quarta-feira, 30 de julho de 2014

Normopatia S.O.S

Normopatia S.O.S



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Há claras evidências de que a sociedade moderna, em especial a brasileira, está padecendo de um triste e grave mal, o qual pode ser chamado de Normopatia. Trata-se de uma letargia inexplicável, doentio imobilismo, cruel apatia, verdadeiro espasmo psíquico, onde tudo parece aceitável e normal, até mesmo as mais brutais degenerescências, as mais extravagantes aberrações, nefastas excrescências, as mais terríveis anomalias humanas.

Observa-se por toda parte um certo senso de indignação, descrença e perplexidade de todos frente à pobreza, violência, injustiça, corrupção, politicagem e outras mazelas sociais, entretanto, nada de profundo e eficaz se faz para reverter esta situação. Todos parecem vítimas silenciosas, por todos os lados impera o pacto da nulidade e da inoperância. Não mais ocorrem manifestações arrojadas e empolgantes, movimentos populares entusiasmantes. Tem-se a impressão que a sociedade está atônita, inerte, engessada, semi-morta, tonta.

O egoísmo é um sentimento crescente e as pessoas parecem estar perdendo o senso da compaixão e comunhão com o sofrimento alheio, prostituição e exclusão, abate da floresta e dos cerrados e perda dos solos, com contaminação das águas, com a destruição do meio. A brutal violência, diariamente estampada nos jornais, bate-papo da rua e nos programas de televisão quando muito despertam apenas curiosidade, não mais espanto, nada de comiseração.

A Normopatia parece ser uma doença contagiosa, provocada principalmente pela insensatez e ganância embutidos nos programas econômicos, na alternância estonteante dos padrões tecnológicos e nas violentas modificações dos paradigmas éticos e morais. Conseqüências mais imediatas e visíveis de seu quadro clínico são a falta de assistência aos necessitados, o terror das drogas, o empobrecimento dos assalariados e trabalhadores, a banalização da violência. Seu principal agente infeccioso é o capitalismo neo-liberal, destruidor da produção em pequena escala, gerador da concentração da riqueza nas mãos dos poucos espertalhões, sem endereço, nome ou cara.

Os veículos de propagação desse mal são as lideranças políticas e seus apaniguados que traem os interesses do povo, vendem o patrimônio da nação e aderem cinicamente ao mercado internacional globalizante, insensível, selvagem e humilhante e onde a ordem é tirar o máximo lucro, mesmo que à custa da degradação ambiental, a dor, a doença, a fome.

Neste sistema político, a tecnologia parece ser apanágio de modernidade e salvação coletiva, mas os consumidores se deparam constantemente com placebos em lugar de remédios, automóveis e instrumentos fabricados com absoluta e baixíssima previsão de longevidade, além de montanhas de sucatas e lixo atômico, alimentos inseguros e perigosos com o pomposo nome de transgênicos.

No universo virtual, as pessoas pouco produzem e descansam, pois como escravos, passam dias e noites debruçadas em micros, navegando em busca de negócios, dados, notícias ou meras distrações. No mundo da economia, a ordem é compra/venda, de preferência com máximo lucro! E também não importa o que se negocia, se supérfluos, drogas, venenos, órgãos humanos, orgias, promessas de beleza e sucesso, salvação da alma, levianas utopias!

Ciência do momento, além da informática é o marketing, que cria expectativa e necessidade, vende imagem de progresso, transforma assassino em vítima, bandido em mocinho, malfeitor em boa-gente. O normopata é normalmente acomodado, passivo, intransigente, orgulhoso, sem muita esperança, criatividade para nada. Seu jargão predileto é aquele que diz "tá bom demais, se melhorar estraga!".

Ao mesmo tempo é uma criatura fraca, que se deixa levar facilmente pelos apelos da mídia, pelas benesses dos privilégios, ações dos maus políticos, pelas tentações da gula, da rede e da cama. Não precisa ser médico, filósofo ou humanista para perceber que se faz necessária a aplicação de poderosos remédios e práticas eficazes para combater esse terrível mal que aflige a humanidade, sobretudo a sociedade capitalista, a geradora de Babéis, Gomorras, Favelas e Sodomas. SOS!

Geraldo Mendes dos Santos

http://www.samauma.biz/site/samauma/gs1203normopatia.htm

Foto: Normopatia S.O.S 



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  Há claras evidências de que a sociedade moderna, em especial a brasileira, está padecendo de um triste e grave mal, o qual pode ser chamado de Normopatia. Trata-se de uma letargia inexplicável, doentio imobilismo, cruel apatia, verdadeiro espasmo psíquico, onde tudo parece aceitável e normal, até mesmo as mais brutais degenerescências, as mais extravagantes aberrações, nefastas excrescências, as mais terríveis anomalias humanas.

 Observa-se por toda parte um certo senso de indignação, descrença e perplexidade de todos frente à pobreza, violência, injustiça, corrupção, politicagem e outras mazelas sociais, entretanto, nada de profundo e eficaz se faz para reverter esta situação. Todos parecem vítimas silenciosas, por todos os lados impera o pacto da nulidade e da inoperância. Não mais ocorrem manifestações arrojadas e empolgantes, movimentos populares entusiasmantes. Tem-se a impressão que a sociedade está atônita, inerte, engessada, semi-morta, tonta. 

