quarta-feira, 28 de maio de 2014

O PENSAMENTO SOCIOLÓGICO DE MAX WEBER


Tamires Albernaz Souto1
Flávio Augusto Silva 2
Hewerton Luiz Pereira Santiago3

RESUMO

Max Weber mostra suas ideias fundamentais sobre o Capitalismo e a racionalização do homem em sociedade. Origem de tal Capitalismo que faz do homem um ser virtual e alienador perante a sociedade que o transforma com as ações sociais. Neste trabalho desejamos destacar todas essas idéias e mostrar ao público sobre a trajetória desse grande pensador e sociólogo alemão Max Weber.

PALAVRAS-CHAVES: Ação social. Capitalismo. Ideias.

INTRODUÇÃO

O método defendido por Weber consiste em entender o sentido das ações dos indivíduos em sociedade. A sociedade para Weber é um conjunto de indivíduos que pratica ações partindo dos outros, ou seja, á Ação Social. Tal ação é destinada a cada indivíduo, sendo que suas atitudes são transformadas pela sociedade que cada um vive.
O homem para Max Weber, sempre viveu em um Estado de acumulação e
conspiração do outro, ou seja, as sociedades humanas aos poucos buscaram as melhores condições sociais para si mesmas. Essas condições sociais serão transformadas com grande êxito, e os indivíduos passaram por grandes modificações, buscando com o tempo o Poder, e as sociedades humanas irão se adaptar á esse processo, surgindo assim uma divisão de tais indivíduos, como diz Max Weber, às classes sociais, como veremos á seguir.

1 HISTÓRIA

Max Weber (1864-1920) nasceu em Erfurt, na Alemanha, em 21 de Abril de 1864. Um grande filósofo e sociólogo alemão filho de uma família que sempre o influenciou e dedicou em sua carreira. Seu pai um famoso e exemplar advogado, e principalmente político onde o ajudou na questão das sociedades, ao seu estudo, sua formação. Sua mãe, uma grande mulher, pois vivia na base da religião e da cultura, se preocupava muito com a educação de seu filho.
Esse grande pensador sempre esteve ligado ás questões políticas e sociais, buscando desde cedo à prática e a preocupação com todos em seu redor. Sempre possuiu uma postura bastante eficaz, pois sua formação foi exemplar e nos deu grandes ensinamentos e questionamentos sobre suas idéias. Max Weber teve sua vida ligada em ocupações políticas, como Jurista, Economista e Sociólogo, um de seus principais trabalhos foi à Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo e o Sistema Econômico e Sociedade.

2 A AÇÃO SOCIAL SOBRE AS SOCIEDADES

Os aspectos culturais e históricos da sociedade, o desejo de acumulação de riquezas
sempre esteve presente na vida dos indivíduos. Weber estabelece um conceito para as sociedades humanas: A Ação Social. Tal ação sempre esteve conspirada a cada indivíduo, onde os agentes de conduta eram os grandes influenciadores da sociedade.
A ação social é um sistema de objetivos mais adequados para uma transformação das sociedades. Só existe uma ação social quando o indivíduo estabelece uma comunicação com os outros, sendo que tal indivíduo deseje ou não passar por aquela transformação. Um exemplo que Max Weber cita é que, quando se tem uma eleição, os eleitores definem seu voto a partir da ação, opiniões dos outros que estão ao seu redor, ou seja, os indivíduos não conseguem ter suas próprias ações. Para Weber, A Ação Social..........................................................................................................
significa uma ação que quanto ao sentido visado pelo agente ou os agentes, se refere ao comportamento de outros, orientando-se por este em seu curso. (WEBER: 1991, 3)
Ás vezes a ação social pode ser perfeita ou imperfeita, ou seja, pode ser evitada ou aceita, pelo indivíduo. Como diz Max Weber, a ação social possui relação significativa, pois ela nos leva a pensar que se existem vários tipos de ação social, sendo que ele nos define quatro tipos delas.
A ação social determinada por algum costume ou hábito é considerada a Ação social Tradicional; aquela determinada pela emoção é a Ação social Afetiva; a ação social determinada por uma crença é considerada a Racional; com valores, é aquela ação que se destina a razão usando os métodos eficazes, podemos dizer que é a Ação social Racional com fins.
Cada ação conceituada por Weber depende dos indivíduos e principalmente da sociedade em que vive. Os agentes sociais contribuem bastante para a formação da ação social, pois os indivíduos possuem um fator essencial e primordial nas sociedades.

