sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

Concepções de Infância ao Longo da História e a Evolução Jurídica do Direito da Criança

Concepções de Infância ao Longo da História e a Evolução Jurídica do Direito da Criança

 

quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

Por quem os sinos dobram: as lições do melhor livro de Hemingway

Por quem os sinos dobram: as lições do melhor livro de Hemingway

 

“A morte de qualquer homem me diminui, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti”. É com essa citação, tirada de um poema de John Donne, poeta inglês do século 17, que Ernest Hemingway marcou o começo de uma de suas obras mais importantes.
A linguagem dos sinos, como aprendi em várias passagens por cidades históricas repletas de igrejas, é cheia de nunces. Um sino pode tocar para marcar o horário de uma missa. Mas também pode fazê-lo para avisar de uma emergência, como um incêndio, chamar para um dia de procissões, avisar de um nascimento ou relatar uma morte. Nos repiques dos sinos há informações que hoje poucos conhecem. Quando os sinos começam uma canção fúnebre é possível saber se quem morreu era homem ou mulher e até a hora que será o velório.
Essa linguagem, cheia de mensagens cifradas, leva a pergunta óbvia, assim que os sinos de uma igreja começam um cântico fúnebre: por quem os sinos dobram? Ou, em outras palavras, quem morreu? O poema de John Donne, ao mostrar a conexão entre tudo que existe, deixa claro que quem morreu foi você.
“Nenhum homem é uma ilha, isolado em si mesmo; todos são parte do continente, uma parte de um todo. Se um torrão de terra for levado pelas águas até o mar, a Europa ficará diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse o solar de teus amigos ou o teu próprio”. Morremos um pouco a cada morte que presenciamos.
por quem os sinos dobram
Hemingway não poderia ter escolhido citação melhor para começar seu livro, escrito e publicado no começo da década de 1940. Na obra, que foi listada como um dos 100 melhores livros do século 20 pelo jornal Le Monde, ele conta a história de Robert Jordan, um norte-americano que vive na Espanha durante a Guerra Civil, ocorrida entre 1936 e 1939.
Ele acaba se envolvendo no conflito, do lado dos republicados, e recebe a missão de implodir uma ponte, tarefa considerada fundamental numa batalha contra os nacionalistas, que tinham o apoio do nazifascismo na Itália e na Alemanha. É bom lembrar que pouco depois começou a Segunda Guerra Mundial, conflito em que a Guerra Civil Espanhola se insere e do qual foi praticamente um prelúdio.
Toda a trama se passa ao longo de três dias, enquanto Robert Jordan, um professor que se identifica com os ideais da luta contra o fascismo, aguarda o momento para cumprir sua missão e lida com os desafios para conseguir explodir a ponte, tarefa em que ele conta com a companhia de guerrilheiros, ciganos e camponeses.
Boa parte da história se passa na relação entre essas pessoas durante os dias necessários até que a missão possa ser realizada. Há tempo, inclusive, para um relacionamento entre Robert e uma cigana, Maria, alguns anos mais tarde representados por Gary Cooper e Ingrid Bergman, no filme de 1943 – a atriz sueca foi indicada ao Oscar pela atuação.
por quem os sinos dobram
Enquanto isso, o personagem testemunha a selvageria, a violência e as mortes dos dois lados do conflito, seja por seus próprios olhos ou pelos relatos das pessoas que ele conhece, como a cigana Pilar, uma espécie de líder do grupo rebelde. Há momentos de extrema violência, com destaque para a execução de soldados fascistas pelas tropas revolucionárias.
Como em outras obras de Hemingway, o personagem principal é uma espécie de alter-ego do escritor, que também participou da Guerra Civil Espanhola, além de ter servido como motorista de ambulância durante a Primeira Guerra Mundial. Uma grande parte da beleza da obra de Hemingway está na mistura de elementos reais com ficcionais, além, claro, na forma usada para narrar os acontecimentos.
Aos 61 anos e numa manhã de julho, Ernest Hemingway acordou cedo, pegou uma arma que ele usava para caçar pombos, colocou na própria boca e atirou. Aos policiais, sua esposa, Mary, que estava dormindo na hora que ouviu o disparo, disse que a morte teria sido acidental – ela acreditava que Hemingway teria dado um tiro sem querer, enquanto limpava a arma. Só meses depois ela conseguiu aceitar que o marido tinha se suicidado.
Em Por Quem os Sinos Dobram, Robert Jordan se desfaz de uma arma que tinha sido de seu avô, que lutara na Guerra Civil Americana, e com a qual seu pai havia se matado. História parecida com a do autor, que recebeu pelo correio, enviada pela mãe, a arma com que seu pai tinha se matado e que antes pertencera a seu avô, que também lutou numa guerra.
Hemingway sempre escreveu sobre a morte e sobre a vida, mas é em Por Quem os Sinos Dobram que aprendemos que cada perda, mesmo que distante, é uma pequena morte para cada um de nós.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

Antonio Vivaldi - La Stravaganza Op.4

As Pombas


  
As Pombas


Raimundo Correia
 


Vai-se a primeira pomba despertada...
Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
De pombas, vão-se dos pombais, apenas
Raia, sanguínea e fresca, a madrugada...