 O egoísmo é um sentimento crescente e as pessoas parecem estar perdendo o senso da compaixão e comunhão com o sofrimento alheio, prostituição e exclusão, abate da floresta e dos cerrados e perda dos solos, com contaminação das águas, com a destruição do meio. A brutal violência, diariamente estampada nos jornais, bate-papo da rua e nos programas de televisão quando muito despertam apenas curiosidade, não mais espanto, nada de comiseração. 

 A Normopatia parece ser uma doença contagiosa, provocada principalmente pela insensatez e ganância embutidos nos programas econômicos, na alternância estonteante dos padrões tecnológicos e nas violentas modificações dos paradigmas éticos e morais. Conseqüências mais imediatas e visíveis de seu quadro clínico são a falta de assistência aos necessitados, o terror das drogas, o empobrecimento dos assalariados e trabalhadores, a banalização da violência. Seu principal agente infeccioso é o capitalismo neo-liberal, destruidor da produção em pequena escala, gerador da concentração da riqueza nas mãos dos poucos espertalhões, sem endereço, nome ou cara. 

 Os veículos de propagação desse mal são as lideranças políticas e seus apaniguados que traem os interesses do povo, vendem o patrimônio da nação e aderem cinicamente ao mercado internacional globalizante, insensível, selvagem e humilhante e onde a ordem é tirar o máximo lucro, mesmo que à custa da degradação ambiental, a dor, a doença, a fome. 

 Neste sistema político, a tecnologia parece ser apanágio de modernidade e salvação coletiva, mas os consumidores se deparam constantemente com placebos em lugar de remédios, automóveis e instrumentos fabricados com absoluta e baixíssima previsão de longevidade, além de montanhas de sucatas e lixo atômico, alimentos inseguros e perigosos com o pomposo nome de transgênicos. 

 No universo virtual, as pessoas pouco produzem e descansam, pois como escravos, passam dias e noites debruçadas em micros, navegando em busca de negócios, dados, notícias ou meras distrações. No mundo da economia, a ordem é compra/venda, de preferência com máximo lucro! E também não importa o que se negocia, se supérfluos, drogas, venenos, órgãos humanos, orgias, promessas de beleza e sucesso, salvação da alma, levianas utopias! 

 Ciência do momento, além da informática é o marketing, que cria expectativa e necessidade, vende imagem de progresso, transforma assassino em vítima, bandido em mocinho, malfeitor em boa-gente. O normopata é normalmente acomodado, passivo, intransigente, orgulhoso, sem muita esperança, criatividade para nada. Seu jargão predileto é aquele que diz "tá bom demais, se melhorar estraga!". 

 Ao mesmo tempo é uma criatura fraca, que se deixa levar facilmente pelos apelos da mídia, pelas benesses dos privilégios, ações dos maus políticos, pelas tentações da gula, da rede e da cama. Não precisa ser médico, filósofo ou humanista para perceber que se faz necessária a aplicação de poderosos remédios e práticas eficazes para combater esse terrível mal que aflige a humanidade, sobretudo a sociedade capitalista, a geradora de Babéis, Gomorras, Favelas e Sodomas. SOS!

Geraldo Mendes dos Santos 

 http://www.samauma.biz/site/samauma/gs1203normopatia.htm

terça-feira, 22 de julho de 2014

MEDITAR ...

MEDITAR ...

****************************************
PARA
Afirmam algumas autoridades em questões bíblicas que o Primeiro Livro de Samuel foi escrito ou na época de Salomão ou no período imediato, em qualquer caso antes do cativeiro da Babilónia.

Outros estudiosos não menos competentes argumentam que não apenas o Primeiro, mas também o Segundo Livro de Samuel, foram redigidos depois do exílio da Babilónia, obedecendo a sua composição ao que é denominado por estrutura histórico-político-religiosa do esquema deuteronomista, isto é, sucessivamente, a aliança de Deus com o seu povo, a infidelidade do povo, o castigo de Deus, a súplica do povo, o perdão de Deus.

Se a venerável escritura vem do tempo de Salomão, poderemos dizer que sobre ela passaram, até hoje, em números redondos, uns três mil anos. Se o trabalho dos redactores foi realizado após terem regressado os judeus do exílio, então haverá que descontar daquele número uns 500.

Esta preocupação de rigor temporal tem como único propósito propor à compreensão do leitor a idéia de que a famosa lenda bíblica do combate (que não chegou a dar-se) entre o pequeno pastor David e o gigante filisteu Golias anda a ser mal contada às crianças pelo menos desde há 25 ou 30 séculos.

Ao longo do tempo, as diversas partes interessadas no assunto elaboraram, com o assentimento acrítico de mais de cem gerações de crentes, tanto hebreus como cristãos, toda uma enganosa mistificação sobre a desigualdade de forças que separava dos bestiais quatro metros de altura de Golias a frágil compleição física do louro e delicado David.

Tal desigualdade, segundo todas as aparências enorme, era compensada, e logo revertida a favor do israelita, pelo fato de David ser um mocinho astucioso e Golias uma estúpida massa de carne, tão astucioso aquele que antes de ir enfrentar o filisteu apanhou na margem de um regato que havia por ali perto cinco pedras lisas que meteu no alforje, tão estúpido o outro que não se apercebeu de que David vinha armado com uma pistola.

Que não era uma pistola, protestarão indignados os amantes das soberanas verdades míticas, que era simplesmente uma funda, uma humílima funda de pastor, como já as haviam usado em imemoriais tempos os servos de Abraão que lhe conduziam e guardavam o gado.

