sábado, 23 de novembro de 2019

Válvula mecânica ou biológica: qual a mais adequada?


A opção entre válvula mecânica ou biológica é um dos principais questionamentos das pessoas que recebem a indicação de uma cirurgia cardíaca para troca de válvula do coração. Neste post, vamos abordar alguns critérios que são analisados no momento da escolha. A decisão deve ser amplamente conversada com o Cardiologista Clínico e o Cirurgião Cardiovascular, que terão condições de avaliar cada caso em particular.

Qual é melhor: válvula mecânica ou biológica?

Podemos dizer que, se existem dois tipos de próteses valvares para se escolher, é porque cada tipo atende a uma necessidade em especial. Não há um tipo de válvula melhor ou pior. Há o que se adequa melhor ao estilo de vida e às condições clínicas de cada pessoa. Assim, devemos pensar em optar pela válvula cardíaca que irá atender às características pessoais a longo prazo. Essa decisão não é exclusiva do médico. A escolha da prótese valvar depende do hábito de vida do paciente e, até mesmo, de sua disciplina.
A grande diferença entre as próteses de válvula mecânica ou biológica está no tipo de material com a qual são feitas. As válvulas mecânicas são feitas de metal. Enquanto que as válvulas biológicas, na maioria das vezes, são de tecido de porco ou de boi. Quando se fala isso, a primeira reação é se perguntar sobre o risco de rejeição da prótese. Porém, o tecido utilizado é inerte, eliminando o risco de rejeição.

Prós e Contras de Cada Tipo de Válvula Cardíaca

O impacto dessa diferença entre as válvulas mecânicas e as válvulas biológicas está centrado na necessidade de uma futura reoperação. As válvulas mecânicas tem uma durabilidade longa, normalmente a vida inteira. Enquanto que as válvulas biológicas, de uma maneira geral, precisam ser trocadas um dia. Elas degeneram e levam o paciente a precisar de uma nova cirurgia para a troca da prótese valvar no futuro.
Aí surge outra questão: alguém escolhe prótese biológica para operar de novo? Sim, pois este não é o único critério que define a opção entre válvula mecânica ou biológica. A mecânica, por ser de metal, requer o uso de medicação anticoagulante de uso contínuo. E isso cria uma condição que o paciente não tem: torna o seu sangue pouco coagulável.
A necessidade da anticoagulação associada às próteses mecânicas se deve ao fato de que elas tendem a formar coágulos. Caso surjam, há o risco de travamento do disco da prótese e de embolia cerebral. Por isso, a disciplina do paciente e seu comprometimento com o tratamento são fundamentais, tanto em relação à tomar a medicação anticoagulante quanto realizar o controle de TAP. Até mesmo seu estilo de vida precisa ser levado em conta, devido aos riscos desse tipo de medicação. Pessoas que praticam esportes radicais ou cuja profissão pode acarretar acidentes, como o caso de caminhoneiros, por exemplo, devem avaliar bem essa questão.
Antes de abordarmos qual a melhor escolha para cada pessoa, precisamos considerar, ainda, que a idade é também um critério de escolha. No caso das válvulas biológicas, quanto mais jovem for o indivíduo, menos elas duram; quanto mais idosa, mais elas duram. Por isso, a idade é mais um fator a ser considerado na opção entre válvula mecânica ou válvula biológica.

A idade e a decisão entre válvula mecânica ou biológica

válvula mecânica ou biológica
Válvula Biológica
Em geral, pela necessidade de troca futura das válvulas biológicas, há uma tendência maior de uso das válvulas mecânicas entre os mais jovens. Como exemplo, podemos considerar o caso de utilização de válvula biológica em posição aórtica. A sua durabilidade média é de oito a dez 8 a 10 anos, em um paciente de 35 anos de idade. Aos 65 anos, esta pessoa poderá estar indo para a sua terceira cirurgia cardíaca, para a troca de válvula. Nesses casos, o melhor é colocar uma prótese mecânica, caso não exista uma contraindicação formal à anticoagulação. Esta tendência pode vir a mudar nos próximos anos, com o advento das válvulas implantáveis percutaneamente. Dessa forma, se consegue o implante de uma válvula dentro de outra (biológica) já previamente implantada (valve in valve).
Já para as pessoas com mais de 65 anos, há uma tendência maior de colocação de prótese biológica. Em geral, a prótese biológica em posição aórtica, na faixa etária entre 65 e 70 anos, tem uma durabilidade de cerca de 20 anos. Além disso, os riscos de medicação anticoagulante nesta faixa etária estão relacionados à incidência de hemorragia cerebral, em taxas maiores do que em pessoas jovens. Por isso, também, a opção pela válvula biológica.
válvula mecânica ou biológica
Válvula Mecânica
Vamos analisar a situação de pessoas na faixa entre 50 e 65 anos. Na opção pela válvula mecânica, terão um longo período de medicação anticoagulante. Se optarem pela válvula biológica, terão nova cirurgia cardíaca pela frente. Esta tem sido uma questão amplamente estudada na Medicina. Alguns estudos nos Estados Unidos mostram que o uso de anticoagulantes a longo prazo tem maior risco do que uma nova cirurgia. Assim, se considerarmos que a primeira válvula biológica dure 15 anos e a segunda 20, esta pessoa de meia idade terá apenas uma reoperação na vida.

Como escolher entre válvula mecânica ou biológica?

A pessoa que necessita de uma troca de válvula do coração se vê diante de dois caminhos. O primeiro, de enfrentar o risco da anticoagulação diária, afastando o temor de uma reoperação futura (optando por válvula mecânica). O segundo, de aceitar a possibilidade de vir a ser operado novamente, mas sem conviver os riscos da anticoagulação (optando por válvula biológica).
Este assunto é bastante controverso e até mesmo polêmico no meio médico. Por isso, é fundamental que a decisão seja realizada de forma bem consciente. Além disso, a tecnologia da Medicina vem evoluindo sempre. Recentemente, foi lançada a tecnologia Resilia, recurso que retarda o processo degenerativo de calcificação das próteses biológicas. Assim, converse com seu Cardiologista Clínico e com o seu Cirurgião Cardiovascular e esclareça todas as suas dúvidas. Eles irão lhe orientar e definir, junto com você, a melhor escolha para o seu caso.
Se tiver alguma dúvida, conte conosco!

Sobre o autor:

Este artigo foi escrito com base em entrevista com o Dr. Sergio Lima de Almeida (CRM 4370 / RQE 5893), cirurgião cardiovascular em Florianópolis/SC. Dr. Sergio é Chefe do Serviço de Cirurgia Cardíaca do Hospital SOS Cárdio e da Equipe Seu Cardio. Formado em Medicina pela Universidade Federal do Estado de Santa Catarina – UFSC e com residência na Beneficência Portuguesa, na equipe do Dr. Sergio Oliveira, aperfeiçoou-se em plastia de válvulas na Cleveland Clinic, acompanhando Dr. Delos Cosgrove, e em cirurgia de cardiopatia congênita complexa, no Children Hospital – Harvard Medical School, acompanhando Dr. Aldo Castañeda. Foi também cirurgião cardiovascular do Hospital Infantil Joana de Gusmão, em Florianópolis/SC, por 10 anos. Realiza diariamente procedimentos como: cirurgias de revascularização do miocárdio, cirurgia de válvulas e da aorta, além de implantes de marcapassos cardíacos. Com grande experiência em idosos, vem abordando o tema em congressos nacionais e internacionais.

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Dr. Sergio Lima de Almeida - CRM-SC 4370 RQE 5893
Dr. Sergio Lima de Almeida (CRM 4370 / RQE 5893) é cirurgião cardiovascular em Florianópolis/SC, chefe do Serviço de Cirurgia Cardíaca do Hospital SOS Cárdio e da Equipe Seu Cardio. Formado em Medicina pela Universidade Federal do Estado de Santa Catarina – UFSC e com residência na Beneficência Portuguesa, na equipe do Dr. Sergio Oliveira, aperfeiçoou-se em plastia de válvulas na Cleveland Clinic, acompanhando Dr. Delos Cosgrove, e em cirurgia de cardiopatia congênita complexa, no Children Hospital – Harvard Medical School, acompanhando Dr. Aldo Castañeda. Foi também cirurgião cardiovascular do Hospital Infantil Joana de Gusmão, em Florianópolis/SC, por 10 anos. Realiza diariamente procedimentos como: cirurgias de revascularização do miocárdio, cirurgia de plastias e trocas valvares e cirurgias da aorta, além de implantes de marcapassos cardíacos. Com grande experiência em idosos, vem abordando o tema em congressos nacionais e internacionais. Atua com abordagem tradicional e minimamente invasiva.

