Boulos é diagnosticado com Covid; debate na Globo é cancelado
Segundo
nota da campanha, ele não apresenta qualquer sintoma da doença. 'Diante
do resultado positivo, Guilherme Boulos irá cumprir o protocolo de
quarentena pelo período necessário', diz nota. Regras assinadas entre a
Globo e os partidos preveem o cancelamento do debate em caso de
problemas de saúde de um dos participantes.
Por G1 SP
Guilherme Boulos testa positivo para Covid-19
O candidato à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL), foi
diagnosticado com Covid-19 nesta sexta-feira (27). Segundo nota da
campanha, ele não apresenta qualquer sintoma da doença e vai seguir em quarentena pelo período necessário.
Boulos participaria do debate da Globo na noite desta sexta ao lado do seu oponente no segundo turno, Bruno Covas (PSDB).
Pelas regras acordadas e assinadas pelos dois candidatos, o encontro só poderia ocorrer de forma presencial e, por isso, a emissora cancelou o debate.
As
campanhas dos dois candidatos assinaram documento, protocolado no TRE,
que trazia a seguinte regra: "O debate eleitoral só será realizado de
forma presencial, não se admitindo, em nenhuma circunstância, o uso de meios virtuais para realizá-lo."
A Globo divulgou nota na tarde desta sexta: "Seguindo as regras
acordadas com os partidos, que preveem o cancelamento do debate em caso
de problemas de saúde de um dos participantes, a TV Globo cancelou o
evento entre candidatos à Prefeitura de São Paulo, que seria realizado
hoje à noite, após Guilherme Boulos (PSOL) ter comunicado que testou
positivo para COVID-19.
Com isso, a TV Globo reexibirá para São Paulo o 'Globo Repórter' com a
viagem de Glória Maria a Macau, na China. No Rio de Janeiro e em Recife,
os debates entre os candidatos que chegaram ao segundo turno nas
respectivas cidades estão mantidos", diz a emissora.
O candidato do PSOL à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos, se
encontra com um grupo de mulheres da periferia em Itaquera, na Zona
Leste da capital paulista. — Foto: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO CONTEÚDO
Em sua conta no Twitter, Covas diz que recebeu a notícia do teste
positivo de seu adversário e desejou boa recuperação. "Acabamos de
receber a notícia que Guilherme Boulos testou positivo para Covid-19.
Pelo que fomos informados, está sem sintomas. Desejamos pronta
recuperação ao candidato".
O candidato do PSOL fez o teste para o coronavírus porque, na
segunda-feira (23), a campanha foi informada que a deputada Sâmia
Bonfim, também do PSOL, que esteve com ele em agenda pública na semana
passada, havia testado positivo.
"No encontro, Boulos e Sâmia seguiram todas as medidas sanitárias
recomendadas, como uso de máscaras e álcool em gel", diz a nota.
A assessoria diz ainda que o candidato suspendeu as agendas de rua
nessa última semana de campanha. "Seguindo as orientações do Ministério
da Saúde, Guilherme Boulos suspendeu as atividades de rua, dedicou-se a
agendas em locais reservados e com público restrito, sempre resguardando
as recomendações sanitárias, e fez o teste RT-PCR", diz o texto.
"Diante
do resultado positivo, Guilherme Boulos irá cumprir o protocolo de
quarentena pelo período necessário. Toda a equipe que trabalha na
campanha e que tem contato próximo com o candidato será testado a partir
de agora", diz a nota.
Com isso, Boulos não votará nas eleições no domingo (29), segundo sua assessoria de imprensa.
Em suas contas nas redes sociais, Boulos reafirmou que mesmo sem
sintomas, está em isolamento. Também pediu que as pessoas "se cuidem e
virem votos até domingo".
Nota campanha Boulos
"Comunicamos que o candidato Guilherme Boulos testou positivo para
Covid-19 na tarde desta sexta-feira, mesmo sem apresentar qualquer
sintoma da doença.
Na segunda-feira, a campanha foi informada de que a deputada Sâmia
Bonfim, do PSOL, que esteve em uma agenda pública da campanha na
sexta-feira passada, havia testado positivo. No encontro, Boulos e Sâmia
seguiram todas as medidas sanitárias recomendadas, como uso de máscaras
e álcool em gel.
Seguindo as orientações do Ministério da Saúde, Guilherme Boulos
suspendeu as atividades de rua, dedicou-se a agendas em locais
reservados e com público restrito, sempre resguardando as recomendações
sanitárias, e fez o teste RT-PCR.
Diante do resultado positivo, Guilherme Boulos irá cumprir o protocolo
de quarentena pelo período necessário. Toda a equipe que trabalha na
campanha e que tem contato próximo com o candidato será testado a partir
de agora.
O candidato reforça a preocupação que tem afirmado nos últimos dias
sobre os indícios de uma segunda onda da pandemia, até aqui
negligenciada pelos governos estadual e municipal, responsáveis pela
aplicação das medidas
A campanha seguirá atuante nesta reta final para apresentar o projeto
de mudança que São Paulo precisa e fazer a esperança que a gente vê nas
ruas desaguar numa vitória no próximo domingo."
Nota Globo
"Seguindo as regras acordadas com os partidos, que preveem o
cancelamento do debate em caso de problemas de saúde de um dos
participantes, a TV Globo cancelou o evento entre candidatos à
Prefeitura de São Paulo, que seria realizado hoje à noite, após
Guilherme Boulos (PSOL) ter comunicado que testou positivo para
COVID-19.
Com isso, a TV Globo reexibirá para São Paulo o 'Globo Repórter' com a
viagem de Glória Maria a Macau, na China. No Rio de Janeiro e em Recife,
os debates entre os candidatos que chegaram ao segundo turno nas
respectivas cidades estão mantidos", diz nota da emissora.
Quando você morre, sua mente continua funcionando, e você sabe que morreu
Estudo realizado pela Langone School of
Medicine, de Nova York, afirma que a pessoa continua consciente mesmo
depois que o corpo não mostra mais nenhum sinal de vida
Você
está deitado em uma cama de hospital e ouve o médico anunciar: “Horário
da morte: 15h.” Segundo cientistas do departamento de Cuidados
Intensivos e Ressuscitação da Langone School of Medicine, a cena é
totalmente possível.
Um estudo conduzido por Sam Parnia, diretor
do departamento, afirma que as pessoas sabem que estão mortas porque a
sua consciência continua a funcionar mesmo depois que o corpo não mostra
sinais de vida.
Parnia e seu time analisaram o comportamento de
pacientes que sofreram ataque do coração, morreram tecnicamente, mas
mais tarde foram reanimados. Esse é o estudo mais completo já feito
sobre o assunto, que já rendeu até filme em Hollywood (Linha Mortal, de 1990, e a refilmagem Além da Morte, de 2017).
Alguns
dos pacientes estudados afirmaram que, mesmo depois de ouvir o anúncio
de sua morte, continuaram a escutar conversas e ver coisas que estavam
acontecendo a sua volta. Mais tarde, os depoimentos foram comparados com
a versão dos médicos e enfermeiras presentes, e todos os dados batiam.
A
morte é definida como o ponto em que o coração não bate mais, e o fluxo
de sangue para o coração é interrompido. “Tecnicamente, é como você
obtém o horário da morte. Tudo é baseado no momento em que o coração
para”, disse Parnia ao The Independent.
“Assim que isso acontece, o sangue não circula mais no cérebro, o que
significa que as funções cerebrais são interrompidas quase
instantaneamente, e você perde todos os seus reflexos.”
Mas
há evidências de que, quando a pessoa morre, acontece uma descarga de
energia no cérebro. Em 2013, pesquisadores da Universidade de Michigan
observaram atividades elétricas nos cérebros de ratos que haviam sofrido
um ataque do coração induzido, mesmo depois de sua morte clínica.
“Da
mesma maneira que um grupo de pesquisadores pode estudar a natureza do
amor, estamos tentando entender as características exatas do que as
pessoas experimentam quando experimentam a morte. Entendemos que esse
estudo vai refletir a experiência universal que todos nós vamos ter
quando morrermos.”
Poucos filósofos na história foram tão ilegíveis e secos quanto Immanuel Kant. No entanto, poucos tiveram um impacto mais devastador no pensamento humano.
O dedicado servo de Kant, Lampe, disse ter lido fielmente cada coisa
que seu mestre publicou, mas quando Kant publicou seu trabalho mais
importante, “A crítica da tazão pura”, Lampe começou, mas não terminou
porque, ele disse, se fosse terminá-lo, teria que estar em um hospital
psiquiátrico. Muitos estudantes desde então têm ecoado seus sentimentos.
No entanto, este professor abstrato, escrevendo em estilo abstrato
sobre questões abstratas é, creio eu, a principal fonte da ideia atual
que põe a fé (e, portanto, as almas) em risco mais do que qualquer
outra; A idéia de que a verdade é subjetiva.
Os cidadãos simples de sua nativa Königsberg, na Alemanha, onde
morava e escreveu na segunda metade do século 18, entenderam isso melhor
do que os estudiosos profissionais, pois apelidaram Kant “o Destruidor”
e deram o nome dele a seus cães.
