sexta-feira, 4 de janeiro de 2013
QUE É BOM SENSO
Que é Bom Senso:
Bom senso é um conceito usado na argumentação ligado às noções de sabedoria e de razoabilidade que define a capacidade média que uma pessoa tem de se adequar a regras e costumes em determinados momentos, para poder fazer bons julgamentos e escolhas.
O bom senso é muitas vezes confundido com senso comum, o senso comum pode refletir muitas vezes uma opinião errônea e preconceituosa sobre determinado assunto, enquanto isso o bom senso é ligado à idéia de sensatez, a intuição de distinguir a melhor conduta em situações específicas.
Bom senso também pode ser caracterizado como a forma de filosofar espontaneamente dos indivíduos, também conhecida como filosofia de vida, onde supõe-se certa capacidade de organização e independência de quem analisa a experiência de vida cotidiana e da vida alheia.
Para Aristóteles, o bom senso é "elemento central da conduta ética, uma capacidade virtuosa de achar o meio termo e distinguir a ação correta, o que é em termos mais simples, nada mais que bom senso”.
No mundo, não existe verdade absoluta em qualquer conhecimento ou atividade humana, portante é importante que os indivíduos tenham bom senso para fazerem suas escolhas e em aprender o máximo possível sobre técnicas, ferramentas e metodologias importantes para a tomada de decisão.
terça-feira, 1 de janeiro de 2013
DIETA PARA PACIENTES EM HEMODIÁLISE
DIETA PARA PACIENTES EM HEMODIÁLISE
Autor do texto: Pedro Pinheiro - 23 de março de 2010
Insuficiência renal é o termo usado para definir a doença na qual os rins já não conseguem mais desempenhar suas funções de forma satisfatória. A insuficiência renal pode ser aguda, quando ocorre subitamente e dura menos de 3 meses, ou crônica quando a perda de função renal é persistente e progressiva. Para mais detalhes, leia:
- INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA
- INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA
Neste texto vamos abordar a dieta dos pacientes com insuficiência renal crônica em hemodiálise (leia: O QUE É HEMODIÁLISE?). Posteriormente escreverei um texto para pacientes com insuficiência renal em tratamento conservador, ou seja, que ainda não necessitam de diálise.
Dieta para pacientes com insuficiência renal em hemodiálise
Os rins são órgãos vitais, ou seja, sem eles não conseguimos sobreviver. Os dois rins juntos normalmente são capazes de filtrar 90 a 125 ml de sangue por minuto, o que significa algo entre 130 e 180 litros por dia. Quando esta função cai para menos de 60 ml/min, estamos diante de um quadro de insuficiência renal. Quando a filtração cai abaixo dos 10-15 ml/min, os rins já não são capazes de desempenhar suas funções mínimas e o paciente precisa entrar em hemodiálise sob o risco de falecer por complicações deste mau funcionamento.
O cálculo da função renal é normalmente feito através da dosagem da creatinina (leia: VOCÊ SABE O QUE É CREATININA ?).
Quando os rins não funcionam, todas as toxinas, todo o lixo metabólico produzido pelo funcionamento normal das nossas células e todo o excesso das substâncias que ingerimos, sejam elas sais minerais como fósforo e potássio, ou a própria quantidade de líquidos consumida ao longo do dia, não podem ser eliminadas na urina, acumulando-se inapropriadamente no corpo.
Cinco temas são de elevada importância na dieta do paciente com insuficiência renal em hemodiálise: líquidos, potássio, sal, fósforo e proteínas.
a) Consumo de líquidos
Um dos principais sinais da insuficiência renal terminal é o acúmulo de líquidos, manifestando-se como aumento da pressão arterial e edemas (inchaços) pelo corpo. A imensa maioria dos pacientes que entra em hemodiálise ainda urina, pois a capacidade de excretar água é a última função que o rim perde. Porém, essa excreção é progressivamente menor e em fases terminais não é mais suficiente para eliminar todo o excesso de água consumido ao longo do dia.
Vamos imaginar a seguinte situação: um paciente com insuficiência renal em fase muito avançada consome diariamente 2 litros de água entre líquidos e alimentos (quanto mais pastoso for o alimento, mais água ele contém). Como qualquer pessoa, ele perde naturalmente uma média de 500-600 ml/dia na pele (através da transpiração) e nas fezes. Devido a doença renal, ele urina apenas 1 litro por dia. Isto pode parecer bastante, mas significa que diariamente ele irá acumular algo próximo de 500 ml de líquidos. Em uma semana serão 3500 ml. Em um mês são 15000 ml ou 15 litros de água.
Por falta de controle no consumo de água, é extremamente comum os doentes entrarem em diálise cheios de edema e com mais de 15 quilos de excesso de líquido (1 litro de água pesa 1 kg).
Conforme passam-se os meses, a tendência é que o paciente em hemodiálise urine cada vez menos, até chegar ao ponto em que mais nenhuma urina é produzida. Neste momento, praticamente todo o líquido consumido permanecerá no corpo até que o mesmo seja retirado pela hemodiálise. Ultrafiltração é o nome que damos a retirada de líquidos durante uma sessão de hemodiálise.
Então como deve ser feito o consumo de água nos pacientes em hemodiálise?
Se o paciente ainda urina, o cálculo do consumo diário deve ser:
- Volume de urina em 24 horas + 500 ml.
Ou seja, o paciente pode consumir a mesma quantidade de líquidos que urina, mais 500 ml, equivalentes as perdas naturais ao longo do dia. Consideramos líquidos: água, chá, refrigerantes, bebidas alcoólicas, sucos, sorvetes, sopa, café, leite, iogurtes etc...
Como todo alimento possui água, ao final do dia ainda haverá sempre um balanço positivo, porém, como a diálise é feita a cada 2 dias, este não é suficiente para causar maiores problemas.
Se o paciente nada urina, o seu consumo ideal deveria ser algo em torno dos 500-600 ml. Na prática isto é muito difícil porque a dieta ocidental é muito rica em sal, o que desencadeia a sensação de sede e faz com que o paciente procure por água com mais frequência.
No paciente que não urina ou urina muito pouco (menos de 200 ml/dia), todo o líquido que entra, permanece no corpo. Lembre-se: 1 litro de água = 1 kg. Portanto, se o paciente consome 2 litros de água, ele ganhará 2 quilos de peso.
Em geral, indica-se que o paciente não perca mais do que 4% do seu peso em uma sessão de 4 horas de hemodiálise. Isto significa que um paciente de 70 kg não deve ultrafiltrar mais do que 2800 ml. Logo, este é o limite de ganho de peso entre uma sessão e outra.
Sempre sugerimos aos pacientes que tenham um balança em casa para controlar o peso e, consequentemente, o consumo de líquidos.
O excesso de peso e a incapacidade de se atingir o peso seco ao final as sessões de diálise está relacionado a uma maior mortalidade. 90% dos casos de hipertensão em pacientes em hemodiálise estão ligados ao excesso de líquidos (leia: SINTOMAS E TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO (PRESSÃO ALTA)).
A água que entra no corpo e não sai, precisa ir para algum lugar. No começo ela fica dentro dos vasos sanguíneos causando hipertensão. Depois, começa a extravasar e vai para as pernas. Por fim, o excesso de líquidos começa a acometer os pulmões levando a congestão pulmonar e, posteriormente, edema agudo do pulmão.
Como então restringir o consumo de líquidos?
O passo mais importante é limitar o consumo de sal, uma vez que este causa sede e leva o paciente a procurar mais água. Vou falar especificamente do sal mais abaixo.
Algumas dicas:
- Use sempre copos pequenos.
- Evite sopas ou outros alimentos líquidos que levem sal.
- Evite refrigerantes ou outras bebidas ricas em açúcar, pois o excesso deste também causa sede.
- Se houver sede, molhe a boca com frequência, mas sem beber a água
- Chupe pequenas pedras de gelo para aliviar a sede.
- Calcule o líquido permitido em 24h e coloque-o em uma única garrafa. Beba esse volume ao longo do dia.
- Pese-se sempre depois de comer e controle o ganho de peso evitando consumo de líquidos fora das refeições
b) Potássio
O potássio é um sal mineral essencial para o funcionamento das células. Porém, quando em excesso, pode levar a complicações graves, principalmente arritmias cardíacas fatais.
O excesso de potássio no sangue é chamado de hipercalemia (ou hipercaliemia em Portugal)
O potássio está presente em uma grande variedade de alimentos e todo o excesso ingerido é rapidamente eliminado na urina. Deste modo, os rins mantêm os níveis sanguíneos de potássio dentro de uma faixa restrita
que se situa entre 3,5 a 5 mEq/L. Níveis de potássio acima de 6 mEq/L já são considerados perigosos. Valores acima de 7,5 - 8 mEq/L, se não tratados imediatamente, são incompatíveis com a vida.
