domingo, 24 de dezembro de 2017

como sair do inferno



5 Frases que envenenam a relação a dois... e como sair do inferno




Ninguém gosta de ser tratado como um objeto mas acaba por permiti-lo e, pior ainda, dar por si a fazer o mesmo. Como evitar fazer figuras tristes e cultivar a conjugalidade consciente

São comentários singelos, daqueles que se fazem todos os dias e só estranha quem é turista, de tal modo estão infiltrados na cultural popular e se cultivam na vida privada, entre pessoas que se conhecem bem e se amam, costuma dizer-se até.
Cinco exemplos clássicos...
... Que podem ser confundidos com 'mimos' ou estilos de comunicação que são normais na intimidade e que, a médio prazo, desgastam e conduzem a desfechos indesejados, com efeitos colaterais que se transportam para ligações futuras.
Cena 1: "Vais sair comigo assim?! Não tens mesmo mais nada que possas vestir em vez disso?"
Isto é um sinal de atenção ou... uma desqualificação? Regra geral, observações como esta são feitas – ou interpretadas como instruções a seguir – sem pensar. O problema é mesmo esse: o estatuto de estranha normalidade, que de inócuo nada tem e se interioriza como código, regra, padrão. Uma vez instalado o programa, ele atualiza-se com o passar dos dias: o tom crítico dá lugar à autocensura.
Cena 2: "És tão bom, tão bom... para os outros. Comigo, não vales nada."
Isto é um ataque? Uma indireta face à qual se deve ripostar? Quanto mais se trata alguém como se fosse um objeto com defeito, uma funcionalidade garantida e, até, uma espécie de estação de tratamento para reciclar frustrações, curar feridas e preencher necessidades pessoais (e não só), pior se fica e, mais da vezes, sem sequer perceber porquê.
Cena 3: Uma mulher nos seus 'entas' diz "bom dia" ao homem que partilha consigo o mesmo teto há vários anos; ele replica, com ar de enfado: "Já começas?"
A sequência de interações mortíferas prolonga-se dia fora, sem que tal faça mossa aos cônjuges, habituados que estão a estes 'mimos', capazes de (conta)minar o clima de uma dupla que até poderia ser feliz. Aguentam-se. Aturam-se. Fazem de conta que são duas pessoas de bem, que se respeitam, ou seja, se aceitam sem julgamentos.
Cena 4: "Não vale a pena tanto esforço. Vocês são todas(os) iguais"
Desabafar é humano. Não é para levar a mal. Ou é? Também conhecida por "neurose do destino", a estratégia da vitimização costuma funcionar, pois induz no outro a necessidade de diferenciar-se do todo, mais não seja para defender a sua "honra" (respeito próprio) e, ao mesmo tempo agradar ao que se sente desiludido. Porquê? Para obter a aprovação dele, da depende para se sentir gente.
Cena 5: "Sabes perfeitamente que a culpa disso não é minha, fiz tudo pelos dois e nem devia."
Perfeitamente? Fiz tudo? A mensagem está no implícito, na acusação de luva branca, já que pressupõe uma falha (desatenção, erro) pela qual alguém deve sentir-se mal e remendar seja lá o que for que esteja em débito. Ambos disputam o pódio na esgrima de argumentos para provar quem tem menos culpas no cartório, com um dispêndio de energia tal que se torna insustentável.
"Tudo isto é triste...". Ou não. Começam a evidenciar-se, aqui e além, os sinais de desconforto face às manobras de manipulação e dramatização "da praxe". No início, no meio ou no final de um relacionamento, há formas mais inteligentes e gratificantes de estar na vida, que é curta, afinal.