E, à tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais, de novo, elas serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada...

Também dos corações, onde abotoam,
Os sonhos, um por um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais:

No azul da adolescência as asas soltam,
Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles ao coração não voltam mais.

(Maranhão - 1860-1911)

Joseph Haydn / Symphony No. 45 in F-sharp minor "Farewell" (Mackerras)

(FULL) Beethoven Symphony No.6 "Pastorale" And Egmont Overture Op.68 - L...

terça-feira, 24 de dezembro de 2019

Santo Antônio de Jesus - Triste Bahia..




evangelista da silva






Que em mim mais doi...


É retornar aquelas plagas onde nasci


E ter que olhar para todos os lados


E não reconhecer ninguém...





Hoje sinto em mim um vazio...


Perdi pai, mãe, avós...


E poucos e raros amigos...


Só me falta deixar esta porra desta vida.





Para que, em definitivo esqueçam que existi...


Assim só me resta à morte e ser esquecido


Cônscio de que nada fiz para "Deus"...


Nada construí para à vida...







Bahia, 17 de junho de 2014.

A Lista - Osvaldo Montenegro




É Natal






                                                                   
 evangelista da silva

Afora a canalhice por negociarem Cristo Jesus...
Mesmo assim, ainda assim, é Natal...

É Natal na Fé e Esperança.
É Natal em toda a desgraça que nos cerca!...

Mas se de uma coisa pudesse eu,
Oh Deus!...

Quem me dera escolher e ter de volta
Poucos amigos que aqui não mais são vistos...

Visto que antes de mim foram tragados pela morte.
Como tanto confundem nesta vida Amor e Amizade,

Fico na imensa saudade de alguns poucos lembrar...
O Zé Rubens, O Elion Jorge, O meu Irmão, - Bebel...

Mas como nesta vida tudo passa...
Até a dor, o amargor, a alegria, a desgraça e cachaça...

Entorpeço-me nestas tardes de dezembro,
Onde o vento da saudade sopra em meu peito,

Com a marca e registro de uma certa tristeza
Ao ver desmaiar o sol enquanto surge o luar...

É Nata!...
Apesar de tanta desgraça neste planeta lindo em cores...

É Natal!...
É Natal nesta tribo primata recheada de crimes e horrores!...



O Ciclo



(evangelista da silva)


A vida nunca volta.
Avança!
Passa
A todo o vapor!...

E a todo o momento
Se nos esquecemos de que ficamos para trás.

Assim, só se nos resta doces e amargas recordações...
E estamos sempre a lembrar
Sem querer...

É mais um Natal em mim...
Neste ciclo entre 12 meses de uma existência,
Tudo muda:

Amigos, poucos que eram, se foram para sempre...
Sem ao menos se despedir em um abraço talvez!...
O carinho de um Amor se perdera ao longo do infinito...

Assim vários foram os adeuses!...

A poesia não é pessimista!...
Por certo o realismo transcende o subjetivismo de alguns...
Emaranhado nos corações românticos é mais um Natal de plena Desgraça...

Aqui se escarra na face do irmão e arrancam-lhe o pescoço...
Aqui pede-se documento para logo após desferirem alguns tiros;
E nem por isso o assassino disfarça-se de Papai Noel a enganar Crianças...

É festa: dançam, embriagam-se, comem exageradamente e vomitam...
Gargalham e escarnecem dos outros às suas atrocidades...

Eu, que não bebo, que não danço, que não sei rir...
Observo este teatro cínico e criminoso!...

Até quando?... Até enquanto eu puder ver e sentir mais um Natal...

Ainda assim é Natal!...
É Natal para sorrir e chorar...

É Natal para refletir a que ponto se pode reconhecer o monstro
Que fere e mata e se diz ser humano.

Mas é Natal!...
Glória Jesus nosso verdadeiro e sublime
Irmão.

É Natal!...

Bahia, 21 de dezembro de 2013

quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

Versos Íntimos

Versos Íntimos



Augusto dos Anjos


Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de sua última quimera.
Somente a Ingratidão – esta pantera –
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!