. Aproximadamente 1520 pessoas morreram no ano passado em mais de 23.500 conflitos armados no país, principalmente protestos que desencadearam para violência.
A crescente instabilidade exige este ano uma reavaliação de políticas por parte do governo indiano para combater a proliferação de descontentamentos e conflitos em todo o país. Resta saber se o BJP no poder estará disposto ou será capaz de adotar uma abordagem mais pluralista para enfrentar os desafios acumulados de governança.
Irã
O mundo ficou apreensivo diante da escalada de tensão entre Irã e Estados Unidos no início do ano, resultado da morte do general iraniano Qasem Soleimani. Sanções americanas prejudicam a economia do país, já em dificuldades. Dos quase 2.500 conflitos armados registrados no ano passado pelo ACLED, quase todos foram protestos que geraram tumulto, causando mais de 400 mortes.
Afeganistão
Já são quase duas décadas de tensões no país desde a invasão americana, em 2001. O clima de tensão só aumenta. A violência já é registrada em todas as 34 províncias. O país começou 2020 sob o risco de crescimento da violência contra civis, alvos de ataques de forças de segurança e do Taliban. Sinais de que os EUA retirarão tropas do país (diminuindo de 13 mil para 8,6 mil) não serviram ainda para se ter esperança em um futuro próximo de paz. Os mais de 13,6 mil conflitos armados em 2019 terminaram com quase 42 mil pessoas mortas.
"Mais cedo ou mais tarde - tenho impressão que mais cedo do que tarde - a OTAN vai sair do Afeganistão. E minha previsão é que o Talibã retomará o poder lá, e vai dizer que ganhou da OTAN", completou o professor.
Líbano
Embora 85% das manifestações registradas no ano passado tenham sido pacíficas, há o risco de que os protestos se intensifiquem e cheguem ao cenário de violência organizada. Uma onda de insatisfação tomou conta do país no ano passado e fez o povo ir às ruas contra impostos sobre gasolina, tabaco e até ligações pelo whatsapp. Aumentaram em outubro, contra o governo, por causa da economia estagnada e o desemprego. Resta saber como as tensões entre grupos aliados dos EUA e do Irã se refletirão entre vários partidos políticos do Líbano - particularmente com o importante aliado do Irã, o Hezbollah.
Estados Unidos
"Os EUA sofreram mais assassinatos em massa em 2019 do que em qualquer ano registrado" segundo um estudo realizado pela Associated Press, USA Today e Northeastern University que contabilizou 41 ataques que resultaram em 211 mortes. De acordo com as estatísticas mais recentes do FBI, os crimes violentos de ódio atingiram o nível mais alto em 16 anos em 2018, enquanto no mesmo ano um banco de dados que rastreia a violência perpetrada pelas agências policiais relatou que "a brutalidade da polícia americana está piorando".
O relatório aponta poucos conflitos em território americano, em comparação com outros países, porém preocupantemente letais. O ACLED também registrou 16 casos envolvendo força excessiva da polícia, mais da metade deles contra minorias raciais e étnicas. E também mais de 21 crimes de ódio contra grupos minoritários, incluindo sete ataques contra membros da comunidade LGBTQ +, principalmente mulheres trans. Ao todo, o ECLAD contabilizou em três meses do ano passado quase 3.200 episódios que terminaram de forma violenta nos EUA (a maioria protestos), com quase 50 mortes registradas.
"Essa polarização política nos EUA já está radicalizando há algum tempo, desde o governo do Bush Filho. Preocupante também é o aumento de milícias regionais lá. Tenho impressão que essa campanha eleitoral americana pode ter momentos de violência bastante significativos", analisou Márcio Scalercio, que ainda ressaltou que não se enfrenta problemas como o crime organizado, que tem negócios com outros países, sem cooperação internacional. "Não adianta tentar derrotar os cartéis mexicanos militarmente se eles continuam recebendo matéria-prima da droga. Isso os dá condições financeiras de regar o braço indispensável para o crime organizado funcional, que é o suborno de agentes públicos", completou.
Além do mais, a decisão do presidente Donald Trump de assassinar, em janeiro, o comandante militar iraniano Qasem Soleimani aumentou imediatamente o risco de ataques a militares e cidadãos americanos.
O ACLED listou, basicamente, locais onde a violência tem sido consequência de protestos e extremismo. Ainda de acordo com o professor de Relações Internacionais, Marcio Scalércio, existe em várias partes do mundo um movimento de descontentamento em relação a como o processo político e social está se estruturando desde o final dos anos 90. E ele não acha que esses movimentos vão parar logo. "Vamos ter ainda mais manifestações de massa no mundo e não acho isso necessariamente ruim", disse, exaltando a liberdade de expressão mas, ao mesmo tempo, se demonstrando receoso de que essas manifestações possam desencadear para um cenário de violência, inclusive por parte do apara