segunda-feira, 13 de abril de 2020

Os perigosos laços da medicina com a indústria farmacêutica – Vitamina D comentado


Os perigosos laços da medicina com a indústria farmacêutica – Vitamina D comentado


Acrescentamos ao texto, que os pacientes podem ser vítimas das doenças e dos remédios, tanto quanto da ausência de tratamento eficaz para doenças para as quais existem terapias de alta complexidade e custo fornecidas pela indústria farmacêutica, QUANDO a eficácia do tratamento pode ser realizada a BAIXO CUSTO, tanto para paciente como para o Governo, o maior pagador do SUS.   Soma-se a este fato a ausência de prevenção à saúde, que é a providência de mais baixo custo ainda. Neste triângulo das bermudas criado pela indústria farmacêutica e aceito pela Medicina perdem-se recursos públicos, dinheiro dos pacientes e familiares, saúde e vidas.  É neste triângulo da doença e da morte que funciona os laços mercantis com a indústria de remédios e a medicina.
A subtração – no Brasil – em especial do valor preventivo e terapêutico do hormônio conhecido por Vitamina D de baixíssimo custo, é um perfeito exemplo disto. Os medicamentos de alto custo da indústria farmacêutica para as doenças autoimunes precisam de PACIENTES VÍTIMAS da ganância desenfreada e da omissão das autoridades. O desinteresse das pessoas ainda saudáveis em informar-se em tempo sobre o que ocorre neste meio médico-farmacêutico, também contribui para o desastre da saúde.
Celso Galli Coimbra
OABRS 11352
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Nos últimos meses, um tema polêmico tem aparecido mais frequentemente na mídia: o potencial prejuízo que o “inevitável” laço entre medicina e indústria farmacêutica pode causar nos pacientes.
Muitos artigos e estudos têm argumentado que a indústria farmacêutica se utiliza de táticas e estratégias imorais e nada éticas para vender remédios que absolutamente não ajudam os doentes.
Pior: um novo estudo publicado no respeitado periódico Proceedings of the National Academy of Sciences revelou que a fraude é um verdadeiro problema em publicações científicas, problema que tem aumentado no decorrer das décadas.
O estudo analisou 2.047 artigos sobre pesquisas biomédicas desacreditadas e retraídas de publicações científicas, e constatou que a maior razão para a sua retração não foram erros honestos (não propositais), mas sim pura fraude.
Enquanto isso, um médico inglês, Benjamin Goldcare, denunciou um comportamento condenável da indústria farmacêutica: em busca de proteger os próprios interesses econômicos, os laboratórios farmacêuticos nem sempre liberam os remédios ao mercado com a garantia de que farão bem aos pacientes.
Para vender esses remédios ineficazes, as empresas forjam ou só publicam estudos acadêmicos e resultados de testes favoráveis sobre eles, escondendo totalmente o fato de que alguns apresentam efeitos colaterais perigosos.
Se você acha que já ouviu o suficiente, prepare-se para conhecer a pior parte de tudo isso: tal comportamento não é ilegal.
No Brasil, a entidade que libera remédios para uso comercial é a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), um órgão ligado ao Ministério da Saúde. Existem 23 laboratórios oficiais ligados à Anvisa que fornecem medicamentos para o Sistema Único de Saúde (SUS).
As centenas de laboratórios privados, no entanto, estão sob observação menor (para não dizer sem observação): o único controle rigoroso acontece no momento de permitir que a empresa abra.
Uma vez operantes, os produtores detém o controle sobre os testes, ou seja, os próprios laboratórios atestam a qualidade do medicamento que eles mesmos fabricam. O sistema de teste e aprovação dos remédios coloca controle excessivo nas mãos dos fabricantes, de forma que eles quase sempre podem definir qual o veredicto sobre qualquer medicamento em fase de experimentos.

“Suicídio profissional”

O psiquiatra britânico David Healy, odiado por colegas que até tentaram revogar sua licença médica, argumenta que seus semelhantes estão cometendo “suicídio profissional” ao não abordar sua relação perigosamente íntima com a indústria farmacêutica.
Os conflitos entre medicina e indústria são conhecidos há muito tempo. Um deles são os “presentes” que médicos ganham de fabricantes de remédio, que alguns consideram ser uma tentativa clara de “comprar” o profissional para que ele passe a receitar a medicação.
Nos EUA, por exemplo, só em 2004 as empresas farmacêuticas gastaram cerca de US$ 58 bilhões (cerca de R$ 116 bi) em marketing, 87% dos quais foram destinados diretamente a cerca de 800 mil norte-americanos com o poder de prescrever medicamentos.
O dinheiro foi gasto principalmente em amostras de medicamentos gratuitos e visitas a consultórios médicos, que estudos confirmam que aumentam a prescrição de medicamentos de marca e os custos médicos sem melhorar o atendimento.
Nos EUA, a legislação diz que as empresas farmacêuticas devem revelar quais médicos aceitaram qualquer pagamento ou presente com valor maior de US$ 10, e descrever as quantidades exatas aceitas e seu propósito em um site público. Porém, esse site só vai estar em funcionamento em 2014, talvez.
Healy nem acha que aceitar dinheiro dos fabricantes seja o pior problema (embora já tenha ficado demonstrado que pode ser prejudicial). Para ele, o fato das empresas repetidamente esconderem informações importantes sobre os riscos de seus medicamentos é que é o verdadeiro problema.
Nesse ponto, Healy acha que as publicações científicas têm um pouco de culpa também. Ele disse, por exemplo, que já teve dificuldade em publicar dados anteriormente ocultos: a publicação foi rejeitada.
Embora as revistas médicas obriguem empresas farmacêuticas a registrarem todos os seus ensaios clínicos com o Instituto Nacional de Saúde dos EUA se quiserem publicá-los, essa não é uma exigência legal. Eles ainda podem esconder dados relevantes da Administração de Drogas e Alimentos americana ao não divulgar testes clínicos que eles nunca tentaram submeter a publicação.
“A questão-chave a curto prazo é o acesso aos dados. Temos que insistir nisso”, afirma Healy. “Médicos recebem a indústria e ouvem sobre seus remédios. Eu não acho que seja um problema enorme que sejam pagos para isso. O grande problema é que se você perguntar pelos dados, eles não podem mostrar a você. Isso é não é ciência, isso é marketing”.
No Brasil, o Código de Ética Médica e a Resolução nº 1.595/00 do Conselho Federal de Medicina proíbem aos médicos a comercialização da medicina e a submissão a outros interesses que não o benefício do paciente. Também é proibida a vinculação da prescrição médica ao recebimento de vantagens materiais. A RDC 102/00 da Anvisa ainda proíbe a indústria farmacêutica de oferecer prêmios ou vantagens aos profissionais de saúde envolvidos com a prescrição ou dispensação de medicamentos.
A questão é: em até que ponto essas resoluções são fiscalizadas?
Recentemente, em fevereiro desse ano, um acordo inédito foi firmado entre o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), estabelecendo parâmetros para a relação entre médicos e indústrias.
Entre outras resoluções, ficou decidido que a presença de médicos em eventos a convite da indústria deve ter como objetivo a disseminação do conhecimento técnico-científico, e não pode ser condicionada a qualquer forma de compensação. Também, somente despesas relacionadas ao evento podem ser cobridas pela indústria.
Quanto a brindes e presentes, eles devem estar de acordo com os padrões definidos pela legislação sanitária em vigor, devem estar relacionados à prática médica, e devem expressar valor simbólico (que não ultrapasse um terço do salário mínimo nacional vigente).
Além disso, foram estabelecidas regras para visitação comercial a médicos, que dizem que o objetivo das visitas deve ser contribuir para que pacientes tenham acesso a terapias eficientes e seguras, e que os empresários devem informar os médicos sobre as vantagens e riscos dos remédios.
Esse acordo inédito parece mostrar bastante boa vontade de ambas as partes de agir no melhor interesse do paciente. Mas, como diria o ditado, “de boas intenções o inferno está cheio”. A dúvida que permanece é: o quão a sério profissionais de saúde e empresários estão levando esses parâmetros?
Nós, os pacientes, estamos seguros, ou somos duplamente vítimas: das doenças e dos remédios?
Fonte: http://hypescience.com/os-perigosos-lacos-da-medicina-com-a-industria-farmaceutica/
Publicado em A prevenção de doenças neurodegenerativas, Administração Pública, Alimentação e nutrição, Biodireito, Brasil, Direitos do Consumidor, Doenças autoimunes, Esclerose múltipla, Facebook, Medicina, Neurologia, Notícias, Saúde Pública, Vitamina D. Tags: , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , . 45 Comments »

