quarta-feira, 21 de junho de 2017

Reflexões sobre a Colonialidade Epistêmica e o Sexismo Acadêmico Presentes nas Universidades Brasileiras nos Cursos de Direito

Reflexões sobre a Colonialidade Epistêmica e o Sexismo Acadêmico Presentes nas Universidades Brasileiras nos Cursos de Direito

– Por Maria Lúcia Barbosa

Por Maria Lúcia Barbosa – 20/06/2017
Universidades são centros de produção e reprodução de saberes científicos, espaços destinados à critica e autocrítica constantes. Surgem com a missão de promover o desenvolvimento das pessoas e construir conhecimentos e competências que contribuam para a sociedade, por meio do tripé do ensino, da pesquisa e da extensão universitárias.
No Brasil, as universidades surgem para garantir a formação dos filhos da elite colonial, que antes deveriam se deslocar para a Europa. Em geral, migravam para Coimbra para cursar direito. O ensino jurídico possuía um caráter aristocrático, masculino, branco e comprometido com a colonialidade.
Em 1808, com fuga da família real portuguesa para o Brasil, foram criadas escolas médicas na Bahia e no Rio de Janeiro. Todavia, a universidade brasileira não nasce com a perspectiva de descolonizar o conhecimento através da construção um pensamento científico nacional voltado para a resolução dos nossos problemas. Pelo contrário, tinha o objetivo de formar a elite branca e masculina para perpetuar-se ocupando os espaços de poder políticos e econômicos. A universidade representava uma estrutura pensada para a manutenção do status quo.
A constituição das universidades se deu em um contexto de comprometimento com a colonialidade. A colonialidade do saber “[…] no sólo estableció el eurocentrismo como perspectiva única de conocimiento, sino que al mismo tiempo descartó por completo la producción intelectual indígena y afro como ‘conocimiento’ y, consecuentemente, su capacidad intelectual.” (WALSH, 2007).
A invasão europeia no continente Americano, pelo fenômeno que tradicionalmente se denominou “colonização”, representou a exclusão social de sujeitos históricos ainda hoje oprimidos como: mulheres, negros e indígenas. Esses mesmos sujeitos até hoje são minorias no corpo docente e na administração universitária das instituições destinadas à produção de saberes científicos, já que as universidades continuam reproduzindo essa lógica colonial no meio acadêmico e universitário.
Os “descartes” dos conhecimentos indígenas, afrodescendentes e femininos representam as dimensões da colonialidade do poder, do saber, de gênero que se relacionam e correspondem às discriminações transversais. Os conhecimentos/saberes negligenciados são correspondentes aos sujeitos marginalizados e invisibilizados pelos elementos de suas culturas, gênero e da sua cosmologia e relação com o meio.
As universidades se constituíram no espaço de poder colonial e os conhecimentos por elas produzidos constituem justificação das supostas superioridade e racionalidade eurocêntricas. Deste ponto de vista, o direito e as demais ciências sociais não efetuaram uma ruptura epistemológica com o pensamento colonial. “A colonialidade do poder e a colonialidade do saber se localizadas numa mesma matriz genética” (CASTRO-GÓMEZ; 2005).
As faculdades de direito igualmente reproduzem uma perspectiva colonial de formação jurídica e mantêm os padrões de privilégios nos espaços acadêmicos o que se revela na composição do seu corpo docente de maioria branca e masculina; na forma de produção do conhecimento, reproduzindo sempre os mesmos marcos eurocêntricos, sem a preocupação de introduzir autores e autoras que reflitam a nossa realidade étnica, social e de gênero; nas bancas de mestrado e doutorado, que igualmente estão repletas de homens brancos, e nos eventos acadêmicos de direito. O curso do direito ainda é conservador, elitista e formado, primordialmente, por homens bancos. Mesmo dentro da teoria crítica e nas instituições mais progressistas há uma reprodução dessas estruturas de que somente há um locus de quem pode falar (e ser ouvido) e pessoas que devem ouvir. A colonialidade do poder e do saber determinam os sujeitos que devem “ensinar” e quem deve e o que devem aprender
Na América do Sul e no Caribe, sabemos, os privilégios do homem branco são fundamentados na história e nas memórias de pessoas de ascendência européia que levaram com eles o peso de certas formas de gestão política, econômica e de educação. Esse privilégio, se não estiver acabado, está sendo revelado. O caminho para o futuro é e continuará a ser, a linha epistêmica, ou seja, a oferta do pensamento descolonial como a opção dada pelas comunidades que foram privadas de suas “almas” e que revelam ao seu modo de pensar e de saber. (MIGNOLO; 2008)
O ambiente acadêmico das faculdades de direito, em geral, é muito hostil às mulheres, negros e indígenas que ainda hoje são injustamente excluídas dos espaços de gestão e administração universitárias. Esse deficit de representatividade feminina, negra e indígena demonstra o caráter transversal da discriminação no espaço acadêmico.
Em 1940, segundo dados do IBGE, apenas 34% das mulheres do Brasil sabiam ler e escrever. Alfabetizar-se e ingressar na universidade era tarefa para poucas mulheres brancas. A advogada Esther de Figueiredo Ferraz foi a primeira professora da Universidade de São Paulo, ocupando o cargo na década de 1950. Na faculdade de Direito do Recife, Maria Bernadete Neves Pedrosa foi a primeira mulher a ser admitida em 1965, embora o curso de direito já existisse desde 11 de agosto de 1827.
Nas universidades federais, o processo de inclusão de mulheres no quadro de docência e a administração são lentos. A universidade Federal do Maranhão (UFMA), criada em 1966, teve sua primeira mulher reitora apenas em 2015, com a posse da enfermeira Nair Portela Silva Coutinho. Nilma Lino, foi a primeira reitora mulher negra da Universidade de Integração Internacional da Lusofonia Afro-brasileira (Unilab), no Ceará, apenas em 2013. A Universidade Federal de Pernambuco nos seus 70 anos não teve nenhuma mulher no cargo de reitora e a Faculdade de Direito do Recife teve uma diretora apenas na sua história de 190 anos, a professora Luciana Grassano, em 2005.