Nas pessoas com rins funcionantes esse controle do potássio é feito 24 horas por dia, todos os dias. Nos insuficientes renais crônicos terminais, o único modo de se retirar o excesso é durante as 4 horas de hemodiálise realizadas 3x por semana. Como já se pode imaginar, o risco de hipercalemia é muito grande se não houver um controle na dieta.
Nas clínicas de hemodiálise, uma vez por mês se colhem analises antes do início das sessões. Não é incomum encontrar entre doentes que não fazem controle algum do potássio na dieta, níveis de potássio acima de 6 meq/L. Às vezes, encontramos potássio acima de 7 mEq/L. São pacientes que podem a qualquer momento entrar em parada cardíaca e morrerem subitamente.
Os valores do potássio são a explicação do porquê é perigoso faltar às sessões de hemodiálise.
O grande vilão do potássio são normalmente as frutas, porém, vários outros alimentos contêm potássio em grandes quantidades. O principais são:
A tabela acima não é completa. Existem outros alimentos ricos em potássio como mate e chá preto, por exemplo. Carnes, sejam aves, mamíferos ou peixes, também costumam ter bastante potássio. O ideal é sempre conversar com uma nutricionista experiente em hemodiálise (a maioria das clínicas possui este profissional) para saber a quantidades e a frequência permitidas para cada um desses alimentos.
Dicas para se evitar excesso de potássio na dieta:
- Evite comer mais de 2 peças de frutas por dia. Dê preferência àquelas que possuem baixo teor de potássio, como maçã, uva, pêssego, abacaxi, tangerina e morango.
- Como carboidratos, prefira arroz e massas, porque são pobres em potássio.
- Evite batatas fritas, pois estas são riquíssimas em potássio.
- Descasque e corte os legumes em pedaços. Deixe-os de molho por no mínimo 2 horas em água morna. Use bastante água. Depois, despreze a água e lave-os por alguns segundos em água corrente. Agora pode-se cozinhar os vegetais normalmente. Use novamente bastante água. Este processo ajuda a retirar o potássio dos alimentos.
- Não frite e não coza legumes em panela de pressão, a vapor, ou em micro-ondas. Estes processos aumentam a concentração de potássio nos alimentos.
- Frutas cozidas em água perdem aproximadamente metade do seu potássio.
c) Sódio (sal)
O nosso sal de cozinha comum é composto por cloro e sódio, formando o cloreto de sódio. Toda vez que consumimos muito sal, estamos obrigatoriamente consumindo muito sódio.
A dieta ocidental é riquíssima em sódio. Chegamos a consumir quase 3x a quantidade de sal necessária. O nosso paladar está tão adaptado a comidas salgadas que muitas vezes nem damos conta da quantidade de sódio que ingerimos.
O excesso de sódio na nossa dieta normal é principal fator para o surgimento de doenças cardiovasculares, principalmente a hipertensão. para saber mais sobre as doenças relacionadas ao sal, leia: EFEITOS DO SAL NA PRESSÃO ARTERIAL.
Uma das maneiras do corpo controlar a concentração de sódio no sangue é através dos rins, eliminando o excesso na urina. Mais uma vez o doente com insuficiência renal crônica encontra-se em desvantagem. Se o sal é maléfico para pessoas saudáveis, imaginem para os doentes renais.
Uma pessoa saudável mantém seu sódio sanguíneo ao redor dos 140 mEq/L (136 a 145 mEq/L). O rim através da eliminação de sal e água consegue manter esses níveis sempre estáveis. O paciente com insuficiência renal crônica não consegue eliminar o excesso de sal pela urina, e a única maneira que o corpo encontra para diminuir o sódio sanguíneo é através do estimulo da sede. Bebendo bastante água, o corpo consegue diluir o sódio no sangue, trazendo sua concentração de volta para níveis normais.
Portanto, além de todas as doenças relacionadas ao sal (hipertensão, infartos, insuficiência cardíaca, AVC etc...), o paciente insuficiente renal crônico que não controla a ingestão de sódio, ainda apresenta extrema dificuldade de controlar seu peso seco, permanecendo sempre com excesso de água e contribuindo ainda mais para as doenças citadas acima.
Quanto menos o paciente urina, menor deve ser seu consumo de sal. A dieta ideal deve ter 2g de sódio ou 5 g de sal (1g de sal = 400mg de sódio) por dia.
Alguns alimentos ricos em sódio:
- Azeitonas
- Bacalhau
- Batata frita
- Beterraba
- Caldos de carne, peixe e legumes
- Comida enlatada
- Enlatados
- Feijão
- Manteigas
- Molhos comerciais (mostarda, ketchup, maionese, molho de tomate, molho shoyo)
- Queijos
- Presuntos
- Salsichas
- Sopas em pacote ou latas.
Praticamente toda comida industrializada é rica em sal, assim como alimentos tipo fast-food.
A alimentação do insuficiente renal deve ser preparada sem sal algum, uma vez que a maioria dos alimentos já possuem sódio naturalmente. Se necessário, depois de pronto, pode-se usar 1 pacotinho de sal (daqueles quadradinhos) que contém 1g de sal por cima da comida.
Existem vários tipos de temperos que podem ser usados para melhorar o gosto dos alimentos sem adição de sal, entre eles, alho, cebolinha, hortelã, orégano, salsa, suco de limão, vinagre, noz-moscada, louro, aipo e outros.
Mais uma vez é importante a orientação da nutricionista para um melhor controle do consumo de sal.
D) Fósforo
A importância do fósforo e do PTH na insuficiência renal crônica é discutida à parte neste texto: INSUFICIÊNCIA RENAL - FÓSFORO, PTH E DOENÇA ÓSSEA
E) Proteínas
Nos pacientes com insuficiência renal crônica em tratamento conservador, ou seja, ainda sem necessidade de diálise, uma dieta rica em proteínas parece estar associado a uma aceleração na perda de função renal. Por isso, indica-se uma restrição no consumo de proteínas por parte deste pacientes.
Naqueles pacientes que já estão em hemodiálise, porém, essa preocupação não faz mais sentido, uma vez que já não há mais função renal para ser perdida. Além disso, este grupo de pacientes é mais propenso a desenvolver desnutrição, o que contra-indica a restrição de proteínas na dieta.
O ideal é dar preferência as proteínas de alto valor biológicos, que são as de origem animal. Proteínas de origem vegetal são de baixo valor biológico, significando que são menos eficazmente utilizadas pelo corpo.
A grande dificuldade em se oferecer as proteínas necessárias para insuficientes renais crônicos está no fato de que, na grande maioria dos casos, alimentos ricos em proteínas também o são em fósforo, cujo consumo deve ser restringido neste grupo.
Mais uma vez, a orientação de um nutricionista é indispensável para um melhor controle do consumo de proteínas.
Leia o texto original no site MD.Saúde: DIETA PARA PACIENTES EM HEMODIÁLISE http://www.mdsaude.com/2010/03/dieta-insuficiencia-renal-hemodialise.html#ixzz2GkCJ13Kg
quinta-feira, 27 de dezembro de 2012
TIMO - A Chave da Energia Vital
TIMO - A Chave da Energia Vital
IMPORTANTÍSSIMO!!!!
No meio do peito, bem atrás do osso onde a gente toca quando diz "eu", fica uma pequena glândula chamada TIMO.
Seu nome em grego, thýmos, significa "energia vital"
Ocupa o mediastino anterior e é formado por lóbulos assimétricos com uma enorme variedade de tamanho e forma.
O TIMO continua um ilustre desconhecido. Ele cresce quando estamos contentes, encolhe pela metade quando estressamos e mais ainda quando adoecemos ou com a morte.
A medicina, durante muitos anos, só conhecia o TIMO através da autópsia e ele sempre estava atrofiado. Achava que ele parava de crescer na adolescência e quando visto no seu tamanho normal no adulto, forte dose de medicamentos era imposta, temendo-se as consequências do seu tamanho.
Mais tarde a ciência demonstrou que, mesmo encolhendo após a infância, continua totalmente ativo: é um dos pilares do Sistema Imunulógico, junto com as glândulas adrenais e a espinha dorsal, e está diretamente ligado aos sentidos, à consciência e à linguagem.
Como uma central telefônica por onde passam todas as ligações, faz conexões para fora e para dentro.
Se somo invadidos por micróbios ou toxinas, reage produzindo células de defesa.
É muito sensível à imagens, cores, luzes, cheiros, sabores, gestos, toques, sons, palavras, pensamentos.
Amor e ódio o afetam profundamente.
Idéias negativas têm mais poder sobre ele do que vírus ou bactérias.
Já que tais sentimentos não existem em forma concreta, o TIMO fica tentando reagir e enfraquece, abrindo brechas para sintomas de baixa imunidade, como a herpes.
Em compensação, idéias positivas conseguem dele uma ativação geral em todos os poderes, lembrando a fé que remove montanhas.
Um teste simples pode demonstrar essa conexão.
Feche os dedos polegar e indicador na posição de o.k., aperte com força e peça para alguém tentra abrí-los enquanto você pensa "estou feliz".
