domingo, 25 de junho de 2017
sábado, 24 de junho de 2017
Santo Antônio de Jesus - Bahia

(evangeista da silva)
Que em mim mais doi ......
É retornar aquelas plagas onde nasci
E ter que olhar para todos os lados
E não reconhecer ninguém...
É retornar aquelas plagas onde nasci
E ter que olhar para todos os lados
E não reconhecer ninguém...
Hoje sinto em mim um vazio...
Perdi pai, mãe, avós...
E poucos e raros Amigos...
Só me falta deixar esta porra desta vida.
Perdi pai, mãe, avós...
E poucos e raros Amigos...
Só me falta deixar esta porra desta vida.
Para que, em definitivo, esqueçam que existi...
Assim, só me resta a morte e ser esquecido
Cônscio de que nada fiz para "Deus"...
Nada construí para a vida...
Assim, só me resta a morte e ser esquecido
Cônscio de que nada fiz para "Deus"...
Nada construí para a vida...
Bahia, 17 de junho de 2014
DOENÇAS CARDÍACAS - Fatores de Risco
DOENÇAS CARDÍACAS - Fatores de Risco
O que é?
São condições que predispõem uma pessoa a maior risco de desenvolver doenças do coração e dos vasos.
Existem diversos fatores de risco para doenças cardiovasculares, os quais podem ser divididos em imutáveis e mutáveis.
Fatores imutáveis
São fatores imutáveis aqueles que não podemos mudar e por isso não podemos tratá-los. São eles :
Hereditários:
Os filhos de pessoas com doenças cardiovasculares tem uma maior propensão para desenvolverem doenças desse grupo. Pessoas de pele negra são mais propensos a hipertensão arterial e neles ela costuma ter um curso mais severo.
Idade:
Quatro entre cincos pessoas acometidas de doenças cardiovasculares estão acima dos 65 anos. Entre as mulheres idosas, aquelas que tiverem um ataque cardíaco terão uma chance dupla de morrer em poucas semanas.
Sexo:
Os homens tem maiores chances de ter um ataque cardíaco e os seus ataques ocorrem numa faixa etária menor. Mesmo depois da menopausa, quando a taxa das mulheres aumenta, ela nunca é tão elevada como a dos homens.
Fatores mutáveis
São os fatores sobre os quais podemos influir, mudando, prevenindo ou tratando.
Fumo:
O risco de um ataque cardíaco num fumante é duas vezes maior do que num não fumante. O fumante de cigarros tem uma chance duas a quatro vezes maior de morrer subitamente do que um não fumante. Os fumantes passivos também tem o risco de um ataque cardíaco aumentado.
Colesterol elevado:
Os riscos de doença do coração aumentam na medida que os níveis de colesterol estão mais elevados no sangue. Junto a outros fatores de risco como pressão arterial elevada e fumo esse risco é ainda maior. Esse fator de risco é agravado pela idade, sexo e dieta.
Pressão arterial elevada:
Para manter a pressão elevada, o coração realiza um trabalho maior, com isso vai hipertrofiando o músculo cardíaco, que se dilata e fica mais fraco com o tempo, aumentando os riscos de um ataque. A elevação da pressão também aumenta o risco de um acidente vascular cerebral, de lesão nos rins e de insuficiência cardíaca. O risco de um ataque num hipertenso aumenta várias vezes, junto com o cigarro, o diabete, a obesidade e o colesterol elevado.
Vida sedentária:
A falta de atividade física é outro fator de risco para doença das coronárias. Exercícios físicos regulares, moderados a vigorosos tem um importante papel em evitar doenças cardiovasculares. Mesmo os exercícios moderados, desde que feitos com regularidade são benéficos, contudo os mais intensos são mais indicados. A atividade física também previne a obesidade, a hipertensão, o diabete e abaixa o colesterol.
Obesidade:
O excesso de peso tem uma maior probabilidade de provocar um acidente vascular cerebral ou doença cardíaca, mesmo na ausência de outros fatores de risco. A obesidade exige um maior esforço do coração além de estar relacionada com doença das coronárias, pressão arterial, colesterol elevado e diabete. Diminuir de 5 a 10 quilos no peso já reduz o risco de doença cardiovascular.
Diabete melito:
O diabete é um sério fator de risco para doença cardiovascular. Mesmo se o açúcar no sangue estiver sob controle, o diabete aumenta significativamente o risco de doença cardiovascular e cerebral. Dois terços das pessoas com diabete morrem das complicações cardíacas ou cerebrais provocadas. Na presença do diabete, os outros fatores de risco se tornam mais significativos e ameaçadores.
Anticoncepcionais orais:
Os atuais ACOs têm pequenas doses de hormônios e os riscos de doenças cardiovasculares são praticamente nulos para a maioria das mulheres. Fumantes, hipertensas ou diabéticas não devem usar anticoncepcionais orais por aumentar em muito o risco de doenças cardiovasculares.
Existem outros fatores que são citados como podendo influenciar negativamente os fatores já citados. Por exemplo, estar constantemente sob tensão emocional (estresse) pode fazer com que uma pessoa coma mais, fume mais e tenha a sua pressão elevada. Certos medicamentos podem ter efeitos semelhantes, por exemplo, a cortisona, os antiinflamatórios e os hormônios sexuais masculinos e seus derivados.
Leia Mais: Fatores de Risco Para Doenças Cardíacas | ABC da Saúde http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?196#ixzz30yY4GrBA(c) Copyright 2001-2014 - ABC da Saúde Informações Médicas Ltda
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Mulher
Mulher
(evangelista da silva)
Doce Menina!...
Olhar puro e sereno de criança...
Espírito que aos fariseus encanta,
Amo-te criança, - filha de Deus!...
Uma alma Santa!...
Espírito e carne unem-se.
E unidos se revelam um Templo Sagrado,
O Templo do Espírito Santo de Deus!...
Este rosto sereno em plena harmonia...
Transborda carinho e amor...