3 O PODER

Max Weber coloca uma noção básica sobre o conceito de poder, pois para ele, esse aspecto esta ligado exatamente nas sociedades humanas, não como um aspecto de autoridade, mas sim na colocação de que o individuo deve impor suas vontades próprias. Os indivíduos passam por certas transformações que os tornaram, homens que buscaram seus próprios métodos, e a partir deles é que cada um deles vai querer possuir mais que os outros, daí surge a origem do capitalismo, suas mudanças nas sociedades humanas e a divisão de tais sociedades que o sistema capitalista vai usufruir da maneira que desejar. Para Weber (1974) o indivíduo, “Não luta pelo poder apenas com um fim de enriquecer economicamente."

4 A ORIGEM DO CAPITALISMO

Max Weber, em sua corrente weberiana destaca a idéia de que o indivíduo em si, sempre quis buscar o capital (dinheiro). As condições sociais das sociedades humanas antes não favoreciam para uma formação de tal Capitalismo crescer. Weber faz uma junção sobre a ação e o acúmulo de riquezas, onde dará origem e transformação total das sociedades, fazendo com que os indivíduos que nelas vivem busquem a todo o momento o capitalismo, a riqueza e o poder sobre uns aos outros.
A formação do capitalismo se baseia principalmente nos fatores de produção, ou seja, a terra, o trabalho e o capital. Para tal formação é necessário um fenômeno que une o capitalismo com esses quatro fatores. Tal fenômeno é a racionalidade, pois ele é essencial nas atividades humanas, pois os indivíduos necessitam de várias transformações em sua sociedade. Os indivíduos passam a viver em um círculo vicioso, pois são aprisionados pelo próprio sistema que
eles mesmos criaram. A raça humana passa por tantas transformações que perdem sua naturalidade, sem saber o porquê e como tudo isso aconteceu.
Weber discute bastante essa situação, pois os indivíduos pensam que o trabalho é uma atividade acima de tudo e todos, e que eles possuem o dever de servir o outro. Como diz nosso sociólogo, a força de trabalho será o ápice para a alienação dos outros indivíduos, pois cada um desempenhará aquilo que conseguir diante um sistema que lhes oprimirá o tempo todo, por isso o sistema capitalista divide os indivíduos em duas classes diferentes, onde uma irá servir e a outra irá desempenhar o papel apenas de lucrar sempre sem se importar com os interesses dos outros.

5 AS CLASSES SOCIAIS

Com as várias transformações decorrentes a ação social, o poder do qual o homem vai possuir de forma incorreta diante do sistema, Weber nos leva a enxergar que irá surgir duas classes distintas do sistema. O homem passará a ser escravo do próprio homem, buscará usufruir tudo aquilo que sempre desejou, mas não sabia como começar a investigar homem a homem.
Surgirá uma classe de elevado poder, que será dona de tudo e de todos, sendo que haverá outra classe que servirá aos mais fortes com o intuito de tentar sobreviver no sistema capitalista. O sistema capitalista transformará os indivíduos em “mercadorias”, alienando-os em um segmento que os farão ser indivíduos apenas para lucrar ou servir. A classe mais fraca (proletariado) vendeu sua força de trabalho, e a mais forte (burguesa) viverá sugando desses indivíduos tudo aquilo que necessita, não se preocupando com as vontades ou razões de tal classe. A partir do momento que a classe trabalhadora deixar de servir, vender sua força, eles deixarão de existir, pelo fato de que o sistema exige que cada um exerça sua função.
Os indivíduos sempre serão donos uns dos outros.

CONCLUSÃO

Max Weber nos proporciona tais pensamentos sobre todos os acontecimentos que as sociedades humanas passaram e vivem passando fingindo não enxergar a realidade dos fatos. A vida humana se tornou virtualizada diante o sistema capitalista, e nenhum indivíduo não faz nada diante de todos os fatos ocorridos. As idéias de Max são essencialmente a base de tudo que ocorre no cotidiano de cada um de nós, pois somos tão virtualizados que nem percebemos os nossos atos.