Ele era um homem de bom humor, doce e piedoso, tão pontual que seus
vizinhos acertavam seus relógios por sua caminhada diária. A intenção
básica de sua filosofia era nobre: restaurar a dignidade humana em
meio a um mundo cético que adora a ciência.
Esta intenção torna-se clara através de uma única anedota. Kant
estava participando de uma palestra de um astrônomo materialista sobre o
tema do lugar do homem no universo. O astrônomo concluiu sua palestra
com: “Então você vê que astronomicamente falando, o homem é totalmente
insignificante”. Kant respondeu: “Professor, você esqueceu o mais
importante, o homem é o astrônomo”.
Kant, mais do que qualquer outro pensador, deu um ímpeto à mudança
tipicamente moderna do objetivo para o subjetivo. Isso pode soar bem até
percebermos que significava para ele a redefinição da própria verdade
como subjetiva. E as consequências desta ideia foram catastróficas.
Se alguma vez conversamos sobre nossa fé com os incrédulos, sabemos
por experiência própria que o obstáculo mais comum à fé de hoje não é
qualquer dificuldade intelectual honesta, como o problema do mal ou o
dogma da trindade, mas a suposição de que a religião não pode tratar com
fatos e verdade objetiva; Que qualquer tentativa de convencer a outra
pessoa de que sua fé é verdadeira – objetivamente verdadeira, verdadeira
para todos – é uma arrogância impensável.
O negócio da religião, de acordo com essa mentalidade, é prática e
não teoria; Valores, não fatos; Algo subjetivo e privado, não objetivo e
público. Dogma é um “extra”, e um mau extra nisso, pois o dogma promove
o dogmatismo. A religião, em suma, é igual à ética. E uma vez que a
ética cristã é muito semelhante à ética da maioria das outras religiões
principais, não importa se você é cristão ou não; Tudo o que importa é
se você é uma “boa pessoa”. (As pessoas que acreditam nisso também
geralmente acreditam que quase todos, exceto Adolf Hitler e Charles
Manson, são uma “boa pessoa”.)
Kant é o principal responsável por essa maneira de pensar. Ele ajudou
a enterrar a síntese medieval da fé e da razão. Ele descreveu sua
filosofia como “eliminando as pretensões da razão para abrir espaço para
a fé” – como se a fé e a razão fossem inimigas e não aliadas. Em Kant, o
divórcio de Lutero entre fé e razão torna-se finalizado.
Kant pensou que a religião nunca poderia ser uma questão de razão,
evidência ou argumento, ou mesmo uma questão de conhecimento, mas uma
questão de sentimento, motivação e atitude. Esta suposição influenciou
profundamente as mentes da maioria dos educadores religiosos (por
exemplo, escritores de catecismo e departamentos de teologia) hoje, que
desviaram sua atenção dos simples “ossos nus” da fé, os fatos objetivos
narrados nas Escrituras e resumidos nos credos dos Apóstolos. Eles se
divorciaram da fé do motivo e se casaram com a psicologia do pop, porque
eles compraram a filosofia de Kant.
“Duas coisas me enchem de admiração”, Kant confessou: “o céu
estrelado acima e a lei moral dentro de mim”. O que um homem pergunta
sobre o que preenche seu coração e dirige seu pensamento. Note que Kant
se pergunta apenas duas coisas: não Deus, nem Cristo, nem Criação,
Encarnação, Ressurreição e Juízo, mas “o céu estrelado acima e a lei
moral dentro de mim”. “O céu estrelado acima” é o universo físico
conhecido pelas ciências modernas. Kant relega tudo para a
subjetividade. A lei moral não está “fora” mas “dentro de mim”, não
objetiva mas subjetiva, não uma Lei Natural de direitos e erros
objetivos que vem de Deus, mas uma lei artificial feita pela qual
decidimos nos unir. (Mas se nos ligarmos, estamos realmente vinculados?)
A moralidade é apenas uma questão de intenção subjetiva.
Se a lei moral veio de Deus e não do homem, argumenta Kant, então o
homem não seria livre no sentido de ser autônomo. Isso é verdade, Kant
então prossegue argumentando que o homem deve ser autônomo e, portanto, a
lei moral não vem de Deus, mas do homem. A Igreja argumenta a partir da
mesma premissa de que a lei moral, de fato, vem de Deus e, portanto, o
homem não é autônomo. Ele é livre para escolher obedecer ou desobedecer a
lei moral, mas ele não é livre para criar a própria lei.
Embora Kant pensasse em si mesmo como um cristão, ele negou
explicitamente que possamos saber que existe realmente (1) Deus, (2)
livre arbítrio e (3) imoralidade. Ele disse que devemos viver como se
essas três idéias fossem verdadeiras porque, se acreditarmos, levaremos a
moral a sério, e se não o fizermos, não vamos. É essa justificativa de
crença por razões puramente práticas que é um erro terrível. Kant
acredita em Deus não porque é verdade, mas porque é útil. Por que não
acreditar em Papai Noel então? Se eu fosse Deus, eu preferiria um ateu
honesto sobre um teólogo desonesto, e Kant é para mim um teólogo
desonesto, porque há apenas uma razão honesta para acreditar em qualquer
coisa: porque é verdade.
Aqueles que tentam vender a fé cristã no sentido kantiano, como um
“sistema de valores” e não como a verdade, estão falhando por gerações.
Com tantos “sistemas de valores” concorrentes no mercado, por que alguém
deveria preferir a variação cristã a pessoas mais simples com menos
bagagem teológica e mais fáceis com menos exigências morais
inconvenientes?
Kant desistiu da batalha, de fato, recuando do campo de batalha de
fato. Ele acreditava no grande mito do “Iluminismo” do século XVIII: que
a ciência newtoniana estava aqui para ficar e que o cristianismo, para
sobreviver, teve que encontrar um novo lugar na nova paisagem mental
esboçada pela nova ciência. O único lugar restante era a subjetividade.
Isso significava ignorar ou interpretar como mito as reivindicações
sobrenaturais e milagrosas do cristianismo tradicional. A estratégia de
Kant era essencialmente a mesma de Rudolf Bultmann, o pai da
“desmistificação” e o homem que pode ser responsável por mais estudantes
universitários católicos que perdem a fé do que qualquer outra pessoa.
Muitos professores de teologia seguem suas teorias de críticas que
reduzem as afirmações bíblicas de descrição de milagres de testemunhas
oculares para mitos, “valores” e “interpretações piedosas”.
Bultmann disse isso sobre o suposto conflito entre fé e ciência: “A
imagem do mundo científico está aqui para ficar e irá afirmar seu
direito contra qualquer teologia, por mais imponente, que esteja em
conflito com ela”. Ironicamente, essa “imagem de mundo científico” da
física newtoniana que Kant e Bultmann aceitaram como absoluta e imutável
foi hoje quase universalmente rejeitada pelos próprios cientistas!
A questão básica de Kant era: como podemos conhecer a verdade? No
início de sua vida, ele aceitou a resposta do racionalismo, que
conhecemos a verdade pelo intelecto, não pelos sentidos, e que o
intelecto possui suas próprias “idéias inatas”. Então ele leu o
empirista David Hume que, Kant disse, “me despertou do meu sono
dogmático”. Como outros empiristas, Hume acreditava que só podíamos
conhecer a verdade através dos sentidos e que não tínhamos “idéias
inatas”. Mas as ideias de Hume levaram-no à conclusão do ceticismo, a
negação de que podemos conhecer a verdade com certeza. Kant viu o
“dogmatismo” do racionalismo e o ceticismo do empirismo como inaceitável
e procurou uma terceira via.
Havia uma terceira teoria disponível, desde Aristóteles. Era a
filosofia de senso comum do Realismo. De acordo com o Realismo, podemos
conhecer a verdade através do intelecto e dos sentidos se eles apenas
funcionassem corretamente e em paralelo, como duas lâminas de tesoura.
Em vez de retornar ao realismo tradicional, Kant inventou uma nova
teoria do conhecimento, geralmente chamada de idealismo. Ele chamou isso
de sua “revolução copernicana na filosofia”. O termo mais simples para
isso é o subjetivismo. Isso equivale a redefinir a própria verdade como
subjetiva, não objetiva.
Todos os filósofos anteriores haviam assumido que a verdade era
objetiva. Isso é simplesmente o que nós, sensivelmente, significamos
pela “verdade”: saber o que realmente é, conformando a mente à realidade
objetiva. Alguns filósofos (os racionalistas) pensaram que poderíamos
atingir esse objetivo apenas com a razão. Os primeiros empiristas (como
Locke) pensaram que poderíamos alcançá-lo através da sensação. O
empiricista Hume pensou que não poderíamos alcançá-lo com certeza. Kant
negou a suposição comum a todas as três filosofias concorrentes, a
saber, que devemos alcançá-la, que a verdade significa conformidade com a
realidade objetiva.
