Que é o filosofar?
Estamos diante de uma questão muito relevante para quem está dando
os seus primeiros passos nos estudos filosóficos. Para a atividade
filosófica, saber no que se constitui especificamente o filosofar é tão
importante quanto conhecer este ou aquele conceito filosófico. Sendo
assim, consideremos então o que seja o ato de filosofar. Neste
propósito, a fim de exercitarmos o raciocínio, respondemos esta questão primeiro por via negativa e doravante por via afirmativa:
a) O ato de filosofar não é uma atividade isolada da vida de estudos filosóficos, nem ainda, descolada de nossa crua realidade diária;
b) Filosofar não é um devaneio, isto é, um momento fantasioso em que empregamos nossa imaginação com o fim de se abstrair da realidade que nos cerca;
c) Filosofar não é, também, “viajar na maionese”, ou seja, não é um delírio no qual o indivíduo (como se tivesse usado drogas ilícitas) tem experiências em outra dimensão, fora do contexto da realidade cotidiana.
Professor, se o ato de filosofar não está separado de nossa realidade diária, se ele não é um momento fantasioso (devaneio) e nem muito menos uma “viagem na maionese”, que vem a ser então o filosofar? É possível apresentar uma resposta a esta questão com três afirmações:
a) Comecemos pelo básico: ‘filosofar’ do ponto de vista da língua portuguesa é um verbo intransitivo. Sabemos que todo verbo implica uma ação ( também: um estado, ou fenômeno natural). Se todo verbo implica uma ação, que tipo de ação está implícita ao ato de filosofar? Nada mais nada menos que a atividade do pensar, do refletir; entretanto, não é o mero pensar. Não é um pensar fundado no mero achismo, isto é, num simples “eu acho que é isto ou aquilo”. É, sobretudo, pensar de modo crítico, livre e independente, apoiando-se nos princípios lógico-filosóficos registrados na estrutura do pensamento humano, nos textos de filosofia, ou ainda na realidade que nos cerca, pois é dela que também se origina as questões filosóficas;
b) O ato de filosofar caracteriza-se como um pensar por si mesmo, por conta própria, mas só conseguimos isso apoiando-se na reflexão de outros, isto é, na reflexão dos filósofos e pensadores que escreveram, ou escrevem sobre a filosofia;
c) Filosofar é ainda pensar, refletir e criticar os próprios pensamentos, as próprias ideias preconcebidas acerca de algo ou alguém. Diga-se de passagem: filosofar é colocar nossos preconceitos sob a luz reveladora da crítica. E mais: filosofar é refletir, a partir dos princípios lógicos oferecidos pela filosofia. É pensar sobre nós mesmos, sobre o mundo, sobre as coisas, sobre o outro, etc.. Estar diariamente se pensando, se questionando e pensando acerca da realidade, é estar filosofando.
De certa maneira, o filosofar também nasce da “admiração do mundo”, diria Aristóteles (filósofo grego). Melhor, o ato de filosofar origina-se do admirar/contemplar (refletir) o mundo, as coisas, o outro e a si próprio diariamente. A gênese/origem do filosofar, pensa Aristóteles, opera-se na admiração diária que os filósofos antigos tiveram sobre a realidade. Filosofar é, portanto, a experiência de um pensar constante e diário, uma reflexão que começa com uma admiração ingênua do mundo e se transforma em exercício crítico e rigoroso do pensamento.
Diga-se ainda, é correntemente sabido que somos seres dotados de corpo e pensamento (ou, se assim quiser: corpo e alma), logo não há como não pensarmos: carregamos a inclinação do pensar em nós.
Em outros termos, podemos perceber que enquanto estivermos vivos ainda que queiramos, não podemos deixar de pensar, pois o mero esforço pra parar de pensar já é um leve sinal do pensamento em nós. Pensar é o nosso destino!
“Comum a todos é o pensar”, já dizia Heráclito de Éfeso (filósofo grego). Todavia, sabemos que nem todos pensam legitimamente, do ponto de vista filosófico. Se nem todos pensam legitimamente, ou corretamente, fica claro que se faz necessário o aprender a pensar. Se precisamos aprender a pensar é porque não nascemos sábios. É para nos ensinar a pensar, legítima e racionalmente, que existe a filosofia.
Afinal, o pensamento, quando bem exercitado, é o elemento que nos faz ser mais que meros animais, lançados a mercê dos mistérios da natureza. O pensamento bem exercitado e bem aplicado nos faz ser humanos, nos faz ser gente!
REFERÊNCIAS:
ARISTÓTELES. “Metafísica”. Trad. Marcelo Perine. São Paulo: Loyola, 2002.
COMTE-SPONVILLE, André. “Apresentação da filosofia”. Trad. Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2002. 165 p.