MAX WEBER'S SOCIOLOGICAL THOUGHT

ABSTRACT
Max Weber shows to its basic ideas on the Capitalism and the rationalization of the man in society. Origin of such Capitalism that it makes of the man a virtual being and alienator before the society that transforms it. In this work desire to detach all these ideas and to the public on the trajectory of this great thinker and German sociologist Max Weber.
keywords: Social action. Capitalism. Ideas.

REFERÊNCIAS

NOVA, Sebastião Vila. Introdução à Sociologia. 6ª ed. São Paulo: Atlas, 2004.
TOMAZI, Nelson Dacio. Iniciação à Sociologia. 2ª ed. São Paulo: Atual, 2000.
WEBER, Max. Classe, status, partido. In: VELHO, Otávio Guilherme C. A.; PALMEIRA, Moacir G.S.;BERTELLI,Antonio R. Estrutura de classes e estratificação social. 5. ed. Rio de Janeiro: Zahar,1974.
WEBER; Max. Economia e sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva. Trad. Regis Barbosa e Karen Elsabe Barbosa: Editora Universidade de Brasília, 1991.v.1.

1 - Acadêmica do Curso de Direito da Faculdade Atenas.
2 - Professor do curso de Sistemas de Informação da Faculdade Atenas.
3 - Professor do curso de Sistemas de Informação da Faculdade Atenas.

A Turma do Rolezinho

O "rolezinho" é um fato social motivado pelo excessivo apelo publicitário ao consumo desenfreado e alucinante. Daí, a juventude desprovida de meios para consumir, vê-se compelida a observar às vitrinas e lojas dos SHOPPINGS com o mero prazer de ver o seu sonho realizado só com a masturbação do olhar.
Assim, jovens se organizam para dar um "rolezinho" em tal shopping. É neste momento que os empresários se armam de unhas e dentes e fazem uma Assepsia Social em seus estabelecimentos comerciais, tais como: com o aval do governo da unidade federativa dispõem da sua polícia para reprimir com spray de pimenta e cacetadas, crianças e adolescentes negros e pobres que se deslocam das periferias para se divertirem e viverem o seu primeiro amor.
Isto sem levar em consideração o asco e repulsa por parte da nata social que transita por esses shoppings, e ameaça não mais frequentá-los pelo fato de temer um arrastão, ou mesmo a própria morte.
A este fenômeno social podemos chamar de volta à senzala. Que é mais deprimente neste processo discriminatório, é o fato de toldar o cidadão quanto ao seu direito de ir e vir.
Com isto ferem o Princípio Constitucional da Dignidade da Pessoa Humana. Há muito que a famigerada Abolição da Escravatura está consolidada, ainda assim vivemos os resquícios da ESCRAVIDÃO, de um aprisionamento recheado de humilhação, torturas e mortes. Assim como ontem, o negro tem que viver distante da URBIS, tendo em vista que o mesmo ainda serve de objeto de vergonha e medo para uma classe social dominante que lhe retira a razão de viver.
Este retrocesso que leva o negro pobre à condição de escravo, é consequência de uma política neoliberal onde se proscreve que, em um país capitalista não há lugar para todos.
Necessário se faz que o Estado brasileiro, ao invés de criar um Estado Policial, torne-se um Estado social, quanto a uma justa distribuição de renda, e trabalho. Assim, também, veja a Nação brasileira como um todo indivisível. Só assim será possível fazermos crer em uma democracia ampla, geral, e irrestrita.
É necessário que determinadas autoridades afastem a ideia criminosa ao reprimir o Direito à Liberdade de ir e vir, visto que somos todos iguais perante a lei. E é cláusula "pétrea".
Em sendo assim estamos a viver em um Estado de Exceção, tornando o estado de Direito ameaçado por uma guerra elitista onde cerceia o direito de locomoção e segrega à Raça Negra, e Pobres, de tomarem banho na mesma praia.
Em ano eleitoral e Copa do Mundo, se um grupo de jogadores estrangeiros de cor negra adentrar em um Shopping, aqui, no Brasil, ou mesmo grupos de negros estrangeiros, na época da copa do Mundo vier a visitar um Shopping, é preciso pensar bastante antes de se exporem ao spray de pimenta, a tortura e a morte.

Bahia, 14 de janeiro de 2014.

