quarta-feira, 31 de julho de 2013

PMs devem ser interrogados hoje durante segundo julgamento do massacre do Carandiru

Júri começou na segunda-feira; 26 policiais respondem pelo homicídio de 73 presos


Do R7
Os PMs respondem por homicídio doloso (com intenção de matar) Marcelo Camargo/ABr
Os 26 policiais militares acusados de matar 73 presos no episódio conhecido como massacre do Carandiru devem ser interrogados a partir desta quarta-feira (31). De acordo com o Tribunal de Justiça, o julgamento — que começou na segunda-feira (29) — deve retornar a partir das 10h de hoje, no Fórum Criminal da Barra Funda, na zona oeste da capital paulista. Os PMs respondem pela morte de detentos no terceiro pavimento (2º andar) da Casa de Detenção, em 2 de outubro de 1992.
No segundo dia do júri, os jurados ouviram no plenário o ex-secretário de Segurança, Pedro Franco de Campos, e o ex-governador Luiz Antônio Fleury Filho. Além deles, mais duas testemunhas protegidas prestaram depoimento.

Em seu depoimento, Luiz Antônio Fleury Filho, governador de São Paulo na época do massacre, defendeu a entrada da Polícia Militar como necessária para combater a rebelião no pavilhão nove. Ele reafirmou que não deu a ordem para a invasão, mas disse que o faria se tivesse sido necessária. Além de defender a ação da PM, Fleury falou a favor da sua polícia de segurança pública na época.
— No meu governo, preso não jogava futebol com cabeça de preso. Nossa política sempre foi de austeridade e firmeza nas ações.
Pedro Franco de Campos também defendeu reiteradamente a ação da Polícia Militar para conter o que ele chamou de “caos” no pavilhão nove da Casa de Detenção.
— O gigantismo da rebelião e o risco de ela passar para outros pavilhões justificava a invasão.
A defesa ainda exibiu dois vídeos com depoimentos dos desembargadores Luiz San Juan França e Ivo de Almeida. França era juiz da Vara das Execuções Criminais da Capital em 1992, ano em que 111 detentos da então Casa de Detenção de São Paulo foram mortos após a entrada da Tropa de Choque da Polícia Militar para conter uma rebelião na unidade prisional. Já Almeida era corregedor dos Presídios da Capital na época dos fatos.
Os militares respondem por homicídio doloso (com intenção de matar) qualificado (motivo torpe, meio cruel, dificultação de defesa e acobertamento de outro crime).
Primeiro dia  
O primeiro dia foi marcado pela dispensa de sete das oito testemunhas da acusação. Apenas o perito criminal Osvaldo Negrini foi interrogado. Ele disse ter visto um “mar de cadáveres” e presenciado um “rio de sangue” ao chegar à Casa de Detenção no dia 2 de outubro de 1992. O depoimento de Negrini começou por volta das 14h10 e terminou pouco depois das 16h30.
— Encontrei um mar de cadáveres em um espaço de 36 a 40 metros quadrados. Ali, contei 90 cadáveres empilhados. Da escada descia uma gosma avermelhada escura, que eles [policiais] diziam ser óleo, mas eu cheguei mais perto e notei que era sangue, um rio de sangue descia.
Relembre o caso
O massacre do Carandiru começou após uma discussão entre dois presos dar início a uma rebelião no Pavilhão 9. Com a confusão, a Tropa de Choque da Polícia Militar, comandada pelo coronel Ubiratan Guimarães, foi chamada para conter a revolta. A ação deixou 111 mortos.
Ao todo, 286 policiais militares entraram no complexo penitenciário do Carandiru para conter a rebelião em 1992, desses, 84 foram acusados de homicídio.
Após Carandiru, massacre continua atrás dos muros das prisões, diz Pastoral Carcerária
Em abril de 2013, 26 policiais militares foram levados ao banco dos réus pela morte de 15 detentos no segundo pavimento do pavilhão nove no massacre do Carandiru. Após sete dias de julgamento, a maioria foi condenada por homicídio qualificado — com uso de recurso que dificultou a defesa da vítima. Naquela ocasião, seis homens e uma mulher formaram o Conselho de Sentença.
Dos 26 policiais, 23 foram condenados a 156 anos de prisão, inicialmente, em regime fechado. Os réus receberam a pena mínima de 12 anos por cada uma das mortes dos 13 detentos. Os condenados poderão recorrer em liberdade. Outros três PMs foram absolvidos pelo júri, que acatou o pedido feito pela acusação.
Antes deles, Ubiratan Guimarães chegou a ser condenado a 632 anos de prisão, porém, um recurso absolveu o réu e ele não chegou a passar um dia na cadeia. Em setembro de 2006, Guimarães foi encontrado morto com um tiro na barriga em seu apartamento nos Jardins. A ex-namorada dele, a advogada Carla Cepollina, foi a julgamento em novembro do ano passado pelo crime e absolvida.
Dezessete testemunhas foram convocadas. Onze de acusação e seis de defesa Do total, 12 eram aguardadas no tribunal, enquanto as outras cinco teriam vídeos dos seus depoimentos apresentados no plenário. Entre elas, estão o ex-governador de São Paulo Luiz Antônio Fleury Filho e o secretário de Segurança na época do massacre, Pedro Franco de Campos.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

FEIRA DE SANTANA - TERRA SEM LEI E CELEIRO DA IMPUNIDADE.




FEIRA DE SANTANA - TERRA SEM LEI E CELEIRO DA IMPUNIDADE.

São contabilizados cerca de 2 assassinatos por dia em Feira ou 60 por mês, perfazendo cerca de 720 homicídios por ano.

Pois bem, desses 720 crimes contra a vida pouco mais de 20% são esclarecidos pela policia... Mas o escândalo não fica apenas nesse fato... Em nossa cidade, tomando por base o ano de 2012, foram realizados apenas, em média, dois Juris por mês ou 24 por ano, ou seja, pouco mais de 3% dos crimes de homicídio foram levados à juri para que os culpados pagassem pelo crime que cometeram.

A Vara do Juri de Feira, que deveria processar apenas os casos de crimes contra a vida, acumula ainda a responsabilidade pelos crimes relacionados ao trafico de tóxicos e execução penal... Os processos se acumulam em pilhas intermináveis sem qualquer diligencia...

ESTAMOS 8 MESES SEM JUÍZES, TANTO NAS VARAS CÍVEIS, DE FAMÍLIA, CRIME OU DO JURI... o que vale dizer que nenhum Tribunal do Juri foi realizado nesse período, salvo engano.

Também nesse período poucos processos foram julgados envolvendo crimes de outras especies como roubos, furtos, estupros, etc...

O que causa a nossa indignação é que nenhuma autoridade ou politico, independentemente do partido politico, se preocupa com essa situação, preferindo uma omissão criminosa!!!

Penso que a Justiça é também uma questão de Direitos Humanos e um estado importante como a Bahia que negligencia dessa forma com a sua atribuição de prover a entrega da prestação jurisdicional aos seus cidadãos e a sociedade não merece nosso respeito. O Tribunal de Justiça da Bahia tem se mostrado indiferente e desinteressado com a Comarca de Feira de Santana ao longo dos últimos anos.

A IMPUNIDADE É A MÃE DE TODOS OS DELITOS!!!

Os Filhos do Silêncio

Arquivos do Autor:Márcio Hilário

Sobre Márcio Hilário

"Trata-se de um homem complexo, incoerente e caprichoso, em quem se reuniam opostos elementos, qualidades exclusivas, e defeitos inconciliáveis" (Machado de Assis)

Os filhos do silêncio

 
 
 
 
 
 
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Foto - Sebastião Salgado
Foto: Sebastião Salgado
Muito antes de aprendermos nossa língua pátria, já não falávamos em nossa não língua mátria. Nascidos dos ventres do silêncio, os quais nos carregaram mudos em nossas caladas gestações, nunca escutamos como fomos fecundados, porque também isso não nos foi dito. Calamo-nos quando das palmadas das parteiras, dos golpes do destino, das pancadas da vida e dos açoites do tempo. O não dizer é tudo com que nos comunicamos desde antes de nascermos para um mundo dominado pela palavra.
Nosso silêncio fez mais do que nos calar a boca, encurtou-nos os gestos, atrofiou-nos o movimento, ressecou-nos a boca, apagou-nos os olhos, matou-nos a alma. Na terra dos incansáveis oradores, fomos educados, enfim, para ter as orelhas baixas, os olhos caídos, o peito arqueado e a espinha dobrada. Obedecemos prontamente a todos os discursos proferidos por quem acima de nós se pôs. Quanto aos outros, só lhes podemos antecipar as pisadas, enfiando-nos por entre as solas de seus sapatos e o chão.
Em nossa boca de fome, se uma língua pendente há, é para lamber-lhes as botas. Nossa falta de dentes – nascida quem sabe da impossibilidade de sorrir – é que nos impede de morder as mãos que nos desalimentam. Não podemos reagir. Não devemos reagir. Não é certo! E ademais, para que reagir se o que poderíamos dizer nunca será ouvido? O que não se ouve não se entende. O que não se entende não se aplica. E o que não é aplicado não nos restitui a voz. E sem voz e sem vez, continuaremos assim esperando… o norte, a sorte, o corte, a morte. Tudo no mais completo e absoluto silêncio… baixinho… calado… sem incomodar ninguém.