Conjugalidade consciente
Desde que a prática do divórcio se banalizou, começaram, aos poucos, a ser vistas com bons olhos as separações amigáveis, bem como as histórias de ex que se mantiveram (ou finalmente se tornaram) amigos. O assunto ganha maior relevo no caso das figuras públicas, pela exposição a que estão sujeitas em momentos de vulnerabilidade e perdas afetivas. Quando o Gwyneth Paltrow e Chris Martin (ela estrela de cinema e ele vocalista da banda Coldplay) decidiram separar-se após uma década de casamento, ela anunciou à imprensa que ambos apenas estavam a praticar o "concious uncoupling", ou seja, a desapegar-se da relação de casal sem as tais cenas tristes do costume (do digladiar-se e lavar roupa suja na praça pública ao manter as aparências à custa de ressentimentos e cinismo).
A expressão "Conscious Uncoupling" - ou "descasar consciente" - passou a figurar no léxico da cultura popular.Alguns meses depois, o jornal britânico The Telegraph deu a conhecer ao mundo a pessoa que tinha cunhado este termo (que veio a ser o titulo do seu livro). Katherine Woodward Thomas não estava preparada para o fim do seu relacionamento, mas a última coisa que queria era passar pelo tumulto e animosidade que marcou o divórcio dos pais. A sua meta foi passar por isso com serenidade e conseguiu-o. Daí até ao tema ser discutido nos meios académicos foi um passo.
Agora o foco de atenção começa a ser a Conjugalidade Consciente. Por não o serem, na maioria das vezes, as razões pelas quais nos apaixonamos. Por as escolhas amorosas estarem ligadas ao encantamento por características do outro que, para o melhor e o pior, reconhecem como familiares. Só mais tarde essas escolhas se tornam mais claras: os gestos irresistíveis de ontem são os pomos da discórdia amanhã.
Dito isto, o que se pode fazer para, desde início, ter uma conjugalidade (ou união) consciente, ou seja, à prova de cenas tristes? De acordo com os estudos sobre os fatores que promovem a satisfação e longevidade dos casai, aqui ficam cinco pistas:
Só os Eus completos permitem 'bons' Nós: A fórmula 1 + 1 = 3 pressupões que a relação a dois é mais do que a soma das partes. Se os valores e amor próprio das partes estiver em débito e cada parte se desresponsabilizar por si (talentos e fragilidades), o outro não fará milagres.
Indagar-escutar-aceitar: A forma mais democrática e paritária de conduzir um barco a dois passa pela arte de fazer perguntas objetivas e trocar informação relevante para a dupla se entender, sem interromper, criticar (atenção ao tom!) ou impor. Sim, é difícil. É todo um treino a fazer.
Aferir os níveis de controlo: Se um não quer, dois não dançam. Alterar registos tóxicos requer uma dieta que exclua o excesso de aditivos (posse disfarçada afeto; chantagem que passa por sedução; acusação e queixa seguidas de reconciliação, etc).
Enigmas, não obrigada(o): Fechar os olhos a contradições, não ditos e atitudes paradoxais é como brincar aos blind dates. Pode até ser fascinante no começo, mas a probabilidade de acabar em desilusão e o ressentimento é grande.
Medir o pulso: O "faro", ou a intuição, (permite captar micro expressões e comportamentos não verbais) é algo a seguir sempre que experimentar um sentimento inespecífico e persistente de mal-estar, sinalizando que alguma coisa está errada ou a merecer atenção extra.