(evangelista da Silva)__________________________________________

terça-feira, 27 de maio de 2014

A Síria é aqui: Brasil registra a maior taxa de homicídios desde 1980

Fonte: GLOBO
Países mundo afora vivem em guerras civis, com sangrentas disputas pelo poder em regimes autoritários, em que a democracia ainda não deu o ar de sua graça. É o caso da Síria. Mas quando se trata da taxa de homicídios, a sensação que fica é que a Síria é aqui mesmo. O Brasil registrou em 2012 a maior quantidade de assassinatos, tanto em termos absolutos como relativos, desde 1980:
Nada menos do que 56.337 pessoas foram mortas naquele ano, num acréscimo de 7,9% frente a 2011. A taxa de homicídios, que leva em conta o crescimento da população, também aumentou 7%, totalizando 29 vítimas fatais para cada 100 mil habitantes. É o que revela a mais nova versão do Mapa da Violência, que será lançada nas próximas semanas com dados que vão até 2012.
O levantamento é baseado no Sistema de Informações de Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, que tem como fonte os atestados de óbito emitidos em todo o país. O autor do mapa, o sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, diz que o sistema do Ministério da Saúde foi criado em 1979 e que produz dados confiáveis desde 1980. As estatísticas referentes a homicídios em 2012, portanto, são recordes dentro da série histórica do SIM.
— Nossas taxas são 50 a 100 vezes maiores do que a de países como o Japão. Isso marca o quanto ainda temos que percorrer para chegar a uma taxa minimamente civilizada — destaca o sociólogo.
O país do “homem cordial” é um tanto violento, como podemos ver. São quase 60 mil homicídios anuais, um número assustador, digno de uma guerra civil. Ou seja, vivemos uma guerra civil, só que oculta, velada, disfarçada. Há um forte poder paralelo que não teme as punições legais, que não reconhece e não respeita a autoridade estatal, a polícia.
São fortalezas do crime sustentadas pelo tráfico de drogas e protegidas por armas ilegais de alto calibre, que entram por nossas fronteiras que se parecem queijos suíços, de tantos buracos evidentes. Aliás, o aumento da taxa de homicídios coloca em xeque os defensores do desarmamento civil, que como sempre vão se fingir de bobos para não negar o retumbante fracasso de sua bandeira.
O aumento na taxa de homicídios ocorreu em uma época de forte crescimento de renda, com o advento da “nova classe média”, tão propalada pelo governo. Isso coloca em xeque outra bandeira “progressista”: a de que a culpa da violência e da criminalidade é da pobreza, não da impunidade.
Os bandidos são cada vez mais ousados, e matam por motivos banais, à luz do dia, pois contam com a impunidade e porque acham que a vida não vale nada. Fazem isso com armas ilegais, ou seja, de nada adianta desarmar a população de bem, aquela que poderia eventualmente se defender desses criminosos.
Some-se a isso a quantidade de óbitos por acidentes no trânsito, em boa parte causados pelo péssimo estado de nossas estradas e também pela irresponsabilidade dos motoristas, e temos um quadro realmente sombrio, com mais de 100 mil mortes por ano. Deixa eu repetir o número por extenso para ver se cai a ficha: cem mil mortes por ano causadas por assassinatos ou acidentes de trânsito.
Que país é esse? Como podemos sentir orgulho do Brasil desse jeito? Vamos continuarenaltecendo nossa “malandragem”, nosso jeitinho, nossa “cordialidade”, nossa “alegria”, nosso povo “pacífico”? O brasileiro vende por aí a imagem de um povo hedonista e bonachão como os bonobos, mas, na prática, está bem mais perto da realidade dos violentos e agressivos chimpanzés.
Nada disso é imutável, claro. Não está inscrito em nossos genes, nem é resultado de nosso clima. É fruto de nossa cultura atrasada e de nossas instituições precárias. E ambas podem mudar, podem evoluir. Mas é preciso muito esforço, e começar já, pois como podemos ver, estamos caminhando para trás.
Rodrigo Constantino

Poesia

Mulher

(evangelista da silva)

Doce Menina!...
Olhar puro e sereno de criança...
Espírito que aos fariseus encanta,
Amo-te criança, - filha de Deus!...