Atos dos protestos, 13

Atos dos protestos, 13

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1. E entrou Jesus no pátio que dava ao templo e viu inúmeros camelôs da fé. 2. Vendiam tudo, desde meias abençoadas até pacotes de peregrinação. 3. Os doze black blocs que o acompanhavam começaram a se agitar. 4. “Ide”, disse o Senhor, “e quebrai as barracas dos vendilhões”. 5. “Demorô”, disse Thiago, um de seus black blocs.
6. E em procissão o povo não acreditava no que via. 7. Expulsava Jesus os mercadores da fé sem piedade. 8. Em meio ao tumulto e à baderna, choravam os donos das barracas. 9. “Sem vandalismo!”, gritavam os fiéis de dentro do templo. 9. “Eu não vim trazer a paz a terra, senão a espada”, respondia o Mestre, em meio à agitação. 10. Continuava o protesto e viu Jesus aproximar-se os centuriões de César.
11. Quem é o líder? Quem vamos prender? Adornava ódio nos olhos dos centuriões. 12. “Temos, pois, ordens de nosso César, que nos disse: 13. Ide e prendei os vândalos! 14. Restaurai a ordem e expulsai o povo, para que possamos governar pela vontade de Roma”. 15. Fizeram, então, os centuriões um bloqueio à passagem nas vias.
16. Gritava o povo, já incontrolável, palavras contra César; 17. Irritou-se Judas, um dos black blocs, de quem pendia uma fita preta presa ao pulso, com aqueles centuriões. 18. Acendeu, então, um cântaro incendiário, e arremessou-o contra os guardas. 19. Revidava a legião enfurecida, com golpes contra o povo. 20. E correram todos, a buscar um lugar seguro para unirem-se.
21. Passada hora, senta-se o Senhor em uma pedra e chama os discípulos à renuião. 22. Onde está Amarildo? Chamou o Senhor por várias vezes sem resposta. 23. Dirigiu-se então um dos seguidores e disse-lhe: 24. “Mestre, irmão Amarildo não está entre nós, foi sumido pelos centuriões.”25. Mas, já era tarde, e todos nas ruas choravam apenas pelas barracas quebradas no templo.
26. Em um instante, adentrou a legião de centuriões, vindo a deter Jesus. 27. “Recolhei o barbudo, ele atacou-nos com o fogo”, diziam os soldados. 28 E, no mesmo momento, saía Judas por entre os militares, conseguindo escapar de sua captura. 29. Jesus, deixando-se levar, avisou aos discípulos: 30. “Mas fácil um camelo passar por um buraco de agulha, que algum desses putos ser reeleito.”
31. Temerosos pelo futuro, os discípulos buscavam uma última palavra. 32. “Mestre, e teus ensinamentos? E tua igreja? Quem vai levar tua palavra?” 33. O Mestre, pronto à condenação, respondeu candidamente: 34. “Olhai para aqueles que falarão em meu nome e percebei a riqueza de seus palácios, eles enganar-vos-ão. 35. Haverá os que gritam dentro de ternos e gravatas e aqueles que usam branco e falam manso; eu, em verdade, vos digo nenhum me representará.”

MEEIRO OU HERDEIRO???

O Cônjuge ou convivente sobrevivente é meeiro ou herdeiro ?

O Código Civil corrigiu uma distorção que vinha acarretando prejuízos de caráter irreversível ao Cônjuge ou Convivente Sobrevivente.
Com a morte de um deles, a Ordem da sucessão segundo o artigo 1289 do CC, passou a ser a seguinte.: Descendentes, Ascendentes, Cônjuge Sobrevivente, Conviventes(art. 1790 do CC) e Colaterais.
Antigamente o Cônjuge Sobrevivente só tinha direito a MEAÇÃO dos bens. Hoje , além da condição legítima de MEEIRO, passou o Cônjuge sobrevivente ou Convivente a integrar também a condição de concorrer com o quinhão atribuído aos herdeiros.
Isto significa que com o falecimento de um dos Cônjuges ou de um dos Conviventes (Regime de União Estável), o Sobrevivente além da condição de MEEIRO, passou a ser também Herdeiro, concorrente com os herdeiros deixados pelo falecido na outra metade da herança.
Todavia, na qualidade de casados, importa salientar que a condição de herdeiro do Cônjuge Sobrevivente nem sempre ocorrerá, pois se o cônjuge sobrevivo era casado sob o regime da comunhão universal, separação obrigatória de bens ou casado no regime da comunhão parcial e o cônjuge falecido não deixou bens particulares não concorrerá à outra metade da herança com os demais herdeiros. Considerando a complexidade da matéria, haverá sempre necessidade de consultar um Advogado, pois cada caso é um caso, servindo portanto essa breve matéria para alertar aos leitores de seus direitos na sucessão, seja na condição de casado ou ou de União Estável( que no caso da herança é até mais vantajoso).
(DR. ROQUE Z em 05/07/12)

domingo, 28 de julho de 2013

Colonoscopia

Colonoscopia

Drauzio Varella


No futuro, ninguém morrerá de câncer do intestino.
Primeiro, porque tumores malignos localizados no intestino delgado (duodeno, jejuno e íleo) são raríssimos; depois, porque as lesões que se desenvolvem no intestino grosso (cólon, sigmoide e reto) podem ser retiradas pela colonoscopia ainda na fase pré-maligna.
Na maioria dos casos, o câncer de intestino se instala em lesões precursoras que adquirem a forma de pequenos cogumelos com pedículos de comprimento variável: os pólipos.
Em sua apresentação inicial, eles são formados por arranjos glandulares de arquitetura muito semelhante à da mucosa normal: são os pólipos adenomatosos ou adenomas. À medida que o processo de transformação progride, esses adenomas podem crescer e suas células se tornarem cada vez mais alteradas, para constituir os pólipos hiperplásicos.
Ao longo desse processo de multiplicação e de transformação celular, eventualmente, ocorrem as mutações de DNA características das células malignas. Só, então, surge o câncer de intestino, que mais tarde se disseminará para outros órgãos.
Nos últimos trinta anos, os avanços na tecnologia das fibras ópticas permitiram obter fibroscópios flexíveis capazes de visualizar a mucosa que vai do reto à válvula ileocecal, local em que o íleo desemboca no intestino grosso.
Os fibroscópios modernos não possibilitam apenas acesso visual às lesões da mucosa, estão acoplados a pinças cortantes que permitem retirá-las. A colonoscopia, portanto, não é simples exame diagnóstico; é procedimento cirúrgico capaz de evitar o aparecimento do câncer de cólon.
Embora seguro, o exame não é desprovido de riscos: em cada 1.000 procedimentos, um a dois pacientes sofrem complicações que vão de sangramentos a perfurações da parede intestinal.
Além disso, há a questão dos custos, a necessidade de anestesia e de pessoal treinado e o desconforto do preparo com laxantes para esvaziar completamente o conteúdo intestinal.
Por essas limitações, a prevenção por meio da colonoscopia não deve ser indicada aleatoriamente, mas ater-se às situações em que existe risco maior de desenvolver câncer de cólon.
Por exemplo, os que sofrem de doenças inflamatórias intestinais (doença de Crohn, retocolite ulcerativa e outras) devem submeter-se ao exame com maior frequência. Famílias que apresentam vários membros com múltiplos pólipos intestinais (polipose familiar), também.
Além desses e de outros grupos de risco menos comuns, os parentes de primeiro grau de mulheres e homens que tiveram câncer de cólon, precisam ser acompanhados com mais cuidado, a partir de uma idade mais precoce. Embora não haja unanimidade, a maioria dos especialistas aconselha que o primeiro exame nesses casos seja realizado cinco a dez anos antes da idade em que o parente mais jovem recebeu o diagnóstico.
Aqueles que não pertencem a nenhum grupo de risco nem tiveram parentes com câncer de cólon devem fazer a primeira colonoscopia entre os 50 e os 55 anos, idade em que o risco se torna significativo. Se nesse exame forem encontrados e retirados um ou mais pólipos, a colonoscopia deverá ser repetida no ano seguinte.
Há discordância, no entanto, quanto ao intervalo ideal para a repetição nos casos em que o exame anterior foi normal. Pesquisadores da Universidade de Indiana acabam de publicar um estudo no The New England Journal of Medicine, sobre essa questão.
Em mulheres e homens com idade média de 56,7 anos, os autores realizaram 2.436 colonoscopias em que nenhum pólipo foi encontrado. Num período médio de 5,34 anos, o exame foi repetido.
Nesse segundo exame, um ou mais adenomas pequenos foram encontrados em 16% dos casos; e adenomas maiores do que 1 cm, em 1,5%. Não houve um caso sequer de câncer de cólon.