HERÁCLITO. “Sobre a Natureza”. Trad. José Cavalcante. In. ‘Os pre-socráticos’ (Col. Os pensadores). São Paulo: Abril Cultural, 1973.
“MiniAurélio Século XXI Escolar”. 5 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.
a) O ato de filosofar não é uma atividade isolada da vida de estudos filosóficos, nem ainda, descolada de nossa crua realidade diária;
b) Filosofar não é um devaneio, isto é, um momento fantasioso em que empregamos nossa imaginação com o fim de se abstrair da realidade que nos cerca;
c) Filosofar não é, também, “viajar na maionese”, ou seja, não é um delírio no qual o indivíduo (como se tivesse usado drogas ilícitas) tem experiências em outra dimensão, fora do contexto da realidade cotidiana.
Professor, se o ato de filosofar não está separado de nossa realidade diária, se ele não é um momento fantasioso (devaneio) e nem muito menos uma “viagem na maionese”, que vem a ser então o filosofar? É possível apresentar uma resposta a esta questão com três afirmações:
a) Comecemos pelo básico: ‘filosofar’ do ponto de vista da língua portuguesa é um verbo intransitivo. Sabemos que todo verbo implica uma ação ( também: um estado, ou fenômeno natural). Se todo verbo implica uma ação, que tipo de ação está implícita ao ato de filosofar? Nada mais nada menos que a atividade do pensar, do refletir; entretanto, não é o mero pensar. Não é um pensar fundado no mero achismo, isto é, num simples “eu acho que é isto ou aquilo”. É, sobretudo, pensar de modo crítico, livre e independente, apoiando-se nos princípios lógico-filosóficos registrados na estrutura do pensamento humano, nos textos de filosofia, ou ainda na realidade que nos cerca, pois é dela que também se origina as questões filosóficas;
b) O ato de filosofar caracteriza-se como um pensar por si mesmo, por conta própria, mas só conseguimos isso apoiando-se na reflexão de outros, isto é, na reflexão dos filósofos e pensadores que escreveram, ou escrevem sobre a filosofia;
c) Filosofar é ainda pensar, refletir e criticar os próprios pensamentos, as próprias ideias preconcebidas acerca de algo ou alguém. Diga-se de passagem: filosofar é colocar nossos preconceitos sob a luz reveladora da crítica. E mais: filosofar é refletir, a partir dos princípios lógicos oferecidos pela filosofia. É pensar sobre nós mesmos, sobre o mundo, sobre as coisas, sobre o outro, etc.. Estar diariamente se pensando, se questionando e pensando acerca da realidade, é estar filosofando.
De certa maneira, o filosofar também nasce da “admiração do mundo”, diria Aristóteles (filósofo grego). Melhor, o ato de filosofar origina-se do admirar/contemplar (refletir) o mundo, as coisas, o outro e a si próprio diariamente. A gênese/origem do filosofar, pensa Aristóteles, opera-se na admiração diária que os filósofos antigos tiveram sobre a realidade. Filosofar é, portanto, a experiência de um pensar constante e diário, uma reflexão que começa com uma admiração ingênua do mundo e se transforma em exercício crítico e rigoroso do pensamento.
Diga-se ainda, é correntemente sabido que somos seres dotados de corpo e pensamento (ou, se assim quiser: corpo e alma), logo não há como não pensarmos: carregamos a inclinação do pensar em nós.
Em outros termos, podemos perceber que enquanto estivermos vivos ainda que queiramos, não podemos deixar de pensar, pois o mero esforço pra parar de pensar já é um leve sinal do pensamento em nós. Pensar é o nosso destino!
“Comum a todos é o pensar”, já dizia Heráclito de Éfeso (filósofo grego). Todavia, sabemos que nem todos pensam legitimamente, do ponto de vista filosófico. Se nem todos pensam legitimamente, ou corretamente, fica claro que se faz necessário o aprender a pensar. Se precisamos aprender a pensar é porque não nascemos sábios. É para nos ensinar a pensar, legítima e racionalmente, que existe a filosofia.
Afinal, o pensamento, quando bem exercitado, é o elemento que nos faz ser mais que meros animais, lançados a mercê dos mistérios da natureza. O pensamento bem exercitado e bem aplicado nos faz ser humanos, nos faz ser gente!
REFERÊNCIAS:
ARISTÓTELES. “Metafísica”. Trad. Marcelo Perine. São Paulo: Loyola, 2002.
COMTE-SPONVILLE, André. “Apresentação da filosofia”. Trad. Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2002. 165 p.
HERÁCLITO. “Sobre a Natureza”. Trad. José Cavalcante. In. ‘Os pre-socráticos’ (Col. Os pensadores). São Paulo: Abril Cultural, 1973.
“MiniAurélio Século XXI Escolar”. 5 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.
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