sexta-feira, 21 de setembro de 2012

ROBERTO CARLOS - CAVALGADA 1979 (Vídeo Raro) - HD

O Amor Romântico Prega Coisas Mentirosas, Diz Psicanalista


O Amor Romântico Prega Coisas Mentirosas, Diz Psicanalista


O amor. Um dia ele chega para todo mundo, acredite você leitor (leitora), ou não. Na contemporaneidade, o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, em seu livro “O Amor Líquido”, transforma a célebre frase marxista – “tudo que é sólido se desmancha no ar” – em ponto de partida para debater a fragilidade dos laços humanos e lançar o conceito de “líquido mundo moderno”.

Em síntese, o autor traz uma reflexão crítica de como esse mundo “fluido”, uma das principais características dos compostos líquidos, fragilizou os relacionamentos humanos. O sociólogo observa que o amor tornou-se, na sociedade moderna, como um passeio no shopping center – ícone do capitalismo – e como tal deve ser consumido instantaneamente e usado uma só vez, sem preconceito. É o que considera a sociedade consumista do amor.
Pois bem, é nesta linha fluida, sem preconceito e destarte liberal, com frases como “Ter parceiro único pode se tornar coisa do passado" e “Variar é bom, todo mundo gosta”, que a psicanalista e escritora Regina Navarro Lins, crítica do que considera “amor romântico”, lança os dois volumes do “O Livro do Amor” (Editora Best Seller, 364 páginas). Entre os seus dez livros, destaca-se também “A cama na varanda”.
Psicanalista há 39 anos, Lins acredita que as pessoas ainda sofrem muito por causa dos desejos, medos, culpas e frustrações. O Livro do Amor é um estudo que começa desde a pré-história, seguindo por todos os períodos da humanidade, até chegar à atualidade. “Descobri coisas muito interessantes, como que o amor é uma construção social, de que em cada época ele se apresenta de uma forma. Na Grécia era diferente da idade média”, avalia.
No século XX, o livro é divido em três partes. Para a psicanalista o que mudou o amor na contemporaneidade foram duas invenções: o automóvel e o telefone. “Pela primeira vez na história as pessoas puderam marcar encontro pelo telefone, mesmo com os moralistas defendendo que era uma indecência a voz do homem entrar pelo ouvido da mulher”, lembrou.
Regina Navarro Lins acredita que muito dos nossos comportamentos atuais tem origem em períodos históricos passados, como o “amor romântico”, surgido lá..., no século XII. “Eu aponto também as tendências de como o amor está se transformado. A repressão diminuiu, ainda bem. O sexo é da natureza, é desejável, mas a nossa cultura judaico-cristã, sempre viu o sexo com maus olhos. Nos últimos dois mil anos foi visto como algo abominável, a repressão sexual foi horrorosa”, apontou.
Sobre o tão alardeado amor romântico, Lins inicia sua crítica observando o caráter sub-humano que foi atribuído a mulher ao longo dos anos. “A mulher foi considerada incompetente e burra. O cavalheirismo é uma ideia péssima para as mulheres. Gentileza é outra coisa. O cavalheirismo implica sempre em o homem tratar a mulher como se ela fosse incompetente. Não tem sentido, se observarmos como a mulher foi considerada no passado, até hoje pessoas defenderem a ideia de que a mulher não pode puxar uma cadeira”, comparou a psicanalista.
Regina Navarro defende também que o amor romântico é baseado na idealização do outro, a invenção de uma pessoa, atribuindo a ela características que não tem. “Depois passa a vida ‘azucrinando’ o outro para mudar o jeito de ser, para se enquadrar naquilo que se imaginou.
Esse tipo de amor prega coisas mentirosas, como de que não existe desejo por mais ninguém, de que os amados vão se completar e nada mais vai faltar, que um terá todas as suas necessidades completadas pelo outro. É um amor prejudicial, o que critico é o que ele propõe. As pessoas só vão viver bem em um relacionamento se tiver a liberdade de ir e vir”, observou.
E sobre o ciúme? Para a psicanalista, aceitar o ciúme como algo natural é limitador para a vida. “Sofre o ciumento é quem é o alvo do ciúme. Eu nunca vi uma relação boa, quando as pessoas tem ciúme do outro. Na nossa cultura, aprendemos que quem ama sente ciúme, o que é um equivoco. Daqui a uns 30 ou 40 anos as relações serão muito mais frouxas, as pessoas não vão querer se fechar em uma relação a dois. Com o amor romântico saindo de cena, termina essa exclusividade que só se tem olhos para o outro”, prevê Lins.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Mães se Preocupam Muito com a Saúde e Pouco com a Socialização dos Filhos, Segundo Pesquisa