Reitores de universidades, chefes de departamentos e coordenadores de linhas de pesquisa ainda são, em sua maioria, homens. Alguns dados são sintomáticos em termos de divisão de papéis nos espaços universitários e acadêmicos. As mulheres correspondem a aproximadamente 60% dos estudantes universitários brasileiros[1], entre os mestres, são 53,57%; entre os doutores, são 51,25%, de acordo com dados obtidos no período de 1996 a 2014[2]. O censo de 2010 demonstra que foram cadastrados na base de dados do CNPQ cerca de 128,6 mil pesquisadores, dos quais a metade são mulheres[3]. Já as pesquisadoras 1A do CNPq são cerca de 23%.
O Conselho deliberativo do CNPQ, cujas competências são: formular propostas para o desenvolvimento científico e tecnológico do País; apreciar a programação orçamentária e definir critérios orientadores das ações da entidade; aprovar as normas de funcionamento dos colegiados, a composição dos comitês de assessoramento e o relatório anual de atividades, tem como membros natos quatro homens e uma mulher. Dos treze membros designados apenas três são mulheres[4]. Algo revelador sobre os espaços que a mulher ocupa na administração do ensino superior.
Algo que deve nos inquietar é o fato de as mulheres brancas dominarem os espaços da educação infantil[5], são 97% da força de trabalho na educação infantil e 81,5% no magistério da Educação Básica, e serem minoria docente no ambiente das pós-graduações em direito, da administração universitária e do ensino jurídico superior. É importante registrar ainda a discriminação transversal que cria obstáculos ao acesso de negras e indígenas ao magistério infantil. Qual a dinâmica que impede as mulheres de ascender na vida acadêmica? Falta de ambição ou expectativas? Divisão social do trabalho? Filhos? ou a concentração dos espaços de poder na mão dos homens brancos de maneira naturalizada?.
Isso evidencia que ainda não superamos a colonialidade pautada no padrão de ocupação dos espaços de poder pelo homem branco, sem que haja igualdade de oportunidades no exercício de funções entre homens e mulheres sejam elas negras, brancas ou indígenas. Se as mulheres são a maioria no ensino infantil, porque não ocupam os cargos de professoras universitárias? Seriam elas menos capazes que os homens de passar em concursos de magistério superior? E por que elas passam predominantemente nos concursos de magistério infantil? Porque o magistério infantil cabe à mulher que tem o “natural” instinto materno, mas “fazer ciência” parece não ser o espaço que deva ser ocupado pelas mulheres, nem pelos negros (as), nem pelos (as) indígenas.
O processo de feminização do magistério infantil no Brasil é apontado a partir do fenômeno de desvalorização da carreira docente, de modo que tal compreensão demonstra uma constante desvalorização e desmotivação com a carreira. Outro dado relevante é que o magistério infantil é pior remunerado que o magistério superior, de modo que podemos afirmar que cabe às mulheres as piores remunerações do magistério.
É isso que os estudiosos de gênero chamam de “teto de vidro”, que corresponde a um bloqueio invisível que as mulheres não conseguem quebrar para chegar ao topo das carreiras laborais. As mulheres que estão na base do magistério desaparecem ao longo da carreira e somem quase que completamente dos cargos que definem políticas públicas para o magistério e a ciência, já que não ocupam cargos de ministras da educação ou da ciência e tecnologia. Esse não é um fenômeno natural, embora seja naturalizado.
A literatura utilizada nos cursos de direito é igualmente masculina, branca e eurocêntrica. Autores como Kelsen, Luhmman, Habermas, Marx, Burdeau, Foucalt, Schmitt, Bobbio, dentre tantos outros são de leitura obrigatória e quase não se vê indicações de leituras femininas. Autoras como: Rosa de Luxemburdo, Hannah Arendt, Simone de Beauvoir, Angela Davis, Catherine Wash, Lélia Gonzalez, Rita Segato, Sueli Carneiro, dentre tantas outras são pouco referenciadas. Os filósofos do direito, os civilistas e os constitucionalistas brasileiros são em sua maioria homens e a bibliografia utilizada nas faculdades de direito é majoritariamente masculina. Às mulheres cabem escrever sobre temas mais sensíveis como direitos humanos e criminologia.
Não raro, os exemplos dados em sala de aula nas disciplinas do curso de direito são discriminatórias e colocam mulheres, negros e indígenas em condição de inferioridade. Tive um professor na Faculdade de Direito do Recife que dizia que “mulheres são seres de cabelos longos e ideias curtas”. Temas como racismo e genocídio indígena são negligenciados. Alguns professores não têm o menor constrangimento de se posicionarem contrários à politica de cotas por motivações preconceituosas, constrangendo alunos beneficiados por essa ação afirmativa.
Nos eventos acadêmicos de direito, nos congressos, nas bancas de mestrado e doutorado, os homens brancos também são maioria, basta um simples olhar às convocatórias de todos esses eventos. A Academia Brasileira de Direito Constitucional[6] chegou a promover o XII Simpósio Nacional de Direito Constitucional e anunciou a sua programação, de três longos dias, sem a participação de mulheres, nem negros, nem indígenas. As mulheres (brancas) são minoria em todos os espaços deliberativos da instituição, tanto dentre os membros fundadores, como honorários ou catedráticos.
Isso não significa que não existam outros indivíduos além do homem branco produzindo e publicando no direito, significa que esses sujeitos têm menos visibilidade e são menos convidados a participarem de eventos acadêmicos.