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  2. Dr. Cícero Galli Coimbra – Cura da Esclerose múltipla e o tratamento com a vitamina D – 28.01.13 – TV Mundi « Objeto Dignidade Says:
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sábado, 11 de abril de 2020

Coronavírus: Convocação geral para a mais potente arma natural (use ant...

OS PERIGOSOS LAÇOS DA MEDICINA COM A INDÚSTRIA FARMACÊUTICA – VITAMINA D COMENTADO

OS PERIGOSOS LAÇOS DA MEDICINA COM A INDÚSTRIA FARMACÊUTICA – VITAMINA D COMENTADO

25/12/2012 — Celso Galli Coimbra
Acrescentamos ao texto, que os pacientes podem ser vítimas das doenças e dos remédios,tanto quanto da ausência de tratamento eficaz para doenças para as quais existem terapias de alta complexidade e custo fornecidas pela indústria farmacêutica [remédios não eficazes e que não curam] , QUANDO a eficácia do tratamento pode ser realizada a BAIXO CUSTO, tanto para o paciente como para o Governo, o maior pagador do SUS [o povo que paga o segundo mais alto índice de impostos do planeta e, em troca, vê e recebe o menor retorno social, nem saúde nem educação]. Soma-se a este fato aausência de prevenção à saúde, que é a providência de mais baixo custo ainda. Neste triângulo das bermudas criado pela indústria farmacêutica e aceito pela Medicina perdem-se recursos públicos, dinheiro dos pacientes e familiares, saúde e vidas. É neste triângulo da doença e da morte que funcionam os laços mercantis com a indústria de remédios e a medicina.
A subtração – no Brasil – em especial do valor preventivo e terapêutico do hormônio conhecido por Vitamina D de baixíssimo custo, é um perfeito exemplo disto. Os medicamentos de alto custo da indústria farmacêutica para as doenças autoimunes precisam de PACIENTES VÍTIMAS da ganância desenfreada e da omissão das autoridades. O desinteresse das pessoas ainda saudáveis em informar-se em tempo sobre o que ocorre neste meio médico-farmacêutico, também contribui para o desastre da saúde.
Por Celso Galli Coimbra

Entrevista com o Dr Cícero Galli Coimbra

Palestra Dr. Cicero Galli Coimbra no TRT 15a Região.

sexta-feira, 10 de abril de 2020

Lionel Richie - Hello

“Para quando eu me for”, um texto para quem não tem medo de se emocionar

“Para quando eu me for”

