Cirurgia do coração e sua relação com o consumo de álcool
Foto: Getty Images
Um estudo publicado na revista científica britânica Heart
afirma que o consumo moderado de bebidas alcoólicas pode reduzir o
estreitamento das artérias do coração em pacientes que tenham se
submetido a cirurgia cardíaca.
Pesquisadores da Universidade de Heildelberg na Alemanha
descobriram que depois que os danos foram reparados através da
angioplastia, o consumo moderado de álcool possuia em efeito protetor
sobre o implante inserido.
Participaram da pesquisa 225 pacientes do sexo masculino que haviam
sido tratados através deste método. Todos foram monitorados através de
angiografia e responderam a um questionário sobre seus hábitos de
consumo de álcool.
Os pacientes que não consumiam, ou usavam pouco álcool, apresentaram
mais bloqueios nas artérias, piores níveis de colesterol, funcionamento
cardíaco inferior e maior probabilidade de precisar realizar outra
angioplastia, do que os pacientes que consumiam 50 ou mais gramas de
álcool por semana, o que equivale a uma garrafa de vinho ou 2,5 litros
de cerveja.
Entre os pacientes abstinentes ou bebedores leves, 42% necessitaram de
uma nova angioplastia. Já entre o bebedores moderados, 23% tiveram que
se submeter a este procedimento uma segunda vez. Segundo os responsáveis
pela pesquisa, foi a primeira vez que tais resultados foram
demonstrados cientificamente.
No entanto, afirmou o Dr. F. Niroomand, principal investigador do
estudo, os resultados não devem estimular as pessoas que não bebem a
consumirem bebidas alcoólicas ou as que bebem aumentarem seu consumo.
O estudo em questão foi realizado pelos pesquisadors F. Niroomand, O,
Hauer, C. P. Tiefenbacher, H. A. Vatus e W. Kuenbler da Universidade de
Heildelberg, Alemanha.
Pesquisa
da Universidade de Heidelberg publicada na revista Heart demonstrou que
homens que beberam seis ou mais doses de álcool por semana depois de
cirurgia para desbloqueio de artérias tiveram menos chances de ter as
artérias bloqueadas novamente.
''Moderação''
As evidências sugerem que as pessoas que bebem uma dose de álcool
por dia têm menor risco de infarto, doenças crônicas do coração ou morte
por insuficiência coronariana do que aqueles que bebem muito.
Uma dose de bebida alcoólica equivale a um cálice de vinho, 225 ml de cerveja ou uma medida de bebida destilada.
Os autores do estudo constataram que o álcool, ingerido com moderação,
pode ajudar na recuperação de pacientes que passaram por angioplastia.
Essa é uma técnica menos invasiva de desbloqueio de artérias do que a
cirurgia para implantação de um marca-passo e envolve a inserção de um
pequeno tubo para manter a artéria aberta.
Algumas vezes, a artéria pode ficar bloqueada novamente, normalmente dentro dos primeiros quatro meses depois da cirurgia.
A equipe de Heidelberg investigou os hábitos de ingestão de álcool de 225 homens nos quatro meses seguintes à angioplastia.
Melhora
Eles descobriram que 53 pacientes beberam por semana menos de 50g de
álcool.Outros 172 pacientes beberam mais de 50g, e 21, entre 350g e
700g por semana.
Aqueles que bebiam pouco ou nenhum álcool tiveram mais bloqueio das
artérias, pior funcionamento cardíaco e níveis de colesterol mais
elevados do que aqueles que beberam mais de 50g por semana.
Aqueles que bebiam mais de 50g por semana tiveram menos probabilidades
de ter as artérias bloqueadas novamente e, por isso, menos probabilidade
de passar por nova angioplatia.
Os autores disseram que isso não significa que homens devem começar a beber depois de cirurgia cardíaca.
O diretor da Heart British Foundation, Sir Charles George, disse que a
"mensagem é clara, álcool não aumenta os riscos depois de uma
angioplastia e pode ser benéfico". "Aqueles que consomem álcool, podem
continuar, mas não há necessidade de os abstêmios mudarem seu estilo de
vida."
O
sociólogo polonês Zygmunt Bauman declara que vivemos em um tempo que
escorre pelas mãos, um tempo líquido em que nada é para persistir. Não
há nada tão intenso que consiga permanecer e se tornar verdadeiramente
necessário. Tudo é transitório. Não há a observação pausada daquilo que
experimentamos, é preciso fotografar, filmar, comentar, curtir, mostrar,
comprar e comparar.
O desejo habita a ansiedade e se perde no
consumismo imediato. A sociedade está marcada pela ansiedade, reina uma
inabilidade de experimentar profundamente o que nos chega, o que importa
é poder descrever aos demais o que se está fazendo.
Em tempos de
Facebook e Twitter não há desagrados, se não gosto de uma declaração ou
um pensamento, deleto, desconecto, bloqueio. Perde-se a profundidade das
relações; perde-se a conversa que possibilita a harmonia e também o
destoar. Nas relações virtuais não existem discussões que terminem em
abraços vivos, as discussões são mudas, distantes. As relações começam
ou terminam sem contato algum. Analisamos o outro por suas fotos e
frases de efeito. Não existe a troca vivida.
Ao mesmo tempo em que
experimentamos um isolamento protetor, vivenciamos uma absoluta
exposição. Não há o privado, tudo é desvendado: o que se come, o que se
compra; o que nos atormenta e o que nos alegra.
O amor é mais
falado do que vivido. Vivemos um tempo de secreta angústia.
Filosoficamente a angústia é o sentimento do nada. O corpo se inquieta e
a alma sufoca. Há uma vertigem permeando as relações, tudo se torna
vacilante, tudo pode ser deletado: o amor e os amigos.
Não há mais a
obrigatoriedade de pessoas condenadas por crime de tráfico de drogas
iniciarem o cumprimento da pena no regime fechado, ou seja, a execução
da pena ser em estabelecimento de segurança máxima ou média.
Para melhor compreensão sobre o assunto, farei breve análise das legislações pertinentes, bem como dos tipos e regimes de pena.
A
Lei que determina a obrigatoriedade do inicio do cumprimento da pena em
regime fechado para estes crimes é a 8.072, de 25 de julho de 1990. O
artigo 2º, parágrafo 1o da referida lei afirma que os
crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins e o terrorismo terão suas penas cumpridas
inicialmente em regime fechado.
Já a Lei 11.343, de 23 de agosto
de 2006, Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas
(Sisnad); prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e
reinserção social de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas
para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de
drogas; define crimes e dá outras providências.
O artigo 33 desta
Lei, afirma que caberá pena de reclusão de cinco a 15 anos para quem
importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir,
vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer
consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer
drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar.
Quanto a pena de reclusão, a
mesma é tratada no artigo 33 do Código Penal, o qual define que a esta
pena será cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto.
Quanto ao regimes fechado, semi-aberto e aberto:
Regime
fechado é aquele pelo qual a execução da pena deverá ser cumprida em
estabelecimento de segurança máxima ou média. Iniciará o cumprimento
neste regime, o condenado a pena superior a oito anos.
O condenado
fica sujeito a trabalho no período diurno e a isolamento durante o
repouso noturno. O trabalho será em comum dentro do estabelecimento, na
conformidade das aptidões ou ocupações anteriores do condenado, desde
que compatíveis com a execução da pena.
O trabalho externo é admissível, em serviços ou obras públicas. No
regime semi-aberto a execução da pena será em colônia agrícola,
industrial ou estabelecimento similar. O condenado fica sujeito a
trabalho em comum durante o período diurno nestes locais.
O
condenado não reincidente, cuja pena seja superior a quatro anos e não
exceda a oito, poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime
semi-aberto.
Quanto ao trabalho externo, é admissível, bem como a
frequência a cursos supletivos profissionalizantes, de instrução de
segundo grau ou superior.
No regime aberto a execução da pena será
em casa de albergado ou estabelecimento adequado. Poderá o condenado
não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a quatro anos, desde o
início, cumpri-la neste regime. O
regime aberto baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade
do condenado. O condenado deverá, fora do estabelecimento e sem
vigilância, trabalhar, frequentar curso ou exercer outra atividade
autorizada, permanecendo recolhido durante o período noturno e nos dias
de folga.
O condenado será transferido do regime aberto, se
praticar fato definido como crime doloso, se frustrar os fins da
execução ou se, podendo, não pagar a multa cumulativamente aplicada.
Ante o exporto, conforme determina a legislação, será o condenado por
tráfico de drogas a pena de reclusão de 5 a 15 anos, sendo o seu
cumprimento desde já em estabelecimento de segurança máxima ou média.