E na felicidade da contemplação,
Fazes-me ver e sentir teu doce encanto...
De um lindo canto
Que embevece os dias meus,
Oh Amada filha de Deus!...
Abraces-me!... Sorrias!...
É hora de cantares...
Dançares...
Sorrires e sonhares
Aos braços meus...
Tu és para mim
A sinfonia do amor,
Que denota
Pura Santidade.
Tu és encanto, carícia e sedução...
Não, e tu não te esposes ao fetiche,
A imundície...
Do sexo à maldição.
Tu és do sol o amanhecer...
A brisa que cobre as flores,
Doce olhar de Menina!...
És uma Rosa em botão!...
Logo, estarei caindo em teus braços
Assim como os regatos se lhes entregam
A imensidão dos Oceanos...
Oh doce menina dos olhos meus!...
Jamais entregues o teu lindo corpo
Para servir aos porcos,
Visto seres tu o templo sagrado
Do Espírito Santo de Deus!...
Bahia, 26/12/2013. 1 h 29 min
(evangelista da silva)
Doce Menina!...
Olhar puro e sereno de criança...
Espírito que aos fariseus encanta,
Amo-te criança, - filha de Deus!...
Uma alma Santa!...
Espírito e carne unem-se.
E unidos se revelam um Templo Sagrado,
O Templo do Espírito Santo de Deus!...
Este rosto sereno em plena harmonia...
Transborda carinho e amor...
E na felicidade da contemplação,
Fazes-me ver e sentir teu doce encanto...
De um lindo canto
Que embevece os dias meus,
Oh Amada filha de Deus!...
Abraces-me!... Sorrias!...
É hora de cantares...
Dançares...
Sorrires e sonhares
Aos braços meus...
Tu és para mim
A sinfonia do amor,
Que denota
Pura Santidade.
Tu és encanto, carícia e sedução...
Não, e tu não te esposes ao fetiche,
A imundície...
Do sexo à maldição.
Tu és do sol o amanhecer...
A brisa que cobre as flores,
Doce olhar de Menina!...
És uma Rosa em botão!...
Logo, estarei caindo em teus braços
Assim como os regatos se lhes entregam
A imensidão dos Oceanos...
Oh doce menina dos olhos meus!...
Jamais entregues o teu lindo corpo
Para servir aos porcos,
Visto seres tu o templo sagrado
Do Espírito Santo de Deus!...
Bahia, 26/12/2013. 1 h 29 min
O Banditismo Político Brasileiro
Tudo aquilo que vem à baila quanto a BANDIDAGEM que assalta o BRASIL, representa um CRIME jamais praticado em todo o PLANETA TERRA. Esta farra do ANTIPATRIOTISMO subsiste porque aqueles que criam às leis, são os mesmos agentes do SAQUE AO ERÁRIO. Nós, brasileiros, entorpecidos pelo VOTO, pensamos que VOTAR é a solução para coibir ATOS DELITUOSOS desta NATUREZA, praticados contra a Nação e Pátria. Se o LEGISLADOR BRASILEIRO não cria uma LEI ESPECIAL PENAL(Lei Penal do Inimigo), Inimigo do Estado Brasileiro, ele, o legislador delinquente continuará na prática de tais crimes infinitamente. Enquanto isso, não haverá tribunais que julguem com equidade, o fim desta FARRA CRIMINOSA praticada por milhões de políticos brasileiros que COMANDAM O ESQUADRÃO DA FOME E MISÉRIA e MORTE DE UMA CLASSE DOMINADA DESTRUÍDA E SÓ. Os ditos Pobres e Assalariados. Desta forma, OS POLÍTICOS BRASILEIROS, associados aos Capitalistas e empresários brasileiros de todos o matizes, formam uma ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA INTERMINÁVEL. Até mesmo Órgãos e instituições internacionais estão envolvidas no Aparelho Ideológico Criminoso perpetrado pela BANDIDAGEM POLÍTICA e ADMINISTRATIVA do nosso querido Brasil. Vejamos que preconiza JAKOBS:
"Para Jakobs deve haver dois tipos de direito. Um que é dirigido ao cidadão, que, mesmo violando uma norma recebe a oportunidade de “reestabelecer” a vigência desta norma através de uma pena - mas ainda assim, mesmo sendo punido, é punido como um cidadão – mantendo, pelo Estado, o seu status de pessoa e o papel de cidadão reconhecido pelo Direito".
Há porém um outro tipo de Direito, o Direito Penal do Inimigo, que é reservado àqueles indivíduos que pelo seu comportamento, ocupação ou práticas, segundo Jakobs, “se tem afastado, de maneira duradoura, ao menos de modo decidido, do Direito, isto é, que não proporciona a garantia cognitiva mínima necessária a um tratamento como pessoa, devendo ser tratados como inimigos.
Jakobs faz distinção entre o que é uma pessoa e o que é um indivíduo. Para ele, pessoa é aquele que está envolvido com a sociedade, sendo um sujeito de direitos e obrigações frente aos outros membros da sociedade da qual participa. Indivíduo, é um ser sensorial, pertencente à ordem natural, movendo-se inteligentemente, por suas satisfações e insatisfações de acordo com suas preferências e interesses, descuidando-se, ignorando o mundo em que os outros homens participam.
Em cometendo um delito, o cidadão participa de um processo legal que observa suas garantias fundamentais, recebendo uma pena como coação pelo ato ilícito cometido. O inimigo é um perigo que deve ser combatido, devendo o Direito antever ao efetivo cometimento de um crime, considerando desde início sua periculosidade. Nas palavras de Jakobs, o Direito Penal do Inimigo é daqueles que o constituem contra o inimigo: frente ao inimigo é só coação física, até chegar à guerra.