Mães se Preocupam Muito com a Saúde e Pouco com a Socialização dos Filhos, Segundo Pesquisa

Para as mães de crianças menores de três anos, cuidar da saúde do filho é muito mais importante do que dar carinho, brincar ou conversar com ele. Esse é o resultado de uma pesquisa realizada pelo Ibope que ouviu mais de 2 mil pessoas em 18 capitais brasileiras.
Quando perguntadas sobre o que é importante para o desenvolvimento da criança de zero a três anos, 51% delas responderam que a principal contribuição é levar ao pediatra regularmente e dar as vacinas. O porcentual de quem acredita na importância de brincar, passear e conversar cai para 19% e fica menor ainda se forem considerados os que defendem a necessidade da socialização com outras crianças: 8%.
— Isso mostra como a questão da saúde está bem resolvida - e é muito bom que esteja -, mas ainda precisamos avançar muito em relação aos fatores emocionais e comportamentais. Os pais ainda desconhecem a importância de estabelecer os vínculos afetivos e, consequentemente, os danos que podem haver quando se ignora o potencial de aprendizagem da primeira infância — diz Saul Cypel, neuropediatra e consultor da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal (FMCSV).
A fundação apresentou a pesquisa em um simpósio internacional sobre a primeira infância que promoveu em São Paulo. Os números mostram o desconhecimento dos pais: grande parte dos entrevistados acha que sentar, falar e andar são sinais mais claros do desenvolvimento infantil do que a criança ser capaz de interagir ou estranhar pessoas distantes; mais de 50% dos entrevistados acreditam que o bebê só tem capacidade de aprender a partir dos 6 meses.
— Precisamos de uma campanha que diga: "nasceu, começou a aprender". Sem isso, corremos o risco de perpetuar um cuidado instintivo que se preocupa com a sobrevivência, mas se esquece da dimensão ética, dos valores — diz Yves de La Taille, da Faculdade de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP).
Trabalho integrado
O caminho para essa conscientização passa pela criação de políticas públicas que unam as Secretarias de Saúde, Educação e Assistência Social, diz Eduardo Marino, gerente de avaliação da fundação.
Desde 2009, a fundação tem trabalhado com seis municípios na implementação de ações simples, porém eficazes. O trabalho abrange a criação de espaços lúdicos nos quais as crianças possam brincar e interagir com seus pais e cuidadores, encontros de reflexão interativa com a família e um pré-natal que inclua não só questões biológicas, mas também outros aspectos relevantes do desenvolvimento infantil e — muito importante a partir dos resultados desta pesquisa —, a ampliação do tempo da consulta pediátrica.
— Já que 79% das mães recorrem ao pediatra nos momentos de dúvida, é importante que esses profissionais assumam um papel que vá além do diagnóstico físico. Com uma consulta estendida, ele pode orientar sobre a importância dos momentos de lazer, do afeto — resume Cypel.
Por enquanto, os pais têm sido norteados por um censo comum que não difere escolaridade nem classe social: 55% das mães e gestantes acreditam que deixar as crianças assistirem a desenhos ou a programas infantis ajuda no desenvolvimento.
— A gente propõe, nessa etapa, atividades em que a criança se movimente, interaja, brinque, faça atividades artísticas, ao ar livre. Isso tem um papel muito mais importante. Ainda que a TV seja uma possibilidade cotidiana, o uso tem de ser muito cauteloso no sentido do tempo gasto e do que é proposto — diz a diretora da Escola Santi, Adriana Cury.
Pais ausentes
A figura paterna deixa a desejar na criação dos filhos pequenos. Na parte qualitativa da pesquisa, realizada com mães e gestantes, o papel do pai é muito valorizado, tanto na gestação (94%) quanto na criação dos filhos (92%).
Porém, na prática é muito diferente. Apenas 41% dessas mulheres afirmaram que os pais participam ou participaram ativamente da gestação e 51% das grávidas vão sozinhas às consultas. Somente 47% dos pais atuam efetivamente na criação dos filhos, nos cuidados, nas consultas ao pediatra e nas vacinas. Além disso, o tradicional papel de impor limites não é cumprido. Menos da metade (43%) assume essa responsabilidade.
— Se não é pelo instinto que move as mulheres, ao menos pela importância da questão ética os pais precisam participar — pondera Yves de La Taille, da Faculdade de Psicologia da USP.
Mesmo sem a ajuda do marido e tendo de trabalhar (55% das entrevistas estão empregadas), a creche não é vista com bons olhos: 57% acham que a casa é o melhor lugar para a criança se desenvolver.