Ocorre,
que na data de 27 de junho do corrente ano, por maioria de votos, o
Plenário do Supremo Tribunal Federal concedeu, durante sessão
extraordinária realizada, o Habeas Corpus 111840 e declarou
incidentalmente a inconstitucionalidade do parágrafo 1º do artigo 2º da
Lei 8.072 de 25 de julho de 1990.
Assim, com base no recente
entendimento do Supremo Tribunal Federal, poderá o condenado, conforme o
caso concreto, cumprir a pena desde o seu início em regime menos
gravoso que o fechado.
Numerosos autores puseram em evidência o papel dos Estados Unidos no
financiamento do terrorismo internacional desde a guerra do
Afeganistão contra os Soviéticos,. No entanto, até à atualidade,
tratava-se sempre de ações secretas, nunca assumidas na altura por
Washington. Um passo decisivo foi franqueado com a Síria: O Congresso
votou o financiamento e armamento de duas organizações representando a
Al-Qaida. Aquilo que era até aqui um segredo de polichinelo tornou- se
agora a política oficial do «país da liberdade»: o terrorismo.
Rede Voltaire | Damasco (Síria)
Em
violação das resoluções 1267 e 1373 do Conselho de segurança, o
Congresso dos Estados Unidos votou o financiamento e o armamento da
Frente al-Nosra e do Emirado islâmico do Iraque e do Levante, duas
organizações relevantes da Al-Qaida e classificadas como «terroristas»
pelas Nações Unidas. Esta decisão é válida até a 30 de setembro
de 2014.
A primeira semana da Conferência de paz de Genebra 2
terá sido plena de fatos com saliência. Infelizmente, o público
ocidental não recebeu nenhuma informação a respeito, vítima da
censura que o oprime.
É com efeito o principal paradoxo desta guerra : as imagens são o
inverso da realidade. Segundo os media internacionais o conflito opõe,
de um lado os Estados reunidos em torno de Washington e de Riad que
pretendem aplicar a democracia e conduzir a luta mundial contra o
terrorismo, do outro a Síria e os seus aliados russos, inibidos pela
pressão de serem difamados como ditaduras manipulando o terrorismo.
Se toda a gente sabe que a Arábia Saudita não é uma democracia,
mas sim uma monarquia absoluta, a tirania de uma família e de uma seita
sobre todo um povo, os Estados Unidos gozam da imagem de uma democracia
e mais ainda de serem o « país da liberdade ».
Ora, a principal informação da semana foi censurada no conjunto dos
Estados membros da Otan : o Congresso norte-americano reuniu-se
secretamente para votar o financiamento e o armamento dos « rebeldes na
Síria », até a 30 de setembro de 2014. Sim, leram bem. O Congresso tem
sessões secretas que a imprensa não está autorizada a noticiar. É
por tal que a informação, originalmente publicada pela agência
britânica Reuters [1],
foi escrupulosamente ignorada por toda a imprensa impressa e
audio-visual dos Estados Unidos, e da maior parte dos media na Europa
ocidental e no Golfo. Apenas os habitantes do « resto do mundo » tiveram
a possibilidade de conhecer a verdade.
Ora a liberdade de expressão e o direito dos cidadãos à
informação são, no entanto, pré-requisitos da democracia. Eles são
mais respeitados na Síria e na Rússia que no Ocidente.
Como ninguém pôde ler a lei adotada pelo Congresso, ignora-se o que
ela estipula exatamente. No entanto, é claro que os « rebeldes » em
questão não buscam derrubar o Estado sírio —eles renunciaram a tal—,
mas sim « sangrá-lo ». É por isso que eles não se comportam como
soldados (de um exército regular), mas mais como terroristas. Leram bem
mais uma vez : os Estados Unidos, aparentemente vítimas da Al-Qaida no
11 de Setembro de 2001 e, após isso, líderes da « guerra global
contra o terrorismo », financiam o principal foco de terrorismo
internacional onde agem duas organizações oficialmente subordinadas à
Al-Qaida (a Frente al-Nosra e o Emirado islâmico do Iraque e do
Levante). Não se trata mais, aqui, de uma manobra obscura dos serviços
secretos, mas de uma lei plenamente assumida, mesmo se foi adotada à
porta fechada de modo a não contradizer a propaganda oficial.
Por outro lado vê-se mal como a imprensa ocidental, que afirma desde
há 13 anos que a Al-Qaida é a autora dos atentados do 11-Setembro e
ignora a destituição do presidente George W. Bush nesse dia pelos
militares, poderia explicar esta decisão ao seu público. Efetivamente o
procedimento norte-americano de « Continuidade do governo » (CoG) é
ele, também, protegido pela censura. De tal modo que os Ocidentais
nunca tiveram conhecimento que, nesse 11 de Setembro, o poder foi
transferido dos civis para os militares, das 10h da manhã até à
noite, que durante esse dia os Estados Unidos foram dirigidos por uma
autoridade secreta, em violação das suas leis e da sua constituição.
Durante a Guerra fria a CIA financiou o escritor George Orwell,
enquanto ele imaginava a ditadura do futuro. Washington cria, assim,
acordar as consciências para o perigo soviético. Mas, na realidade,
nunca a URSS se pareceu com o pesadelo de « 1984 », enquanto os Estados
Unidos se tornaram a incarnação disso.
O discurso anual de Barack Obama sobre o estado da União
transformou-se, assim, num excepcional exercício de mentira. Diante dos
538 membros do Congresso, aplaudindo-o de pé, o presidente declarou : «
Uma coisa não mudará : a nossa determinação para que os terroristas
não lancem outros ataques contra o nosso país ». E ainda : « Na
Síria apoiaremos a oposição que rejeita o programa das redes
terroristas ».
Ora, quando a delegação síria em Genebra 2 submeteu, aquela que é
suposta representar a sua « oposição », uma moção, exclusivamente
baseada nas resoluções 1267 e 1373 do Conselho de segurança,
condenando o terrorismo, aquela rejeitou-o sem provocar a menor
observação de Washington. E não é para menos : o terrorismo
significa os Estados Unidos, e a delegação da « oposição » recebe as
suas ordens diretamente do embaixador Robert S. Ford, presente no
local.
Robert S. Ford antigo assistente de John Negroponte no Iraque. No
início dos anos 80 Negroponte atacou a revolução nicaraguense
alistando milhares de mercenários que, misturados com alguns
colaboradores locais, formaram os « Contras ». O Tribunal internacional
de Justiça, quer dizer o tribunal interno das Nações Unidas, condenou
Washington por esta ingerência não declarada. Depois, nos anos 2000,
Negroponte e Ford recriaram o mesmo cenário no Iraque. Desta vez,
tratava-se de aniquilar a resistência nacionalista usando o ataque pela
Al-Qaida.
Enquanto em Genebra os Sírios e a delegação da « oposição »
discutiam, em Washington o presidente prosseguia o seu exercício de
hipocrisia, e lançava ao Congresso que o aplaudia mecanicamente : «
Nós lutamos contra o terrorismo não sómente com a ajuda das
inteligência e das operações militares, mas também ao permanecer
fieis aos ideais da nossa Constituição e dando nisso o exemplo ao
mundo (…) E, nós, continuaremos a trabalhar com a comunidade
internacional, para fazer surgir o futuro que o povo sírio merece – um
futuro sem ditadura, sem terror e sem medo ».
A guerra fabricada pela Otan e pelo CCG na Síria, fez já mais de
130.000 mortos — segundo as estatísticas do MI6 difundidas pelo
Observatório sírio dos Direitos do homem—, da qual os carrascos
atribuem a responsabilidade ao povo que lhes ousa resistir e ao seu
presidente, Bachar el-Assad.
1]
“Congress secretly approves U.S. weapons flow to ’moderate’ Syrian
rebels” (em inglês- « Congresso aprova secretamente fornecimento de
armas dos E.U. para os rebeldes Sírios ’moderados’ »-ndT), por Mark
Hosenball, Reuters, 27 de janeiro de 2014.
A cultura grega
foi imensamente rica. Teve muita influência no resto do mundo
ocidental. O uso intenso de mármore nas obras, o desenvolvimento das
sensibilidades e da estética o uma arquitetura harmoniosa foram
características das artes gregas. A arquitetura tinha aspectos
monumentais, como mostram o Paternon de Atenas e grande estátua de Zeus e Olímpia.
O teatro era muito apreciado na Grécia Antiga.
As apresentações duravam oito horas diárias, e se estendiam por dois ou
três dias seguidos. Periodicamente, eram realizados concursos de peças.