Para Jakobs a periculosidade do agente serve à caracterização do inimigo, que contrapõe-se ao cidadão (cujo ato, apesar de contra o direito, tem uma personalidade voltada ao ordenamento jurídico devendo ser punido segundo sua culpabilidade), enquanto que o inimigo deve ser combatido segundo sua periculosidade. Não há vistas há uma conduta realizada, ou tentada, mas pressupõe-se o âmbito interno do indivíduo, o perigo de dano futuro à vigência da norma.
É este o DIREITO PENAL A SER APLICADO ÀQUELES QUE LESAM A PÁTRIA. Ou o Legislador cria este Instituto Penal, ou a Nação brasileira abster-se-á do "Direito de Votar", o que se tornou uma OBRIGAÇÃO para que nos entreguemos ao BANDIDO LEGISLADOR, - políticos e afins, comandantes do Crime Organizado no Brasil.
"Para Jakobs deve haver dois tipos de direito. Um que é dirigido ao cidadão, que, mesmo violando uma norma recebe a oportunidade de “reestabelecer” a vigência desta norma através de uma pena - mas ainda assim, mesmo sendo punido, é punido como um cidadão – mantendo, pelo Estado, o seu status de pessoa e o papel de cidadão reconhecido pelo Direito".
Há porém um outro tipo de Direito, o Direito Penal do Inimigo, que é reservado àqueles indivíduos que pelo seu comportamento, ocupação ou práticas, segundo Jakobs, “se tem afastado, de maneira duradoura, ao menos de modo decidido, do Direito, isto é, que não proporciona a garantia cognitiva mínima necessária a um tratamento como pessoa, devendo ser tratados como inimigos.
Jakobs faz distinção entre o que é uma pessoa e o que é um indivíduo. Para ele, pessoa é aquele que está envolvido com a sociedade, sendo um sujeito de direitos e obrigações frente aos outros membros da sociedade da qual participa. Indivíduo, é um ser sensorial, pertencente à ordem natural, movendo-se inteligentemente, por suas satisfações e insatisfações de acordo com suas preferências e interesses, descuidando-se, ignorando o mundo em que os outros homens participam.
Em cometendo um delito, o cidadão participa de um processo legal que observa suas garantias fundamentais, recebendo uma pena como coação pelo ato ilícito cometido. O inimigo é um perigo que deve ser combatido, devendo o Direito antever ao efetivo cometimento de um crime, considerando desde início sua periculosidade. Nas palavras de Jakobs, o Direito Penal do Inimigo é daqueles que o constituem contra o inimigo: frente ao inimigo é só coação física, até chegar à guerra.
Para Jakobs a periculosidade do agente serve à caracterização do inimigo, que contrapõe-se ao cidadão (cujo ato, apesar de contra o direito, tem uma personalidade voltada ao ordenamento jurídico devendo ser punido segundo sua culpabilidade), enquanto que o inimigo deve ser combatido segundo sua periculosidade. Não há vistas há uma conduta realizada, ou tentada, mas pressupõe-se o âmbito interno do indivíduo, o perigo de dano futuro à vigência da norma.
É este o DIREITO PENAL A SER APLICADO ÀQUELES QUE LESAM A PÁTRIA. Ou o Legislador cria este Instituto Penal, ou a Nação brasileira abster-se-á do "Direito de Votar", o que se tornou uma OBRIGAÇÃO para que nos entreguemos ao BANDIDO LEGISLADOR, - políticos e afins, comandantes do Crime Organizado no Brasil.
13/06/2016.
A MORTE NA VISÃO FILOSÓFICA
A MORTE NA VISÃO FILOSÓFICA
02/08/2014
A morte humana é um dos problemas da existência bastante examinado pelos filósofos devido às questões inerentes a tema tão polêmico. A finitude ou a infinitude humana reelabora conceitos, comportamentos, valores e culturas. O homem como ser dotado de consciência é que é capaz de inferir seus questionamentos, e até abandonar o problema existencial da morte quando lhe for propício. Não há na minha análise julgamentos, mas a necessidade de estudar o tema mais verticalmente para que a vida hoje seja revisionada também.
A morte humana assim como a própria vida é um dos temas mais polêmicos da existência, pois a morte é a própria dialética do atemporal com o temporal, o próprio ser da temporalidade, das mitologias, retomando e realocando sociedades e culturas.
Segundo Batista Mondin algumas questões relativas à morte são de cunho universalista como:
- o fato incontestável de que o homem morre biologicamente.
- que esse é um acontecimento que diz respeito a um ser dotado de autoconsciência, auto transcendência, espiritualidade, substância na ordem do espírito e responsabilidade.
- que, não obstante, mas falte uma experiência da morte quando dela falamos, ela não foge completamente ao nosso conhecimento. Da morte de fato temos uma dupla consciência indireta: a primeira, a visão dos outros que morre; a segunda é a consciência de que a vida é uma progressiva sujeição à morte.
Na linguagem da biologia molecular a morte é definida como a dissolução da estruturação molecular necessária para o fenômeno da vida. Filosoficamente, as visões dos variados filósofos, as singularidades de cada filosofia, refletem bem as leituras distintas para o mesmo fenômeno.
A morte é perda, mas também ganho, a morte como a vida e na vida resignifica a própria vida. A morte está viva quando é sentida, quando solicitada pelas consciências que muitas vezes se mortificam nos seus mergulhos de angústia na existência sem definições objetivas. O subjetivismo se torna permissivo quando se emprega ao fenômeno o fim da vida para que os ainda estão na atividade do viver. Montaigne tem um pensamento bastante peculiar sobre o fenômeno da morte:
“ninguém morre antes da hora. O tempo que perdeis não vos pertence mais do que procedeu o vosso nascimento, e não vos interessa: considerai com verdade que os séculos inumeráveis, já tornados, sóis para vós como se não tivessem sido. Qualquer que seja a duração de sua vida, ela é completa. Sua utilidade não reside na duração e sim no emprego que lhe dais. Há quem vive muito e não viveu e meditai sobre isso enquanto o podes fazer, pois depende de vós, e não do número de anos, todos vividos bastante imagináveis então nunca chegardes ao ponto para o qual vos dirigíeis? Haverá caminho que não tenha fim.”