Depos repita pensando "estou infeliz".
A maioria das pessoas conserva a força nos dedos com a idéia feliz e enfraquece quando pensa infeliz. (substitua os pensamentos por um bela sopa de legumes ou um lindo sorvete de chocolate para ver o que acontece...)
Esse mesmo teste serve para lidar com situações bem mais complexas.
Por exemplo, quando o médico precisa de um diagnóstico diferencial, no caso do seu paciente ter sintomas no fígado, que tanto podem significar câncer, quanto abscessos causados por amebas, usando lâminas com amostras, ou mesmo representações gráficas de uma e outra hipótese, testa a força muscular do paciente quando em contato com elas e chega ao resutado.
Tais reações são consideradas respostas do TIMO e o método, que tem sido demonstrado em congressos científicos ao redor do mundo, já é ensinado na Universidade de São Paulo (USP) a médicos acupunturistas.
Curioso é que o TIMO fica encostadinho no coração, que acaba ganhando todos os créditos em relação a sentimentos, emoções, decisões, jeito de falar, jeito de escutar, estado de espírito..."Fiquei de coração apertadinho", por exemplo, revela uma situação real do TIMO, que só por reflexo, envolve o coração.
O próprio chakra cardíaco, fonte energética de união e compaixão tem mais a ver com o TIMO do que com o coração.
É nesse chakra que, segundo os ensinamento budistas, se dá a passagem do estágio animal para o estágio humano.
Você pode exercitar o TIMO para aumentar sua produção de bem estar e felicidade. Como? Pela manhã, ao levantar, ou à noite, antes de dormir:
a) Fique de pé, os joelhos levemente dobrados. A distância entre os pés deve ser a mesma dos ombros. Ponha o peso do corpo sobre os dedos e não sobre o calcanhar, e mantenha toda a musculatura bem relaxada.
b) Feche qualquer uma das mãos e comece a dar pancadinhas contínuas com os nós dos dedos no centro do peito, marcando o ritmo assim: uma forte e duas fracas.
c) Continue entre três e cinco minutos, respirando calmamente, enquanto observa a vibração produzida em toda a região torácica.
O exercício estará atraindo sangue e energia para o TIMO, fazendo-o crescer em vitalidade e beneficiando pulmões, coração, brônquios e garganta.
Você estará enchendo o peito de algo que já era seu e só estava esperando um olhar de reconhecimento para se transforamare em coragem, calma e nutrição emocional e nergia espiritual.
Texto da jornalista e pesquisadora (Sônia Hirsch)
segunda-feira, 24 de dezembro de 2012
Obaluaê/Omulu: O Orixá Rei da Terra será o regente de 2013
Obaluaê/Omulu: O Orixá Rei da Terra será o regente de 2013
Você sabe quais são os orixás que regem 2013? Os orixás que regem 2013 terão uma grande influência a respeito do que vai acontecer ao longo do ano. Segundo as crenças das religiões africanas, cada ano é regido por um Orixá. E, este ano, é a vez de Obaluâe, que é o patrono das Santas Almas.
Mas qual será o impacto dos orixás que regem 2013? Pois bem, Obaluâe é o Orixá da morte e representa a passagem da vida para a morte. No entanto, isso não é algo negativo, mas sim um indicativo de mudanças e transformações, que podem tanto ser positivas como negativas.
Além disso, Obaluâe também tem um lado que representa o materialismo. Isto faz com que 2013 seja um ano favorável para ganhar dinheiro e melhorar sua vida profissional. Contudo, Obaluâe é um orixá severo e insensível, não se importando muito com o cumprimento de nossas expectativas e esperanças.
Omolú/Obaluaiê regente do Ano pede atenção redobrada pois neste ano é regido pelo Materialismo.
Também é bom lembrar que no seu lado positivo, Obaluâe é consolidador dos projetos e representa o nosso lado mais realizador e empenhado em construir algo de sólido em nossa vida. Ele tem um papel importante também em tudo o que diz respeito à nossa vida profissional, à nossa carreira e ao espaço que ocupamos na sociedade com nossa atividade e nosso trabalho. E o tempo (“cronos”, o nome grego de Saturno), é um fator fundamental na maturação de tudo o que esperamos na vida, portanto a paciência e a perseverança também são elementos indispensáveis para podermos extrair o melhor que Obaluâe pode nos oferecer.
Obaluâe por ser o senhor da transformação mostrará que a terra precisa transformar, e como consequência nós homens estaremos mais suscetíveis a essas transformações principalmente climáticas e telúricas (Terremotos) há um índice alto também de erupções vulcânicas para o segundo bimestre do Ano de 2013.
Apesar de Obaluâe ser o orixá da Morte, 2013 nãos erá um ano de mortes como 2012, será um ano mais passível pois é regido pela Razão. Omolú/Obaluaiê é filho de Nanã, irmão de Oxumarê e sua figura é cercada de mistérios. A Ele é atribuído o controle sobre todas as doenças, especialmente as epidêmicas. O poderoso orixá tem tanto o poder de causar a doença como pode possibilitar a cura do mesmo mal que criou.
HISTÓRIA E PERFIL DO ORIXÁ OBALUAÊ / OMULU ( O REI DA TERRA)
Obaluaê é uma flexão dos termos: Oba (rei) – Oluwô (senhor) – Ayiê (terra), ou seja, “Rei, senhor da Terra”. Omulu também é uma flexão dos termos: Omo (filho) – Oluwô (senhor), que quer dizer ” Filho e Senhor”. Obaluaê, o mais moço, é o guerreiro, caçador, lutador. Omulu o mais velho, é o sábio, o feiticeiro, guardião. Porém, ambos têm a mesma regência e influência. No cotidiano significam a mesma coisa, têm a mesma ligação e são considerados a mesa força da natureza.
Obaluaê (ou Omulu) é o Sol, a quentura e o calor do astro rei. É o Senhor das pestes, das moléstias contagiosas, ou não. É o rei da Terra, do interior da Terra, e é o Orixá que cobre o rosto com o Filá (de palha – da – Costa), porque para os humanos é proibido ver seu rosto, pela deformação feita pela doença, e pelo respeito que devemos a este poderosíssimo Orixá.
Obaluaê está no organismo, no funcionamento do organismo. Na dor que sentimos pelo mal funcionamento dos órgãos, ou por uma queda, corte ou queimadura.
Obaluaê rege a saúde, os órgãos e o funcionamento destes. A ele devemos nossa saúde e é comum, nas Casas de Santos, se realizar os Eboris de Saúde, que fazem pra trazer saúde para o corpo doente.
O órgão central da regência de Obaluaê é a bexiga, mas está ligado a todos os outros. Ele trata do interior, fundamentalmente, mas cuida também da pele e de suas moléstias.
Divide com Iansã a regência dos cemitérios, pois ele é o Orixá que vem como emissário de Oxalá (princípio ativo da morte), para buscar o espírito desencarnado. É Obaluaê (ou Omulu) que vai mostrar o caminho, servir de guia para aquela alma.
Obaluaê também é o Senhor da Terra e das camadas de seu interior, para onde vamos todos nós. Daí a ligação que tem com os mortos, pois ele é quem vai cuidar do corpo sem vida, e guiar o espírito que deixou aquele corpo. É por isso que Obaluaê e Omulu gostam de coisas passadas, apodrecidas.
O sol também tem a sua regência. Ele também é o Calor provocado pelo sol quente. Há quem diga que não se deve sair à rua quando o Sol está quente sem a proteção de um patuá, a fim de não correr o riscos e não sofrer a ira de Obaluaê, geralmente fatal.
Obaluaê está presente em nosso dia-a-dia, quando sentimos dores, agonia, aflição, ansiedade. Está presente quando sentimos coceira e comichões na pele.Rege também o suor, a transpiração e seus efeitos. Rege aqueles que tem problemas mentais, perturbações nervosas e todos os doentes.
Está presente nos hospitais, casa de saúde, ambulatórios, postos de saúde, clínicas, sempre próximo aos leitos. Rege os mutilados, aleijados, enfermos. Ele proporciona a doença mas, principalmente, a cura, a saúde. É o Orixá da misericórdia.
Obaluaê é à força da Natureza que rege o incômodo de um modo geral. Rege o mal estar, o enjôo, o mal humor, a intranqüilidade. É o Orixá do abafamento e está presente nele, bem como na má digestão e na congestão estomacal. Gera o ácido úrico e seus efeitos.
Obaluaê está presente em todas as enfermidades e sua invocação, nessas horas, pode significar a cura, a recuperação da saúde.
Mitologia
Filho de Nanã – que abandou por ser doente – foi criado por Iemanjá. É o irmão mais velho de Ossãe, Oxumarê e Ewá; Orixá fundamentalmente Jeje, mas louvado em todas as nações, por sua importância.