Conclusão: repetir colonoscopias de resultado normal antes de 5 anos é exagero de indicação. A American Cancer Society vai mais longe: sugere que nessa eventualidade elas sejam repetidas 10 anos mais tarde.

Seios Caídos

(evangelista da silva)


Certamente, amigo, estes seios hoje caídos e em pele puros,
Antes sugados foram com ternura pelo seu amado, amante, -marido...

Em seguida, por filhos sustentados, jorraram leite, amor e vida.

Hoje, despedindo-se da vida - , esta mãe, esposa, mulher, amada, amante, irmã e amiga...
Com a mente ativa, o corpo desfeito e os olhos do rosto sem luz,
Acena com um Adeus à vida dando um exemplo: as mais belas flores murcham...

Eu, que em sua juventude, sequer nascido era...

Posso imaginar que aos 90 anos atrás esta senhora, - linda sereia...
Cheia de encantamentos era...

Neste momento vejo o passado com os olhos no presente...
E uma menina deusa a saltitar com o seu riso e seus encantos...

Também vejo em minha filha, apenas com 11 anos - , a imagem desta senhora no passado...

E, imortalizada esta estrela deusa e senhora; mãe, esposa e amiga,
Desejo a minha filha; a fé, a honra, a coragem, respeitabilidade,
beleza e amor a Deus, - a Cristo, a seus irmãos e vida...

Santo Antônio de Jesus, 30 de agosto de 2.002

sábado, 27 de julho de 2013

Milton Nascimento - Coração de Estudante


Chacina do Carandiru não fica impune

Chacina do Carandiru não fica impune

Vinte e três PMs foram condenados a 156 anos de prisão pela morte de 13 presos do Carandiru Cristina Christiano
cristinamc@diariosp.com.br
Arquivo / Diário SPTropa de Choque foi à Casa de Detenção para conter rebelião em 1992Tropa de Choque foi à Casa de Detenção para conter rebelião em 1992


Quase 21 anos depois da maior chacina do país, 23 policiais militares foram condenados a 156 anos de prisão pela morte de 13 dos 15 presos do segundo pavimento do Pavilhão 9, em 2 de outubro de 1992. Ao todo, 111 detentos morreram durante o Massacre do Carandiru. Os jurados absolveram outros três PMs a pedido do Ministério Público porque nenhum deles se encontrava no local.
A sentença foi lida à 1h15 deste domingo pelo juiz José Augusto Nardy Marzagão, ao final de seis longos e cansativos dias de trabalhos no Fórum da Barra Funda. Os réus foram condenados por homicídio qualificado por emprego de recurso que dificultou a defesa das vítimas e inobservância da regra técnica da profissão, combinado com os artigos 29 (concorrer ao crime) e 69 (quando, por ação ou omissão, se pratica dois ou mais crimes). O magistrado, porém, considerou “absurdo” falar em crime continuado.
O juiz calculou a pena de cada réu pelo mínimo de 12 anos, porém, multiplicada 13 vezes (o número de vítimas). “Não há nada que desabone a conduta dos réus para não ser aplicada a pena mínima”, disse.
Em sua sentença, o magistrado determinou que a pena seja cumprida em regime inicialmente fechado. Contudo, apesar do longo tempo, os réus poderão recorrer em liberdade porque se encontravam soltos. O mandado de prisão contra eles só será expedido após o trânsito em julgado da sentença, ou seja, quando se esgotarem todas as possibilidades de recursos em instâncias superiores. Mesmo assim, as leis brasileiras só permitem que a pessoa fique, no máximo, 30 anos na cadeia. No caso deles, após cumprir um sexto poderão pedir progressão de regime.
Os jurados entenderam que os PMs não tiveram participação na morte de outros dois presos atingidos a facadas.
Especialistas divergem sobre a sentença do Tribunal do JúriPara o deputado estadual e major da PM Olímpio Gomes (PDT), a condenação foi lamentável e contraria à expectativa da população. Ele espera que seja revertida em segunda instância. “Quem ganhou foram os bandidos, que estão comemorando.”
O deputado criticou o perito Osvaldo Negrine, a quem qualificou de novelista. “Me envergonho de tê-lo como policial.  Ele fez uma perícia equivocada e cheia de incongruência.”  Ele também reclamou dos promotores por terem colocado sob suspeita as decisões da Justiça Militar.
Na opinião do advogado Ariel de Castro Alves, do Movimento Nacional de Direitos Humanos,  apesar de tardia e com poucos efeitos práticos em relação ao cerceamento de liberdade dos réus, a sentença é um importante recado da sociedade e da Justiça de que não é aceitável que policiais promovam fuzilamentos .
Para ele, a sentença tem efeitos pedagógicos no sentido de demonstrar que polícia eficiente não é a que executa pessoas, independente de quem seja, mas a que promove contenção em rebelião, previne e apura crimes.
Advogada diz que condenação não reflete a opinião do povo
A advogada Ieda Ribeiro de Souza, que defendeu os  26 réus, saiu do tribunal nitidamente surpresa com a decisão. “Não esperava nenhuma condenação.  Vejo o resultado com frustração porque  não reflete o pensamento da sociedade. Foram quatro votos a um.  Um único jurado definiu sozinho o futuro desses homens”, disse. E anunciou que já recorreu.
Ieda afirmou que vai pedir  anulação do júri, sob alegação de que a decisão  contraria as provas dos autos.  Para ela,  a partir de agora os PMs vão pensar mais antes  de agir após uma ordem.
Já os promotores  Fernando Pereira  da Silva e Márcio Friggi se disseram “muito satisfeitos”  com a sentença.  “É uma resposta que a sociedade dá no sentido de reconhecer  que houve uma massacre  na Casa de Detenção”, acredita Pereira.
Para Márcio Friggi, a condenação é um indicativo de que a sociedade não pactua com os maus profissionais.  “O policial militar que age de forma criminosa deve ter a sua conduta apurada e ser responsabilizado”, comentou. Friggi e Pereira não acreditam na possibilidade de anulação do júri.
OS 28 RÉUS
CondenadosCapitão Ronaldo Ribeiro dos Santos
Tenente Aércio Dornelas Santos
Sargento Wlandekis Antônio Cândido da Silva
Sargento Marcos Antônio de Medeiros
Sargento Antônio Luiz Aparecido Marangoni
Cabo Marcelo José de Lira
Soldado Joel Cantílio Dias
Soldado Pedro Paulo Oliveira Marques
Soldado Gervásio Pereira dos Santos Filho
Soldado Paulo Estevão de Melo
Soldado Haroldo Wilson de Mello
Soldado Roberto Yoshio Yoshikado
Soldado Fernando Trindade
Soldado Salvador Sarnelli
Soldado Argemiro Cândido (foragido)
Soldado Elder Tarabori
Soldado Antonio Mauro Scarpa
Soldado Roberto do Carmo Filho
Soldado Zaqueu Teixeira
Soldado Osvaldo Papa
Soldado Reinaldo Henrique de Oliveira
Soldado Sidnei Serafim dos Anjos
Soldado Marcos Ricardo Poloniato
AbsolvidosMaurício Marchese Rodrigues
Eduardo Espósito
Roberto Alberto da Silva
Já falecidosLuciano Wukschitz Bonani
Valter Ribeiro da Silva
Comandante absolvido por desembargadoresO homem que deu a ordem para a Rota invadir o Pavilhão 9, o coronel Ubiratan Guimarães, foi condenado a 632 anos pelo Tribunal do Júri, mas absolvido por unanimidade em segunda instância, em 2006.  No mesmo ano foi assassinado.
Mais quatro julgamentos previstos até dezembroAs 111 mortes no Pavilhão 9  estão previstas para serem julgadas a cada três meses.  Os próximos júris  serão o dos 78 mortos do terceiro pavimento, sendo que um PM responde por cinco delas e será julgado sozinho, oito do quarto e dez do quinto.
Condenações abrem jurisprudência no casoJuristas acreditam que a  condenação de 24 dos 79  envolvidos no massacre cria uma jurisprudência no Tribunal do Júri que deverá ser seguida nos próximos julgamentos.  Dificilmente, a partir de agora, os acusados  conseguirão a absolvição.