O fenômeno da morte penetrou em diversos segmentos do conhecimento. As religiões criaram formas diversificadas de leituras e com as suas formas fecharam ciclos e abriram outros, dogmatizaram, pois assim seria mais apropriado para uma aceitação mais generalizada. Diante das sistemáticas que cada religião estruturou seus mitos e ritos, a morte recebe sempre um caráter de responsabilidade perante a vida e seus atos, concomitante às promessas da além-vida.
Certo é que o homem quando se rejeita é a morte numa de suas figurações, adere ao não viver por uma série de ideias internalizadas de que o melhor é negar a vida para ter algum prêmio a posteriori. Os sentimentos de ansiedade, de angústia quando tomam o indivíduo simbolizam em cada ser a própria morte personificada. As insatisfações de conviver com sua finitude leva o homem a buscar esferas outras para amenizar tal condição, assim muitos adentram nas religiões, nas filosofias e até na psicanálise.
O apego às elaborações religiosas, filosóficas e outras, permitem ao ator social a busca pela infinitude, explicações metafísicas, transcendentais, sobrenaturais, experimentações do sagrado elencam perspectivas da continuidade, trazendo alento para muitos.
A morte desafia a própria epistemologia, pois é ininteligível, alicerça-se em montanhas tão altas para os pequenos ainda alcances da inteligência humana. Restam-nos elucubrações e mais elucubrações nas tentativas de explicar fenômeno tal significativo para a raça humana.
O conhecimento adequado para o exame da morte nas histórias do povo nos mostra que a forma de relação de determinada sociedade com essa questão baseia-se na estruturação dos valores presentes na própria vida, ou seja, a forma de enfrentamento a esta realidade refere-se à forma de que se vive. Entendemos assim se há culto, por exemplo, aos ancestrais em vida, a forma de encarar a morte tem total ligação com tal episódio.
Até certo ponto morte e vida são complementares, é a dialética existencial. A vida uma realidade que vamos decifrando diante de várias outras realidades existentes em moldes culturais diferenciados e a morte, como realidade particular da vida, e ao mesmo tempo com realidade própria, pois tem vida própria. A impossibilidade de desvendamento da morte faz da morte uma realidade singular. Sendo assim não existe vida sem morte e morte sem vida: conjunção par e ímpar.
Reinholdo Aloysio Ullmann nos informa que o homem primitivo já possuía uma mentalidade metafísica própria, a qual era, como hoje o é cômoda, constantemente pela necessidade de sobrevivência, pela natureza circundante, com suas manifestações de raios através das tempestades, mudanças estacionais e de forma especial, pelos mistérios fincados na vida e na morte de semelhante. Em suma a inquietude metafísica nasceu com o homem mormente em face da morte. O não-estar-mais aí, no entanto, é encarado como um modo positivo de ser; o morto ainda pertence ao círculo de sua vida, apenas vive em condições modificadas, em outro lugar. Devemos ressalvar, no entanto, a vastidão interpretativa desta outra realidade nas sociedades ágrafas e a complexidade inerente em todos os seus contextos. O lidar com a morte de forma natural não o exime de sentimentos, de reflexões.
Elucubrar sobre a morte é entrar sim num complexo confronto com nós mesmos. Primeiro o enfrentamento dos nossos próprios temores e cônscios de que a morte é um grande tabu. Os filósofos como têm uma grande preocupação em desvendar os mistérios da vida, analisam a questão no decorrer da própria história da filosofia. Atenta-se o fato de que os filósofos colidem e divergem nas suas posições sobre a morte, o que apenas confirma a polêmica temática proposta de estudo.
A morte humana tornou-se um problema equivalente à própria vida; um filósofo deve ou não aceitar a finitude da existência? Ele que precisamente necessita de objetividade, clareza e dar luz ao mundo como fica diante de um fenômeno obscuro? Seria mais sensato pôr o problema na transcendência? Ainda há a opção de abandonar o problema, o que podia levar à banalização da existência e a morte como realidade singular mesmo assim continuaria existindo, quer se queira ou não. Quem não reflete sobre a morte possivelmente não reflete sobre a vida.
Heidegger, filósofo alemão autor do clássico Ser e Tempo, diz que esquecer do problema é típico do homem inautêntico, o homem autêntico viveria com a busca de concretização dos seus projetos e com a consciência de morte.
A problemática não é fácil de solucionar, pois sabemos que muitas vezes o querer esquecer de nossa temporalidade e de como vamos se manifestar na vida cônscios de tal situação, levam-nos logicamente a um problema ético. Se aceitarmos a morte como continuidade da vida, muitas vezes para nos sentirmos amparados na nossa infinitude, teria sentido claro a ética no nosso viver. Entretanto, se aceitarmos a visão de cunho materialista, que diz que tudo acaba com a morte, muitos padrões éticos poderiam ser abortados. O discurso seria: pra que tantas normas? O caráter normativo ficaria numa corda bamba. A vida caberia na superficialidade, no hedonismo ofuscante de práticas mais humanísticas.
Mesmo assim o problema não se finda quando há a aceitação da continuidade da vida após a morte, pois será que o indivíduo concretamente estaria apto a morrer? Como abandonar a certeza da vida concreta por uma certeza abstrata?
Em alguns momentos da existência, com todos os problemas contidos na mesma, alguns até podem sentir vontade de abandonar a vida, seria mesmo o querer da morte em definitivo? Acredito até que por alguns instantes esse querer possa ser real, mas não duradouro. Geralmente os apegos e as relações traçadas pelo próprio indivíduo o leva a repensar tal atitude, somando ainda o temor do desconhecido, o que abriria a possibilidade de ser melhor ou pior, o que o faz declinar de tal ensejo. É difícil querer morrer verdadeiramente e definitivamente, sendo que estamos apegados as nossas criações e construções humanas, mesmo que elas não sejam as mais satisfatórias e completas, ainda assim são concretas.