A “revolução copernicana” de Kant redefine a própria verdade como
realidade conforme as idéias. “Até então, assumiu-se que todo nosso
conhecimento deve estar em conformidade com os objetos …
Kant afirmou que todo nosso conhecimento é subjetivo. Bem, esse
conhecimento é subjetivo? Se assim for, o conhecimento desse fato também
é subjetivo, e assim, somos reduzidos a um infinito corredor de
espelhos. A filosofia de Kant é uma filosofia perfeita para o inferno.
Talvez os condenados coletivamente acreditam que eles não estão
realmente no inferno, está tudo apenas em sua mente. E talvez seja;
Talvez seja isso o que é.
Fonte: http://www.peterkreeft.com/topics-more/pillars_kant.htm Tradução: Emerson de Oliveira acordo com essa mentalidade, é prática e
não teoria; Valores, não fatos; Algo subjetivo e privado, não objetivo e
público. Dogma é um “extra”, e um mau extra nisso, pois o dogma promove
o dogmatismo. A religião, em suma, é igual à ética. E uma vez que a
ética cristã é muito semelhante à ética da maioria das outras religiões
principais, não importa se você é cristão ou não; Tudo o que importa é
se você é uma “boa pessoa”. (As pessoas que acreditam nisso também
geralmente acreditam que quase todos, exceto Adolf Hitler e Charles
Manson, são uma “boa pessoa”.)
Kant é o principal responsável por essa maneira de pensar. Ele ajudou
a enterrar a síntese medieval da fé e da razão. Ele descreveu sua
filosofia como “eliminando as pretensões da razão para abrir espaço para
a fé” – como se a fé e a razão fossem inimigas e não aliadas. Em Kant, o
divórcio de Lutero entre fé e razão torna-se finalizado.
Kant pensou que a religião nunca poderia ser uma questão de razão,
evidência ou argumento, ou mesmo uma questão de conhecimento, mas uma
questão de sentimento, motivação e atitude. Esta suposição influenciou
profundamente as mentes da maioria dos educadores religiosos (por
exemplo, escritores de catecismo e departamentos de teologia) hoje, que
desviaram sua atenção dos simples “ossos nus” da fé, os fatos objetivos
narrados nas Escrituras e resumidos nos credos dos Apóstolos. Eles se
divorciaram da fé do motivo e se casaram com a psicologia do pop, porque
eles compraram a filosofia de Kant.
“Duas coisas me enchem de admiração”, Kant confessou: “o céu
estrelado acima e a lei moral dentro de mim”. O que um homem pergunta
sobre o que preenche seu coração e dirige seu pensamento. Note que Kant
se pergunta apenas duas coisas: não Deus, nem Cristo, nem Criação,
Encarnação, Ressurreição e Juízo, mas “o céu estrelado acima e a lei
moral dentro de mim”. “O céu estrelado acima” é o universo físico
conhecido pelas ciências modernas. Kant relega tudo para a
subjetividade. A lei moral não está “fora” mas “dentro de mim”, não
objetiva mas subjetiva, não uma Lei Natural de direitos e erros
objetivos que vem de Deus, mas uma lei artificial feita pela qual
decidimos nos unir. (Mas se nos ligarmos, estamos realmente vinculados?)
A moralidade é apenas uma questão de intenção subjetiva.
Se a lei moral veio de Deus e não do homem, argumenta Kant, então o
homem não seria livre no sentido de ser autônomo. Isso é verdade, Kant
então prossegue argumentando que o homem deve ser autônomo e, portanto, a
lei moral não vem de Deus, mas do homem. A Igreja argumenta a partir da
mesma premissa de que a lei moral, de fato, vem de Deus e, portanto, o
homem não é autônomo. Ele é livre para escolher obedecer ou desobedecer a
lei moral, mas ele não é livre para criar a própria lei.
Embora Kant pensasse em si mesmo como um cristão, ele negou
explicitamente que possamos saber que existe realmente (1) Deus, (2)
livre arbítrio e (3) imoralidade. Ele disse que devemos viver como se
essas três idéias fossem verdadeiras porque, se acreditarmos, levaremos a
moral a sério, e se não o fizermos, não vamos. É essa justificativa de
crença por razões puramente práticas que é um erro terrível. Kant
acredita em Deus não porque é verdade, mas porque é útil. Por que não
acreditar em Papai Noel então? Se eu fosse Deus, eu preferiria um ateu
honesto sobre um teólogo desonesto, e Kant é para mim um teólogo
desonesto, porque há apenas uma razão honesta para acreditar em qualquer
coisa: porque é verdade.
Aqueles que tentam vender a fé cristã no sentido kantiano, como um
“sistema de valores” e não como a verdade, estão falhando por gerações.
Com tantos “sistemas de valores” concorrentes no mercado, por que alguém
deveria preferir a variação cristã a pessoas mais simples com menos
bagagem teológica e mais fáceis com menos exigências morais
inconvenientes?
Kant desistiu da batalha, de fato, recuando do campo de batalha de
fato. Ele acreditava no grande mito do “Iluminismo” do século XVIII: que
a ciência newtoniana estava aqui para ficar e que o cristianismo, para
sobreviver, teve que encontrar um novo lugar na nova paisagem mental
esboçada pela nova ciência. O único lugar restante era a subjetividade.
Isso significava ignorar ou interpretar como mito as reivindicações
sobrenaturais e milagrosas do cristianismo tradicional. A estratégia de
Kant era essencialmente a mesma de Rudolf Bultmann, o pai da
“desmistificação” e o homem que pode ser responsável por mais estudantes
universitários católicos que perdem a fé do que qualquer outra pessoa.
Muitos professores de teologia seguem suas teorias de críticas que
reduzem as afirmações bíblicas de descrição de milagres de testemunhas
oculares para mitos, “valores” e “interpretações piedosas”.
Bultmann disse isso sobre o suposto conflito entre fé e ciência: “A
imagem do mundo científico está aqui para ficar e irá afirmar seu
direito contra qualquer teologia, por mais imponente, que esteja em
conflito com ela”. Ironicamente, essa “imagem de mundo científico” da
física newtoniana que Kant e Bultmann aceitaram como absoluta e imutável
foi hoje quase universalmente rejeitada pelos próprios cientistas!
A questão básica de Kant era: como podemos conhecer a verdade? No
início de sua vida, ele aceitou a resposta do racionalismo, que
conhecemos a verdade pelo intelecto, não pelos sentidos, e que o
intelecto possui suas próprias “idéias inatas”. Então ele leu o
empirista David Hume que, Kant disse, “me despertou do meu sono
dogmático”. Como outros empiristas, Hume acreditava que só podíamos
conhecer a verdade através dos sentidos e que não tínhamos “idéias
inatas”. Mas as ideias de Hume levaram-no à conclusão do ceticismo, a
negação de que podemos conhecer a verdade com certeza. Kant viu o
“dogmatismo” do racionalismo e o ceticismo do empirismo como inaceitável
e procurou uma terceira via.
Havia uma terceira teoria disponível, desde Aristóteles. Era a
filosofia de senso comum do Realismo. De acordo com o Realismo, podemos
conhecer a verdade através do intelecto e dos sentidos se eles apenas
funcionassem corretamente e em paralelo, como duas lâminas de tesoura.
Em vez de retornar ao realismo tradicional, Kant inventou uma nova
teoria do conhecimento, geralmente chamada de idealismo. Ele chamou isso
de sua “revolução copernicana na filosofia”. O termo mais simples para
isso é o subjetivismo. Isso equivale a redefinir a própria verdade como
subjetiva, não objetiva
Todos os filósofos anteriores haviam assumido que a verdade era
objetiva. Isso é simplesmente o que nós, sensivelmente, significamos
pela “verdade”: saber o que realmente é, conformando a mente à realidade
objetiva. Alguns filósofos (os racionalistas) pensaram que poderíamos
atingir esse objetivo apenas com a razão. Os primeiros empiristas (como
Locke) pensaram que poderíamos alcançá-lo através da sensação. O
empiricista Hume pensou que não poderíamos alcançá-lo com certeza. Kant
negou a suposição comum a todas as três filosofias concorrentes, a
saber, que devemos alcançá-la, que a verdade significa conformidade com a
realidade objetiva.
A “revolução copernicana” de Kant redefine a própria verdade como
realidade conforme as idéias. “Até então, assumiu-se que todo nosso
conhecimento deve estar em conformidade com os objetos …
Kant afirmou que todo nosso conhecimento é subjetivo. Bem, esse
conhecimento é subjetivo? Se assim for, o conhecimento desse fato também
é subjetivo, e assim, somos reduzidos a um infinito corredor de
espelhos. A filosofia de Kant é uma filosofia perfeita para o inferno.
Talvez os condenados coletivamente acreditam que eles não estão
realmente no inferno, está tudo apenas em sua mente. E talvez seja;
Talvez seja isso o que é.
COVID-19 está longe de ser a última pandemia do planeta
Publicação: 8 de outubro de 2020
Será que a nossa experiência com o COVID-19 já mostrou como lidar com futuras pandemias
COVID-19
não será a última pandemia que a humanidade vai enfrentar, mas ainda
não há como saber quando e de onde virá a próxima, nem qual será o
agente causador (vírus, bactéria ou outro micro-organismo)
Os cientistas vêm alertando sobre uma pandemia zoonótica há décadas. E
muitos alertam que haverá mais deles. Mas, afinal, por que elas são
inevitáveis?