Esses torneios chegavam a reunir de 15 a 20 mil pessoas. A construção
de locais para exibição das peças estavam muito adiantadas. O teatro de
epidauro, por exemplo, tem uma acústica tão boa que um assistente
sentado na última fila da arquibancada consegue ouvir até os sons mais
baixos, como o crepitar de uma chama no palco. (Veja mais em Teatro Grego).
As
filas para se entrar nesses locais começavam a se formar no dia
anterior da exibição e atravessavam a noite. Foram registrados casos de
mulheres que deram a luz enquanto esperavam para ver uma peça. As obras
eram de dois tipos, a comédia e a tragédia. Essa divisão perdura até os
nossos dias.
A história
começou a ser estudada como ciência pelos gregos. Heródotos, natural da
Ásia menor, escreveu o primeiro livro da história com fundamentos
científicos e baseado em pesquisa. Tucídides, de Atenas, um militar,
redigiu um eficiente relato da Guerra de Peloponeso.
Xenofonte preparou as Helênicas, uma história dos gregos até o século IV a.C.
Os gregos se dedicavam também a oratório.
Falar em público era muito importante na sociedade grega. Um dos
oradores mais célebres foi Péricles. Outro foi Demóstenes, gago até a
adolescência. Corrigiu seu problema falando com a boca cheia de sementes
ou pedrinhas tentando discursar mais alto do que o barulho das ondas do
mar. Demóstenes foi o autor das Filípicas, uma obra contra o rei Filipe
a Macedônia, que invadiu a Grécia.
A filosofia
foi o grande legado do pensamento grego. Inicialmente os gregos tentaram
explicar os fenômenos da natureza com justificativas mitológicas, ou
seja, atribuíam os acontecimentos a atos dos deuses, heróis e
semi-deuses. Os pensadores dos primeiros tempos são chamados de
pré-socráticos, isto é, os que vieram antes de Sócrates. Junto com
Platão e Aristóteles, Sócrates foi um dos maiores filósofos gregos.
Com
desenvolvimento da cultura e maior disponibilidade de bens materiais,
os filósofos passaram a buscar explicações racionais e organizadas para
os acontecimentos. Sócrates, que viveu de 470 a 399 a.C, foi o primeiro a
proceder dessa forma. Ele abalou tanto a sociedade de seu tempo que foi
forcado pelas autoridades a suicidar-se, bebendo um preparado de uma
planta chamada Cicuta. Os filósofos que viveram depois são chamados de
Póssocráticos.
Os gregos explicavam as origem das coisas por meio de mitos.
Sua religião era Antropomórfica, ou seja, seus deuses tinha forma
humana. A religião grega era uma fusão de divindades locais e orientais.
Posteriormente, os romanos tomaram emprestadas essas divindades e mudaram seus nomes gregos para os nomes latinos.
Para
os gregos, esses deuses viviam no monte Olimpo e tinha sentimentos e
paixões como os seres humanos. Era, porem, imortais. Os semideuses ou
heróis estavam entre os deuses e os homens e eram filho de Deuses com
humanos. Tinha natureza meio humana e meio divina e uma maior forca
física e inteligência do que os humanos. Entre eles, estavam Hércules,
que representava a forca e foi responsável pelos lendários doze
trabalhos.
Entre os principais deuses estavam Zeus, o rei dos deuses do Olimpo. Ele seria chamado mais tarde de Júpiter pelos romanos.
Outros deuses importantes eram Hera, mulher de Zeus e Atena, sua filha e protetora de Atenas, das artes e do saber; Apolo,
deus da luz; Artemísia, deusa da caça; Dionísio, deus do vinho;
Hermes, protetor do comércio e Afrodite, deusa do amor e da beleza. O
mar, muito importante, era representado por Posseidon . Os gregos
acreditavam que as terras boiavam sobre o corpo desses deus e se ele
quisesse poderia acabar com o mundo de um momento para a outro. Pã era o
deus dos pastores.
As civilizações clássicas que compõem a Antiguidade Ocidental – Roma e Grécia
– formaram a base de nossa civilização, ou seja, as sociedades
ocidentais modernas. Em muitos campos, elas se confundem e, por isso, se
tornaram conhecidas como cultura greco-latina.
Se da Grécia Antiga
adotamos os conceitos políticos como monarquia, tirania, democracia,
hegemonia e conceitos filosóficos como antropocentrismo, idealismo e
racionalismo, da Roma Antiga adotamos o conceito de cidadania e justiça, a língua latina e suas derivações e o cristianismo.
Roma Antiga
A
cidade de Roma, situada entre colinas e em local estratégico para a
comunicação, foi o berço da civilização romana. Com o tempo, os romanos
iniciaram sua expansão por todo o Mediterrâneo, que chamaram de mare nostrum (“mar nosso’’).
As origens de Roma
Por
volta do II milênio a.C., a península Itálica, situada no sul da Europa
e avançando pelo mar Mediterrâneo, começou a ser habitada por
diferentes povos, dentre eles os latinos.
Esses povos ocuparam uma
planície próxima ao rio Tibre, onde fundaram aldeias e à qual deram o
nome de Lácio. Aos poucos, eles foram se agrupando em volta de seu
povoado mais importante, Roma, que se tornou uma das maiores cidades da Antiguidade.
A civilização romana
desenvolveu-se em torno do mar Mediterrâneo. Os romanos dominaram
territórios situados nos três continentes banhados por esse mar –
Europa, Ásia e África -, construindo um poderoso império.
A divisão da história romana
A civilização romana se estendeu desde a fundação da cidade, em 753 a.C, até o fim do Império Romano do Ocidente, em 476 d.C.
A história política da Roma Antiga divide-se em três fases:
Monarquia Romana: período que durou até 509 a.C., quando ocorreu a expulsão dos etruscos;
Os descendentes dos primeiros habitantes da península itálica eram os senhores das terras e ficaram conhecidos como patrícios.
Populações
latinas também se dirigiram para aquele sítio e foram bem recebidas
pelos antigos habitantes, que precisavam de mais braços naquele local.
Estes foram nomeados clientes e podiam se misturar às famílias mais tradicionais por meio do casamento.
Por
último, chegaram outros grupos não tão bem recebidos, mas que poderiam
ficar para trabalhar nas terras dos patrícios, sem, contudo, terem
terras próprias para seu sustento. Estes eram os plebeus.
Ainda existiam homens na condição de escravos,
obtidos em campanhas militares dos latinos contra outras populações.
Aqueles que eram capturados tornavam-se escravos em Roma. Contudo, a
maior parte do trabalho, na monarquia, não era escravo, pois era
desempenhado pelos homens livres e pobres, os plebeus.
O Direito romano
A
legislação romana e seu sistema judiciário eram complexos. Para se ter
uma ideia dessa complexidade, podemos assinalar a divisão do Direito
romano em três divisões.
Jus naturale: afirmava os direitos naturais do homem que deveriam ser observados pelo Estado,
Jus civile: assinalava
a existência dos direitos de cidadania, ou seja, os direitos
constituídos no seio da sociedade humana em suas variadas relações, aí
se encontrava a vida política.
Jus gentium:correspondia
ao reconhecimento das especificidades dos povos abrigados pelo império
romano, garantindo as tradições e as comemorações que marcavam
identidades no interior da unidade romana.
O latim
Sem
dúvida alguma, a língua romana foi uma peça importante de seu
imperialismo. Povos submetidos deveriam, para participar da vida
política, aprender a língua romana. Assim, o latim foi elemento de romanização do Império.
Adiante, com as invasões bárbaras,
o latim permaneceu como referência de língua sagrada, adotado pela
Igreja Católica, e também misturado às línguas germânicas dos grupos
invasores. O resultado foi a formação de línguas chamadas de neolatinas
faladas até hoje, como o português, o espanhol, o francês e o italiano
moderno.
Literatura
A literatura romana
foi muito desenvolvida, com a produção de textos poéticos e em prosa,
mas os discursos políticos são os mais impressionantes desse universo
literário.
Tito Lívio, Ovídio, Virgílio, Horácio, Cícero, Sêneca, o
imperador Marco Aurélio são alguns dos nomes importantes do mundo
intelectual romano. História, poesia, sátiras, filosofia e política
foram campos de grande produção literária.
Religião
No campo religioso, antes
da adoção do monoteísmo cristão, os romanos eram politeístas e seus
deuses foram tomados dos gregos, latinizando-se os nomes. Além desses
deuses, havia os protetores domésticos e o culto aos ancestrais.
Arquitetura
Na arquitetura,
a influência grega também esteve presente. Entretanto, o espírito
prático dos romanos destacou-se na construção de estradas, esgotos,
aquedutos, estádios, colunas e arcos do triunfo.