Conta-se que, uma vez esquecido por Nanã, fora criado por Iemanjá, que curou das moléstias. Cresceu forte, desenvolveu a arte da caça, tornando-se guerreiro e viajante.
Certo dia, numa de suas jornadas, chegou até uma aldeia, coberto de palha, como sempre viveu. Como todos conheciam sua fama, suas ligações com as moléstias contagiosas, foram barradas antes mesmo de penetrar na aldeia.
-Não o queremos aqui! – disse o dirigente da tribo.
- Mas quero apenas água e um pouco de comida, para prosseguir minha viagem. Apenas isso! – respondeu Obaluaê, ou melhor, dizendo Xapanã, nome pelo qual era chamado.
- Vá-se embora, Xapanã! Não precisamos de doença, nem de mazelas em nossa aldeia. Vá procurar água e comida em outro lugar!
E Xapanã, então foi sentar-se no alto do morro próximo. A manhã mal começara e ele ficou, sentado, envolto em palha da costa, observando a subida do sol.
O tempo foi passando, as horas foram-se passando e, ao meio-dia, exatamente, o Sol já escaldante, tornou-se insuportável. A água ficara quente, o alimento se estragava e toda a tribo se contorcia de dor, aflição e agonia. Xapanã a tudo observava, imóvel, como um totem, como um símbolo de palha.
Na aldeia um alvoroço se fez. Uns tinham dores na barriga, outros tinham forte dores de cabeça. Outros, ainda, arrancavam sangue da própria pele, numa coceira incontrolável. Outros agiam como loucos incontrolados. Aos poucos, a morte foi chegando para alguns.
Xapanã apenas assistia…
Parecia que o tempo havia parado ao meio-dia, mas, na verdade, foram três dias de sol quente, pois a noite não chegava. Era apenas sol durante todo o tempo. E durante todo o tempo a aldeia viu-se às voltas com doenças, loucura, sede, fome, morte!
Xapanã, inerte, via tudo, imóvel…
Não agüentando mais, e vendo que Xapanã continuava do alto do pequeno morro observando, o dirigente de aldeia foi até ele suplicar perdão, atirando-se aos seus pés.
- Em nome de Olorun, perdoe-nos! Já não suportamos tanto sofrimento! Tente perdoar, por favor, Senhor Xapanã! Tente perdoar!
De súbito, Xapanã levantou-se, desceu até a aldeia e pisou na terra. Tornou-a fria. Tocou na água, tornou-a também fria; tocou os alimentos e tornou-os novamente comestível; tocou a cabeça de cada um dos aldeões e curou-lhes a doença; tocou os mortos e fez voltar a vida em seus corpos.
Restaurada a normalidade, Xapanã pediu mais uma vez:
-Quero um pouco de água e alguma comida para prosseguir viagem.
Num instante foi-lhe servido o que de melhor havia em toda a aldeia. Deram-lhe, vinhos de palmeira, frutas, carne, legumes, cereais, enfim, o que tinham de melhor.
Voltando-se para os aldeãos, Xapanã deu-lhes uma lição de vida.
-Vivemos num só mundo. Sobre a mesma terra, debaixo do mesmo sol. Somos todos irmãos e devemos ajudar uns aos outros, para que a vida seja mantida. Dar água a quem tem sede, comida a quem tem fome é ajudar a manter a vida.
Voltou-se e partiu. Atrás dele o povo da aldeia gritava:
-Xapanã, Rei e Senhor da Terra! Xapanã, Obaluaê! Xapanã, Obaluaê! Xapanã, Obaluaê!
Obaluaê que sua benção e proteção nos seja dada sempre!.
domingo, 23 de dezembro de 2012
sábado, 22 de dezembro de 2012
Na Cama não se fala em filosofia(Rubem Fonsêca)
“Na cama não se fala em filosofia. Peguei na mão dela, coloquei sobre meu coração, disse, meu coração é seu, depois pus sua mão sobre minha cabeça e disse, meus pensamentos são seus, moléculas do meu corpo estão impregnadas com moléculas do seu. Depois botei a mão dela no meu pau, que estava duro, disse, é seu esse pau. Ela nada disse, me chupou, depois chupei sua boceta, ela veio por cima, fodemos, ela ficou de joelhos, rosto no travesseiro, penetrei por trás, fodemos. Fiquei deitado e ela de costas para mim sentou-se sobre o meu púbis, enfiou meu pau sobre sua boceta. Eu via meu pau entrando e saindo, via o cu rosado dela, que depois lambi. Fodemos, fodemos, fodemos. Gozei como um animal agonizado. Ela disse, te amo, vamos viver juntos. Perguntei, não está bom assim ? Cada um no seu canto, nos encontramos para ir no cinema, passear no Jardim Botânico, comer salada com salmão, ler poesia um para o outro, ver filmes, foder. Acordar todo dia, todo dia, todo dia juntos na mesma cama é mortal. Ela respondeu que Nietzsche disse que a mesma palavra amor significa duas coisas diferentes para o homem e para a mulher. Para a mulher, amor exprime renúncia, dádiva. Já o homem que possuir a mulher, tomá-la, a fim de se enriquecer e reforçar seu poder para existir. Respondi que Nietzsche era um maluco. Mas aquela conversa foi o início do fim. Na cama não se fala em filosofia”. (RUBEM FONSÊCA)
sábado, 15 de dezembro de 2012
É Natal!...
É Natal!...
Afora a canalhice por negociarem Cristo Jesus...
Mesmo assim, ainda assim, é Natal...
É Natal na Fé e Esperança.
É Natal em toda a desgraça que nos cerca!...
Mas se de uma coisa pudesse eu,
Oh Deus!...
Quem me dera escolher e ter de volta
Poucos amigos que aqui não mais são vistos...
Visto que antes de mim foram tragados pela morte.
Como tanto confundem nesta vida Amor e Amizade,
Fico na imensa saudade de alguns poucos lembrar...
O Zé Rubens, O Elion Jorge, O meu Irmão, - Bebel...
Mas como nesta vida tudo passa...
Até a dor, o amargor, a alegria, a desgraça e cachaça...
Entorpeço-me nestas tardes de dezembro,
Onde o vento da saudade sopra em meu peito,
Com a marca e registro de uma certa tristeza
Ao ver desmaiar o sol enquanto surge o luar...
É Nata!...
Apesar de tanta desgraça neste planeta lindo em cores...
É Natal!...
É Natal nesta tribo primata recheada de crimes e horrores!...
(evangelista da silva)
É Natal em toda a desgraça que nos cerca!...
Mas se de uma coisa pudesse eu,
Oh Deus!...
Quem me dera escolher e ter de volta
Poucos amigos que aqui não mais são vistos...
Visto que antes de mim foram tragados pela morte.
Como tanto confundem nesta vida Amor e Amizade,
Fico na imensa saudade de alguns poucos lembrar...
O Zé Rubens, O Elion Jorge, O meu Irmão, - Bebel...
Mas como nesta vida tudo passa...
Até a dor, o amargor, a alegria, a desgraça e cachaça...
Entorpeço-me nestas tardes de dezembro,
Onde o vento da saudade sopra em meu peito,
Com a marca e registro de uma certa tristeza
Ao ver desmaiar o sol enquanto surge o luar...
É Nata!...
Apesar de tanta desgraça neste planeta lindo em cores...
É Natal!...
É Natal nesta tribo primata recheada de crimes e horrores!...
(evangelista da silva)
quinta-feira, 13 de dezembro de 2012
Transplante de rins
Transplante de rins
Dr. Elias David Neto é médico nefrologista, responsável pelo setor de transplantes de rins do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo e membro do corpo clínico do Hospital Sírio-Libanês.
Os rins recebem sangue através das artérias renais, ramos da aorta que vem diretamente do coração. Depois que circulou pelo grande número de vasos existentes nesses órgãos, livre das toxinas, o sangue sai pelas veias renais rumo ao coração e a urina desce pelos ureteres até cair na bexiga.
É função dos rins filtrar o sangue para eliminar substâncias nocivas ao organismo, como a amônia, a ureia e o ácido úrico. Mas eles não funcionam apenas como simples filtro, que prende em suas malhas os produtos que não interessam ao organismo. Eles também agem ativamente, secretando substâncias importantes para nossa saúde.
Quando as inúmeras unidades que compõem os rins ficam comprometidas, a pessoa entra num processo chamado de insuficiência renal que pode tornar-se crônico e que, ao atingir determinados limites, exige diálise ou transplante de rim como solução terapêutica.
Transplante de rim é uma alternativa bastante eficaz para o tratamento da insuficiência renal crônica. Quando ele se faz necessário, o paciente recebe um rim novo, uma artéria para nutri-lo, uma veia que serve de escape para o sangue venoso e um ureter para excretar a urina.
DOAÇÃO INTERVIVOS
Drauzio – Como é feito o transplante renal?
