sábado, 7 de maio de 2016

ASPECTO DA FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA

ASPECTO DA FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA

Aspectos da Filosofia Contemporânea
Consideramos como contemporânea a filosofia que se estende, dentro da imprecisão cronológica própria das produções culturais, ao longo da segunda metade do século XIX e da primeira metade do século XX. A filosofia contemporânea, nas suas linhas mais fundamentais e características, só pode ser adequadamente compreendida em relação com a obra de Hegel. Com efeito, a filosofia contemporânea constitui em grande medida uma reacção contra o sistema hegeliano, ao mesmo tempo que retoma poucas das suas análises e interrogações.A mais notável e radical reacção contra o sistema de Hegel é feita por Marx, pelo marxismo. O marxismo, entroncado originalmente na esquerda hegeliana, distingue e separa o sistema hegeliano (idealista) do método dialéctico. Aceitando e transformando este último, a filosofia marxista “inverte” o sistema de Hegel, propondo uma visão dialéctica-materialista da consciência, da sociedade e da história.Outra reação contra o hegelianismo – reação estreitamente vinculada à situação econômica, social e intelectual resultante da revolução industrial – é representada pelo positivismo, especialmente o de Comte. Neste caso, reage-se contra o “racionalismo” hegeliano naquilo que possa ter de menosprezo da experiência, com a pretensão de instaurar um saber positivo, capaz de fundamentar uma organização político-social nova. Como MarxComte conserva, no entanto, embora transformando-o, um momento importante do hegelianismo: a ideia de “espírito objectivo”.

