domingo, 2 de abril de 2017

Cunha será solto pelo STF? Sua eventual delação derruba o governo Temer?









      Em dezembro/16 tramitava pelo STF um pedido de liberdade para Cunha. Naquele momento Teori pressentiu algo estranho nos ares da Suprema Corte (o jornal O Globo havia noticiado que três votos – Gilmar, Toffoli e Lewandowski – já estariam garantidos em favor dele). Teori preferiu adiar o julgamento. Depois, já em 2017, o pedido foi rejeitado por razões formais.
      Neste mês de março seu habeas corpus foi denegado pelo STJ. Com a condenação do juiz Moro (15 anos e 4 meses de prisão), a chance de Cunha ser libertado se reduziu a quase zero.
      Digo “quase” porque é voz corrente que o governo cleptocrata de plantão (com 9 ministros implicados nas delações da Odebrecht) estaria “trabalhando” em favor de Cunha junto ao STF (para evitar sua delação). Diga-se de passagem, em qualquer país de 1º mundo (onde os poderes são realmente independentes) esse fato seria motivo para derrubar todo governo.
      O sinal favorável a Cunha foi dado por aquela declaração de Gilmar Mendes no sentido de que a Corte “tem um encontro marcado para avaliar as alongadas prisões preventivas da Lava Jato”.
      Depois que a cleptocracia vigente conchavou com sete ministros a permanência de Renan na presidência do Senado (em 7/12/16), tudo é possível na ambivalente Corte (que vem fazendo o jogo pendular da Lava-Mela Jato). Tudo depende da “pressão” do crime organizado, em cada momento.
      Moro, em sua sentença, reiterou todos os motivos que ensejaram a decretação da prisão preventiva de Cunha (ameaças, extorsões, atitudes de cacicagem, chantagens, artimanhas, interferências no governo e em provas etc.). Tudo isso, mesmo estando preso. Moro recordou, de outro lado, que tudo isso já constava de um despacho do Teori, de maio/16.
      Se antes, no momento da preventiva, havia indícios de autoria e materialidade dos delitos imputados a Cunha, agora, com a sentença, tudo isso se reforçou (embora caiba recurso da decisão).
      Mais: a questão do excesso de prazo da prisão, consoante clássica jurisprudência, perdeu sua validade, diante da sentença de 1º grau. A prisão de Cunha continua sendo preventiva, mas agora só cabe analisar eventual excesso no julgamento dos seus recursos.
      Sobre a delação o cenário é o seguinte: Cunha (pela lógica) vai esperar o julgamento do seu habeas corpus pelo STF. Se denegado, é possível que delibere delatar. Outro fator decisivo será a eventual condenação de sua mulher Cláudia Cruz (que está prevista para maio/17).
      Se Cunha delatar tudo que sabe, o desmoronamento do governo Temer é praticamente impossível de ser evitado. Basta começar pelo caso do Grupo Libra e o próprio Temer ganhará seu bilhete para a Sibéria.
      LUIZ FLÁVIO GOMES, jurista. Cidadania vigilante, combate à corrupção, novas lideranças éticas e direito criminal. Estou no facebook.com/luizflaviogomesoficial