Lara Fabian - Je suis Malade


Vozes D'Africa (Antônio Frederico de Castro Alves)

VOZES D’ÁFRICA

Deus! ó Deus onde estás que não respondes?
Em que mundo, em qu’estrela tu t’escondes
Embuçado nos céus?
Ha dois mil anos te mandei meu grito,
Que embalde, desde então, corre o infinito...
Onde estás, Senhor Deus?...

Qual Prometeu tu me amarraste um dia
Do deserto na rubra penedia,
— Infinito: galé!...
Por abutre — me deste o Sol candente,
E a terra de Suez — foi a corrente
Que me ligaste ao pé...

O cavalo estafado do Beduíno
Sob a vergasta tomba ressupino,
E morre no areal.
Minha garupa sangra, a dor poreja,
Quando o chicote do simoun dardeja
O teu braço eternal.

Minhas irmãs são belas, são ditosas...
Dorme a Ásia nas sombras voluptuosas
Dos harens do Sultão.
Ou no dorso dos brancos elefantes
Embala-se coberta de brilhantes
Nas plagas do Hindustão.

Por tenda tem os cimos do Himalaia...
O Ganges amoroso beija a praia
Coberta de corais...
A brisa de Misora o céu inflama;
E ela dorme nos templos do Deus Brama,
— Pagodes colossais...

A Europa é sempre Europa, a gloriosa!...
A mulher deslumbrante e caprichosa,
Rainha e cortesã.
Artista — corta o mármor de Carrara;
Poetisa — tange os hinos de Ferrara,
No glorioso afã!...

Sempre a láurea lhe cabe no litígio...
Ora uma c’rôa, ora o barrete frígio
Enflora-lhe a cerviz.
O Universo após ela — doudo amante —
Segue cativo o passo delirante
Da grande meretriz.

Mas eu, Senhor!... Eu triste abandonada
Em meio das areias esgarrada,
Perdida marcho em vão!
Se choro... bebe o pranto a areia ardente;
Talvez... p’ra que meu pranto, ó Deus clemente!
Não descubras no chão...

E nem tenho uma sombra na floresta...
Para cobrir-me nem um templo resta
No solo abrasador...
Quando subo às pirâmides do Egito,
Embalde aos quatro céus chorando grito:
“Abriga-me, Senhor!...”

Como o profeta em cinza a fronte envolve,
Velo a cabeça no areal, que volve
O siroco feroz...
Quando eu passo no Saara amortalhada...
Ai! dizem: “Lá vai África embuçada
No seu branco Albornoz...”

Nem vêem que o deserto é meu sudário
Que o silêncio campeia solitário
Por sobre o peito meu.
Lá no solo onde o cardo apenas medra
Boceja o Esfinge colossal de pedra
Fitando o morno céu.

De Tebas nas colunas derrocadas
As cegonhas espiam debruçadas
O horizonte sem fim
Onde branqueja a caravana errante
E o camelo monótono, arquejante
Que desce de Efrain...

Não basta inda de dor, ó Deus terrível?!
É, pois, teu peito eterno, inexaurível
De vingança e rancor?...
E que é que fiz senhor? que torvo crime
Eu cometi jamais que assim me oprime
Teu gládio vingador?!...

Foi depois do Diluvio... Um viandante,
Negro, sombrio, pálido, arquejante,
Descia do Arará...
E eu disse ao peregrino fulminado:
“Cão!... serás meu esposo bem amado...
— Serei tua Eloá...”

Deste este dia o vento da desgraça
Por meus cabelos ululando passa
O Anátema cruel.
As tribos erram do areal nas vagas
E o nômada faminto corta as plagas
No rápido corcel.

Vi a ciência desertar do Egito...
Vi meu povo seguir — judeu maldito —
Trilho da perdição.
Depois vi minha prole desgraçada
Pelas garras d'Europa — arrebatada —
Amestrado falcão!...

Cristo! embalde morreste sobre um monte...
Teu sangue não lavou da minha fonte
A mancha original.
Ainda hoje são, por fado adverso,
Meus filhos — alimária do universo,
Eu — pasto universal...

Hoje em meu sangue a América se nutre
— Condor que transforma-se em abutre
Ave da escravidão,
Ela juntou-se às mais... irmã traidora
Qual de José os vi irmãos outrora
Venderam seu irmão.

Basta, senhor! De teu potente braço
Role através dos astros e do espaço
Perdão p'ra os crimes meus!...
Há dois mil anos... eu soluço um grito...
Escuta o brado meu lá no infinito
Meu Deus! Senhor, meu Deus!...

S. Paulo, 11 de junho de 1868.

O NAVIO NEGREIRO (Antônio Frederico de Castro Alves)

1
O NAVIO NEGREIRO

Tragédia no Mar



’Stamos em pleno mar... Doudo no espaço
Brinca o luar — doirada borboleta —
E as vagas após ele correm... cansam
Como turba de infantes inquieta!
’Stamos em pleno mar...Do firmamento
Os astros saltam como espumas de ouro...
O mar em troca acende as ardentias
— Constelações do líquido tesouro...
’Stamos em pleno mar... Dois infinitos
Ali se estreitam num abraço insano
Azuis, dourados, plácidos, sublimes...
Qual dos dois é o céu? Qual o oceano?...
’Stamos em pleno mar...abrindo as velas
Ao quente arfar das virações marinhas,
Veleiro brigue corre à flor dos mares
Como roçam na vaga as andorinhas...
Donde vem?... Onde vai?... Das naus errantes
Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço?
Neste Saara os córceis o pó levantam
Galopam, voam, mas não deixam traço
Bem feliz quem ali pode nest' hora
Sentir deste painel a majestade!...
Embaixo — o mar... em cima — o firmamento...
E no mar e no céu — a imensidade!
Oh! que doce harmonia traz-me a brisa!
Que música suave ao longe soa!
Meus Deus! como é sublime um canto ardente
Pelas vagas sem fim boiando à toa!
Homens do mar! Ó rudes marinheiros
Tostados pelo sol dos quatro mundos!
Crianças que a procela acalentara
No berço destes pélagos profundos!
Esperai! Esperai! deixai que eu beba
Esta selvagem, livre poesia...
Orquestra — é o mar que ruge pela proa,
E o vento que nas cordas assobia...
2
Porque foges assim, barco ligeiro?
Porque foges do pávido poeta?
Oh! quem me dera acompanhar-te a esteira
Que semelha no mar — doudo cometa!
Albatroz! Albatroz! águia do oceano,
Tu, que dormes das nuvens entre as gazas,
Sacode as penas, Leviatã do espaço!
Albatroz! Albatroz! dá-me estas asas...



Que importa do nauta o berço,
Donde é filho, qual seu lar?...
Ama a cadência do verso
Que lhe ensina o velho mar!
Cantai! Que a noite é divina!
Resvala o brigue à bolina
Como um golfinho veloz.
Presa ao mastro da mezena
Saudosa bandeira acena
Às vagas que deixa após.
Do Espanhol as cantilenas
Requebradas de languor,
Lembram as moças morenas,
As andaluzas em flor.
Da Itália o filho indolente
Canta Veneza dormente
— Terra de amor e traição —
Ou do golfo no regaço
Relembra os versos do Tasso
Junto às lavas do vulcão!
O Inglês — marinheiro frio,
Que ao nascer no mar se achou —
(porque a Inglaterra é um navio
que Deus na Mancha ancorou)
Rijo entoa pátrias glórias,
Lembrando orgulhoso histórias
De Nelson e de Aboukir.
O Francês — predestinado —
Canta os louros do passado
E os loureiros do porvir...
Os marinheiros Helenos,
Que a vaga iônia criou,
Belos piratas morenos
Do mar que Ulisses cortou,
Homens que fídias talhara,
Vão cantando em noite clara
3
Versos que Homero gemeu...
...Nautas de todas as plagas...!
Vós sabeis achar nas vagas
As melodias do céu....

Desce do espaço imenso, ó águia do oceano!
Desce mais, ainda mais.... não pode o olhar humano
Como o teu mergulhar no brigue voador
Mas que vejo eu ali... que quadro de armarguras!
Que cena funeral cantar!... Que tétricas figuras!...
Que cena infame e vil!... meu Deus! Que horror!



Era um sonho dantesco... O tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho,
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...
Negras mulheres , suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas, espantadas
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs.
E ri-se a orquestra, irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais...
Se o velho arqueja... se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais...
Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece...
Outro, que de martírios embrutece,
Cantando, geme e ri
No entanto o capitão manda a manobra
E após, fitando o céu que se desdobra
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
“ Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!...”
4
E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da roda fantástica a serpente
Faz doudas espirais!
Qual num sonho dantesco as sombras voam...
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
E ri-se Satanás!...



Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus...
Ó mar! porque não apagas
Co’a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?...
Astros! noite! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!...
Quem são estes desgraçados
Que não encontram em vós,
Mais que o rir calmo da turba
Que excita a fúria do algoz?
Quem são?... Se a estrela se cala,
Se a vaga à pressa resvala
Como um cúmplice fugaz,
Perante a noite confusa...
Dize-o tu, severa musa,
Musa libérrima, audaz!
São os filhos do deserto
Onde a terra esposa a luz.
Onde voa em campo aberto
A tribo dos homens nus...
São os guerreiros ousados,
Que com os tigres mosqueados
Combatem na solidão...
Homens simples, fortes, bravos...
Hoje míseros escravos,
Sem ar, sem luz, sem razão...
São mulheres desgraçadas
Como Agar o foi também
Que sedentas, alquebradas
De longe... bem longe vêm...
Trazendo com tíbios passos,
Filhos e algemas nos braços,
N' alma – lágrimas e fel.
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Como Agar sofrendo tanto
Que nem o leite do pranto
Têm que dar para Ismael...
Lá nas areias infindas,
Das palmeiras no país,
Nasceram — crianças lindas,
Viveram — moças gentis...
Passa um dia a caravana,
Quando a virgem na cabana
Cisma da noite nos véus...
... Adeus! ó choça do monte!...
... Adeus! palmeiras da fonte!...
... Adeus! amores... adeus!...
Depois o areal extenso...
Depois, o oceano de pó...
Depois no horizonte imenso
Desertos... desertos só...
E a fome, o cansaço, a sede
Ai! quanto infeliz que cede,
E cai p’ra não mais s’erguer!...
Vaga um lugar na cadeia,
Mas o chacal sobre a areia
Acha um corpo que roer.
Ontem a Serra Leoa,
A guerra, a caça ao leão,
O sono dormido à toa
Sob as tendas d’amplidão...
Hoje... o porão negro, fundo,
Infecto, apertado, imundo,
Tendo a peste por jaguar...
E o sono sempre cortado
Pelo arranco de um finado,
E o baque de um corpo ao mar...
Ontem plena liberdade,
A vontade por poder...
Hoje... Cum’lo de maldade,
Nem são livres p’ra... morrer...
Prende-os a mesma corrente
— Férrea, lúgubre serpente —
Nas roscas da escravidão.
E assim roubados à morte,
Dança a lúgubre coorte
6
Ao som do açoite... Irrisão!...
Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se eu deliro... ou se é verdade
Tanto horror perante os céus...
Ó mar, porque não apagas
Co’a esponja de tuas vagas
Do teu manto este borrão?...
Astros! noite! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!...



Existe um povo que a bandeira empresta
P’ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em manto impuro de bacante fria!...
Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta,
Que impudente na gávea tripudia?!...
Silêncio!... Musa! chora, e chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto...
Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do Sol encerra,
E as promessas divinas da esperança...
Tu, que da liberdade após a guerra,
Foste hasteado dos heróis na lança,
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!...
Fatalidade atroz que a mente esmaga!
Extingue nesta hora o brigue imundo
O trilho que Colombo abriu na vaga,
Como um íris no pélago profundo!...
... Mas é infâmia demais... Da etérea plaga
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo...
Andrada! arranca esse pendão dos ares!
Colombo! fecha a porta dos teus mares!

S. Paulo, 18 de Abril de 1868.

Maldito é um povo que a bandeira empresta para cobrir tanta infâmia e covardia

Chacina da Candelária completa 20 anos com autores soltos

Crime faz duas décadas no momento em que se inicia a Jornada Mundial da Juventude. Enquanto todos os condenados estão em liberdade, vítimas e ativistas lutam para que tragédia não caia no esquecimento.
Eram 23h43 daquele 23 de julho de 1993 quando um grupo de homens mascarados abriu fogo contra mais de 70 crianças e jovens que dormiam em frente à Igreja da Candelária, no centro do Rio de Janeiro. Oito morreram, e os que sobreviveram ainda sofrem com as sequelas da violência.
Duas décadas depois, um dos crimes mais atrozes da história do Rio parece cair no esquecimento– e a sensação é de impunidade. A investigação da Chacina da Candelária, como o massacre ficou conhecido, levou à condenação de três policiais militares.
Considerado o principal responsável, Marcus Vinícius Emmanuel Borges recebeu indulto da Justiça e foi liberado após 18 anos de prisão. O Ministério Público do Rio recorreu da sentença, e o indulto acabou sendo suspenso. Desde então, ele é considerado foragido. Os outros dois condenados – Marcos Aurélio Dias Alcântara e Nelson Oliveira dos Santos Cunha – receberam penas superiores a 200 anos, mas também foram indultados e hoje estão soltos.
Ofuscada pela visita do papa
Em meio ao tumulto provocado pela visita do papa Francisco, a lembrança da tragédia da Candelária acabou ofuscada. Enquanto a abertura do festival católico reuniu mais de 500 mil peregrinos na praia de Copacabana, faltou público para o evento em memória das vítimas do massacre.
"Esse crime brutal de repercussão planetária completa 20 anos coincidentemente no dia em que estamos pedindo vida para os jovens, mais oportunidades de trabalho", diz o padre Marco Lázaro, da paróquia Santa Terezinha do Menino Jesus, no bairro de Botafogo.
O jovem padre franciscano faz pregações para os ouvintes da Rádio Catedral durante as madrugadas. Ele dedicou o programa de terça-feira (23/07) às vítimas da Candelária.
"A vigília deve ser um grande momento de oração e também um momento para dizer a este mundo carioca tão bonito que ainda há muita coisa feia aqui, como o desprezo às crianças", afirmou Lázaro.
O "lado feio" de muitas grandes cidades brasileiras é comprovado pelas estatísticas. De acordo com o Censo, em 75 cidades com mais de 300 mil moradores havia 23.973 crianças e adolescentes morando nas ruas em 2011. A maioria são garotos entre 12 e 15 anos. O estado com maior número de meninos e meninas de rua é o Rio de Janeiro (5.091 jovens), seguido por São Paulo (4.751) e Bahia (2.313).
Trauma ainda vivo
Uma semana antes da abertura da Jornada Mundial da Juventude, ONGs realizaram uma missa em homenagem às vítimas. Assim como fizeram na época da chacina, eles colocaram uma cruz em frente à Igreja da Candelária – desta vez, a cruz usada na Jornada – para lembrar os jovens mortos 20 anos atrás.
"Todo ano, a gente realiza uma atividade aqui na Candelária para não cair no esquecimento da população. A gente quer que isso [chacina] não aconteça mais, mas sempre acontece", lamenta Patrícia de Oliveira, irmã do sobrevivente Wagner dos Santos, após participar da celebração.
Na época do massacre, Wagner tinha 20 anos. Na ação, o rapaz foi arrastado por policiais militares para dentro de um carro, alvejado e depois solto. Juntamente com um amigo, ele teria atirado pedras contra o para-brisa de uma viatura.
Depois de sofrer um atentado em 1994, Wagner, principal testemunha da chacina, entrou num programa de proteção e há 19 anos mora na Suíça. Ele ainda tenta superar várias sequelas da violência e sofre de envenenamento por chumbo, decorrente dos fragmentos de bala que ficaram alojados sem eu corpo.
O padre Marco Lázaro espera que o papa Francisco se recorde da tragédia da Candelária e de suas vítimas durante a Jornada Mundial da Juventude. "A Igreja deve ser mais proativa, mais ousada na sua missionaridade, mostrar que está atenta aos problemas sociais. Sem substituir o Estado, a Igreja pode ter uma presença social mais efetiva", afirma Lázaro.
Com suas pregações, ele diz pretender mostrar que o trabalho da Igreja não está limitado a sacramentos e música. "O papa Francisco está fazendo essa voz ecoar muito bem", opina.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

«Os sinos e a sua sonoridade têm estado esquecidos»

Património - «Os sinos e a sua sonoridade têm estado esquecidos»

Maria Adelaide Furtado integra um grupo de investigadores que propõe inscrever «a linguagem dos sinos» na Matriz Nacional do Património Cultural Imaterial. Uma candidatura que integra um novo conceito, o da «paisagem sonora», pertença das comunidades e expressão da sua identidade. Um estudo sobre um património «frágil» e que nos alerta para um facto: «os sinos e a sua sonoridade têm estado esquecidos».

Sara Pelicano | segunda-feira, 22 de Julho de 2013

Café Portugal - Juntamente com outros investigadores propõe-se inscrever os sons dos sinos na Matriz Nacional do Património Cultural Imaterial. Sendo elementos tão arreigados ao nosso património é estranho ainda não constarem deste inventário. Porquê?
Maria Adelaide Furtado (M.A.F.) - A sua pergunta permite-me começar por esclarecer que não estamos a falar dos sinos enquanto património material, efectivamente eles representam um ancestral património, mas o que trazemos de inédito é a necessidade de serem olhados na perspectiva do património cultural imaterial. Os sinos têm essa singularidade ou dupla vertente, a material e a imaterial. A «Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial», adoptada pela UNESCO em 2003, ratificada nesse ano pelo Estado Português, mas só em vigor com a sua publicação em Agosto de 2008, vem introduzir em território nacional a faculdade de identificação de uma diversidade de valores culturais e o papel de novos actores, as próprias comunidades.