Sim, de facto não parecia uma pistola, não tinha cano, não tinha coronha, não tinha gatilho, não tinha cartuchos, o que tinha era duas cordas finas e resistentes atadas pelas pontas a um pequeno pedaço de couro flexível, no côncavo do qual a mão esperta de David colocaria a pedra que, à distância, foi lançada, veloz e poderosa como uma bala, contra a cabeça de Golias, e o derrubou, deixando-o à mercê do fio da sua própria espada, já empunhada pelo destro fundibulário.

Não foi por ser mais astucioso que o israelita conseguiu matar o filisteu e dar a vitória ao exército do Deus vivo e de Samuel, foi simplesmente porque levava consigo uma arma de longo alcance e a soube manejar. A verdade histórica, modesta e nada imaginativa, contenta-se com ensinar- nos que Golias não teve nem sequer a possibilidade de pôr as mãos em cima de David.

A verdade mítica, emérita fabricante de fantasias, anda a embalar-nos há 30 séculos com o conto maravilhoso do triunfo de um pequeno pastor sobre a bestialidade de um guerreiro gigantesco a quem, afinal, de nada pôde servir o pesado bronze do capacete, da couraça, das perneiras e do escudo.

Tanto quanto estamos autorizados a concluir do desenvolvimento deste edificante episódio, David, nas muitas batalhas que fizeram dele rei de Judá e de Jerusalém e estenderam o seu poder até a margem direita do Eufrates, não voltou a usar a funda e as pedras.

Também não as usa agora.

Nestes últimos 50 anos cresceram a tal ponto as forças e o tamanho de David que entre ele e o sobranceiro Golias já não é possível reconhecer qualquer diferença, podendo até dizer-se, sem insultar a ofuscante claridade dos factos, que se tornou num novo Golias.

David, hoje, é Golias, mas um Golias que deixou de carregar pesadas e afinal inúteis armas de bronze. Aquele louro David de antanho sobrevoa de helicóptero as terras palestinas ocupadas e dispara mísseis contra alvos inermes; aquele delicado David de outrora tripula os mais poderosos tanques do mundo e esmaga e rebenta tudo quanto encontra na sua frente; aquele lírico David que cantava loas a Betsabé, encarnado agora na figura gargantuesca de um criminoso de guerra chamado Ariel Sharon, lança a "poética" mensagem de que primeiro é necessário esmagar os palestinos para depois negociar com o que deles restar.

Em poucas palavras, é nisto que consiste, desde 1948, com ligeiras variantes meramente tácticas, a estratégia política israelita.

Intoxicados mentalmente pela idéia messiânica de um Grande Israel que realize finalmente os sonhos expansionistas do sionismo mais radical; contaminados pela monstruosa e enraizada "certeza" de que neste catastrófico e absurdo mundo existe um povo eleito por Deus e que, portanto, estão automaticamente justificadas e autorizadas, em nome também dos horrores passados e dos medos de hoje, todas as acções próprias resultantes de um racismo obsessivo, psicológica e patologicamente exclusivista; educados e treinados na idéia de que quaisquer sofrimentos que tenham infligido, inflijam ou venham a infligir aos outros, e em particular aos palestinos, sempre ficarão abaixo dos que padeceram no Holocausto, os judeus arranham interminavelmente a sua própria ferida para que não deixe de sangrar, para torná-la incurável, e mostram-na ao mundo como se tratasse de uma bandeira.

Israel fez suas as terríveis palavras de Jeová no Deuteronómio: "Minha é a vingança, e eu lhes darei o pago". Israel quer que nos sintamos culpados, todos nós, directa ou indirectamente, pelos horrores do Holocausto, Israel quer que renunciemos ao mais elementar juízo crítico e nos transformemos em dócil eco da sua vontade, Israel quer que reconheçamos 'de jure' o que para eles já é um exercício de facto: a impunidade absoluta.

Do ponto de vista dos judeus, Israel não poderá nunca ser submetido a julgamento, uma vez que foi torturado e queimado em Auschwitz. Pergunto-me se esses judeus que morreram nos campos de concentração nazistas, esses que foram perseguidos ao longo da História, esses que foram trucidados nos progrons, esses que apodreceram nos guetos, pergunto-me se essa imensa multidão de infelizes não sentiria vergonha pelos actos infames que os seus descendentes vêm cometendo.

Pergunto-me se o facto de terem sofrido tanto não seria a melhor causa para não fazerem sofrer os outros.

As pedras de David mudaram de mãos, agora são os palestinos que as atiram. Golias está do outro lado, armado e equipado como nunca se viu soldado algum na história das guerras, salvo, claro está, o amigo americano.

Ah, sim, as horrendas matanças de civis causadas pelos chamados terroristas suicidas... Horrendas, sim, sem dúvida, condenáveis, sim, sem dúvida. Mas Israel ainda terá muito que aprender se não é capaz de compreender as razões que podem levar um ser humano a transformar-se numa bomba.

(José Saramago)
  — com Rejane Maria de Melo e outras 47 pessoas.

Foto: PARA MEDITAR . . .

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Afirmam algumas autoridades em questões bíblicas que o Primeiro Livro de Samuel foi escrito ou na época de Salomão ou no período imediato, em qualquer caso antes do cativeiro da Babilónia.

Outros estudiosos não menos competentes argumentam que não apenas o Primeiro, mas também o Segundo Livro de Samuel, foram redigidos depois do exílio da Babilónia, obedecendo a sua composição ao que é denominado por estrutura histórico-político-religiosa do esquema deuteronomista, isto é, sucessivamente, a aliança de Deus com o seu povo, a infidelidade do povo, o castigo de Deus, a súplica do povo, o perdão de Deus.