Se os homens brancos representam a maioria nas universidades e ocupam cargos de direção, administração e chefias de departamentos igualmente compõem as bancas de concursos e seleções para ingresso nas universidades públicas e privadas e, em geral, tendem, mesmo que inconscientemente, selecionar os sujeitos com os quais se identificam, de modo que o privilégio masculino branco também se estende aos concursos e provas de ingresso no magistério superior. É urgente discutir o privilégio masculino branco porque ele é a barreira invisível, o “teto de vidro”, sem nenhuma forma de controle, com o qual as mulheres, negros e indígenas se deparam sempre que buscam trabalho nas instituições de ensino públicas e privadas. Por tal razão é sintomático que hajam menos mulheres, negros e indígenas ocupando esses cargos e empregos.
A contradição reside no fato de que não dá para democratizar o ensino superior e enfrentar o problema da exclusão e da colonialidade do saber apenas na teoria. A construção de espaços democráticos depende sobretudo da existência de diferentes saberes, diferentes olhares e, sobretudo, diferentes visões da realidade. A exclusão de mulheres, negros e indígenas sendo uma realidade constante no ambiente universitário e acadêmico no curso de direito inviabiliza a superação de desigualdades históricas e perpetua a colonialidade do poder e o sexismo acadêmico.
O obstáculo ainda pouco enfrentado de acesso das mulheres, negros e indígenas ao ambiente acadêmico e à administração universitária necessita ser tratado do ponto de vista da diagnose do problema e do enfrentamento sério dos obstáculos que impedem esses sujeitos de fazerem parte da construção dos debates e do conhecimento acadêmico. O que se esconde por trás desse fenômeno é uma relação de dominação, na qual os homens brancos continuam monopolizando os espaços de poder e impondo suas visões de mundo, suas temáticas de estudo e seus mesmos referenciais acadêmicos que são um espelho de si mesmos.
De esto se deriva, por ejemplo, el hecho de que los primeros, que piensan desde universidades, son productores o atravesadores-distribuidores de los modelos teóricos que adoptamos y constructores-dueños del gran compendio de conocimiento sobre el mundo. Debido a que la imaginación interviene inevitablemente en los procesos del pensar, y porque las ideas son, efectivamente, «percibidas», el sujeto del saber, del conocimiento, de la autoridad científica, no deja de presentarse incorporado, y lo hace con una figura plasmada por la estructura de la subjetividad colonizada: la del hombre blanco, europeoen aspecto. Esta imagen insospechadamente racializada, por ser la de un sujeto blanco, del sujetodestinado a «saber», tiene un carácter muy próximoa la creencia, y toda creencia lo es por su capacidadde validar comportamientos sin pasar por verificación. (SEGATO; 2012)
Os desafios, dentre tantos, são de tornar as faculdades de direito mais plurais em sua composição e de estimular o pensamento crítico dos estudantes a partir da compreensão do direito como instrumento de poder que encobre parcela significativa dos nossos saberes e vivências e diferenças. Dialogar com a sociologia, com a antropologia, com a história são fundamentais para a construção do pensamento crítico sobre o direito e sobre a própria estrutura de manutenção de poder que é a universidade.
E é mais do que urgente que dentro dessas esferas de poder (que é o conhecimento e os meios para difusão dele) seja reconhecido que as escolhas não são apenas com base no mérito. Muitas pessoas estão em determinados eventos pelo simples fato de serem homens, de terem sobrenomes importantes, de serem amigos de outros homens, de serem brancos, de serem heterossexuais (ou pelo menos aparentar), e de serem cisgênero.
As universidades são espaços de poder, pois são centros de onde partem decisões importantes sobre agenda política e sobre políticas públicas. Das faculdades de direito saem boa parte dos parlamentares que compõem hoje o Congresso Nacional[7] e o próprio presidente ilegítimo, que articulou o golpe midiático/político/jurídico de 2016, é doutor em direito e autor de livro de direito constitucional[8]. Eis mais uma das grandes contradições que afetam a vida político/jurídica do Brasil hoje. Descolonizar a universidade representa democratizar os espaços de decisões políticas importantes no âmbito nacional.
La propia universidad es ese corredor y, si la democratizamos, democratizamos el camino hacia los espacios de la república en que son tomadas todas las decisiones importantes relativas a la vida nacional, interviniendo también en el propio ámbito de la reproducción de las elites. (SEGATO; 2012)
A colonialidade do saber e o sexismo epistêmico evidenciam os espaços e os sujeitos que monopolizam a produção do conhecimento. A continuidade de padrões patriarcais, nos quais os homens ainda ocupam posições de mando e de superioridade intelectual, determinam os titulares do saber supremo de pensar. No Brasil há uma reprodução dessa estrutura, tanto nessa perspectiva externa de reprodução de referências e marcos teóricos, como numa perspectiva interna em que o mais próximo desses marcos são os que monopolizam a produção do conhecimento.
A superação da colonialidade passa pela paridade de gênero e pela ocupação dos espaços de fala por sujeitos negros e indígenas historicamente excluídos da universidade, sejam como discentes e ainda mais como docentes. É necessário mantermos esse debate e essa pauta sempre como prioridade. Por isso, sinto-me feliz de fazer parte desse grupo com paridade de gênero e com a preocupação de desconstruir a colonialidade do poder e do saber. Sou grata axs companheirxs da coluna Empório Descolonial que também são companheirxs de luta por uma universidade mais democrática e plural!