Elias David Neto – Obviamente, para fazer um transplante renal, necessita-se de um doador, que pode ser uma pessoa viva – um parente, um irmão ou o pai – que doe o órgão para a pessoa que dele precisa. Nesse caso, as cirurgias do doador e do receptor são feitas ao mesmo tempo. Uma equipe cirúrgica retira o rim do doador com parte de uma artéria, de uma veia e um ureter numa sala, enquanto em outra sala a equipe de transplante prepara o receptor para receber esse rim tão logo ele seja extraído. A seguir, emendam-se a artéria e a veia do doador na artéria e na veia do receptor e o ureter em sua bexiga. Feito isso, está terminado o transplante.
Drauzio – Os rins que não funcionavam mais ficam no corpo do receptor?
Elias David Neto – Ficam, pois o novo rim é implantado bem pertinho da bexiga, na parte baixa da pélvis. Isso se faz necessário porque é retirado um pedaço pequeno do ureter do doador e porque o cirurgião trabalha longe dos rins antigos. Na verdade, eles só precisam ser removidos se o paciente tiver uma doença que causou muitas infecções ou a formação de inúmeras pedras.
Drauzio – Mesmo porque o pouquinho que os rins comprometidos conseguem filtrar pode ainda servir de alguma ajuda…
Elias David Neto – Só servem enquanto o rim novo não funciona adequadamente, porque depois ele não deixa nada para os outros fazerem.
PREOCUPAÇÃO DOS DOADORES
Drauzio – Muitos candidatos à doação ficam com medo de não viver bem com um rim só. Esse temor tem fundamento?
Elias David Neto – As pessoas precisam pensar no seguinte. Suponhamos que um exame revele um pequeno tumor no rim e que a melhor conduta seja retirá-lo. Ninguém pergunta se vai conseguir viver bem com um rim só. Simplesmente retira o rim em que está o tumor. Já o candidato a doador faz sempre essa pergunta, embora a situação seja praticamente a mesma.
Os dois rins juntos exercem 100% da função renal, mas ainda conservam uma reserva funcional que entra em ação quando solicitada. A retirada aguda de um deles faz com que essa função caia para 50%. No entanto, passados três meses da doação, o rim remanescente atinge de 70% a 80% da função, o que já é suficiente para alcançar a faixa de normalidade. É tão tranquilo que, cinco dias depois da cirurgia, o doador recebe alta definitiva.
Como a mulher que dá à luz não retorna ao hospital depois do nascimento do filho, porque não está doente, a pessoa que doa um rim também não volta, porque não está doente. Se lhe acontecer alguma coisa, certamente não será por causa da doação.
Drauzio – Você disse que em três meses praticamente o rim remanescente recuperou a função integral. Nesse período, que cuidados o doador deve tomar?
Elias David Neto – Com o rim propriamente dito, nenhum cuidado especial. No primeiro mês, não deve fazer ginástica. Depois pode retomar todas as atividades, não importa se lutava boxe, judô ou pulava de paraquedas.
REJEIÇÃO AGUDA E CRÔNICA
Drauzio – O receptor recebe um rim de uma pessoa com quem tem histocompatibilidade, ou seja, uma compatibilidade de tecidos próxima a dele. Nós sabemos que o corpo humano reage contra qualquer tecido estranho que apareça no organismo. Portanto, a tendência é rejeitar o órgão transplantado. Quantos dias o paciente fica no hospital e que cuidados devem ser tomados para inibir a rejeição?
Elias David Neto – Em geral, ele fica de sete a dez dias no hospital. Para inibir a rejeição, assim que é internado começa a tomar imunossupressores, ou seja, drogas que diminuem as defesas imunológicas não só contra o novo órgão, mas contra agressões de agentes externos. Atualmente, os remédios são muito mais específicos contra a rejeição e podem ser dosados no sangue de tal forma que, com a menor quantidade possível, consegue-se suprimir a resposta de agressão contra o órgão transplantado e manter a defesa contra vírus, bactérias ou tumores. E não para nisso: a cada ano, surgem drogas novas para combater a rejeição e que agem menos sobre as células que defendem o organismo contra agentes infecciosos.
Drauzio – As drogas do passado deprimiam a imunidade como um todo. Por isso, os doentes ficavam muito mais sujeitos a infecções.
Elias David Neto – Além disso, nossa capacidade de monitorar a dosagem dessas drogas no sangue – ”Olhe, a dosagem está alta ou baixa demais para esse paciente” – era muito limitada. Atualmente, conseguimos acertar as doses de tal forma que a pessoa recebe exatamente a quantidade necessária. Por isso, o risco de rejeitar o órgão logo depois do transplante não existe mais.
É raríssimo alguém perder o rim por rejeição aguda. A perda pode ocorrer a longo prazo, dez, quinze, vinte anos depois do transplante, por um processo de rejeição crônica, caracterizado pela agressão contínua e vagarosa do organismo que obriga a fazer novo transplante. Esse processo, infelizmente, a ciência ainda não conseguiu interromper.
Drauzio – Qual é a porcentagem de pacientes que perdem o órgão transplantado a longo prazo?
Elias David Neto – A última estatística indica que a sobrevida média de um rim está em torno de quinze anos. O que quer dizer sobrevida média? Quer dizer que, no fim de quinze anos, 50% dos órgãos transplantados não estarão funcionando e que 50% estarão funcionando, não se sabe, porém, por quanto tempo. O que se sabe é que a sobrevida vem aumentando: era de cinco anos, passou para sete, para dez, para doze e agora está em quinze anos. O cálculo mais recente foi feito com pacientes transplantados na última década. Provavelmente, com a evolução da drogas atuais, a sobrevida já esteja maior.
COMPLICAÇÕES ASSOCIADAS
Drauzio – Quais as complicações mais frequentes associadas ao transplante de rim?
Elias David Neto – Quando a pessoa recebe um transplante de rim, não vira atleta de olimpíada. Continua sendo a pessoa que sempre foi, só que agora é transplantada e precisa cuidar da saúde como todas as outras deveriam fazer, porque o transplantado também tem doença no coração, nas artérias, diabetes e envelhece. No seu caso específico, o transplante e as drogas fazem com que essas doenças tenham um desenvolvimento um pouco mais acelerado do que nas pessoas normais; portanto, eles têm de se cuidar mais.
É um erro o indivíduo com 55 anos achar que fez um transplante e se transformou num garoto de dezoito. Ele só recebeu um rim. Não pode fumar, precisa fazer exercícios físicos, tem que controlar o colesterol, a glicemia, a obesidade e cuidar das coronárias, porque a doença coronariana agride mais rapidamente os transplantados.
ADESÃO AO TRATAMENTO
Drauzio – Esses medicamentos para inibir a rejeição precisam ser tomados por toda a vida. Isso impõe limitações aos transplantados?
Elias David Neto – Nós não indicamos o transplante, porque achamos bonito. Indicamos, porque o indivíduo precisa dele para continuar vivendo. É a única alternativa e ele tem de tomar remédios pela vida inteira ou até que a ciência descubra uma fórmula de manter o rim transplantado sem medicamentos. Para usufruir esse benefício e aqueles que virão com a descoberta de novas drogas com menos efeitos colaterais, o transplantado precisa estar vivo, com o rim funcionando e tomando os remédios de que dispomos no momento.
Drauzio – Quais são os efeitos colaterais mais comuns dessa medicação?
Elias David Neto – Essas drogas diminuem a imunidade como um todo. Portanto, aumentam os casos de infecções e de tumores de pele que obrigam o transplantado a proteger-se do sol mais do que as outras pessoas. Outro efeito colateral importante é a doença aterosclerótica que tem evolução um pouco mais rápida nesses indivíduos.
Drauzio – Nós todos enfrentamos dificuldades com doentes submetidos a tratamentos pelo resto da vida. Os hipertensos constituem um exemplo clássico. Tomam remédio, a pressão baixa para 12/8 e, depois de um tempo nesse patamar, eles decidem que não precisam mais de medicação. Isso acontece também com os transplantados?
Elias David Neto – Acontece, e muito. A não aderência às drogas é responsável por 20% das perdas de enxertos. O indivíduo acha que o rim já está incorporado – “Estou com esse órgão aqui há dez anos” –, para de tomar o remédio e, em um ou dois meses, o rim deixa de funcionar. Por isso, insistimos em que a medicação não seja suspensa sob nenhum pretexto. “Você está bem, porque está tomando remédios. Se parar de tomar, a rejeição agride o órgão transplantado e ele será perdido”.
Abandonar a medicação é, especialmente, muito comum nos adolescentes que requerem atenção redobrada nesse sentido.
Drauzio – Quem foi transplantado pode ter dieta normal, praticar esportes, levar vida normal, enfim?
Elias David Neto – Existem olimpíadas com todas as modalidades de esportes –corrida, basquete, futebol, vôlei, maratona, etc. – para transplantados. Para ter uma ideia da recuperação, o vice-campeão mundial de slalo na neve em recentes jogos de inverno foi um transplantado de fígado. Isso prova que essas pessoas são absolutamente normais. Depois do transplante, voltam a ser o que eram antes. Se eram atletas, voltam a ser atletas; se eram sedentários, provavelmente não mudarão os hábitos de vida.
