terça-feira, 20 de agosto de 2013

Brasileiro inventor de 'luz engarrafada' tem ideia espalhada pelo mundo

Brasileiro inventor de 'luz engarrafada' tem ideia espalhada pelo mundo

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Alfredo Moser poderia ser considerado um Thomas Edison dos dias de hoje, já que sua invenção também está iluminando o mundo.
Em 2002, o mecânico da cidade mineira de Uberaba, que fica a 475 km da capital Belo Horizonte, teve o seu próprio momento de 'eureka' quando encontrou a solução para iluminar a própria casa num dia de corte de energia.
Para isso, ele utilizou nada mais do que garrafas plásticas pet com água e uma pequena quantidade de cloro.
Nos últimos dois anos, sua ideia já alcançou diversas partes do mundo e deve atingir a marca de 1 milhão de casas utilizando a 'luz engarrafada'.
Mas afinal, como a invenção funciona? A reposta é simples: pela refração da luz do sol numa garrafa de dois litros cheia d'água.
"Adicione duas tampas de cloro à água da garrafa para evitar que ela se torne verde (por causa da proliferação de algas). Quanto mais limpa a garrafa, melhor", explica Moser.
Moser protege o nariz e a boca com um pedaço de pano antes de fazer o buraco na telha com uma furadeira. De cima para baixo, ele então encaixa a garrafa cheia d'água.
"Você deve prender as garrafas com cola de resina para evitar vazamentos. Mesmo se chover, o telhado nunca vaza, nem uma gota", diz o inventor.
Outro detalhe é que a lâmpada funciona melhor se a tampa for encapada com fita preta.
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"Um engenheiro veio e mediu a luz. Isso depende de quão forte é o sol, mas é entre 40 e 60 watts", afirma Moser.
Apagões
A inspiração para a "lâmpada de Moser" veio durante um período de frequentes apagões de energia que o país enfrentou em 2002. "O único lugar que tinha energia eram as fábricas, não as casas das pessoas", relembra.
Moser e seus amigos começaram a imaginar como fariam um sinal de alarme, no caso de uma emergência, caso não tivessem fósforos.
O chefe do inventor sugeriu na época utilizar uma garrafa de plástico cheia de água como lente para refletir a luz do sol em um monte de mato seco e assim provocar fogo.
A ideia ficou na mente de Moser que então começou a experimentar encher garrafas para fazer pequenos círculos de luz refletida.
Não demorou muito para que ele tivesse a ideia da lâmpada.
"Eu nunca fiz desenho algum da ideia".
"Essa é uma luz divina. Deus deu o sol para todos e luz para todos. Qualquer pessoa que usar essa luz economiza dinheiro. Você não leva choque e essa luz não lhe custa nem um centavo", ressalta Moser.
Pelo mundo
O inventor já instalou as garrafas de luz na casa de vizinhos e até no supermercado do bairro.
Ainda que ele ganhe apenas alguns reais instalando as lâmpadas, é possível ver pela casa simples e pelo carro modelo 1974 que a invenção não o deixou rico. Apesar disso, Moser aparenta ter orgulho da própria ideia.
"Uma pessoa que eu conheço instalou as lâmpadas em casa e dentro de um mês economizou dinheiro suficiente para comprar itens essenciais para o filho que tinha acabado de nascer. Você pode imaginar?", comemora Moser.
Carmelinda, a esposa de Moser por 35 anos, diz que o marido sempre foi muito bom para fazer coisas em casa, até mesmo para construir camas e mesas de madeira de qualidade.
Mas parece que ela não é a única que admira o marido inventor.
Illac Angelo Diaz, diretor executivo da fundação de caridade MyShelter, nas Filipinas, parece ser outro fã.
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Moser afirma que a lâmpada funciona melhor se a boca for coberta por fita preta
A instituição MyShelter se especializou em construção alternativa, criando casas sustentáveis feitas de material reciclado, como bambu, pneus e papel.
Para levar à frente um dos projetos do MyShelter, com casas feitas totalmente com material reciclado, Diaz disse ter recebido "quantidades enormes de garrafas".
"Nós enchemos as garrafas com barro para criamos as paredes. Depois enchemos garrafas com água para fazermos as janelas", conta.
"Quando estávamos pensando em mais coisas para o projeto, alguém disse: 'Olha, alguém fez isso no Brasil. Alfredo Moser está colocando garrafas nos telhados'", relembra Diaz.
Seguindo o método de Moser, a entidade MyShelter começou a fazer lâmpadas em junho de 2011. A entidade agora treina pessoas para fazer e instalar as garrafas e assim ganharem uma pequena renda.
Nas Filipinas, onde um quarto da população vive abaixo da linha da pobreza (de acordo com a ONU, com menos de US$ 1 por dia) e a eletricidade é muito cara, a ideia deu tão certo, que as lâmpadas de Moser foram instaladas em 140 mil casas.
As luzes 'engarrafadas' também chegaram a outros 15 países, dentre eles Índia, Bangladesh, Tanzânia, Argentina e Fiji.
Diaz disse que atualmente pode-se encontrar as lâmadas de Moser e comunidades vivendo em ilhas remotas. "Eles afirmam que eles viram isso (a lâmpada) na casa do vizinho e gostaram da idéia".
Pessoas em áreas pobres também são capazes de produzir alimentos em pequenas hortas hidropônicas, utilizando a luz das garrafas para favorecer o crescimento das plantas.
Diaz estima que pelo menos um milhão de pessoas irão se beneficiar da ideia até o começo do próximo ano.
"Alfredo Moser mudou a vida de um enorme número de pessoas, acredito que para sempre", enfatiza o representante do MyShelter.
"Ganhando ou não o prêmio Nobel, nós queremos que ele saiba que um grande número de pessoas admiram o que ele está fazendo".
Mas será que Moser imagina que sua invenção ganharia tamanho impacto?
"Eu nunca imaginei isso, não", diz Moser emocionado.
"Me dá um calafrio no estômago só de pensar nisso".
Por: Gibby Zobel

Fonte: BBC

Adenocarcinoma: o que é? Quais são as causas? E os sintomas? Como são feitos o diagnóstico e o tratamento?

Adenocarcinoma: o que é? Quais são as causas? E os sintomas? Como são feitos o diagnóstico e o tratamento?



