O Ministério Público e a Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo iniciaram uma operação nesta segunda-feira (15) para prender 13 policiais - 11 em São Paulo e dois em Campinas. Segundo a Corregedoria, eles são suspeitos de vender informações para traficantes. Além disso, os policiais são acusados de roubo, corrupção e extorsão mediante sequestro.
Até o começo da tarde desta segunda-feira, seis policiais já foram detidos, entre eles o delegado e supervisor do Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos (Denarc), Clemente Castilhone Junior. Segundo o advogado João Batista Augusto Filho, o delegado é inocente e não foi informado sobre o motivo da prisão.
Promotores realizaram, por cerca de quatro horas, buscas dentro da sede do Denarc, um dos mais importantes departamentos da Polícia Civil de São Paulo. Na saída, o promotor Amauri Silveira Filho, do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) de Campinas, informou que haverá mais duas etapas da operação.
Os detidos foram encaminhados à Corregedoria da Polícia Civil. A Polícia não informou o nome ou cargo dos demais investigados, e há a expectativa de que a Justiça autorize mais prisões. O núemero de acusados pode chegar a 30 policiais.
Em nota, a Polícia Civil disse que "adotou todas a providências legais cabíveis, instaurando procedimentos para apurar a conduta individual de cada policial envolvido na investigação", e que "não compactua com qualquer tipo de desvio ou pratica de ilícito por parte do policiais da instituição".
Policiais sequestraram familiares de traficantes que não pagaram propina
Segundo o Ministério Público, a investigação começou quando policiais começaram a sequestrar familiares de traficantes, no início de 2013, por causa de atrasos nos pagamentos de propina.
Os policiais foram flagrados quando usavam os telefones dos familiares dos traficantes, que tinham sido sequestrados, para extorquir os criminosos. Os telefones estavam grampeados pelo Gaeco de Campinas, que desde outubro de 2012 investigava a ação de criminosos ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC) na região.
Em gravações, foram descobertas também conversas do sequestrador Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho, preso desde 2002 na penitenciária de segurança máxima de Presidente Venceslau. Andinho ainda mandava no tráfico de drogas do bairro São Fernando, em Campinas, um dos principais pontos de venda de entorpecentes da cidade. Traficantes da área, sob comando dele, eram obrigados a pagar uma anuidade de R$ 300 mil para os policiais civis para atuar e mensalidades de até R$ 30 mil. Com os atrasos de pagamento e a reação dos policiais, com os sequestros, Andinho teria ordenado que fossem feitos ataques a policiais.
REDAÇÃO ÉPOCA, COM ESTADÃO CONTEÚDO
15/07/2013 13h44 - Atualizado em 15/07/2013 17h27
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