As interpretações filosóficas a respeito da morte, visando elucidar o sentido do fenômeno, estiveram presentes de Platão a Kant. Platão, filósofo grego discípulo de outro grego Sócrates, em suas obras obras Fédon e Fedro, argumentou a favor da imortalidade da alma, o seu conhecido mundo das ideias eternas. A alma sentiria necessidade e se alimentava das idéias.
Santo Agostinho, São Tomás de Aquino e outros pensadores cristãos, agregando o conhecimento intelectivo ao da espiritualidade deles tiraram argumento a favor da imortalidade da alma.
Já Freud, pai da psicanálise, considera a morte como instinto de todo ser vivo, a vida tenderia para a morte.
O alemão Nietzsche, que tem papel relevante na filosofia, propõe a morte como a suprema possibilidade da liberdade humana; na morte, o homem se mostraria vivo no seu alto grau. Para o filósofo a morte possui a imagem da embriaguez dionisíaca.
Já Heidegger percebia na morte a possibilidade para que a vida fosse examinada e sendo assim vivida de forma autêntica.
Sartre, filósofo francês contemporâneo vê na morte a absurdidade da vida humana, a vida seria uma paixão inútil.
O conviver com a consciência da morte poderia nos levar aos rompimentos de várias atitudes medíocres e menores, nos retendo num seguimento de nossas metas de vida, visando ter respeito por tudo que seja construtivo e por todos nas suas diferenças, sem ônus ao coletivo, certo de que o fim estaria a nos esperar.
O homem com certeza não quer falar da morte, ele a detesta, porém até então ele é o único ente capaz de elaborações, a morte é algo vivido consciente ou inconscientemente, um forte elo que o acompanha na sua temporalidade, ele pode aceitá-la, pode suportá-la, pode fazer dela o ato mais importante da sua vida ou o mais insignificante, ele sozinho sabe o que perde com a morte.
É fato que neste mundo já temos algum referencial e tememos perdê-lo, se admitimos a possibilidade transcendente de ser uma passagem , não deixa de ser uma possibilidade desconhecida, o que já não é confortável. A morte retira a autonomia do ser que contribuiria para construção e desconstrução das diversas modalidades de a decodificar enquanto ser existente ao nível material. A questão é taxativa: a morte é real, mesmo que saibamos criar e questionar esta realidade.
No nosso século, quase todos os estudiosos que se defrontaram com o problema filosófico da morte concluíram que há uma impossibilidade de através de provas científicas comprovar a existência da alma, continuando a ser um problema para o âmbito da metafísica. Alguns religiosos discordam da imortalidade da alma e na sua interpretação bíblica argumentam tal fato não ser possível.
É certo que morte é uma situação limite e acaba mesmo que temporariamente, a depender de argumentos, dogmas e crenças de cada um, com as possibilidades de criação e realização
A morte humana assim como a própria vida é um dos temas mais polêmicos da existência, pois a morte é a própria dialética do atemporal com o temporal, o próprio ser da temporalidade, das mitologias, retomando e realocando sociedades e culturas.
Segundo Batista Mondin algumas questões relativas à morte são de cunho universalista como:
- o fato incontestável de que o homem morre biologicamente.
- que esse é um acontecimento que diz respeito a um ser dotado de autoconsciência, auto transcendência, espiritualidade, substância na ordem do espírito e responsabilidade.
- que, não obstante, mas falte uma experiência da morte quando dela falamos, ela não foge completamente ao nosso conhecimento. Da morte de fato temos uma dupla consciência indireta: a primeira, a visão dos outros que morre; a segunda é a consciência de que a vida é uma progressiva sujeição à morte.
Na linguagem da biologia molecular a morte é definida como a dissolução da estruturação molecular necessária para o fenômeno da vida. Filosoficamente, as visões dos variados filósofos, as singularidades de cada filosofia, refletem bem as leituras distintas para o mesmo fenômeno.
A morte é perda, mas também ganho, a morte como a vida e na vida resignifica a própria vida. A morte está viva quando é sentida, quando solicitada pelas consciências que muitas vezes se mortificam nos seus mergulhos de angústia na existência sem definições objetivas. O subjetivismo se torna permissivo quando se emprega ao fenômeno o fim da vida para que os ainda estão na atividade do viver. Montaigne tem um pensamento bastante peculiar sobre o fenômeno da morte:
“ninguém morre antes da hora. O tempo que perdeis não vos pertence mais do que procedeu o vosso nascimento, e não vos interessa: considerai com verdade que os séculos inumeráveis, já tornados, sóis para vós como se não tivessem sido. Qualquer que seja a duração de sua vida, ela é completa. Sua utilidade não reside na duração e sim no emprego que lhe dais. Há quem vive muito e não viveu e meditai sobre isso enquanto o podes fazer, pois depende de vós, e não do número de anos, todos vividos bastante imagináveis então nunca chegardes ao ponto para o qual vos dirigíeis? Haverá caminho que não tenha fim.”
O fenômeno da morte penetrou em diversos segmentos do conhecimento. As religiões criaram formas diversificadas de leituras e com as suas formas fecharam ciclos e abriram outros, dogmatizaram, pois assim seria mais apropriado para uma aceitação mais generalizada. Diante das sistemáticas que cada religião estruturou seus mitos e ritos, a morte recebe sempre um caráter de responsabilidade perante a vida e seus atos, concomitante às promessas da além-vida.
Certo é que o homem quando se rejeita é a morte numa de suas figurações, adere ao não viver por uma série de ideias internalizadas de que o melhor é negar a vida para ter algum prêmio a posteriori. Os sentimentos de ansiedade, de angústia quando tomam o indivíduo simbolizam em cada ser a própria morte personificada. As insatisfações de conviver com sua finitude leva o homem a buscar esferas outras para amenizar tal condição, assim muitos adentram nas religiões, nas filosofias e até na psicanálise.