Depressão, doença que acaba com sua vida!


Depressão uma doença que assusta milhares de pessoas.
Ela é silenciosa, misteriosa e chega de mansinho.
Altera nosso estado de ânimo.
  Nos deixa cabisbaixo e a cada dia vamos caindo mais neste buraco sem fim.
Seus sintomas são sombrios e  melancólicos.
Nada mais nos satisfaz na vida.
Tudo está ruim.
Perdemos nosso entusiamo encantamento pela vida.
Tudo se fecha ao nosso redor.
Nossa vida começa a desmoronar do dia para noite e quando nos damos conta já é tarde demais, tudo ao nosso redor perdeu seu brilho, sua vitalidade e nada mais nos satisfaz.
Nossa vida vira um verdadeiro filme de terror.
Queremos fugir das pessoas, dos compromissos, da vida e nos trancar no quarto e dormir  para sempre.
A vida começa perder seu verdadeiro sentido, nada mais serve. Olhamos para as pessoas que convivem conosco e as culpamos pelo nosso estado de dor, sofrimento, tristeza e solidão.
Nossa mente começa nos atormentar e achar culpas, medos, preocupações, mágoas, ressentimentos, revoltas,  dores passadas, presentes e futuras. Começamos a fantasiar um mundo totalmente diferente do real. 
A escuridão e a tristeza começam a tomar conta de nossa  vida.
Não encontramos  paz em lugar algum. 
O desespero consome nossa alma.
O Pânico começa aparecer.
As fobias começam a crescer.
Começamos a ter medo das pessoas , das coisas, dos animais, de nós mesmos, da vida e de tudo que circula ao nosso redor. Tudo nos atormenta. Nossa vida vira um verdadeiro mar agitado nos revoltamos contra Deus e o mundo.
Nossa jornada em luta contra esta doença começa.
 Tudo fica desesperador.
Buscamos auxílio e ajuda em todos os lugares e parece que nada adianta. Não vemos saída em lugar algum.
 Nossa vida não flue, tudo fica estagnado.
 O desespero e a angústia consome nossa alma.
Queremos morrer. Nada mais importa.
Chorramos dia e noite e só pensamos em fugir de nós mesmos. A dor nos consome por dentro e por fora.
Vemos em tudo problema e nos tornamos pessoas amargas e negativas. Parece que até o sol não brilha mais como  antes, as estrelas ficam mais pequenos e sem luz. Os dias parecem uma eternidade. A  noite que nunca chega  para dormirmos e nunca mais acordarmos, pois ali nos refugiamos. Mas infelizmente outro tormento se inicia, nossa mente começa a nos dominar de uma maneira que vira uma bola de neve a cada dia cresce mais e nos perdemos definitivamente de nós mesmos. Quando achamos que as coisas começariam a se encaminhar tudo ao nosso redor cai num abismo sem fim.
Ficamos assim por vários dias, meses ou anos conforme nosso grau de sofrimento.
Esta dor é tão forte.
 Nos atormenta tanto, que buscamos a morte como solução de tudo.
Mas não adianta buscar refúgio na morte, ela não trará paz e sim mais remorso e tormento em nossa alma.
Nossa mente começa a nos manipular e a criar milhões de impecílhos ao mesmo tempo, nos deixando com um peso enorme de consciência e culpa.
Passamos fugindo de nós mesmos um logo tempo até anos. Mas infelizmente não adiante é hora de assumir nossa responsabilidade por nós mesmos. Começamos a nos dar conta que não existem culpados pela nossa dor e sofrimento. Nós somos responsáveis pela nossa vida e por tudo o que  acontece ao nosso redor.
 Encarar isso não é tarefa fácil.
Quando você assumir realmente a responsabilidade pelos seus atos e aceitar que você atraiu tudo isso através de seus pensamentos e sentimentos e  vibrou isso para sua vida aí tudo ao seu redor começa a mudar.
 Quando você compreende que é responsável pelo o que de bom ou ruim acontece em sua vida  você só tem duas opções: ou muda o que pensa e sente ou fica no estado que está e continua no sofrimento e na dor arranjando culpados e se fazendo de vítima  esperando que alguém venha e assuma sua vida por você. Mas lembre-se passará a eternidade neste estado e ninguém assumirá o que é sua responsabilidade.


Darei continuidade no próximo artigo como tratar a depressão....

Existe um SER pensante e sem forma anatômica que criou o Universo

A Vida é Bela...

Santo Antônio de Jesus, 24 de dezembro de 2017, às 12h 43min.

Raimundo José Evangelista da Silva

As Pombas


  
As Pombas


Raimundo Correia
 


Vai-se a primeira pomba despertada...
Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
De pombas, vão-se dos pombais, apenas
Raia, sanguínea e fresca, a madrugada...

E, à tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais, de novo, elas serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada...

Também dos corações, onde abotoam,
Os sonhos, um por um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais:

No azul da adolescência as asas soltam,
Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles ao coração não voltam mais.

(Maranhão - 1860-1911)
 
 

 