Adenocarcinoma: o que é? Quais são as causas? E os sintomas? Como são feitos o diagnóstico e o tratamento?
O que é adenocarcinoma1?
O adenocarcinoma1 é um tumor2 maligno, derivado de células glandulares epiteliais secretoras, que pode afetar quase todos os órgãos do corpo (pulmões3, intestinos4, pâncreas5, fígado6, colo do útero7, etc.). Estas células podem também originar um tumor2 benigno, o adenoma8, o qual guarda a potencialidade de transformar-se em adenocarcinoma1. Embora a prefixo “adeno” queira dizer “junto a uma glândula”, não é necessário que as células desse tumor2 pertençam a uma glândula9, desde que sejam secretoras.
Em geral, os adenocarcinomas são um tipo de câncer10 bastante agressivo e de difícil remoção cirúrgica e têm, por isso, um prognóstico11 desfavorável. O adenoma8, embora benigno, pode causar sérios problemas ao funcionamento orgânico em virtude de compressões ou destruição de órgãos.
Quais são as causas do adenocarcinoma1?
Não se conhece precisamente as causas dos adenocarcinomas, como de nenhum câncer10, no entanto sabe-se de fatores gerais que contribuem para ele, os quais também valem aqui, como hereditariedade12, poluição ou idade avançada. Alguns outros fatores parecem contribuir para o aparecimento de tumores em certos órgãos: uso de fumo (tumores de pulmão13), reposição hormonal (tumores de mama), qualidade da alimentação (tumores de estômago14 ou intestino), etc.
Quais são os principais sintomas15 dos adenocarcinomas?
Os sintomas15 dos adenocarcinomas dependem do órgão que eles afetam ou comprimem. Conforme seja sua localização, os adenocarcinomas podem evoluir durante muito tempo sem dar sintomas15. Como podem afetar quase todos os órgãos, a sintomatologia gerada por eles é extremamente variável, pelo que só se pode abranger uma amostragem deles, aqui mencionada a título de exemplos:
  • Adenocarcinoma1 de pulmão13: é uma das mais frequentes formas de câncer10 do pulmão13, comum também em não fumantes. Às vezes evolui durante muito tempo sem dar sintomas15 e seu primeiro achado costuma ser feito num exame de imagem do tórax16 realizado por outro motivo. Seus sintomas15 podem incluir tosse, às vezes com escarro sanguinolento17; dor torácica; dispneia18; chiado no peito; perda de peso, etc.
  • Adenocarcinoma1 de intestino (geralmente de cólon19): como o câncer10 do cólon19 pode evoluir sem sintomas15, numa fase inicial, ele frequentemente é detectado durante um exame de rotina ou feito em razão de outro motivo diagnóstico20. Quando os sintomas15 começam, eles costumam ser: dor abdominal, sangramento retal aparente ou não (sangue21 oculto nas fezes), mudanças nos hábitos intestinais, anemia22 e, nos casos mais avançados, percepção de massa abdominal; hepatomegalia23 (crescimento do fígado6) e ascite24 (“água na barriga”).
  • Adenocarcinoma1 de colo de útero7: inicialmente, o adenocarcinoma1 de colo de útero7 pode não dar sintomas15, mas quando eles começam a aparecer, costumam ser um sangramento vaginal intermitente; secreção vaginal de odor fétido; dor abdominal e, nos casos mais avançados, distúrbios urinários e/ou intestinais.
  • Adenocarcinoma1 de pâncreas5: cerca de 95% dos tumores de pâncreas5 são adenocarcinomas. Geralmente crescem também sem dar sintomas15 e por isso só são descobertos num estágio tardio da doença, às vezes já como consequência de metástases ou de compressão de órgãos vizinhos, como o colédoco (canal que drena a bile25 da vesícula26 para o intestino), por exemplo, impedindo sua função. Os sintomas15 mais precoces costumam ser dor, icterícia27 e perda de peso.
  • Adenocarcinoma1 de estômago14: numa fase inicial pode não haver sintomas15 ou eles são muito poucos e inespecíficos. Quando começam a aparecer os sintomas15 mais característicos, eles costumam ser: anorexia28; enjoos e sensação precoce de estômago14 cheio; intolerância à carne (de mais difícil digestão29); dor abdominal; dificuldade de engolir (se o tumor2 comprometer a cárdia, que é um esfíncter30 entre o esôfago31 e o estômago14); digestão29 imperfeita (caso o tumor2 invada o corpo do estômago14) e emagrecimento. Num estágio mais avançado pode haver massa tumoral palpável, no epigástrio32, ou seja, na região onde fica o estômago14, sangramento intestinal alto, caquexia33 e anemia22 severa.
  • Adenocarcinoma1 de mama: a grande maioria dos tumores da mama são adenocarcinomas e se iniciam nos tecidos glandulares, sejam lobulares ou ductais (na maioria dos casos). Geralmente se manifestam como um nódulo34 duro, único, indolor e sem mobilidade. Sem outros sintomas15, de início, podem mais tarde gerar deformidade e aumento de volume da mama, retração do mamilo, crescimento dos gânglios35 axilares, vermelhidão, edema36, dor e secreção de líquido pelos mamilos.
Como o médico diagnostica um adenocarcinoma1?
O diagnóstico20 por imagem do adenocarcinoma1 é feito como o de outros tipos de câncer10. Histologicamente, eles geralmente são detectados por meio do exame de material colhido em uma biópsia37 e examinado ao microscópio. Se tal tumor2 é descoberto, ele requer tratamento imediato, porque os adenocarcinomas são de rápida progressão e tendem a dar metástases com facilidade, permitindo ao câncer10 espalhar-se para outros órgãos que não o original.
Como o médico trata o adenocarcinoma1?
O tratamento do adenocarcinoma1 inclui a remoção cirúrgica do tumor2 e cuidados com as possíveis complicações que ele tenha causado. Após a cirurgia, o paciente deve passar por uma quimioterapia38 e/ou radioterapia39, para evitar que o tumor2 possa recidivar.
Como é a evolução de um adenocarcinoma1?
Diagnosticado em fase inicial e adequadamente tratado, a maioria dos adenocarcinomas tem cura. No entanto, é um tipo de câncer10 de crescimento rápido e de caráter bastante agressivo, pelo que exigem um tratamento eficaz e rápido.
Os adenocarcinomas facilmente dão metástases em tecidos não glandulares normais.
ABC.MED.BR, 2013. Adenocarcinoma: o que é? Quais são as causas? E os sintomas? Como são feitos o diagnóstico e o tratamento?. Disponível em: <http://www.abc.med.br/p/353604/adenocarcinoma-o-que-e-quais-sao-as-causas-e-os-sintomas-como-sao-feitos-o-diagnostico-e-o-tratamento.htm>. Acesso em: 20 ago. 2013.


sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Malcolm X

Malcolm X

19/05/1925, Omaha, Estados Unidos
21/02/1965, Nova Iorque
Da Redação
Em São Paulo
A tragédia sempre foi uma constante na vida de Malcolm Little, que passou para a história como um dos grandes líderes dos negros norte-americanos com o nome de Malcolm X. Quando tinha apenas seis anos e brincava pelas ruas de Omaha, o seu pai, Earl Little, foi assassinado. Após sofrer um brutal espancamento, Earl Little teve o seu corpo atirado em uma linha de trem. Órfão (na época sua mãe fazia tratamento em um hospital psiquiátrico), Malcolm e seus sete irmãos foram morar em orfanatos. Pouco tempo depois, com uma irmã mais velha, foi morar em Boston. Depois, transferiu-se para o Harlem, bairro de maioria negra em Nova Iorque.

Na adolescência, trabalhou como engraxate e começou a beber, a fumar e a comercializar drogas, principalmente maconha, além de freqüentar casas de prostituição. Escapou do serviço militar fingindo-se de "louco". Na mesma época, começou a praticar pequenos assaltos no Harlem. Com mais três amigos, todos muito pobres, passou a assaltar residências, até que acabou sendo preso, em 1946. Foi justamente na prisão que ocorreu uma grande transformação na vida de Malcolm X. De assaltante e vendedor de drogas, passou a estudar o islamismo, seguindo os ensinamentos de Elijah Muhammed, líder da "Nação do Islã". Ao sair da cadeia, em 1952, Malcolm X transformou-se em um dos mais carismáticos líderes negros dos Estados Unidos.

Enquanto Martin Luther King apostava em uma resistência pacífica como arma para enfrentar o racismo, Malcolm X defendia a separação das raças, a independência econômica e a criação de um Estado autônomo para os negros. Ao lado de Elijah Muhammed, viaja pelos principais estados norte-americanos para pregar as suas idéias e defender a libertação dos negros.

O projeto não foi à frente, mas deu ainda mais fama ao ativista. Em 1964, já casado fundou a organização "Muslim Mosque Inc" e, mais tarde, a "Afro-American Unity". Um ano antes, após uma viagem para Meca, cidade sagrada dos muçulmanos, mudou o seu nome para Al Hajj Malik Al-Habazz. A partir daí, passou a defender uma posição conciliatória em relação aos brancos, fato que o deixou isolado, sobretudo em relação ao islamismo.

No dia 21 de fevereiro de 1965, quando discursava no Harlem, Malcolm X foi assassinado com 13 tiros, ao lado de sua mulher Betty, que estava grávida, e de suas quatro filhas. A Polícia dos Estados Unidos não encontrou provas, mas sempre suspeitou da participação da "Nação Islã" no crime. As idéias de Malcolm X foram muito divulgadas principalmente nos anos 70, por movimentos como "Black Power" e "Panteras Negras". A vida do ativista norte-americano também ganhou documentários e filmes, sendo "Malcolm X", dirigido por Spike Lee, em 1992, o mais famoso.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Brasil esconde emergência humanitária no Acre

Brasil esconde emergência humanitária no Acre

Campo de ‘refugiados’ abriga mais de 800 haitianos em condições desumanas. Para Conectas, Brasil maquia crise internacional e deve articular solução urgente no âmbito da ONU e da OEA

12/08/2013

O governo brasileiro faz uso há meses de um jogo de palavras – entre migração e refúgio – para minimizar a grave crise humanitária instalada na cidade acreana de Brasiléia, na fronteira com a Bolívia, 240 km a sudoeste da capital do Estado, Rio Branco.