Por que no inicio do século XX desapareceu o otimismo com relação ás ciências e as técnicas?
Ao final do século XIX, a filosofia se entusiasma com as ciências e técnicas (Segunda revolução industrial) passando a acreditar totalmente no saber cientifico e na tecnologia para controlar a Natureza, a sociedade e os indivíduos.
Com alguns fatos históricos ocorridos no inicio do século XX como, por exemplo: as duas guerras mundiais, o bombardeio de Hiroshima e Nagasaki, os campos de concentração nazistas, as guerras da Coréia, Vietnã, Oriente Médio, do Afeganistão, as invasões comunistas da Hungria e da Tchecoslováquia, as ditaduras sangrentas da América Latina, a devastação de mares, florestas e terras, a poluição do ar, os perigos cancerígenos de alimentos e remédios, o aumento de distúrbios e sofrimentos mentais, entre outros acontecimentos, os filósofos que acreditavam que o otimismo é designado pelo fato de se pensar que, na vida, tudo acaba por se resolver, porque tudo é regulado por uma lei que guia para o melhor e não para o pior, começam a desacreditar que as ciências e as técnicas descobertas pelos homens já não erão mais para o seu próprio bem, e sim para destruição dele.
Surge então a formação da Teoria Critica, na qual distingue duas formas da razão: a razão instrumental, na qual a ciência e as técnicas são meios de intimidação, terror, medo e desespero para o ser humano e a razão critica, que afirma que as mudanças sócias, políticas e culturais só serão realizadas com a intenção de emancipação do gênero humano e não para domínio técnico-científico.
Como os filósofos do século XX concebem a cultura?
No século XIX alguns filósofos acreditam em uma Cultura universal (criação coletiva de idéias, símbolos e valores pelos quais uma sociedade define para si mesma) em desenvolvimento, na qual as diferentes culturas seriam fases ou etapas, e os adeptos da Filosofia Romântica acreditavam que a cultura era nacional e era preciso conhecer o espírito da nação, conhecendo suas origens e raízes, porque a cultura se encontra no passado e não no futuro.
Na Filosofia do século XX, afirmando que a historia é descontinua já não existe essa idéia de cultura única e sim de várias culturas, e que elas não são desenvolvidas de acordo com a nação, porque a idéia de nação é um conceito cultural.
Para esses Filósofos, cada cultura tem seu modo de se relacionar, de linguagem, de elaboração dos mitos e crenças, de organizar o trabalho entre outras. A cultura de cada povo é influencias por aspectos geográficos, históricos e políticos.
Sendo assim os filósofos são a favor da idéia de que a cultura pode se modificar à medida que ela entra em contato com outras culturas tomando algumas características das mesmas.
Por que a descoberta da ideologia, por Marx e a do inconsciente por Freud, questionam o otimismo nacionalista do século XX?
No século XIX, a filosofia afirma que o otimismo filosófico poderia levar ao homem a sua certeza absoluta e que a razão seria desenvolvida para que o conhecimento completo da realidade e das ações humanas fossem atingidos.
Já no século XX Marx questiona essa razão citada pelos filósofos do século anterior. Marx voltado pra política e para a economia descobre que o homem não é tão livre quanto imagina ser.“O indivíduo é o ser social: O homem, isto é o mundo do homem: Estado, sociedade”.Essa natureza social constitui para Marx o ponto de partida. Marx descobre que o homem tem uma ilusão de ter controle sobre a sua consciência, sendo assim ele é capaz de agir e pensar do modo que ele quer, porém o homem desconhece uma força, que é denominada de ideologia, na qual o homem age de acordo com o social, sendo ela responsável por agirmos do modo que agimos e pensarmos do modo que pensamos. Assim deve-se entender a frase: “Não é a consciência do homem que determina seu ser, mas é seu ser social que determina sua consciência”.
Freud por sua vez afirma que os seres humanos têm a ilusão de que tudo que dizem, sentem, pensem, faze, desejem estaria sob o controle da sua consciência porque assim como Marx diz Freud também afirma que o homem desconhece o poder de uma força que controla essas atitudes. Porém ao contrário de Marx, Freud da o nome dessa força de psíquico-social e ele ainda diz que ela atua sobre a nossa consciência sem que ela o saiba. A esse poder que domina a nossa consciência Freud deu o nome de inconsciente.
Diante dessas duas descobertas, a Filosofia se viu forçada a reabrir a discussão sobre o que é e o que pode a razão, sobre o que é e o que pode a consciência reflexiva ou o sujeito do conhecimento, sobre o que são e o que podem as aparências e as ilusões.
Apresente alguns exemplos do interesse pelo finito ou pela finitude nas filosofias do século XX.
No século XIX a filosofia seguia uma tradição de pensamento cristão, no qual a idéia do infinito era a mais aceita, isto é achavam que a natureza era eterna (dos cristãos) e que Deus também era eterno (dos Gregos). Prevalecia ainda a idéia de totalidade.
Entretanto no século XX a filosofia começa a se interessar pela idéia de Finito, isto é ao que surge e desaparece ao que tem fronteira e limites. Esse interesse pelo finito aparece em algumas correntes filosóficas como, por exemplo:
Existencialismo: O existencialismo é um movimento filosófico unilateral, que coloca a ênfase no individual, no próprio, a experiência do indivíduo e na singularidade dele como a única realidade. Define o homem como “um ser para a morte”, ou seja, é aquele ser que sabe que termina e que por isso precisa encontrar em si mesmo o sentindo de sua existência. “O homem é condenado a ser livre”. Frente a essa liberdade, o ser humano se angustia porque a liberdade implica em escolha, que só o próprio indivíduo pode fazer.Muitos de nós paralisamos e, assim, achamos que não fomos obrigados a escolher. Mas a “não ação”, por si só, já é uma escolha. A escolha de adiar a existência, adiando os riscos para não errar e gerar culpa, é uma tônica na sociedade contemporânea. Arriscar-se, procurar a autenticidade, é uma tarefa árdua, uma jornada pessoal que o ser deve empreender em busca de si mesmo.
Filosofia da diferença: É a filosofia que se interessa menos pelas semelhanças e identidades e muito mais pela singularidade e particularidade. Inspirando-se nos trabalhos dos antropólogos, interessa-se pela diversidade, pluralidade, singularidade das diferentes culturas, em lugar de voltar-se para a idéia de uma cultura universal, que foi, no século XIX, uma das imagens do infinito, isto é, de uma totalidade que conteria dentro de si, como suas partes ou seus momentos, as diferentes culturas singulares.
Filosofia buscando outros meios: A  Filosofia, em vez de buscar uma ciência universal que conteria dentro de si todas as ciências particulares, interessa-se pela multiplicidade e pela diferença entre as ciências, pelos limites de cada uma delas e, sobretudo por seus impasses e problemas insolúveis.
O que definia a modernidade no campo do conhecimento?
A Filosofia por existir a muito tempo, por ter uma história longa e por passar por vários períodos diferentes, vários temas, disciplina, campos de investigação filosóficos surgiram e desapareceram.
Antigamente a filosofia era representada como uma grande árvore frondosa, cujas raízes eram a metafísica e a teologia, cujo tronco era a lógica, cujos ramos principais eram a filosofia da Natureza, a ética e a política e cujos galhos extremos eram as técnicas, as artes e as invenções. A Filosofia vista como uma totalidade orgânica ou viva, era chamada de “rainha das ciências”. Isso desapareceu com o passar do tempo.
Pouco a pouco, as várias ciências particulares que antes era “dependente da filosofia” foram definindo seus objetivos, seus métodos e seus resultados próprios, e se desligaram da grande árvore. Cada ciência, ao se desligar, levou consigo os conhecimentos práticos ou aplicados de seu campo de investigação, isto é, as artes e as técnicas a ele ligadas. As últimas ciências a aparecer e a se desligar da árvore da Filosofia foram as ciências humanas (psicologia, sociologia, antropologia, história, lingüística, geografia, etc.). Outros campos de conhecimento e de ação abriram-se para a Filosofia, mas a idéia de uma totalidade de saberes que conteria em si todos os conhecimentos nunca mais reapareceu.