O professor do Centro de Segurança Sanitária da Universidade Johns
Hopkins, Dr. Amesh Adalja, especialista em doenças infecciosas
emergentes, preparação para pandemia e biossegurança, explica que o
mundo está repleto de microorganismos e é um fato biológico simples que
as doenças infecciosas continuarão a nos impactar. “Algumas dessas
infecções poderão se espalhar amplamente devido aos padrões e tempos de
viagens, ao surgimento das megacidades e às interações com animais –
essas forças favorecem a ocorrência de pandemias”, enfatiza.
O professor titular do Departamento de Política, Gestão e Saúde da
Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP-USP), Dr.
Fernando Aith, concorda e acrescenta que as pandemias são inevitáveis em
decorrência do fato de que o mundo é interligado. Na medida em que
cresce não só a relação ambiental do Globo, também cresce a
inter-relação entre as pessoas. “Um vírus da China chega ao Brasil em
pouco tempo, e assim novos riscos sanitários globais se espalharão com
cada vez mais rapidez e abrangência. Se os riscos forem letais, pior
ainda”, destaca.
Virologista do Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São
Paulo (IMT USP), a Dra. Camila Malta Romano é categórica ao dizer que
está longe dessa ser a última pandemia e afirma que é apenas uma questão
de “quando” e não de “se” – outra pandemia vai acontecer. “Pandemias
(nível global), embora menos comum do que epidemias (nível local)
ocorrem de vez em quando e temos exemplos passados de situações
esporádicas como a peste bubônica, mais de uma de influenza (gripe
espanhola, asiática, suína etc. Entretanto, parece que ultimamente a
emergência de agentes potencialmente pandêmicos tem sido mais frequente.
Por exemplo, as pandemias de influenza: 1918 – gripe espanhola; 1958-
H2N2; 1968 -H3N2; 2009 -H1N1. SARS, causado por um virus bastante
similar ao atual SARS-COV-2, provocou a primeira epidemia do século 21
(2003) e já naquele momento, sabíamos que não seria a última. Portanto a
pandemia do SARS-COV-2 certamente não será a última”, justifica.
Outro fator relevante é que ultimamente a emergência de agentes
potencialmente pandêmicos tem sido mais freqüente. O Dr. Aith esclarece
que isso ocorre porque estamos vivendo a Era do Antropoceno, o Planeta
Terra deixou de ser o que era antes e passou a ter suas características
ambientais permanentemente alteradas pela ação humana (atmosfera, solo,
mar). Essa mudança implica por força da natureza em ajustes ambientais
para os quais não estamos necessariamente preparados, como tem sido cada
vez mais frequente.
No entendimento da médica veterinária, pesquisadora e professora do
Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia), Dra.
Alessandra Nava, o que se pode afirmar é que o mundo ainda enfrentará
surtos de doenças zoonóticas emergentes. Algumas poderão ter potencial
pandêmico, o que dependeria do potencial de infectividade do agente
etiológico. “Porém, os surtos zoonóticos emergentes serão mais
frequentes devido ao aumento sistêmico dos gatilhos para essas
emergências como desmatamento, fragmentação florestal e conversão de
florestas em pastos, áreas de mineração”, assinala.
Trópicos mais suscetíveis a uma próxima pandemia?
Alguns especialistas apontam que a América do Sul, sobretudo o
Brasil, e a África Central são as regiões mais suscetíveis de produzirem
as próximas epidemias. A Dra. Romano reconhece que os desequilíbrios
ecológico, econômico e populacional são gatilhos para a introdução de
agentes infecciosos na população humana, mas não há como assumir que a
nova pandemia ocorrerá em países subdesenvolvidos.
O Dr. Adalja acredita que os Trópicos sejam mais suscetíveis à
próxima pandemia, uma vez que as áreas tropicais têm mais interação
humano-animal, espécies animais mais diversas e viajantes frequentes.
“Isso pode levar a um risco relativamente maior nessas áreas, mas
pandemias podem surgir em qualquer lugar (como o H1N1 surgiu no México
em 2009)”, observa.
Para a Dra. Nava, a alta biodiversidade, e a alta pressão antrópica
são fatores que aumentam a suscetibilidade dos Trópicos, aliado a
grandes mudanças na paisagem como fragmentação florestal e desmatamento.
Ela adverte que está havendo no Pantanal e Amazônia é muito grave e são
situações que predispões ao surgimento de doenças zoonóticas
infecciosas emergentes.
Fato é que a receita de uma nova crise sanitária está diante de nossos olhos: desmatamento, destruição de habitats,
expansão de práticas intensivas agrícolas, de criação animal, caça e
exploração predatória da vida selvagem, as quais aproximam pessoas de
vírus e de outros patógenos novos e antigos, permitindo que,
eventualmente, saltem para hospedeiros humanos. Aliado a isso, a
urbanização desordenada, a mobilidade frenética e as viagens
internacionais facilitam sua disseminação. E não podemos esquecer as
mudanças climáticas, que também alteram profundamente o comportamento e
dispersão de pessoas, plantas, animais e das próprias doenças.
Prevenir próxima pandemia
Enquanto a pandemia de COVID-19 segue deixando um rastro de milhões
de vítimas e trilhões em prejuízos na economia mundo afora, fica o
alerta para a necessidade de prevenir outra tragédia. Perigo que cresce
com o desequilíbrio ambiental provocado pela própria ação humana. O Dr.
Aith reconhece que o próprio homem cria riscos, invadindo habitats
e levando o mundo a um desequilíbrio. “A ação do ser humano sobre o
planeta está alterando o equilíbrio ambiental de tal maneira que novos
riscos à vida do Homem na Terra certamente virão, seja da natureza
(vírus, terremotos, mudança climática), seja do engenho humano
(medicamentos, terapias, superbactérias, clonagens, Brumadinho), seja
das novas relações sociais e de trabalho que se instalam (teletrabalho,
redes sociais, etc.)”, atenta.
Apesar de tudo, ainda é possível mitigar os efeitos e o número de
mortes que uma próxima pandemia pode causar. Para o Dr. Adalja,
atividades de preparação para pandemia, como vigilância, testes
diagnósticos, preparação hospitalar e contramedidas médicas são
essenciais. “E a pandemia de COVID-19 nos ensinou que é crucial agir com
rapidez e tomar as medidas corretas no início, antes que um surto saia
de controle. Além disso, é importante impedir que políticas, campanhas
de desinformação e ataques a especialistas atrapalhem a resposta”,
salienta.
O Dr. Aith acrescenta que é fundamental fortalecer os sistemas de
saúde dos Estados e criar um sistema de governança global mais
eficiente, dando mais poderes à Organização Mundial da Saúde (OMS) para
que atue no controle das futuras pandemias de forma mais contundente e
resolutiva, inclusive intervindo em Estados que não observam as
diretrizes da Organização no combate à epidemia.
Todos são unânimes que além de evitar é preciso que o mundo esteja
melhor preparado para conter o próximo agente biológico. A Dra. Romano
relembra que falem da questão científica, têm as questões econômicas e
políticas de cada país. “Países que melhor controlaram a pandemia foram
os que tomaram atitudes drásticas desde o início e não precisaram ser
muitas: fechamento de fronteiras e testagem em massa. Conter uma
pandemia é possível, mas não é uma tarefa simples. E é nossa obrigação
ter aprendido alguma coisa com essa”, frisa.
Ainda de acordo com a Dra. Romano, evitar a próxima pandemia deve ser
uma ação global. “Como já sabemos que as chances dela também se
originar de animais e do seu contato próximo com humanos, é preciso
evitar o desmatamento, o trafico ilegal de animais silvestres, o consumo
de carne desses animais”, complementa. Do lado científico, é preciso
estudar a diversidade microbiana presente nos animais (sabe-se que cerca
de 2/3 de todas as doenças infecciosas de humanos tiveram origem
zoonótica). A virologista lembra ainda que coronavirus, influenzas,
arenavirus, paramixovirus (como o Nipah, que tem potencial pandêmico)
estão ai, infectando uma imensa diversidade de animais, e com potencial
zoonótico. Vale lembrar que cientistas, incluindo brasileiros, já
identificaram mais de 30 mil diferentes coronavírus em animais, que
podem, virtualmente, saltar em algum momento para humanos. A
especialista também chama atenção para os hábitos culturais humanos,
como por exemplo, o consumo de carne de animais exóticos, mas não
somente morcegos e macacos, aves e qualquer outro animal podem ser
virtualmente, a fonte do próximo agente pandêmico.
