quinta-feira, 29 de outubro de 2020

AVEH - Acidente Vascular Encefálico Hemorrágio e AVEI - Acidente Vascular Encefálico Isquêmico.

Pode ser definido como o comprometimento súbito da função cerebral, devido à interrupção do fornecimento de oxigênio e nutrientes ao tecido cerebral, ocasionado por uma obstrução ou ruptura do vaso sanguíneo responsável por este aporte. As Aves podem ser classificadas em duas grandes categorias, de acordo com suas definições: a) AVE isquêmico (AVEI) – resulta da oclusão de uma artéria, privando determinada área do cérebro de nutrientes essenciais e oxigenação. Esta oclusão é provocada pela presença de coágulos, que se desenvolvem dentro da própria artéria (trombose arterial) ou que migraram de outro ponto do organismo (embolia cerebral). Corresponde a 75% dos casos e ainda pode ser classificado segundo sua localização anatômica, como se segue; a.1) AVEI da circulação anterior (ou do território carotídeo) – envolve a região suprida pela artéria carótida; a.2) AVEI da circulação posterior 9ou do território vértebro-basilar) – afeta o território suprido pelo sistema vértebro-basilar e compromete o tronco encefálico e o cerebelo. b) AVE Hemorrágico (AVEH) – é ocasionado pela ruptura de um vaso sanguíneos, com consequente sangramento para dentro do parênquima encefálico (hemorragia intraparenquimatosa - HIP) ou para a superfície do encéfalo (hemorragia subaracnóide- HSA). HAS é a principal causa de hemorragia intraparenquimatosa, porém a angiopatia amilóide também pode constituir-se em importante causa de sangramentos, enquanto que a principal causa de hemorragia subaracnóide é a ruptura de aneurismas. Deve-se suspeitar de AVE quando houver relato de aparecimento súbito de alteração no nível de consciência, com sinal neurológico localizador (hemiparesias, paresias de face e parestesias), tonteira, disfasia, disfagia, disfonia, cefaléia (de intensidade superior e diferente das cefaléias anteriormente sentidas), alterações visuais, alteração da coordenação, etc.; de acordo com o local afetado pela hemorragia, o exame físico deve revelar algum (alguns) dos seguintes sinais e sintomas: a) Comprometimento da circulação carotídea: - Paresia unilateral – fraqueza ou sensação de peso em um hemicorpo, podendo ocorrer assimetria facial. O lado acometido é oposto ao da artéria comprometida; - Parestesia – perda da sensibilidade, formigamento ou sensação anormal em um lado do corpo, que costuma ocorrer simultaneamente e do mesmo lado da fraqueza. Lembrando que o lado acometido é oposto ao da artéria comprometida; - Distúrbios da linguagem – dificuldade em selecionar corretamente as palavras, linguagem incompreensível, dificuldade de compreensão, escrita ou de leitura (disfasia); articulação anormal das palavras (disartria); - Distúrbios visuais – visão borrada em um lado do campo visual e ambos os olhos. O campo visual comprometido é oposto ao da artéria comprometida; - Cegueira monocular – perda visual unilateral e indolor. O olho acometido é do mesmo lado da artéria envolvida. b) Comprometimento da circulação vértebro-basilar: - Vertigem – sensação de estar girando que persiste no repouso e pode ser acompanhada de nistagmo; - Distúrbio da visão – visão borrada em um ou ambos os campos visuais. Acomete ambos os olhos, simultaneamente; - Diplopia (visão de duas imagens); - Paresia ocular – incapacidade de mover os olhos para um determinado lado; - Paresia – fraqueza que envolve um lado do corpo ou os quatro membros. A face pode estar acometida de um lado e os membros, do outro; - Parestesia – perda da sensibilidade, podendo acometer um lado do corpo ou os quatro membros. Costuma ocorrer simultaneamente com os sintomas motores; - Disartria – fala empastada, dificuldade de articulação; - Ataxia – desequilíbrio marcha instável, falta de coordenação em um lado do corpo; - “Drop attack” – consiste em paralisia súbita dos quatro membros, sem perda da consciência, resultando em queda. O exame físico costuma apresentar dados semelhantes nos dois tipos de AVE (isquêmico e hemorrágico). Entretanto, a cefaléia intensa, a rápida deterioração do nível de consciência, a