A Convenção é o reconhecimento de um papel activo das comunidades na salvaguarda deste tipo de património. Importa referir que, o objectivo da «inscrição da linguagem dos sinos» na matriz nacional do património cultural imaterial será o reconhecimento da função dos sinos e está implícito outro novo conceito «a paisagem sonora» que as comunidades considerem como parte da sua história e identidade colectiva. 

Em síntese, estamos perante o objectivo do reconhecimento da função dos sinos, desde sempre presentes na paisagem sonora, numa ancestral função de comunicadores, isto é, numa comunicação simbiótica ou linguagem especial, quer marcando as horas, convocando ao culto, anunciando as más notícias, ou deixando no ar o anúncio de festa e alegria. Ainda na definição do que é passível de reconhecimento como património cultural imaterial (PCI) podem integrar-se tradições, saberes e técnicas tradicionais, práticas e expressões de determinada comunidade, desde que identificadas como parte integrante da sua cultura, transmitidas por gerações, mas ainda com manifestação na actualidade, em suma, que representem elementos da história, património e identidade de um lugar. Respondendo agora à sua pergunta, a imaterialidade dos sinos integrados neste conceito de património cultural imaterial são um património muito jovem.

C.P. - Trata-se de proteger uma expressão das comunidades locais antes do desaparecimento desse traço cultural?
M.A.F. - 
Exacto e encontramos essa preocupação na própria Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial no plano das suas recomendações ou Medidas de Salvaguarda. Efectivamente o património cultural imaterial é intangível, é um tipo de património associado a pessoas, a grupos. São as pessoas que garantem a sua existência, vivenciando a imaterialidade e transmitindo-a às gerações futuras. É um património frágil, em constante mutação, acompanha as mudanças sociais e históricas. É portanto um património susceptível de desaparecer ou desaparecerem as condições que lhe dão sentido. E qualquer trabalho de investigação social sobre património cultural imaterial, seja pesquisa, inventariação, digitalização de documentação, seja registo fotográfico, fonográfico, etc., tem uma enorme importância no plano da salvaguarda desse património. Pelo que, qualquer actividade de sinalização e recolha conduz à preservação, promoção e valorização dos nossos valores culturais, regionais ou nacionais. Podemos ainda observar que está implícito nestas Medidas de Salvaguarda a faculdade de revitalização do património cultural imaterial, com o objectivo de impedir o seu desaparecimento enquanto expressão de identidade duma comunidade. Pretende-se identificar e salvaguardar a linguagem dos sinos, na sua expressão ou forma de comunicação, o que nos foi transmitido por gerações mas num recorte de actualidade, o tal traço cultural que mencionou.

C.P. - Pode aprofundar essa noção de revitalização do património que acaba de mencionar como constando na Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial ?
M.A.F. -
 Como Jurista não posso deixar de chamar a atenção para esse conceito, a revitalização de um património imaterial. Segundo o quadro legal, nos pressupostos estabelecidos nesta Convenção, é exigível que as comunidades ainda se identifiquem com esse passado e portanto é condição necessária que o património imaterial expresse uma identidade ainda actual, património vivo. Este rigor está implícito nos pressupostos da candidatura e é perfeitamente justificável, pois tem por objectivo impedir «recriações» fantasiosas ou abusivas. Significa que, só pode ter reconhecimento como património cultural imaterial, o património que além de ter carácter intangível, represente um sentimento de pertença, que exista uma expressão de continuidade no presente, e o seu reconhecimento como património cultural imaterial tem em vista a preservação desse valor e identidade da comunidade.


C.P. - Pode dar-nos um exemplo?
M.A.F. -
 Vou dar um exemplo «ao contrário» no âmbito dos sinos. O processo de fundição dos sinos, que também representa uma arte do fogo, foi desde sempre rodeado de mitos e superstições, talvez pela razão de uma procura mítica do som perfeito. Acresce referir que a actividade das fundições dos sinos era circunscrita a algumas famílias de sineiros, que perpetuavam o saber dentro do círculo familiar ou na união com outras famílias sineiras. E com este secretismo e superstições no processo de fabrico, levavam os sinos a um plano entre o sagrado e o profano.

Os sinos passavam a «res sacra» isto é, «coisas sagradas» após a bênção numa cerimónia que antecedia a colocação nas torres sineiras. Para as populações, durante séculos, os sinos representavam o «poder» de afastar os perigos das intempéries, granizos e trovoadas ou afastar os parasitas das colheitas, com um toque sineiro que designavam por «toque aos frutos da terra e do mar». Ora, este plano da cultura imaterial não tem actualidade, não expressa um sentimento de identificação com o saber actual, não permaneceu como identidade dos grupos, e não faria qualquer sentido trazer-se esta tradição para o plano imaterial, nem salvaguarda, por ser matéria que se circunscreve a uma época passada.

C.P. - Estamos a falar de um património que acompanha as comunidades desde o nascimento dos seus membros até à morte…
M.A.F. -
 É frequente ouvir-se essa expressão, vale o que vale. Mas na minha óptica, a importância dessa expressão corrente, é que contem a tal valoração, o tal conceito agora desperto «a paisagem sonora». Mas, os sinos e a sua sonoridade têm estado esquecidos, apesar de cumprirem a útil missão de comunicar com a comunidade. Frequentemente chamo a atenção para as torres sineiras que são um museu vivo. Subir a uma torre sineira é encontrar obras de arte, o bronze dos sinos são peças de arte, são «quadros vivos» identificadores de tendências artísticas de mestres sineiros ao longo dos tempos. A nossa Associação de Defesa do Património - Al Baiaz tem vindo a dar o seu contributo para a valoração deste potencial, alertando para a defesa deste valioso património material e imaterial. Só a título de curiosidade, julgo interessante referir que, nos anos sessenta do século XX, o sino foi excluído do projecto de investigação dos «Estudos dos instrumentos musicais populares» embrionário do Museu Nacional de Etnologia, um importante trabalho de investigação de Ernesto Veiga de Oliveira e Benjamim Pereira (1960-63) com a justificação que o fabrico dos sinos é da esfera da indústria metalúrgica, posição que então não foi absolutamente consensual. Recordo esta questão, como indicador que o som dos sinos e a sua função representam hoje um novo exemplo de património, mas desde sempre estiveram associados a festas populares e tradições.

C.P. - Pode dar-nos alguns exemplos das funções dos sinos em diferentes zonas do país?
M.A.F. - 
Num sentido lato duas funções principais, uma a de marcador do tempo, isto é, a informação das horas, outra função a de acompanhar a ritualidade das celebrações eclesiásticas e ainda uma terceira função, mas esta só com carácter residual o chamado toque a rebate, ou sinal de alarme, que representam formas de alerta de perigos para acção das comunidades na sua defesa. De forma muito breve, refiro que importa distinguir os sinais e os toques sineiros. Ainda é frequente encontrar pessoas que se referem à sonoridade dos sinos, como cantar, chorar, repicar, badalar, bater, etc. Há toques com o sino parado (repiques), outros com o sino em movimento (os dobles). Mas é provável que possamos ser levados a concluir que estamos perante um quadro em que existe uma grande uniformização de sonoridade, isto é, um catálogo de toques que foi imposto no passado como regra e assimilado e retransmitido com rigor. A confirmar-se esta minha perspectiva só encontro como causa do fenómeno, a rigidez de normas impostas no século XVII pela hierarquia de Roma face à época, numa multiplicidade e desorganização no acompanhamento da liturgia e outras celebrações, e numa necessidade de pôr termo a uma certa indisciplina generalizada no topo das torres sineiras. Dando resposta a recomendações da Santa Sé, para que os toques sineiros tivessem regras em todo o território nacional e na busca de reconhecimento para obtenção da elevação da Capela Real a Patriarcado, D. João V procurou que prontamente fossem estabelecidos procedimentos protocolares nesse sentido. Graças à obra do Padre António Rodrigues Lages, num manuscrito de 1760 que ofereceu ao Mestre de Cerimónias da Igreja Patriarcal de Lisboa, é possível conhecer-se a paisagem sonora setecentista. A obra contém informação sobre a regulação das horas, e aponta a necessidade do estabelecimento de regras nas cerimónias litúrgicas e os momentos de intervenção da sonoridade dos sinos. Tudo indica que terminado o período de falta de uniformização dos toques sineiros, e estabelecido o «catálogo procedimental», foram séculos com grande fidelidade à uniformização nos templos e lugares.