A Filosofia tornou-se uma teoria do conhecimento, ou uma teoria sobre a capacidade e a possibilidade humana de conhecer, e uma ética, ou estudo das condições de possibilidade da ação moral enquanto realizada por liberdade e por dever. Com isso, a Filosofia deixava de ser conhecimento do mundo em si e tornava-se apenas conhecimento do homem enquanto ser racional e moral, ou seja, começa a entrar em ação o “conheça-ti a ti mesmo”.
Quais as principais criticas pós-modernas á modernidade?
No final do século XX, um movimento filosófico, conhecido como desconstrutivismo ou pós-modernismo, vem ganhando preponderância. Seu alvo principal é a crítica de todos os conceitos e valores que, até hoje, sustentaram a Filosofia e o pensamento dito ocidental: razão, poder, sujeito, objeto, História, espaço, tempo, liberdade, necessidade, acaso, Natureza, homem, etc.
Pós-Modernidade nasce no processo de contestação das verdades dogmáticas na segunda metade do século XX. A Modernidade que surgi no final do século XIX e inicio do século XX é agora criticada em seus pilares fundamentais, como a crença na Verdade, alcançável pela Razão, e na linearidade histórica rumo ao progresso. Para substituir estes dogmas, são propostos novos valores, menos fechados e categorizantes. Uma vez adotados, eles serviriam de base para o período que se tenta anunciar no pensamento, na ciência e na tecnologia, de superação da Modernidade.
O que é Metafísica, depois de Kant?
Desde o final do século XVIII, o filósofo alemão Immanuel Kant, passou a considerar que a Filosofia, durante todos os séculos anteriores, tivera uma pretensão irrealizável. Esta pretensão seria a de que nossa razão pode conhecer as coisas tais como são em mesmas. Esse conhecimento da realidade em si, dos primeiros princípios e das primeiras causas de todas as coisas chama-se metafísica.
Para Kant, Metafísica é a filosofia baseada em princípios que não são revelados pela a experiência, mas pela própria razão, ou seja, princípios a priori, quer dizer, independentes da experiência, e por isto necessários e universais (pois não podem ser provados falsos pela experiência).
Kant negou que a razão humana tivesse tal poder de conhecimento e afirmou que só conhecemos as coisas tais como são organizadas pela estrutura interna e universal de nossa razão, mas nunca saberemos se tal organização corresponde ou não à organização em si da própria realidade. Deixando de ser metafísica, a Filosofia se tornou o conhecimento das condições de possibilidade do conhecimento verdadeiro enquanto conhecimento possível para os seres humanos racionais.
Metafísica é, para Kant, nesta acepção, a filosofia baseada em princípios que não são revelados pela a experiência, mas pela própria razão, ou seja, princípios a priori, quer dizer, independentes da experiência, e por isto necessários e universais (pois não podem ser provados falsos pela experiência).
Por que, com o positivismo de Augusto Comte, a filosofia se reduz a epistemologia?
Na elaboração da filosofia positiva, o primeiro passo de Comte, foi a classificação das ciências que, segundo ele, já haviam alcançado a positividade. São elas: a matemática, a astronomia, a física, a química, a biologia e a sociologia, (esta última que estava sendo formulada por Comte). Mais tarde, Comte acrescentou a moral. Esta série não representava todo conhecimento humano, mas sim todas as ciências puras. A ordenação e a classificação das ciências era o objetivo básico da filosofia positiva.
A epistemologia, também chamada teoria do conhecimento, é o ramo da filosofia interessado na investigação da natureza, fontes e validade do conhecimento. Estuda o conhecimento, teoriza sobre a própria ciência e de como seria possível a apreensão deste conhecimento.
Desde meados do século XIX, como conseqüência da filosofia de Augusto Comte – chamada de positivismo-, foi feita uma separação entre Filosofia e ciências positivas (matemática, física, química, biologia, astronomia, sociologia). As ciências, dizia Comte, estudam a realidade natural, social, psicológica e moral e são propriamente o conhecimento. Para ele, a Filosofia seria apenas reflexão sobre o significado do trabalho científico, isto é, uma análise e uma interpretação dos procedimentos ou das metodologias usadas pelas ciências e uma avaliação dos resultados científicos. A Filosofia tornou-se, assim, uma teoria das ciências ou epistemologia.
Como se caracteriza o pensamento pós-moderno?
As várias ciências particulares foram definindo seus objetivos, seus métodos e seus resultados próprios, e tornaram-se dependente da filosofia. Cada ciência, ao se desligar, levou consigo os conhecimentos práticos ou aplicados de seu campo de investigação, isto é, as artes e as técnicas a ele ligadas.
Desde a Segunda Guerra Mundial, com o fenômeno do totalitarismo – fascismo, nazismo, stalinismo -, com as guerras de libertação nacional contra os impérios coloniais e as revoluções socialistas em vários países; desde os anos 60, com as lutas contra ditaduras e com os movimentos por direitos (negros, índios, mulheres, idosos, homossexuais, loucos, crianças, os excluídos econômica e politicamente); e desde os anos 70, com a luta pela democracia em países submetidos a regimes autoritários, um grande interesse pela filosofia política ressurgiu e, com ele, as críticas de ideologias e uma nova discussão sobre as relações entre a ética e a política, além das discussões em torno da filosofia da História.
Quais os campos próprios da investigação filosófica?
Os campos próprios em que se desenvolve a reflexão filosófica nestes vinte e cinco séculos são:
Ontologia ou metafísica: que é o conhecimento dos princípios e fundamentos últimos de toda a realidade, de todos os seres;
Lógica: conhecimento das formas gerais e regras gerais do pensamento correto e verdadeiro, independentemente dos conteúdos pensados; regras para pensamentos não-científicos; regras sobre o modo de expor os conhecimentos; regras para verificação da verdade ou falsidade de um pensamento, etc.;
Epistemologia: análise crítica das ciências, tanto as ciências exatas ou matemáticas, quanto as naturais e as humanas; avaliação dos métodos e dos resultados das ciências; compatibilidades e incompatibilidades entre as ciências; formas de relações entre as ciências, etc.;
Teoria do conhecimento ou estudo das diferentes modalidades de conhecimento humano: o conhecimento sensorial ou sensação e percepção; a memória e a imaginação; o conhecimento intelectual; a idéia de verdade e falsidade; a idéia de ilusão e realidade; formas de conhecer o espaço e o tempo; formas de conhecer relações; conhecimento ingênuo e conhecimento científico; diferença entre conhecimento científico e filosófico, etc;
Ética: estudo dos valores morais (as virtudes), da relação entre vontade e paixão, vontade e razão; finalidades e valores da ação moral; idéias de liberdade, responsabilidade, dever, obrigação, etc.;
Filosofia política: estudo sobre a natureza do poder e da autoridade; idéias de direito, lei, justiça, dominação, violência; formas dos regimes políticos e suas fundamentações; nascimento e formas do Estado; idéias autoritárias, conservadoras, revolucionárias e libertárias; teorias da revolução e da reforma; análise e crítica das ideologias;
Filosofia da História: estudo sobre a dimensão temporal da existência humana como existência sócio-política e cultural; teorias do progresso, da evolução e teorias da descontinuidade histórica; significado das diferenças culturais e históricas, suas razões e conseqüências;
Filosofia da arte ou estética: estudo das formas de arte, do trabalho artístico; idéia de obra de arte e de criação; relação entre matéria e forma nas artes; relação entre arte e sociedade, arte e política, arte e ética;
Filosofia da linguagem: a linguagem como manifestação da humanidade do homem; signos, significações; a comunicação; passagem da linguagem oral à escrita, da linguagem cotidiana à filosofia, à literária, à científica; diferentes formas de expressão e de comunicação;
História da Filosofia: estudo dos diferentes períodos da Filosofia; de grupos de filósofos segundo os temas e problemas que abordam; de relações entre o pensamento filosófico e as condições econômicas, políticas, sociais e culturais de uma sociedade; mudanças ou transformações de conceitos filosóficos em diferentes épocas; mudanças na concepção do que seja a Filosofia e de seu papel ou finalidade.
Autor: Juliana Pimenta Ruas El Aouar