Substituição da Válvula Mitral e Aórtica

Substituição da Válvula Mitral e Aórtica

 

Dr. Jose Armando Mangione, Cardiologia
 
Publicado em 19/09/2017 - Atualizado em 23/11/2019


    


A válvula mitral é a estrutura do coração responsável pela passagem de sangue do átrio para o ventrículo esquerdo.
No adulto pode ocorrer estreitamento (estenose) dificultando a passagem de sangue ou insuficiência causando retorno do sangue do ventrículo para o átrio esquerdo.
O tratamento cirúrgico quando necessário pode ser realizado através de preservação da válvula, em casos onde existe um menor comprometimento do aparelho valvar, fazendo-se somente o reparo chamado de plastia.
Tipos de Próteses
Nos casos mais avançados que exigem troca valvar existem 2 opções de próteses: a biológica e a mecânica.
A prótese biológica é constituída de pericárdio porcino ou bovino e a prótese mecânica é feita de material sintético.
                 
Estas duas técnicas necessitam o auxílio de um aparelho de circulação extra-corpórea que oxigena o sangue durante o ato cirúrgico.
Vantagens e Desvantagens
Existem vantagens e desvantagens destes dois tipos de prótese. A biológica não necessita tomar um remédio chamado de anticoagulante e é silenciosa. Sua desvantagem é a sua durabilidade, pois se desgasta ao longo do tempo e necessita ser trocada. A mecânica por sua vez, necessita a medicação anticoagulante, tem certo ruído parecido com um relógio, por outro lado, possui uma durabilidade longa, normalmente não necessita ser trocada.
Outras técnicas
Existem técnicas menos invasivas transcateter que podem ser utilizadas em casos selecionados de estenose e de insuficiência:
- A valvuloplastia com cateter balão: indicada para o tratamento da estenose mitral é realizada com anestesia local e por punção de uma veia da região da virilha. Nestes casos o balão é insuflado no anel da válvula mitral aumentado a abertura dos seus folhetos.
- O MitraClip: dispositivo mais recentemente disponível, aproxima os 2 folhetos da válvula em casos de insuficiência necessita o Ecocardiograma Transesofágico para guiar o procedimento e anestesia geral.
Estas 2 técnicas são realizadas no laboratório de hemodinâmica (cateterismo cardíaco) e não necessitam de circulação extracorpórea e diminuem o tempo de internação hospitalar.
Para o tratamento da válvula aórtica que é a responsável pela passagem do sangue do ventrículo esquerdo para a aorta, na maioria das situações o procedimento cirúrgico efetuado é a troca valvar e as 2 próteses referidas acima podem ser utilizadas.
Existe atualmente, uma prótese mais moderna de implante rápido que diminui o tempo cirúrgico e consequentemente de circulação extracorpórea.
Está disponível também o implante transcateter valvar aórtico, conhecido como TAVI, indicado nos casos de estenose aórtica calcificada do paciente idoso, que apresentem risco cirúrgico moderado, elevado ou proibitivo.
O procedimento é realizado no laboratório de hemodinâmica e pode ser feito somente com sedação e não necessita de circulação extracorpórea.
A via de acesso, habitual é por punção da artéria femoral e as válvulas são montadas em uma estrutura metálica de cromo-cobalto ou nitinol. A primeira é expansível por balão e a segunda possui um mecanismo auto expansível.  Os resultados publicados na literatura têm sido muito favoráveis e sua utilização encontra-se em rápida expansão, estimando-se que neste ano mais de 100.000 procedimentos serão feitos em todo mundo utilizando esta nova tecnologia.

Você sabia que é possível trocar uma válvula do coração sem fazer cirurgia?

Você sabia que é possível trocar uma válvula do coração sem fazer cirurgia?

Um procedimento minimamente invasivo pode ser uma possibilidade para que o paciente restabeleça a sua vida plena rapidamente

A medicina é uma área que evoluiu exponencialmente ao longo dos tempos e que permanece em constante mudança e crescimento. Foram muitas conquistas e tratamentos realizados. Um dos destaques é a cirurgia de válvula, que é realizada há muito tempo e é considerada uma cirurgia de grande porte. Hoje em dia, com a área de Medicina Intervencionista, o procedimento pode ser realizado de maneira tecnicamente mais simples e menos agressivo para o paciente.

Mas, o que são válvulas?


Pois bem, o coração é um músculo, ele pulsa e sua função é fazer o sangue circular. Mas, na hora em que ele pulsa, o sangue vai para qual direção? O que garante que o sangue circule em uma direção só é um jogo de válvulas. O coração possui quatro válvulas. Quando esse músculo bate, a válvula se abre, para permitir que o sangue vá para frente e quando o coração relaxa (se prepara para outro batimento) ela se fecha, para evitar que o sangue volte. Então, a circulação é sempre feita em uma única direção e as válvulas que se abrem e se fecham garantem que a cada batimento cardíaco o sangue circule numa direção só. Essas válvulas são: 
  • Válvula pulmonar;
  • Tricúspide;
  • Aórtica;
  • Mitral.​
Válvula pulmonar é aquela que fica entre o coração e o pulmão. A Válvula tricúspide é aquela que fica dentro do coração separando o átrio do ventrículo, à direita. A válvula aórtica é aquela que separa o coração da aorta, que é a principal artéria do organismo. E a válvula mitral é aquela que fica dentro do coração separando átrio de ventrículo, à esquerda.

O coração tem duas metades, a metade esquerda e a metade direita. A metade direita é aquela que recebe o sangue que vem dos órgãos e manda para o pulmão, para ser oxigenado. A metade esquerda é aquela que recebe o sangue que veio do pulmão, oxigenado, e na próxima pulsação manda para o organismo receber esse sangue rico em oxigênio.

A válvula pulmonar e a tricúspide são aquelas que ficam no lado direito do coração. As válvulas aórtica e mitral ficam no lado esquerdo do coração. As válvulas precisam se abrir plenamente para permitir a passagem de sangue e elas precisam fechar completamente para evitar que o sangue volte. 

Às vezes, essas válvulas têm problemas, elas não abrem suficientemente, logo o coração precisa fazer muito mais força do que de costume para vencer o obstáculo da válvula que não se abre plenamente. Outras vezes, elas não se fecham inteiramente e o sangue volta. Quando a válvula não se abre totalmente, chamamos de estenose ou obstrução. Quando a válvula não se fecha plenamente nós chamamos de insuficiência ou regurgitação – que é quando o sangue volta. 

As quatro válvulas do coração podem apresentar esses dois tipos de problemas. Na população adulta um dos problemas mais comuns é a estenose da válvula aórtica, quando essa válvula abre pouco e o coração precisa fazer muito mais força para vencer essa obstrução.

E outro problema comum é a insuficiência da válvula mitral, o coração bate e ao invés do sangue ir para frente ele volta para trás, porque a válvula não se fecha totalmente.
Há outras doenças que acometem as válvulas. Mas, esses são os problemas mais comuns nos adultos e principalmente em idosos, doenças da própria válvula que acontecem por degeneração da válvula. 

Quando não optar pela cirurgia? 


A partir da quinta e até a nona ou décima década de vida, há uma predileção por acometimento dos problemas da estenose aórtica e da regurgitação mitral. São doenças degenerativas e há relação com idades mais avançadas, exatamente porque a degeneração da válvula é um problema crônico, que acontece ao longo dos anos. À medida que o tempo vai passando, vamos acumulando problemas, doenças.

Por exemplo, aos 80 anos de vida é comum que a pessoa já tenha tido enfermidades, outras doenças como diabetes ou Parkinson, que já tenham passado por cirurgias cardíacas anteriormente. Nestes casos, em que há outras comorbidades, quando ocorre o problema da válvula, a cirurgia tradicional cardíaca com frequência afigura-se um tratamento de alto risco. É comum que a pessoa acabe não fazendo a cirurgia cardíaca, porque além do problema com o coração, há problemas de outra natureza, o que aumenta muito a chances de complicações da cirurgia. 

É nessa hora que o tratamento através da medicina intervencionista, minimamente invasiva, é aplicado. Para reduzir os riscos do tratamento.

Quando as válvulas começam a não funcionar corretamente, o coração precisa trabalhar mais do que de costume, se você tem uma obstrução, o coração precisa fazer muito mais força para bombear o sangue, quando você tem regurgitação, ele também precisa fazer muito mais força, porque o sangue ao invés de ir para frente, ele vai para trás e o músculo tem que bater dobrado, para poder mandar o sangue para frente já que uma parte vai para trás.

O coração tem uma reserva, mas chega uma hora em que essa reserva acaba e é nesse momento, que a gente começa a apresentar sintomas: cansaço, falta de ar, pode haver desmaio e dor no peito.