“Para quando eu me for”, um texto para quem não tem medo de se emocionar

Morrer é uma surpresa. Sempre. Nunca se espera. Nem mesmo o paciente terminal acha que vai morrer hoje ou amanhã. Na semana que vem talvez, mas apenas se a semana que vem continuar sendo na semana que vem.
Nunca se está pronto. Nunca é a hora. Nunca vamos ter feito tudo o que queríamos ter feito. O fim da vida sempre vem de surpresa, fazendo as viúvas chorarem e entediando as crianças que ainda não entendem o que é um velório (Graças a Deus).
Com meu pai não foi diferente. Na verdade, foi mais inesperado. Meu pai se foi com 27 anos, a idade que leva muitos músicos famosos. Jovem. Moço demais. Meu pai não era músico nem famoso, o câncer parece não ter preferência. Ele se foi quando eu ainda era novo, descobri o que era um velório justamente com ele. Eu tinha 8 anos e meio, o suficiente pra sentir saudade pelo resto da vida. Se ele tivesse morrido antes, não haveriam lembranças. Nem dor. Mas também não haveria um pai na minha história. E eu tive um pai.
Tive um pai que era duro e divertido. Que me colocava de castigo com uma piadinha pra não me magoar. Que me dava um beijo na testa antes de dormir. Hábito esse que eu levei para os meus filhos. Que me obrigou a amar o mesmo time que ele e que explicava as coisas de um jeito melhor que a minha mãe. Sabe? Um pai desses que faz falta.
Ele nunca me disse que ia morrer, nem quando já estava deitado cheio de tubos. Meu pai fazia planos para o ano que vem mesmo sabendo que não veria o próximo mês. No ano que vem iríamos pescar, viajar, visitar lugares que nenhum de nós conhecia. O ano que vem seria incrível. Eu vivi esse sonho com ele.
Acho, tenho certeza na verdade, que ele pensava que isso daria sorte. Supersticioso. Pensar no futuro era o jeito dele se manter otimista. O desgraçado me fez rir até o final. Ele sabia. Ele não me contou. Ele não me viu chorar a sua perda.
E de repente o ano que vem acabou antes de começar.
Minha mãe me pegou na escola e fomos ao hospital. O médico deu a notícia com toda a sensibilidade que um médico deixa de ter com os anos. Minha mãe chorou. Ela também tinha um pingo de esperança. Como disse antes, todo mundo tem. Eu senti o golpe. Como assim? Não era só uma doença normal dessas que a gente toma injeção? Pai, como eu te odiei. Você mentiu pra mim. Não fiquei triste, pai, fiquei com raiva. Me senti traído. Gritei de raiva no hospital até perceber que meu pai não estava lá pra me colocar de castigo. Chorei.
Mas aí meu pai foi meu pai de novo. Trazendo uma caixa de sapato debaixo dos braços, uma enfermeira veio me consolar. Dentro, dezenas de envelopes lacrados com frases escritas onde deveriam ficar os nomes dos destinatários. Entre as lágrimas e os soluços não consegui entender direito o que estava acontecendo. E então a mesma enfermeira me entregou uma carta. A única fora da caixa.
“Seu pai me pediu pra entregar essa pessoalmente e te dizer pra abrir. Ele passou a semana inteira escrevendo tudo isso e disse que era pra você. Seja forte.” Disse a enfermeira com um abraço.
PARA QUANDO EU ME FOR dizia o envelope que ela me entregou. Abri.Filho,
Se você está lendo eu morri. Desculpa, eu sabia.
Não queria te dizer que ia acontecer, não queria te ver chorar. Parece que consegui. Acho que um homem prestes a morrer tem o direito de ser um pouco egoísta.
Bom, como eu ainda tenho muito pra te ensinar, afinal você não sabe de nada, deixei essas cartas. Você só pode abrir quando o momento certo chegar, o momento que eu escrevi no envelope. Esse é o nosso combinado, ok?
Eu te amo. Cuida da sua mãe, você é o homem da casa agora.
Beijo, pai.
PS: Não deixei cartas para sua mãe, ela já ficou com o carro.
E com aqueles garranchos, afinal naquela época não era tão fácil imprimir como é hoje em dia, ele me fez parar de chorar. Aquela letra porca que uma criança de 8 anos mal entendia (eu, no caso) me acalmou. Me arrancou um riso do rosto. Esse era o jeito do meu pai de fazer as coisas. Que nem o castigo com uma piadinha para aliviar.
Aquela caixa se tornou a coisa mais importante do mundo. Proibi minha mãe de abrir, de ler. Mas elas eram minhas, só pra mim. Sabia decorado todos os momentos da vida em que eu poderia abrir uma carta e ler o que meu pai tinha deixado. Só que esses momentos demoraram muito pra chegar. E eu esqueci.
Sete anos e uma mudança depois eu não tinha ideia de onde a caixa tinha ido parar. Eu não lembrava dela. Algo que você não lembra não faz falta. Se você perdeu algo da sua memória, você não perdeu. Simplesmente não existe. Como dinheiro que depois você acha no bolso da bermuda.
E então aconteceu. Uma mistura de adolescência com o novo namorado da minha mãe desencadeou o que meu pai sabia que um dia aconteceria. Minha mãe teve vários namorados, sempre entendi. Ela nunca casou de novo. Não sei ao certo o motivo, mas gosto de acreditar que o amor da vida dela tinha sido meu pai. Mas esse namorado era ridículo. Eu sentia que ela se rebaixava pra ele. Que ele fazia pouco da mulher que ela era. Que uma mulher como ela merecia algo melhor do que um cara que ela tinha conhecido no forró.
Me lembro até hoje do tapa que veio acompanhado da palavra “forró”. Eu mereci, admito. Os anos me mostraram isso. Na hora, enquanto a pele da minha bochecha ardia, lembrei da minha caixa e das minhas cartas. De uma carta em específico que dizia PARA QUANDO VOCÊ TIVER A PIOR BRIGA DO MUNDO COM A SUA MÃE.
Corri para o quarto e revirei minhas coisas o suficiente para levar outro tapa na cara da minha mãe. Encontrei a caixa dentro de uma mala de viagem na parte de cima do armário. O limbo. Procurei entre os envelopes. Passei por PARA QUANDO VOCÊ DER O PRIMEIRO BEIJO e percebi que havia pulado essa, me odiei um pouco e decidi que a leria logo depois, e por PARA QUANDO VOCÊ PERDER A VIRGINDADE, uma que eu esperava abrir logo, logo. Achei o que procurava e abri.
Pede desculpa.
Eu não sei o motivo da briga e nem quem tem razão. Mas eu conheço a sua mãe. Então a melhor maneira de resolver isso é com um humilde pedido de desculpas. Do tipo rabinho entre as pernas.
Ela é sua mãe, cara. Te ama mais do que tudo nessa vida. Sabe, ela escolheu parto normal porque alguém disse que era melhor pra você. Você já viu um parto normal? Pois é, quer demonstração de amor maior que essa?
Pede desculpa. Ela vai te perdoar. Eu não seria tão bonzinho.
Beijo, pai.
Meu pai passava longe de um escritor, era bancário, mas as palavras dele mexeram comigo. Havia mais maturidade nelas do que nos meus quatorze anos de vida. O que não era muito difícil por sinal.
Corri para o quarto da minha mãe e abri a porta. Já estava chorando quando ela, chorando também, virou a cabeça pra me olhar nos olhos. Não lembro o que ela gritou pra mim, algo como “O que você quer?”, mas lembro que andei até ela e a abracei, ainda segurando a carta do meu pai. Amassando o papel já velho entre os meus dedos. Ela me abraçou de volta e ficamos em silêncio por não sei quantos minutos.
A carta do meu pai fez ela rir alguns momentos depois. Fizemos as pazes e conversamos um pouco sobre ele. Ela me contou umas manias estranhas que ele tinha, como comer salame com geleia de morango. De algum modo, senti que ele estava ali. Eu, minha mãe e um pedaço do meu pai, um pedacinho que ele deixou naquele papel. Que bom.
Não demorou muito e li PARA QUANDO VOCÊ PERDER A VIRGINDADE.
Parabéns, filho.
Não se preocupa, com o tempo a coisa fica melhor. Toda primeira vez é um lixo. A minha foi com a puta mais feia do mundo, por exemplo.
Meu maior medo é você ler o envelope e perguntar da sua mãe antes da hora o que é virgindade. Ou pior, ler o que eu acabei de escrever sem nem saber o que é punheta (você sabe, não sabe?). Mas isso também não será problema meu, não é mesmo?
Beijo, pai.
Meu pai acompanhou minha vida toda. De longe, sim, mas acompanhou. Em incontáveis momentos suas palavras me deram aquela força que ninguém mais conseguia dar. Ele sempre dava um jeito de me arrancar um sorriso em um momento de tristeza ou de clarear meus pensamentos num momento de raiva.
PARA QUANDO VOCÊ CASAR me emocionou, mas não tanto quanto PARA QUANDO EU FOR AVÔ.
Filho, agora você vai descobrir o que é amor de verdade. Vai descobrir que você gosta bastante da sua mulher, mas que amor mesmo é o que você vai sentir por essa coisinha aí que eu não sei se é ele ou ela. Sou um cadáver, não um vidente.
Aproveita. É a melhor coisa do mundo. O tempo vai passar rápido, então esteja presente todos os dias. Não perca nenhum momento, eles não voltam mais. Troque as fraldas, dê banho, sirva de exemplo. Acho que você tem condições de ser um pai tão incrível quanto eu.
A carta mais dolorida da minha vida foi também a mais curta do meu pai. Acredito que ele sofreu para escrever aquelas quatro palavras o mesmo que eu sofri por ter vivido aquele momento. Demorou, mas um dia eu tive que ler PARA QUANDO SUA MÃE SE FOR.
Ela é minha agora.
Uma piada. Um palhaço triste que esconde o choro por trás do sorriso de maquiagem. Foi a única carta que não me arrancou um sorriso, mas entendi a razão.
Eu sempre respeitei o combinado com meu pai. Nunca li nenhuma carta antes do momento certo. Tirando PARA QUANDO VOCÊ SE DESCOBRIR GAY, claro. Nunca acreditei que o momento de ler essa carta chegaria, então abri muitos anos atrás. Ela foi uma das mais engraçadas, por sinal.
O que eu posso dizer? Ainda bem que morri.
Deixando as brincadeiras de lado e falando sério (é raro, aproveita). Agora semimorto eu vejo que a gente se importa muito com coisas que não importam tanto. Você acha que isso muda alguma coisa, filho?
Não seja bobo, seja feliz.
Sempre esperei muito pelo próximo momento. Pela próxima carta. Pela próxima lição que meu pai tinha pra me dar. Incrível como um homem que viveu 27 anos teve tanto pra ensinar pra um senhor de 85 como eu.
Agora, deitado na cama do hospital, com tubos no nariz e na traqueia (maldito câncer), eu passo os dedos por cima do papel desbotado da última carta. PARA QUANDO SUA HORA CHEGAR o garrancho quase invisível diz.
Não quero abrir. Tenho medo. Não quero acreditar que a minha hora chegou. Esperança, lembra? Ninguém acredita que vai morrer hoje.
Respiro fundo e abro.
Oi, filho, espero que você seja um velho agora.
Sabe, essa foi a carta mais fácil de escrever. A primeira que eu escrevi. A carta que me livrou da dor de te perder. Acho que estar perto do fim clareia a cabeça pra falar sobre o assunto.
Nos meus últimos dias eu pensei na vida que eu levei. Na minha curta vida, sim, mas que me fez muito feliz. Eu fui seu pai e marido da sua mãe. O que mais eu poderia querer? Isso me deu paz. Faça o mesmo.
Um conselho: não precisa ter medo.
PS: Tô com saudade.