Grécia Antiga
A
sociedade grega se fixou na península Balcânica, região que apresenta
um relevo montanhoso, o que favoreceu a formação de comunidades
independentes umas das outras nos aspectos político, militar e
econômico.
Em comum havia a língua, a religião, os usos e costumes. A cultura grega
foi o elemento de união e de identificação do antigo povo grego. A
confraternização geral entre os gregos era realizada nas festividades
religiosas, que também envolviam competições esportivas e literárias.
A Grécia foi também o berço da democracia, já que as medidas administrativas eram discutidas e aprovadas pelo conjunto de cidadãos.
Origem
Os primeiros habitantes da Grécia foram os pelágios,
ou pelasgos, que ocupavam o litoral e estavam organizados em
comunidades. Eles acabaram assimilados por povos indo-europeus que
invadiram a península Balcânica a partir de 2000 a.C, episódio que
originou a formação do povo grego.
A divisão da história grega
Tradicionalmente, a história política da Grécia Antiga é dividida em cinco períodos, conforme podemos ver abaixo:
Período Pré-Homérico: Do século XX ao século XII a.C. – Civilização creto-micênica
Período Homérico: Do século XII ao século VIII a.C. – Sistema gentílico
Período Arcaico: Do século VIII ao século V a.C. – Surgimento das Cidades-Estado como Esparta e Atenas.
Período Clássico: Do século V ao século IV a. C. – Guerras de hegemonia
Período Helenístico: Do século IV ao século III a. C. – Domínio macedônico e intensos contatos com o Oriente
Sociedade grega
A sociedade grega estava dividida em cidadãos e não-cidadãos.
Os cidadãos,
entre os quais havia pessoas muito ricas e outras mais humildes,
desfrutavam de todos os direitos políticos, participavam da vida pública
e eram obrigados a pagar impostos. Em Atenas, elevavam-se à categoria
de cidadãos apenas os homens adultos filhos de país atenienses. Em
outras cidades, como Esparta, por exemplo, existia uma nobreza que tinha
autoridade social e política.
A maioria da população da Grécia Antiga, entretanto, era de não-cidadãos,
que não gozavam de direitos políticos, a exemplo das mulheres, dos
escravos e dos estrangeiros (metecos). Contudo, a situação variava:
Os estrangeiros,
considerados livres, dedicavam-se principalmente ao comércio e ao
artesanato. Pagavam impostos e faziam parte do exército, mas não
possuíam terras nem casas.
Os escravos eram
propriedade de uma família, constituindo importante força de trabalho no
serviço doméstico e na agricultura. Por vezes eram prisioneiros de
guerra ou filhos de escravos.
Os homens livres, cidadãos ou não, podiam se tomar soldados.
Religião
Os
gregos eram politeístas e adeptos do antropomorfismo, isto é, seus
deuses eram representados sob a forma humana em sua absoluta perfeição.
De
acordo com a mitologia, os deuses possuíam todas as qualidades e
defeitos dos mortais e, por serem deuses, essas virtudes e defeitos eram
também em proporções divinas. Os deuses eram guerreiros violentos e
vingativos, sujeitos ao ciúme, à inveja, à soberba, ao amor e ao ódio.
A trindade máxima era composta por Zeus, senhor da Terra e do céu, Poseidon, senhor dos mares e dos ventos, e Hades, senhor do mundo inferior e dos mortos.
O Monte Olimpo era considerado a morada dos deuses sob a presidência de Zeus, o deus mais importante, o deus dos deuses.
Arquitetura
O
estilo arquitetônico grego, pela sua harmonia, composição simétrica e
elegância, tem servido de modelo e de inspiração, atravessando tempo e
distâncias.
O estilo jônico apresenta a coluna canelada, e o capitel levemente trabalhado.
O estilo coríntio apresenta o capitel mais ornamentado.
O estilo dórico se caracterizou por apresentar colunas simples e sóbrias com capitel liso.
Escultura
Os gregos alcançaram a perfeição, demonstrando grande conhecimento da anatomia humana e animal.
As
esculturas também eram utilizadas para adornar os templos. Fídias,
amigo de Péricles, foi o escultor mais famoso, responsável pelas obras
da Acrópole ateniense.
Pintura
Foi muito utilizada para decorar cerâmicas e retratava cenas religiosas, desportivas, militares e cotidianas.
Teatro
Os
teatros eram auditórios ao ar livre e o público se sentava em bancos de
pedra. Os gregos eram incentivados a frequentar o teatro, considerado
parte essencial de sua educação.
Os gregos criaram dois gêneros: a tragédia e a comédia.
A tragédia era
tida como a expressão mais nobre do teatro e significava “canto do
bode”. Ela esmiuçava a natureza do mal, das contradições humanas,
enfatizava as paixões humanas, mostrando o homem como joguete nas mãos
dos deuses. Personagens divinos e humanos faziam parte das peças,
mostrando suas preferências e suas contradições.
A comédia satirizava
a política e os costumes da época. As peças eram encenadas por atores
que utilizavam máscaras que identificavam o personagem como velho ou
moço, homem ou mulher, feliz ou triste.
Diferentes máscaras permitiam ao ator interpretar vários papéis na peça.
Filosofia
No
início, os mitos explicavam a origem do mundo e a realidade à sua
volta, portanto tudo era consequência da vontade e do capricho dos
deuses.
Com o tempo, os gregos passaram a buscar explicações
racionais para esses acontecimentos na tentativa de compreender e
explicar as coisas ao seu redor, nascendo, assim, a filosofia, isto é, o “amor ao saber”.
O apogeu da filosofia grega deu-se com Sócrates, Platão e Aristóteles. Bibliografia: FUNARI, Pedro Paulo. Grécia e Roma: vida pública e vida privada. São Paulo: Contexto, 2011.
O Comunismo é uma doutrina e sistema econômico e social baseado na propriedade coletiva dos meios de produção.
Sistema social, político e econômico desenvolvido teoricamente por Karl Marx, e proposto pelos partidos comunistas como etapa posterior ao socialismo. Tem como ideal a primazia do interesse comum da sociedade sobre o de indivíduos isolados.
Esta
noção surge já na Antiguidade. Os ideais comunistas acompanham a
civilização cristã na Idade Média e no Renascimento. As grandes utopias
sobre o comunismo surgem nos séculos XVI e XVII.
Conceitos a partir do pensamento dos Marxistas e do próprio governo comunista:
Comunismo marxista
O Manifesto Comunista,
escrito em 1848 pelos pensadores alemães Karl Marx (1818-1883) e
Friedrich Engels (1820-1895), afirma que o comunismo seria o estágio
final da organização político-econômica humana.
A sociedade viveria num coletivismo, sem divisão de classes nem a presença de um Estado coercitivo.
Para
chegar ao comunismo, os marxistas preveem um estágio intermediário de
organização, o socialismo, que instala uma ditadura do proletariado para
garantir a transição.
Essa ditadura promove a destruição completa
da burguesia, abole as classes sociais e desenvolve as forças de
produção de modo que cada indivíduo dê sua contribuição segundo sua
capacidade e receba segundo suas necessidades.
Para os marxistas, a construção de uma situação de abundância permitiria a supressão dos salários e a extinção total do Estado.
Governos comunistas
Em 1917, a Revolução Russa
instala no poder os defensores do comunismo. Sob a liderança do russo
Vladimir Lenin (1870-1924), é estabelecida a ditadura do proletariado e o
Partido Comunista controla o governo com o objetivo de fazer a
transição entre o capitalismo e o socialismo.
Os princípios e métodos adotados são conhecidos como leninismo. Com a morte de Lenin, assume o político Josef Stalin (1879-1953).
Ele
suprime a oposição, promove a coletivização da terra, a
industrialização acelerada, o planejamento centralizado e controla os
partidos comunistas de todo o mundo. Sua política é chamada de
stalinismo.
Após a 2ª Guerra Mundial
(1939-1945), comunistas tomam o poder nos países do Leste Europeu
libertados do nazismo pelo Exército soviético. Em 1949, os comunistas
liderados por Mao Tsé-tung (1893-1976) tomam o poder na China.
O
sistema se espalha por vários países do sudeste asiático e da África e
em Cuba. Na década de 80, os governos chinês e soviético passam a adotar
alguns princípios capitalistas, como a permissão para pequenas
propriedades privadas.
Com a queda do Muro de Berlim,
em 9 de novembro de 1989, a dissolução da União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas e a formação da CEI (Comunidade de Estados
Independentes), em 1991, os governos comunistas entram em crise. (Veja
mais em: Fim da União Soviética e a CEI).