C.P. - Hoje a profissão de sineiro está em vias de extinção. Não conseguem competir com os mecanismos de toque automáticos. Pode aprofundar?
M.A.F. - 
Tocar o sino nunca foi actividade profissional e essa função era em regra desempenhada por homens, provavelmente porque o peso dos sinos exige, além de mestria do toque, esforço físico. Mais uma vez sou levada a mencionar outra curiosidade, sobre as ditas superstições tão associadas à história dos sinos. Tocar o sino era actividade essencialmente masculina, e no passado era corrente esta afirmação «mulher que toca sino não casa» esta e outras superstições ainda estão presentes na tradição oral. Mas, os toques automáticos também expressam uma alteração na forma como se organizam as comunidades, designadamente a comunidade católica, na necessidade das pessoas coordenarem as suas actividades laicas e espirituais. A mecanização entrou para facilitar o papel do homem, todos aceitamos esse facto como uma resposta, é mais um sinal dos tempos. Mas, se a arte de tocar o sino for transmitida e valorada junto dos mais jovens, poderemos observar um fenómeno inverso.

C.P. - Foquemo-nos na indústria da fundição dos sinos? Pode abordar brevemente esta realidade?
M.A.F. - 
É fascinante esta arte e tem sido muito esquecida. Tenho a maior admiração pelo trabalho desenvolvido nas duas únicas fundições em actividade no nosso país, a fundição de sinos de Braga e a de Rio Tinto. Há a coincidência da fundição de Rio Tinto ter iniciado actividade em 1899, precisamente no mesmo ano que iniciou laboração a Fundição de sinos da Boca da Mata-Alvaiázere, fundada pelo Mestre António Alves Ferreira. Neste lugar, apesar da extinção da fundição já ter ocorrido «os sinos ainda falam». Inúmeras obras do Mestre fundidor e de seus netos, que prosseguiram actividade até 1962, atestam o reconhecimento devido, bastará referir dois sinos na célebre Torre de Dornes que datam de 1910, um sino com cerca de oitocentos quilogramas na Igreja de Nossa Senhora da Misericórdia no Castelo, em Ourém, ou a beleza do sino da Igreja da Freixianda, isto a título de exemplo. Apontada como a última fundição de sinos artesanal do século XX, foi premiada em 1927 com a medalha de prata na exposição industrial de Caldas da Rainha.


C.P. - Este é um trabalho da Associação Al Baiaz, onde é vice-presidente. Pode falar-nos desta associação e das suas actividades?
M.A.F. - 
A nossa Associação de Defesa do Património foi constituída em 1998 e está sedeada em Alvaiázere. Prossegue como objectivos fundamentais e inscritos nos estatutos, o estudo e inventariação, defesa, valorização e promoção do património natural, arqueológico, histórico e património cultural deste concelho e concelhos limítrofes. Precisamente na tipificação das actividades a prosseguir, os seus estatutos contemplam como actividades - a promoção junto das instituições e organismos competentes, no respeitante à classificação de património natural e cultural. A Al-Baiaz tem procurado divulgar o património da região, através de jornadas, colóquios, palestras, visitas e outros meios. A título exemplificativo deixo as seguintes notas, no plano do património cultural em 1999, a associação Al-Baiaz apresentou às entidades competentes a proposta de classificação do Castro da Serra de Alvaiázere. Outro exemplo de actuação, mas agora no âmbito do património natural, segundo orientação do Professor Dr. Mário Lousã, nosso distinto associado e dirigente, foi realizado um exaustivo trabalho no plano da inventariação e classificação de espécies típicas dos terrenos calcários – as chamadas orquídeas selvagens, características deste maciço calcário de Sicó, a serra de Alvaiázere É nestes terrenos calcários que se encontra o maior número de orquídeas selvagens, o que deu origem ao seu reconhecimento e hoje integram o que se designa por Sítio Sicó-Alvaiázere (PTCON 0045). Este trabalho e a publicação de uma pequena obra, roteiro para orientação no terreno, representarão para sempre, um importante contributo da nossa associação na inventariação e identificação deste património natural. Da sua importância bastará referir que os habitats que possuem estas espécies devem ser rigorosamente protegidos por constituírem um dos Habitats Prioritários segundo Directiva 92/43 da União Europeia.

C.P. - Quando está previsto terminar o trabalho de recolha de informação e o reconhecimento dos sinos como Património cultural Imaterial?
M.A.F. -
 Ainda não se desenha no horizonte a conclusão do trabalho, pelo que ainda não se pode avançar com um calendário de formalização. Mas ainda no ano em curso, iremos realizar as Jornadas anuais da associação e esta temática, a linguagem dos sinos e o seu reconhecimento como património cultural imaterial será a temática deste ano.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Que Maldade!!!

Bi sexualidade feminina: Mulheres que se apaixonam por mulheres

Bi sexualidade feminina: Mulheres que se apaixonam por mulheres

A bi sexualidade feminina sempre existiu, sendo tão antiga quanto os tempos incontáveis, e é parte da história da evolução humana. Esta questão tão íntima da mulher sempre foi escondida sendo revelada de forma aberta recentemente através de literaturas, das mídias em geral e das próprias mulheres, que têm assumido esta identidade de forma a torná-la visível e revelada a quem quer que seja.