terça-feira, 7 de abril de 2020

Existe espaço para literatura no Tribunal do Júri?


Existe espaço para literatura no Tribunal do Júri? 

Artigos Tribunal do Júri
Matheus Menna
7 de abril de 2020



Existe espaço para literatura no Tribunal do Júri?

Por Matheus Menna e Ana Carolina Soares Warde

Diz-se que o Direito e a Literatura são ficções. Que Direito é uma espécie de ficção essencial, enquanto que a literatura se trata de algo que está mais para o campo reflexivo, capaz de problematizar a realidade.

Se de um lado o Direito pretende aprisionar o presente a fim de projetar o futuro, a literatura propõe uma reflexão a partir da linguagem, transportando a realidade e possibilitando uma visão de mundo ampliada.

Alberto Manguel, na obra “No bosque do espelho: ensaios sobre as palavras e o mundo”, relata que: “De uma forma misteriosa, a aplicação das leis de uma sociedade é parecida com um ato literário: ela fixa a ação criminosa numa página, define-a com palavras, dá-lhe um contexto, que não é o do puro horror do momento, e sim o de sua recordação.”

Certa vez um grande advogado falou que os melhores livros sobre o Tribunal do Júri não falam sobre o Tribunal do Júri, eles falam sobre a alma humana. E por isso a necessidade de ler os clássicos.


Até porque, o tribuno nada mais é do que um contador de histórias. E só há um único jeito de ser um bom contador de histórias: lendo as melhores histórias.

Além de somar na qualidade da narrativa, a literatura nos traz conceitos dos mais belos, justamente em virtude do mencionado no segundo parágrafo deste texto: o conhecimento literário nos permite uma ampliação da visão de mundo.

Cem Anos de Solidão, de Gabriel García Marquez, através da corrente que ficou mundialmente conhecida como realismo mágico, possui uma das mais brilhantes narrativas que conhecemos. Capaz de prender o leitor do início ao fim, Cem Anos de Solidão agrega muito na bagagem intelectual do tribuno. Um dos fatos que faz-se necessário ressaltar da obra de Gabo é a importância de a história ter um bom começo, já que sua primeira frase ficou mundialmente conhecida: “Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento(…)”. Gabo conseguiu fazer uma metáfora da condição latino-americana ganhar um Nobel de Literatura.


O personagem Dom Quixote, criado por Miguel de Cervantes, conceitua a liberdade de uma forma linda e simples, ao afirmar, para seu fidalgo Sancho, ser a liberdade um dos bens mais preciosos e que por ela, da mesma forma que pela honra, se deve arriscar a vida. O mesmo personagem é também dono da célebre frase: “A liberdade, Sancho, não é um pedaço de pão.”

Eduardo Galeano, numa linha mais poética, ao ser questionado sobre o que é a utopia, responde com a sensibilidade que lhe é peculiar:


A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar.

Ainda sobre Galeano, este utiliza uma metáfora forte para explicar como funciona a justiça, ao dizer que:


A justiça é como uma serpente, só morde os pés descalços.

Qualquer semelhança com o que acontece no Brasil não é coincidência.

E o que dizer do erro de Otelo, personagem de William Shakespeare? Otelo conta para Desdêmona, sua esposa, que assassinou Cássio por saber que ele era seu amante. Ao ver Desdêmona chorar, Otelo possui certeza absoluta que ela o traiu. Contudo, Desdêmona chorou porque com Cássio morto, seria impossível provar que nunca houve traição. Shakespeare nos ensina que, para evitar o erro de Otelo, é preciso resistir à tentação de saltar para as conclusões, sendo necessário considerarmos motivos alternativos, diferentes daqueles que suspeitamos quando estamos contaminados pelas emoções.

Em Dom Casmurro, Machado de Assis foi capaz de plantar um questionamento que perdura até hoje na mente dos leitores: Capitu traiu ou não Bentinho? Propositalmente, tal pergunta não é respondida em seu livro, tendo ambos os lados teorias plausíveis para justificar se houve ou não traição. A dúvida acerca do que, de fato, aconteceu é uma característica desta história magnífica. Seria Machado de Assis um crítico ferrenho da busca incansável pela “verdade real dos fatos”?