É preciso encarar o transplante como uma contribuição à saúde. Se a pessoa é operada e extrai a vesícula, sofreu uma agressão. No transplante, porém, recebe o órgão que lhe fazia falta, não retira nada e isso lhe permite levar vida praticamente normal.
DOAÇÃO DE CADÁVER
Drauzio – Você abordou a doação de órgãos de um parente ou amigo para uma pessoa doente, mas temos também a possibilidade de transplantar rins de cadáveres. Qual é a diferença entre um tipo e outro de doação?
Elias David Neto – Primeiro, vamos definir o que é um cadáver. Cadáver, por exemplo, é o indivíduo que sofreu um acidente ou teve derrame cerebral, está internado na UTI com o coração batendo, respirando através de aparelhos, recebendo nutrição por uma sonda, só que seu cérebro está morto. É como se ele tivesse sido decapitado. Tudo funciona, menos a cabeça.
Segundo a lei brasileira, a morte do cérebro é sinal definitivo de que não há mais vida, mesmo que o coração ainda esteja batendo à custa de aparelhos. Esse é o doador cadáver e é para sua família que se pede a doação de órgãos.
Drauzio – Qual a diferença entre o órgão doado por um vivo e o extraído de um cadáver?
Elias David Neto – Exceto no caso de irmãos em que é possível encontrar um doador absolutamente idêntico, a maioria das pessoas não é idêntica. Isso não tem muita importância, porque as drogas atuais são mais potentes e mais importantes do que as incompatibilidades. É claro que se doador e receptor forem idênticos, o resultado será melhor.
Drauzio – Quais as exigências a cumprir para encontrar um órgão compatível com o receptor?
Elias David Neto – A primeira exigência é que tanto o cadáver quanto o doador vivo pertençam ao mesmo grupo sanguíneo (A, B, AB, O) que o receptor. O fator RH não importa. Depois, é feito um teste imunológico. Encontrar o doador mais compatível é mais um critério de distribuição justa do que um critério científico que vai exercer impacto sobre o transplante. Por isso, hoje se leva muito em conta a compatibilidade A, B, O e uma pequena compatibilidade no sistema HLA para selecionar o melhor rim para determinado receptor.
Do ponto de vista da qualidade de órgãos, o doador vivo e o cadáver deveriam ser iguais, mas não são, porque o cadáver sofreu um acidente ou foi operado e ficou dias na UTI e o órgão doado vai para a geladeira por 24 horas, esperando a seleção do receptor. O doador é sofrido, o órgão é sofrido. Isso não acontece com o doador vivo, que vai para a cirurgia com hora marcada e dia certo. Como num casamento, tudo é combinado antes: o dia que os noivos preferem, que a igreja está vaga e o padre, disponível.
Drauzio – Qual é o tempo máximo para transplantar os órgãos do cadáver?
Elias David Neto – Tenta-se transplantar em menos de 24 horas. É preciso dizer que, passado o período inicial em que o rim do cadáver está em piores condições do que o rim do doador vivo, a longo prazo, eles são semelhantes desde que o paciente tome as drogas imunodepressoras e que esteja atento aos cuidados gerais de saúde.
LEGISLAÇÃO BRASILEIRA
Drauzio – Os órgãos de uma pessoa morta, descerebrada, mas com o coração ainda batendo pode ajudar outra pessoa a sobreviver. Como a legislação brasileira se pronuncia nesse sentido?
Elias David Neto – A cidade e o estado de São Paulo são divididos em organizações de procura de órgãos. Cada hospital está sob a responsabilidade de uma dessas organizações que são notificadas quando existe um doador. Aí, uma equipe que nada tem a ver com os transplantadores vai até o local, identifica o doador, constata que ele não é portador de tumores ou infecções que possam contaminar o receptor e se está realmente em morte cerebral. Só então a família é procurada para autorizar a remoção dos órgãos.
Dessa autorização, que deve ser dada por escrito por um parente do doador (existe um grau de parentesco a ser respeitado), consta a relação dos órgãos que podem ser doados. Por exemplo: se a família quiser que só a córnea seja doada, só ela será removida. No entanto, se quiser, pode doar além da córnea, rins, coração, pâncreas, artérias, ossos, etc. Os órgãos permanecem no hospital e o corpo é devolvido à família para o sepultamento. Nesse ínterim, a Secretaria de Saúde recebe amostra de sangue do doador e inicia o processo de seleção do receptor.
CRITÉRIO DE SELEÇÃO
Drauzio – Qual é o critério para a seleção do doador?
Elias David Neto – O critério é a ordem de inscrição numa fila única de possíveis receptores no Estado de São Paulo. Os órgãos são encaminhados para as equipes transplantadoras a fim de serem transplantados no receptor que a Secretaria de Saúde determinou. Não pode ser em outro. Se ele estiver gripado, por exemplo, comunica-se o fato e a Secretaria chama o segundo da fila e assim sucessivamente. O processo de seleção é extremamente transparente.
Drauzio – Essa estrutura se repete em todos os estados da federação?
Elias David Neto – Não. Ela existe em São Paulo, porque o estado tem trinta e seis milhões de habitantes, na verdade, população e tamanho maior do que muitos países. Nos outros estados, não existem tantas equipes transplantadoras,.A seleção é um pouco mais fácil, mas os critérios são os mesmos, porque a legislação brasileira é regida pelo Sistema Nacional de Transplantes que coordena o serviço em todos os estados da federação.
À medida, porém, que os outros estados crescem, seja em número de equipes transplantadoras, seja em população, vão sendo criadas organizações para a doação de órgãos seguindo o modelo paulista que é altamente sofisticado.
Drauzio – Pode acontecer de um órgão que sobrou em São Paulo ser utilizado em outro estado?
Elias David Neto – Pode, mas em geral é o contrário que acontece, porque São Paulo tem muitas equipes transplantadoras e muitos receptores à espera de transplante. Pode acontecer que um coração removido no Nordeste não tenha receptor compatível naquela região e seja enviado para ser transplantado em São Paulo. As equipes centrais de transplante se comunicam com muita eficiência e decidem com presteza o destino que será dado ao órgão.
TRÁFICO DE ÓRGÃOS
Drauzio – Algumas vezes, os jornais veiculam notícias sobre o tráfico de órgãos. Isso de fato acontece?
Elias David Neto – O governo americano comandou uma investigação em vários países do mundo para averiguar casos de rapto de crianças e adultos para a remoção de órgãos que culminou num documento chamado “Rapto de Crianças para Transplante – Uma Lenda Urbana Moderna”.
Nesse documento, o investigador do FBI relata que a mesma história é repetida igualzinho em todos os países. Alguns jornalistas sequer mudam o nome das personagens. O João brasileiro é o John americano e o Juan espanhol; a Maria do Brasil é a Mary dos Estados Unidos e a Marie da França. O rapto de pessoas para extrair seus órgãos é a lenda urbana moderna.
Denúncias sem comprovação sobre o trafico de órgãos geram desconfiança na população e espalham o medo de que o sistema não funcione. O Sistema de Transplante Brasileiro é transparente e um dos mais confiáveis do mundo. Nunca houve em nenhuma delegacia do País relato, notificação ou registro de alguém que tivesse sido raptado e devolvido depois sem um órgão.
Fala-se muito em tráfico de órgãos. Isso não existe, como não existe a possibilidade de furar o sistema de lista única. Desafio um jornalista investigativo a demonstrar que pode furá-la. Desafio-o também a tornar público o resultado de sua investigação, qualquer que seja ele. Por certo, isso incentivaria e muito a doação de órgãos.
Drauzio – Há uma CPI em andamento sobre o tráfico de órgãos no Brasil.
Elias David Neto – No Brasil, está instalada uma CPI sobre o tráfico de órgãos que na verdade investiga o tráfico de pessoas. Se alguém sai do País para doar um órgão em outro lugar em troca de vantagens não é responsabilidade do Sistema Nacional de Transplante. Foi uma decisão individual e particular, embora faça parte do tráfico que corrompe as pessoas.
Minha esperança é que essa CPI investigue fundo e, se a conclusão for que não há tráfico de órgãos, a imprensa seja convocada para divulgar os resultados, porque assim estará contribuindo positivamente para a transplantação brasileira de órgãos .
É função dos rins filtrar o sangue para eliminar substâncias nocivas ao organismo, como a amônia, a ureia e o ácido úrico. Mas eles não funcionam apenas como simples filtro, que prende em suas malhas os produtos que não interessam ao organismo. Eles também agem ativamente, secretando substâncias importantes para nossa saúde.
Quando as inúmeras unidades que compõem os rins ficam comprometidas, a pessoa entra num processo chamado de insuficiência renal que pode tornar-se crônico e que, ao atingir determinados limites, exige diálise ou transplante de rim como solução terapêutica.