Mais de 830 imigrantes – quase todos, haitianos – vivem confinados num galpão, com capacidade para apenas 200 pessoas, em condições insalubres de higiene, repartindo o uso de apenas 10 latrinas e 8 chuveiros, onde não há distribuição de sabão nem pasta de dente, o esgoto corre a céu aberto e as pessoas são empilhadas durante meses num local de 200 m2, com teto de zinco, no qual lonas plásticas negras servem de cortina, sob temperaturas que chegam aos 40 graus. O hospital local diz que 90% dos pacientes provenientes do campo têm diarreia. O local já abriga 4 vezes mais pessoas do que deveria e 40 novos haitianos chegam todos os dia.

“É insalubre, desumano até. Os haitianos passam a noite empilhados uns sobre os outros, sob um calor escaldante, acomodados em pedaços de espuma que algum dia foram pequenos colchonetes, no meio de sacolas, sapatos e outros pertences pessoais. A área onde estão as latrinas está alagada por uma água fétida, não se vê sabão para lavar as mãos e quase todos com os que conversamos se queixam de dor abdominal e diarreia. Muitos passam meses nessa condição”, disse João Paulo Charleaux, coordenador de Comunicação da Conectas, que esteve no local.

Conectas realizou uma missão a Brasiléia do dia 4 ao dia 6 de agosto, onde gravou 20 entrevistas com moradores do campo, conduzidas pela pesquisadora convidada da Conectas Gabrielle Apollon, no idioma creole, falado pelos haitianos. Gabrielle já havia feito previamente outras 27 entrevistas com haitianos que conseguiram chegar a São Paulo, totalizando mais de 20 horas de depoimentos gravados. Nas histórias, eles contam como chegam ao Brasil depois de gastar até US$ 4 mil em pagamentos a atravessadores no trajeto desde o Haiti.

Os haitianos também dizem que a concessão de ‘visto humanitário’ na Embaixada do Brasil em Porto Príncipe não funciona como prometido – atravessadores cobram taxas, não há informação clara sobre os procedimentos, é difícil conseguir atendimento e tem sido pedido currículo para favorecer o que se chama “imigração qualificada” ao Brasil, sem levar em conta justamente o caráter “humanitário” que este visto deveria ter, de acordo com o próprio governo brasileiro.

“Posso dizer que o que vivemos aqui em Brasiléia não é para um ser humano. Eles nos colocaram de novo no Haiti que tínhamos logo após o terremoto: a mesma sujeira, o mesmo tipo de abrigo, de água, de comida. Isso me machuca e me apavora. Eu sabia que o caminho até aqui seria duro, porque você está lidando com criminosos, mas, ao chegar aqui no Brasil, estar num lugar desses é inacreditável”, disse o haitiano Osanto Georges, de 19 anos.

No campo superlotado, as brigas para formar filas são constantes. “No dia em que chegamos, a polícia sacou arma de fogo para controlar um distúrbio. É evidente que se trata de uma tarefa complexa demais para ser gerida da forma como está sendo. A situação no campo é semelhante em muitos aspectos ao que eu mesmo vi quando estive no Haiti, pouco após o terremoto, em 2010. Trata-se de uma questão regional, que envolve, pelo menos cinco países: Brasil, Peru, Bolívia, Equador e Haiti. Pediremos a realização de uma audiência temática na Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA e enviaremos nossas constatações a dois relatores independentes da ONU, um para migrantes e outro designado para acompanhar a situação de direitos humanos no Haiti”, disse Charleaux.

Membros da organização também entrevistaram in loco médicos do hospital de Brasiléia, policiais, membros do Ministério Público Federal e do Conselho Tutelar e autoridades de governo, em Rio Branco, além de diversos moradores da cidade acreana. A organização também usou duas vezes a Lei de Acesso à Informação para obter de diversos ministérios, em Brasília, informações acuradas sobre a situação. Na maioria dos casos, os nomes das fontes estão omitidos obedecendo a pedidos expressos de funcionários públicos que não possuem autorização formal para falar em nome das organizações para as quais trabalham.

‘90% tem diarreia’
Quase todos os haitianos entrevistados pela Conectas entre 4 e 6 de agosto se queixaram de dor abdominal e diarreia. Conectas visitou o Hospital Raimundo Chaar, de 46 leitos, responsável por atender casos de urgência e emergência na cidade. De acordo com membros da equipe, já houve surtos de diarreia que levaram 40 haitianos ao pronto socorro de uma só vez. Um dos funcionários explica que o hospital não recebe nenhum recurso adicional para lidar com o fluxo de haitianos. “Os políticos estão tratando isso aqui como se fosse um assunto de diplomacia, mas, enquanto isso, todos os dias, estamos importando miséria e doença sem poder lidar com isso”, disse, revelando parte do preconceito e rechaço preocupantes na cidade. A informação é confirmada por plantonistas, que se dizem espantados com o fluxo de novos pacientes. Segundo eles, são atendidos em média 4 haitianos por dia, mas no dia em que o hospital recebeu a Conectas, houve 10 atendimentos de haitianos do campo, só no período da manhã. A consulta é feita sem o auxílio de tradutores e, segundo as fontes ouvidas no local, “90% dos casos são de diarreia e 10% de doenças respiratórias”. As pessoas responsáveis pelo atendimento disseram nunca ter entrado no campo e receberam com surpresa a informação sobre as condições de higiene no local.

‘Vai piorar’
De acordo com o coordenador do campo, Damião Borges, do Governo do Estado do Acre, o campo vem recebendo 40 novos haitianos por dia, apesar de a última alteração estrutural ter ocorrido há quatro meses. Ele diz que o aumento do número de recém chegados, combinado com a diminuição da oferta de vagas por parte de empresas que antes buscavam trabalhadores no campo, está criando um caos social para os próprios haitianos no Brasil. “Isso precisa ter um fim porque nossos recursos se esgotaram. O Estado tem uma dívida de R$ 700 mil com a empresa que provê alimento para o abrigo e o prazo para pagar termina no dia 15 de agosto. Precisamos urgentemente que o Governo Federal nos ajude. Aqui foi posto R$ 4,5 milhões pelo Governo do Estado e R$ 2 milhões pelo Governo Federal, em 2 anos e 8 meses. Mas o peso, mesmo, quem carrega, é a cidade de Brasiléia. Isso não pode estar a cargo de um município pequeno e modesto como esse”, disse. A Conectas foi informada, durante a missão, que há 3 meses não há repasse de verba do Governo Federal para o Estado do Acre destinado ao atendimento dos migrantes haitianos. Mais grave, não há previsão de novas remessas.

Queixas sobre água e comida
O maior número de queixas recebidas no campo diz respeito à qualidade da água e dos alimentos consumidos. O local possui um único ponto de distribuição de água potável, um filtro industrial, com três torneiras. Para a administração, as dores abdominais são causadas pelo efeito do cloro, que “provoca diarreia de três dias em pessoas que possuem muitas amebas no organismo”. Outro aspecto negativo mencionado é a má qualidade dos alimentos, que, para os gestores do serviço, tem a ver com a diferença de paladar e de hábitos alimentares entre brasileiros e haitianos. Ainda que os problemas relatados se deem por essa razão, pouco se tentou para alterar substancialmente o cardápio. As refeições são distribuídas em marmitas de papel alumínio enquanto a Polícia Militar monta guarda ao lado da fila de mais de 800 pessoas. Os relatos de brigas nas filas são frequentes.

Crianças desacompanhas e indocumentadas
Outro local visitado pela Conectas foi o Conselho Tutelar de Brasiléia, por onde passaram 20 casos de crianças e adolescentes haitianos sem documentos ou separadas dos pais. Mas, no dia 7 de agosto, quando a missão da Conectas já havia regressado a Rio Branco, 5 crianças haitianas chegaram ao campo. “Estamos muito além de nossas modestas capacidades. Esse, para mim, é o pior momento, desde que os haitianos começaram a chegar”, disse um dos membros do Conselho Tutelar. Apesar do aumento de trabalho, não houve, segundo a fonte, nenhum aporte adicional de recursos, estrutura material ou funcionários desde o início da crise. Ao todo, 5 conselheiros trabalham no local, atendendo todos os problemas relativos a crianças e adolescentes na cidade. “De repente, uma pequena cidade como essa tem de lidar com um fenômeno deste tamanho, sem sequer receber qualquer preparação”, complementou. Entre os haitianos, há inúmeros relatos de roubo de documentos – entre muitos outros pertences – no caminho até chegar ao Brasil.