Para a Dra. Nava, é preciso investir em ações de efeitos sinérgicos
voltadas a frear gatilhos ambientais para o surgimento dessas doenças e
monitoramento ativo. “Em relação aos gatilhos ambientais: parar o
desmatamento, coibir o tráfico e caça de animais silvestres e sua
comercialização e os mercados que propiciam a convivência e proximidade
de diferentes espécies animais e domésticas, situações que predispõem a
surtos de doenças infecciosas zoonóticas”, cita. Ainda segundo a
pesquisadora, o monitoramento ativo envolve o levantamento dos patógenos
que estão circulando na população silvestre e o contínuo contato com a
população vizinha à floresta, nos locais de maior crescimento
populacional e nos sítios mais preservados para entendimento das
dinâmicas que envolvem os diferentes atores que estão presentes nessas
interfaces.
A próxima pandemia será mais ou menos mortal?
De acordo com a Dra. Romano, é difícil prever se ela será mais ou
menos mortal do que a atual. E que isso vai depender das características
do agente biológico presente (vírus, fungo ou bactéria), letalidade e
transmissibilidade. A pandemia do SARS em 2003, por exemplo, se espalhou
rapidamente e tinha uma mortalidade muito maior do que o COVID-19.
De acordo com o Dr. Aith, pandemias da dimensão da atual não ocorrem
com frequência. Para ele, a próxima será menos mortal, mas considera que
esses fenômenos devem acontecer com mais frequência, até que apareça
uma mais mortal que essa em algum momento futuro.
Na opinião da Dra. Nava, o que o sabemos e aprendemos com as
epidemias de origem zoonótica é que a ruptura do equilíbrio natural do
ecossistema que envolve os hospedeiros, vetores e reservatórios
competentes e o contínuo contato com espécies que naturalmente não se
encontrariam, proporciona os aparecimentos e adaptações de agentes
etiológicos a outros hospedeiros. “A redução da biodiversidade é uma
forma de ocorrência dessa ruptura devido à alteração da transmissão de
patógenos e parasitas. Similarmente o que se supõe que tenha sido a
causa da emergência do COVID-19”, argumenta.
Por fim, a pesquisadora sublinha que a floresta em pé nos oferece
inúmeros serviços ecossistêmicos, dentre eles a manutenção da ecologia
natural de algumas doenças. O agente etiológico pode estar presente na
população silvestre, porém fica diluído entre seus hospedeiros menos
competentes e seus reservatórios amplificadores, só chegando à população
humana quando há ruptura desses ciclos naturais. “Portanto, se
quisermos evitar novas emergências devemos parar o desmatamento,
reflorestar, e frear o aquecimento global, onde teremos emergência de
doenças vetoriais e de origem em reservatórios silvestres,
principalmente roedores”, encerra a Dra. Nava.
Publicado em: 20/08/2020 às 09h16 access_timeTempo de leitura: 5 min
Coronavírus: doença já deixou mais de 22 milhões de mortos no mundo (Aly Song/Reuters)
A Organização Mundial da Saúde (OMS) está preparando um grupo rumo à China para encontrar a origem do novo coronavírus.
Os primeiros casos datam de um mercado em Wuhan, mas a origem ainda é
incerta — há resquícios da covid-19 em outros lugares antes dos
primeiros casos, de Barcelona ao esgoto de Florianópolis.
Seja como for, o objetivo é descobrir não só a região onde a pandemia
começou, mas a origem epidemiológica do vírus e como ele foi passado de
animais ou outros ambientes para humanos.
Há um porquê: isso pode acontecer novamente.
Especialistas estimam que pode haver mais de 1 milhão de vírus com
potencial para infectar humanos, segundo reportagem do jornal South China Morning Post,
de Hong Kong, que conversou com especialistas envolvidos na missão da
OMS. O problema é que só uma pequena fração deles está catalogada e um
percentual ainda menor já foi estudado pela ciência.
Os motivos são muitos, e uma parte é por falta de tecnologia
apropriada. Mas há também pouco investimento em pesquisa, falta de
coordenação internacional e, até mesmo, falta de vontade política dos
governantes mundo afora que levem à decisão de financiar esse tipo de
pesquisa.
Nos últimos 20 anos, por exemplo, os estudos sobre coronavírus
receberam 550 milhões de dólares, menos do que a metade dos 1,2 bilhões
de dólares (1,1% dos gastos globais) investidos em pesquisas sobre oebola, segundo umaanálisefeita por pesquisadores da Universidade de Southampton, no Reino Unido.
Assim, tal qual o novo coronavírus apareceu “do nada” e levou a mais
de 22 milhões de infectados no mundo, o mesmo pode acontecer com outros
patógenos que estão à solta no planeta.
A Sars, síndrome respiratória causada pelo SARS-CoV, que também é um
tipo de coronavírus, foi relacionada a morcegos após pesquisas na época.
A epidemia da Sars surgiu em 2002, mas nenhuma transmissão ocorre desde
2004.
O novo coronavírus, um “primo” da Sars e causador da doença covid-19,
é chamado de Sars-CoV-2. A suspeita é que ele também tenha sido
transmitido por morcegos, mas a hipótese ainda não é totalmente
confirmada.
Não há direito real de habitação sobre imóvel comprado pelo falecido em copropriedade com terceiro
Da Redação com informações do STJ. - quinta, 19 de novembro de 2020
A Segunda Seção do
Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou o pedido de uma viúva que
pretendia ver reconhecido o direito real de habitação sobre o imóvel em
que morava, comprado pelo seu falecido marido em copropriedade com um
filho dele, antes do casamento.
A decisão foi proferida em embargos de
divergência opostos pela viúva contra acórdão da Terceira Turma, segundo
o qual, na hipótese de copropriedade anterior ao óbito – que difere
daquela adquirida com a morte do proprietário –, não se pode falar em
direito real de habitação do cônjuge sobrevivente.
Nos embargos, alegando divergência de
entendimentos sobre a matéria entre órgãos julgadores do STJ, a viúva
sustentou que o direito real de habitação limita o direito à propriedade
dos herdeiros, a fim de que o cônjuge sobrevivente tenha garantido o
seu direito à moradia.
Exceção legislativa
A relatora, ministra Isabel Gallotti, afirmou que o direito real de
habitação tem a finalidade de garantir moradia ao cônjuge ou companheiro
sobrevivente, preservando o imóvel que servia de residência para a
família, independentemente do regime de bens, como estabelece o artigo
1.831 do Código Civil.
"Trata-se de instituto intrinsecamente
ligado à sucessão, razão pela qual os direitos de propriedade originados
da transmissão da herança sofrem mitigação temporária em prol da
manutenção da posse exercida pelos membros do casal", declarou.
Segundo a ministra, como o direito real de
habitação já é uma exceção criada pelo legislador, não pode haver
interpretação extensiva para incluir no mesmo tratamento situações não
previstas em lei – por exemplo, a hipótese em que o imóvel seja objeto
de copropriedade anterior com terceiros.
Condomínio preexistente
Em seu voto, a relatora destacou entendimento do ministro Luis Felipe
Salomão, que, em caso semelhante ao analisado, ressaltou que "o direito
real à habitação limita os direitos de propriedade, porém, quem deve
suportar tal limitação são os herdeiros do de cujus, e não quem já era
proprietário do imóvel antes do óbito".
Para a ministra, entendimento diverso
possibilitaria, inclusive, a instituição de direito real de habitação
sobre imóvel de propriedade de terceiros estranhos à sucessão, o que
seria contrário à finalidade da lei.
"No caso em debate, entendo que tal
direito não subsiste em face do coproprietário embargado, cujo
condomínio sobre a propriedade é preexistente à abertura da sucessão do
falecido (2008), visto que objeto de compra e venda registrada em 1978,
antes mesmo do início do relacionamento com a embargante (2002)" –
concluiu Isabel Gallotti.
5G indica que a Terceira Guerra Mundial começou, mas é econômica — e não atômica
domingo 02 agosto 2020 0:00
Por Euler de França Belém
A guerra da tecnologia 5G escancara a batalha entre os
Estados Unidos e a China pela hegemonia global. O Brasil está no meio da
pendenga e pode sair ganhando
“Não sei como será a terceira guerra mundial, mas sei como será a
quarta: com pedras e paus”, disse o físico alemão Albert Einstein,
certamente o mais famoso da história.
Einstein disse isto porque, com uma guerra nuclear, dependendo de sua
extensão, a destruição seria imensa. Então, os homens que sobrassem —
poucos, e talvez doentes — teriam de lutar, na Quarta Guerra Mundial,
“com pedras e paus”. A humanidade regrediria.
O fato é que a bomba atômica, com sua ampla possibilidade de
destruição em massa — como aconteceu em Hiroshima e Nagazaki, no Japão,
em 1945 —, no lugar de produzir a Terceira Guerra Mundial, praticamente
pacificou o mundo. Estados Unidos e União Soviética, os primeiros a
terem a bomba atômica (os soviéticos furtaram a pesquisa americana), no
lugar de uma “guerra quente”, optaram pela Guerra Fria. Quer dizer, pela
política. Entre as décadas de 1940 e 1980, os dois países brigaram pelo
controle do mundo, com ameaças variadas, mas nenhum teve a audácia de
dar o primeiro passo. Pode-se dizer, portanto, que a energia nuclear
salvou o mundo e consolidou a paz — claro que se está falando de
batalhas mundiais, porque guerras localizadas, sobretudo no Oriente
Médio, continuaram acontecendo.