O apego às elaborações religiosas, filosóficas e outras, permitem ao ator social a busca pela infinitude, explicações metafísicas, transcendentais, sobrenaturais, experimentações do sagrado elencam perspectivas da continuidade, trazendo alento para muitos.
A morte desafia a própria epistemologia, pois é ininteligível, alicerça-se em montanhas tão altas para os pequenos ainda alcances da inteligência humana. Restam-nos elucubrações e mais elucubrações nas tentativas de explicar fenômeno tal significativo para a raça humana.
O conhecimento adequado para o exame da morte nas histórias do povo nos mostra que a forma de relação de determinada sociedade com essa questão baseia-se na estruturação dos valores presentes na própria vida, ou seja, a forma de enfrentamento a esta realidade refere-se à forma de que se vive. Entendemos assim se há culto, por exemplo, aos ancestrais em vida, a forma de encarar a morte tem total ligação com tal episódio.
Até certo ponto morte e vida são complementares, é a dialética existencial. A vida uma realidade que vamos decifrando diante de várias outras realidades existentes em moldes culturais diferenciados e a morte, como realidade particular da vida, e ao mesmo tempo com realidade própria, pois tem vida própria. A impossibilidade de desvendamento da morte faz da morte uma realidade singular. Sendo assim não existe vida sem morte e morte sem vida: conjunção par e ímpar.
Reinholdo Aloysio Ullmann nos informa que o homem primitivo já possuía uma mentalidade metafísica própria, a qual era, como hoje o é cômoda, constantemente pela necessidade de sobrevivência, pela natureza circundante, com suas manifestações de raios através das tempestades, mudanças estacionais e de forma especial, pelos mistérios fincados na vida e na morte de semelhante. Em suma a inquietude metafísica nasceu com o homem mormente em face da morte. O não-estar-mais aí, no entanto, é encarado como um modo positivo de ser; o morto ainda pertence ao círculo de sua vida, apenas vive em condições modificadas, em outro lugar. Devemos ressalvar, no entanto, a vastidão interpretativa desta outra realidade nas sociedades ágrafas e a complexidade inerente em todos os seus contextos. O lidar com a morte de forma natural não o exime de sentimentos, de reflexões.
Elucubrar sobre a morte é entrar sim num complexo confronto com nós mesmos. Primeiro o enfrentamento dos nossos próprios temores e cônscios de que a morte é um grande tabu. Os filósofos como têm uma grande preocupação em desvendar os mistérios da vida, analisam a questão no decorrer da própria história da filosofia. Atenta-se o fato de que os filósofos colidem e divergem nas suas posições sobre a morte, o que apenas confirma a polêmica temática proposta de estudo.
A morte humana tornou-se um problema equivalente à própria vida; um filósofo deve ou não aceitar a finitude da existência? Ele que precisamente necessita de objetividade, clareza e dar luz ao mundo como fica diante de um fenômeno obscuro? Seria mais sensato pôr o problema na transcendência? Ainda há a opção de abandonar o problema, o que podia levar à banalização da existência e a morte como realidade singular mesmo assim continuaria existindo, quer se queira ou não. Quem não reflete sobre a morte possivelmente não reflete sobre a vida.
Heidegger, filósofo alemão autor do clássico Ser e Tempo, diz que esquecer do problema é típico do homem inautêntico, o homem autêntico viveria com a busca de concretização dos seus projetos e com a consciência de morte.
A problemática não é fácil de solucionar, pois sabemos que muitas vezes o querer esquecer de nossa temporalidade e de como vamos se manifestar na vida cônscios de tal situação, levam-nos logicamente a um problema ético. Se aceitarmos a morte como continuidade da vida, muitas vezes para nos sentirmos amparados na nossa infinitude, teria sentido claro a ética no nosso viver. Entretanto, se aceitarmos a visão de cunho materialista, que diz que tudo acaba com a morte, muitos padrões éticos poderiam ser abortados. O discurso seria: pra que tantas normas? O caráter normativo ficaria numa corda bamba. A vida caberia na superficialidade, no hedonismo ofuscante de práticas mais humanísticas.
Mesmo assim o problema não se finda quando há a aceitação da continuidade da vida após a morte, pois será que o indivíduo concretamente estaria apto a morrer? Como abandonar a certeza da vida concreta por uma certeza abstrata?
Em alguns momentos da existência, com todos os problemas contidos na mesma, alguns até podem sentir vontade de abandonar a vida, seria mesmo o querer da morte em definitivo? Acredito até que por alguns instantes esse querer possa ser real, mas não duradouro. Geralmente os apegos e as relações traçadas pelo próprio indivíduo o leva a repensar tal atitude, somando ainda o temor do desconhecido, o que abriria a possibilidade de ser melhor ou pior, o que o faz declinar de tal ensejo. É difícil querer morrer verdadeiramente e definitivamente, sendo que estamos apegados as nossas criações e construções humanas, mesmo que elas não sejam as mais satisfatórias e completas, ainda assim são concretas.
As interpretações filosóficas a respeito da morte, visando elucidar o sentido do fenômeno, estiveram presentes de Platão a Kant. Platão, filósofo grego discípulo de outro grego Sócrates, em suas obras obras Fédon e Fedro, argumentou a favor da imortalidade da alma, o seu conhecido mundo das ideias eternas. A alma sentiria necessidade e se alimentava das idéias.
Santo Agostinho, São Tomás de Aquino e outros pensadores cristãos, agregando o conhecimento intelectivo ao da espiritualidade deles tiraram argumento a favor da imortalidade da alma.
Já Freud, pai da psicanálise, considera a morte como instinto de todo ser vivo, a vida tenderia para a morte.
O alemão Nietzsche, que tem papel relevante na filosofia, propõe a morte como a suprema possibilidade da liberdade humana; na morte, o homem se mostraria vivo no seu alto grau. Para o filósofo a morte possui a imagem da embriaguez dionisíaca.
Já Heidegger percebia na morte a possibilidade para que a vida fosse examinada e sendo assim vivida de forma autêntica.
