terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Explosão da fábrica de fogos de SAJ completa 14 anos nesta terça

Explosão da fábrica de fogos de SAJ completa 14 anos nesta terça


11 de dezembro de 1998. A data que entrou para a história como o dia em que o Brasil viu uma de suas maiores tragédias completa 14 anos nesta terça-feira. Naquela manhã de sexta-feira, uma explosão em uma fábrica clandestina de fogos de artifício matou 64 trabalhadores, entre homens, mulheres e crianças.
A presidente do Movimento 11 de Dezembro, Maria Balbina dos Santos, contou em entrevista para a Rádio Andaiá FM que, em 2012, o protesto será silencioso e não haverá mobilização nas ruas em memória às vítimas. “Esse protesto é devido a nossa situação que entra justiça e sai justiça, entra prefeito e sai prefeito, entra governador e sai governador e nada foi resolvido até hoje. Todo mundo diz que vai resolver e nunca resolve nada. Com esse silêncio, agente vai mostrar pra sociedade a discriminação, o descaso, por tudo, que a gente sofre até hoje. Estamos em silêncio por causa disso.” Lamenta.
Estado Brasileiro é Réu
Em agosto deste ano, a situação das famílias das vítimas foi tema de uma reunião no Auditório do CREA, em Salvador. De acordo com a presidente do Fórum de Direitos Humanos, Ana Maria Santos, o acordo de solução amistosa firmado entre o Estado Brasileiro e a Organização dos Estados Americanos (OEA) foi suspenso por que o governo brasileiro não cumpriu as exigências estabelecidas.
Segundo Ana Maria, o Estado Brasileiro ainda não realizou as cirurgias plásticas realizadoras nos cinco sobreviventes que ficaram com sequelas, as famílias, até hoje, não recebem indenização, e a pensão por antecipação de tutela das crianças já deixou de ser paga a boa parte delas, que completaram a maioridade.
"O Estado Brasileiro está sendo processado junto à corte interamericana da OEA e mesmo assim continua negligenciando e se omitindo diante da mesma situação", salientou. De acordo com Ana Maria Santos, até hoje o Estado Brasileiro não implantou nenhuma política pública no enfrentamento da clandestinidade e a precarização do trabalho na produção de fogos de artifício na cidade e região.
Situação dos Acusados
Também em entrevista a Rádio Andaiá FM, o líder comunitário Manoel Missionário, comentou sobre a situação do caso na justiça. Em outubro de 2010, cinco pessoas foram condenadas pela explosão na fábrica de fogos. O dono da fábrica, Osvaldo Prazeres Bastos, recebeu pena menor, de nove anos, por ter mais de 70 anos; os outros quatro condenados, seus filhos Mário Fróes Prazeres Bastos, Ana Cláudia Almeida Reis Bastos, Helenice Fróes Bastos Lyrio e Adriana Fróes Bastos de Cerqueira, pegaram pena de dez anos e seis meses. Outros três réus foram absolvidos, Berenice Prazeres Bastos da Silva, também da família, e os ex-funcionários Elísio de Santana Brito e Raimundo da Conceição Alves.
Na época, o advogado de defesa entrou com recurso evitando a prisão imediata dos condenados. O recurso foi julgado em outubro deste ano pelo Tribunal de Justiça da Bahia e o resultado foi o mesmo. Porém, a defesa entrou com novo recurso e o processo agora tramita no Superior Tribunal Federal que ainda não marcou uma data para o julgamento definitivo.
Fabricação Continua
Quase uma década e meia depois da explosão, nada mudou em relação a fabricação clandestina de fogos de artifício na cidade. Segundo dados do Movimento 11 de Dezembro, cerca de dez mil pessoas, ainda sobrevivem da atividade em Santo Antonio de Jesus.
A maior parte da produção é concentrada nos bairros Irmã Dulce, São Paulo, Joeirana, Casco, Invasão do Derba, Urbis IV, e em algumas fazendas da zona rural. Os trabalhadores recebem 0,70 para cada mil traques produzidos.
De acordo com dados da Associação dos Produtores de Fogos de Santo Antônio de Jesus e Região (Asfogos), existem cerca de 30 fábricas clandestinas na cidade. Mas, os números do Movimento apontam quase 500 fábricas na ilegalidade. Santo Antônio chega a produzir anualmente quase 50 toneladas de fogos, o que torna a cidade, a segunda maior produtora de artefatos pirotécnicos da América Latina.
Outras Explosões
A explosão que matou 64 pessoas em 1998 não é a única da história do município. Em 1991, outra fábrica dos mesmos acusados já havia explodido matando uma pessoa e deixando sete feridos. Em 27 de março de 2007, uma nova explosão em uma fábrica de fogos de artifício, resultou na morte de um homem que teve 90% do seu corpo queimado. Em fevereiro de 2008, um homem de 34 anos e um adolescente de 14 morreram em consequência de outra explosão em fábrica ilegal de fogos. Em maio de 2010 quatro casas foram ao chão em outra explosão, ninguém morreu. O tema é recorrente em matérias de telejornais brasileiros, como nesta série produzida em 2006 pelo Jornal da Record:

Rede RBR/ Rádio Andaiá FM/ Blog do Valente
Jornalista: Eliandson José

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