Xi Jinping, presidente da China, e Jair Bolsonaro, presidente do Brasil: entre tapas e beijos? | Foto: Alan Santos/PR
Entretanto, se não há uma batalha global com armas nucleares, talvez
seja possível falar numa Terceira Guerra Mundial econômica. A Rússia,
apesar de seu arsenal nuclear e dos rompantes de Vladimir Putin — uma
espécie de czar híbrido, filho tanto do czarismo quanto do stalinismo —,
foi superada pela China. Hoje, os chineses são a principal ameaça
econômica à hegemonia dos Estados Unidos.
A China se tornou uma potência de primeira grandeza rapidamente. Os
comunistas chineses descobriram o que não funcionava no socialismo — o
mercado engessado pelo Estado — e adotaram um sistema híbrido, com o
Estado forte, mas um mercado relativamente livre. O resultado é uma
economia sólida e altamente competitiva. A China conseguiu fazer aquilo
que Mikhail Gorbachev quis mas não conseguiu: abrir a economia, mas
mantendo o controle comunista.
A China chegou pra ficar
As pessoas que viajam pelo mundo, se forem minimamente observadoras,
certamente perceberão que a China inundou quase todos os países de tudo
quanto é tipo de bugigangas. Fica-se com a impressão de que o mundo, que
já foi inglês (o chá é o símbolo) e é americano (a Coca-Cola e o cinema
são símbolos), se tornou ou está se tornando também chinês. Reclama-se
que as bugigangas são de baixa qualidade e, por isso, duram pouco. Na
verdade, os produtos, quase todos e de todo o mundo, se tornaram ou
estão se tornando descartáveis — uns mais, outros menos. O celular de
ponta de determinada empresa funciona bem por um determinado período,
mas, depois de várias atualizações, “precisa” ser trocado. Às vezes, nem
é tão necessário trocá-lo, mas o lançamento de outro celular mais
avançado, com adornos que chamam a atenção e ampliam as conexões,
praticamente cobra que o consumidor o compre, deixando o anterior de
lado. Em termos tecnológicos, o novo deixa de ser novo ao nascer. Já
nasce velho. Os olhos do consumidor brilham não para o que já existe, e
sim para o que o mercado tecnológico está prometendo. Afinal, tudo que é
novo desmancha no ar. É líquido, diria Zygmunt Bauman.
Jair Bolsonaro e Donald Trump: aliados ideológicos, mas negócios são outra coisa | Foto: Reprodução
As bugigangas chinesas “escondem” um fato crucial: foram e são úteis
para o processamento do que, na falta de melhores palavras, se pode
chamar de “acumulação primitiva” de capital. Os produtos de má ou de
qualidade razoável ajudaram, no médio ou longo prazo, a China a
modernizar seu parque tecnológico-industrial. Então, se antes fazia
produtos ruins, com os recursos financeiros absorvidos de todo o mundo,
passou a ter capital para investir em tecnologia refinada. O país
fabrica computadores, chips, automóveis, trens de ferro (seus metrôs são
avançadíssimos), celulares e muitos outros produtos. A qualidade está
cada vez melhor — o que aumenta sua competitividade. Acrescente-se que,
com mão de obra barata — baratíssima, ao contrário do custo dos
trabalhadores americanos e alemães — e a produção em alta escala, os
preços dos produtos chineses são imbatíveis. O resultado é que o país
tem o segundo maior PIB do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e à
frente de gigantes como Japão, Alemanha, Inglaterra, França, Itália,
Índia, Brasil e Rússia.
A China chegou pra ficar — é o novo Império. Não só. Seu objetivo, a
médio prazo, é se tornar a potência econômica dominante — superando os
Estados Unidos, o Império Romano dos tempos atuais. Vai conseguir? A
economia americana é dinâmica, ancorada no que há de melhor em termos de
tecnologia — em variados campos —, e a qualidade de vida de seu povo é
muito superior à do povo chinês. Mas será muito difícil manter a China
atrás por muito tempo. Há economistas — que deveriam ser chamados de
“profetólogos” — que chegaram a sugerir que, em 50 anos, a China se
tornaria a potência hegemônica. Hoje, dado o avanço dos chineses — a
América Latina e a África começaram a ser “absorvidas” pelo gigante
asiático —, a possibilidade de hegemonia não é nada remota. Está
chegando mais cedo do que se pensava.
A tecnologia 5G é, no momento, o motivo de uma guerra brutal — em
termos econômicos e de pressões políticas — entre Estados Unidos e a
China. Não se fala em guerra ideológica ou em disputa entre comunismo e
capitalismo. A China não está interessada neste debate, que é pueril e
infrutífero. Para conquistar mercado para sua tecnologia — na verdade,
uma cabeça de ponte para outros produtos —, a China está jogando pesado,
oferecendo recursos financeiros para vários países. Os Estados Unidos
estão fazendo o mesmo, embora sem tanta volúpia. Mas, como gigante
político que é, os Estados Unidos estão dando “broncas” nos outros
países — o que, em termos de economia, não funciona. Com a pandemia do
novo coronavírus, que está quebrando várias economias nacionais, os
gigantes econômicos, como Estados Unidos e China, terão papel crucial
nas suas recuperações. Com a vantagem de que os países poderão escolher:
inglês ou mandarim?
Donald Trump e Joe Biden
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, às vezes é visto pela
imprensa como “causa” das posições geopolíticas e econômicas do país
mais rico do mundo. Talvez seja menos inapropriado sugerir que o
descabelado dirigente é mais consequência do que causa. Ele não está
inventando um Estados Unidos isolacionista (de fato, é menos
intervencionista, em assuntos de outros países, inclusive em termos de
guerras armadas, do que alguns ex-presidentes democratas, como Bill
Clinton e Barack Obama). Na verdade, os Estados Unidos isolacionistas,
com o objetivo de combater o avanço dos chineses — que tratam como
“novos bárbaros” (leia poema de Caváfis abaixo) —, “inventaram” Trump
para proteger os interesses americanos.
Ocorre que o isolacionismo dos Estados Unidos — os americanos para os
americanos — não funciona mais num mundo globalizado, que é sinônimo de
integração. Se os Estados Unidos querem reforçar a economia interna,
para fortalecê-la contra a fúria econômica do Dragão da Ásia, a China
está oferecendo parceria — capital e assistência tecnológica (financiada
com custo quase “zero”) —, a vários países. A possível volta dos
democratas ao poder, nos EUA, têm a ver com o desgaste político de
Trump, é certo, mas também com a possibilidade de que os homens do poder
econômico do país de Henry James e William Faulkner estejam percebendo
que é preciso mudar a política do país em relação ao mundo. Talvez o
isolacionismo de Trump não sirva mais. Um Império tem de ser mais aberto
aos súditos, aos quase-súditos e aos não-súditos. O pragmatismo
americano sabe que salvar o Império americano — e os impérios às vezes
tombam quando estão no auge — talvez signifique sacrificar Trump. Joe
Biden não é o que há de melhor, mas, teoricamente (na prática, os
democratas sempre foram mais protecionistas do que os republicanos),
pode, como presidente, retomar o diálogo americano com o mundo,
fortalecendo seus negócios, para além das discussões ideológicas (que só
interessam mesmo àqueles que vivem o sonho de que o paraíso é palpável e
passam ao largo da vida real dos cidadãos comuns que levantam-se às 6
horas da manhã, pegam ônibus lotado, ganham salário mínimo e voltam para
a casa para ver um jogo de futebol, uma novela, um filme ou uma série e
tomar uma cerveja).
Barack Obama e Joe Biden: democratas são mais protecionistas, mas serão menos isolacionistas? | Foto: Reprodução
Com Joe Biden, os Estados Unidos poderão dizer ao mundo: “O problema
não são os EUA, e sim Trump; portanto, estamos removendo-o”. Dará certo?
Talvez sim. Talvez não. Porque, como se disse acima, a China não está
para brincadeira e tende a superar, a médio ou a longo prazo, os Estados
Unidos.
A Terceira Guerra Mundial está no ar, efetiva, e é profundamente
tecnológica (o 5G), portanto econômica. E não deixa de ser política.
Vencerá o mais realista, e não o mais ideológico.
Bolsonaro e os democratas
A imprensa patropi sugere que, se Joe Biden, do Partido Democrata,
ganhar a eleição para presidente, em novembro, as coisas vão ficar gris
para o Brasil. O presidente Jair Bolsonaro é considerado um peão do jogo
de xadrez de Donald Trump. Por apoiá-lo, poderia prejudicar o país na
relação com os Estados Unidos? Sim, pode mesmo. Mas, se a China está com
duas presas firmes e os EUA continuam com duas presas, mas uma bamba,
na prática, um presidente como Joe Biden poderia levar a ferro e fogo
uma retaliação contra o país de Machado de Assis, Guimarães Rosa,
Antônio José de Moura e Gabriel Nascente? Talvez não.