Sartre, filósofo francês contemporâneo vê na morte a absurdidade da vida humana, a vida seria uma paixão inútil.
O conviver com a consciência da morte poderia nos levar aos rompimentos de várias atitudes medíocres e menores, nos retendo num seguimento de nossas metas de vida, visando ter respeito por tudo que seja construtivo e por todos nas suas diferenças, sem ônus ao coletivo, certo de que o fim estaria a nos esperar.
O homem com certeza não quer falar da morte, ele a detesta, porém até então ele é o único ente capaz de elaborações, a morte é algo vivido consciente ou inconscientemente, um forte elo que o acompanha na sua temporalidade, ele pode aceitá-la, pode suportá-la, pode fazer dela o ato mais importante da sua vida ou o mais insignificante, ele sozinho sabe o que perde com a morte.
É fato que neste mundo já temos algum referencial e tememos perdê-lo, se admitimos a possibilidade transcendente de ser uma passagem , não deixa de ser uma possibilidade desconhecida, o que já não é confortável. A morte retira a autonomia do ser que contribuiria para construção e desconstrução das diversas modalidades de a decodificar enquanto ser existente ao nível material. A questão é taxativa: a morte é real, mesmo que saibamos criar e questionar esta realidade.
No nosso século, quase todos os estudiosos que se defrontaram com o problema filosófico da morte concluíram que há uma impossibilidade de através de provas científicas comprovar a existência da alma, continuando a ser um problema para o âmbito da metafísica. Alguns religiosos discordam da imortalidade da alma e na sua interpretação bíblica argumentam tal fato não ser possível.
É certo que morte é uma situação limite e acaba mesmo que temporariamente, a depender de argumentos, dogmas e crenças de cada um, com as possibilidades de criação e realização
O niilismo em Nietzsche

O niilismo em Nietzsche: decadência como um processo
De importância máxima na trajetória nietzschiana, o conceito de niilismo é mais que uma mera apropriação dos pensadores da época, mas é uma inovação.
Da série Friedrich Nietzsche.
O niilismo em Nietzsche é um conceito chave que precisa ser discutido. Não é algo misterioso, mas também se diferencia daquilo que entende-se comumente pelo termo. Quando se fala deniilismo, é comum entender que se trata da negação de quaisquer valores. Nietzsche leva o termo para um caminho diferente, se referindo a ele como uma negação da vida.1
O que é a vida? A vida é dominação, violência, afirmação de si, é exercício da força, é se desligar do rebanho e se individualizar, é enfrentar o mundo de peito aberto e não se enganar com falsas crenças, é amar o mundo do jeito que ele é. O niilista, desta forma, é aquele que acredita em valores que não se confirmam na realidade, é quem deixa de viver o agora em favor de uma suposta vida futura (num paraíso cristão ou numa sociedade ideal anarquista).

O niilismo em Nietzsche não é uma escolha, mas é um processo. É uma situação em que nos encontramos não porque escolhemos individualmente, mas porque fazemos parte de um processo que atravessa a história. Segundo Giacoia Junior, o niilismo pode ser visto de duas maneiras nas obras de Nietzsche: como resultante da interpretação moral-cristã ou como resultante da crença nas categorias da razão.
Niilismo, Nietzsche e a interpretação moral cristã
Nietzsche entende que o fundamento niilista da nossa civilização ocidental não nasce com o cristianismo, mas tem bases anteriores, no entanto o cristianismo precisa ser interpretado como “potência civilizatória do mundo moderno, que sistematiza e universaliza as condições de conservação e reprodução do ascetismo platônico”. Ou seja, o que importa no cristianismo é sua estrutura religiosa – é sua forma de iludir e fazer crer naquilo que não é vida, no nada (é promover a vontade de nada) e sua força em promover este processo civilizatório anti-natural.
No texto “Niilismo europeu”, o autor realiza uma pequena reflexão sobre a interpretação moral-cristã:
Quais são as vantagens que oferece a hipótese moral cristã?1. ela conferia ao homem um valor absoluto, em oposição à sua pequenez e à sua natureza fortuita no fluxo do devir e do desaparecer;2. ela servia aos advogados de Deus, na medida em que franqueava ao mundo, apesar do sofrimento e do mal, um caráter de perfeição, — aí incluída esta “liberdade” — o mal parecia pleno de sentido;3. ela coloca no homem um saber que assenta em valores absolutos e lhe traz assim um conhecimento adequado sobre o que, precisamente, é o mais importante, ela impedia que o homem se desprezasse enquanto homem, que ele tomasse partido contra a vida, que ele desistisse do conhecimento: ela era um meio de sobrevivência: — no todo: a moral era o grande remédio contra o niilismo prático e teórico.
A interpretação moral-cristã estabelece um lugar para o homem dentro do devir e retira toda sua pequenez, sua fragilidade. Seu corpo decrépito é trocado por uma alma imortal. Esse objetivo precisa de uma noção que dê valor de verdade para sua trajetória, então o autor alemão continua:
“Mas, dentre as forças que a moral desenvolveu, estava a veracidade: esta se volta finalmente contra a moral, descobre a sua teleologia, a sua perspectiva interessada — e eis que a visão desta tendência inveterada para a mentira, da qual se desiste de se livrar, age justamente como um estimulante. Para o niilismo. Constatamos agora a presença em nós de necessidades implantadas pela longa interpretação moral, e que nos aparecem também como necessidades do não-verdadeiro: por outro lado, é a elas que parece estar ligado o valor graças ao qual suportamos viver. Este antagonismo — não avaliar o que conhecemos, não mais ter o direito de avaliar as mentiras nas quais gostamos de nos embalar — desencadeia um processo de dissolução.”