Destacou-se no período da Ordem da Revolução Industrial, preocupado em analisar o modo de produção capitalista, o alemão Karl Marx (1818-1883), que fundou a teoria do socialismo científico. Sua fama cresceu a partir da publicação da obra Manifesto do Partido Comunista, em 1848, escrita com Friedrich Engels (1820-1895).
Eles analisaram e criticaram o capitalismo,
propondo uma nova forma de organização político-econômica da sociedade,
pois consideravam que esse sistema de produção criava profundas
injustiças sociais e que não bastava reformá-lo para alcançar a
igualdade entre os homens. Seus principais pontos de análise eram:
O
capitalismo é uma forma de produção histórica e social específica de
uma época. Sua origem pode ser estabelecida e o seu fim histórico pode
ser previsto.
A morte desse modo de produção vai ocorrer quando
a classe operária, por meio de um processo revolucionário, alcançar o
poder econômico e político (socialização dos meios de produção),
instaurando uma “ditadura” do proletariado.
Em sua fase de
maturidade, o capitalismo apresentará uma tendência à concentração do
capital, com a consequente e progressiva eliminação da concorrência,
gerando monopólios.
O sistema capitalista assenta-se na
propriedade privada e na exploração do trabalho. A miséria dos
trabalhadores é proporcional à concentração monopolista do capital.
Marx e Engels
afirmaram que as transformações dos modos de produção são determinadas
por leis históricas, fruto do desenvolvimento das forças produtivas.
Dessa forma, defendiam a ideia de que a classe operária deveria se
organizar e por meio de uma revolução introduzir uma nova forma de
organização econômica e política. Esse processo revolucionário passaria
por duas fases. Veja tabela abaixo.
Fase socialista
Fase comunista
planejamento econômico
propriedade estatal e coletiva
ditadura revolucionária do proletariado
possível Estado burocrático
sistema mundial
propriedade social dos meios de produção
igualdade social (ausência de classes)
desaparecimento do Estado
“A cada um de acordo com seu trabalho.”
“A cada um de acordo com suas necessidades.”
A fase socialista
seria instalada imediatamente após o capitalismo, quando a classe
trabalhadora tomasse o poder e criasse um Estado proletário. Nesse
momento a cultura ainda estaria impregnada pelos valores da sociedade
capitalista, e os trabalhadores receberiam um salário pelo seu trabalho,
o que talvez não satisfizesse as suas necessidades.
Na fase comunista,
o Estado desapareceria e o sistema político-econômico seria mundial.
Novos valores culturais e sociais surgiriam, e o trabalho seria
remunerado segundo as necessidades de cada um, criando uma sociedade
igualitária, sem classes sociais e sem fronteiras.
Antes que o socialismo se tornasse uma prática, ou seja, um Estado passasse a utilizar essa teoria para se organizar (Revolução Russa de 1917),
ele se tornou a fonte de inspiração de diversos movimentos sociais que
passaram a ocorrer em muitos países do mundo, mas especialmente na
Europa, dando força aos movimentos sindicais do século XIX e
impulsionando a formação de partidos políticos que defendiam as classes
trabalhadoras. A teoria do socialismo científico foi
baseada na filosofia alemã, a partir da qual Marx concebeu o
materialismo dialético, no socialismo utópico francês, que fundamentou
as suas bases humanistas, e na economia política inglesa, que deu
subsídios para a análise crítica do capitalismo.
Mais
tarde, durante o século XX, o sistema socialista de produção, com
diferentes formas de organização, passou a ser praticado em muitos
países, chegando a envolver uma elevada parcela da população mundial.
Ainda hoje, mesmo após o desaparecimento de muitos países socialistas,
algumas nações ainda mantêm sistemas político-econômicos que se afirmam
socialistas.
Há, porém, muita controvérsia sobre esse assunto,
pois alguns estudiosos asseguram que o verdadeiro socialismo proposto
por Marx jamais foi implantado. Outros destacam que não importa se o
socialismo existiu ou não durante o século XX.
]O que importa,
verdadeiramente, é que as condições econômicas e sociais na qual vive
hoje a maior parte da população do mundo mostram claramente que o
sistema capitalista não resolveu os problemas humanos básicos, cabendo,
portanto, uma discussão sobre a sua reformulação e/ou sua eliminação e
substituição por uma nova forma de organização da sociedade. Para os
que acreditam nisso, o socialismo é ainda uma proposta a ser pensada e
colocada em prática.
Foi no estado alemão, agitado e cheio de problemas, que nasceu o marxismo. Essa teoria não foi concebida apenas por Karl Marx (1818 – 1883), ele teve uma colaboração ideológica e financeira de Friedrich Engels (1820 – 1895).
Eles escreveram em parceria o Manifesto Comunista
(1848) e A ideologia alemã. Algumas das obras de Marx foram: O 18
Brumário de Luís Bonaparte, Contribuição à crítica da economia política,
e a mais importante que foi O Capital. Já Engels escreveu Anti-Duhring,
A dialética da natureza, A origem da família, da propriedade privada e
do Estado e outras.
Eles
formularam seu pensamento baseado na realidade social da sua época, que
era de um grande avanço técnico e aumento do controle da natureza pelo
homem mas por outro lado, a classe trabalhadora sofria mais opressão e
ficava cada vez mais pobre. Sua doutrina partiu do estudo dos
economistas ingleses Adam Smith e David Ricardo e da filosofia de Hegel.
Essa
doutrina se compõe de uma teoria científica, o materialismo histórico, e
de uma teoria filosófica, o materialismo dialético. Segundo o
materialismo, o mundo material é anterior ao espírito e este deriva
daquele. Marx chama de infra-estrutura a estrutura material da
sociedade, sua base econômica, que consiste nas formas pelas quais os
homens produzem os bens necessários à sua vida.
A
superestrutura corresponde à estrutura jurídico-política e a estrutura
ideológica. A posição do marxismo, é que a infra-estrutura determina a
superestrutura, mas ao tomar conhecimento das contradições, o homem pode
agir ativamente sobre aquilo que o determina. As manifestações da
superestrutura passam a ser determinadas pelas alterações da
infra-estrutura decorrentes da passagem econômica do sistema feudal
para o capitalista. O movimento dialético da história se faz por um
motor, que é a luta de classes. Essa luta acontece porque as classes tem
interesses antagônicos. No modo de produção capitalista essa relação de
antagonismo se dá porque o capitalista detém o capital e o operário não
possui nada, tendo que vender a sua força de trabalho.
A
partir desse ponto, Marx formula uma de suas conceitos mais conhecidos
que é a mais-valia. Esse mais-valia é concebida quando o trabalhador
vende ao capitalista a sua força de trabalho por um valor estipulado num
contrato. Acontece que ele produz mais do que esperado, e como ele fica
com tempo disponível dentro da empresa ele produz um excedente que é a
mais-valia. Essa mais-valia não é dividido com o trabalhador e fica nas
mãos do capitalista que vai acumulando o capital. A mais-valia é
portanto o valor que o trabalhador cria além de sua força de trabalho e é
apropriado pelo capitalista.
Outro conceito que Marx constrói é o
da alienação. O trabalhador quando vende a sua força de trabalho se
torna estranho ao produto que concebeu. Essa perda do produto causa
outras perdas para o trabalhador, como a separação da concepção e
execução do trabalho, e ainda com o avanço tecnológico, ele fica sujeito
ao ritmo da linha de montagem, não tendo controle sobre o seu ritmo
normal de trabalho. Para que o trabalhador não se revolte, o capitalismo
usa de mecanismos de introdução de ideologia na cabeça das pessoas,
para que estas se conformem com a situação de desigualdade.
O Socialismo
Para
Karl Marx, a classe operária, organizada em um partido revolucionário,
deverá destruir o Estado burguês e organizar um novo Estado capaz de
acabar com a propriedade privada nos meios de produção. Esse novo
Estado, que ele chama de ditadura do proletariado, deverá liquidar a
classe burguesa no mundo inteiro. Essa primeira fase é chamada de socialismo,
precisa de um aparelho estatal burocrático, um aparelho repressivo e um
aparelho jurídico. É nessa fase que se dará a luta contra a antiga
classe dominante, para se evitar a contra-revolução. O princípio do
socialismo é: “De cada um, segundo sua capacidade, a cada um segundo seu
trabalho”.
A segunda fase, é chamada de comunismo,
e se define pelo fim da luta de classes e consequentemente o fim do
Estado. Haveria um desenvolvimento prodigioso das forças produtivas, que
levaria a uma era de abundância, ao fim da divisão do trabalho em
trabalho material e intelectual, e a ausência de contraste entre cidade e
campo e entre indústria e agricultura. O princípio do comunismo é: “De
cada um, segundo sua capacidade, a cada um, segundo suas necessidades”.