      sábado, 25 de março de 2017

      Gibran Khalil, a sabedoria do oriente





      Datado de 7 de maio de 1976, portanto, antes de me tornar maçom, tenho em minha biblioteca e já o li dezenas de vezes, o livro O Profeta, de Gibran Khalil Gibran, tradução e apresentação de Mansour Challita, Editora Vozes. Sendo admitido na Loja Maçônica “Acácia Brasiliense”, de Goiânia, este livro me ofereceu e continua oferecendo um enriquecimento espiritual e uma visão de muita beleza, que também encontrei nos rituais maçônicos. Uma convergência da sabedoria do mundo árabe e filosofia maçônica. Publicado em 1923 com a venda de apenas 1100 exemplares, tornou-se um dos mais vendidos no mundo. Originalmente publicado em inglês e traduzido para inúmeros idiomas. Nos Estados Unidos, milhares são vendidos por semana, no Brasil, integra regularmente a lista dos best sellers. É sempre adotado como livro de cabeceira de grandes estudiosos e filósofos.
      Gibran Khalil Gibran nasceu no Líbano em 1883 e faleceu em Nova Iorque em 1931, com 48 anos, registrada a causa mortis como cirrose e tuberculose. Foi ensaísta, filósofo, prosador, poeta, conferencista e pintor, com seus escritos alcançando admiração.
      O tradutor e apresentador da obra, Mansour Challita diz que “Gibran é o Líbano. Gibran foi um dos três mais importantes renovadores da literatura árabe e que o livro é uma robusta análise histórica do Líbano, dentro de contextos sociológicos que proporcionam um entendimento da importância literária desse profeta do Oriente”.
      Austregésilo de Athayde, escritor que presidiu a Academia Brasileira de Letras, durante 34 anos, falecido em 1993, de Gibran Khalil disse na edição de 1975: “O Oriente não teve poeta que exprimisse melhor a delicadeza mística de sua alma. Gibran é um desses mestres da sabedoria que ensinam a arte de viver pela conquista da paz interior nutrida na contemplação da beleza. O seu convívio intelectual apazigua as dúvidas do coração, alimenta a fé na superioridade espiritual do homem, num estilo ao mesmo tempo cheio de vida e simplicidade.”
      Já Mansour Challita afirma: “O livro inspira e reconforta numa época de perplexidade. É um retorno simultâneo à natureza e aos assuntos básicos da vida, levando o leitor ao mais cândido de si mesmo e ao mais remoto dos seus dias, seduzindo pela filosofia da vida nele contida. Gibran era um guia espiritual que ambicionava definir um ideal de vida para si mesmo e para todos os homens, não propondo heroísmo, mas a grandeza, não convidando a renunciar à vida, mas sermos dignos dela.”
      Neste livro a cada leitura encontro novos ensinamentos. Sugiro seja lido pelos amigos e amigas de todos os sábados, especialmente em momentos de meditação, contato com a natureza, quando nos sentimos transportados a um mundo encantado, porém real, em invocação dos tempos de juventude. Registro que ao momento da chegada do navio que o reconduzia à sua terra natal, ao entrar na cidade de Orphalese e na praça do mercado falou do que estava movendo dentro das almas do seu povo.
      Dos Filhos: “Vossos filhos não são vossos filhos. São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma. Vêm através de vós, mas não de vós. E embora vivam convosco, não vos pertencem. Podeis outorgar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos, porque eles têm seus próprios pensamentos.
      Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas; Pois suas almas moram na mansão do amanhã, Que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho. Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis fazê-los como vós, Porque a vida não anda para trás e não se demora com os dias passados. Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas.
      O arqueiro mira o alvo na senda do infinito e vos estica com toda a sua força, Para que suas flechas se projetem, rápidas e para longe. Que vosso encurvamento na mão do arqueiro seja vossa alegria: Pois assim como ele ama a flecha que voa, Ama também o arco que permanece estável.”
      Páginas ricas de sabedoria e alerta para a vida, poderão ser absorvidas quando ele fala do Amor, Matrimônio, Dádiva, O Comer e o Beber, O Trabalho, A Alegria e a Tristeza, As Habitações, As Roupas, As Compras e as Vendas, o Crime e o Castigo, As Leis, A Liberdade, A Razão e a Paixão, A Dor, O Conhecimento de si próprio, O Ensino, A Amizade, A Conversação, O Tempo, o Bem e o Mal, A Prece, O Prazer, A Beleza, A Religião, A Morte e a Despedida.
      Concluo este artigo, convidando-os para uma meditação, uma parada no tempo, mesmo que pequena, para entender que a oração, prece ou reza é uma entrada no templo, mas não unicamente para pedir, pois assim nada receberemos.
      Gibran fala-nos da prece: “Vós rezais nas vossas aflições e necessidades; pudésseis também rezar na plenitude de vossa alegria e nos dias de abundância. Se constitui conforto exalar vossas trevas no espaço, maior conforto sentireis quando exalardes a aurora do vosso coração.”
      Quando Gibran se refere a aflições, necessidades, alegria e dias de abundância, é um alerta, pois é comum, amigos e amigas, em nossas preces, de Jesus lembramos na dor, na tristeza e nos desencontros da vida, mas a ele não permitimos sua presença em nossos banquetes, festas e comemorações. Sempre é esquecido, regado ao sabor de saborosas comidas e bebidas que entorpecem a alma.
      Humberto de Campos define: “Por prece devemos interpretar todo ato de relação do homem com Deus. A oração é sempre um esforço da criatura ante a Providência Divina. A prece é como uma escada invisível, por onde subimos aos mais altos campos da experiência humana. Por intermédio dela, nossa alma recebe forças multiplicadoras para encontrar o suprimento de energias em que vamos vencendo as provas redentoras.”
      Que as preces sejam nossas companheiras de todos os dias e momentos.