Notas e Referências:
[1] http://portal.mec.gov.br/ultimas-noticias/212-educacao-superior-1690610854/21140-maioria-e-feminina-em-ingresso-e-conclusao-nas-universidades
[2] https://www.cgee.org.br/web/rhcti/mestres-e-doutores-2015
[3] http://cnpq.br/web/guest/noticiasviews/-/journal_content/56_INSTANCE_a6MO/10157/905313
[4] http://www.cnpq.br/web/guest/conselho-deliberativo/
[5] http://www.andes.org.br/andes/print-ultimas-noticias.andes?id=4475
[6] http://abdconst.com.br/novo/
[8] http://www2.planalto.gov.br/acompanhe-planalto
CASTRO-GÓMEZ, Santiago. Ciências sociais, violência epistêmica e o problema da “invenção do outro”. En libro: A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas. Edgardo Lander (org). Colección Sur Sur, CLACSO, Ciudad Autónoma de Buenos Aires, Argentina. setembro 2005. pp.169-186.
MIGNOLO, Walter D.; Traduzido por: Norte, Ângela Lopes Desobediência epistêmica: a opção descolonial e o significado de identidade em política in Cadernos de Letras da UFF – Dossiê: Literatura, língua e identidade, nº 34, p. 287-324, 2008
SEGATO, Rita Laura. Brechas descoloniales para una universidad nuestroamericana in Revista Casa de las Américas No. 266 enero-marzo/2012 pp. 43-60.
WALSH, Catherine. ¿Son posibles unas ciencias sociales/ culturales otras? Reflexiones en torno a las epistemologías decoloniales Nómadas (Col), núm. 26, 2007, pp. 102-113 Universidad Central Bogotá, Colombia