Comunidade local
“Brasiléia é um barril de pólvora que pode explodir a qualquer momento. Os moradores não aguentam mais essa situação. Isso pode se desdobrar em ações de hostilidade”, disse à Conectas, em Rio Branco, uma autoridade do Governo do Estado do Acre. A declaração reflete o estado de espírito dos moradores desta cidade pequena, de apenas 20 mil habitantes. Embora os moradores mostrem compreensão e solidariedade com os haitianos, as manifestações de cansaço e descontentamento são cada vez mais frequentes. Os moradores do campo competem por vagas com os moradores locais nos postos de saúde, supermercados, padarias, agências bancárias, farmácias, correios e demais serviços públicos.

Funcionários
Uma das constatações evidentes é a desproporção entre o número de funcionários e o número de moradores no campo. Ao longo de três dias, apenas 2 funcionários trabalharam em período integral no campo, atendendo diretamente os 832 haitianos, num pequeno trailer com um computador e um ventilador. Apesar da dedicação integral, os funcionários são locais, não falam o idioma dos haitianos e não receberam o treinamento necessário, nem possuem experiência prévia na gestão de questões humanitárias, aplicando a este contexto complexo a lógica de atendimento a ocorrências próprias de uma pequena cidade. Não basta boa vontade e dedicação. Apesar das constantes viagens ao local de membros do Governo do Estado do Acre, baseados em Rio Branco, faz-se necessária a constituição urgente de um corpo de trabalhadores familiarizados com crises humanitárias para gerir o campo.

Comunicação
O campo e o hospital não dispõem de nenhum tradutor. Os poucos funcionários tentam falar espanhol, mas os haitianos, na imensa maioria dos casos, falam apenas creole. As instruções para formar filas ou entregar documentos são feitas no grito, o que aumenta a incerteza e a ansiedade dos haitianos, que muitas vezes se aglomeram e brigam por espaço diante do pequeno trailer da Polícia Militar, que serve de escritório da administração do campo. Não há nenhuma senhalética no campo, ou serviço de amplificação de voz. Os poucos cartazes em creole estão escritos à mão. No campo, não há cartazes sobre DST/Aids nem sobre hábitos de higiene, assim como cartilhas sobre direitos ou qualquer outro material comunicacional com orientação aos recém chegados.

Refúgio x Visto Humanitário
Todos os residentes do campo são oficialmente solicitantes de refúgio, por orientação do próprio Governo, que, após 6 meses de análise dos pedidos, prorrogados por mais 6 meses, nega a concessão do refúgio a todos os haitianos.

Este arranjo legal, enquadrado numa política chamada pelo Brasil de “visto humanitário”, evita a deportação dos haitianos que chegam ao País, uma vez que a lei proíbe a deportação de solicitantes de refúgio durante o período de tramitação do pedido. O improviso, entretanto, está fazendo com que uma grave crise humanitária – originada por uma situação de violência interna, seguida de diversos desastres naturais, o último deles um terremoto responsável pela morte de 220 mil pessoas no Haiti – seja tratada como um simples problema migratório no Brasil. “A principal consequência disso é uma abordagem improvisada, amadora e descoordenada, que sobrecarrega o pequeno município de Brasiléia e sua população, quando, na verdade, deveria ser gerida por especialistas em emergências humanitárias desta complexidade. Do ponto de vista humanitário, a questão do nome do visto que se dê é agora menos urgente do que as condições brutais enfrentadas no campo. Esta política de visto humanitário está sendo tudo, menos humanitária”, disse Charleaux.

+ desta série:
Conectas recolhe 20 depoimentos em Brasiléia
Vivendo em condições insalubres, eles relatam a tortuosa viagem do Haiti ao Brasil, passando por extorsões, prisões e roubos de dinheiro e documentos, até desembarcarem num campo superlotado no Acre

Veja as recomendações enviadas ao Brasil e órgãos internacionais sobre a crise
Federalização da administração do campo de Brasiléia, envio de relatores da ONU e ação imediata da OEA estão entre as providências sugeridas pela Conectas


+ antigas:
02/05/2013
Brasil põe fim à cota de 1200 vistos anuais a haitianos
Para Conectas, política migratória brasileira não deve se limitar a ações de improviso como os ‘vistos humanitários’
11/01/2013
Conectas volta a questionar governo sobre ‘visto humanitário’ para haitianos
Um ano depois, permanecem dúvidas sobre eficácia da ação
12/04/2012
Após quase 3 meses, governo anuncia oficialmente acolhimento de haitianos que estavam excluídos do “visto humanitário”

A positiva e necessária acolhida de 608 haitianos é resultado de pressão da sociedade civil
04/04/2012
Solução brasileira para migrantes haitianos deve ser rápida, efetiva e transparente, diz Conectas

Em resposta a questionamentos da sociedade civil, Secretário Nacional de Justiça anuncia pelo twitter que o Brasil incluirá haitianos que ficaram no “limbo” no 'visto humanitário', mas ainda faltam informações oficiais
22/03/12
Conectas cobra medida urgente do governo para mais de 400 haitianos excluídos do chamado ‘visto humanitário’

Pessoas que se encontravam em trânsito quando a nova política do Brasil para acolhimento dos haitianos foi anunciada estão hoje em situação vulnerável




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terça-feira, 13 de agosto de 2013

Miomas: tudo o que você precisa saber

Miomas: tudo o que você precisa saber

O mioma é um problema tipicamente feminino e já conhecido de muitas mulheres. Esse tumor benigno, que se desenvolve no útero, atinge cerca de 50% das mulheres em idade entre 30 e 50 anos. Mas calma, apesar da grande incidência da doença, a sua presença nem sempre é preocupante.
Miomas: tudo o que você precisa saberAinda não se sabe ao certo o que provoca o aparecimento de um ou múltiplos nódulos, que podem ser de tamanho e localização variáveis. O surgimento pode ocorrer após a menarca – primeira menstruação – e se prolongar até a menopausa. É mais comum em mulheres negras, pacientes que apresentam história da doença na família (mãe ou irmã) ou ganho de peso, isso porque com o sobrepeso pode ocorrer disfunção hormonal devido ao maior número de células de gordura. Outros fatores relacionados ao estilo de vida ainda estão em estudo.
Em algumas pacientes, os sintomas mais comuns são: sangramento excessivo durante a menstruação ou em períodos irregulares e dor na pelve e no abdome. Em outros casos, não há nenhum incômodo. “O tumor benigno não vai se transformar em câncer. O problema do mioma é quando apresenta sintomas, pois há queda na qualidade de vida. A mulher passa a ter dor constante e a sangrar muito, o que pode levar à anemia e, em casos extremos, à necessidade de transfusão sanguínea. A doença ainda pode causar desconforto na relação sexual, funcionamento irregular do intestino, incontinência urinária e, em alguns casos, prejuízo da fertilidade”, explica o dr. Mariano Tamura, ginecologista e obstetra do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE) e do setor de mioma uterino da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Diagnóstico e tratamento

Existem quatro tipos de miomas, nomeados de acordo com sua localização.
  • Submucosos: que aparecem no interior do útero, podem acarretar sangramento abundante e anemia.
  • Intramural: aquele que se desenvolve no meio da parede uterina, provocando cólicas.
  • Subserosos: que surgem na parte externa do útero, cujo principal sintoma é percebido quando passam a comprimir outros órgãos, como o intestino.
  • Pediculados: que podem ser confundidos com tumores ovarianos; são ligados ao útero apenas por um tecido chamado pedículo.
O diagnóstico dos tumores é realizado em consulta ao ginecologista, considerando-se as possíveis queixas e o exame físico, que avalia se o útero tem o tamanho aumentado. Para confirmar a suspeita, o médico solicita uma ultrassonografia ou outros exames de imagem. Caso seja constatado o problema, deve-se levar em consideração o estilo de vida e os desejos de cada paciente. “Temos que considerar quais são os sintomas, a idade, os planos de ter filhos, o desejo de preservar o útero e se a paciente aceita ou não passar por uma cirurgia”, esclarece o dr. Tamura.
Há inúmeros caminhos para o tratamento:
  • Histerectomia: cirurgia utilizada para retirar o útero. O benefício é definitivo; entretanto, não é indicada para mulheres que ainda querem gerar filhos ou desejam manter o útero.
  • Miomectomia: cirurgia de retirada do mioma, preservando o útero. A anatomia do órgão é restabelecida e os sintomas diminuem. Indicada para mulheres que desejam preservar a fertilidade ou para aquelas que têm infertilidade causada pelo mioma – o que não é frequente – com melhora das chances de engravidar.
  • Embolização: procedimento realizado por meio de um cateter introduzido na artéria femoral e direcionado às artérias uterinas, responsáveis por nutrir o mioma. Injeta-se uma substância para bloquear a alimentação do tumor. Há melhora das queixas e diminuição dos miomas, porém ainda não é considerado totalmente seguro para mulheres que desejam manter ou melhorar a capacidade de ter filhos.
  • Ultrassom focalizado e guiado por ressonância magnética: é a mais nova arma utilizada contra os miomas. A paciente deita-se na mesa de ressonância e, quando o médico aplica o ultrassom, as ondas são direcionadas para uma região específica do tumor, em que a temperatura aumenta até 90ºC, destruindo o tecido. Estudos estão sendo realizados para avaliar para quais casos esse método é eficaz.
  • Medicamentos: também podem ser a opção e seu uso é aconselhado para diminuir os sintomas, ou seja, não acabará com os tumores, apenas diminuirá o mal estar. Podem ser à base de hormônios, como os anticoncepcionais orais, anti-inflamatórios ou antifibrinolíticos, para diminuir o sangramento e as cólicas.
Sintomas à parte, todas as mulheres devem fazer o acompanhamento ginecológico para ficar de olho no surgimento dessa ou de outras doenças.