Se a venerável escritura vem do tempo de Salomão, poderemos dizer que sobre ela passaram, até hoje, em números redondos, uns três mil anos. Se o trabalho dos redactores foi realizado após terem regressado os judeus do exílio, então haverá que descontar daquele número uns 500.

Esta preocupação de rigor temporal tem como único propósito propor à compreensão do leitor a idéia de que a famosa lenda bíblica do combate (que não chegou a dar-se) entre o pequeno pastor David e o gigante filisteu Golias anda a ser mal contada às crianças pelo menos desde há 25 ou 30 séculos.

Ao longo do tempo, as diversas partes interessadas no assunto elaboraram, com o assentimento acrítico de mais de cem gerações de crentes, tanto hebreus como cristãos, toda uma enganosa mistificação sobre a desigualdade de forças que separava dos bestiais quatro metros de altura de Golias a frágil compleição física do louro e delicado David.

Tal desigualdade, segundo todas as aparências enorme, era compensada, e logo revertida a favor do israelita, pelo fato de David ser um mocinho astucioso e Golias uma estúpida massa de carne, tão astucioso aquele que antes de ir enfrentar o filisteu apanhou na margem de um regato que havia por ali perto cinco pedras lisas que meteu no alforje, tão estúpido o outro que não se apercebeu de que David vinha armado com uma pistola.

Que não era uma pistola, protestarão indignados os amantes das soberanas verdades míticas, que era simplesmente uma funda, uma humílima funda de pastor, como já as haviam usado em imemoriais tempos os servos de Abraão que lhe conduziam e guardavam o gado.

Sim, de facto não parecia uma pistola, não tinha cano, não tinha coronha, não tinha gatilho, não tinha cartuchos, o que tinha era duas cordas finas e resistentes atadas pelas pontas a um pequeno pedaço de couro flexível, no côncavo do qual a mão esperta de David colocaria a pedra que, à distância, foi lançada, veloz e poderosa como uma bala, contra a cabeça de Golias, e o derrubou, deixando-o à mercê do fio da sua própria espada, já empunhada pelo destro fundibulário.

Não foi por ser mais astucioso que o israelita conseguiu matar o filisteu e dar a vitória ao exército do Deus vivo e de Samuel, foi simplesmente porque levava consigo uma arma de longo alcance e a soube manejar. A verdade histórica, modesta e nada imaginativa, contenta-se com ensinar- nos que Golias não teve nem sequer a possibilidade de pôr as mãos em cima de David.

A verdade mítica, emérita fabricante de fantasias, anda a embalar-nos há 30 séculos com o conto maravilhoso do triunfo de um pequeno pastor sobre a bestialidade de um guerreiro gigantesco a quem, afinal, de nada pôde servir o pesado bronze do capacete, da couraça, das perneiras e do escudo.

Tanto quanto estamos autorizados a concluir do desenvolvimento deste edificante episódio, David, nas muitas batalhas que fizeram dele rei de Judá e de Jerusalém e estenderam o seu poder até a margem direita do Eufrates, não voltou a usar a funda e as pedras.

Também não as usa agora.

Nestes últimos 50 anos cresceram a tal ponto as forças e o tamanho de David que entre ele e o sobranceiro Golias já não é possível reconhecer qualquer diferença, podendo até dizer-se, sem insultar a ofuscante claridade dos factos, que se tornou num novo Golias.

David, hoje, é Golias, mas um Golias que deixou de carregar pesadas e afinal inúteis armas de bronze. Aquele louro David de antanho sobrevoa de helicóptero as terras palestinas ocupadas e dispara mísseis contra alvos inermes; aquele delicado David de outrora tripula os mais poderosos tanques do mundo e esmaga e rebenta tudo quanto encontra na sua frente; aquele lírico David que cantava loas a Betsabé, encarnado agora na figura gargantuesca de um criminoso de guerra chamado Ariel Sharon, lança a "poética" mensagem de que primeiro é necessário esmagar os palestinos para depois negociar com o que deles restar.

Em poucas palavras, é nisto que consiste, desde 1948, com ligeiras variantes meramente tácticas, a estratégia política israelita.

Intoxicados mentalmente pela idéia messiânica de um Grande Israel que realize finalmente os sonhos expansionistas do sionismo mais radical; contaminados pela monstruosa e enraizada "certeza" de que neste catastrófico e absurdo mundo existe um povo eleito por Deus e que, portanto, estão automaticamente justificadas e autorizadas, em nome também dos horrores passados e dos medos de hoje, todas as acções próprias resultantes de um racismo obsessivo, psicológica e patologicamente exclusivista; educados e treinados na idéia de que quaisquer sofrimentos que tenham infligido, inflijam ou venham a infligir aos outros, e em particular aos palestinos, sempre ficarão abaixo dos que padeceram no Holocausto, os judeus arranham interminavelmente a sua própria ferida para que não deixe de sangrar, para torná-la incurável, e mostram-na ao mundo como se tratasse de uma bandeira.

Israel fez suas as terríveis palavras de Jeová no Deuteronómio: "Minha é a vingança, e eu lhes darei o pago". Israel quer que nos sintamos culpados, todos nós, directa ou indirectamente, pelos horrores do Holocausto, Israel quer que renunciemos ao mais elementar juízo crítico e nos transformemos em dócil eco da sua vontade, Israel quer que reconheçamos 'de jure' o que para eles já é um exercício de facto: a impunidade absoluta.