Com a passagem para o comunismo, a luta de classes não mais seria entre
dominantes e dominados, e sim entre as forças progressistas e as forças
conservadoras.
Correntes marxistas contemporâneas e as aplicações do método marxista
Lênin ( 1870 – 1924 ),
teórico do marxismo, cujo verdadeiro nome era Vladimir Ilitch Ulianov,
foi também um revolucionário. Quando os socialistas revolucionários,
liderados pelos mencheviques, derrubaram os o czarismo
em março de 1917, Lênin se encontrava exilado na Suíça. Retornando à
Rússia, liderou a facção dos bolcheviques, que tomou o poder em outubro
do mesmo ano. O seu propósito era restabelecer a verdadeira concepção de
Marx e Engels, deformada pela Segunda Internacional ( 1889 – 1914 ), a
partir da qual alemães e franceses apoiaram a guerra imperialista de
1914.
Ele também rompeu com o teórico alemão Kautsky, acusando-o
de oportunismo e de adotar posições não revolucionárias, além de
imprimir interpretações positivistas e não dialéticas ao pensamento
marxista. Propunha a quebra do Estado burguês pela violência e instaurar
a ditadura do proletariado, e foi contra os anarquistas que achavam
necessário abolir o Estado imediatamente. Sob o seu comando, a Rússia se
tornou União Soviética, onde acabou com a propriedade privada,
planificou a economia, fez reformas agrárias, nacionalizou bancos e
fábricas. Leon Trótski (1879 – 1940)
foi companheiro de Lênin nas lutas de 1917, e defendia revolução
permanente, que significa o prolongamento da luta de classes em nível
nacional e internacional, que gerará a guerra civil interna e a guerra
revolucionária externa. Trótski foi muito perseguido pelo seu maior
inimigo, Stálin, e refugiou-se no México, onde foi assassinado por um
stalinista. Joseph Stálin (1879 – 1953),
foi o sucessor de Lênin no poder da URSS e fortaleceu o Estado ao ponto
de transformá-lo num regime totalitário. Imprimiu ao socialismo um
caráter fortemente nacionalista, fortaleceu a polícia e o exército e
desenvolveu o culto à personalidade. Esteve menos preocupado com a
teoria e mais com a formulação de máximas de ação. Após sua morte,
Kruchev assumiu o poder e promoveu o processo de desestalinização. Rosa Luxemburg (1871 – 1919),
natural da Polônia, ajudou na formação da Liga Espartaquinista e fundou
o Partido Comunista Alemão. Defendia a tese da espontaneidade das
massas e criticava o partido único, cuja consequência é o governo
ditadorial de uma minoria. Alertou severamente sobre os perigos da
burocracia, que poderia levar à supressão da democracia. Antônio Gramsci (1891 – 1937)
foi um dos mais importantes teóricos italianos, preso durante catorze
anos pela ditadura fascista. Mesmo no cárcere, onde ficou até a morte,
escreveu muito, enfatizando a crítica ao dogmatismo do marxismo oficial,
que ao petrificar a teoria, impedia a prática revolucionária.
Baseado
em Demócrito e Epicuro sobre o materialismo e em Heráclito sobre a
dialética (do grego, dois lógos, duas opiniões divergentes), Marx
defende o materialismo dialético, tentando superar o pensamento de Hegel e Feuerbach.
A
dialética hegeliana era a dialética do idealismo (doutrina filosófica
que nega a realidade individual das coisas distintas do “eu” e só lhes
admite a ideia), e a dialética do materialismo é posição filosófica que
considera a matéria como a única realidade e que nega a existência da
alma, de outra vida e de Deus. Ambas sustentam que realidade e
pensamento são a mesma coisa: as leis do pensamento são as leis da
realidade. A realidade é contraditória, mas a contradição supera-se na
síntese que é a “verdade” dos momentos superados. Hegel considerava
ontologicamente (do grego onto + logos; parte da metafísica, que estuda o
ser em geral e suas propriedades transcendentais ) a contradição
(antítese) e a superação (síntese); Marx considerava historicamente como
contradição de classes vinculada a certo tipo de organização social.
Hegel apresentava uma filosofia que procurava demonstrar a perfeição do
que existia (divinização da estrutura vigente); Marx apresentava uma
filosofia revolucionária que procurava demonstrar as contradições
internas da sociedade de classes e as exigências de superação.
Ludwig
Feuerbach procurou introduzir a dialética materialista, combatendo a
doutrina hegeliana, que, a par de seu método revolucionário concluía por
uma doutrina eminentemente conservadora. Da crítica à dialética
idealista, partiu Feuerbach à crítica da Religião e da essência do
cristianismo.
Feuerbach pretendia trazer a religião do céu para a
Terra. Ao invés de haver Deus criado o homem à sua imagem e semelhança,
foi o homem quem criou Deus à sua imagem. Seu objetivo era conservar
intactos os valores morais em uma religião da humanidade, na qual o
homem seria Deus para o homem.
Adotando a dialética hegeliana,
Marx, rejeita, como Feuerbach, o idealismo, mas, ao contrário, não
procura preservar os valores do cristianismo. Se Hegel tinha
identificado, no dizer de Radbruch, o ser e o deve-ser (o Sein e o
Sollen) encarando a realidade como um desenvolvimento da razão e vendo
no deve-ser o aspecto determinante e no ser o aspecto determinado dessa
unidade.
A
dialética marxista postula que as leis do pensamento correspondem às
leis da realidade. A dialética não é só pensamento: é pensamento e
realidade a um só tempo. Mas, a matéria e seu conteúdo histórico ditam a
dialética do marxismo: a realidade é contraditória com o pensamento
dialético. A contradição dialética não é apenas contradição externa, mas
unidade das contradições, identidade: “a dialética é ciência que mostra
como as contradições podem ser concretamente (isto é, vir-a-ser)
idênticas, como passam uma na outra, mostrando também porque a razão não
deve tomar essas contradições como coisas mortas, petrificadas, mas
como coisas vivas, móveis, lutando uma contra a outra em e através de
sua luta.” (Henri Lefebvre, Lógica formal/ Lógica dialética, trad.
Carlos N. Coutinho, 1979, p. 192). Os momentos contraditórios são
situados na história com sua parcela de verdade, mas também de erro; não
se misturam, mas o conteúdo, considerado como unilateral é recaptado e
elevado a nível superior.
Marx acusou Feuerbach, afirmando que seu
humanismo e sua dialética eram estáticas: o homem de Feuerbach não tem
dimensões, está fora da sociedade e da história, é pura abstração. É
indispensável segundo Marx, compreender a realidade histórica em suas
contradições, para tentar superá-las dialeticamente. A dialética apregoa
os seguintes princípios: tudo relaciona-se (Lei da ação recíproca e da
conexão universal); tudo se transforma (lei da transformação universal e
do desenvolvimento incessante); as mudanças qualitativas são
consequências de revoluções quantitativas; a contradição é interna, mas
os contrários se unem num momento posterior: a luta dos contrários é o
motor do pensamento e da realidade; a materialidade do mundo; a
anterioridade da matéria em relação à consciência; a vida espiritual da
sociedade como reflexo da vida material.
O materialismo dialético é
uma constante no pensamento do marxismo-leninismo (surgido como
superação do capitalismo, socialismo, ultrapassando os ensinamentos
pioneiros de Feuerbach).
O estoicismo
é uma das linhas mais fecundas da filosofia helenística. A doutrina
estoica estende-se ao longo de seiscentos anos, entre os séculos IV a.C.
e II d.C. Seu fundador foi Zenão de Cítio (c. 335-263 a.C.), que nasceu
na ilha de Chipre.
O estoicismo pode ser dividido em três
períodos: antigo, médio e romano. No antigo destacaram-se Zenão de Cítio
(c. 335-263 a.C), Cleanto de Assos (c. 331-232 a.C.) e Crisipo de Solis
(c. 280-207 a.C.). No médio, Panécio de Rodes (c. 185-109 a.C.) e
Posidônio de Apameia (c. 135-51 a.C). Os nomes mais importantes da época
romana foram Sêneca de Córdoba (c. 4-65), Epiteto de Hierápolis (c.
55-135) e Marco Aurélio (c. 121-180).
A lógica estoica
Ao lado do Organon,
de Aristóteles, a lógica estoica é uma das contribuições de grande
interesse no desenvolvimento da lógica contemporânea. A diferença é que,
para Aristóteles, trata-se mais de uma lógica de termos, ao passo que
os estoicos desenvolvem uma lógica proposicional, baseada não tanto em
nomes, mas no modo de dizê-los nas proposições.