Transplante de rim é uma alternativa bastante eficaz para o tratamento da insuficiência renal crônica. Quando ele se faz necessário, o paciente recebe um rim novo, uma artéria para nutri-lo, uma veia que serve de escape para o sangue venoso e um ureter para excretar a urina.
DOAÇÃO INTERVIVOS
Drauzio – Como é feito o transplante renal?
Elias David Neto – Obviamente, para fazer um transplante renal, necessita-se de um doador, que pode ser uma pessoa viva – um parente, um irmão ou o pai – que doe o órgão para a pessoa que dele precisa. Nesse caso, as cirurgias do doador e do receptor são feitas ao mesmo tempo. Uma equipe cirúrgica retira o rim do doador com parte de uma artéria, de uma veia e um ureter numa sala, enquanto em outra sala a equipe de transplante prepara o receptor para receber esse rim tão logo ele seja extraído. A seguir, emendam-se a artéria e a veia do doador na artéria e na veia do receptor e o ureter em sua bexiga. Feito isso, está terminado o transplante.
Drauzio – Os rins que não funcionavam mais ficam no corpo do receptor?
Elias David Neto – Ficam, pois o novo rim é implantado bem pertinho da bexiga, na parte baixa da pélvis. Isso se faz necessário porque é retirado um pedaço pequeno do ureter do doador e porque o cirurgião trabalha longe dos rins antigos. Na verdade, eles só precisam ser removidos se o paciente tiver uma doença que causou muitas infecções ou a formação de inúmeras pedras.
Drauzio – Mesmo porque o pouquinho que os rins comprometidos conseguem filtrar pode ainda servir de alguma ajuda…
Elias David Neto – Só servem enquanto o rim novo não funciona adequadamente, porque depois ele não deixa nada para os outros fazerem.
PREOCUPAÇÃO DOS DOADORES
Drauzio – Muitos candidatos à doação ficam com medo de não viver bem com um rim só. Esse temor tem fundamento?
Elias David Neto – As pessoas precisam pensar no seguinte. Suponhamos que um exame revele um pequeno tumor no rim e que a melhor conduta seja retirá-lo. Ninguém pergunta se vai conseguir viver bem com um rim só. Simplesmente retira o rim em que está o tumor. Já o candidato a doador faz sempre essa pergunta, embora a situação seja praticamente a mesma.
Os dois rins juntos exercem 100% da função renal, mas ainda conservam uma reserva funcional que entra em ação quando solicitada. A retirada aguda de um deles faz com que essa função caia para 50%. No entanto, passados três meses da doação, o rim remanescente atinge de 70% a 80% da função, o que já é suficiente para alcançar a faixa de normalidade. É tão tranquilo que, cinco dias depois da cirurgia, o doador recebe alta definitiva.
Como a mulher que dá à luz não retorna ao hospital depois do nascimento do filho, porque não está doente, a pessoa que doa um rim também não volta, porque não está doente. Se lhe acontecer alguma coisa, certamente não será por causa da doação.
Drauzio – Você disse que em três meses praticamente o rim remanescente recuperou a função integral. Nesse período, que cuidados o doador deve tomar?
Elias David Neto – Com o rim propriamente dito, nenhum cuidado especial. No primeiro mês, não deve fazer ginástica. Depois pode retomar todas as atividades, não importa se lutava boxe, judô ou pulava de paraquedas.
REJEIÇÃO AGUDA E CRÔNICA
Drauzio – O receptor recebe um rim de uma pessoa com quem tem histocompatibilidade, ou seja, uma compatibilidade de tecidos próxima a dele. Nós sabemos que o corpo humano reage contra qualquer tecido estranho que apareça no organismo. Portanto, a tendência é rejeitar o órgão transplantado. Quantos dias o paciente fica no hospital e que cuidados devem ser tomados para inibir a rejeição?
Elias David Neto – Em geral, ele fica de sete a dez dias no hospital. Para inibir a rejeição, assim que é internado começa a tomar imunossupressores, ou seja, drogas que diminuem as defesas imunológicas não só contra o novo órgão, mas contra agressões de agentes externos. Atualmente, os remédios são muito mais específicos contra a rejeição e podem ser dosados no sangue de tal forma que, com a menor quantidade possível, consegue-se suprimir a resposta de agressão contra o órgão transplantado e manter a defesa contra vírus, bactérias ou tumores. E não para nisso: a cada ano, surgem drogas novas para combater a rejeição e que agem menos sobre as células que defendem o organismo contra agentes infecciosos.
Drauzio – As drogas do passado deprimiam a imunidade como um todo. Por isso, os doentes ficavam muito mais sujeitos a infecções.
Elias David Neto – Além disso, nossa capacidade de monitorar a dosagem dessas drogas no sangue – ”Olhe, a dosagem está alta ou baixa demais para esse paciente” – era muito limitada. Atualmente, conseguimos acertar as doses de tal forma que a pessoa recebe exatamente a quantidade necessária. Por isso, o risco de rejeitar o órgão logo depois do transplante não existe mais.
É raríssimo alguém perder o rim por rejeição aguda. A perda pode ocorrer a longo prazo, dez, quinze, vinte anos depois do transplante, por um processo de rejeição crônica, caracterizado pela agressão contínua e vagarosa do organismo que obriga a fazer novo transplante. Esse processo, infelizmente, a ciência ainda não conseguiu interromper.
Drauzio – Qual é a porcentagem de pacientes que perdem o órgão transplantado a longo prazo?
Elias David Neto – A última estatística indica que a sobrevida média de um rim está em torno de quinze anos. O que quer dizer sobrevida média? Quer dizer que, no fim de quinze anos, 50% dos órgãos transplantados não estarão funcionando e que 50% estarão funcionando, não se sabe, porém, por quanto tempo. O que se sabe é que a sobrevida vem aumentando: era de cinco anos, passou para sete, para dez, para doze e agora está em quinze anos. O cálculo mais recente foi feito com pacientes transplantados na última década. Provavelmente, com a evolução da drogas atuais, a sobrevida já esteja maior.
COMPLICAÇÕES ASSOCIADAS
Drauzio – Quais as complicações mais frequentes associadas ao transplante de rim?
Elias David Neto – Quando a pessoa recebe um transplante de rim, não vira atleta de olimpíada. Continua sendo a pessoa que sempre foi, só que agora é transplantada e precisa cuidar da saúde como todas as outras deveriam fazer, porque o transplantado também tem doença no coração, nas artérias, diabetes e envelhece. No seu caso específico, o transplante e as drogas fazem com que essas doenças tenham um desenvolvimento um pouco mais acelerado do que nas pessoas normais; portanto, eles têm de se cuidar mais.
É um erro o indivíduo com 55 anos achar que fez um transplante e se transformou num garoto de dezoito. Ele só recebeu um rim. Não pode fumar, precisa fazer exercícios físicos, tem que controlar o colesterol, a glicemia, a obesidade e cuidar das coronárias, porque a doença coronariana agride mais rapidamente os transplantados.
ADESÃO AO TRATAMENTO
Drauzio – Esses medicamentos para inibir a rejeição precisam ser tomados por toda a vida. Isso impõe limitações aos transplantados?
Elias David Neto – Nós não indicamos o transplante, porque achamos bonito. Indicamos, porque o indivíduo precisa dele para continuar vivendo. É a única alternativa e ele tem de tomar remédios pela vida inteira ou até que a ciência descubra uma fórmula de manter o rim transplantado sem medicamentos. Para usufruir esse benefício e aqueles que virão com a descoberta de novas drogas com menos efeitos colaterais, o transplantado precisa estar vivo, com o rim funcionando e tomando os remédios de que dispomos no momento.
Drauzio – Quais são os efeitos colaterais mais comuns dessa medicação?
Elias David Neto – Essas drogas diminuem a imunidade como um todo. Portanto, aumentam os casos de infecções e de tumores de pele que obrigam o transplantado a proteger-se do sol mais do que as outras pessoas. Outro efeito colateral importante é a doença aterosclerótica que tem evolução um pouco mais rápida nesses indivíduos.
Drauzio – Nós todos enfrentamos dificuldades com doentes submetidos a tratamentos pelo resto da vida. Os hipertensos constituem um exemplo clássico. Tomam remédio, a pressão baixa para 12/8 e, depois de um tempo nesse patamar, eles decidem que não precisam mais de medicação. Isso acontece também com os transplantados?
Elias David Neto – Acontece, e muito. A não aderência às drogas é responsável por 20% das perdas de enxertos. O indivíduo acha que o rim já está incorporado – “Estou com esse órgão aqui há dez anos” –, para de tomar o remédio e, em um ou dois meses, o rim deixa de funcionar. Por isso, insistimos em que a medicação não seja suspensa sob nenhum pretexto. “Você está bem, porque está tomando remédios. Se parar de tomar, a rejeição agride o órgão transplantado e ele será perdido”.