A mentira se transforma no estimulante que nos faz agir. Em nossa força de viver. Vale dizer que o caminho da superação do cristianismo está justamente neste ponto: a crença na verdade nos obriga a evitar a mentira, nos colocando de frente com a crença religiosa. A “veracidade” que Nietzsche se utiliza acima é o “imperativo pela verdade” – esta força é, em seu fim, a auto-supressão da estrutura religiosa. A exigência daquilo que a estrutura religiosa possibilitou exigir mas que não pode atender.
Niilismo e as categorias da razão
Para Nietzsche, a crença nas categorias da razão nos faz acreditar num mundo que precisa ser visto por meio de falsas referências. Segundo Giacoia Junior, “Nietzsche tematiza três formas do niilismo,considerado como “estado psicológico”, ou seja, como conteúdo da consciência reflexiva. Em cada um deles, trata-se sempre de uma categoria da razão, que dá apoio a uma interpretação do vir-a-ser e do valor da existência humana na corrente do devir”.
Segundo o comentarista (Giacoia Junior), “O primeiro desses estados de autoconsciência do niilismo é analisado por Nietzsche na perspectiva da categoria do “sentido”, ou finalidade. Para suportar a existência, o homem tem necessidade de interpretar o vir-a-ser como dotado de um sentido […] O niilismo ocorre, então, nessa primeira forma, com a descoberta de que não existe nenhum alvo no e para o devir, que o acontecer do mundo e da história não são processos que se desenvolvem em vista de um fim a ser alcançado, ao qual estaria ligado o seu sentido e valor. Desse modo, o desalento sobre a pretensa finalidade é causa do niilismo, enquanto sentimento de vazio, de um frustrador ‘foi tudo em vão'”.
Ele continua, “A segunda forma do niilismo como estado psicológico é presidida pela categoria de “totalidade” – enquanto suporte de uma interpretação global do vir-a-ser. A representação de uma unidade, de uma organização e sistematização globais conectaria a multiplicidade caótica dos seres individuais, contingentes e efêmeros, a uma totalidade integrada e orgânica – a um todo racional, de infinito valor (panteísmo, monismo, etc.), promovendo a reconciliação entre a finitude aleatória e o infinito necessário”.
Já a terceira forma surge a partir das duas primeiras, como uma situação de negação de sua validade por não compreenderem o mundo “verdadeiro”. “E com isso, a terceira forma do niilismo surge como consciência da mendacidade do mundo metafísico, e como descrença na categoria de verdade – com a descoberta de que o vir-a-ser é a única realidade – uma realidade, contudo, que não conseguimos suportar. Balanço final: desprezamos o resultado que alcançamos pelo conhecimento, ao mesmo tempo que não nos é mais lícito valorizar aquilo em que gostaríamos de continuar a crer”, revela o comentarista.
Essas três formas de niilismo em Nietzsche (quando tomando as categorias da razão como referência) representam a impossibilidade de continuar com as interpretações baseadas nas categorias de sentido, totalidade e ser. Acredita-se que há um sentido, quando não há; acredita-se que há uma totalidade, quando não há; e acredita-se que, por nada ser de fato uma verdade (ou seja, por não haver sentido e nem totalidade), não há mais como viver a vida senão a partir de um movimento autodestrutivo de niilismo passivo, de aceitar o mundo sem valores e viver de forma covarde, ou seja, sem criar, somente aceitando. Sabemos que o “ser” não pode ser acreditado, mas não sabemos como viver sem a presença do “ser”, precisamos, então, entender que a única saída é criar.
As quatro formas de niilismo propostas por Deleuze

Para além das três formas de niilismo observadas por Giacoia Junior, Deleuze classificou o conceito de niilismo de Nietzsche em quatro tipos:
- Niilismo Negativo, que é a negação do mundo real por um mundo superior extramundano. É clara a relação deste tipo de niilismo com as religiões. O sujeito religioso é castrado da realidade porque deixa de vivê-la e segue regras para ter o privilégio de viver aquilo que seria a realidade verdadeira, o paraíso, o outro mundo. O niilismo negativo tem esse nome porque nega, não porque tem sinal invertido em relação a um niilismo positivo, inclusive a segunda etapa do niilismo não se relaciona com uma afirmação do mundo (essa sim, o contrário da negação), mas com uma reação;
- Niilismo reativo, que é a reação em relação ao mundo imperfeito. O mundo não é ideal, não é como deveria ser, por isso, deve ser outra forma, para ser de outra forma, eu vivo a vida como se outra realidade fosse possível no agora, embora o agora me mostre constantemente que a realidade atual é a única possível. A reação envolve a morte de deus: a ausência da vida extramundana obriga o homem a observar um novo mundo no futuro, não fora do mundo. As novas regras que irão definir como se viver o presente serão regras vindas de um mundo que não é o do agora, mas é imaginado como possível numa situação ideal.
- Niilismo Passivo, que envolve a morte de deus e do sentido do mundo, ou seja, a impossibilidade de um futuro ideal. O mundo é visto como sendo somente o presente, a lógica que rege a vida cotidiana é a lógica presente, envolve o indivíduo agindo sobre o mundo, mas este mundo não tem nenhum sentido. O niilismo passivo é como um convite ao suicídio, um aceno para a morte, ele impede qualquer tipo de vida empolgada ou empolgante, qualquer forma de ação sobre a vida, de criação de valores, de criação artística, de geração de energia.
- Niilismo Ativo, aqui, a depressão do mundo sem sentido é superada pela força da criação de valores, da ação sobre o mundo, da afirmação de si, da arte, da música, da dança que só os deuses podem dançar. O mundo finalmente é visto como um palco para a vida se expandir, para ser criada a cada instante e se tornar permanentemente uma tela renovada pelo branco neutro pronto para ser banhado pela paleta de valores que cada indivíduo passa a ser responsável.
Referências
SOBRINHO, N. C. de M. Comum – Rio de Janeiro – v. 8 – nº 21 – p. 5 a 23 – julho / dezembro 2003. Disponível em: <https://ateus.net/artigos/filosofia/o-niilismo-europeu/> Acesso em: 20 set. 2016.
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