Essas doenças (estenose e obstrução) quando não tratadas podem causar a falha do coração, a um ponto, que às vezes é irreversível e pode levar a morte. Inclusive, um dos riscos da estenose aórtica não tratada é a morte subida.  Mas a boa noticia é que são problemas corrigíveis, nesse caso se você detecta precocemente, as chances de se resolver o problema são grandes.

Diagnóstico


O diagnóstico é feito através da consulta médica, os problemas nas válvulas do coração apresentam o que conhecemos por sopro. No consultório, o médico consegue ouvir o coração do paciente e ao escutar e detectar o sopro, o diagnóstico é confirmado através do exame de ecocardiograma. Basicamente, com uma consulta médica e um exame o paciente já recebe um diagnóstico dos problemas de válvulas.

Procedimento


Quando a válvula está obstruída (estenótica ou insuficiente), ela não funciona plenamente, logo, você tem um problema mecânico dentro do coração.  Portanto, você tem que corrigir a válvula e não há um remédio que faça essa correção. Quando chega naquele ponto, em que realmente a reserva do coração esgotou, é preciso trocar a válvula, fazer uma substituição no local ou fazer algum tipo de procedimento para restabelecer o funcionamento dessa válvula.
O tratamento tradicional é cirúrgico e feito há muito tempo e é considerada uma cirurgia de grande porte. Às vezes, acontece de um paciente necessitar da cirurgia, porém, há outras condições que o impedem de ser submetido a um tratamento desse nível.  Para atender essa população que precisa fazer um tratamento, mas que não pode fazer algo cirúrgico, de criar algum outro tipo de abordagem minimamente invasiva e é isso o que é feito através do cateterismo. Hoje, nós temos a possibilidade de fazer as correções das válvulas através do próprio cateterismo sem corte, minimamente invasivo. Na cirurgia tradicional, o cirurgião vê diretamente o coração, trabalha diretamente nele e troca a válvula cardíaca. 

No procedimento feito pela medicina Intervencionista, são realizados pequenos orifícios que chegam ao coração, utilizando-se sondas que realizam o procedimento. Ou seja, uma maneira menos agressiva na maioria dos casos.

Por que que demorou mais tempo para criar a medicina intervencionista que a cirúrgica? Porque só recentemente, a tecnologia evoluiu aponto de miniaturizar os instrumentos para que eles coubessem dentro dessas sondas e que os médicos pudessem trabalhar dentro do coração através dessas ferramentas mais delicadas. Além disso, como na medicina intervencionista não é possível enxergar o coração com os próprios olhos, os médicos e engenheiros tiveram que desenvolver também outras tecnologias para fazer os profissionais visualizarem tudo o que há dentro do coração para mais segurança e conhecimento durante um procedimento.

Há riscos?


Todo tratamento cardíaco envolve riscos.  Toda vez que falamos do risco de um tratamento, nós temos que comparar com o risco da doença. E com o risco da alternativa. A doença já está naquela fase de que não tratar é arriscadíssimo? Sim. Então, o risco da doença é alto.

Agora, é escolhido qual tipo de tratamento. Há o minimamente invasivo e aquele cirúrgico. O risco do minimamente invasivo é menor do que o risco cirúrgico? Sim. Foi escolhido o tratamento de menor risco, agora, significa dizer que ele é isento de riscos? Não.

Pós-operatório


Quando a opção é realizar um procedimento minimamente invasivo, a internação, de um modo geral é mais breve do que quando é feito um tratamento cirúrgico, mas sempre demanda internação. O pós-operatório também é mais tranquilo, porque não há a recuperação própria da cirurgia. 

Independente do método de um procedimento lembre-se que quando um problema é diagnosticado em fase inicial as chances de cura ou de retardo da doença são maiores e para isso mantenha as consultas com o seu médico regulares e os exames em dia.

​Fonte: dr. Pedro Alves Lemos Neto, cardiologista do Einstein

Angioplastia coronária ou intervenção coronária percutânea

Angioplastia coronária ou intervenção coronária percutânea

A Angioplastia Coronária ou Intervenção Coronária Percutânea é o tratamento não cirúrgico das obstruções das artérias coronárias por meio de cateter balão, com o objetivo de aumentar o fluxo de sangue para o coração. 

 
Após a desobstrução da artéria coronária, por meio da angioplastia com balão, procede-se ao implante de uma prótese endovascular (para ser utilizada no interior dos vasos) conhecida como ‘stent’ - pequeno tubo de metal, semelhante a um pequeníssimo bobe de cabelo, usado para manter a artéria aberta.

 
Atualmente existem dois tipos de stents: os convencionais e os farmacológicos ou recobertos com drogas.

 
Os stents convencionais podem acarretar um processo cicatricial exacerbado que leva a restenose (reobstrução) do vaso em 10 a 20% dos casos.

 
Os stents farmacológicos: surgiram para evitar esse processo cicatricial, que são constituídos do mesmo material metálico acrescido de um medicamento de liberação lenta no local de implante, reduzindo-se o processo de cicatrização e evitando-se a restenose. Há necessidade do uso prolongado de aspirina e clopidogrel nos pacientes que recebem stents farmacológicos pelo pequeno risco de trombose (formação de coágulos no interior do stent).

 
Preparo
Após a realização do cateterismo para diagnóstico e documentada a obstrução coronariana, será discutido com o paciente, com médico e com o cardiologista intervencionista a opção pelo tratamento imediato ou o agendamento para dias subsequentes conforme o quadro clínico, grau de obstrução coronariana e vontade do paciente.

 
Os pacientes seguirão a mesma rotina com relação ao preparo, ao jejum, às medicações e às orientações descritas para o cateterismo cardíaco.

 
Como é realizado?
Da mesma forma que o cateterismo cardíaco, cateteres são inseridos pela perna ou braço e guiados até o coração. Identificado o local da obstrução é inserido um fio guia na artéria coronária que é locado distalmente (posteriormente) à obstrução. Um pequeno balão é guiado até o local da obstrução, progressivamente insuflado, comprimindo a placa contra a parede do vaso e aliviando a obstrução.

 
Este procedimento pode apresentar recolhimento elástico do vaso, determinando nova obstrução no local. Portanto, na maioria dos procedimentos, realiza-se o implante permanente de endoprótese (stent convencional ou farmacológico) concomitante, que dá sustentação à dilatação evitando-se, assim, o recolhimento elástico.

 
Onde é realizado o procedimento?
É realizado no mesmo local do cateterismo cardíaco, no Laboratório de Hemodinâmica do Setor de Cardiologista Intervencionista, com o paciente acordado e sob anestesia local.

 
Quem realiza o procedimento?
Médicos cardiologistas treinados em Cardiologia Intervencionista e Hemodinâmica.

 
Quais são os riscos?
É natural que, por se tratar de um procedimento invasivo, haja riscos. Porém ocorrências como óbito, infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral, necessidade de cirurgia de revascularização de urgência e complicações vasculares no local da punção são raras. Outras complicações decorrentes do uso do contraste, como alergia e insuficiência renal, podem ocorrer. 

 
Entretanto, todas essas complicações são raras e a intervenção será realizada por uma equipe médica preparada para atender qualquer tipo de intercorrência.

 
Qual a duração do procedimento?
Dependendo do caso e da complexidade, pode durar de 30 minutos a 2 horas.

 
Há necessidade de internação hospitalar após o procedimento?
​Sim. Por um período mínimo de 24 a 48 horas. Serão realizados exames de sangue de rotina e eletrocardiograma.

Cuidados com o coração | Entrevista

Cuidados com o coração | Entrevista



Um pequeno deslize no uso diário do coração pode acarretar em problemas sérios que poderiam ser evitados com um pouco de atenção e cuidado. Veja entrevista sobre cuidados com o coração. 

O coração é uma bomba que tem a grande responsabilidade de fazer o sangue circular por todo o organismo, de levar oxigênio e nutrientes para as células e sangue carregado de gás carbônico para os pulmões a fim de oxigená-lo. Qualquer desajuste nessa bomba que deve funcionar com grande precisão pode provocar problemas sérios e, muitas vezes, morte súbita, especialmente em homens e mulheres acima dos 40 anos. São raras as pessoas que têm complicações cardíacas antes dessa idade.
Entretanto, às vezes, um pequeno deslize no uso diário desse órgão, uma sobrecarga que a repetição de determinados erros cometidos dia após dia acabam provocando problemas sérios que poderiam ser evitados com um pouco de atenção e cuidado. Tratado adequadamente e mantendo alguns cuidados com o coração, o órgão funciona melhor, com mais eficiência e dura muito.