Como fechar as portas de casa para a droga



Pesquisa feita em escolas da Capital revela que os pais estão falhando no diálogo com os filhos.
Um levantamento com 1,8 mil estudantes dos ensinos Fundamental e Médio de Porto Alegre indica que os pais estão deixando uma porta aberta para a entrada das drogas em suas casas. O recado enviado por crianças e adolescentes é de que estão faltando informações e monitoramento adequado por parte das famílias a fim de aumentar a prevenção contra o uso de tóxicos.
Apresentada ontem pela Brigada Militar, a pesquisa demonstra que amigos e colegas são a principal fonte de informação dos alunos sobre drogas, embora a maioria diga esperar que os pais cumpram esse papel. A periodicidade com que os responsáveis abordam o tema também deixa a desejar. Parte dos estudantes de 12 escolas públicas e privadas entrevistados (42%) afirma que seus pais somente os procuram para falar quando o assunto aparece nos meios de comunicação. Outro dado preocupante é que 11% deles, com idades entre 13 e 18 anos, disseram jamais ter conversado sobre drogas em família.
– Mais da metade diz que quer aprender com os pais, mas acaba aprendendo com os amigos. Os dados mostram que os vínculos com os pais não estão acontecendo – interpreta o autor do levantamento, major da BM Alexandre Thomaz, chefe do gabinete regional da polícia cidadã do Comando de Policiamento da Capital.
Como resultado da falta de diálogo, as informações dos jovens sobre os efeitos de substâncias nocivas são poucas. Apenas 53% deles afirmaram conhecer o suficiente sobre drogas, mas, ao final das palestras oferecidas pela BM nas escolas incluídas no levantamento (os nomes são preservados pela corporação), 98% admitiram ter recebido informações novas. Para Thomaz, isso indica que o nível de conscientização é precário.
Para o psicólogo Lucas Neiva-Silva, que trabalha com crianças e adolescentes em situação de risco, o diálogo familiar é um fator de prevenção fundamental. O problema é que seguidamente os próprios pais não sabem o suficiente para transmitir aos filhos.
– A maioria dos pais não entende o processo pelo qual a droga mata ou faz mal. O discurso fica resumido a poucas frases que se repetem. Isso não funciona – diz o especialista.
Outro dado comportamental considerado preocupante é que muitas famílias não conhecem bem os amigos dos filhos, sejam da rua ou de meios eletrônicos como a internet. Segundo pesquisas sobre drogadição, a influência de más companhias é fator determinante para crianças e adolescentes decidirem experimentar substâncias proibidas.
:: ATENÇÃO AO USO DE REMÉDIOS DURANTE A INFÂNCIA
A prevenção ao abuso de drogas, tanto lícitas quanto ilícitas, deve começar ainda na primeira infância. Uma das formas é agir responsavelmente ao ministrar remédios para os filhos. Os especialistas recomendam que os pais evitem chamar medicamentos de “sucos” ou “balas” a fim de facilitar seu consumo. Isso pode sugerir uma falsa relação entre substâncias que devem ser tomadas apenas ocasionalmente e sob supervisão médica com produtos alimentícios. Assim, os responsáveis também ajudam a despertar na criança o conceito de que a vida não é feita apenas de bons momentos.
:: AJUSTE O DISCURSO CONFORME A IDADE DA CRIANÇA
Os pais não podem orientar os filhos sobre o risco das drogas da mesma maneira ao longo da infância e da adolescência. Essas explicações podem começar em qualquer idade, conforme a criança demonstre capacidade de compreensão do assunto. Daí até os oito, nove anos, pode-se adotar uma abordagem mais imperativa – dizer que a criança não pode tomar bebida alcoólica porque não é apropriado para sua idade, por exemplo. Depois dessa faixa etária, porém, ganha importância o caráter explicativo. Os pais precisam estar preparados para dar pormenores dos danos causados pelo uso de determinadas drogas e que justificam sua proibição.
:: EVITE ADOTAR SLOGANS: INFORME-SE ANTES DE CONVERSARUma das abordagens mais comuns – e menos eficazes – utilizadas por pais e responsáveis de crianças ou adolescentes é sustentar seu discurso antidrogas em slogans como “droga mata” ou “droga faz mal”. Com o passar do tempo, a repetição acaba desgastando a expressão, e ela perde o sentido para o filho. A melhor maneira de evitar isso é se informando com maior profundidade sobre como essas substâncias agem no organismo e que tipo específico de prejuízo trazem.
– Uma boa dica, quando sai uma reportagem no jornal, por exemplo, é chamar o filho para ler e aprender junto. Deixar de repetir o simples discurso do medo – ensina o psicólogo Lucas Neiva-Silva.
:: PERMANEÇA ATENTO AO GRUPO DE AMIGOS DO SEU FILHO
Um dos maiores fatores de risco ao uso de drogas na infância e na adolescência é o que os especialistas chamam de “influência dos pares”, isto é, o grupo de amigos mais próximos. Por isso, além de orientar os filhos sobre os riscos da drogadição, os responsáveis devem acompanhar de perto quem são os amigos deles. Saber os locais que os jovens frequentam também é importante fator de prevenção. Para administrar o grupo de amigos, os pais não devem ter medo de estabelecer regras e impor castigos quando forem descumpridas – sempre explicando ao jovem que suas ações provocam consequências