Dislexia: como ultrapassar barreiras

Dislexia: como ultrapassar barreiras

Albert Einstein se destacou na ciência, Leonardo da Vinci nas artes, Winston Churchill na política, John Lennon na música, Henry Ford nos negócios. Além de geniais e famosas, todas essas personalidades eram disléxicas. Mesmo assim, sobressaíram naquilo que mais gostavam de fazer.
Dislexia: como ultrapassar barreirasProblema que atinge de 10% a 15% da população mundial, a dislexia é diagnosticada, principalmente, no sexo masculino. Originária do grego, a palavra designa a dificuldade na linguagem. Com o tempo, as pesquisas mostraram que o distúrbio se estende para a leitura, escrita, interpretação e matemática.
A explicação para o problema é mais complexa do que se imagina. Não se trata simplesmente da dificuldade de soletrar palavras ou assimilar o conteúdo de um texto. Como em qualquer ação, os atos de ler e escrever percorrem vários caminhos no cérebro. Estímulos, como o visual e o auditivo, seguem vias preestabelecidas. Entretanto, no disléxico não é isso o que ocorre. O percurso no cérebro sofre desvios e acaba por resultar nas dificuldades.
Não é só o grupo que exclui a criança. Muitas vezes, ela própria se afasta por ter a auto-estima comprometida
Até pouco tempo atrás, essa falta de facilidade em aprender tarefas simples para a maioria das pessoas era vista como incapacidade e os disléxicos, por sua vez, eram segregados pelos colegas e professores desavisados. “Não é só o grupo que exclui a criança. Muitas vezes, ela própria se afasta por ter a auto-estima comprometida”, avalia Abram Topczewski, neuropediatra do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE), vice-presidente da Associação Brasileira de Dislexia e autor do livro Aprendizado e Suas Desabilidades – Como Lidar? (Casa do Psicólogo).

Depois dos 8 anos

É claro que não se exige que uma criança com 3 anos saiba efetuar contas ou escrever textos. Pais e professores devem estar atentos ao período pós-alfabetização, entre 8 e 10 anos. O fato de a criança nessa idade ainda manter uma leitura lenta e difícil, como se estivesse aprendendo as letras (algo que ocorre entre 5 e 7 anos), é um sinal de alerta.
Falhas em estabelecer a relação do som com o símbolo, como na troca das letras “D” e “T”, e na discriminação visual, ou seja, inversões de letras como “sapato” e “satapo”, são dificuldades enfrentadas durante o aprendizado da criança com dislexia.
Há também alguns embaraços nos cálculos matemáticos, como inversão de números, confusão com os símbolos, por exemplo, x e +. E, se a criança for bastante hábil em contas, ainda pode encontrar pedras no caminho, pois não consegue interpretar os enunciados dos problemas.
O disléxico é capaz de estudar quando lê em voz alta ou escreve junto, por exemplo. Há atores que memorizam suas falas depois que gravam o texto e passam a ouvi-lo até decorar
Os adolescentes também enfrentam obstáculos, principalmente às vésperas do tão temido vestibular. Não conseguem memorizar as matérias e continuam com as dificuldades de interpretação e cálculos. Na vida adulta cada um já está munido de alguma estratégia para não ficar para trás.
Embora não tenha cura, a pessoa aprendeu a conviver com o distúrbio e criou atalhos para desenvolver e finalizar as atividades. “O disléxico é capaz de estudar quando lê em voz alta ou escreve junto, por exemplo. Há atores que memorizam suas falas depois que gravam o texto e passam a ouvi-lo até decorar”, explica o dr. Topczewski.
Mesmo que cada um consiga dispor de artifícios para desempenhar as tarefas com sucesso, é aconselhável que a dislexia seja diagnosticada o mais cedo possível. Para isso, o paciente é submetido à avaliação em que diversos especialistas analisam seu histórico e sintomas por meio de testes. O resultado é por exclusão. Isto é, se todos os prováveis distúrbios forem descartados, só pode ser dislexia. Ainda é preciso fazer o levantamento de problemas associados, como depressão, ansiedade, déficit de atenção, entre outros, para saber se é necessário o uso de medicamentos.

Passos para viver bem

Conviver com essas dificuldades mal interpretadas por familiares e amigos derruba a auto-estima, deprime, entristece, faz o portador do distúrbio se sentir diferente. Mesmo que não exista uma forma de acabar com a doença, há o tratamento multidisciplinar para amenizar os problemas encontrados no dia-a-dia. Esse acompanhamento médico, realizado por neuropediatras ou neurologistas, fonoaudiólogos, psicólogos e pedagogos, é essencial.
Há melhora na atenção, na concentração, no comportamento. “Como consequência, o rendimento na escola ou no trabalho evolui e a pessoa nota seu sucesso e sua capacidade”, diz o médico. Se alguém tem dúvidas da capacidade de um disléxico se destacar, Einstein, da Vinci e tantas outros notáveis comprovam que tudo é possível.

Transtorno bipolar: a vida na montanha russa

Transtorno bipolar: a vida na montanha russa

Primeiro a angústia, o desânimo, a falta de vontade de se levantar da cama. Depois, vêm a animação, extrema autoconfiança, sensação de poder, vontade de fazer mil coisas ao mesmo tempo. A primeira impressão é que essas sensações são de duas pessoas, uma depressiva, outra eufórica.
Transtorno bipolar - A vida na montanha-russaMas, na verdade, trata-se do mesmo homem ou mulher – alguém que sofre de transtorno bipolar de humor, doença psiquiátrica que atinge cerca de 3% da população mundial, caracterizada por oscilações abruptas de humor, com episódios de depressão e de mania (o oposto da depressão).
A doença mental está entre as dez que mais afastam os brasileiros do trabalho. Ocupa o terceiro lugar na lista, depois da depressão e da esquizofrenia, conforme levantamento da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em parceria com o Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgado em novembro de 2007.
“O humor é o pano de fundo da nossa vida emocional. Normalmente, se acontecem coisas boas, as pessoas ficam alegres, se acontecer algo ruim, ficam tristes. Para quem tem transtorno bipolar, a lógica não é sempre essa. O humor pode oscilar muito e de forma muitas vezes independente do que ocorre ao redor. Os acontecimentos influenciam de forma nem sempre previsível. Se morre alguém, imagina-se que a pessoa fique triste, mas o bipolar pode entrar numa crise de euforia, ficar ‘elétrico’, ou mesmo irritável e não porque não gostava da pessoa, mas porque o estresse desencadeou uma instabilidade da doença. Por isso, o transtorno é imprevisível”, explica Sérgio Nicastri, psiquiatra do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE).
Normalmente, se acontecem coisas boas, as pessoas ficam alegres, se acontecer algo ruim, ficam tristes. Para quem tem transtorno bipolar, a lógica não é sempre essa
Uma das principais evidências de que a doença está relacionada às reações químicas do cérebro é que os remédios dão resultado. Entretanto, o mecanismo de funcionamento da doença é um processo extremamente complexo. Ainda não há certezas sobre neurotransmissores ou reações químicas que estejam envolvidas no desencadeamento da doença. O que se sabe é que alterações da serotonina e da noradrenalina cerebrais estão relacionadas à depressão e a dopamina é o neurotransmissor mais relacionado aos episódios de mania.