maria-lucia-barbosa.
Maria Lúcia Barbosa é Mestre e Doutora em Direito pela UFPE com Período Sanduíche pela Universidade de Valencia na Espanha. É professora da Faculdade de Direito do Recife/UFPE e da Faculdade Boa Viagem – Devry.
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Imagem Ilustrativa do Post: DIA 3 • Conferência: Meios de comunicação, regulação e democracia • 28/05/2017 // Foto de: FNDC Democratização da Comunicação // Sem alterações

O texto é de responsabilidade exclusiva do autor, não representando, necessariamente, a opinião ou posicionamento do Empório do Direito.




Viva o Povo Brasileiro

    Cruz Caída
    Erguida em homenagem à antiga Igreja da Sé
  • Monumento da Cruz Caída
Eleições Municipais e A Bandalheira Política Por que Vive o Povo Brasileiro
Eleições Municipais e A Bandalheira Política Por que Vive o Povo Brasileiro

Viva o Povo Brasileiro

(João Ubaldo Ribeiro)


Quem é, afinal, o povo brasileiro. Um povo que sofre, sorri, e chora o seu desalento asfixiado em um mar de crimes, infâmias, covardias e impunidades. Um povo que vive em uma sociedade doente comandada por intelectuais moralmente insanos. Normopatas políticos.
Desta forma, a nação brasileira vive em frenesi. Em estado agônico. Desesperada e em pânico, banha-se em sangue. Sangue derramado por seus entes queridos em vias públicas de uma sociedade desumanizada.
Diante o esgarçamento do tecido social tem sido para os jovens e idosos, enfim toda a nação brasileira a pior das senzalas desde o período colonial. A tortura físico-psicológica do cidadão. Da juventude à morte.
Vive-se em estado alucinatório. Um verdadeiro inferno sob o comando do Crime Político Organizado. Um crime comandado pelos políticos lesa-pátria.  Filhos e filhas do trem das trevas.
A política do roubo ao erário tem criado um retrocesso social sem precedentes. E a juventude afoga-se na drogadição.
O palco das atenções é o Congresso Nacional, - Célula Máter que se encontra em estádio metastático comprometendo todo o organismo social.
A sociedade encontra-se enferma. O desgoverno causa um impacto estrondoso. E a hecatombe ressoa além mares.
O mundo se volta a sua atenção para uma guerra insana e silenciosa. É guerra no Brasil das olimpíadas. Um Rio de sangue corre pelas ruas das nossas cidades.
O assalto ao patrimônio público é desenfreado. E os políticos cínicos e mascarados descem a ladeira à caça de votos.
Àqueles que deveriam dar exemplo de honra, moral e cidadania, visto que alisaram da ciência os bancos, são antipatriotas. Afanam o erário e retiram de um povo a esperança de ser feliz.
Furta-lhe à condição de ser humano desumanizando-o com estado de pobreza e humilhação.
Diante a tantas mazelas, tanta frouxidão para o cumprimento de medidas drásticas para punir o ‘ladrão social’, que rouba 1 bilhão e devolve 1 milhão de reais, assim a bandidagem do poder gargalha pelos hotéis e prisões domiciliares. Enquanto isso o barco descamba Rio abaixo à deriva.
Desta forma, o povo brasileiro, em seu momento de maior tristeza e solidão vai-se afogando nas urnas da ilusão. É hora de dizer não. É hora de fazer greve ao voto. A única maneira de dizer basta. Afinal, não indo às urnas nas próximas eleições custará a cada eleitor pagar unicamente R$ 3,00(Três Reais). Tão somente três reais, e quatro anos de humilhação para aqueles que pensam que o eleitor é bicho.
Trata o povo como se animal fosse. Dizem que o povo vive em currais. Mas quem precisa de concelho são eles. Eles que impunes pactuam uma Organização Criminosa que dilapida o erário brasileiro levando o povo ao estado de miséria e sangria.
Na verdade que falta a esses bandidos é um Direito Penal Econômico que  existisse para punir severamente esta modalidade de crimes. Punir severamente esses bandidos. Bandidos que praticam crimes de vitimização difusa ou crimes vagos. É deveras importante aqui tornar claro as cifras douradas da criminalidade, que na denominação de Versele, representam a criminalidade do “colarinho branco”, definidas como práticas antissociais impunes praticadas por aqueles que detêm o poder político e econômico (a nível nacional e internacional), em prejuízo da coletividade e dos cidadãos e em proveito das suas oligarquias econômico financeiras. Viana, Eduardo in Criminologia; Salvador: JusPODIVM 2014, p. 71.
Assim os lesa-pátria vivem impunes do Caburaí ao Chuí. Para punir tais crimes praticados por bandidos dessa estirpe, Boêmios da Criminalidade Política Brasileira, terroristas do erário, é necessário o emprego do Direito Penal do Inimigo. Para o Jurisconsulto alemão GÜNTHER JAKOBS, o representante do Estado que pratica crimes contra o Estado não deve ser tratado como cidadão. Deve ser combatido como inimigo do Estado. Isto para garantir ao cidadão o direito à segurança.
Pode-se ir um pouco mais além. Considerar-se  criminoso de guerra os políticos, e os que a ele se aliam na prática delituosa na dilapidação do erário. Enfim, do patrimônio público.
Enquanto o povo não forçar. Obrigar o Congresso Nacional a criar O Direito Penal do Inimigo contra o político lesa-pátria, negando o seu voto a todo e qualquer político, a nossa Pátria Amada Idolatrada Brasil será eternamente estuprada por esses bandidos, também, assassinos da saúde do País, Pátria e Nação.