Abandonar a medicação é, especialmente, muito comum nos adolescentes que requerem atenção redobrada nesse sentido.
Drauzio – Quem foi transplantado pode ter dieta normal, praticar esportes, levar vida normal, enfim?
Elias David Neto – Existem olimpíadas com todas as modalidades de esportes –corrida, basquete, futebol, vôlei, maratona, etc. – para transplantados. Para ter uma ideia da recuperação, o vice-campeão mundial de slalo na neve em recentes jogos de inverno foi um transplantado de fígado. Isso prova que essas pessoas são absolutamente normais. Depois do transplante, voltam a ser o que eram antes. Se eram atletas, voltam a ser atletas; se eram sedentários, provavelmente não mudarão os hábitos de vida.
É preciso encarar o transplante como uma contribuição à saúde. Se a pessoa é operada e extrai a vesícula, sofreu uma agressão. No transplante, porém, recebe o órgão que lhe fazia falta, não retira nada e isso lhe permite levar vida praticamente normal.
DOAÇÃO DE CADÁVER
Drauzio – Você abordou a doação de órgãos de um parente ou amigo para uma pessoa doente, mas temos também a possibilidade de transplantar rins de cadáveres. Qual é a diferença entre um tipo e outro de doação?
Elias David Neto – Primeiro, vamos definir o que é um cadáver. Cadáver, por exemplo, é o indivíduo que sofreu um acidente ou teve derrame cerebral, está internado na UTI com o coração batendo, respirando através de aparelhos, recebendo nutrição por uma sonda, só que seu cérebro está morto. É como se ele tivesse sido decapitado. Tudo funciona, menos a cabeça.
Segundo a lei brasileira, a morte do cérebro é sinal definitivo de que não há mais vida, mesmo que o coração ainda esteja batendo à custa de aparelhos. Esse é o doador cadáver e é para sua família que se pede a doação de órgãos.
Drauzio – Qual a diferença entre o órgão doado por um vivo e o extraído de um cadáver?
Elias David Neto – Exceto no caso de irmãos em que é possível encontrar um doador absolutamente idêntico, a maioria das pessoas não é idêntica. Isso não tem muita importância, porque as drogas atuais são mais potentes e mais importantes do que as incompatibilidades. É claro que se doador e receptor forem idênticos, o resultado será melhor.
Drauzio – Quais as exigências a cumprir para encontrar um órgão compatível com o receptor?
Elias David Neto – A primeira exigência é que tanto o cadáver quanto o doador vivo pertençam ao mesmo grupo sanguíneo (A, B, AB, O) que o receptor. O fator RH não importa. Depois, é feito um teste imunológico. Encontrar o doador mais compatível é mais um critério de distribuição justa do que um critério científico que vai exercer impacto sobre o transplante. Por isso, hoje se leva muito em conta a compatibilidade A, B, O e uma pequena compatibilidade no sistema HLA para selecionar o melhor rim para determinado receptor.
Do ponto de vista da qualidade de órgãos, o doador vivo e o cadáver deveriam ser iguais, mas não são, porque o cadáver sofreu um acidente ou foi operado e ficou dias na UTI e o órgão doado vai para a geladeira por 24 horas, esperando a seleção do receptor. O doador é sofrido, o órgão é sofrido. Isso não acontece com o doador vivo, que vai para a cirurgia com hora marcada e dia certo. Como num casamento, tudo é combinado antes: o dia que os noivos preferem, que a igreja está vaga e o padre, disponível.
Drauzio – Qual é o tempo máximo para transplantar os órgãos do cadáver?
Elias David Neto – Tenta-se transplantar em menos de 24 horas. É preciso dizer que, passado o período inicial em que o rim do cadáver está em piores condições do que o rim do doador vivo, a longo prazo, eles são semelhantes desde que o paciente tome as drogas imunodepressoras e que esteja atento aos cuidados gerais de saúde.
LEGISLAÇÃO BRASILEIRA
Drauzio – Os órgãos de uma pessoa morta, descerebrada, mas com o coração ainda batendo pode ajudar outra pessoa a sobreviver. Como a legislação brasileira se pronuncia nesse sentido?
Elias David Neto – A cidade e o estado de São Paulo são divididos em organizações de procura de órgãos. Cada hospital está sob a responsabilidade de uma dessas organizações que são notificadas quando existe um doador. Aí, uma equipe que nada tem a ver com os transplantadores vai até o local, identifica o doador, constata que ele não é portador de tumores ou infecções que possam contaminar o receptor e se está realmente em morte cerebral. Só então a família é procurada para autorizar a remoção dos órgãos.
Dessa autorização, que deve ser dada por escrito por um parente do doador (existe um grau de parentesco a ser respeitado), consta a relação dos órgãos que podem ser doados. Por exemplo: se a família quiser que só a córnea seja doada, só ela será removida. No entanto, se quiser, pode doar além da córnea, rins, coração, pâncreas, artérias, ossos, etc. Os órgãos permanecem no hospital e o corpo é devolvido à família para o sepultamento. Nesse ínterim, a Secretaria de Saúde recebe amostra de sangue do doador e inicia o processo de seleção do receptor.
CRITÉRIO DE SELEÇÃO
Drauzio – Qual é o critério para a seleção do doador?
Elias David Neto – O critério é a ordem de inscrição numa fila única de possíveis receptores no Estado de São Paulo. Os órgãos são encaminhados para as equipes transplantadoras a fim de serem transplantados no receptor que a Secretaria de Saúde determinou. Não pode ser em outro. Se ele estiver gripado, por exemplo, comunica-se o fato e a Secretaria chama o segundo da fila e assim sucessivamente. O processo de seleção é extremamente transparente.
Drauzio – Essa estrutura se repete em todos os estados da federação?
Elias David Neto – Não. Ela existe em São Paulo, porque o estado tem trinta e seis milhões de habitantes, na verdade, população e tamanho maior do que muitos países. Nos outros estados, não existem tantas equipes transplantadoras,.A seleção é um pouco mais fácil, mas os critérios são os mesmos, porque a legislação brasileira é regida pelo Sistema Nacional de Transplantes que coordena o serviço em todos os estados da federação.
À medida, porém, que os outros estados crescem, seja em número de equipes transplantadoras, seja em população, vão sendo criadas organizações para a doação de órgãos seguindo o modelo paulista que é altamente sofisticado.
Drauzio – Pode acontecer de um órgão que sobrou em São Paulo ser utilizado em outro estado?
Elias David Neto – Pode, mas em geral é o contrário que acontece, porque São Paulo tem muitas equipes transplantadoras e muitos receptores à espera de transplante. Pode acontecer que um coração removido no Nordeste não tenha receptor compatível naquela região e seja enviado para ser transplantado em São Paulo. As equipes centrais de transplante se comunicam com muita eficiência e decidem com presteza o destino que será dado ao órgão.
TRÁFICO DE ÓRGÃOS
Drauzio – Algumas vezes, os jornais veiculam notícias sobre o tráfico de órgãos. Isso de fato acontece?
Elias David Neto – O governo americano comandou uma investigação em vários países do mundo para averiguar casos de rapto de crianças e adultos para a remoção de órgãos que culminou num documento chamado “Rapto de Crianças para Transplante – Uma Lenda Urbana Moderna”.
Nesse documento, o investigador do FBI relata que a mesma história é repetida igualzinho em todos os países. Alguns jornalistas sequer mudam o nome das personagens. O João brasileiro é o John americano e o Juan espanhol; a Maria do Brasil é a Mary dos Estados Unidos e a Marie da França. O rapto de pessoas para extrair seus órgãos é a lenda urbana moderna.
Denúncias sem comprovação sobre o trafico de órgãos geram desconfiança na população e espalham o medo de que o sistema não funcione. O Sistema de Transplante Brasileiro é transparente e um dos mais confiáveis do mundo. Nunca houve em nenhuma delegacia do País relato, notificação ou registro de alguém que tivesse sido raptado e devolvido depois sem um órgão.
Fala-se muito em tráfico de órgãos. Isso não existe, como não existe a possibilidade de furar o sistema de lista única. Desafio um jornalista investigativo a demonstrar que pode furá-la. Desafio-o também a tornar público o resultado de sua investigação, qualquer que seja ele. Por certo, isso incentivaria e muito a doação de órgãos.
Drauzio – Há uma CPI em andamento sobre o tráfico de órgãos no Brasil.
Elias David Neto – No Brasil, está instalada uma CPI sobre o tráfico de órgãos que na verdade investiga o tráfico de pessoas. Se alguém sai do País para doar um órgão em outro lugar em troca de vantagens não é responsabilidade do Sistema Nacional de Transplante. Foi uma decisão individual e particular, embora faça parte do tráfico que corrompe as pessoas.
Minha esperança é que essa CPI investigue fundo e, se a conclusão for que não há tráfico de órgãos, a imprensa seja convocada para divulgar os resultados, porque assim estará contribuindo positivamente para a transplantação brasileira de órgãos .
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