Gangorra de sentimentos

Não tinha idéia do que estava acontecendo comigo. Ia trabalhar todos os dias, mas, quando o ponteiro marcava três horas, era como se fosse um relógio biológico, eu precisava largar tudo
“Não tinha idéia do que estava acontecendo comigo. Ia trabalhar todos os dias, mas, quando o ponteiro marcava três horas, era como se fosse um relógio biológico, eu precisava largar tudo o que estivesse fazendo e sair correndo para casa. Porque era insuportável continuar. Eu me jogava na cama e apertava o edredom contra meu peito, a sensação era que ele estava completamente aberto, sem nenhum tipo de proteção e coisas poderiam escapulir dali. Doía muito e o cobertor me dava segurança. Pouco depois, soube que isso se chamava angústia.”
Esse é um trecho do livro Não Sou Uma Só: Diário de Uma Bipolar, de Marina W. (editora Nova Fronteira). Trata-se de uma autobiografia que traz as alegrias e as angústias dessa jornalista, que só descobriu ser bipolar depois de casada e mãe de dois filhos, segredo guardado por ela durante mais de 20 anos. O diagnóstico tardio, inclusive, é um dos principais problemas no tratamento. Ainda é muito comum o paciente ser visto apenas como depressivo quando, na verdade, vai de um extremo a outro.
A transição abrupta entre as fases depressivas e maníacas é chamada pelos médicos de virada de humor. Os episódios de mania e depressão podem variar em dias, semanas ou até meses. “Os bipolares também têm fases de normalidade”, afirma o dr. Nicastri.
Durante a depressão, as sensações são de diminuição da energia, redução ou até incapacidade de sentir prazer, melancolia, desesperança e pensamentos pessimistas ou negativos, que podem incluir a idéia de suicídio. Os episódios de mania geralmente envolvem sensação aumentada de energia e poder, aceleração da velocidade do pensamento, diminuição da necessidade de sono, idéias de grandiosidade e comportamentos desinibidos e pouco críticos, que podem resultar em gastos excessivos, por exemplo. Muito do que se faz nessa fase, os bipolares nem sequer sonhariam em fazer no estado normal de humor.
Para desencadear uma crise não há motivos ou situações específicas. O estopim pode estar relacionado ao estresse, tanto positivo quanto negativo. Perder o emprego, separar-se ou mesmo casar-se e receber uma promoção no trabalho podem ser fatores com potencial para provocar uma crise de mania ou depressão. “Nos pacientes em tratamento, o uso irregular ou mesmo a interrupção da medicação são um fator importante para que novos episódios da doença voltem a se manifestar”, enfatiza o dr. Nicastri.

Diagnóstico na balança

Existe uma tendência de que, em uma mesma família, haja várias pessoas com diagnóstico da doença, o que sugere uma grande participação genética nesse transtorno. Entretanto, ainda não há comprovações científicas. Os fatores ambientais também interferem na manifestação do problema.
O estresse e a rotina agitada podem colaborar para que os efeitos da doença sejam maiores ou menores
“O estresse e a rotina agitada podem colaborar para que os efeitos da doença sejam maiores ou menores”, explica o psiquiatra. Hoje, o ritmo de vida é mais acelerado, o acesso e o consumo de substâncias lícitas e ilícitas que interferem no humor são mais fáceis, por exemplo.
Quanto mais cedo for feito o diagnóstico, melhor para o paciente, sua família e amigos. O fato é que alguém que tenha depressão vai procurar ajuda porque se sente mal. Porém, a pessoa que passa por crises de euforia sente-se muito bem – até demais – para achar que esse estado inspire cuidados médicos. Isso pode atrasar a procura por ajuda e, conseqüentemente, o tratamento.
É uma barreira explicar e convencer alguém de que aquele estado de energia intensa, por mais agradável que pareça, é uma doença, por conta dos riscos a que a pessoa se expõe, como a impulsividade que leva a comportamento sexual desinibido, entre outros atos impensados.
Familiares e amigos podem ajudar o psiquiatra nesses casos, sinalizando comportamentos não habituais. Nos casos de gradação leve da doença, a chamada hipomania – quando o paciente é tímido e se torna extrovertido, por exemplo –, quem convive com a pessoa deve sinalizar ao médico que normalmente ela não se comporta daquela maneira. Entretanto, para o paciente é difícil perceber que essas mudanças no comportamento são manifestações do transtorno, mesmo que em grau leve.
Embora a doença apareça mais frequentemente no fim da adolescência ou início da vida adulta, crianças e adolescentes também podem sofrer com esse transtorno. Nos EUA, o número de diagnósticos de bipolaridade entre crianças e adolescentes cresceu 40 vezes na última década. A hipótese para esse aumento é a maior conscientização de médicos sobre o transtorno ou ainda um possível excesso de diagnóstico, em que uma criança mal-humorada pode ser tratada como doente.

Medicamentos e terapia: o caminho para uma vida normal

Assim como uma série de outras doenças, o transtorno bipolar não tem cura, mas controle. É como ter hipertensão ou diabetes: a doença continua ali, mas o paciente aprende a reconhecer sinais, controlar e conviver com ela, enquanto leva uma vida normal. “Queremos que o paciente seja o gerente de sua saúde para reconhecer uma estabilidade ou piora da doença, além de tomar os remédios corretamente”, esclarece o dr. Nicastri.
Os medicamentos mais utilizados atualmente são o lítio e alguns anticonvulsivantes, pois mostram bons efeitos na estabilização do humor. Algumas vezes, podem ser indicados também antidepressivos, mas com ressalvas porque podem, em vez de trazer o paciente para um estado de normalidade de humor, induzir à crise de euforia. Medicamentos conhecidos como antipsicóticos, sobretudo alguns desenvolvidos mais recentemente, têm sido empregados como estratégia para obter a estabilização de humor.
O lítio, primeiro estabilizador de humor, descoberto na década de 1970, ainda é largamente utilizado. Essa substância foi consagrada porque – além de tratar o transtorno bipolar – é capaz de prevenir novas crises. O problema é que se trata de uma substância potencialmente tóxica, o que torna a monitoração da sua quantidade no sangue fundamental para a segurança do tratamento.
Além dos medicamentos, a terapia pode ajudar a pessoa a entender que tem uma doença e a aceitar o tratamento. É dar-se conta de como funciona o transtorno e saber diferenciar o que é normal do que foge do controle

Doenças que chegam com a idade

Doenças que chegam com a idade

Dores nos joelhos, na coluna e limitações de movimentos. Com o passar dos anos, esses são alguns dos sintomas causados pelo desgaste das articulações. Embora o predomínio seja em pessoas com mais de 60 anos, crianças, jovens, atletas e adultos não estão livres de desenvolvê-las. "Entre as mais comuns na população, estão a artrite reumatoide e a artrose", diz o dr. Reynaldo Jesus-Garcia, ortopedista e médico coordenador do Programa Integrado de Ortopedia e Reumatologia do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE).
Doenças que chegam com a idade Apesar do nome parecido, artrite e artrose são doenças diferentes.
A artrite é uma inflamação da articulação que destroi a cartilagem. Dessa forma, o atrito das extremidades dos ossos aumenta e gera irritação no local. A mais comum entre as artrites é a reumatoide. Esse quadro ainda tem causa desconhecida, entretanto é a mais grave das inflamações. "É uma doença autoimune, devido a uma reação de anticorpo do próprio organismo contra a cartilagem, que acaba desencadeando uma resposta inflamatória", explica o dr. Reynaldo.
"É uma doença autoimune, devido a uma reação de anticorpo do próprio organismo contra a cartilagem, que acaba desencadeando uma resposta inflamatória"
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a artrite reumatoide ocorre com frequência duas vezes e meia maior em mulheres do que em homens. Os sintomas são rigidez, inchaço e vermelhidão nas mãos, limitação de movimentos e dor intensa. Ao longo dos anos, as articulações vão apresentando deformidades que limitam intensamente o movimento das articulações.
A artrose é uma doença degenerativa, ou seja, um desgaste natural das articulações. As principais causas são sedentarismo, má postura, traumas frequentes – ocasionados por pancadas e lesões -, além do excesso de peso. Dores que aparecem com o movimento ou em repouso, mais comuns pela manhã, são os principais sintomas. A boa notícia é que a artrose pode ser prevenida.