Raimundo José (Evangelista da Silva) é cidadão brasileiro, nascido em Santo Antônio de Jesus/Bahia.
 28/07/2016, às 4h 38min

Eu  Amo!...

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Eu  Amo!...

Eu amo a vida!
Eu amo o ente encantado!...
Espiritualizado de amor!...
Amo insistidamente
O Universo, o mar, as estrelas.
E o sol quando nasce e dorme...

Eu Amo!...

Eu amo a lua ao despontar  no infinito!...
Amo o desconhecido
E tudo que eu não posso ver!...

Eu Amo!...

A força do amor está em mim.
Posso ver o belo:
As flores, os amores, as crianças,
A vida!...

Eu Amo!...

A imortalidade, a criação, tudo!
E assim vou amando vivendo.
Eu amo a poesia, todas as Marias,
As manhãs, e noites, e tardes chuvosas...
As noites enluaradas e o sol a pino.

Eu Amo!...

As manhãs, tardes e noites de Amar...
A arte de sonhar está em mim.
Sonho e realizo.
Amo da música a sinfonia!...
A alegria, o sentimento de ver à vida com o coração.

Eu Amo!...

A vida é bela!...
Sou feliz, - existo!...
Existo e sou feliz.
Eu tenho um lindo irmão - Jesus!...
Aquele que é Amor, Paz e Justiça...

Eu Amo!...

O cantar dos pássaros, o marulhar das ondas,
A linda emoção enamorado
Com uma frequência poderosa de existir.

Eu Amo!...

Amo fortemente os desejos imaginados.
Apoio-me no amor e confesso:
Jamais amei tanto quanto agora!
Descobri em mim uma explosão de amor adormecido.

Eu Amo!...

Em mim, um amor que sempre tive
Chegou-me de volta com uma força explosiva
E explodem amor e vida!...

Eu Amo!...

E neste instante eu sou o Universo a sorrir!...
Todo este encantamento irradia o meu ser...
Assim, de agora em diante sinto que a vida
É felicidade infinita...
E o Universo é uma sinfonia!
Uma graça de mulher
A cantar!...



Santo Antônio de Jesus, 21 de junho de 2017.
Às 14h 16min.