A China já é o maior parceiro comercial do Brasil. Não porque ame a
música de Noel Rosa, Elis Regina, João Gilberto, Caetano Veloso, Milton
Nascimento, Gilberto Gil, Luiz Melodia, Chico Buarque de Holanda, Gal
Costa, Maria Bethânia, Fernanda Takai, Marina de la Riva, Marcelo Barra e
Maria Eugênia. Nada disso. A China precisa dos minérios — ferro e aço
são fundamentais para sua tecnologia —, da soja e da carne brasileiros.
Mais: a China necessita de um mercado de 210 milhões de pessoas, com uma
classe média relativamente consolidada, para colocar seus produtos (na
área de ferrovias, o gigante asiático avança a passos largos). Quem
conquistar o Brasil, lançando bases sólidas em seu território, tende a
conquistar a América do Sul e, possivelmente, toda a América Latina.
Portanto, amando ou odiando Bolsonaro, os Estados Unidos terão de
recolher os dentes (lembre-se, leitor: uma presa está bamba) e, como
Trump ou Joe Biden, aderir, mais uma vez, ao soft power. Os
americanos querem e vão lutar pela parceira com um país que tem 8,5
milhões de quilômetros quadrados — o que significa commodities em
grandes volumes —, independentemente se o país estará sob o comando da
direita, do centro ou da esquerda (o direitista George Walker Bush se
dava muito bem com o esquerdista Lula da Silva). Os Estados Unidos, que
têm estrategistas de primeira linha, não vão “entregar” a terra de
Bernardo Élis, Edival Lourenço, Afonso Félix de Souza, Maria José
Silveira e Miguel Jorge de mão-beijada aos chineses.
Observe-se, por fim, o pragmatismo chinês em ação. Alegando problemas
decorrentes da pandemia do novo coronavírus, a China parou de comprar
carne de seis frigoríficos brasileiros — entre eles a JBS e a BRF. A
causa é mesmo esta? De fato, em alguns frigoríficos, dezenas de
funcionários testaram positivo e estão ou estiveram com a Covid-19.
Trata-se, claro, de um problema sério. Mas a China não estaria usando
isto para tentar impor sua tecnologia 5G ao Brasil? E provável. Num
momento de crise, e mesmo sem a crise, o Brasil se tornou “dependente”
do mercado chinês para manter sua economia forte e crescendo. Se a China
reduz as compras, o crescimento econômico será ainda menor do que o
previsto. Aderindo ao 5G da China — da Huawei —, deixando os americanos
de lado, o Brasil logo perceberá que o boicote chinês cederá. É, como
estamos dizendo, a Terceira Guerra Mundial em ação. A arma não é mais a
bomba atômica. A mais letal e precisa tem outro nome: c-a-p-i-t-a-l.
Leia de novo: capital — bufunfa, pila, grana, capim, gaita, tutu,
dinheiro.
O Brasil, com Trump ou Joe Biden, pode acabar ganhando… Basta, quem
sabe, Bolsonaro distensionar um pouco mais sua política exterior —
jogando mais do que aderindo… O que se espera do presidente patropi é
mais pragmatismo e menos ideologia…
À espera dos bárbaros
Konstantinos Kaváfis
— Que esperamos reunidos na ágora?
É que hoje os bárbaros chegam.
— Por que tanta abulia no Senado?
Por que assentam os senadores? Por que não ditam normas?
Porque os bárbaros chegam hoje.
Que normas vão editar os senadores?
Quando chegarem, os bárbaros ditarão as normas.
— Por que o Autocrátor levantou-se tão cedo
e está sentado frente à Porta Nobre da cidade
posto em seu trono, portanto insígnias e coroa?
Porque os bárbaros chegam hoje.
E o Autocrátor espera receber
o seu chefe. Mais do que isto, predispôs
para ele o dom de um pergaminho. Ali
fez inscrever profusos títulos e nomes sonoros.
— Por que nossos dois cônsules e os pretores saíram
esta manhã com togas rubras, com finos bordados de agulha?
Por que essas braçadeiras que portam, pesadas de ametistas,
e os anéis dactílicos lampejando reflexos de esmeralda?
Por que ostentam hoje os cetros preciosos,
esplêndido lavor de cinzel, amálgama de ouro e prata?
Porque os bárbaros chegam hoje,
e toda essa parafernália deslumbra os bárbaros.
— Por que nossos bravos tributos não acodem
como sempre, a blasonar seu verbo, a perorar seus temas?
Porque os bárbaros chegam hoje,
e eles desprezam a oratória e a logorreia.
— Por que de repente essa angústia,
esse atropelo? (Todos os rostos de súbito sérios!)
Por que rápidas se esvaziam ruas e praças
e os antes reunidos retornam atônitos às casas?
Porque a noite chegou e os bárbaros não vieram.
E pessoas recém-vindas da zona fronteiriça
murmuram que não há mais bárbaros.
E nós, como vamos passar sem os bárbaros?
Essa gente não rimava conosco, mas já era uma solução.
Como Boulos usou as mídias sociais para suavizar sua imagem
Inovadora na esquerda, campanha do candidato do PSOL
chega ao segundo turno ao mudar a impressão sisuda de ex-líder do
Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto e buscar novos espaços para se
comunicar com os jovens.
Boulos votando em São Paulo, cercado de apoiadores
Guilherme Boulos, candidato do PSOL à prefeitura de São Paulo, passou ao segundo turno
com 20,2% dos votos válidos e vai disputar o comando da cidade mais
rica da América do Sul contra o atual prefeito Bruno Covas, do PSDB, que
teve 32,9% dos votos válidos.
Filiado a uma legenda pequena, com
quatro deputados federais e pouca verba do fundo eleitoral, e contando
com 17 segundos nos blocos de propaganda eleitoral em rádio e TV, o
desempenho de Boulos se explica em parte pelo seu bom uso das mídias
sociais e da internet.
Para chegar aos eleitores e se apresentar
como candidato viável, ele calibrou o tom da comunicação em suas redes
para soar autêntico, suavizou a imagem sisuda de ex-líder do Movimento
dos Trabalhadores Sem-Teto e buscou novos espaços para se comunicar com
os jovens.
Esse caminho incluiu fazer um reality show com o
candidato, transmitindo um dia inteiro de sua campanha ao vivo pelo
YouTube, participar de uma partida do jogo de internet "Among Us"
enquanto respondia a perguntas de seus oponentes, aderir ao TikTok e
brincar com a semelhança da sonoridade de seu sobrenome com a palavra
bolos.
Líder em popularidade digital
A estratégia deu
resultado. Segundo o ranking de popularidade digital dos candidatos a
prefeito da capital paulista, elaborado pela consultoria Quaest para o
jornal Folha de S.Paulo, Boulos liderou essa métrica desde o
início da campanha. O índice considera variáveis como número de
seguidores, comentários, curtidas e compartilhamentos, reações positivas
e negativas, presença nas redes sociais e volume de buscas.
Paulo
Ferracioli, pesquisador do Grupo de Pesquisa em Comunicação, Política e
Tecnologia, vinculado à Universidade Federal do Paraná, afirma que a
forma de o candidato do PSOL usar as redes sociais se mostrou "efetiva" e
colaborou para ele obter mais votos, especialmente entre o eleitor
jovem que não o conhecia.
Ferracioli cita como exemplo a
participação de Boulos no podcast Flow, que atrai muitos aficionados em
videogames. "Não é um público muito ligado à esquerda. E o podcast
viralizou no Twitter, com pessoas dizendo que não imaginavam que ele
seria capaz de conversar com esse público", diz. Neste domingo (16/11), o
vídeo da participação do candidato no podcast registrava mais de um
milhão de visualizações no YouTube.
Já a decisão da campanha do
candidato de criar e compartilhar memes brincando com o seu nome e a
palavra bolos foi uma maneira de mostrá-lo como uma pessoa "acessível,
engraçada, que fazia piada com o próprio nome", diz Ferracioli.
Ele
lembra o caso de uma jovem que fez uma postagem em rede social
perguntando se Boulos iria um dia à casa dela para comer bolo. A equipe
do candidato leu a mensagem, entrou em contato com ela e o candidato foi
à casa dela comer bolo, com as imagens depois compartilhadas em suas
redes.
"Isso serviu para tentar descolá-lo da imagem do PSOL como
um partido de esquerda agressivo. Preferiu suavizar, defender as pautas
de uma maneira mais leve", diz.
Para Ferracioli, a decisão de
Boulos focar o primeiro turno em "conversar com os jovens" também se
explica pelo fato da vice na chapa, Erundina, prefeita de São Paulo de
1989 a 1993, já ser melhor conhecida pela população mais velha.
Inspiração para a esquerda
A
habilidade no uso de redes sociais para contornar a falta de tempo de
TV também foi uma característica da vitória de Jair Bolsonaro na
campanha presidencial 2018, e uma fórmula usada por outros candidatos de
extrema direita e de direita, como Arthur do Val, o Mamãe Falei, do
Patriotas, que terminou em quinto lugar na eleição paulistana com 9,8%
dos votos válidos.