Jorge Amado, no brilhante livro Capitães de Areia, demonstra, com uma narrativa capaz de prender o autor do início ao fim, que por trás de um “criminoso” existe toda uma história de vida que, por vezes, é capaz de justificar determinados atos. Jorge nos mostra que, para que um julgamento seja realizado de forma justa, faz-se necessário uma análise ampla acerca da vida do transgressor, sobretudo do contexto em que ele está inserido.

A obra de Fiódor Dostoiévski, Crime e Castigo, traz um olhar diferenciado e aprofundado na mente de um jovem que comete um assassinato e se vê perseguido por sua consciência. Nesta novela, o leitor é envolvido em inúmeras questões e detalhes que passam pela cabeça do assassino, identificando-se com traços psicológicos e morais do mesmo.

Dostoiévski expõe de maneira visceral as mazelas do indivíduo e da sociedade que o cerca: a polícia que prende um inocente que se intitulou o culpado pelo homicídio devido à pressão que sofria; a morte de uma senhora usurária, que emprestava dinheiro a juros altíssimos e maltratava a irmã mais nova, como justificativa para atingir seu potencial, o que não seria um ato moralmente condenável, mesmo que fosse contra a lei; a perturbação que essa ação causa ao personagem, fazendo com que o mesmo busque o “castigo” através de sua confissão como meio de aliviar sua consciência.

Tem-se, portanto, que a literatura complementa o direito, sobretudo porque uma boa narrativa é imprescindível ao mundo jurídico. Mas mais do que isso: a literatura é capaz de humanizar o Direito mostrando que este não precisa sempre desempenhar o papel de vilão da história.

Para o doutrinador Lenio Streck,


Há vários modos de dizer as coisas. Uma ilha é um pedaço de terra cercado por água, mas também pode ser um pedaço de terra que resiste bravamente ao assédio dos mares. É comum dizer que o galo canta para saudar a manhã que chega; mas, quem sabe, ele canta melancolicamente a tristeza pela noite que se esvai. (STRECK, Lenio Luiz; TRINDADE, André Karam. Direito e Literatura: da realidade da ficção à ficção da realidade. Ed. Atlas S.A, São Paulo, 2013, pg. 227)

Segundo o autor, olhando-se a operacionalidade, a realidade não nos toca; já as ficções sim. Neste contexto, alguns livros tocam mais sensivelmente o mundo jurídico: como falar em Processo Penal sem mencionar o famoso livro de Franz Kafka, O Processo, onde o personagem Josef K. remete ao paradigma da pessoa que é perseguida judicialmente sem conhecer as reais causas de tal persecução? Kafka, desta forma, denuncia o autoritarismo da Justiça que se vê com o poder nas mãos para condenar alguém, sem lhe ofertar meios – Constitucionais, pois não – de defesa à altura do aparato estatal.

Por fim, Os Miseráveis, de Victor Hugo, é uma verdadeira aula de criminologia. Destaca-se a homenagem feita por Cosette, que manda gravar no túmulo de seu pai adotivo, Valjean, um dos versos mais lindos que conhecemos:


Dorme.

Viveu na terra em luta contra a sorte

Mal seu anjo voou, pediu refúgio à morte

O caso aconteceu por essa lei sombria

Que faz que a noite chegue, apenas foge o dia!

Portanto, caros Leitores, seja pela importância de uma boa narrativa, pelos conceitos sensíveis que alguns autores são capazes de trazer, ou então pelas metáforas que podem – e devem – ser utilizadas, a resposta é: sim! Existe espaço para literatura no Tribunal do Júri.

sábado, 4 de abril de 2020

Demis Roussos-Jerusalem Of Gold

Quer sua vagina com cheiro e sabor naturalmente delicioso?

Quer sua vagina com cheiro e sabor naturalmente delicioso? Leia

Ok meninas, vamos falar sobre o sabor e o aroma da vagina. As mulheres têm impressões digitais bacterianas vaginais únicas, que dão um gosto distinto. Pergunte a qualquer homem que gosto tem uma vagina e você obteria toda uma gama de respostas que vão de salgado a amargo, sexy até leite doce.
O aroma e o sabor são uma combinação de fatores; o cheiro natural do seu corpo, a comida que você come, o cheiro de qualquer sabão que você usa e os sucos da sua vagina. Beber bastante água é essencial para melhorar o odor, fato. Então, você não preferiria ser aquela garota com cheiro e um gosto delicioso na buceta?
Lave a PPK!
O primeiro passo óbvio para ter fragrâncias particulares, deliciosas e perfumadas seria lavar-se pelo menos duas vezes por dia. Use um sabonete suave e sem perfume ou, melhor ainda, faça uma lavagem íntima especial com sabonete de valor Ph neutro.
Ar na bichinha!
Bactérias prosperam em lugares úmidos, então mantenha a área seca e use calcinhas de algodão em vez de tecidos sintéticos menos respiráveis. Calcinha de biquíni de algodão pode ser sexy também. Guarde seu fio dental e rendas para ocasiões especiais. Também é uma boa idéia lavar suas roupas com detergentes que não contenham corantes ou fragrâncias que irão colidir com o cheiro natural do seu corpo.
Não jogue perfume!
Embora possamos intuitivamente pensar que o perfume é uma maneira certa de fazer as coisas cheirarem bem, evite perfumes ao redor da área da vagina. Álcool e fragrâncias sintéticas do perfume podem piorar o odor vaginal e perturbar o equilíbrio do PH. Sim, pode mascarar o cheiro, mas isso é apenas temporário e definitivamente não vai fazer você se sentir melhor a longo prazo.
Depila isso!
O suor causa odores e pêlos pubianos retêm o suor. Ao se depilar, a chance de odor causado pelo suor é significativamente reduzida e, na minha opinião, uma vagina depilada é visualmente mais limpa e atraente.
Higienize bebê!
Usar lenços umedecidos de bebê depois de cada ida ao banheiro. Eles podem reduzir o trato urinário / infecções vaginais e são projetados para serem suaves para a pele. Então mantenha alguns lenços umedecidos à mão.
Coma!
Você sabia que os vegetarianos têm provado ter secreções de sabor melhor do que comedores de carne?! É verdade que o que você come afeta o sabor e o cheiro de lá. Experimente uma mistura de iogurte, amêndoas e mel no café da manhã e você terá gosto de sobremesa. Também é bom ter frutas ou legumes ricos em açúcares naturais; abacaxis, aipo, uvas vermelhas, suco de cranberry, melancia e muita água deixarão suas secreções com sabor doce e fresco. Geralmente, esses alimentos funcionarão  dentro de algumas horas de consumo, mas sugiro incluí-los um dia antes ou, melhor ainda, torná-lo parte de sua dieta básica! Dizem que comer doce também adoça a vagina.
Não coma!
Qualquer alimento que o deixe com peidos malcheirosos, mau hálito ou xixi fedorento deve ser evitado, já que não é nada óbvio que alimentos fedorentos e picantes façam com que você tenha um gosto bom ali. Cerveja, café,  comida picante e álcool tendem a azedar a vagina, enquanto os aspargos, alho e cebola crua farão com que cheire mal. Evite-os se você quiser fazer amor hoje.
Trate-se!
A infecção por fungos é uma causa de mau cheiro. Você precisará tratar antes de começar a provar e cheirar bem lá embaixo. Um creme como o Vagisil, que pode ser comprado em farmácias, pode eliminar o odor e a coceira. Se é um problema persistente e você acha que é uma infecção grave, é aconselhável consultar o seu médico.
Mergulhe!

