domingo, 20 de junho de 2021

Gildásio de Almeida Souza

Gildásio de Almeida Souza



[evangelhista da silva]


Era meu primo, Dazinho, o extremo do racional.
Uma Comédia Divina, não fosse trágico o seu fim
Lá nas bandas do Sul da Bahia, às margens do Rio Almada.

O cenário fora Coaraci... um lugarejo acanhado e frio
Entretanto, um tanto quente para se matar gente
Gente estirada nas ruas às madrugadas e vista ao amanhecer.

Deixara Santo Antônio de Jesus, - a terra mãe estuprada
Para trabalhar naquelas plagas cinzentas e montanhosas
Em lá chegando casado descasara - o tempo é o Senhor.

Nasce a criança de quem sou padrinho, - o fruto de uma dúvida
E brutal incerteza de sê-lo pai - o inferno abala a sua vida.
Lembro-me de um dia tê-lo dito que a vida é uma cachaça.

Cônscio, embora constantemente encachaçado, negara-me
A infeliz filosófica em mal traduzir o existir de infinda mágoa,
Em meio a um silêncio ensurdecedor que destruía su'alma.

Assim, como uma criança espancada sob a maldição do coturno,
Partira o meu amado primo para o desconhecido mundo,
Deixando para mim ao certo, a incerteza da sua verdade.


Bahia, 28/12/2014, aos 08 min de domingo.

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