IMPORTÂNCIA DE HÁBITOS SAUDÁVEIS


Drauzio – Como a pessoa deve portar-se no dia a dia para manter o coração funcionando bem?
Adib Jatene – O primeiro cuidado é manter a atividade física. É o cuidado mais importante, porque ela previne a atrofia muscular. Ninguém precisa ser um atleta. Basta que a pessoa ande 30 minutos ou 40 minutos por dia. Não precisa ser de uma vez só. Esse tempo pode ser distribuído em períodos mais curtos, mas o ritmo deve possibilitar percorrer 1 km em 10 minutos. Tem gente que corre ou anda uma hora. Isso representa um ganho a mais, mas é suficiente caminhar durante 30 ou 40 minutos. Pessoas com mais idade devem evitar esportes violentos que exijam bom condicionamento e preparo físico.
O segundo ponto é controlar o peso. As pessoas engordam, porque consomem menos e ingerem mais calorias. O terceiro é não fumar e eliminar a ingestão excessiva de doces e refrigerantes, alimentos que não trazem benefícios para o organismo. Brinco sempre com quem gosta de chope e cerveja que o problema maior para o ganho de peso está nos salgadinhos que são servidos como acompanhamento dessas bebidas.

ÁLCOOL E CORAÇÃO 


Drauzio – Atualmente, um assunto palpitante em medicina é o possível benefício que o álcool pode trazer para o coração.
Adib Jatene – Essa é uma discussão que tem despertado grande interesse. Hoje, a tendência é considerar que está mais protegido quem ingere bebida alcoólica moderadamente. Principalmente se a bebida for vinho tinto. Existem algumas demonstrações indiretas desse benefício. Por exemplo, os franceses ingerem muita gordura, mas bebem vinho e apresentam baixo índice de infarto.
A respeito desse assunto, no Incor, prof. Protásio Lemos da Luz realizou um trabalho com coelhos alimentados com dieta hipercolesterolêmica. Dividiu-os em dois grupos e somente a um deles deu vinho tinto. Depois, observou o que aconteceu na aorta desses animais. Os que não tomaram vinho tinham índice de aterosclerose muito maior do que os que aqueles que tinham ingerido essa bebida.

Drauzio – O que o senhor considera beber moderadamente?
Adib Jatene – Beber moderadamente é tomar um copo de vinho no almoço e outro no jantar, ou uma ou duas doses de uísque. Se o indivíduo tomar várias doses de uísque ou muito vinho, vai ter cirrose, pressão alta e uma série de outros distúrbios que complicarão a qualidade e a extensão de sua vida e também terá perdido a oportunidade de usufruir os possíveis benefícios do álcool para o coração.

Drauzio – Nesse caso, a situação dos médicos é delicada, porque se sabe que, mesmo indicando dois copos de vinho por dia, existem pessoas que vão perder o controle e beberão exageradamente.
Adib Jatene – Esse é um problema que exige a intervenção de psiquiatras e psicólogos. No que se refere, porém, aos benefícios e malefícios da bebida para o coração, beber moderadamente não é prejudicial.

PRESSÃO ARTERIAL E ESTRESSE


Drauzio – Que outras medidas a pessoa deve observar em relação aos cuidados com o coração?
Adib Jatene – É preciso medir a pressão arterial com regularidade e aprender a lidar com o estresse. Tensão faz parte da vida moderna. As pessoas se preocupam demais e gastam o sistema nervoso inutilmente. Fazem conjecturas que geralmente não se concretizam.
Todos precisamos aprender a reagir aos contratempos de forma equilibrada. De nada adianta pedir afastamento do trabalho, se as preocupações vão junto conosco por toda parte.
Considero, ainda, que alguns vícios de comportamento estão envolvidos no processo do estresse. Dr. Dante Pazzanezi sempre se referia a dois sentimentos que prejudicam extraordinariamente a vida das pessoas e contribuem para o aumento da tensão: inveja e vaidade.
A inveja faz as pessoas sofrerem com o sucesso alheio. O carro novo do vizinho é motivo para ficarem remoendo porque elas não têm um igual ou melhor. Infelizmente, as pessoas são educadas para comportarem-se assim. Eu sempre digo: não é preciso ser o melhor. Basta ser bom no meio de gente boa. O importante é procurar fazer bem feito tudo o que se faz sem a preocupação de que alguém possa fazer melhor, pois sempre existirá alguém mais capaz e mais hábil do que nós.
A vaidade é outro sentimento traiçoeiro. A preocupação com o que os outros pensam a nosso respeito gera tensão brutal e permanente. Portanto, quem conseguir, não digo eliminar, mas controlar esses sentimentos, terá atingido o equilíbrio necessário para contornar os problemas e reduzir os níveis de estresse.

Drauzio  E como o senhor vê o papel do exercício como anti-estressante nesse contexto de cuidados com o coração?
Adib Jatene – O exercício também ajuda, mas é um conjunto de medidas que protege o coração. No entanto, sempre há a possibilidade de aparecerem alterações porque existem fatores desencadeantes das doenças cardíacas que ainda não são bem conhecidos. Atualmente, por exemplo, estão identificando certas inflamações como um dos fatores na formação das placas de ateroma.


COMO VAI SEU CORAÇÃO? 


Drauzio – O que pode ser feito para avaliar as condições em que se encontra o coração de uma pessoa?
Adib Jatene – Existem alguns exames que facilitam essa avaliação. O eletrocardiograma, por exemplo. Embora com o indivíduo em repouso o resultado possa ser normal, é preciso verificar se apresenta alterações sob esforço.
O teste de esforço pode ser realizado na bicicleta ou na esteira ergométrica e deve ser feito anualmente ou a cada dois anos depois dos 40 anos de idade. Se o eletrocardiograma sob esforço não se altera, é sinal de que há vasodilatação necessária para fornecer mais sangue para o coração que, naquele momento, está exigindo quantidade maior de nutrientes. Caso contrário, é preciso identificar corretamente o tipo de lesão que o paciente apresenta.

Drauzio  Quando uma pessoa que nunca sentiu nada deve começar a fazer esse tipo de avaliação? 
Adib Jatene – Depois dos 40 anos, especialmente se tiver histórico familiar de doenças cardíacas, estiver com excesso de peso ou apresentar outros fatores de risco. Além do teste ergométrico, podemos contar com recursos da medicina nuclear. O exame consiste em injetar no paciente uma substância radiativa que pode ser detectada pelos colimadores, a fim de verificar como ela se distribui pelo coração durante o período de repouso e de exercício. Se sob esforço aparecer uma área que capte menos essa substância e em repouso ela se apresentar normal, estamos diante de um sinal extraordinariamente valioso de que a circulação sanguínea está prejudicada nessa região.

Drauzio – Esse tipo de teste está disponível pelo SUS?
Adib Jatene – Está disponível na rede pública. No Incor, 80% dos exames são realizados pela clientela do SUS. Os 20% restantes, em geral, são feitos em pessoas que pertencem a convênios médicos.

Drauzio – Que outros exames ajudam no diagnóstico de alterações cardíacas?
Adib Jatene – Outro exame importante para detectar alterações cardíacas é o ecocardiograma, que possibilita avaliar o funcionamento das válvulas, do músculo e a presença de comunicações intercavitárias. No entanto, o teste de esforço permite identificar situações que o ecocardiograma não registra a não ser que se faça um eco de esforço. Esses exames todos fornecem elementos para orientar o diagnóstico e o tratamento que pode ser clínico ou cirúrgico.
Além desses, são fundamentais o exame de sangue para saber se o indivíduo tem hipercolesterolemia e o exame clínico para descobrir se ele é hipertenso ou tem um sopro cardíaco. Pode-se recorrer também à ressonância nuclear magnética e à tomografia de alta velocidade que mostram as artérias coronárias dispensando a realização de exames mais invasivos.
Quando se constatam alterações nesses exames preliminares, o paciente é encaminhado para a cinecoronariografia ou cateterismo, ou seja, um cateter é introduzido na artéria da perna ou do braço e atinge a raiz da aorta. A seguir, canula-se cada artéria coronária isoladamente e injeta-se contraste para verificar se existem obstruções. Se houver, conforme o caráter, o local e a posição, é possível colocar um stent, isto é, uma malha metálica que esmaga a placa de ateroma e mantém a artéria aberta. É a angioplastia hemodinâmica intervencionista. Lesões não adequadas para esse tipo de tratamento recebem indicação cirúrgica.