Eles diferenciavam o signo ou significante (semainon), a coisa significada (semainómenon), e o significado (lekton)
ou aquilo que se diz. O significante e a coisa são materiais, mas o
significado é imaterial, algo entre a realidade das coisas e a realidade
das palavras.
A ética: eudaimonia
A ética estoica estabelece a felicidade ou eudaimonia como princípio fundamental.
A
expressão maior da virtude é viver conforme a natureza e isso é motivo
de felicidade. Essa concordância é racional e coincide com a razão ou logos da vida e da natureza, entendida como o universo inteiro, com sua harmonia e plenitude (Diógenes Laércio, VII, 87).
Esse
ponto marca uma importante diferença entre estoicismo e epicurismo.
Enquanto este último afirma o sentido da vida, aceitando exclusivamente
as condições do “aqui e agora”, o estoicismo defende uma identificação
com um logos que reside além da natureza humana. A concordância é feita envolvendo o indivíduo em uma harmonia universal.
A
felicidade, assim, é estabelecida em níveis mais teóricos do que a
concreta projeção nos limites do próprio corpo, como os epicuristas
pretendiam. Ser feliz é, pois, ser virtuoso e entender o momento supremo
do homem na adequação com o logos, a razão universal, isso
proporciona autonomia. Quem a consegue é sábio. O homem independente
entende o além das coisas e contrapõe-se ao ignorante.
A física estoica
Uma
das ideias centrais do estoicismo é a unidade do real. A natureza e a
razão são uma só coisa. O desenvolvimento da vida e da natureza está
cheio de racionalidade e coerência, mas somente é real o que tem corpo,
mesmo que haja um pneuma ou sopro universal que tudo preenche e que pode identificar-se com a divindade.
Immanuel Kant
nasceu em Königsberg, no ano de 1724. Königsberg, então, era uma cidade
da Prússia Oriental que, a partir de 1871, integrou o Império Alemão.
Após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), essa região foi dominada pela
União Soviética e atualmente pertence à Rússia.
Kant viveu
solteiro e passou a maior parte de sua vida em sua cidade natal, onde se
formou em filosofia e foi professor e reitor. Mantinha hábitos
interessantes, como o de passear sempre no mesmo horário, a ponto de as
pessoas acertarem seus relógios a partir de seus passeios.
Kant
foi o primeiro filósofo a ser professor universitário, condição
criticada por outros filósofos alemães como Schopenhauer – este
argumentava que o filósofo perdia sua autonomia de pensamento quando se
vinculava a uma instituição como a universidade.
Entre as obras mais importantes de Kant, destacam-se Crítica da razão pura, Princípios fundamentais da metafísica dos costumes, Crítica da razão prática e Crítica do juízo.
A filosofia de Kant
Não seria exagero afirmar que a importância de Kant para a filosofia universal é semelhante à de Platão.
Sua filosofia tem como característica duas fases: a pré-crítica
(1755-1780) e a crítica (1781-1800). Na fase pré-crítica, é marcante sua
afinidade com o pensamento metafísico e racionalista predominante na
pré-Alemanha. Mas, após a leitura de Hume, Kant “despertou de seu sono
dogmático”, iniciando a fase crítica de sua obra. Por isso, a filosofia kantiana é conhecida como criticismo.
Kant
pretendeu superar a discussão entre racionalistas e empiristas,
redefinindo os limites entre fé e razão. Também propôs as bases para a
constituição da moral, como veremos mais adiante. Poderíamos resumir a
filosofia kantiana em quatro questões básicas:
Como se pode conhecer?
Como agir?
O que esperar?
O que é o homem?
A
primeira questão é respondida por Kant de uma forma tão revolucionária
quanto foi a representação de Nicolau Copérnico (1473-1543) para a
astronomia e para o Renascimento Científico em geral.
Enquanto
Copérnico colocou o Sol no centro do universo (teoria heliocêntrica),
em oposição aos gregos e aos medievais que afirmavam ser a Terra o
centro do universo, enquanto o Sol se movimentava em torno dela – teoria
geocêntrica – Kant colocou a razão no centro de suas análises, partindo
do pressuposto de que era necessário perceber o que ela é,
o que ela pode ou não conhecer, quais são os seus limites, quais são as
suas relações com a experiência, e assim por diante. Não se trata de
conhecer o mundo e as coisas que existem nele, seja por meio da razão,
seja por meio da experiência: trata-se, primeiro, de conhecer a própria
razão.
Em Kant, a dualidade “racionalismo-empirismo” é superada
por uma harmonia entre os sentidos e a razão, a fim de que possamos
conhecer melhor nós mesmos e o mundo. Ele afirma que não somos capazes
de conhecer inteiramente os objetivos reais e que o nosso conhecimento
sobre esses objetos reais é fruto do que somos capazes de pensar sobre
eles. Nosso conhecimento é limitado pelas noções de espaço e de tempo inerentes à nossa razão e às quais estamos presos.
E
há determinadas coisas que os seres humanos não podem conhecer de fato,
no sentido filosófico. Um exemplo disso é Deus. Ao contrário de
Descartes, que afirmava a existência de Deus por meio da razão, Kant
afirma ser impossível essa afirmação, uma vez que a concepção de Deus
está fora dos limites racionais.
Mas Kant não nega e existência de
Deus (aliás, ele era bastante religioso). Sua preocupação é demonstrar
que essa não deve ser uma preocupação da filosofia, já que esta deve
limitar-se ao que realmente possa ser conhecido por meio de uma
combinação da razão com os sentidos.
A filosofia kantiana acaba
sendo uma terceira via, enquanto resultado de uma síntese entre o
racionalismo cartesiano e o empirismo britânico, sobretudo o de Hume.
Para
Kant, o “ser em si” não existe, ou seja, não existe um mundo
independente do sujeito. O objeto a ser conhecido só existe em função de
um sujeito que o conhece. Voltando à comparação feita por vários
autores entre Copérnico e Kant, enquanto o primeiro eliminou a crença do
homem de que a Terra era o centro do universo, deixando o homem
reduzido diante da imensidão universal, o segundo libertou o homem do
universo ao qual se encontrava preso e deu a esse mesmo homem uma nova
direção: o próprio homem. Assim, deu início também a uma nova concepção
de metafísica.
Nietzsche
se propõe a fazer uma crítica dos valores morais que compõem a cultura.
Mais do que isso, ele coloca em questão esses valores e sugere
transformá-los por completo.
O alemão Friedrich Wilhelm Nietzsche
(1844-1900) formou-se como filólogo clássico em Bonn. Chegou à
filosofia por meio da leitura de Arthur Schopenhauer, o que, com a
admiração por Richard Wagner e a paixão pelo mundo grego, determinou, em
boa parte, seus primeiros escritos.
Sua filosofia constitui uma exaltação de todos os valores vitais e é uma crítica da cultura,
especialmente da tradição filosófica e do cristianismo — que, segundo
ele, levaram o homem à submissão e impediram-no de se desenvolver como
um “espírito livre”. Centralizou sua doutrina em quatro pontos
fundamentais: a vontade de potência, o super-homem, a autossuperação da
moral e o eterno retorno.
A obra de Nietzsche supôs um ponto de
inflexão na história da filosofia, uma vez que deu lugar ao
desenvolvimento de uma corrente de pensamento que teve uma enorme
importância no século XX. Algumas de suas obras mais decisivas são A origem da tragédia (1872), A gaia ciência (1882 e 1887),
Aforismos para a afirmação da vida
Friedrich
Nietzsche (1844-1900), como Bento de Espinosa (1632-1677) – de quem foi
leitor entusiasmado e com cujo sistema rompeu, posteriormente faz de
sua filosofia uma afirmação da vida, da vontade de viver.
Em
tomo desse núcleo ele desenvolveu um pensamento demolidor em relação à
tradição, em todas as suas manifestações: moral, religiosa, científica,
filosófica. Para Nietzsche, todas elas deram sua contribuição para oprimir o ser humano das mais diversas maneiras.
Suas
críticas à tradição não se limitaram, porém, ao conteúdo da filosofia
que produziu. Elas também se apresentam no aspecto formal dessa
produção.
Nietzsche não elaborou um sistema filosófico no sentido
tradicional do termo. Seus textos, de reconhecido valor literário, são,
em parte, fragmentados. Pode-se dizer que Nietzsche fala por aforismos,
sem a preocupação de elaborar conceitos e encadeá-los. Mas esses
fragmentos compõem uma unidade, uma filosofia de novo tipo, liberada das
amarras do encadeamento de razões.