Do ponto de vista dos judeus, Israel não poderá nunca ser submetido a julgamento, uma vez que foi torturado e queimado em Auschwitz. Pergunto-me se esses judeus que morreram nos campos de concentração nazistas, esses que foram perseguidos ao longo da História, esses que foram trucidados nos progrons, esses que apodreceram nos guetos, pergunto-me se essa imensa multidão de infelizes não sentiria vergonha pelos actos infames que os seus descendentes vêm cometendo.

Pergunto-me se o facto de terem sofrido tanto não seria a melhor causa para não fazerem sofrer os outros.

As pedras de David  mudaram de mãos, agora são os palestinos que as atiram. Golias está do outro lado, armado e equipado como nunca se viu soldado algum na história das guerras, salvo, claro está, o amigo americano.

Ah, sim, as horrendas matanças de civis causadas pelos chamados terroristas suicidas... Horrendas, sim, sem dúvida, condenáveis, sim, sem dúvida. Mas Israel ainda terá muito que aprender se não é capaz de compreender as razões que podem levar um ser humano a transformar-se numa bomba.

(José Saramago)

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Índios de Santa Cruz Cabrália são convidados para ir à Alemanha


A tribo foi avisada de que os alemães têm interesse em levar quatro lideranças ao governo da Alemanha

Encantados com a cultura indígena, os alemães convidaram os índios de Santa Cruz Cabrália para irem à Europa. De acordo com o coordenador do Movimento Indígena da Bahia, Zeca Pataxó, a tribo foi avisada de que os alemães têm interesse em levar quatro lideranças ao governo da Alemanha para que eles possam entender e acompanhar melhor a situação do nosso território, da saúde e da educação. "Eles querem junto com o governo brasileiro, proporcionar benefícios para a nossa comunidade. Já pediram nossos documentos", contou.
Alemães se divertiram com índios durante estadia na Bahia (Foto: Reprodução/Facebook/DFB-Team)

O contato intenso com a comunidade do povoado de Santo André, em Santa Cruz Cabrália, sensibilizou os alemães que deixaram diversos legados para os moradores. "Ganhamos dois presentes: a divulgação de Santa Cruz Cabrália, que hoje está conhecida no mundo inteiro, e o veículo para prestar apoio à saúde da nossa aldeia", disse o cacique Piki Pataxó, que ficou conhecido por liderar a "dança dos guerreiros" apresentada à seleção alemã e reproduzida pelos atletas após a conquista do tetracampeonato.

Os atletas visitaram também o Escola Municipal Santo André quando, na oportunidade, doaram uma camisa autografada pelo time e sete bicicletas. O colégio também receberá recursos da seleção alemã para que, duas vezes por semana, os 72 alunos tenham atividades pedagógicas e recreativas nos dois turnos, por meio do projeto Sonho de Crianças 2014.

Além disso, os alemães estão construindo um campo de futebol que ficará à disposição dos atletas amadores. A obra está em fase de conclusão e mais da metade da grama já foi plantada. Já o local onde os alemães ficaram hospedados servirá para incrementar ainda mais o turismo na região, já que será a mais nova opção de hospedagem na Costa do Descobrimento."O resort está aberto para pessoas que querem ficar em lugar pequeno, mas luxuoso. É possível alugar casas ou quartos", explica Jakub Halicki, diretor do empreendimento.

domingo, 13 de julho de 2014

Rosa Adry

(evangelista da silva)


Tu és para mim uma prece!...
Oro curvado aos teus pés
E rogo-te em nome do Amor
Que embala o nosso viver,
A eterna fidelidade de Amar!...

E nesta amplitude de querer e possuir,
Triste e desesperado,
Ajoelho-me apaixonado,
Clamando o teu corpo - alucinado prazer...
Envolvido no calor da tua boca e desejo.

E neste bailar das nossas vidas,
Aninhado ao teu lindo e alucinante corpo,
Oh doce Nina!... Aninha!... Nininha do céu...
Rosa Adry dos dias meus...
Vem, bela e formosa Menina/Mulher!...

A ti, suplico exaustivamente
O silêncio de minha dor,
E o desespero da minha paixão...
E nesta Tempestade de Amor e Tudo, e Nada,
Desmaio e morro sobre o teu corpo e encanto, minha Doce Amada...

E enquanto tu celebras a tua alegria
Em saudosa sinfonia de Aniversário de Natalício,
Eu, morto e esquecido, vou rasgando um papel
Mofado e amarelado: "um contrato de casamento",
Para construir uma união estável onde possamos Viver e Amar.

Serena, brava, ousada e cheirosa é a minha Menina...
Beijo-te e degluto a saliva para me alimentar...
Desta forma, Minha Nininha, vivemos a transição
De um mundo tortuoso e cheio de indiferença,
Para mergulharmos no oceano de vida, Amor e Amar...

Foto: Rosa Adry

(evangelista da silva)
 

Tu és para mim uma prece!...
 Oro curvado aos teus pés
 E rogo-te em nome do Amor
 Que embala o nosso viver,
 A eterna fidelidade de Amar!...
 
E nesta amplitude de querer e possuir,
 Triste e desesperado,
 Ajoelho-me apaixonado,
 Clamando o teu corpo - alucinado prazer...
 Envolvido no calor da tua boca e desejo.
 