Cuide de seus movimentos

A melhor maneira de evitar essas doenças é controlar o peso, fortalecer a musculatura e adotar hábitos alimentares saudáveis, pois o envelhecimento do organismo torna-se mais lento. Mas quando esses problemas aparecem, é inevitável realizar um tratamento à base de medicamentos para amenizar a dor e preservar a função da articulação acometida, além das alternativas para estimular a regeneração da cartilagem.
Em casos mais graves, pode ser feita uma cirurgia, realizada nos ossos e não na própria articulação, para corrigir a postura e mudar a posição do eixo do osso que está limitando o movimento da pessoa. Há ainda a alternativa de cirurgia para retirar os tecidos que estão inflamados, por meio da artroscopia. Caso a doença progrida, pode ser feito um implante de cartilagem, em que fragmentos de cartilagem saudáveis são retirados para serem colocados em locais desgastados. Nos casos avançados, pode ser necessária a ressecção da cartilagem da articulação e a substituição por uma prótese metálica no lugar da cartilagem destruída.
Publicada em junho/2008
Atualizada em novembro/2009

Câncer de cólon e de reto: detecção e tratamento

Câncer de cólon e de reto: detecção e tratamento

A máxima "prevenir é melhor do que remediar" vale também quando o assunto é saúde. E mesmo em casos de doenças como o câncer, a melhor saída ainda é cuidar da saúde. Isso significa ir periodicamente às consultas médicas e fazer exames de rotina.
Câncer de cólon e de reto: detecção e tratamentoNo caso do câncer de cólon e de reto, o tumor pode levar até 15 anos para se desenvolver e se manifestar e, se a doença for diagnosticada precocemente, o índice de sucesso no tratamento é muito alto.
Infelizmente, por falta de acesso às campanhas de prevenção ou constrangimento na hora de fazer os exames, o número de pessoas com o diagnóstico da doença em fase avançada tem apresentado crescimento. Uma estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca) aponta que são esperados para o ano de 2008 cerca de 30 mil novos casos de câncer de cólon e de reto.
Esse tipo de tumor é de fácil diagnóstico. O primeiro sinal é o pólipo, que tem aparência de uma pequena verruga na parede do intestino e é uma lesão facilmente tratada. Mas, com o tempo, transforma-se em um câncer invasivo
"Esse tipo de tumor é de fácil diagnóstico. O primeiro sinal é o pólipo, que tem aparência de uma pequena verruga na parede do intestino e é uma lesão facilmente tratada. Mas, com o tempo, transforma-se em um câncer invasivo", alerta o dr. Carlos Dzik, oncologista.

De olho na saúde

A preocupação em desmistificar o desconforto e ressaltar a importância dos exames preventivos resultou na campanha Don’t blush, look before you flush no Reino Unido. Em outras palavras, o simples fato de olhar as fezes antes de dar a descarga e perceber se há sangue pode denunciar que algo está errado. A precisão do diagnóstico é encontrada em exames como a colonoscopia que, embora seja utilizada para detectar um possível problema no cólon, também pode verificar o reto, localizado no fim do intestino grosso. O exame, além de localizar o pólipo ou tumor, pode retirá-lo, no mesmo momento, para biópsia.
O paciente também pode se valer de um exame alternativo, que é a pesquisa de sangue oculto nas fezes. Ele deve adotar uma dieta específica e evitar ingerir alguns alimentos, como a carne ou os que contenham vitamina C, pois podem interferir nos resultados, se forem consumidos entre três e cinco dias antes da coleta. São colhidas três amostras que serão submetidas à análise laboratorial.
Um resultado mais abrangente requer ainda outro exame junto com a análise das fezes. Deve ser feita a retossigmoidoscopia, que visualiza o fim do intestino grosso, o reto e o ânus. Esse exame é capaz de identificar hemorróidas, doenças inflamatórias crônicas e eventualmente algum pólipo ou tumor.
O câncer de reto pode ser percebido mais facilmente com o exame de toque, mas há também os exames radiológicos com contraste, como o bário – em que é possível levantar suspeitas acerca do tumor. Ainda assim, seria necessário submeter-se à colonoscopia, devido à sua exatidão.
O indicado é que a pessoa, a partir dos 50 anos, se submeta aos exames de rotina. Se não houver nada de suspeito, o paciente passa por novos exames, apenas depois de dez anos. Caso tenha histórico familiar da doença, o ideal é fazer as contas a partir da idade do parente. Por exemplo, caso ele tenha apresentado o câncer aos 40 anos, é necessário submeter-se ao exame com 35 anos. Ou seja: conte sempre cinco anos a menos. Além disso, o paciente que tem familiares com câncer de cólon ou de reto deve repetir o exame a cada três ou cinco anos, mesmo que os anteriores não tenham detectado nada de errado.

Primeiros sinais

Quem apresenta tumores de reto manifesta, em geral, sangramento intestinal. Com o tumor no reto, há mudanças no organismo. Por exemplo, o intestino fica mais lento, constipado e depois de alguns dias nota-se diarreia. Também há o aparecimento de cólicas. Essas alterações podem ser sinais de alerta – não que seja necessariamente câncer, mas há algo errado: doenças comuns como síndrome do cólon irritável.
O paciente com câncer no reto também recebe quimioterapia complementar se houver risco de o tumor voltar. Além disso, também passa por sessões de radioterapia. A complexidade da cirurgia varia de acordo com a localização do tumor. A colostomia – porção do intestino exteriorizada na parede do abdome, por onde são escoados fezes e gases para uma bolsa coletora – pode ser provisória, caso seja possível preservar ou restaurar o esfíncter anal (músculo que controla a abertura e o fechamento do ânus), ou então permanente, dependendo da gravidade. "Depois que o paciente passa pelo desconforto do tratamento, consegue ter uma vida com qualidade", conclui o dr. Dzik.
Se toda a população do mundo comesse em grande quantidade hortaliças, frutas e vegetais frescos teríamos 30% menos tumores. No caso dos cânceres de intestino, reduzir o consumo de gordura animal também é um fator preventivo
Mais que a realização dos exames, as pessoas podem adotar hábitos saudáveis e ganhar mais um aliado na hora de evitar o câncer. "Se toda a população do mundo comesse em grande quantidade hortaliças, frutas e vegetais frescos teríamos 30% menos tumores. No caso dos cânceres de intestino, reduzir o consumo de gordura animal também é um fator preventivo", explica o oncologista.
No caso do câncer de cólon, o diagnóstico precoce está diretamente ligado à cura. Esse tumor é uma pequena úlcera em determinada parte do intestino. Durante a cirurgia, o especialista, além de retirar o tumor, secciona também os linfonodos – uma espécie de íngua –, que drenam tudo o que circula no intestino e, portanto, podem drenar as células cancerígenas. Caso os gânglios contenham células cancerígenas, também é recomendada quimioterapia complementar por cerca de seis meses, na tentativa de reduzir as chances da disseminação da doença.
Publicada em maio/2008
Atualizada em novembro/2009

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Senegal will give us insight of Ghana’

Senegal will give us insight of Ghana’