:: ESTIMULE SEU FILHO A ORIENTAR OS COLEGAS SOBRE AS DROGASUma das maiores dificuldades dos pais é driblar uma eventual resistência dos adolescentes às orientações “caretas” sobre drogas. Uma dica é utilizar uma estratégia chamada “par a par” (do inglês peer to peer), isto é, educar o filho para que ele possa educar os seus amigos e colegas. Um exemplo desse tipo de abordagem é: “Tu deves ter algum conhecido que está entrando no mundo das drogas. Quem sabe tu não dá uns toques para ele, quem sabe ele não te ouve?”. Com esse tipo de enfoque, o jovem se sente valorizado, em vez de vigiado.
Fonte: Psicólogo Lucas Neiva-Silva
Fonte:Donna DC/ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)

Crise de abstinência pode mesmo levar à morte, dizem especialistas


Jornal do Brasil


Recentemente, os pais de Amy Winehouse declararam que suspeitavam que a cantora havia morrido durante uma forte crise de abstinência, por ter interrompido muito bruscamente o uso do álcool.

O método supostamente usado pela cantora é correto, pois, para quem procura se curar de um vício, o corte deve ser total. A suspeita dos pais, confirmada pelo médico de Amy, também. Infelizmente, uma intensa crise de abstinência pode levar à morte, mas apenas se a pessoa não estiver tendo um acompanhamento médico. Neste caso, essas consequências mais graves, podendo chegar ao desfalecimento, podem ser evitadas.


A intensidade de uma crise de abstinência depende de algumas variáveis, como a droga em que o usuário é viciado, o tempo de vício e o estado físico da pessoa. Os sintomas e as sensações sentidas durante o processo, que leva em média uma semana, também dependem do tipo de droga. Em geral, a abstinência provoca uma reação inversa ao uso da droga, segundo explica o coordenador da área técnica de Saúde Mental da Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro, Marcos de Miranda Gago.

“Existem drogas sedativas e drogas estimulantes. Na ausência de drogas depressivas, a pessoa fica mais acelerada, agitada, com insônia, taquicardia. O inverso acontece quando a pessoa é viciada em drogas estimulantes, como moderadores de apetite. Quando o uso é interrompido, a pessoa fica deprimida. Mas isso fica muito complexo porque as pessoas, normalmente, usam polissubstâncias”, esclarece o psiquiatra.

Esse período da reabilitação pode ser extremamente agressivo, no qual o usuário apresenta um quadro típico de uma doença grave, com queda do estado geral e aparência de doente. Sintomas como confusão mental, dores fortes, alterações graves do pensamento, dificuldades de percepção, sensação de perseguição, entre outras coisas aparecem com frequência. Pela alta gravidade da situação, é imprescindível que o viciado esteja sendo acompanhado por uma equipe médica, tanto para não sanar a grande vontade de usar a droga quanto para não cometer atos extremos, como o suicídio.

“Essas reações físicas e psíquicas são causadas pela interrupção do uso da droga. A abstinência por si só até pode matar, mas normalmente isso ocorre em pessoas mais idosas ou com quem tem outras patologias clínicas, como doenças cardíacas. As drogas devem ser interrompidas, sem redução, e existem medicamentos para mitigar a crise”, diz Marcos, que afirma que a sensação de abstinência acontece nos mais diversos níveis, como uma ressaca depois de uma bebedeira.

O psiquiatra Jorge Jaber explica a razão de alguns usuários sem observação médica chegarem à morte durante esta fase.