Natureza e valores para Nietzsche
Estudioso
da física, da química e principalmente da biologia, Friedrich Nietzsche
se baseia nelas para compreender o homem, seu comportamento, suas
ações. Interessa-lhe o ser humano partícipe da natureza,
submetido a suas forças e a suas leis, componente do mundo. Assim, não é
de um homem abstrato ou idealizado que ele fala, mas do homem real.
Esse homem real, desde o nascimento, é submetido a valores
– o elemento formador da cultura. Os valores da cultura europeia,
expressos no cristianismo, no socialismo e no igualitarismo democrático,
compõem uma moral que precisa ser superada. Essa superação, por sua
vez, não pode se dar na esfera limitada pelas noções de bem e de mal –
para Nietzsche, manifestações de uma “vitalidade descendente”; deve ir além dessa esfera, alcançando a “vitalidade ascendente”, identificada com a vontade de viver ou vontade de potência.
O ideal do super-homem
Superar
os valores significa também superar o homem submetido a eles. Preso à
suposta objetividade da ciência e ao ressentimento moral cristão, o
homem está sob o domínio da “moral do escravo“, em que se prezam os valores que Nietzsche denomina “inferiores”: humildade, bondade, piedade, satisfação, amor ao próximo.
Esses valores são falsos e, ao contrário do que se acredita, controlam o homem em vez de libertá-lo.
A liberdade pressupõe o abandono da condição de escravo. É preciso tornar-se senhor, tomar-se potência. E isso implica a adoção de novos valores: a personalidade criadora no lugar da objetividade, a virtu em vez da bondade, o orgulho substituindo a humildade, o risco e não a satisfação, o amor ao distante e não o amor ao próximo.
O homem-senhor, o homem-potência, é o que Nietzsche chama “super-homem”: aquele capaz de assumir riscos, ser criativo, orgulhar-se de si, amar o distante e ter a virtu renascentista. A moral do super-homem, assim, é a negação da moral do escravo.
Ele tem a moral do senhor, isto é, a vontade de potência, que abole a culpa e o castigo, que afirma e dá sentido à vida.
Nietzsche e a morte de Deus
Ao proceder à transvaloração dos valores, Nietzsche os entende como “humanos, demasiado humanos“. Isso significa que é o homem que deve dar sentido à própria vida. Até porque, afirma o filósofo, divindades não existem. A vida é aqui. E agora.
“Deus está morto”
“Deus está morto! Deus permanece morto! E quem o matou fomos nós!”, escreve Nietzsche em A gaia ciência,
§ 125. E se, em seguida, pergunta “como haveremos de nos consolar” –
pressupondo luto no final do parágrafo glorifica o ato, qualificando-o
como o “mais grandioso” de todos os tempos, aquele que prenuncia um
futuro melhor, “e, quem quer que nasça depois de nós, passará a fazer
parte, mercê deste ato, de uma história superior a toda a história até
hoje!”.
Ao anunciar a morte de Deus, Friedrich Nietzsche (1844-1900), na verdade, afirma a morte da metafísica,
noção filosófica da qual o cristianismo se apossou e que postula a
existência de outro mundo além deste, um mundo suprassensível que seria a
origem, a referência e a finalidade de tudo aquilo que vive na Terra. A
religião, ao prometer nele a redenção, segundo Nietzsche, manipula os
fracos, impondo-lhes a resignação e a renúncia.
Em relação à
filosofia, a afirmação da existência desse suposto mundo suprassensível,
inacessível aos sentidos, desqualifica os sentidos, privilegiando a
pretensa superioridade da razão. A esse procedimento racional, lógico,
abstrato, Nietzsche opõe a criatividade afirmativa, a multiplicidade da
vida, a vontade de potência.
O eterno retorno
A doutrina
do eterno retorno, explica Scarlett Marton em Nietzsche, a
transvaloração dos valores, insere-se no contexto da cosmologia
nietzscheana. Para Nietzsche, só há um mundo: este. E ele é eterno e
infinito. Todavia, as forças que o compõem são finitas. Como o tempo é
infinito, só duas possibilidades se abrem: “ou o mundo atingiria um estado de equilíbrio durável ou os estados por que ele passasse se repetiriam”, escreve Scarlett.
No
sistema do filósofo, porém, a força é dinâmica: busca tomar-se ainda
mais forte a cada instante. Por isso, não pode haver equilíbrio nem
estabilidade. O que há é o combate incessante, com a vontade de potência
impulsionando a força ao domínio sobre as demais. Diante desse quadro,
resta a alternativa da repetição.
‘Todos
os dados são conhecidos: finitas são as forças, finito é o número de
combinações entre elas, mas o mundo é eterno. Daí se segue que tudo já
existiu e tudo tomará a existir. Se o número dos estados por que passa o
mundo é finito e se o tempo é infinito, todos os estados que hão de
ocorrer no futuro já ocorreram no passado.”
Scarlett Marton. Nietzsche, a transvaloração dos valores, p. 56.
Ao homem — que pela doutrina do eterno retorno está condenado a viver repetidas vezes, “sem razão ou objetivo” — não cabe reclamar desse destino, mas aceitá-lo e amá-lo. Nietzsche chama essa aceitação de amor fati(amor
ao destino), pelo qual o ser humano, ciente de que não há poder
transcendente que o ampare, dá sentido à própria vida. Isso implica amar
cada momento como ele se apresenta, “eternizando” o presente.
É
desse modo que o homem supera as antigas oposições metafísicas
(essência/aparência, sensível/inteligível, mutável/permanente) e se toma
consciente de estar integrado ao cosmo. Esse processo o conduz à
criação de novos valores, ascendentes, e ao fazer isso, nas palavras de
Scarlett, “ele intervém num momento qualquer do processo circular [o
eterno retorno], que é o mundo, e assim recria o passado e transforma o
futuro”
A palavra “jihad”
aparece muito nos meios de comunicação em referência a grupos
terroristas, como o chamado “jihad Islâmica”, que reivindica atentados
cometidos em Israel e em outros lugares.
Também se costuma falar de jihad de modo mais geral para referir-se à “guerra santa”,
e há quem chegue a crer que todos os muçulmanos estejam dispostos a
atacar seus vizinhos para que mudem de religião e abracem o islã, como
um caso extremo de proselitismo.
A jihad é um elemento importante na vida do crente muçulmano, e em árabe significa “esforço”. Trata-se de uma abreviatura cuja fórmula completa, empregada com frequência no Corão, é “o esforço no caminho de Alá”. Para isso podem ser empregados diversos meios:
O primeiro é o esforço no autoaperfeiçoamento,
que para muitos muçulmanos é a jihad mais importante, e consiste em
lutar contra as tendências negativas para ser cada dia melhor diante de
Alá;
Outro é o esforço militar contra os não
muçulmanos, quando se trata de defender o território povoado por
muçulmanos contra os ataques inimigos, ou no momento de abrir para o
islã uma região que rechaça o convite pacífico para que se una a ele;
Também existe o esforço contra os muçulmanos para combater os que não agem de modo correto, buscando que mudem de atitude.
A época de Maomé
foi marcada por guerras, dirigidas tanto contra os árabes politeístas
como contra judeus e cristãos, mas também contra os que, após terem
aceitado o islã, mudaram de opinião e abandonaram a comunidade
muçulmana. Nesse contexto bélico, as referências à jihad no Corão se
concentram no esforço militar de expansão do islã e no castigo dos que
mudaram de lado. Eis alguns exemplos:
“Dize aos incrédulos que, no caso de se arrependerem, ser-lhes-á perdoado o passado. Por outra, caso persistam (…). Combatei-os até terminar a intriga e prevalecer totalmente a religião de Alá.” (Corão 8, 38-39)
“Combatei
aqueles que não creem em Alá e no dia do Juízo Final, nem se abstêm do
que Alá e seu mensageiro proibiram, e nem professam a verdadeira
religião daqueles que receberam o Livro, até que paguem, de bom grado a
jizya [tributo].” (Corão 9, 29)
“Matai os idólatras, onde quer que
os acheis; capturai-os, acossai-os e espreitai-os; porém, caso se
arrependam, observem a oração e paguem o zakat [esmola], abri-lhes o
caminho. Sabei que Alá é indulgente, misericordioso”. (Corão 9, 5)
Alguns grupos terroristas islâmicos
utilizam a religião segundo seus interesses e distorcem o significado
de jihad, com a finalidade de justificar suas ações, que têm como
resultado o assassinato indiscriminado e a dor de muita gente.
Consideram que quem morre realizando um ato terrorista é mártir do islã e
irá diretamente para o paraíso.
Essa convicção converte o
terrorismo desses grupos em algo terrivelmente perigoso, porque seus
membros são suicidas e não têm medo de perder a vida, já que esperam uma
recompensa extraordinária após a morte. Por: Paulo Magno da Costa Torres