A performance de Boulos nesse quesito é uma
novidade na esquerda e aponta que esse campo político também pode ser
capaz de usar as mídias sociais com sucesso, diz a cientista política
Camila Mont'Alverne, especialista em comunicação política e pesquisadora
do Reuters Institute, vinculado à Universidade de Oxford, no Reino
Unido.
Ela lembra que o PT, nos anos em que comandou o governo
federal, contava com uma rede ativa e relevante de apoiadores em blogs
considerados progressistas, mas que não conseguiram migrar para as redes
sociais, enquanto influenciadores digitais de direita tiveram melhores
resultados ocupando esse espaço.
"A campanha de Boulos entendeu
que cada mídia social requer uma linguagem própria. Ele conseguiu manter
um equilíbrio entre usar uma linguagem mais descontraída, mas sem se
tornar um personagem falso. A atuação dele parecia mais natural, algo
que tanto Covas como [Jilmar] Tatto [candidato pelo PT] não
conseguiram", afirma.
Mont'Alverne menciona como exemplo vídeos
curtos da campanha de Boulos, editados em cortes rápidos e com efeitos
visuais, que mostravam o candidato em seu carro, ouvindo o que outras
pessoas falavam dele, e depois indo conversar com elas de forma calma,
tentando desconstruir a imagem pré-concebida que tinham dele.
Ela
diz que essa estratégia foi importante para moderar a imagem do
candidato do PSOL, que iniciou sua militância política como líder do
Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, ocupando imóveis abandonados.
"O
perfil dele nas redes sociais não é o de um militante do movimento dos
sem-teto. Isso faz parte da história dele, mas o perfil é de alguém
tentando ocupar o cargo da prefeitura mais importante do país. Eles
fizeram a transição de um militante de um grupo específico para um
candidato”, diz.
Segundo turno
Boulos não poderá mais
alegar que tem pouco tempo de rádio e TV. No segundo turno, os blocos de
propaganda eleitoral são divididos igualmente entre os dois candidatos.
Mas
como a produção de programas de TV exige muitos recursos financeiros,
Ferracioli projeta que o PSOL continuará a priorizar as plataformas
digitais. "As redes sociais são mais econômicas, produzem mais
resultados com menos recursos”, diz.
Ele acredita que Boulos
tentará se apresentar como a antítese de um PSDB que governa o estado de
São Paulo há muito tempo e que já ocupou a prefeitura por diversas
vezes. Já a oposição a Bolsonaro não deve ocupar tanto espaço, pois
Covas também tem feito críticas ao presidente e declarou que não buscará
o seu apoio no segundo turno.
Um desafio à frente do candidato
do PSOL, diz, é como conquistar o voto da população das periferias e dos
mais pobres — nas pesquisas, ele registra melhor desempenho nas
regiões centrais e entre os mais escolarizados.
Para chegar a
esse grupo, Ferracioli afirma que a campanha Boulos talvez precise
reorientar seus esforços para outras redes, como o Facebook e WhatsApp,
que são usados de forma mais ampla pela população.
Segundo
Mont'Alverne, se o candidato do PSOL não fizer ajustes no segundo turno
para tentar se conectar com o público que ainda não conseguiu
conquistar, correrá o risco de acabar como Marcelo Freixo na campanha a
prefeito do Rio de Janeiro em 2016, que perdeu no segundo turno para
Marcelo Crivella, do PRB.
"A campanha de Freixo foi uma campanha
linda para os apoiadores, mas tinha um problema quase de identificação
cultural, não tinha jeito de uma campanha a uma candidatura
majoritária”, diz.
O sábado amanhecera em flores e cores e amar indo à Feira merquei as flores, vivi o amor e colhi rosas enquanto eu esperava a Princesa do Sertão em carne e flor imaginava esse encontro em eterna paixão
e não via a hora de atravessar o mar da seca para mergulhar em seu corpo doce de mulher.
Como sempre, desde há muito tempo a spero contente e tenso a sua presença em braços meus a soluçar um desejo inesgotável de eterna paixão.
Ai Ana santa, minha linda Rosa de Sant'Ana sacana é quem te faz sofrer neste mundo de meu Deus.
Vem Amor meu vem!
Aqui a espero em meus braços entre soluços, gemidos, e gritos!
E no silêncio da noite sentirão o nosso prazer de amar e despertaremos desejos ofuscados àqueles casais infelizes.
Por certo irão copiar o nosso gesto dengoso mas nunca nos alcançarão em desejo, amor e tesão visto que o nosso amor é desejo infinito de gozar.
O titular e, portanto, autor da ação penal pública, é o Ministério Público (art. 129, I, CF/88). Contudo, o ofendido (vítima) do crime poderá pedir para intervir no processo penal a fim de auxiliar o Ministério Público. A essa figura, dá-se o nome de “assistente da acusação”. O assistente também é chamado de “parte contingente”, “adesiva”, ou “adjunta”. O assistente é considerado a única parte desnecessária e eventual do processo.
OBS: Somente existe assistente da acusação no caso de ação penal pública.
Qual é o fundamento que justifica a existência do assistente da acusação?
Segundo a corrente majoritária (STF e STJ, bem como doutrina majoritária), o ofendido (ou seus sucessores) podem intervir como assistente da acusação não apenas para obter um título executivo (sentença condenatória). O assistente da acusação tem interesse em que a justiça seja feita. Desse modo, o interesse não é meramente econômico. O assistente da acusação poderá recorrer tanto nos casos em que o réu for absolvido, como na hipótese em que desejar apenas o aumento da pena imposta (o interesse não é apenas no título, mas sim na justiça).
O instituto da assistência da acusação é compatível com a CF/88. Existe corrente minoritária afirmando que a figura do assistente do Ministério Público seria incompatível com a Constituição Federal. No entanto, tanto a doutrina majoritária como a jurisprudência do STF reputam que não há nada de inconstitucional no referido instituto.
Quem pode ser assistente da acusação?
Segundo o art. 268 do CPP, poderá intervir, como assistente do Ministério Público, o ofendido (pessoalmente ou por meio de seu representante legal, caso seja incapaz).
Caso a vítima tenha morrido, poderá intervir como assistente:
O cônjuge;
O companheiro;
O ascendente;
O descendente ou
O irmão do ofendido.
O corréu no mesmo processo não poderá intervir como assistente do Ministério Público (art. 270 do CPP). Ex.: Pedro e Tiago foram denunciados por lesões corporais recíprocas. Pedro não pode ser aceito como assistente de acusação do MP porque é corréu no processo. Momento em que pode ocorrer a intervenção como assistente da acusação
A intervenção como assistente da acusação poderá ocorrer em qualquer momento da ação penal, desde que ainda não tenha havido o trânsito em julgado, conforme artigo 269 do CPP (O assistente será admitido enquanto não passar em julgado a sentença e receberá a causa no estado em que se achar).
Não cabe assistente da acusação no inquérito policial.
Não cabe assistente da acusação no processo de execução penal.
Como ocorre a habilitação do ofendido (ou de seus sucessores) como assistente:
1) O ofendido (ou seus sucessores) deverá, por meio de um advogado dotado de procuração com poderes específicos, formular pedido ao juiz para intervir no processo como assistente da acusação;
2) O juiz manda ouvir o MP;
3) O MP somente pode se manifestar contrariamente à intervenção do ofendido como assistente da acusação se houver algum aspecto formal que não esteja sendo obedecido (exs.: o sucessor pediu para intervir, mas o ofendido ainda está vivo; o advogado não possui procuração com poderes expressos). O MP não pode recusar o assistente com base em questões relacionadas com a oportunidade e conveniência da intervenção. Preenchidos os requisitos legais, a intervenção do ofendido como assistente é tida como um direito subjetivo;
4) O juiz decide sobre a intervenção, ressaltando mais uma vez que esta somente poderá ser negada se não atender aos requisitos da lei;
5) Da decisão que admitir ou não o assistente não caberá recurso (art. 273 do CPP). No entanto, é possível que seja impetrado mandado de segurança.
Por fim, recentemente o STJ entendeu ser possível a intervenção dos pais como assistentes da acusação na hipótese em que o seu filho tenha sido morto, mas, em razão do reconhecimento de legítima defesa, a denúncia tenha imputado ao réu apenas o crime de porte ilegal de arma de fogo. Portanto, os familiares da vítima poderão intervir no processo de porte de arma de fogo mesmo tendo havido arquivamento quanto à imputação de homicídio. Neste sentido entendeu o STJ. 5ª Turma. RMS 43.227-PE, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 3/11/2015 (Info 574).
Flávia Advogada
Advogada, formada em Direito pela Centro Universitário (FAG), na cidade de Cascavel - Paraná; inscrita na Ordem dos Advogados do Brasil - Seccional do Paraná - sob o n. 75.923; Pós-Graduada pela Faculdade Damásio, com título de especialista em Direito Penal ("Lato sensu"). Atua prestando serviços de assessoria e consultoria jurídica a pessoas físicas e jurídicas, nacionais e estrangeiras, dos mais variados setores de atividades; jurista no Jusbrasil e possui uma página no facebook (facebook.com/draflaviatortega).