Um antigo remédio para ter as vaginas saudáveis ​​é molhar um absorvente limpo em iogurte puro sem açúcar e depois inseri-lo na vagina por uma hora. Combatendo os insalubres, as bactérias saudáveis ​​do iogurte ajudam a eliminar qualquer odor de peixe e desagradável. Lembre-se de lavar bem a vagina depois de retirar o tampão. Uma nota importante para lembrar – iogurte aromatizado ou aqueles que contêm açúcar não deve ser usado com o risco de infecção por fungos. Lavagem com vinagre de maçã usando o In-m, uma ducha descartável, também é um santo remédio.
Dedicado a você que adora chupar uma bem docinha…

Vagina cheirosa, lisa, limpa… e saudável?

Higiene íntima


Vagina cheirosa, lisa, limpa… e saudável?

“Tem cheiro de bacalhau”, “Fede a peixe podre”, “É nojenta”: quantas vezes já não ouvimos essas frases a respeito da vagina? A relação das mulheres com o próprio corpo nunca foi das melhores. Muitas mulheres se incomodam com o odor e o corrimento e usam cada vez mais produtos para disfarçá-los ou eliminá-los.
A maioria dos produtos de higiene íntima é voltada para o público feminino. Existe um apelo para que a vagina se mantenha sempre cheirosa, limpa e lisa. Em nome da “higiene”, as mulheres passaram a se preocupar cada vez em deixar tudo sempre esterilizado. Para isso, elas utilizam uma porção de produtos, que variam entre absorventes pequenos fora do período menstrual, lenços umedecidos, sabonetes e cremes perfumados, ducha portátil e até a depilação total da vagina (o nome que usamos é virilha, mas há muito tempo não depilamos apenas a virilha). No entanto, o uso de inúmeros desses produtos, ao contrário do que muitos pensam, é prejudicial.
Primeiro é preciso explicar que o corrimento branco e diário é normal. Ele é formado por secreções vaginais, suor e sebo, substâncias produzidas na região genital que, aliadas aos micro-organismos naturais à região, ajudam a protegê-la.
O excesso de limpeza altera o pH e a flora natural do órgão sexual, deixando a mulher mais vulnerável a doenças. O uso de absorventes diários prejudica a circulação de ar e abafa o ambiente, tornando-o propício para a proliferação de fungos e bactérias. Outro problema é que os sabonetes e produtos perfumados possuem muitos produtos químicos. Além deles, a utilização de lenços agride a mucosa vaginal.
Algumas mulheres sofreram com o paradoxo: estar limpa e cheirosa X enfrentar problemas. A estudante Beatriz conta que usou sabonete íntimo e teve vários problemas de irritação. “Ele resseca muito a vagina e tira suas secreções naturais. Aliado a isso, o combo sabonete íntimo + alimentação ruim + calça jeans o dia inteiro + não se secar direito = fungos e candidíase na certa”, conta. A estudante Amanda já usou produtos de diversas marcas e todos aumentaram o corrimento.

Por que só mulheres?

A relação de homens e mulheres com seus órgãos sexuais é paradoxal. Enquanto os homens se orgulham e têm muita intimidade com o pênis, as mulheres seguem com vergonha.
Você já viu lencinhos umedecidos para pênis? Ou produtos de higiene peniana nas prateleiras das farmácias? É reservada às mulheres a função de estar sempre limpa, cheirosa e delicada.
Existe uma série de motivos que explicam essa “exigência”. Um deles é a má relação da mulher com o próprio corpo. A mulher não é ensinada a encarar seu corpo e seus odores como naturais. Essa
falta de intimidade, alinhada a uma falta de conhecimento sobre as secreções naturais, leva a mulher a enxergar odores e secreções como problemas a serem resolvidos.
Em 2009, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) lançou um guia prático de conduta para a higiene genital feminina. Apesar de necessária por indicar os produtos corretos para a higiene e falar de algo muitas vezes deixado de lado na educação feminina, o documento reafirma o estereótipo de incômodo causado pelo cheiro do órgão. Em sua introdução, ele afirma: “A mulher, via de regra, sente-se insegura quanto à possibilidade de apresentar odores desagradáveis e fluxos genitais que, além de impregnar o ambiente, podem manchar
as vestes íntimas e as externas”. O texto demonstra a naturalização que essa preocupação feminina tem na sociedade.
A educação sexual repressiva também é um dos motivos da má-informação. É socialmente convencionado que a função sexual da mulher é agradar o parceiro e ponto. Daí surge a preocupação com a desaprovação do homem. A ideia de que a vagina é um órgão sujo e fedido, e de que isso pode afastar os homens, acaba fazendo com que muitas mulheres se preocupem excessivamente com isso.
Uma pesquisa da empresa SexWipes, realizada em São Paulo, revelou que apenas 56% dos homens fazem sexo oral na parceira e, desses, 35% têm nojo da vagina. E apenas alguns homens conversam sobe isso com suas parceiras. “Nenhum homem reclamou diretamente, acho que eles têm vergonha de falar sobre isso abertamente com as mulheres. Alguns fazem através de piadas e comentários em rodas de amigos”, conta Amanda. Ela diz começou a usar produtos de higiene íntima desde cedo. “Sempre quis usar os produtos que saiam na propaganda pra TV, além de me incomodar com o meu próprio cheiro”.
Outro motivo para esse uso é a correria. A mulher ganhou mais parceiros sexuais. Além disso, ela também ganhou uma longa jornada de trabalho fora de casa. Nessa rotina, para aguentar o dia todo “cheirosinha”, ela utiliza lenços, absorventes, sabonetes e tudo que garanta a higiene. É em nome da higiene que se reprime. Alguns desses produtos prometem prevenir doenças sexuais e melhorar o sexo. É balela. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) os classifica apenas como higienizadores.