Nos tempos passados havia a condenação religiosa em relação a bi sexualidade e homossexualidade, tanto feminina quanto masculina, havendo perseguições, prisões e até mortes. Contudo, hoje muita coisa mudou, já havendo maior aceitação da individualidade do ser perante sua sexualidade e, com isto, muitas mulheres estão assumindo suas preferências de também se relacionarem com outras mulheres além de homens. Atualmente, a bi sexualidade feminina tem sido muito incentivada pelos meios de comunicação, filmes e revistas especializadas na área e pela indústria do sexo, até mesmo como modismo e meio de incentivar e propagar esta prática entre as mulheres pelos efeitos satisfatórios que geram em termos de lucros em todos os sentidos. Muitas mulheres praticam a troca sexual entre mulheres sem um sentido mais profundo, sem um sentimento verdadeiro, onde o que fica mesmo é somente o sexo pelo sexo e o prazer que o corpo feminino pode proporcionar a outra mulher.
Algumas mulheres entram neste caminho incentivadas pelos próprios maridos, companheiros ou namorados que sentem prazer em vê-las se relacionando com outras mulheres, pois isto é estímulo sexual para eles, é um fetiche. Outras, contudo, já se aventuram num relacionamento “bi” para vivenciarem algo que possa lhes trazer um novo tipo de prazer sexual; ainda há os casos de mulheres que para se vingarem de seus maridos, companheiros, namorados acabam se relacionando com outras mulheres como meio de atingi-los.
São muitos os motivos que levam uma mulher a se relacionar sexualmente com homem e com mulher ao mesmo tempo ou em tempos alternados. É um universo de razões que implicam muitas situações vivenciadas ao longo da vida, como por exemplo: apegos, medos, gostos, escolhas, prazer, traumas, cultura, educação, imaturidade, dentre outras. O importante é saber reconhecer as situações que diferem de mulher para mulher e aceitar quando se trata de sua própria escolha, não sustentando o preconceito, pois este não leva a lugar algum, pois não é consciência.
Quando relacionamentos “bi” ocorrem entre as adolescentes é necessário que os pais observem de perto a situação e se preparem para orientar suas filhas, pois neste ciclo as jovens são muito imaturas, não sabem o que querem estão descobrindo seus corpos e não sabem sobre sexualidade, se envolvendo muitas vezes por uma questão de fazer o que as outras fazem e, assim, ficarem “numa boa” com seu grupo de amizade e, também, de serem por aceitas e reconhecidas.
As pesquisas e matérias sobre este assunto indicam que algumas mulheres buscam se relacionar com outras, pois acreditam que a mulher sabe mais que o homem sobre o prazer feminino, sobre as emoções e pensamentos femininos e, sobre como as mulheres realmente gostam de ser tratadas sexualmente; assim, se sentem compreendidas e mais preenchidas através do relacionamento com mulheres. É nesse momento que muitas mulheres começam a reconhecer e aceitar suas tendências ao homossexualismo e mudam suas vidas assumindo suas escolhas. Há casos de mulheres casadas que se relacionavam com mulheres, se apaixonaram por suas companheiras de práticas sexuais e resolveram assumir a homossexualidade, passando a viver como casal assumindo também, as responsabilidades da casa e dos filhos.
Cada mulher é livre para praticar sua sexualidade como sente ser o melhor para si. Penso que o importante é ser feliz, porém, não concordo com o incentivo, a pressão e a manipulação em cima da mulher para esta prática. Se uma mulher sente que necessita desta prática e que isto é algo bom para sua vida e para si mesma seja verdadeira consigo mesma e se assuma. Agora, se uma mulher é pressionada de alguma forma a se relacionar com outras mulheres, também seja verdadeira consigo mesma e reflita sobre esta situação e se posicione sobre sua escolha, pois ninguém é vítima de ninguém. E você o que pensa a este respeito?
A bi sexualidade feminina sempre existiu, sendo tão antiga quanto os tempos incontáveis, e é parte da história da evolução humana. Esta questão tão íntima da mulher sempre foi escondida sendo revelada de forma aberta recentemente através de literaturas, das mídias em geral e das próprias mulheres, que têm assumido esta identidade de forma a torná-la visível e revelada a quem quer que seja.
Nos tempos passados havia a condenação religiosa em relação a bi sexualidade e homossexualidade, tanto feminina quanto masculina, havendo perseguições, prisões e até mortes. Contudo, hoje muita coisa mudou, já havendo maior aceitação da individualidade do ser perante sua sexualidade e, com isto, muitas mulheres estão assumindo suas preferências de também se relacionarem com outras mulheres além de homens. Atualmente, a bi sexualidade feminina tem sido muito incentivada pelos meios de comunicação, filmes e revistas especializadas na área e pela indústria do sexo, até mesmo como modismo e meio de incentivar e propagar esta prática entre as mulheres pelos efeitos satisfatórios que geram em termos de lucros em todos os sentidos. Muitas mulheres praticam a troca sexual entre mulheres sem um sentido mais profundo, sem um sentimento verdadeiro, onde o que fica mesmo é somente o sexo pelo sexo e o prazer que o corpo feminino pode proporcionar a outra mulher.
Algumas mulheres entram neste caminho incentivadas pelos próprios maridos, companheiros ou namorados que sentem prazer em vê-las se relacionando com outras mulheres, pois isto é estímulo sexual para eles, é um fetiche. Outras, contudo, já se aventuram num relacionamento “bi” para vivenciarem algo que possa lhes trazer um novo tipo de prazer sexual; ainda há os casos de mulheres que para se vingarem de seus maridos, companheiros, namorados acabam se relacionando com outras mulheres como meio de atingi-los.
São muitos os motivos que levam uma mulher a se relacionar sexualmente com homem e com mulher ao mesmo tempo ou em tempos alternados. É um universo de razões que implicam muitas situações vivenciadas ao longo da vida, como por exemplo: apegos, medos, gostos, escolhas, prazer, traumas, cultura, educação, imaturidade, dentre outras. O importante é saber reconhecer as situações que diferem de mulher para mulher e aceitar quando se trata de sua própria escolha, não sustentando o preconceito, pois este não leva a lugar algum, pois não é consciência.
Quando relacionamentos “bi” ocorrem entre as adolescentes é necessário que os pais observem de perto a situação e se preparem para orientar suas filhas, pois neste ciclo as jovens são muito imaturas, não sabem o que querem estão descobrindo seus corpos e não sabem sobre sexualidade, se envolvendo muitas vezes por uma questão de fazer o que as outras fazem e, assim, ficarem “numa boa” com seu grupo de amizade e, também, de serem por aceitas e reconhecidas.
As pesquisas e matérias sobre este assunto indicam que algumas mulheres buscam se relacionar com outras, pois acreditam que a mulher sabe mais que o homem sobre o prazer feminino, sobre as emoções e pensamentos femininos e, sobre como as mulheres realmente gostam de ser tratadas sexualmente; assim, se sentem compreendidas e mais preenchidas através do relacionamento com mulheres. É nesse momento que muitas mulheres começam a reconhecer e aceitar suas tendências ao homossexualismo e mudam suas vidas assumindo suas escolhas. Há casos de mulheres casadas que se relacionavam com mulheres, se apaixonaram por suas companheiras de práticas sexuais e resolveram assumir a homossexualidade, passando a viver como casal assumindo também, as responsabilidades da casa e dos filhos.
Cada mulher é livre para praticar sua sexualidade como sente ser o melhor para si. Penso que o importante é ser feliz, porém, não concordo com o incentivo, a pressão e a manipulação em cima da mulher para esta prática. Se uma mulher sente que necessita desta prática e que isto é algo bom para sua vida e para si mesma seja verdadeira consigo mesma e se assuma. Agora, se uma mulher é pressionada de alguma forma a se relacionar com outras mulheres, também seja verdadeira consigo mesma e reflita sobre esta situação e se posicione sobre sua escolha, pois ninguém é vítima de ninguém. E você o que pensa a este respeito?
A bi sexualidade feminina sempre existiu, sendo tão antiga quanto os tempos incontáveis, e é parte da história da evolução humana. Esta questão tão íntima da mulher sempre foi escondida sendo revelada de forma aberta recentemente através de literaturas, das mídias em geral e das próprias mulheres, que têm assumido esta identidade de forma a torná-la visível e revelada a quem quer que seja.
Nos tempos passados havia a condenação religiosa em relação a bi sexualidade e homossexualidade, tanto feminina quanto masculina, havendo perseguições, prisões e até mortes. Contudo, hoje muita coisa mudou, já havendo maior aceitação da individualidade do ser perante sua sexualidade e, com isto, muitas mulheres estão assumindo suas preferências de também se relacionarem com outras mulheres além de homens. Atualmente, a bi sexualidade feminina tem sido muito incentivada pelos meios de comunicação, filmes e revistas especializadas na área e pela indústria do sexo, até mesmo como modismo e meio de incentivar e propagar esta prática entre as mulheres pelos efeitos satisfatórios que geram em termos de lucros em todos os sentidos. Muitas mulheres praticam a troca sexual entre mulheres sem um sentido mais profundo, sem um sentimento verdadeiro, onde o que fica mesmo é somente o sexo pelo sexo e o prazer que o corpo feminino pode proporcionar a outra mulher.
Algumas mulheres entram neste caminho incentivadas pelos próprios maridos, companheiros ou namorados que sentem prazer em vê-las se relacionando com outras mulheres, pois isto é estímulo sexual para eles, é um fetiche. Outras, contudo, já se aventuram num relacionamento “bi” para vivenciarem algo que possa lhes trazer um novo tipo de prazer sexual; ainda há os casos de mulheres que para se vingarem de seus maridos, companheiros, namorados acabam se relacionando com outras mulheres como meio de atingi-los.
São muitos os motivos que levam uma mulher a se relacionar sexualmente com homem e com mulher ao mesmo tempo ou em tempos alternados. É um universo de razões que implicam muitas situações vivenciadas ao longo da vida, como por exemplo: apegos, medos, gostos, escolhas, prazer, traumas, cultura, educação, imaturidade, dentre outras. O importante é saber reconhecer as situações que diferem de mulher para mulher e aceitar quando se trata de sua própria escolha, não sustentando o preconceito, pois este não leva a lugar algum, pois não é consciência.
Quando relacionamentos “bi” ocorrem entre as adolescentes é necessário que os pais observem de perto a situação e se preparem para orientar suas filhas, pois neste ciclo as jovens são muito imaturas, não sabem o que querem estão descobrindo seus corpos e não sabem sobre sexualidade, se envolvendo muitas vezes por uma questão de fazer o que as outras fazem e, assim, ficarem “numa boa” com seu grupo de amizade e, também, de serem por aceitas e reconhecidas.
As pesquisas e matérias sobre este assunto indicam que algumas mulheres buscam se relacionar com outras, pois acreditam que a mulher sabe mais que o homem sobre o prazer feminino, sobre as emoções e pensamentos femininos e, sobre como as mulheres realmente gostam de ser tratadas sexualmente; assim, se sentem compreendidas e mais preenchidas através do relacionamento com mulheres. É nesse momento que muitas mulheres começam a reconhecer e aceitar suas tendências ao homossexualismo e mudam suas vidas assumindo suas escolhas. Há casos de mulheres casadas que se relacionavam com mulheres, se apaixonaram por suas companheiras de práticas sexuais e resolveram assumir a homossexualidade, passando a viver como casal assumindo também, as responsabilidades da casa e dos filhos.
Cada mulher é livre para praticar sua sexualidade como sente ser o melhor para si. Penso que o importante é ser feliz, porém, não concordo com o incentivo, a pressão e a manipulação em cima da mulher para esta prática. Se uma mulher sente que necessita desta prática e que isto é algo bom para sua vida e para si mesma seja verdadeira consigo mesma e se assuma. Agora, se uma mulher é pressionada de alguma forma a se relacionar com outras mulheres, também seja verdadeira consigo mesma e reflita sobre esta situação e se posicione sobre sua escolha, pois ninguém é vítima de ninguém. E você o que pensa a este respeito?
E-mail: ramyarany@kvt.org.br