O Jardim Dos Tupinambás
[evangelhista da silva]
Era um jardim de arquitetura francesa e cheio de flores
tinha um arco apoteótico a receber os românticos
tupinambás remanescentes e os mestiçados em paixão
assim todos a ele acorriam para respirar à praça.
E lá, na antiga praça onde um barracão em lama fétida
recebia o seu povo para comprar alimentos contaminados
em meio a uma podridão factual e administrativa dos anos 60
não era um jardim - era um barracão lambido de merda.
Hoje, acordo com saudades a recordar-me de uma noite
fazia-se madrugada e lá estava eu e Ery músico trompetista
naquele instante fazíamos uma seresta ao som Haydniano
irmanados ao univer(so) estrelado de uma noite em serenata.
Ery, embora desarrumada a mente se nos convencia a gente
a se lhe declinar à alma e vislumbrar o som inquietante do seu
amável Trumpet que fizera Kito – o violonista clássico inquieto
lá do sobrado de sua casa vir a contemplar a musicalidade
Do imortal poeta da música esquecido em mais uma madrugada
no jardim da praça dos Paiaiás era noite bela, e azul, e iluminada
a lua boiava por todo o jardim ontem esplêndido e hoje morto
desfeito e projetado para uma espécie de Cracolândia da Praça.
Da Praça do Padre Mateus Vieira de Azevedo tortuosa e nua
assim fizeram do nosso jardim dos amores e encontros, - terrores
ao modificarem a sua arquitetura e edificando barracas de cachaça
hoje, todas às vezes que passo na praça, recordo-me aquele jardim.
A planta poeticamente em versos traçada por um arquiteto francês
Aqui fora presenteada pelo eminente filho desta amada terra, -
dr. Gorgônio José de Araújo Neto que, por certo, é capaz de ao recordar
tremer e chorar ao presenciar o crime praticado por um tal prefeito.
Dentre os vários crimes perpetrados pelo forasteirismo animal
a destruição do nosso patrimônio de beleza sem igual se foi
restando a estupidez e aberração de uma obra cuspida com lama
para satisfazer a cupidez do forasteirismo cruel, covarde e antipoético.
Santo Antônio de Jesus, 10 de setembro de 2015, às 2h42min.
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