Saúde

A vagina é um ambiente quente e úmido e, por isso, propício a infecções. O uso de produtos para higiene íntima é muito bem vindo quando ajuda a mulher a evitar essas doenças. Segundo ginecologistas, o uso do lenço uma vez ao dia não é prejudicial. E o sabonete ideal é o neutro, que mantém o pH entre 3,5 e 4,5 considerado o ideal. É importante lembrar que a limpeza não deve ser feita internamente.
Existe sim a secreção não natural e prejudicial à saúde da mulher, mas ela é bem diferente da que temos diariamente. Os sintomas que indicam problemas e infecções são os seguintes: corrimento amarelo, coceira, ardência e odor forte. Quando esses sintomas aparecem, não devemos disfarçar o cheiro para não desagradar às pessoas. Eles são sintomas de que há algo errado e é preciso procurar um médico e um tratamento.
Por isso, o autoconhecimento é necessário. Quando as mulheres conhecem o cheiro e as secreções naturais da vagina, elas saberão quando algo estiver errado.

Por Thaís Matos – Lado M

Como Preparar o Café da Manhã com a Sua Vagina

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Como Preparar o Café da Manhã com a Sua Vagina


Mas não é só porque dá pra fazer que nós recomendamos que você faça.

por Janet Jay
10 Fevereiro 2015, 12:17pm
Iogurte feito com secreções vaginais se parece muito com o popular iogurte caseiro, como esse da foto.
A ideia surgiu quando uma amiga e eu conversávamos sobre as propriedades probióticas da vagina. "Por que existe um livro cheio de receitas feitas com porra e NADINHA no Google sobre cultivar líquido vaginal?", ela escreveu em uma mensagem para mim e algumas outras amigas.
Logo, sob o olhar reprovador do espírito de Julia Child, ela pegou uma colher, uma panela, um termômetro para doces e deu início a jornada para fazer iogurte a partir da sua vagina – o que há de mais radical em termos de culinária local.

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Cecilia Westbrook além de ser amiga pessoal minha, é médica/estudante de PhD da Universidade do Wisconsin. Já tínhamos feito piadas sobre a possibilidade de fazer iogurte a partir de secreções vaginais – piadas previsíveis sobre os benefícios dietéticos de se comer buceta, sobre chamar o produto de 'Queefer' [queef' é como os americanos chamam o barulho feito pelo ar ao sair da vagina] – mas então foi feita uma rápida busca no Google e: nada. Nem mesmo na literatura médica. A curiosidade bateu forte, e Westbrook se dedicou a pesquisar a coisa seriamente. Que escolha ela teria se não experimentar consigo mesma?
Toda vagina é lar de centenas de diferentes tipos de bactéria e organismos. Estes organismos – conhecidos como comunidade vaginal – produzem ácido lático, peróxido de hidrogênio e demais substâncias que mantém a vagina saudável. A bactéria dominante chama-se lactobacilo, que por acaso é a mesma utilizada na fabricação de leite, queijo e iogurte.
Mas Westbrook não fez seu próprio iogurte só pra poder fazer piadas incríveis. E certamente não foi porque ela estava com fome. Ela conhecia o bastante a química vaginal para saber que comer um tanto de iogurte feito a partir de seus sucos-de-mulher lhe faria bem. Sério.
Sua primeira fornada de iogurte tinha um gosto azedo, pungente, e que quase formigava na língua. Ela o comparou a iogurte indiano, e comeu-o com alguns mirtilos.
A razão eram bactérias probióticas que, quando ingeridas, podem ajudar a manter nossos intestinos saudáveis. Você com certeza já viu anúncios de iogurtes que supostamente fazem bem para sua digestão. Mas existem probióticos específicos para a vagina à venda também, que afirmam mantê-la saudável ao certificar que existam mais das "boas" bactérias do que das ruins lá embaixo.
"Você pode consumir probióticos oralmente e estas bactérias podem parar na sua vagina", disse Larry Forney, microbiólogo da Universidade de Idaho. "Assim sendo, a ideia toda de comer iogurte para tratar da vagina te faz pensar 'Espera, tem alguma coisa errada com o encanamento aqui?', mas de alguma forma a coisa funciona."
Teoricamente, ao menos. E o que poderia ser mais saudável do que retirar bactérias saudáveis da sua vagina, pensou Westbrook, e cultivar mais para ingerir posteriormente?
O "método de retirada" destas bactérias foi feito com uma colher de madeira. Ela determinou um controle positivo (feito com iogurte comprado mesmo como a cultura inicial) e um controle negativo (leite comum sem nenhum aditivo), e combinou seu ingrediente caseiro na terceira fornada de iogurte. Da noite para o dia, a mágica por trás da biologia rendeu uma tigela de responsa.
Sua primeira fornada de iogurte tinha um gosto azedo, pungente, e que quase formigava na língua. Ela o comparou a iogurte indiano, e comeu-o com alguns mirtilos.
Acabou que, no fim das contas, essa não é a melhor das ideias.
De acordo com Forney, "quando você pega secreções vaginais, não coleta só os lactobacilos. Você está pegando tudo". E é possível que, de um dia para o outro, ou de mulher para mulher, "o que você está usando no seu iogurte não seja mais dominado pelos lactobacilos e sim outra bactéria, as quais poderiam ser patogênicas", explicou.
Por vezes este desequilíbrio pode causar infecções fúngicas e outras coisinhas desagradáveis. Você não vai querer estes organismos no seu café da manhã. Até mesmo uma vagina saudável abriga organismos que podem ser problemáticos.
"É uma péssima ideia em linhas gerais", disse Forney. "Mas há um elemento aí que contem algum apelo: ela está usando bactérias da sua própria vagina."
Já que cada mulher tem um equilíbrio diferente entre bactérias e lactobacilos, os probióticos vaginais podem ter uma utilidade questionável. Agora se uma empresa ou universidade desenvolvessem probióticos personalizados para a flora microbial de cada vagina, seria bem mais eficaz do que o que encontramos no supermercado hoje, explicou Forney.
Os benefícios a saúde de ingerir seus próprios probióticos talvez não tenham sido tão diretos quanto Westbrook esperava, mas ao menos seu plano teve algum mérito. "Gosto do que ela faz em termos de princípios, mas é arriscado porque ela não sabe bem o que está fazendo e poderia acabar com um produto ruim", disse Forney.
O órgão responsável por alimentos e medicamentos dos EUA, a FDA, concorda. De acordo com Theresa Eisenman, assessora de imprensa do Centro de Segurança Alimentar e Nutrição Aplicada da FDA, "secreções vaginais não são consideradas 'alimento' e podem transmitir doenças humanas, um produto alimentício que contem secreções vaginais ou demais fluidos corporais é tido como adulterado".
Em outras palavras, assim como leite cru e alguns queijos fedorentos, você não encontrará o "Iogurte grego da Ceci" à venda logo.
Westbrook já tinha feito sua segunda fornada de iogurte ao saber que ninguém deveria usar coisas da sua vagina para fazer iogurte. Mas apesar da desaprovação de todos, de Forney à FDA, ela está bem. E não fará mais isso.
"De certa forma, é tão óbvio. Tipo, claro que você pode fazer iogurte com base na sua flora natural. Mas quem faria isso?", disse Westbrook. "É claro que a feminista dentro de mim quer falar algo sobre como há beleza no ato de ligar seu corpo ao que você come e explorar os poderes que a vagina tem. Parte disso é um lance meio hippie místico e tal, mas também tem a ver com se sentir à vontade com seu próprio corpo, especialmente em uma cultura que parece tão desconfortável com o corpo feminino."
Independente disso, Westbrook disse que sua segunda fornada estava ainda mais azeda, semelhante ao gosto de leite quase estragado – prova de que, infelizmente, comer iogurte feito com secreções vaginais não é o mesmo que comer buceta de verdade.
Tradução: Thiago "Índio" Silva

A PESTE E O MEDO DO FIM (evangelhista da silva)




(evangelhista da silva)





Hoje é sábado e sabidamente poderia ser qualquer dia. 
Menos um dia de domingo alegre e de alegrias cheio.
Um dia cheio de doces lembranças ainda que cinzentas.
E que a saudade, bisonha, amarga e triste  fosse...