"O PAÍS DO RIVOTRIL" - REVISTA ÉPOCA 23/02/2009

"O PAÍS DO RIVOTRIL" - REVISTA ÉPOCA 23/02/2009

"Uma droga barata, mas de tarja preta, contra a ansiedade vende mais do que os tradicionais Tylenol e Hipoglós. Alguma coisa estranha deve estar acontecendo quando um remédio contra a ansiedade tarja preta, vendido apenas com retenção de receita se torna o segundo medicamento mais consumido no Brasil. Esse remédio é o velho Rivotril,que tem 35 anos de mercado, mas nos últimos cinco escalou rapidamente o rankingdos mais vendidos até chegar ao segundo lugar. Em 2008, os brasileiros compraram nas farmácias 14 milhões de caixinhas do ansiolítico (o campeão de vendas é o anticoncepcional Microvlar, com 20 milhões de unidades). O Rivotril bate remédios de uso corriqueiro, segundo o IMS Health, instituto que audita aindústria farmacêutica.
Vende mais que a pomada contra assaduras Hipoglós, o analgésico Tylenol e outros produtos que os consumidores colocam na cestinha sem saber se algum dia vão usar. O sucesso espetacular do Rivotril no Brasil não ocorre com outros medicamentos da mesma categoria. A classe dos tranquilizantes é a sétima mais vendida no país vende menos que anticoncepcionais, analgésicos, antirreumáticos e outros tipos de remédio. A clara preferência pelo Rivotril é um fenômeno brasileiro, que não se repete em outros países. A escalada desse ansiolítico na lista dos mais vendidos sugere que a população em sofrimento psíquico pode ser maior do que se imagina.Transtornos de ansiedade e depressão são comuns nas grandes cidades,castigadas pela violência, pelo trânsito e pelo desemprego. Mas a pesquisa São Paulo Megacity, uma parceria do Hospital das Clínicas de São Paulo com a Organização Mundial da Saúde, revela que cerca de 40% dos moradores da região metropolitana sofre de algum tipo de transtorno psiquiátrico. É um porcentual que os próprios psiquiatras consideram assustador e que depõe frontalmente contra a imagem de nação feliz que os estrangeiros e nós mesmos, brasileiros, gostamos de cultuar. O segundo problema que leva à indicação excessiva do Rivotril é a precariedade do atendimento de saúde brasileiro, sobretudo de saúde mental. Há falta de psiquiatras no país. Consequentemente, as pessoas não recebem diagnóstico correto e não têm tratamento adequado de seus problemas. Quando o paciente chega ao consultório com enxaqueca, gastrite ou qualquer outra queixa que possa ter alguma relação com ansiedade, frequentemente ganha uma receitade Rivotril. Os médicos fazem isso porque o remédio é barato (a caixinha mais cara custa R$ 13), antigo e seguro, diz Luiz Alberto Hetem, vice-presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria. Mas ele pode mascarar quadros mais graves. O ansiolítico acalma e atenua a ansiedade, mas os problemas subjacentes não são diagnosticados. Grande parte das pessoas nem sequer sofre de ansiedade. A depressão é muito comum, afirma a psiquiatra Mônica Magadouro. Mas o atendimento é tão precário que nem se nota a diferença. O terceiro fator que contribui para a venda de Rivotril é o que o psicanalista Plínio Montagna chama de glamorização do ato de medicar-se. No passado havia preconceito contra os remédios psiquiátricos. Recentemente, houve uma guinada cultural e eles passaram a ser vistos como resposta a todos os problemas da existência. Os médicos (sobretudo os que não são psiquiatras) receitam remédios psiquiátricos com total desenvoltura. Da parte dos pacientes, também existe a expectativa de que isso aconteça.Todos têm pressa. Emoções normais e importantes para a mente, como tristeza ou ansiedade em situação de perigo, são eliminadas porque incomodam, diz Montagna, que é presidente da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo. Questões existenciais são tratadas como sintomas médico-psiquiátricos, com a colaboração de uma avassaladora quantidade de dólares gastos em publicidade pela indústria farmacêutica. É frequente eu receber para tratamento pacientes com dosagens excessivas de medicação ou coquetéis de diversas substâncias, sem que os aspectos psicológicos tenham sido levados em consideração, afirma o psicanalista, que também é formado em psiquiatria. Por trás da precariedade do sistema