“Se você retirar abruptamente o álcool da pessoa ela pode chegar a um quadro gravíssimo que leva à morte. Isso porque as funções vitais de um organismo funcionam através de transmissões por vias nervosas e, para que isso aconteça, precisa-se de neurotransmissores. As drogas alteram a produção e a absorção dos neurotransmissores e o álcool acaba substituindo-os, o que leva a uma falência quando a substância não está mais no organismo”, diz.

Ele lembra que, na época em que ainda fazia residência, o professor normalmente mandava os alunos darem algumas gotinhas de álcool aos pacientes que apresentavam um quadro de abstinência alcoólica.

“A gente comprava uma garrafa de cachaça e ia dando em colherzinha, e a crise passava. Mas hoje em dia existe medicação que faz a pessoa se libertar do risco de desenvolver uma crise de abstinência grave”, garante.

Algumas famílias, no desespero das circunstâncias, acabam tomando decisões sem pensar, como trancar o viciado em um quarto, para que ele não possa usar nem comprar a droga. Isso porque, quando o dependente está descontrolado, esse sentimento acaba contagiando os demais membros de sua família. Esta atitude é compreensiva, mas não é indicada. O ideal é que a família do viciado procure ajuda profissional, pois ela não está preparada para enfrentar um processo de reabilitação sozinha. Jorge Jaber oferece um serviço gratuito de alta qualidade na Câmara Comunitária da Barra da Tijuca. Mesmo na primeira ligação (o telefone para conta é (21) 3325-2323) a pessoa começa a ser atendida por um profissional, que já pode começar a ajudar quem está do outro lado da linha.

A reabilitação na saúde pública

No Brasil, a Política de Saúde Mental adotou, a partir de 2003, um modelo de atenção integral aos pacientes, estruturada nos princípios da Reforma Psiquiátrica, que mudou o foco da hospitalização como única possibilidade de tratamento aos dependentes químicos. Por isso, o Ministério da Saúde, além de ampliar o acesso à assistência hospitalar, introduziu medidas complementares de tratamento para dependentes químicos.

Para assistir aos dependentes estão os Centros de Atenção Psicossocial (CAPs), as Equipes de Saúde da Família, os Consultórios de Rua e as Casas de Acolhimento Transitório (CATs), todos aliados à terapia ocupacional e, para casos necessários, o tratamento medicamentoso e a internação. Essas possibilidades estão incorporadas no Sistema Único de Saúde (SUS).

Depoimento de um ex-viciado

Antônio Tomé tem hoje 58 anos e vive uma vida saudável como conselheiro em uma clínica para dependentes químicos. Mas a harmonia e a tranquilidade só fazem parte da vida de Tomé, como é chamado, há pouco mais de dez anos (dez anos, dois meses e 20 dias, como ele bem lembra). Antes disso, ele foi viciado em "todo tipo de droga", mas as mais presentes eram a cocaína, o álcool e a maconha. Ele conta ao JB como foi seu processo de reabilitação e o que o motivou a ter sucesso depois de 19 internações.

Com quantos anos você começou a usar drogas?

Comecei a beber com 11 anos, a fumar maconha com 13 e a usar cocaína com 17 anos. Fui dependente por 35 anos, mas já estou sóbrio há dez anos, dois meses e 20 dias.

Por que você conta cada dia?

Faço parte da irmandade de narcóticos anônimos, e nós temos esta cultura de contar os dias limpos. Começa pelo primeiro dia, que é o mais importante, embora eu diga que estou limpo só por hoje. Vivemos um dia de cada vez.

Quantas vezes você foi internado?

Tive 19 internações. Sempre fui um paciente muito rebelde, resistente a mudanças, queria parar de usar drogas, mas não queria mudar meus comportamentos. E para se recuperar totalmente, não se pode escolher, tem que mudar totalmente o estilo de vida. Eu já não acreditava mais, não queria mais ser internado. E quando minha família me internava à revelia, ficava com muita raiva, mas depois compreendia que era um ato de amor, que isso salvava minha vida.

E de onde você tirou forças para não desistir na 19ª vez?

Na realidade todas as internações foram importantes, desde a primeira, pois a semente ficou plantada. Tive mais forças para mudar quando entrei em contato com o meu próprio sofrimento. Eu olhava muito para o sofrimento da minha família, o que não é suficiente. Resolvi mudar. Percebi que, já que do meu jeito não dava certo, eu tinha que tentar o jeito que os psiquiatras me aconselhavam. Parei com todos os comportamentos destrutivos e me afastei de todas as amizades que me influenciavam.

Você lembra do que sentia durantes as crises de abstinência?

A crise de abstinência é bastante dolorosa, ela passa do momento da vontade até o ponto da fissura, que é a pior parte. A fissura é uma vontade que parece insuportável. A gente sente que tem que usar ou vai morrer, dá taquicardia, suor. No entanto, aprendi que essa fissura passa em até sete minutos. Em outros momentos, quando me dava essa vontade eu usava a droga e ficava tudo bem.

Qual foi o papel de sua família nesta mudança?

Minha família foi importantíssima. Minha irmã (a atriz Luiza Tomé) foi muito presente, financiou todas as minhas internações. Minha mãe, minha mulher e meus dois filhos foram fundamentais, sempre me deram apoio. Mesmo eu agredindo, humilhando, abandonando a família, eles sempre foram presentes, peças importantes para que minha recuperação desse certo.

Você tem vontade de usar drogas até hoje?