presença de vômitos e a síndrome meníngea sugerem a presença de hemorragia, e o diagnóstico de certeza deverá ser feito com base nos exames complementares, que são: a) Avaliação laboratorial – hemograma completo, com contagem de plaquetas; sódio, potássio, magnésio, uréia e creatinina séricos; glicemia; tempo de tromboplastina parcial ativada; fibrinogênio; b) Tomografia computadorizada cerebral (TCC) – exame inicial, realizado geralmente no atendimento emergencial. Possui alta sensibilidade para o diagnóstico de hemorragia intraparenquimatosa, porém pode não evidenciar pequenas hemorragias subaracnóides ou lesões isquêmicas nas primeiras 48h e hemorragias situadas na fossa posterior; c) Ressonância magnética cerebral – exame mais dispendioso e não disponível em todos os centros de atendimento, porém é o mais sensível para detecção precoce de lesões isquêmicas (sequências de difusão e perfusão) e das lesões da fossa posterior. Requer imobilidade do paciente, o que pode constituir-se num fator limitante principalmente na fase aguda, devido à agitação psicomotora; d) Radiografia de tórax (sempre) e de coluna cervical (nos casos de trauma); e) Eletrocardiograma – utilizado para verificação de arritmias; f) Ultra-sonografia de carótidas – exame não-invasivo, útil para avaliação de estenoses; g) Exame do líquido cefalorraquidiano – quando houver suspeita clínica de HSA, com TC cerebral normal; h) Angiografia digital encefálica – para fazer um estudo detalhado da circulação cerebral, nos casos de suspeita de malformações vasculares, como aneurismas e angiomas; i) Doppler transcraniano – estudo sonográfico bastante prático para controle da reperfusão nos AVEI e de vasoespasmo na HSA. É um exame não invasivo, realizado à beira do leito e pode ser repetido quantas vezes for necessário; j) Ecocardiograma transtorácico – usado na avaliação de lesões estruturais cardíacas e presença de trombos intracavitários. Deve ser considerado caso não se consiga evidenciar as causas de AVEI pelos métodos citados anteriormente; k) Eletroencefalograma – utilizado nos casos de crises convulsivas concomitantes com o AVE e nas monitorações dos pacientes em coma (inclusive o induzido). Com relação ao tratamento, existem algumas medidas gerais, que devem ser aplicadas em qualquer tipo de AVE, como: controle da PA; controle da pressão intracraniana; controle das crises convulsivas; controle da glicemia; controle da temperatura corporal. Entretanto, para cada tipo de AVE existem também medidas específicas: a) AVEI – uso de antiagregante plaquetário, terapia fibrinolítica venosa, procedimentos endovasculares (terapia fibrinolítica intra-arterial, angioplastias); b) AVEH – drenagem de hematomas intraparenquimatosos, correção de malformações vasculares, seja por técnicas cirúrgicas ou por procedimentos endovasculares. É importante lembrar que os AVEs causam de 15 a 30% de incapacidade total e dentre as alterações causadas pela incapacidade motora e funcional, destacam-se as relacionadas ao sistema gastrointestinal: a) Disfagia total ou parcial – na disfagia parcial, há dificuldade de deglutição de alimentos com consistência líquida e/ou sólida. Para a alimentação via oral, os alimentos deverão ser oferecidos na consistência semilíquida (cremes, sopas, purês) ou líquida espessada, com o auxílio de espessantes, de forma a facilitar a diversificação da dieta. b) Paresia de face – A dificuldade para mastigação pode ocorrer, podendo ser mantida a alimentação via oral, desde que a consistência da dieta seja líquida, semilíquida ou pastosa. c) Gastroparesia – a dieta deverá ser administrada por via duodenal ou jejunal, caso a utilização de pró-cinéticos não seja capaz de contornar o problema. d) Diminuição da motilidade intestinal – a constipação intestinal pode estar presente, sendo recomendada a utilização de módulos de fibras e aumento da ingestão hídrica (em média 1ml/Kcal), quando não houver nenhuma co-morbidade (ex: ICC ou insuficiência renal) que limite o volume de líquidos. Caso a hipomotilidade seja severa, o uso de medicamentos laxativos será necessário. 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