quinta-feira, 21 de abril de 2016

A mulher de Temer ou Quando o feminismo emburrece

A mulher de Temer ou Quando o feminismo emburrece
A mulher de Temer é, segundo a revista Veja, “Bela, recatada e do lar”. Antes de um juízo de valor, o que revista fez foi uma descrição exata de Marcela Temer que, creio eu, deve ter achado a tal reportagem  como bem justa. Marcela é mesmo bela, recatada e do lar. 
Essa descrição da Veja não merece ou desmerece Marcela, apenas faz justiça. Marcela foi miss, fez Direito e não exerceu porque gosta de cuidar da casa, e realmente tem o recato de não ficar em palanque. Por que isso foi visto por alguns como propaganda para Temer? Por uma razão simples: na avaliação de um feminismo tosco, que já cansou todo mundo, essa descrição de Marcela seria como que um ponto positivo para certos setores sociais e, ao mesmo tempo, a tentativa de uma revista conservadora de propor um padrão de mulher do passado.
Por que esse tipo de feminismo é imbecil? Primeiro, por não saber que uma reportagem que faz justiça ao personagem que é objeto da matéria, se serve como propaganda, isso se deve aos méritos do próprio personagem. Segundo, por não entender que a imagem da mulher “bela, recatada e do lar” está longe, nos nossos dias, de ser incompatível com imagens de mulheres outras, que não seriam descritas assim como Marcela, mas que se cuidam, possuem um gosto pela não exposição e, enfim, prezam o lar. Uma boa parte das mulheres brasileiras trabalha fora, é “cabeça de casal” etc., e elas se orgulham de dizer que também podem aparecer se for preciso, e que são amantes dos afazeres do lar. Não à toa Simone de Beauvoir escreveu ao seu namorado americano que queria lavar as cuecas dele. Não à toa Hannah Arendt se submeteu a uma posição desconfortável, a de aluna amante, na relação com Heidegger. Não à toa Hilary Clinton troca receitas com amigas, o que também faz Michele Obama.
Todas essas mulheres assim agiram não por cederem a ditames sociais, mas, ao contrário, por já não ligarem nem um pouco para ditames sociais.
Que nos anos cinquenta a imagem da mulher do lar tivesse que contrastar com a mulher do trabalho fora, tudo bem. Mas que hoje exista quem se importe com isso, é este o erro e a imbecilidade de um feminismo que pensa entender de tudo, mas que não entende nada de comportamento histórico da mulher. Se há uma coisa que o feminismo desse tipo não sabe, é tudo o que se pode saber a respeito de mulher.
O feminismo precisa urgentemente chutar o traseiro de feministas.
Paulo Ghiraldelli, 58, filósofo.

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