Física Quântica e Espiritualidade - Laércio B. Fonsêca


Carl Edward Sagan


OUÇA A REPORTAGEM
 (Foto: Kalina Wilson/flickr/creative commons)
Carl Sagan foi um cientista que, definitivamente, não teve medo de especular. É claro que ele sabia muito bem separar o que era ciência do que era especulação. Mas o jeito irresistível através do qual relacionava conceitos científicos com conteúdos imaginativos pertinentes tornava seu pensamento único e fascinante para o público leigo. Não é à toa que ele é considerado um dos maiores divulgadores de ciência de todos os tempos. Além de inspirar toda uma geração de novos cientistas (em grande medida com a série Cosmos), Sagan também adotava um tom poético e filosófico nos assuntos que discutia, tornando suas reflexões ao mesmo tempo belas e dotadas de elementos capazes de despertar uma consciência humanista nas pessoas.
Se fôssemos apresentar todas as frases de impacto do astrônomo que têm o potencial de tornar uma pessoa melhor, provavelmente teríamos de escrever um livro. Mesmo assim, resolvemos escolher algumas citações e pensamentos de Carl Sagan que sintetizam certos aspectos centrais da visão que ele tinha das coisas. Se “somos todos poeira de estrelas” é a única referência que você tem sobre as ideias de Sagan, então os tópicos abaixo podem lhe ajudar a se aprofundar um pouco mais no jeito tão especial que ele tinha de encarar o cosmos – e nós mesmos. Confira:
dente de leão: a nave da imaginação de 'Cosmos' (Foto: Reprodução)
A ciência é muito mais do que um corpo de conhecimentos. É uma maneira de pensar. A afirmação é fundamental para entender a forma como o cientista enxergava o próprio ofício. Completamente apaixonado pelo que fazia, para ele ciências como a física ou a astronomia não se limitavam a um punhado de fórmulas frias e conceitos abstratos. Muito pelo contrário, eram ferramentas poderosas e fascinantes que nos permitiam sondar o desconhecido, além de expandir nosso entendimento sobre a realidade da maneira mais confiável possível.
Toda criança começa como uma cientista nata, e então nós arrancamos isso delas. Entre as características que ele valorizava em um cientista e em qualquer outra pessoa estão a curiosidade e a imaginação, traços típicos das crianças. Para o astrônomo, pensar cientificamente era algo como interrogar de forma metódica diversos aspectos da natureza, o que não deixa de ser uma forma de curiosidade aplicada. A respeito da imaginação, ele acreditava ser um dos motores fundamentais do conhecimento humano.
Um livro é a prova de que os humanos são capazes de fazer mágica. Além da forte inclinação por especular, Sagan também era um intelectual com enorme capacidade de relacionar diferentes áreas do conhecimento – e fazia isso excepcionalmente bem. Para conseguir esta naturalidade em transitar por diversos repertórios, é preciso muita leitura e erudição multidisciplinar. Cosmos, por exemplo, é repleto de narrativas sobre a história da ciência, e em vários momentos o astrônomo declara sua admiração pelos livros.
Nós somos uma maneira de o cosmos se autoconhecer. Se somos feitos de poeira de estrelas sistematicamente organizada para formar seres dotados de consciência, então podemos dizer que somos o universo pensando sobre si próprio. A abordagem se insere na convicção de que nós, humanos, não somos tão diferentes assim da realidade física que nos cerca, e de que interagimos com ela constantemente – de formas que estamos apenas começando a entender. Em outras palavras, você e o cosmos estão intimamente conectados. O astrônomo costumava citar mitos de nossos antepassados que nos concebiam como filhos tanto do céu quanto da terra.
Nossa obrigação de sobreviver e prosperar é devida não apenas a nós mesmos, mas também ao cosmos, antigo e vasto, do qual surgimos. Sagan possuía um profundo senso de reverência com relação à vida e ao ser humano. Ele acreditava que estar vivo e ter uma consciência era não apenas um privilégio, mas também uma grande responsabilidade. Como salientou em diversos momentos, nossa espécie atingiu um ponto crítico de sua história, no qual tem o próprio destino nas mãos. Todo o conhecimento e bagagem evolutiva que acumulamos nestes poucos milênios podem ser usados de forma a engrandecer nossa civilização – ou então destruí-la por completo, se insistirmos nos erros do passado.
Discursos apaixonados de grandes cientistas dão vida e beleza a conceitos abstratos da ciência (Foto: Sérgio Bernardino/flickr/creative commons)
Cada um de nós é, sob uma perspectiva cósmica, precioso. Se um humano discorda de você, deixe-o viver. Em cem bilhões de galáxias, você não vai achar outro. A reflexão segue a mesma linha do raciocínio apresentado acima – a vida inteligente é rara. Nosso conhecimento sobre o Universo ainda é limitado, é verdade, mas pelo pouco que exploramos já conseguimos chegar a esta conclusão. Sob esta perspectiva, a vida na Terra, principalmente a humanidade, ganha um status quase que sagrado, pois é fruto de um processo contínuo de evolução que se arrasta há 4,5 bilhões de anos. Todos carregam esta bagagem compartilhada dentro de si. Quando enxergamos a vida desta forma, o ato de matar qualquer ser vivo ganha novas e gigantescas proporções.