E neste bailar das nossas vidas,
 Aninhado ao teu lindo e alucinante corpo,
 Oh doce Nina!... Aninha!... Nininha do céu...
 Rosa Adry dos dias meus...
 Vem, bela e formosa Menina/Mulher!...
 
A ti, suplico exaustivamente
 O silêncio de minha dor,
 E o desespero da minha paixão...
 E nesta Tempestade de Amor e Tudo, e Nada,
 Desmaio e morro sobre o teu corpo e encanto, minha Doce Amada...
 
E enquanto tu celebras a tua alegria
 Em saudosa sinfonia de Aniversário de Natalício,
 Eu, morto e esquecido, vou rasgando um papel
 Mofado e amarelado: "um contrato de casamento",
 Para construir uma união estável onde possamos Viver e Amar.
 
Serena, brava, ousada e cheirosa é a minha Menina...
 Beijo-te e degluto a saliva para me alimentar...
 Desta forma, Minha Nininha, vivemos a transição
 De um mundo tortuoso e cheio de indiferença,
 Para mergulharmos no oceano de vida, Amor e Amar...
Rjevangelista

terça-feira, 8 de julho de 2014

O SONHO ACABOU?

por GUIMARÃES ORTEGA - ferpaortega@terra.com.br


Quando John Lennon disse a celebre frase “o sonho acabou”, referia-se ao sonho de uma juventude que, com suas atitudes irreverentes, suas músicas, suas ideias e uma filosofia que preconizava “faça amor, não faça guerra”, tentou mudar o mundo. Pode não ter conseguido naquele momento, mas a semente foi lançada e a cultura da paz e do amor se espalhou por todo o universo. Se o sonho acabou ou não, somente a história poderá dizer. O que se sabe é que o mundo nunca mais foi o mesmo depois da geração dos anos 1960.
O festival de Woodstock aconteceu no auge do movimento Hippie, em agosto de 1969, numa fazenda nos arredores de Nova Iorque. Foram três dias de muita música, muita droga, sexo e total liberdade. Cerca de 500 mil jovens curtiram o corpo, a mente, longe dos males da civilização. O LSD (acido lisérgico) era a droga reinante, e encheu o universo jovem de sonhos, fantasias e esperanças. Mas a melhor droga mesmo era a música.
O movimento Hippie nasceu na Califórnia (EUA), e a partir daí se alastrou por todo o mundo. O termo Hippie foi utilizado pela primeira vez em 1965 por um jornal de São Francisco, para designar jovens que se reuniam em festivais de rock e blues, usavam flores nos cabelos longos e roupas coloridas, falavam de igualdade e liberdade e curtiam LSD. Deriva da palavra “hipster”, que quer dizer “criadores de tendência”, ou ainda “pessoas que se envolvem com a cultura negra” (foi utilizada na década de 1940 para designar músicos negros de jazz) e servia para se referir de modo negativo e pejorativo aos jovens da época que circulavam por North Beach, na Califórnia. Os Hippies adotaram um estilo de vida comunitário em pequenas vilas ao redor de São Francisco, e saiam como nômades viajando por todo o país. Desenvolveram o movimento considerado como a contracultura dos anos 1960, negando o nacionalismo e atuando contra a guerra do Vietnã. Praticavam religiões como o hinduísmo, o budismo, culturas nativas norte-americanas advindas dos índios, e eram radicalmente contra o modo de vida da classe media americana. Para os Hippies, os valores sociais tradicionais não tinha legitimidade. Vestiam-se de forma diferente, amavam as flores, curtiam drogas, o sexo livre e tinham uma verdadeira paixão pela musica, principalmente o blues e o rock. O grande sonho dos Hippies era a busca pela paz e pela liberdade, além de terem no amor livre uma de suas maiores bandeiras.
Em 1970 o movimento sofre um grande golpe na Califórnia ao ocupar um terreno e transformar em um parque popular. Em um confronto com a polícia, um jovem morreu e muitos ficaram feridos. Em um show da banda Rolling Stones, em um confronto com a gang Hell, s Angels, encarregados da segurança do evento, morrem mais quatro jovens. Com a morte de Jimmy Hendrix e Janis Joplin e a dissolução dos Beatles, aliado à repressão social e policial, o movimento começa a se esconder. Evitam a publicidade e buscam as comunidades longe dos grandes centros, vivendo como andarilhos e vendendo seus artesanatos para sobreviver. E surge o mito de que o movimento acabou e se tornou parte da sociedade estabelecida, o que não é verdadeiro. O que aconteceu é que a sociedade em todo o mundo passou a adotar inconscientemente o estilo e a cultura hippie, embora com restrições e muito pouco da essência. É a semente que começa a germinar.
No Brasil o movimento Hippie seguiu uma linha parecida ao americano, com os jovens buscando a vida livre e desprovida de regras. Viviam como nômades com suas mochilas e barracas, e acabaram sendo muito discriminados, pois o país vivia um regime de exceção comandado pelos militares. O movimento tomou corpo no início da década de 1970 e se expandiu em todo o país, tendo inclusive se ramificado por toda a América Latina. Era praticamente regra na cultura Hippie Tupiniquim sair sem rumo, viajando pelos países Andinos. Seus ídolos inicialmente foram os Mutantes, o grupo da Tropicália, Raul Seixas e os Novos Baianos, que chegaram a fundar uma comunidade em uma fazenda em Petrópolis.
Em meados dos anos 1970 o movimento perde força, e os Hippies começam a se acomodar em comunidades, tais como Arembepe e Troncoso na Bahia, além de Pirenópolis no estado de Goiás e ainda Milho Verde, em Minas Gerais. Passam a viver de forma alternativa, porém em harmonia com a sociedade estabelecida. Hoje ainda continuam nas comunidades, e existem alguns jovens e muitos nem tão jovens assim vivendo nas ruas vendendo artesanato. Resta saber se ainda prevalece a ideologia Hippie que chacoalhou o mundo nos anos 1960, ou apenas buscam um modo alternativo de vida.
O sonho não acabou. Ele ainda persiste dentro das pessoas, e continua a abrir caminho para os jovens que buscam uma sociedade livre e justa. Enquanto existir alguém que lute pela liberdade, pela igualdade e pela fraternidade, que busque a paz e a justiça entre os homens, teremos a realização do sonho. Que em verdade não se realiza, apenas cumpre etapas. O sonho não é uma estrutura a ser atingida. É sim uma verdade a ser defendida, um objetivo a ser perseguido eternamente.
O sonho não acabou, e a semente plantada pelos Hippies nos anos 1960 germinou e está repleta de frutos. Neste mundo absurdo e cruel, ainda resta sonhar. 