Amanhecera como que todos mortos estivessem
Apesar de que muitos aguardam na fila da incerteza.
Hoje estamos às portas do grande hospital Brasil
Observando o maior delírio deste Manicômio.

Um vento virótico disseminou a terra inteira!
Mudando hábitos e provocando assustadoras mortes.
Os doutos nada podem fazer para conter a ira
De um terrível  minúsculo e multiplicador veneno.

E em um triste e tenebroso adeus os corpos tombam.
Desta vez não através de guerras, e bombas, e tiros.
Os covardes tremem de medo e cinicamente 'oram'.
Não por serem bons mas por serem vencidos em seu ódio.

É a patologia da ira sobre as grandes nações imperialistas.
É a Lei de causas e efeitos resplandecendo em cores e luz.
Fazendo ver aos residentes temporários que tudo passa.
E assim, impotentes, em pânico se desesperam e morrem. 



Santo Antônio de Jesus, 04/04/2020, às 11 h 05 min







sexta-feira, 3 de abril de 2020

O poço e os presídios


O poço e os presídios 


 O poço e os presídios 
O poço e os presídios 
O terror espanhol “O poço”, disponível no serviço de streaming Netflix, chamou a atenção de público e crítica, com muitas teorias e possíveis interpretações.
A estória se passa em um presídio vertical, chamado de “O poço”. Nesse bizarro experimento social, dois prisioneiros dividem cada andar. Não há qualquer conforto nas celas. Cada prisioneiro pode escolher levar um objeto.  O protagonista escolhe o clássico espanhol “Dom Quixote”, uma metáfora das atitudes do personagem ao longo da estória. 
A comida começa a ser servida em uma bandeja que transita pelos andares em um elevador. A refeição começa no primeiro andar com um fausto banquete, com vinhos, muitos pratos e sobremesa. À medida que a bandeja vai descendo os andares, cada um é obrigado pela fome a se servir dos restos dos outros. Nos últimos andares, pouco ou nada resta, levando os prisioneiros ao assassinato e ao canibalismo. Corpos apodrecem à vista de todos. 
Embora a interpretação mais correta seja de que o filme é uma representação da sociedade moderna, a realidade abordada não fica longe dos presídios ao redor do mundo. A falência do sistema prisional moderno tem suas particularidades em cada país. No Brasil, eventos como o massacre de Carandiru e a tragédia de Pedrinhas mostram que o terror é cotidiano nos presídios brasileiros:
Eu fecho os olhos e a imagem que me vem na cabeça é a de vários corpos estendidos no chão, alguns abertos, outro sem cabeça. A gente suporta ver porque não tem jeito mesmo, mas foi um negócio feio. Raimundo Nonato Pires, 56, foi preso por tráfico de drogas em 2013, mesmo ano em que o Complexo Penitenciário São Luís, conhecido como Pedrinhas, chegou ao seu auge de violência com rebeliões e 64 mortos. (Disponível aqui). 
Embora seja signatário de muitos tratados internacionais de Direitos Humanos, o país não se esforça para trazê-los à prática:
O Brasil é sujeito ativo de muitas violações de direitos humanos, ou seja, é autor de muitos ilícitos internacionais humanitários (…). Seja em razão da violência dos seus próprios agentes, seja por força de sua omissão, certo é que o Estado brasileiro já começou a responder por esses ilícitos. As primeiras ‘denúncias’ junto à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (em Washington) (casos do presídio Urso Branco em Rondônia, assassinatos de crianças e adolescentes no Rio de Janeiro, Febem de São Paulo etc.) bem revelam o quanto a tutela interna dos direitos humanos está defasada. (BIANCHINI, GOMES, MOLINA, 2007, pg. 316).
O caso Urso Branco não fica nada a dever a filmes de terror:
O escrito de 7 de abril de 2004 e seus anexos, mediante o qual os peticionários das medidas apresentaram suas observações ao quinto relatório do Estado (supra visto 11). O escrito de 20 de abril de 2004 e seus anexos, mediante os quais a Comissão informou que “tem recrudescido a situação de extrema gravidade na Penitenciária Urso Branco”. A Comissão apresentou como anexo um escrito dos peticionários, e indicou que “segundo informado por referida comunicação, nos últimos dias vários internos da Penitenciária Urso Branco tem sido assassinados, alguns deles publicamente; foram produzidos esquartejamentos de cadáveres, e pedaços destes foram lançados contra autoridades e pessoas presentes no lugar; e aparentemente há mais de 170 pessoas como reféns em referida penitenciária, tudo isso relacionado a um motim que se teria produzido no local”. Em razão do anterior, a Comissão solicitou à Corte que “adote todas as medidas urgentes que considere adequadas para impulsionar o cumprimento das medidas provisórias […]”. Ademais, no escrito dos peticionários aportado como anexo pela Comissão, está indicado que no domingo 18 de abril de 2004 se deu um amotinamento na penitenciária, dia no qual se realizava as visitas aos reclusos e que estes “não permitiram que os familiares saíssem após o horário de visitas. ( In RESOLUÇÃO DA CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS DE 7 DE JULHO DE 2004; MEDIDAS PROVISÓRIAS A RESPEITO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL; CASO DA PENITENCIÁRIA URSO BRANCO).
Mudar essa pavorosa realidade é responsabilidade conjunta do Judiciário e Executivo, independentemente de ideologia política. Do contrário, o Brasil continuará colecionando condenações na Corte Interamericana de Direitos Humanos. 

REFERÊNCIAS
GOMES, Luiz Flávio. Direito Penal, vol. 01: Introdução e Princípios Fundamentais/Luiz Flávio Gomes; Antônio García-Pablos de Molina; Alice Bianchini. São Paulo – Editora Revista dos Tribunais, 2007.
PITOMBO, João Pedro. Anos após decapitações, Pedrinhas tem estrutura melhor, mas continua lotado. Reportagem publicada na Folha de São Paulo em 19/08/2019. Disponível aqui.