August 12, 2013
A SOCCER fan (centre) poses with Chipolopolo players from left Rainford Kalaba, Stopilla Sunzu, Hichani Himoonde and Nathan Sinkala at Simon Mwansa Kapwepwe International Airport in Ndola yesterday. - Picture by CHISHALA MUSONDA.
A SOCCER fan (centre) poses with Chipolopolo players from left Rainford Kalaba, Stopilla Sunzu, Hichani Himoonde and Nathan Sinkala at Simon Mwansa Kapwepwe International Airport in Ndola yesterday. – Picture by CHISHALA MUSONDA.
By CHISHALA MUSONDA and VICTOR KUMWENDA
CHIPOLOPOLO players have said Wednesday’s international friendly against Senegal will give them an insight of what to expect in the final Group D 2014 Brazil World Cup qualifier against Ghana.
And four Democratic Republic of Congo-based players – Stopilla Sunzu, Hichani Himoonde, Nathan Sinkala and Rainford Kalaba accompanied by national team assistant coach Masautso Mwale, team physiotherapist Gibson Chaloba and logistics and equipment manager Stanley Kaseko left Ndola for Paris yesterday aboard a South African Airways flight.
Defender Himonde said the international friendly is important because it will give the Chipolopolo an understanding of what to expect from the Black Stars on September 6 at Baba Yara Stadium in Kumasi.
He said like Ghana, the core of the Senegalese players are based in Europe and the match will gift the Chipolopolo with stiff competition.
“It will give us a picture of what to expect from Ghana because the Senegal squad has most of its players playing for clubs in Europe just like the Ghanaians,” Himoonde said.
He said Zambia’s 2-1 win over Senegal at the 2012 Africa Cup of Nations will be put behind when the teams.
His partner in defence both at club and country, Sunzu said he was excited to make a comeback to the national team and was ready to play for the country.
Sunzu said the international friendly was important for the Chipolopolo because it is a build up to the crucial match against the Black Stars.
“It will be a tough game but this will help us in the build up to the Ghana match. I m ready to play and I think Ghana cannot beat us” said Sunzu, who has recovered from a knee injury.
Kalaba said: “The Ghana game is very crucial but the friendly will help in building confidence before our final group game. It is not going to be easy to play in Ghana but this friendly will give us a lift.”
Equally, Kalaba missed Zambia’s two previous 2014 World Cup qualifiers.
Sinkala said the significance of the friendly is that it will give the Chipolopolo and the nation the momentum going into the final group qualifier.
“Everyone will be focused on this game to give us confidence for the Ghana match. We will work hard although it is not going to be easy,” he said.
Meanwhile, Senegal coach Alain Giresse says the international friendly against Zambia will be fiercely contested as it will set the tone for both teams’ penultimate World Cup qualifiers.
Giresse said he has named a strong squad because of the quality of the opposition.
“It is not long ago that Zambia won the Africa Cup of Nations in Gabon against all odds and we must remember on the way to the final they beat us (Senegal) in the preliminary round.
“Zambia is a strong team perhaps one of the best on the continent even though they did not perform well at the last Africa Cup of Nations in South Africa. I know they don’t have a lot of players in Europe but despite that they are a closely knit quality side,” Giresse said.
Chipolopolo beat Teranga Lions 2-1 in the opening game at the 2012 Africa Cup of Nations in Bata, Equatorial Guinea.
He told Agence de Presse Senegalaise that French compatriot Herve Renard has turned the Chipolopolo’s into one of the best teams on the continent.
“I think Renard has generally done a good job with Zambia enhancing the team’s profile he loves his job and is ambitious,” Giresse said.
He also defended his decision to ignore Chelsea striker Demba Ba and Papiss Cisse of Newcastle United.
“I have decided to do without the two for the friendly against Zambia. Senegal has much choice in target men and I’m giving chance to others to prove themselves ahead of the for the World Cup qualifier,” the former Gabon and Mali coach said.
The Teranga Lions face the Chipolopolo at Saint – Leu-la-Foret, near Paris, in a build-up match for the 2014 World Cup qualifiers slated for September.
Senegal, who will face Uganda need a draw to progress to the final round while, Zambia with a point behind leaders Ghana must beat the Black Stars to qualify. 

sábado, 10 de agosto de 2013

Filme completo - O Evangelho Segundo João 2003 [Dublado]

Faculdade da Pensilvânia é novo modelo para Direito

Faculdade da Pensilvânia é novo modelo para Direito




As universidades de Yale, Harvard e Stanford têm as "melhores faculdades de Direito dos EUA", de acordo com o ranking oficial, em que ocupam os três primeiros lugares. "Melhores" em quê? Prestígio, certamente. No entanto, o melhor espelho para qualquer faculdade de Direito do mundo, que aspira o reconhecimento de escola mais bem-sucedida de seu país, poderá ser, em breve, a Faculdade de Direito da Universidade da Pensilvânia.

A "Penn Law", como é conhecida, ocupa apenas o sétimo lugar no ranking americano. Por enquanto. A partir deste ano, a faculdade iniciou uma reformulação de seu conceito de ensino. Em vez de formar teóricos brilhantes, ela quer formar profissionais bem-sucedidos em suas carreiras — com alta garantia de sucesso já ao ingressar no mercado.

Pode ser uma estratégia valiosa para faculdades que querem atrair estudantes a fim de fazer sucesso em suas carreiras, em vez de candidatos apenas a um diploma. Nos EUA isso é particularmente importante, porque o indicador mais considerado do sucesso de uma faculdade é o sucesso de seus bacharéis no mercado de trabalho.

A proposta da Penn Law é formar os profissionais mais competentes e, portanto, mais competitivos no mercado de trabalho. Para isso, a faculdade começou a oferecer cursos de Direito conjugados com cursos de outras áreas profissionais, nas quais os advogados atuam muito nos dias de hoje.

O último "lançamento" da Penn Law, conforme anunciou o The National Law Journal na segunda-feira (5/8), foi o curso de Direito integrado ao curso de Engenharia, com especialização em tecnologia. A faculdade acredita que, no mundo real, os advogados passarão atuar, cada vez mais, no "mundo virtual" da Internet e da computação, bem como em propriedade intelectual e todas as demais áreas da tecnologia.

Antes disso, a faculdade "lançou" cursos de Direito enriquecidos com cursos de administração e economia. Um programa de 12 semanas, por exemplo, visa equipar os estudantes de Direito com conhecimentos práticos de administração, liderança, habilidades para tomar decisões estratégicas, finanças e contabilidade.

Aparentemente, a Penn Law está apostando na ideia de que o futuro da advocacia está na especialização. Mais cursos interdisciplinares estão na forma, como o do Direito e Medicina, e do Direito e Artes e Ciências (que, nos EUA, inclui comunicação). Notícias sobre os cursos de administração e de tecnologia para advogados podem ser vistas no site da própria faculdade (em inglês), bem como no The National Law Journal.

Há tempos os americanos discutem a necessidade de os advogados fazerem cursos complementares, como o de Administração Jurídica, de Tecnologia, Finanças e outros. As firmas butiques especializadas nos aspectos jurídicos da tecnologia e das ciências ainda estão no topo da pirâmide. Um profissional com conhecimentos tecnológicos, seja na área de informática, engenharia, medicina, química, biotecnologia ou qualquer outra, e com a desenvoltura de um advogado, é um ativo precioso para qualquer empresa que necessite de serviços jurídicos especiais.

No entanto, essa é a primeira vez que essa interação de cursos é concretizada em um currículo universitário, tanto para o curso normal de bacharelado, como de mestrado.

O investimento inicial para a implantação da "Clínica Detkin de Propriedade Intelectual e Tecnologia" da Penn Law foi feito pelo advogado e empresário Peter Detkin, fundador da Intellectual Ventures e conselheiro da faculdade de engenharia da universidade. "Minha carreira sempre se deu na interseção do Direito com a tecnologia", ele declarou em um artigo no site da faculdade, para explicar porque entendia a importância de os advogados interessados se especializarem nessa área.

Antes de se inscrever em disciplinas da área tecnológica, os estudantes de Direito terão de cumprir pré-requisitos, como as matérias de "Introdução à Propriedade Intelectual" e "Lei das Patentes". "Hoje, os advogados que atuam em patentes, Direito Autoral, propriedade intelectual, regulamentação da internet, privacidade, segurança nacional e muitas outras áreas precisam ter um bom conhecimento sobre o funcionamento da tecnologia", diz o reitor da Penn Law Michael Fitts.

O programa "Lei e Tecnologia" da Penn Law deverá evoluir, em 2014, para cursos regulares de bacharelado e mestrado em Direito e Engenharia, que podem durar quatro anos. No primeiro ano, os estudantes fazem o curso de Direito, no segundo de Engenharia e nos dois anos subsequentes fazem matérias nas duas áreas, concomitantemente.

O programa que cruza Direito e Administração será dividido em quatro módulos: 1) finanças e contabilidade; 2) liderança e projeto organizacional; 3) tomada de decisões estratégicas e liderança; e 4) vantagem competitiva: desenvolvendo uma forte marca pessoal.

No primeiro módulo, haverá tópicos tais como terminologia e processo de contabilidade, tomada de decisões financeiras, análise de relatórios financeiros e indicadores essenciais de desempenho. No segundo, estilos de organização, liderando com a inteligência emocional, influência organizacional e persuasão, liderando equipes e entendendo a dinâmica de equipes. No terceiro, pensamento crítico sobre o mundo real, decisões em tempo real, planejamento em tempos de incerteza, tomada de decisão e liderança, e planejamento guiado por descobertas. No quarto módulo, o foco será o desenvolvimento da marca pessoal.

A Penn Law quer formar advogados "que sejam líderes em suas áreas de atuação". Não há lugar, portanto, para alunos que não levam a sério seus estudos e sua carreira.

Fonte: Conjur