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Regime de separação de bens é obrigatório para maiores de 70 anos


Regime de separação de bens é obrigatório para maiores de 70 anos


Publicado por Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios e mais 2 usuários 3 dias atrás
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Quando um dos companheiros tiver mais de 70 anos é obrigatório o regime da separação de bens, em analogia ao que se aplica ao casamento. Assim decidiu a 3ª Turma Cível do TJDFT em ação de divórcio que vindicava a partilha de bem adquirido pelo casal durante o relacionamento.
A parte autora afirma que o casal adquiriu um apartamento no Guará I-DF na constância da união estável, razão pela qual deve ser partilhado à proporção de 50% para cada parte. Alega que os bens adquiridos onerosamente durante o período de convivência marital, mesmo que um dos conviventes seja sexagenário, presumem-se adquiridos através de esforço comum. Diante disso, recorre da decisão de 1ª instância que declarou a existência de união estável entre os litigantes, de março de 2005 a maio de 2008, sob o regime de separação legal de bens.
O desembargador relator explica que "à época em que as partes conviveram em união estável, vigorava a regra prevista no artigo 1.641 do Código Civil, que tornava obrigatório o regime de separação de bens no casamento para a pessoa maior de 60 (sessenta) anos. Posteriormente, com o advento da Lei n. 12.344/2010, o limite de idade foi alterado para 70 (setenta) anos, que, entretanto, não se aplica aos autos, eis que a vida em comum dos litigantes, consoante reconheceu a decisão recorrida, teve início e fim antes da entrada em vigor da referida norma".
Ademais, o relator registra que a autora/recorrente não produziu qualquer prova apta a demonstrar a contribuição financeira para a aquisição do imóvel que pretende partilhar, conforme regra expressa no artigo 333 do Código de Processo Civil. "Desse modo, apenas se tivessem sido elencados aos autos elementos hábeis a comprovar que o patrimônio constituído durante a união estável foi formado através do esforço comum de ambos os companheiros, à autora caberia metade do bem reclamado", afirmou.
Diante disso, o Colegiado concluiu que a não extensão do regime da separação obrigatória de bens à união estável em razão da senilidade de um ou de ambos os conviventes, seria um desestímulo ao casamento e destoaria da finalidade arraigada no ordenamento jurídico nacional. Além disso, "apenas os bens adquiridos na constância da união estável, e desde que comprovado o esforço comum, devem ser partilhados entre os ex-conviventes, nos termos da Súmula n.º 377 do STF".
Processo: 20130110666922APC

Neymar fora da copa: houve crime?


Publicado por Luiz Flávio Gomes 
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Meus amigos: do ponto de vista do direito penal não há nenhuma dúvida de que o lateral colombiano Zúñiga, com sua atrabiliária entrada, gerou risco proibido e cometeu formalmente o delito de lesão corporal de natureza grave (grave porque Neymar ficará mais de 30 dias impossibilitado para suas atividades esportivas). Pode ter havido dolo direto (intenção inequívoca de lesar), dolo eventual (assumiu o risco de produzir o resultado), culpa consciente (previu o resultado, mas não o queria) ou culpa inconsciente (nem sequer previu o resultado).
De qualquer modo, tratou-se inequivocamente da geração de um risco proibido (e, portanto, ilícito). Quando um jogador disputa a bola e vai na bola, estamos diante de um risco permitido (isso está permitido pelas regras do jogo). Quando o jogador não vai na bola, sim, somente no corpo do outro atleta, surge o chamado (por Roxin) risco proibido. O risco proibido gera formalmente um ilícito. O ilícito pode ser desportivo ou criminal. O ilícito desportivo constitui formalmente um crime (no caso do Neymar, lesão corporal grave). Mas isso não significa automaticamente a incidência do direito penal. Por quê?
Nos eventos esportivos, mesmo quando há um fato formalmente criminoso decorrente da geração de um risco proibido (jogada não permitida pelo esporte, como a mordida de Suarez ou a fratura causada por Zúñiga), por que o jogador não é preso em flagrante?
Não se prende em flagrante o jogador (que, normalmente, nem sequer responde a um processo criminal) em virtude de um relevante princípio do direito penal: o da subsidiariedade, que é expressão da intervenção mínima do direito penal. Quando outros ramos do direito cuidam do assunto e é suficiente, o direito penal fica afastado (visto que ele só pode intervir minimamente, em último caso).
Há uma expressão latina que bem expressa isso: ultima ratio, isto é, o direito penal é o último instrumento do qual temos que nos valer para punir aqueles que se desviam das condutas esperadas, infringindo as normas. Se o direito desportivo é suficiente, fica eliminado o direito penal. Essa lógica é frequente no futebol: se uma advertência é suficiente, o árbitro evita o cartão amarelo; se este é suficiente, posterga-se o vermelho; se as sanções desportivas são suficientes, afasta-se o direito penal.
É isso que explica a razão pela qual Suarez não foi processado criminalmente (foi, no entanto, punido pela Fifa, que também deve punir Zúñiga). Enquanto as sanções da Fifa (nos casos dos ilícitos ocorridos durante uma partida de futebol, dentro do gramado) são suficientes, deixa de incidir o direito penal. Diga-se de passagem, as sanções da Fifa não são suaves e, ademais, são normalmente rápidas (ela trabalha com a certeza do castigo, algo que não acontece com o direito penal, que é demorado e bastante falível). Lamentamos a perda do nosso craque, mas temos que cuidar das nossas emoções, que muitas vezes fazem pó da razão. Na internet já eclodiu o desejo de justiçamento (vingança contra o jogador e sua família). É assim que começam muitos linchamentos (como foi o caso de Fabiane Maria de Jesus, em Guarujá). E linchamento é a negação da civilidade que nós, brasileiros, demonstramos frente aos estrangeiros durante esta Copa do Mundo.
Luiz Flávio Gomes
Publicado por Luiz Flávio Gomes
Jurista e professor. Fundador da Rede de Ensino LFG. Diretor-presidente do Instituto Avante Brasil. Foi Promotor de Justiça (1980 a 1983), Juiz...