      Leandro Karnal | Minha Felicidade depende de mim

      quarta-feira, 22 de março de 2017

      Santo Antônio de Jesus - Bahia






      (evangelista da silva)

      Que em mim mais doi ...
      É retornar aquelas plagas onde nasci
      E ter que olhar para todos os lados
      E não reconhecer ninguém...
      Hoje sinto em mim um vazio...
      Perdi pai, mãe, avós...
      E poucos e raros Amigos...
      Só me falta deixar esta porra desta vida.
      Para que, em definitivo, esqueçam que existi...
      Assim, só me resta a morte e ser esquecido
      Cônscio de que nada fiz para "Deus"...
      Nada construí para a vida...

      Bahia, 17 de junho de 2014

      terça-feira, 14 de março de 2017


      O Jardim da Praça Padre Mateus




      (evangelista da silva)




      Era um jardim de arquitetura francesa e cheio de flores...
      Tinha um arco apoteótico a receber os românticos ...
      Os Tupinambás remanescentes e os mestiçados em paixão...
      Assim todos a ele acorriam para respirar àquela praça...

      E lá, na antiga praça onde um barracão em lama fétida...
      Recebia o seu povo para comprar alimentos contaminados
      Em meio a uma podridão factual e administrativa dos anos 60...
      Não era um jardim... era um barracão lambido de merda...

      Hoje, acordo com saudade a recordar-me de uma noite...
      Fazia-se madrugada e lá estava eu e Ery músico trompetista.
      Naquela noite fazíamos uma seresta ao som Haydiniano
      Casado com um romantismo sem igual em noite de seresta...

      Ery, embora desarrumada a mente... se nos convencia a gente
      A se lhe declinar à alma e vislumbrar o som inquietante do seu
      Amável Trumpet que fizera Kito – o violonista clássico inquieto...
      Lá do sobrado de sua casa vir a contemplar a musicalidade do

      Imortal poeta da música esquecido em mais uma madrugada
      No jardim da praça dos Paiaiás... Era noite bela, e azul, e iluminada...
      A lua boiava por todo o jardim ontem esplêndido e hoje morto...
      Desfeito e projetado para uma espécie de Cracolândia da Praça...

      Da Praça do Padre Mateus Vieira de Azevedo tortuosa e nua...
      Assim fizeram do nosso jardim dos amores e encontros, - terrores...
      Ao modificarem a sua arquitetura e edificando barracas de cachaça...
      Hoje, todas às vezes que passo na praça, recordo-me aquele jardim.

      A planta poeticamente em versos traçada por um arquiteto francês...
      Aqui fora presenteada pelo eminente filho desta amada terra, -
      Dr. Gorgônio José de Araújo Neto que, por certo, é capaz de ao recordar...
      Tremer e chorar ao presenciar o crime praticado por um tal prefeito.

      Dentre os vários crimes perpetrados pelo forasteirismo animal...
      A destruição do nosso patrimônio de beleza sem igual se foi...
      Restando a estupidez e aberração de uma obra cuspida com lama...
      Para satisfazer a cupidez do forasteirismo cruel, covarde e antipoético...

      Santo Antônio de Jesus, 10 de setembro de 2015, às 2h 42min.