TRATAMENTOS INDIVIDUALIZADOS


Drauzio – Esses métodos para diagnóstico e tratamento são aquisições relativamente recentes no campo da cardiologia?
Adib Jatene – Todos esses elementos de auxílio ao diagnóstico apareceram não faz muito tempo, como não faz muito tempo que a cirurgia das coronárias era feita com circulação extracorpórea. No final da década de 1970, por exemplo, surgiu a angioplastia que evoluiu com a criação dos stents e hoje representa uma alternativa importante de tratamento.
Por outro lado, o desenvolvimento da terapêutica medicamentosa permitiu que o doente seja tratado clinicamente. Nossa posição é que o médico precisa conhecer bem o tipo de lesão coronária que o paciente apresenta para indicar o tratamento adequado e acompanhar a evolução da enfermidade. Dessa maneira, ganhamos muito em segurança e em possibilidades de solução.
Há quem julgue que tanto avanço complicou o tratamento. Eu, ao contrário, acredito que isso representa uma vantagem, uma vez que o médico pode escolher o que melhor se adapta ao psiquismo do doente e à sua condição socioeconômica. Por exemplo, existem dois tipos de válvulas cardíacas: a biológica feita com pericárdio de boi ou de porco preservado com glutaraldeído e montada num suporte e a mecânica, que hoje é de carvão pirolítico. A válvula mecânica pode durar 40/50 anos, mas requer que o paciente tome anticoagulante a vida toda. A válvula biológica tem durabilidade menor, de 10 a 12 anos em média, todavia não demanda o uso de anticoagulantes.
Considerando esses dados, numa criança de 10 ou 12 anos não se deve usar a válvula biológica por causa das trocas que se fazem necessárias com o correr dos anos. Já se a paciente é uma mulher em idade fértil, não se deve indicar a válvula mecânica porque, no caso de uma gravidez, é desaconselhado o uso de anticoagulante. Num homem de 50 anos, que more na zona rural e tenha dificuldade para tomar a medicação, a colocação da válvula mecânica também não é indicada, porque a anticoagulação mal controlada é muito pior do que a perspectiva de outra cirurgia.

Veja também: A malfadada carne

CARNE VERMELHA FAZ MAL? 


Drauzio – Qual é sua posição a respeito da carne vermelha como fator de risco na dieta das pessoas? 
Adib Jatene – Certa vez fui convidado para dar uma palestra sobre o consumo de carne vermelha em Uberaba, na Sociedade ABCZ e decidi estudar o assunto na Biblioteca da Faculdade de Saúde Pública. Procurei levantar a história da alimentação desde que o homem, há 10 mil anos, começou a lidar com a agricultura e a domesticar os animais.
Com isso, pretendia identificar como surgiu esse conceito de que a carne vermelha faz mal, uma vez que ela é vermelha porque contém ferro, um mineral que as pessoas precisam ingerir para refazer os glóbulos vermelhos do sangue.
Na verdade, o indesejável na ingestão de carne vermelha é a gordura que nela existe. Sem essa gordura, seria igual a qualquer outra carne. Se o indivíduo não apresenta dislipidemia, seu colesterol e triglicérides estão em níveis normais, pode comer carne vermelha sem nenhum problema. Precisa de controle e deve evitar o consumo dessa carne quem tem esses níveis alterados.

Drauzio  Um estudo feito no Japão mostrou que pessoas com colesterol total abaixo de 160 ml correm risco maior de apresentar acidente vascular cerebral, derrames hemorrágicos e alguns tipos de câncer.
Adib Jatene – Tudo na vida precisa ser feito com equilíbrio. Ninguém deve comer todos os dias uma picanha cheia de gordura, nem deve abolir o churrasco definitivamente de sua dieta. Além disso, a carne vermelha não só é adequada como é necessária para a alimentação de crianças e jovens em fase de crescimento.

Drauzio – Na literatura não existe nenhum estudo mostrando que quem come carne vermelha está mais sujeito a infartos do miocárdio. Trabalho publicado na revista Science deixa bem claro que não há respaldo científico para essa afirmação. 
Adib Jatene – Não existe mesmo. Procurei na literatura cuidadosamente e nada encontrei. Trata-se de uma afirmativa feita sabe-se lá por quem e que foi aceita sem muita discussão. Radicalismos são sempre inadequados em qualquer atividade ou ramo do conhecimento. Por exemplo, hoje muitas cirurgias de pontes de safena estão sendo feitas sem utilizar circulação extracorpórea, com o coração batendo, o que representa uma vantagem. No entanto, não se trata de uma técnica que pode ser usada em todos os doentes. Radicalizar numa situação dessas tem sempre inúmeros inconvenientes.

Cirurgia do coração e sua relação com o consumo de álcool

Cirurgia do coração e sua relação com o consumo de álcool 

Álcool pode fazer bem para cardíacos, diz pesquisa

 

Álcool pode fazer bem para cardíacos, diz pesquisa

domingo, 17 de novembro de 2019

O amor é mais falado do que vivido e por isso vivemos um tempo de secreta angústia

O amor é mais falado do que vivido e por isso vivemos um tempo de secreta angústia

Pensar Contemporâneo

Por Luciana Chardelli


O sociólogo polonês Zygmunt Bauman declara que vivemos em um tempo que escorre pelas mãos, um tempo líquido em que nada é para persistir. Não há nada tão intenso que consiga permanecer e se tornar verdadeiramente necessário. Tudo é transitório. Não há a observação pausada daquilo que experimentamos, é preciso fotografar, filmar, comentar, curtir, mostrar, comprar e comparar.
O desejo habita a ansiedade e se perde no consumismo imediato. A sociedade está marcada pela ansiedade, reina uma inabilidade de experimentar profundamente o que nos chega, o que importa é poder descrever aos demais o que se está fazendo.
Em tempos de Facebook e Twitter não há desagrados, se não gosto de uma declaração ou um pensamento, deleto, desconecto, bloqueio. Perde-se a profundidade das relações; perde-se a conversa que possibilita a harmonia e também o destoar. Nas relações virtuais não existem discussões que terminem em abraços vivos, as discussões são mudas, distantes. As relações começam ou terminam sem contato algum. Analisamos o outro por suas fotos e frases de efeito. Não existe a troca vivida.
Ao mesmo tempo em que experimentamos um isolamento protetor, vivenciamos uma absoluta exposição. Não há o privado, tudo é desvendado: o que se come, o que se compra; o que nos atormenta e o que nos alegra.
O amor é mais falado do que vivido. Vivemos um tempo de secreta angústia. Filosoficamente a angústia é o sentimento do nada. O corpo se inquieta e a alma sufoca. Há uma vertigem permeando as relações, tudo se torna vacilante, tudo pode ser deletado: o amor e os amigos.

quarta-feira, 13 de novembro de 2019

Tráfico de drogas



Não há mais a obrigatoriedade de pessoas condenadas por crime de tráfico de drogas iniciarem o cumprimento da pena no regime fechado, ou seja, a execução da pena ser em estabelecimento de segurança máxima ou média.
Para melhor compreensão sobre o assunto, farei breve análise das legislações pertinentes, bem como dos tipos e regimes de pena.
A Lei que determina a obrigatoriedade do inicio do cumprimento da pena em regime fechado para estes crimes é a 8.072, de 25 de julho de 1990. O artigo 2º, parágrafo 1o  da referida lei afirma que os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo terão suas penas cumpridas inicialmente em regime fechado.
Já a Lei 11.343, de 23 de agosto de 2006, Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas (Sisnad); prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas; define crimes e dá outras providências.
O artigo 33 desta Lei, afirma que caberá pena de reclusão de cinco a 15 anos para quem importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar.
Quanto a pena de reclusão, a mesma é tratada no artigo 33 do Código Penal, o qual define que a esta pena será cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto.
Quanto ao regimes fechado, semi-aberto e aberto:
Regime fechado é aquele pelo qual a execução da pena deverá ser cumprida em estabelecimento de segurança máxima ou média. Iniciará o cumprimento neste regime, o condenado a pena superior a oito anos.
O condenado fica sujeito a trabalho no período diurno e a isolamento durante o repouso noturno. O trabalho será em comum dentro do estabelecimento, na conformidade das aptidões ou ocupações anteriores do condenado, desde que compatíveis com a execução da pena.
O trabalho externo é admissível, em serviços ou obras públicas.
No regime semi-aberto a execução da pena será em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar. O condenado fica sujeito a trabalho em comum durante o período diurno nestes locais.
O condenado não reincidente, cuja pena seja superior a quatro anos e não exceda a oito, poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semi-aberto.
Quanto ao trabalho externo, é admissível, bem como a frequência a cursos supletivos profissionalizantes, de instrução de segundo grau ou superior.
No regime aberto a execução da pena será em casa de albergado ou estabelecimento adequado. Poderá o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a quatro anos, desde o início, cumpri-la neste regime.
O regime aberto baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado. O condenado deverá, fora do estabelecimento e sem vigilância, trabalhar, frequentar curso ou exercer outra atividade autorizada, permanecendo recolhido durante o período noturno e nos dias de folga.
O condenado será transferido do regime aberto, se praticar fato definido como crime doloso, se frustrar os fins da execução ou se, podendo, não pagar a multa cumulativamente aplicada. Ante o exporto, conforme determina a legislação, será o condenado por tráfico de drogas a pena de reclusão de 5 a 15 anos, sendo o seu cumprimento desde já em estabelecimento de segurança máxima ou média.
Ocorre, que na data de 27 de junho do corrente ano, por maioria de votos, o Plenário do Supremo Tribunal Federal concedeu, durante sessão extraordinária realizada, o Habeas Corpus 111840 e declarou incidentalmente a inconstitucionalidade do parágrafo 1º do artigo 2º da Lei 8.072 de 25 de julho de 1990.
Assim, com base no recente entendimento do Supremo Tribunal Federal, poderá o condenado, conforme o caso concreto, cumprir a pena desde o seu início em regime menos gravoso que o fechado.

quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Estados Unidos, principal financiador mundial do terrorismo

Estados Unidos, principal financiador mundial do terrorismo


Numerosos autores puseram em evidência o papel dos Estados Unidos no financiamento do terrorismo internacional desde a guerra do Afeganistão contra os Soviéticos,. No entanto, até à atualidade, tratava-se sempre de ações secretas, nunca assumidas na altura por Washington. Um passo decisivo foi franqueado com a Síria: O Congresso votou o financiamento e armamento de duas organizações representando a Al-Qaida. Aquilo que era até aqui um segredo de polichinelo tornou- se agora a política oficial do «país da liberdade»: o terrorismo.
| Damasco (Síria)

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Em violação das resoluções 1267 e 1373 do Conselho de segurança, o Congresso dos Estados Unidos votou o financiamento e o armamento da Frente al-Nosra e do Emirado islâmico do Iraque e do Levante, duas organizações relevantes da Al-Qaida e classificadas como «terroristas» pelas Nações Unidas. Esta decisão é válida até a 30 de setembro de 2014.
A primeira semana da Conferência de paz de Genebra 2 terá sido plena de fatos com saliência. Infelizmente, o público ocidental não recebeu nenhuma informação a respeito, vítima da censura que o oprime.
É com efeito o principal paradoxo desta guerra : as imagens são o inverso da realidade. Segundo os media internacionais o conflito opõe, de um lado os Estados reunidos em torno de Washington e de Riad que pretendem aplicar a democracia e conduzir a luta mundial contra o terrorismo, do outro a Síria e os seus aliados russos, inibidos pela pressão de serem difamados como ditaduras manipulando o terrorismo.
Se toda a gente sabe que a Arábia Saudita não é uma democracia, mas sim uma monarquia absoluta, a tirania de uma família e de uma seita sobre todo um povo, os Estados Unidos gozam da imagem de uma democracia e mais ainda de serem o « país da liberdade ».
Ora, a principal informação da semana foi censurada no conjunto dos Estados membros da Otan : o Congresso norte-americano reuniu-se secretamente para votar o financiamento e o armamento dos « rebeldes na Síria », até a 30 de setembro de 2014. Sim, leram bem. O Congresso tem sessões secretas que a imprensa não está autorizada a noticiar. É por tal que a informação, originalmente publicada pela agência britânica Reuters [1], foi escrupulosamente ignorada por toda a imprensa impressa e audio-visual dos Estados Unidos, e da maior parte dos media na Europa ocidental e no Golfo. Apenas os habitantes do « resto do mundo » tiveram a possibilidade de conhecer a verdade.
Ora a liberdade de expressão e o direito dos cidadãos à informação são, no entanto, pré-requisitos da democracia. Eles são mais respeitados na Síria e na Rússia que no Ocidente.
Como ninguém pôde ler a lei adotada pelo Congresso, ignora-se o que ela estipula exatamente. No entanto, é claro que os « rebeldes » em questão não buscam derrubar o Estado sírio —eles renunciaram a tal—, mas sim « sangrá-lo ». É por isso que eles não se comportam como soldados (de um exército regular), mas mais como terroristas. Leram bem mais uma vez : os Estados Unidos, aparentemente vítimas da Al-Qaida no 11 de Setembro de 2001 e, após isso, líderes da « guerra global contra o terrorismo », financiam o principal foco de terrorismo internacional onde agem duas organizações oficialmente subordinadas à Al-Qaida (a Frente al-Nosra e o Emirado islâmico do Iraque e do Levante). Não se trata mais, aqui, de uma manobra obscura dos serviços secretos, mas de uma lei plenamente assumida, mesmo se foi adotada à porta fechada de modo a não contradizer a propaganda oficial.
Por outro lado vê-se mal como a imprensa ocidental, que afirma desde há 13 anos que a Al-Qaida é a autora dos atentados do 11-Setembro e ignora a destituição do presidente George W. Bush nesse dia pelos militares, poderia explicar esta decisão ao seu público. Efetivamente o procedimento norte-americano de « Continuidade do governo » (CoG) é ele, também, protegido pela censura. De tal modo que os Ocidentais nunca tiveram conhecimento que, nesse 11 de Setembro, o poder foi transferido dos civis para os militares, das 10h da manhã até à noite, que durante esse dia os Estados Unidos foram dirigidos por uma autoridade secreta, em violação das suas leis e da sua constituição.
Durante a Guerra fria a CIA financiou o escritor George Orwell, enquanto ele imaginava a ditadura do futuro. Washington cria, assim, acordar as consciências para o perigo soviético. Mas, na realidade, nunca a URSS se pareceu com o pesadelo de « 1984 », enquanto os Estados Unidos se tornaram a incarnação disso.
O discurso anual de Barack Obama sobre o estado da União transformou-se, assim, num excepcional exercício de mentira. Diante dos 538 membros do Congresso, aplaudindo-o de pé, o presidente declarou : « Uma coisa não mudará : a nossa determinação para que os terroristas não lancem outros ataques contra o nosso país ». E ainda : « Na Síria apoiaremos a oposição que rejeita o programa das redes terroristas ».
Ora, quando a delegação síria em Genebra 2 submeteu, aquela que é suposta representar a sua « oposição », uma moção, exclusivamente baseada nas resoluções 1267 e 1373 do Conselho de segurança, condenando o terrorismo, aquela rejeitou-o sem provocar a menor observação de Washington. E não é para menos : o terrorismo significa os Estados Unidos, e a delegação da « oposição » recebe as suas ordens diretamente do embaixador Robert S. Ford, presente no local.
Robert S. Ford antigo assistente de John Negroponte no Iraque. No início dos anos 80 Negroponte atacou a revolução nicaraguense alistando milhares de mercenários que, misturados com alguns colaboradores locais, formaram os « Contras ». O Tribunal internacional de Justiça, quer dizer o tribunal interno das Nações Unidas, condenou Washington por esta ingerência não declarada. Depois, nos anos 2000, Negroponte e Ford recriaram o mesmo cenário no Iraque. Desta vez, tratava-se de aniquilar a resistência nacionalista usando o ataque pela Al-Qaida.
Enquanto em Genebra os Sírios e a delegação da « oposição » discutiam, em Washington o presidente prosseguia o seu exercício de hipocrisia, e lançava ao Congresso que o aplaudia mecanicamente : « Nós lutamos contra o terrorismo não sómente com a ajuda das inteligência e das operações militares, mas também ao permanecer fieis aos ideais da nossa Constituição e dando nisso o exemplo ao mundo (…) E, nós, continuaremos a trabalhar com a comunidade internacional, para fazer surgir o futuro que o povo sírio merece – um futuro sem ditadura, sem terror e sem medo ».
A guerra fabricada pela Otan e pelo CCG na Síria, fez já mais de 130.000 mortos — segundo as estatísticas do MI6 difundidas pelo Observatório sírio dos Direitos do homem—, da qual os carrascos atribuem a responsabilidade ao povo que lhes ousa resistir e ao seu presidente, Bachar el-Assad.
Tradução
Alva

1] “Congress secretly approves U.S. weapons flow to ’moderate’ Syrian rebels” (em inglês- « Congresso aprova secretamente fornecimento de armas dos E.U. para os rebeldes Sírios ’moderados’ »-ndT), por Mark Hosenball, Reuters, 27 de janeiro de 2014.