de saúde e do modismo da medicação, existe a crescente incapacidade das pessoas e dos médicos em conviver com um dos sentimentos mais enraizados da psique humana, a ansiedade. Ela está lá desde os primórdios do homem, associada a temores e ameaças indefiníveis. Embora desagradável, é um dos motores da existência. Faz parte da nossa constituição evolutiva. Ela é um estado de alerta, um estímulo para produzir. O contrário da ansiedade é a apatia, diz o psicanalista Eduardo Boralli Rocha. Totalmente diferente dessa ansiedade benigna é a combinação explosiva de urgência, competição e sentimento de exclusão que caracteriza o nosso tempo. As pessoas sentem que em algum lugar está havendo uma festa para a qual elas não foram convidadas e têm de correr atrás, diz Boralli. Sigmund Freud, o criador da psicanálise, dizia que a ansiedade era o sintoma de algo que não estava bem resolvido interiormente. Ele diferenciava entre a ansiedade produzida por uma situação externa real e aquela imaginada ou brutalmente amplificada por nossos medos interiores. A primeira não deveria ser medicada, mas ela tornou-se tão presente, tão avassaladora, que é isso que tem sido feito, em larga escala. Um exemplo está na coleção de propagandas de ansiolíticos acumulada pelo professor Elisaldo Carlini, coordenador do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid) da Universidade Federal de São Paulo. São folhetos promocionais que os laboratórios deixam nos consultórios médicos. Um deles mostra uma mulher com um largo sorriso depois de tomar um remédio que corrigiu a ansiedade gerada por três bilhetes recebidos ao mesmo tempo: um do marido, avisando que chegará tarde para o jantar; outro do filho, dizendo que vai trazer o time de basquete para o lanche; e o terceiro da empregada, avisando que faltou ao trabalho porque foi a um posto de saúde. Viver dá ansiedade, mas criou-se a cultura de que problemas cotidianos devem ser enfrentados com remédios, diz Carlini. As mulheres, principalmente, aprendem que precisam ser magrinhas e calminhas. Quando indicado segundo os melhores critérios, o Rivotril pode ser bastante útil no tratamento da ansiedade generalizada. O paciente vive angustiado, preocupado, nervoso. Dorme mal, não se concentra e se irrita por qualquer coisa. Sozinho, no entanto, o remédio não resolve o problema. O tratamento depende também do uso de outros recursos, como antidepressivos, psicoterapia e atividade física. O mesmo vale para o tratamento de outros transtornos, como síndrome do pânico, fobias e transtorno obsessivo-compulsivo (TOC). Enquanto os antidepressivos demoram cerca de duas semanas para começar a agir, o Rivotril age rápido, assim como outros ansiolíticos (Lexotan, Valium, Frontaletc.). A função desses remédios é ser uma ponte temporária até o início da ação dos antidepressivos. Ou um apoio. A síndrome do pânico, por exemplo,é tratada com antidepressivos. Quando o paciente enfrenta situações que podem provocar recaídas, é comum que o médico recomende que tenha o Rivotril sempre à mão. Esses remédios, no entanto, não devem ser usados por muito tempo e sem rigoroso acompanhamento médico. Eles podem causar dependência. Há pessoas que desenvolvem dependência em cinco anos. Outras se viciam em menos de 30 dias. Podem ocorrer crises de abstinência com a interrupção da droga. Os sintomas mais comuns são insônia, irritabilidade excessiva e tremores. Não há dose segura contra o vício. Rivotril não deve ser remédio de uso contínuo. Deve ser reservado para as crises agudas e usado por no máximo seis semanas, diz o psiquiatra Joel Rennó Jr., coordenador do Projeto de Saúde Mental da Mulher doHospital das Clínicas, em São Paulo. Na prática, muitos pacientes recebem a receita de Rivotril e passam meses sem ser vistos por um médico. Quando voltam a consultar um profissional de qualquer especialidade, dizem que o anterior receitou o remédio e se sentiram bem. Acabam saindo do consultório com uma nova receita. A professora gaúcha Carmen Paula Pinto, de 40 anos, toma Rivotril há cinco,como parte do tratamento de transtorno bipolar. Reclama de efeitos colaterais como sonolência e boca seca. Mas o que mais a incomoda é o enfraquecimento da memória. Quando leio