sábado, 5 de julho de 2014

De alegria e tristeza se faz a vida; de início e fim se faz a existência. (evangelista da silva)


Neymar fratura uma vértebra e está fora da Copa do Mundo. http://glo.bo/1o8M9jR  

Foto: AFP

De alegria e tristeza se faz a vida; de início e fim se faz a existência. (evangelista da silva)


Foto: Todo vencedor tem cicatrizes, mas quase nada no mundo pode deter uma pessoa com atitude positiva que tenha meta bem clara...

Mais de 10 anos de tratamento com a Vitamina D – Exijam que seus médicos se atualizem!



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Entrevistas com Junia, Márcia e Nayra sobre a experiência da família com o tratamento da vitamina D. Nayra descobriu a Esclerose Múltipla com 10 anos e é provavelmente uma das pacientes mais antigas tratando a EM com o Dr. Cícero Galli Coimbra.
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Assista à série de vídeos, áudios e reportagens sobre a importância da Vitamina D:
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VITAMINA D e a RESPONSABILIDADE CIVIL DO MÉDICO

ATENÇÃO: o uso preventivo do Vitamina D3 é DIFERENTE do uso terapêutico deste hormônio-vitamina,que exige sempre a orientação e acompanhamento de médico com treinamento adequado para ser responsável pela avaliação caso a caso e específica determinação de dosagem, em contrário haverá sérios danos à saúde.
EXIJA  de seus médicos que se atualizem sobre este avanço fundamental na Medicina para que você e mais pessoas possam se beneficiar destes tratamentos de baixo custo já reconhecidos internacionalmente.
É OBRIGAÇÃO legal do médico manter-se ATUALIZADO sobre os avanços da ciência médica e sobre este tratamento existem milhares de publicações altamente conceituadas na comunidade médica internacional.
Os médicos e seus órgãos gestores não podem – sob pena de responsabilidade civil e criminal, em havendo dano para o paciente, evitável para a saúde dele pela utilização do conhecimento médico atual disponível na comunidade médica internacional –  deixarem-se subordinar às motivações da Indústria Farmacêutica, que não tem interesse algum na cura das doenças autoimunes, pois ganha fortunas  diariamente com a venda de remédios alopatas que não curam e, quando muito para alguns, apenas amenizam os efeitos dessas patologias, além de causar diversos outros  colaterais para a saúde do paciente.
 
Celso Galli Coimbra – OABRS 11352
cgcoimbra@gmail.com

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Poesia e Confusão


Chega!

(evangelista da silva)

Chega!...
Assim eu vou morrendo
Lentamente abandonado e só...
Já se não me restasse a madrugada!...

Em um silêncio permanente e tão profundo...
Assim vou-me despedindo deste mundo até o amanhecer...
É doce, azeda e amarga a triste e alegre caminhada dos dias meus...

Espero morrer a luz do Sol em tumultos e pedradas, que aventurar-me a extinção
Em meio ao cativeiro falando com o mundo inteiro através de mim mesmo... tão só.
Aguardo o raiar do dia para ter uma eterna vida, morrendo e nascendo a cada amanhecer...

Bahia, 01/05/2014.

Triste Bahia


Santo Antônio de Jesus

(evangelista da silva)

Que em mim mais doi ...
É retornar aquelas plagas onde nasci
E ter que olhar para todos os lados
E não reconhecer ninguém...

Hoje sinto em mim um vazio...
Perdi pai, mãe, avós...
E poucos e raros Amigos...
Só me falta deixar esta porra desta vida.

Para que, em definitivo, esqueçam que existi...
Assim, só me resta a morte e ser esquecido
Cônscio de que nada fiz para "Deus"...
Nada construí para a vida...

Bahia, 17 de junho de 2014.