Cultura Grega

Cultura

Cultura Grega

A cultura grega foi imensamente rica. Teve muita influência no resto do mundo ocidental. O uso intenso de mármore nas obras, o desenvolvimento das sensibilidades e da estética o uma arquitetura harmoniosa foram características das artes gregas. A arquitetura tinha aspectos monumentais, como mostram o Paternon de Atenas e grande estátua de Zeus e Olímpia.
O teatro era muito apreciado na Grécia Antiga. As apresentações duravam oito horas diárias, e se estendiam por dois ou três dias seguidos. Periodicamente, eram realizados concursos de peças. Esses torneios chegavam a reunir de 15 a 20 mil pessoas. A construção de locais para exibição das peças estavam muito adiantadas. O teatro de epidauro, por exemplo, tem uma acústica tão boa que um assistente sentado na última fila da arquibancada consegue ouvir até os sons mais baixos, como o crepitar de uma chama no palco. (Veja mais em Teatro Grego).
As filas para se entrar nesses locais começavam a se formar no dia anterior da exibição e atravessavam a noite. Foram registrados casos de mulheres que deram a luz enquanto esperavam para ver uma peça. As obras eram de dois tipos, a comédia e a tragédia. Essa divisão perdura até os nossos dias.
Paternon - cultura gregaA história começou a ser estudada como ciência pelos gregos. Heródotos, natural da Ásia menor, escreveu o primeiro livro da história com fundamentos científicos e baseado em pesquisa. Tucídides, de Atenas, um militar, redigiu um eficiente relato da Guerra de Peloponeso.
Xenofonte preparou as Helênicas, uma história dos gregos até o século IV a.C.
Os gregos se dedicavam também a oratório. Falar em público era muito importante na sociedade grega. Um dos oradores mais célebres foi Péricles. Outro foi Demóstenes, gago até a adolescência. Corrigiu seu problema falando com a boca cheia de sementes ou pedrinhas tentando discursar mais alto do que o barulho das ondas do mar. Demóstenes foi o autor das Filípicas, uma obra contra o rei Filipe a Macedônia, que invadiu a Grécia.
A filosofia foi o grande legado do pensamento grego. Inicialmente os gregos tentaram explicar os fenômenos da natureza com justificativas mitológicas, ou seja, atribuíam os acontecimentos a atos dos deuses, heróis e semi-deuses. Os pensadores dos primeiros tempos são chamados de pré-socráticos, isto é, os que vieram antes de Sócrates. Junto com Platão e Aristóteles, Sócrates foi um dos maiores filósofos gregos.
Com desenvolvimento da cultura e maior disponibilidade de bens materiais, os filósofos passaram a buscar explicações racionais e organizadas para os acontecimentos. Sócrates, que viveu de 470 a 399 a.C, foi o primeiro a proceder dessa forma. Ele abalou tanto a sociedade de seu tempo que foi forcado pelas autoridades a suicidar-se, bebendo um preparado de uma planta chamada Cicuta. Os filósofos que viveram depois são chamados de Póssocráticos.
Os gregos explicavam as origem das coisas por meio de mitos. Sua religião era Antropomórfica, ou seja, seus deuses tinha forma humana. A religião grega era uma fusão de divindades locais e orientais.
Posteriormente, os romanos tomaram emprestadas essas divindades e mudaram seus nomes gregos para os nomes latinos.
Para os gregos, esses deuses viviam no monte Olimpo e tinha sentimentos e paixões como os seres humanos. Era, porem, imortais. Os semideuses ou heróis estavam entre os deuses e os homens e eram filho de Deuses com humanos. Tinha natureza meio humana e meio divina e uma maior forca física e inteligência do que os humanos. Entre eles, estavam Hércules, que representava a forca e foi responsável pelos lendários doze trabalhos.
Entre os principais deuses estavam Zeus, o rei dos deuses do Olimpo. Ele seria chamado mais tarde de Júpiter pelos romanos.
Outros deuses importantes eram Hera, mulher de Zeus e Atena, sua filha e protetora de Atenas, das artes e do saber; Apolo, deus da luz; Artemísia, deusa da caça;  Dionísio, deus do vinho; Hermes, protetor do comércio e Afrodite, deusa do amor e da beleza. O mar, muito importante, era representado por Posseidon . Os gregos acreditavam que as terras boiavam sobre o corpo desses deus e se ele quisesse poderia acabar com o mundo de um momento para a outro. Pã era o deus dos pastores.

Veja também:

Roma e Grécia Antiga

História

Roma e Grécia Antiga

As civilizações clássicas que compõem a Antiguidade Ocidental – Roma e Grécia – formaram a base de nossa civilização, ou seja, as sociedades ocidentais modernas. Em muitos campos, elas se confundem e, por isso, se tornaram conhecidas como cultura greco-latina.
Se da Grécia Antiga adotamos os conceitos políticos como monarquia, tirania, democracia, hegemonia e conceitos filosóficos como antropocentrismo, idealismo e racionalismo, da Roma Antiga adotamos o conceito de cidadania e justiça, a língua latina e suas derivações e o cristianismo.

Roma Antiga

A cidade de Roma, situada entre colinas e em local estratégico para a comunicação, foi o berço da civilização romana. Com o tempo, os romanos iniciaram sua expansão por todo o Mediterrâneo, que chamaram de mare nostrum (“mar nosso’’).

As origens de Roma

Por volta do II milênio a.C., a península Itálica, situada no sul da Europa e avançando pelo mar Mediterrâneo, começou a ser habitada por diferentes povos, dentre eles os latinos.
Esses povos ocuparam uma planície próxima ao rio Tibre, onde fundaram aldeias e à qual deram o nome de Lácio. Aos poucos, eles foram se agrupando em volta de seu povoado mais importante, Roma, que se tornou uma das maiores cidades da Antiguidade.
A civilização romana desenvolveu-se em torno do mar Mediterrâneo. Os romanos dominaram territórios situados nos três continentes banhados por esse mar – Europa, Ásia e África -, construindo um poderoso império.

A divisão da história romana

A civilização romana se estendeu desde a fundação da cidade, em 753 a.C, até o fim do Império Romano do Ocidente, em 476 d.C.
A história política da Roma Antiga divide-se em três fases:
Mapa da Roma Antiga
O Império Romano em sua maior extensão (século II)

Sociedade Romana

Os descendentes dos primeiros habitantes da península itálica eram os senhores das terras e ficaram conhecidos como patrícios.
Populações latinas também se dirigiram para aquele sítio e foram bem recebidas pelos antigos habitantes, que precisavam de mais braços naquele local. Estes foram nomeados clientes e podiam se misturar às famílias mais tradicionais por meio do casamento.
Por último, chegaram outros grupos não tão bem recebidos, mas que poderiam ficar para trabalhar nas terras dos patrícios, sem, contudo, terem terras próprias para seu sustento. Estes eram os plebeus.
Ainda existiam homens na condição de escravos, obtidos em campanhas militares dos latinos contra outras populações. Aqueles que eram capturados tornavam-se escravos em Roma. Contudo, a maior parte do trabalho, na monarquia, não era escravo, pois era desempenhado pelos homens livres e pobres, os plebeus.

O Direito romano

A legislação romana e seu sistema judiciário eram complexos. Para se ter uma ideia dessa complexidade, podemos assinalar a divisão do Direito romano em três divisões.
  • Jus naturale: afirmava os direitos naturais do homem que deveriam ser observados pelo Estado,
  • Jus civile: assinalava a existência dos direitos de cidadania, ou seja, os direitos constituídos no seio da sociedade humana em suas variadas relações, aí se encontrava a vida política.
  • Jus gentium: correspondia ao reconhecimento das especificidades dos povos abrigados pelo império romano, garantindo as tradições e as comemorações que marcavam identidades no interior da unidade romana.

O latim

Sem dúvida alguma, a língua romana foi uma peça importante de seu imperialismo. Povos submetidos deveriam, para participar da vida política, aprender a língua romana. Assim, o latim foi elemento de romanização do Império.
Adiante, com as invasões bárbaras, o latim permaneceu como referência de língua sagrada, adotado pela Igreja Católica, e também misturado às línguas germânicas dos grupos invasores. O resultado foi a formação de línguas chamadas de neolatinas faladas até hoje, como o português, o espanhol, o francês e o italiano moderno.

Literatura

A literatura romana foi muito desenvolvida, com a produção de textos poéticos e em prosa, mas os discursos políticos são os mais impressionantes desse universo literário.
Tito Lívio, Ovídio, Virgílio, Horácio, Cícero, Sêneca, o imperador Marco Aurélio são alguns dos nomes importantes do mundo intelectual romano. História, poesia, sátiras, filosofia e política foram campos de grande produção literária.

Religião

No campo religioso, antes da adoção do monoteísmo cristão, os romanos eram politeístas e seus deuses foram tomados dos gregos, latinizando-se os nomes. Além desses deuses, havia os protetores domésticos e o culto aos ancestrais.

Arquitetura

Na arquitetura, a influência grega também esteve presente. Entretanto, o espírito prático dos romanos destacou-se na construção de estradas, esgotos, aquedutos, estádios, colunas e arcos do triunfo.