um livro, muitas vezes tenho de voltar à mesma frase, ao mesmo parágrafo. Uma vez até cheguei a esquecer o que havia almoçado, diz. Há três anos, decidiu parar de tomar o remédio por conta própria. Sentiu sintomas de abstinência, como tontura e falta de equilíbrio. Depois de alguns meses, decidiu voltar ao remédio. Estou conformada em ter de depender doremédio por um bom tempo ou até para sempre. Carmen é acompanhada por um psiquiatra e compra o remédio de acordo com a orientação dele. Uma parcela dos consumidores chega ao remédio por meio deoutros expedientes. Muita gente consegue adquirir ansiolítico pela internet ou compra receitas em consultórios de quinta categoria, afirma Rennó Jr. Em uma das pesquisas coordenadas por Elisaldo Carlini, do Cebrid, descobriu-se que um único médico fez mais de 7 mil prescrições de ansiolítico por ano. Houve casos também de falsificação dos receituários. As receitas que ficavam retidas nas farmácias continham o mesmo número de série ou o CRM de médicos mortos ou inexistentes. Formas ilícitas de acesso ao remédio alimentam o uso recreativo de Rivotril. Ele virou um clássico nas baladas entre jovens que o misturam com ecstasy ou álcool. Há várias comunidades no site de relacionamento Orkut criadas por usuários dessa combinação. O Rivotril potencializa a função do álcool. Em doses excessivas, a mistura pode levar ao coma. Há outro tipo de uso, associado ao ecstasy e à cocaína, drogas que deixam as pessoas ansiosas. Elas tomam Rivotril para tentar neutralizar esse efeito. Segundo os especialistas, não adianta. Por trás do crescimento das vendas do Rivotril há uma história de marketing que merece ser contada. Até 1999, o remédio era promovido entre os médicos apenas como um anticonvulsivante. Era um mercado restrito. Nos últimos anos, surgiram estudos que comprovaram que ele funcionava contra a ansiedade. O fabricante passou a divulgar essa aplicação entre psiquiatras, cardiologistas, neurologistas, geriatras etc. O sucesso do Rivotril é decorrência do aumentodos casos de transtornos psiquiátricos e do perfil único do nosso produto: ele é seguro, eficaz e muito barato, diz Carlos Simões, gerente da área de produtos de neurociência e dermatologia da Roche. E o baixo preço protege o produto. O Rivotril é 600% mais barato que o seu principal concorrente, oFrontal, da Pfizer. Outra característica ajuda a explicar por que ele vende tanto. É o único de sua categoria disponível também na apresentação sublingual gotas que agem rápido se colocadas embaixo da língua. Na casa da aposentada Ecleide Moreira Rodrigues, de 60 anos, não pode faltar Rivotril. Ele é usado com duas finalidades distintas: o filho de Ecleide sofre de epilepsia e não fica sem o remédio. Há um ano, ela também virou adepta do medicamento. Não consegue dormir sem ele. Descobriu que a causa da insônia eraestresse e depressão. Chegou a fazer psicoterapia e percebeu que passou a dormir melhor. Mas parou antes de receber alta. Por relaxo, diz ela. Em casos como o de Ecleide, a psicoterapia pode dar ótimos resultados. Mas não costuma ser um percurso fácil. Para vencer a ansiedade não basta recorrer a umas gotinhas de Rivotril a cada crise. É preciso reorganizar a vida.
- Os riscos da tranquilidade em comprimidos:
Os efeitos dos ansiolíticos mais vendidos, conhecidos como benzodiazepínicos:
O QUE ELES FAZEM: Inibem algumas funções do sistema nervoso, causando relaxamento muscular,sonolência e diminuição da ansiedade.
PARA QUE SERVEM: Estimulam a ação de um ácido (conhecido como gaba) no cérebro. Ele inibe aativação de áreas relacionadas ao medo e à ansiedade.
QUANDO DEVEM SER USADOS: Com outros remédios, são indicados para tratar vários transtornos mentais. Não são recomendados para aplacar tensões do cotidiano.
QUAIS SÃO OS EFEITOS COLATERAIS: Sonolência excessiva e diminuição da coordenação motora. Podem ocorrer dificuldades no processo da aprendizagem e da memorização.
CAUSAM DEPENDÊNCIA? Sim. Algumas pessoas desenvolvem dependência em cinco anos. Outras se viciamem menos de 30 dias. Podem ocorrer crises de abstinência.
COMO EVITAR A DEPENDÊNCIA? Não há dose segura contra o vício. Quanto menor a dose, menor aprobabilidade de o paciente desenvolver."