Diante da vastidão do espaço e da imensidão do tempo, é uma alegria dividir um planeta e uma época com Annie. A frase é adereçada a Ann Druyan, esposa do astrônomo, mas poderia muito bem se aplicar a qualquer outra pessoa. A constatação é de um poder imenso. Apenas pense em como é improvável, nos termos de uma perspectiva cósmica, você e outro amontoado de átomos que formam um ser consciente terem a chance de interagir um com o outro, em um minúsculo planeta chamado Terra e em um período de tempo específico. Reflita: são mais de 100 bilhões de galáxias em nosso Universo, que existe há pelo menos 13,8 bilhões de anos.
Nós somos, cada um de nós, um pequeno universo. Um assunto abordado com frequência por Carl Sagan era a dimensão das coisas muito pequenas, como aquelas que compõem nossos corpos. Ele frequentemente colocava o minúsculo em escala com o gigantesco, equiparando, por exemplo, a quantidade de átomos em uma molécula de DNA com a de estrelas em uma galáxia típica. É uma forma elegante de demonstrar como somos muito pequenos e muito grandes ao mesmo tempo. Em uma outra comparação do gênero, dizia que existem mais estrelas no Universo do que grãos de areia em todas as praias da Terra.
O Universo não parece nem benigno nem hostil, mas meramente indiferente às preocupações de criaturas tão insignificantes como nós. O cientista defendia que era melhor tentar se agarrar à realidade do jeito que ela realmente é do que persistir em ilusões, por mais reconfortantes que elas sejam. No fundo, ele queria dizer que, por menos acolhedor e mais adverso que o cosmos possa nos parecer, a verdade é que ele opera independentemente de nossos desígnios. Seremos nós que sempre vamos precisar nos adaptar ao Universo se quisermos sobreviver nele, e não o contrário. A chave para esta adaptação estaria em tentar constantemente entender a natureza das coisas por meio da ciência.
O que sobrou da supernova SN1006c (Foto: nasa)
O céu nos chama. Se não nos autodestruirmos, um dia vamos nos aventurar pelas estrelas. A exploração espacial era um tópico especialmente caro a Sagan, e ele próprio participou de diversos projetos da NASA, como o da sonda Voyager 1, que deixou recentemente o Sistema Solar. Em sua concepção, os poucos milênios de vida sedentária da humanidade não apagaram nosso instinto por explorar novos lugares e expandir nossos horizontes, traços típicos das sociedades voltadas para a caça e coleta. Ele acreditava que o gosto pela exploração era uma herança evolutiva para aumentar as chances de sobrevivência de nossa espécie, e que portanto, cedo ou tarde, vamos nos espalhar pelo espaço.
Toda civilização sobrevivente é obrigada a se tornar viajante espacial, pela razão mais prática que se pode imaginar: manter-se viva. A ideia da expansão pelo espaço no pensamento do astrônomo não se reduzia a um capricho meio romântico ou então à tendência humana de explorar. Ela tinha mais a ver com uma espécie de instinto de sobrevivência. Não é tão difícil de entender este argumento: se a humanidade inteira está confinada na Terra e algo acontece com o planeta, estamos condenados à extinção. Asteroides são uma grande ameaça, mas nosso próprio sol pode nos engolir daqui a 5 bilhões de anos, quando seu combustível acabar e ele virar uma gigante vermelha.
Uma das grandes revelações da era da exploração espacial é a imagem da Terra, finita e solitária, de alguma forma vulnerável, transportando a espécie humana inteira pelos oceanos do espaço e do tempo. Entre as mensagens inspiradas pela ciência mais belas da história certamente está Pale Blue Dot (pálido ponto azul), de autoria de Carl Sagan. Pouco depois de a sonda Voyager  1 ultrapassar Saturno, foi ele quem deu a ideia de tirar uma foto da Terra, que dali aparecia como um pixel azul suspenso em um raio de sol. Ou então um grão de areia suspenso no céu da manhã, como ele mais tarde interpretou. Entre as muitas formas que podemos enxergar nosso frágil planeta, uma delas é como uma nave, que sempre nos transportou pelo espaço e pelo tempo.

terça-feira, 20 de junho de 2017

O Assassínio do Amor!...


(evangelista da silva)

Um infarto agudo do miocárdio,
Manifestamente provocado
Pelo assassínio do Amor
Mortificado pela mulher...


Poderosa e Santificada
No altar das Deusas
Perpetuada...


Vitimou o poeta!

Assim se vai...
Assim se foi...
A última e derradeira
Ave libertina
Do Adeus!...

Desta forma
Morri...

Morreu!...

20/06/2017,
às 15h 20min.

domingo, 18 de junho de 2017

A Morte Sinfônica!...




(evangelista da silva)

A vontade de chorar...
Não se me permite abrir as comportas
Do Amazonas envenenado a morrer... 
Na dor e amargura da prepotência.

E, na ínfima macheza de ser homem...
Vou-me amargurado e dançante bêbado
Sob a chuva das minhas lágrimas retidas.

Veja que desgraça faz o Amor!...
Se nos mata na agonia e sofrimento
Enquanto matamos em vingança!...

Assim a orquestra sinfônica da vida...
Pela maestrina e amada Mulher regida...
Desafina os músicos e mata a Sinfonia!...