Grécia Antiga

A sociedade grega se fixou na península Balcânica, região que apresenta um relevo montanhoso, o que favoreceu a formação de comunidades independentes umas das outras nos aspectos político, militar e econômico.
Em comum havia a língua, a religião, os usos e costumes. A cultura grega foi o elemento de união e de identificação do antigo povo grego. A confraternização geral entre os gregos era realizada nas festividades religiosas, que também envolviam competições esportivas e literárias.
A Grécia foi também o berço da democracia, já que as medidas administrativas eram discutidas e aprovadas pelo conjunto de cidadãos.
Mapa da Grécia Antiga
A Península Balcânica

Origem

Os primeiros habitantes da Grécia foram os pelágios, ou pelasgos, que ocupavam o litoral e estavam organizados em comunidades. Eles acabaram assimilados por povos indo-europeus que invadiram a península Balcânica a partir de 2000 a.C, episódio que originou a formação do povo grego.

A divisão da história grega

Tradicionalmente, a história política da Grécia Antiga é dividida em cinco períodos, conforme podemos ver abaixo:
  1. Período Pré-Homérico: Do século XX ao século XII a.C. – Civilização creto-micênica
  2. Período Homérico: Do século XII ao século VIII a.C. – Sistema gentílico
  3. Período Arcaico: Do século VIII ao século V a.C. – Surgimento das Cidades-Estado como Esparta e Atenas.
  4. Período Clássico: Do século V ao século IV a. C. – Guerras de hegemonia
  5. Período Helenístico: Do século IV ao século III a. C. – Domínio macedônico e intensos contatos com o Oriente

Sociedade grega

A sociedade grega estava dividida em cidadãos e não-cidadãos.
Os cidadãos, entre os quais havia pessoas muito ricas e outras mais humildes, desfrutavam de todos os direitos políticos, participavam da vida pública e eram obrigados a pagar impostos. Em Atenas, elevavam-se à categoria de cidadãos apenas os homens adultos filhos de país atenienses. Em outras cidades, como Esparta, por exemplo, existia uma nobreza que tinha autoridade social e política.
A maioria da população da Grécia Antiga, entretanto, era de não-cidadãos, que não gozavam de direitos políticos, a exemplo das mulheres, dos escravos e dos estrangeiros (metecos). Contudo, a situação variava:
  • Os estrangeiros, considerados livres, dedicavam-se principalmente ao comércio e ao artesanato. Pagavam impostos e faziam parte do exército, mas não possuíam terras nem casas.
  • Os escravos eram propriedade de uma família, constituindo importante força de trabalho no serviço doméstico e na agricultura. Por vezes eram prisioneiros de guerra ou filhos de escravos.
Os homens livres, cidadãos ou não, podiam se tomar soldados.

Religião

Os gregos eram politeístas e adeptos do antropomorfismo, isto é, seus deuses eram representados sob a forma humana em sua absoluta perfeição.
De acordo com a mitologia, os deuses possuíam todas as qualidades e defeitos dos mortais e, por serem deuses, essas virtudes e defeitos eram também em proporções divinas. Os deuses eram guerreiros violentos e vingativos, sujeitos ao ciúme, à inveja, à soberba, ao amor e ao ódio.
A trindade máxima era composta por Zeus, senhor da Terra e do céu, Poseidon, senhor dos mares e dos ventos, e Hades, senhor do mundo inferior e dos mortos.
O Monte Olimpo era considerado a morada dos deuses sob a presidência de Zeus, o deus mais importante, o deus dos deuses.

Arquitetura

O estilo arquitetônico grego, pela sua harmonia, composição simétrica e elegância, tem servido de modelo e de inspiração, atravessando tempo e distâncias.
  • O estilo jônico apresenta a coluna canelada, e o capitel levemente trabalhado.
  •  O estilo coríntio apresenta o capitel mais ornamentado.
  • O estilo dórico se caracterizou por apresentar colunas simples e sóbrias com capitel liso.

Escultura

Os gregos alcançaram a perfeição, demonstrando grande conhecimento da anatomia humana e animal.
As esculturas também eram utilizadas para adornar os templos. Fídias, amigo de Péricles, foi o escultor mais famoso, responsável pelas obras da Acrópole ateniense.

Pintura

Foi muito utilizada para decorar cerâmicas e retratava cenas religiosas, desportivas, militares e cotidianas.

Teatro

Os teatros eram auditórios ao ar livre e o público se sentava em bancos de pedra. Os gregos eram incentivados a frequentar o teatro, considerado parte essencial de sua educação.
Os gregos criaram dois gêneros: a tragédia e a comédia.
A tragédia era tida como a expressão mais nobre do teatro e significava “canto do bode”. Ela esmiuçava a natureza do mal, das contradições humanas, enfatizava as paixões humanas, mostrando o homem como joguete nas mãos dos deuses. Personagens divinos e humanos faziam parte das peças, mostrando suas preferências e suas contradições.
A comédia satirizava a política e os costumes da época. As peças eram encenadas por atores que utilizavam máscaras que identificavam o personagem como velho ou moço, homem ou mulher, feliz ou triste.
Diferentes máscaras permitiam ao ator interpretar vários papéis na peça.

Filosofia

No início, os mitos explicavam a origem do mundo e a realidade à sua volta, portanto tudo era consequência da vontade e do capricho dos deuses.
Com o tempo, os gregos passaram a buscar explicações racionais para esses acontecimentos na tentativa de compreender e explicar as coisas ao seu redor, nascendo, assim, a filosofia, isto é, o “amor ao saber”.
O apogeu da filosofia grega deu-se com Sócrates, Platão e Aristóteles.
Bibliografia: 
FUNARI, Pedro Paulo. Grécia e Roma: vida pública e vida privada. São Paulo: Contexto, 2011.

Por: Wilson Teixeira Moutinho

Comunismo

História

Comunismo

O Comunismo é uma doutrina e sistema econômico e social baseado na propriedade coletiva dos meios de produção.
Sistema social, político e econômico desenvolvido teoricamente por Karl Marx, e proposto pelos partidos comunistas como etapa posterior ao socialismo. Tem como ideal a primazia do interesse comum da sociedade sobre o de indivíduos isolados.
Esta noção surge já na Antiguidade. Os ideais comunistas acompanham a civilização cristã na Idade Média e no Renascimento. As grandes utopias sobre o comunismo surgem nos séculos XVI e XVII.
Conceitos a partir do pensamento dos Marxistas e do próprio governo comunista:

Comunismo marxista

O Manifesto Comunista, escrito em 1848 pelos pensadores alemães Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895), afirma que o comunismo seria o estágio final da organização político-econômica humana.
A sociedade viveria num coletivismo, sem divisão de classes nem a presença de um Estado coercitivo.
Para chegar ao comunismo, os marxistas preveem um estágio intermediário de organização, o socialismo, que instala uma ditadura do proletariado para garantir a transição.
Essa ditadura promove a destruição completa da burguesia, abole as classes sociais e desenvolve as forças de produção de modo que cada indivíduo dê sua contribuição segundo sua capacidade e receba segundo suas necessidades.
Para os marxistas, a construção de uma situação de abundância permitiria a supressão dos salários e a extinção total do Estado.

Governos comunistas

Em 1917, a Revolução Russa instala no poder os defensores do comunismo. Sob a liderança do russo Vladimir Lenin (1870-1924), é estabelecida a ditadura do proletariado e o Partido Comunista controla o governo com o objetivo de fazer a transição entre o capitalismo e o socialismo.
Os princípios e métodos adotados são conhecidos como leninismo. Com a morte de Lenin, assume o político Josef Stalin (1879-1953).
Ele suprime a oposição, promove a coletivização da terra, a industrialização acelerada, o planejamento centralizado e controla os partidos comunistas de todo o mundo. Sua política é chamada de stalinismo.
Governo comunista de Stalin
Josef Stalin
Após a 2ª Guerra Mundial (1939-1945), comunistas tomam o poder nos países do Leste Europeu libertados do nazismo pelo Exército soviético. Em 1949, os comunistas liderados por Mao Tsé-tung (1893-1976) tomam o poder na China.
O sistema se espalha por vários países do sudeste asiático e da África e em Cuba. Na década de 80, os governos chinês e soviético passam a adotar alguns princípios capitalistas, como a permissão para pequenas propriedades privadas.
Com a queda do Muro de Berlim, em 9 de novembro de 1989, a dissolução da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas e a formação da CEI (Comunidade de Estados Independentes), em 1991, os governos comunistas entram em crise. (Veja mais em: Fim da União Soviética e a CEI).

Por: Marina Pascon Capelas