Fonte: REVISTA ÉPOCA 23/02/2009

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Direitos das pessoas com síndrome de Down, conheça-os



Há algumas semanas, o blog Direito de Todos foi convidado pelo Projeto VIP – ser Down é tão normal como você – a escrever sobre os direitos das pessoas com síndrome de Down. É com enorme felicidade que passamos a discorrer sobre o tema com o objetivo de esclarecer algumas dúvidas acerca do tema.
Primeiramente, importante destacar que o art. 1º, III, da Constituição Federal (CF) consagra o princípio da dignidade da pessoa humana, o qual é importantíssimo para todos os brasileiros, inclusive as pessoas com síndrome de Down, pois é com base nele que vários dispositivos legais foram criados.
Ainda entre os princípios fundamentais listados pela CF, podemos observar o art. 3º, IV, também de suma importância para a construção dos direitos das pessoas com síndrome de Down: “Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: […] IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”.
Passando para a legislação infraconstitucional, pode ser citada como uma das principais leis protetoras dos direitos das pessoas com síndrome de Down (ou de qualquer tipo de deficiência), a Lei nº 7.853/89, a qual, entre outros direitos, assegura: a inclusão de qualquer portador de deficiência no sistema educacional; a oferta obrigatória e gratuita, da Educação Especial em estabelecimento público de ensino; entre outros.
No que se refere à saúde, a mesma lei assegura a promoção de ações preventivas; a garantia de atendimento domiciliar de saúde ao deficiente grave não internado; etc. Na área de formação profissional e do trabalho, a promoção de ações eficazes que propiciem a inserção, nos setores públicos e privado, de pessoas portadoras de deficiência.
A mesma lei criminaliza alguns atos de desrespeito aos direitos das pessoas com síndrome de Down. Podemos citar como exemplo o art. 8º, I: “Art. 8. Constitui crime punível com reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa: I – recusar, suspender, procrastinar, cancelar ou fazer cessar, sem justa causa, a inscrição de aluno em estabelecimento de ensino de qualquer curso ou grau, público ou privado, por motivos derivados da deficiência que porta”.
A Lei nº 7.853/89 é longa, por isso recomendamos a sua leitura integral clicando aqui.
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) não fica para trás, assegurando à criança e ao adolescente portador de qualquer deficiência, atendimento especializado na área de saúde (art. 11, § 1º) e atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência (art. 54).
Existem também outras leis que asseguram Políticas Públicas voltadas aos portadores de deficiência. Podem ser citadas entre elas as seguintes normas: Decreto nº 3.298/99Decreto nº 3.956/2001Decreto 6.949/2009Lei 11.958/2009 e Decreto 6.980/2009. Você pode ver cada uma delas clicando no respectivo link.
Já vimos aqui no blog Direito de Todos a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), que concede o Benefício de Prestação Continuada (BPC) ao idoso e ao deficiente de baixa renda. Entenda melhor sobre a LOAS clicando aqui. Caso a pessoa com síndrome de Down cumpra os requisitos para a obtenção do benefício, este será mais um dos direitos das pessoas com síndrome de Down.
A pessoa com síndrome de Down que fizer parte de família de baixa renda tem direito ao Passe Livre para o transporte interestadual, conforme determina a Lei 8.899/94, ou seja, não precisa pagar passagem em viagens interestaduais.
Também é um dos direitos da pessoa com síndrome de Down, a isenção de IPI/IOF/ICMS na compra de carro. Para o IPI, o automóvel deve ser de fabricação nacional, classificado na posição 87.03 da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados (Tipi). O direito pode ser exercido uma vez a cada dois anos. A isenção do IOF é válida na compra de carros de potência bruta de até 127 HP e fabricação nacional; a isenção do IOF pode ser utilizada apenas uma vez e depende de habilitação do requerente para guiar veículo com adaptações especiais. A isenção do ICMS poderá ser utilizada apenas se o automóvel tiver valor sugerido de até R$ 70.000,00 (setenta mil reais).
No que se refere à proteção do trabalho da pessoa com síndrome de Down, a Lei 8.213/91, por meio de seu art. 93, obriga as empresas com cem ou mais empregados a preencherem parte de seu quadro de funcionários com pessoas com deficiência, da seguinte forma: de 100 a 200 empregados (2%); de 201 a 500 empregados (3%); de 501 a 1.000 empregados (4%); e de 1.000 em diante (5%).
Após este apanhando geral sobre grande parte da legislação nacional a respeito dos direitos das pessoas com síndrome de Down, podemos observar que já existem diversos dispositivos que visam proteger e incluir na sociedade estes seres humanos tão especiais.
Caso você conheça alguém que esteja tendo os seus direitos desrespeitados, procure um advogado, a Defensoria Pública ou o Ministério Público de sua cidade para que estes operadores do Direito lhe ajudem a colocar em prática os direitos das pessoas com síndrome de Down, afinal, como diz o Projeto VIP – ser Down é tão normal como você.
Conheça melhor o Projeto VIP – ser Down é tão normal como você – acessando a sua página no facebook:

sábado, 16 de dezembro de 2017

O Jardim da Praça dos Tupinambás

O Jardim da Praça Padre Mateus

O Jardim da Praça Padre Mateus



(evangelista da silva)




Era um jardim de arquitetura francesa e cheio de flores...
Tinha um arco apoteótico a receber os românticos ...
Os Tupinambás remanescentes e os mestiçados em paixão...
Assim todos a ele acorriam para respirar àquela praça...

E lá, na antiga praça onde um barracão em lama fétida...
Recebia o seu povo para comprar alimentos contaminados
Em meio a uma podridão factual e administrativa dos anos 60...
Não era um jardim... era um barracão lambido de merda...

Hoje, acordo com saudade a recordar-me de uma noite...
Fazia-se madrugada e lá estava eu e Ery músico trompetista.
Naquela noite fazíamos uma seresta ao som Haydiniano
Casado com um romantismo sem igual em noite de seresta...

Ery, embora desarrumada a mente... se nos convencia a gente
A se lhe declinar à alma e vislumbrar o som inquietante do seu
Amável Trumpet que fizera Kito – o violonista clássico inquieto...
Lá do sobrado de sua casa vir a contemplar a musicalidade do

Imortal poeta da música esquecido em mais uma madrugada
No jardim da praça dos Paiaiás... Era noite bela, e azul, e iluminada...
A lua boiava por todo o jardim ontem esplêndido e hoje morto...
Desfeito e projetado para uma espécie de Cracolândia da Praça...