Não. No primeiro ano, nos primeiros meses, de vez em quando dava vontade de usar, mas eu sabia que a vontade ia passar. Há muito tempo não tenho nenhuma vontade de usar nenhum tipo de droga.

E como você chegou a conselheiro em uma clínica?

Eu introduzi um irmão ao mundo das drogas que também não aceitava a recuperação. Ele, infelizmente, acabou morrendo de overdose. E, mesmo com a morte dele, eu não parei, continuei usando. Quando eu entrei em recuperação, era muito criticado, as mães e esposas de muitos amigos meus os proibiam de andar comigo. E, depois que eu me recuperei, comecei a perceber que essas mesmas famílias que me criticavam me ligavam pedindo ajuda, pedindo para eu conversar com a pessoa que enfrentava o vício. Fiz então um curso de conselheiro em dependência química em um a clínica onde trabalho há cinco anos. Faço também um trabalho muito importante sobre tabagismo lá, pois também parei de fumar neste meio tempo.
Fonte:ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)

O Sol Vai Dormir...


Rubem Braga

            POR 
                                                                                                                                                      Rubem Braga (1913-1990)

         foi cronista, correspondente de guerra, apaixonado por passarinhos e mulheres. Foi ainda morador de uma cobertura em Ipanema famosa pelo pomar e pelos amigos que a frequentavam, onde se bebia bem e se conversava melhor ainda. Todas essas facetas estão reunidas na exposição “Rubem Braga — O fazendeiro do ar”, que será aberta neste domingo ao público no Galpão das Artes do Jardim Botânico, depois de ter passado pelo Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, no ano passado.
Com uso de recursos multimídia, a mostra que chega ao Rio tem curadoria do jornalista Joaquim Ferreira dos Santos, colunista do GLOBO, que se apaixonou pelo estilo de Braga quando era adolescente.
— Eu o conheci lendo a “Manchete”, onde ele, Paulo Mendes Campos e Fernando Sabino escreviam. Na época se estudavam coisas muito pesadas de literatura na escola, e eles falavam da cidade, das mulheres, de comportamento, moda. Quando comecei a escrever em jornal, eu os citava muito, eles andavam meio à margem então.
Convidado por Luciana Vellozo Santos e Robson Outeiro, idealizadores da mostra, Joaquim mergulhou nos arquivos do escritor, dividindo-se entre a Casa de Rui Barbosa — onde está a maior parte do acervo, como os cadernos de anotações que produziu como correspondente de guerra —, e a mítica cobertura, onde Roberto Braga, filho único do escritor e hoje morador do local, abriu-lhe as portas.
A partir daí, organizou a mostra em seis módulos: “Retratos”, “Capital secreta do mundo”, “Redação”, “Guerra”, “Passarinhos” e “Cobertura”. “Retratos” recebe o visitante com uma série de imagens de Braga, nas quais, comenta o jornalista, pode-se observar como o cronista teve desde pequeno o semblante taciturno. Em seguida, o módulo sobre Cachoeiro de Itapemirim, cidade natal do autor, tem caixas suspensas que, abertas, revelam textos, documentos e fotos.
As salas “Redação” e “Guerra” são revestidas com reproduções de jornais de época, como o “Correio da Manhã”, o “Diário de Notícias” e o “Diário Carioca” — do qual ele foi correspondente durante a Segunda Guerra. A primeira reúne dez mesas de madeira, com referências às passagens, por exemplo, pela revista “Manchete”. Na exposição, as folhas nas máquinas de escrever são tablets, nos quais o público pode descobrir mais sobre o autor.

Projeção de passarinhos
Em “Guerra”, telefones dos anos 1940, tirados do gancho, revelam gravações de jingles, músicas e notícias de rádio da época. Responsável pelo projeto cenográfico, Felipe Tassari pendurou no teto da sala aviõezinhos de origami, que vão se transformando em passarinhos, tema do módulo seguinte, em que a a exposição ganha mais poesia.
Na instalação “O conde e o passarinho”, título de uma crônica do autor, pássaros voando são projetados na parede. Quando o visitante se aproxima, uma câmera capta e projeta sua imagem, e os passarinhos “pousam” em suas mãos e braços. Já o espaço “Cobertura” reproduz a vista do apartamento, e um vídeo de André Weller exibe depoimentos de amigos como Zuenir Ventura, Ziraldo, Ana Maria Machado e Danuza Leão.
— Ele tinha textos muito politizados, mas não eram panfletários, tinham elegância e leveza que os textos políticos não costumam ter — diz Joaquim, para quem Braga é “o inventor da moderna crônica brasileira”.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/cultura/olhar-multimidia-sobre-rubem-braga-12180338#ixzz480QciOVS 
© 1996 - 2016. Todos direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A. Este material não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído sem autorização. 