Uma alma Santa!...
Espírito e carne unem-se.
E unidos se revelam um Templo Sagrado,
O Templo do Espírito Santo de Deus!...

Este rosto sereno em plena harmonia...
Transborda carinho e amor...
E na felicidade da contemplação,
Fazes-me ver e sentir teu doce encanto...

De um lindo canto
Que embevece os dias meus,
Oh Amada filha de Deus!...
Abraces-me!... Sorrias!...

É hora de cantares...
Dançares...
Sorrires e sonhares
Aos braços meus...

Tu és para mim
A sinfonia do amor,
Que denota
Pura Santidade.

Tu és encanto, carícia e sedução...
Não, e tu não te esposes ao fetiche,
A imundície...
Do sexo à maldição.

Tu és do sol o amanhecer...
A brisa que cobre as flores,
Doce olhar de Menina!...
És uma Rosa em botão!...

Logo, estarei caindo em teus braços
Assim como os regatos se lhes entregam
A imensidão dos Oceanos...
Oh doce menina dos olhos meus!...

Jamais entregues o teu lindo corpo
Para servir aos porcos,
Visto seres tu o templo sagrado
Do Espírito Santo de Deus!...

Bahia, 26/12/2013. 1 h 29 min

STJ nega reconhecimento de união estável por falta de fidelidade

STJ nega reconhecimento de união estável por falta de fidelidade

Postado por: Nação Jurídica \ 22 de maio de 2014 \ 1 comentários
A fidelidade é parte do dever de respeito e lealdade entre os companheiros, ainda que não seja requisito expresso na legislação para configuração da união estável. A conclusão é da 3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, que negou o reconhecimento de união estável porque o homem mantinha outro relacionamento.

O Tribunal de Justiça de Minas Gerais havia negado o pedido de uma mulher de reconhecer a união por entender que o relacionamento dela com o homem, já morto, teria sido apenas um namoro, sem objetivo de constituição de família.

No recurso, a autora da ação afirmou que manteve convivência pública, duradoura e contínua com o homem de julho de 2007 até a morte dele, em 30 de novembro de 2008, e que o dever de fidelidade não estaria incluído entre os requisitos necessários à configuração da união estável.

A outra companheira contestou a ação, alegando ilegitimidade ativa da autora, que seria apenas uma possível amante do morto, com quem ela viveu em união estável desde o ano 2000 até morte dele.

A ministra Nancy Andrighi (foto), relatora do caso, apontou que a discussão é para definir se a união estável pode ser reconhecida entre as partes, mesmo diante da inobservância do dever de fidelidade pelo morto, que mantinha outro relacionamento estável com terceira, sendo que os dois relacionamentos simultâneos foram demonstrados nos autos.

A ministra reconheceu que tanto a Lei 9.278/96 como o Código Civil não mencionam expressamente a observância do dever de fidelidade recíproca para que possa ser caracterizada a união estável, mas entendeu que a fidelidade é inerente ao dever de respeito e lealdade entre os companheiros.

Para a ministra, uma sociedade que apresenta como elemento estrutural a monogamia não pode atenuar o dever de fidelidade — que integra o conceito de lealdade e respeito mútuo — para inserir no âmbito do direito de família relações afetivas paralelas.

Poligamia estável

Andrighi admitiu que a jurisprudência do STJ não é uníssona ao tratar do tema e alertou que, ao analisar as lides que apresentam paralelismo afetivo, deve o juiz, atento às peculiaridades de cada caso, “decidir com base na dignidade da pessoa humana, na solidariedade, na afetividade, na busca da felicidade, na liberdade, na igualdade, bem assim, com redobrada atenção ao primado da monogamia, com os pés fincados no princípio da eticidade”.

A ministra concluiu o voto ressaltando que seu entendimento não significa dizer que a relação mantida entre a recorrente e o morto mereça ficar sem qualquer amparo jurídico: “Ainda que ela não tenha logrado êxito em demonstrar, nos termos da legislação vigente, a existência da união estável, poderá pleitear em processo próprio o reconhecimento de uma eventual sociedade de fato.”

O voto da relatora foi acompanhado de forma unânime na turma e reforçado por um comentário do ministro Sidnei Beneti. Para ele, divergir da relatora neste caso seria legalizar a “poligamia estável”.

Fonte: STJ