Da Praça do Padre Mateus Vieira de Azevedo tortuosa e nua...
Assim fizeram do nosso jardim dos amores e encontros, - terrores...
Ao modificarem a sua arquitetura e edificando barracas de cachaça...
Hoje, todas às vezes que passo na praça, recordo-me aquele jardim.

A planta poeticamente em versos traçada por um arquiteto francês...
Aqui fora presenteada pelo eminente filho desta amada terra, -
Dr. Gorgônio José de Araújo Neto que, por certo, é capaz de ao recordar...
Tremer e chorar ao presenciar o crime praticado por um tal prefeito.

Dentre os vários crimes perpetrados pelo forasteirismo animal...
A destruição do nosso patrimônio de beleza sem igual se foi...
Restando a estupidez e aberração de uma obra cuspida com lama...
Para satisfazer a cupidez do forasteirismo cruel, covarde e antipoético...

Santo Antônio de Jesus, 10 de setembro de 2015, às 2h 42min.

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

O Amor e O Ódio

(evangelista da silva)


Se se nega o Amor
Nasce a infelicidade de ser!

Se o Amor zomba do ser
Eis que brota do mais profundo
Do mais íntimo dos sentimentos
Um Monstro furioso que ataca e mata!

E em uma explosão de dor que sangra!
Faz-se ver àquilo que foi Amor
Ódio em fúria responder.

E nesse descompasso o pensamento cobra
E a voz do espírito clama e implora por Amor
Mas o Amor é impiedoso, irado e frio.

Nasce a vingança!



quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

José (Carlos Drummond de Andrade)


Carlos Drummond de Andrade


E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio - e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?

Soneto 71 - William Shakespeare

Soneto 71 - William Shakespeare

Quando eu morrer não chores mais por mim
Do que hás de ouvir triste sino a dobrar
Dizendo ao mundo que eu fugi enfim
Do mundo vil pra com os vermes morar.

E nem relembres, se estes versos leres,
A mão que os escreveu, pois te amo tanto
Que prefiro ver de mim te esqueceres
Do que o lembrar-me te levar ao pranto.

Se leres estas linhas, eu proclamo,
Quando eu, talvez, ao pó tenha voltado,
Nem tentes relembrar como me chamo:

Que fique o amor, como a vida, acabado.
Para que o sábio, olhando a tua dor,
Do amor não ria, depois que eu me for.

Soneto 73 - William Shakespeare

Soneto 73 - William Shakespeare

Em mim tu vês a época do estio
Na qual as folhas pendem, amarelas,
De ramos que se agitam contra o frio,
Coros onde cantaram aves belas.

Tu me vês no ocaso de um tal dia
Depois que o Sol no poente se enterra,
Quando depois que a noite o esvazia,
O outro eu da morte sela a terra.

Em mim tu vês só o brilho da pira
Que nas cinzas de sua juventude
Como em leito de morte agora expira

Comido pelo que lhe deu saúde.
Visto isso, tens mais força para amar
E amar muito o que em breve vais deixar.

Soneto 107 - William Shakespeare

Soneto 107 - William Shakespeare

Medos, nem alma capaz de prever
Os sonhos de porvir do mundo inteiro,
Podem o meu amor circunscrever,
Nem dar-lhe fado triste por certeiro.

A Lua seu eclipse superou,
Os agourentos de si podem rir,
A incerteza agora se firmou,
A paz proclama olivas no porvir.

Com o orvalho dos tempos refrescado
O meu amor a própria morte prende
E em meus versos vivo consagrado,

Enquanto as tribos mudas ela ofende.
Aqui encontrarás teu monumento,
E o bronze dos tiranos vai com o vento.

Soneto 28 - William Shakespeare

Soneto 28 - William Shakespeare

Como voltar alegre ao meu labor
Se não tenho a vantagem da dormida?
Se o dia tem na noite um opressor,
E a noite pelo dia é oprimida?

Mesmo inimigos ambos se mostrando,
Os dois se unem pra me torturar;
Por meu labor de ti só me afastar.

Que tu brilhas por ele eu digo ao dia,
E o alegras, se o céu fica nublado.
Mas bajulo da noite a tez sombria:

Sem astros, tu lhe dás teu tom dourado.
Mas os dias só trazem dissabores,
E as noites fortalecem minhas dores.