A utopia da melhor idade -- Leandro Karnal

"O DESAFIO DA MUDANÇA" ● Leandro Karnal ● Palestra

Public Invisibility: Fernando Braga at TEDxBeloHorizonte

quinta-feira, 5 de maio de 2016

O amor filosófico e o puro prazer

O amor filosófico e o puro prazer


Segundo Platão, o amor é a busca da beleza, da elevação em todos os níveis, o que não exclui a dimensão do corpo. No entanto, será que essa concepção ainda faz sentido em tempos de exagerado culto à coisificação do prazer?


por Marcio Salgado*

Parece estranho e contraditório falar do amor filosófico em uma época desapaixonada, como esta em que vivemos. Na verdade, esta nossa época carece tanto de sentimento quanto de razão, pois ela pretende ser apenas a encarnação de um tempo hedonista, extravagante, dominado pelos sentidos.
Conforme Platão (427 a.C. - 347 a.C.), o amor é a busca da beleza. Embora tenha início da realidade física, deve alcançar a sua forma universal, não permanecendo prisioneiro da matéria. É lugarcomum confundir o amor platônico com o amor não correspondido ou desprovido de interesse sexual. Na realidade, o filósofo não exclui o amor carnal, porém o vê como um primeiro degrau que pode levar a outros mais elevados.
 Agáton
Poeta ateniense, Agáton (447 a.C.- 401 a.C.) aparece em obras de Aristóteles (Anteu), Aristófanes (As Convocadas) e Platão (O Banquete).
As várias faces de Eros revelamse nos discursos que ilustram O Banquete, obraprima da literatura ocidental. O livro narra um encontro em casa do poeta  Agáton, do qual tomam parte Sócrates, Fedro, Alcebíades e outras figuras atenienses. O encontro tem como objetivo comemorar a premiação de uma peça teatral do anfitrião, e os presentes escolheram Eros como tema inspirador dos discursos da noite.
No prólogo do livro, utilizandose de um artifício literário, o narrador esclarece que não tomou parte, propriamente, daqueles acontecimentos, mas ouviu detalhes da sua história em colóquio com outro personagem. Após os convivas concordarem que deviam beber com moderação, pois haviam se excedido na noite anterior, dáse então início aos discursos sobre o amor.
No relato de Pausânias aparecem duas formas de amor, geradas por Afrodite, deusa grega da fecundidade e da beleza. Afrodite tem dupla face, ou, de acordo com os estudiosos da mitologia, são duas Afrodites: a Celestial, filha de Urano; e a Popular, filha de Zeus e Dione.
 Aristófanes
Embora tenhamos poucas informações sobre a vida do dramaturgo Aristófanes (448/447 a.C. - 385-380 a.C.), sabe-se que ele foi um grande mestre da comédia antiga, autor de diversas peças com sátiras políticas e sociais, sendo uma de suas mais conhecidas Assembleia de Mulheres.
 Diotima de Mantineia
Escreve Zygmunt Bauman no livro Amor Líquido: Sobre a Fragilidade dos Laços Humanos (Zahar, 2004, pg. 21): "No Banquete de Platão, a profetisa Diotima de Mantineia ressaltou para Sócrates, com a sincera aprovação deste, que 'o amor não se dirige ao belo, como você pensa: dirige-se à geração e ao nascimento do belo'. (...) Em outras palavras, não é ansiando por coisas prontas, completas e concluídas que o amor encontra seu significado, mas no estímulo a participar da gênese dessas coisas. O amor é, enfim, à transcendência".
 Aristófanes,personagem conhecido entre os atenienses pela sua dramaturgia, defende que o amor é a busca da outra metade que se perdeu por castigo dos deuses. Havia no mundo três tipos de seres humanos: um formado só de duplos elementos masculinos, outro só de duplos femininos e por último um misto de elementos masculino e feminino. Esta era uma figura andrógina. Os seres duplos transgrediram a ordenação dos deuses e foram divididos ao meio. Por isso, o amor é a busca da outra metade que se perdera, o que revela a incompletude humana.
Como acontece em outras narrativas platônicas, Sócrates surge como o personagem que realiza a síntese das ideias e sentimentos do autor. N'O banquete ele inspira-se em  Diotima de Mantineia , sacerdotisa do amor, para ilustrar o seu discurso. Não se sabe ao certo se ela é uma criação de Platão ou personagem da mitologia, mas deste entrelaçamento surgem as mais belas páginas da literatura grega.
Eros é aí descrito como um daimon, intermediário entre os homens e as coisas divinas. "Ao gênio cabe interpretar e transmitir aos deuses o que vem dos homens, e aos homens o que vem dos deuses; de uns, as súplicas e os sacrifícios, e dos outros as ordens e as recompensas pelos sacrifícios; e como está no meio de ambos, ele os completa, de modo que o todo fica ligado todo ele a si mesmo. (...) E esses gênios, é certo, são muitos e diversos, e um deles é justamente o Amor."
RUMO AO AMOR ESSENCIAL
Na escalada rumo ao amor essencial, outros estágios se fazem necessários. Do amor às formas físicas belas à própria beleza, independente da forma. Há ainda o amor ao conhecimento e às boas práticas, o que pode ser interpretado como uma adesão aos princípios éticos. A sacerdotisa Diotima associa o amor à imortalidade e afirma, no diálogo com Sócrates, que o amor é o "desejo de procriação no belo".
Apesar da visão fulgurante contida nessa narrativa, o idealismo platônico deprecia o corpo e o mundo real. Ele concebe os seres humanos como se estes fossem anjos caídos em um mundo degradado.
A dívida da Filosofia para com Sócrates/ Platão é enorme. Para Sócrates, especialmente, o diálogo levava ao conhecimento da verdade. Ele contava com um método próprio para analisar os variados assuntos que lhe eram apresentados: adialética (arte do diálogo), que se juntava a outro artifício intelectual criado por ele, amaiêutica (parto das ideias).

Adriana Pinto - Love of My Life!...