Por ALEXANDRE AGUIAR
O presidente Jair Bolsonaro representa hoje um risco maior aos interesses da comunidade internacional que o facínora presidente da Síria Bashar al-Assad e do líder atômico da Coréia do Norte Kim Jong-un.
Diferentemente dos dois tiranos, o primeiro que utiliza armas químicas contra seu próprio povo e o segundo que ameaça o mundo com bombas atômicas e subjuga a sua população com liberdade quase zero e lavagem cerebral maciça, a ameaça de Bolsonaro se dá por algo invisível e somente perceptível nos microscópios.
O Brasil terá um colapso nacional da saúde neste mês de março. Vários Estados já vivem o colapso, incluindo o Rio Grande do Sul. Uma nova cepa muito mais contagiosa e que produz carga viral dez vezes maior que a do vírus original, surgida no Amazonas, está a se espalhar pelo Brasil e levando as redes de saúde privada e pública ao limite ou ao total esgotamento.
O que faz o presidente da República? Mais uma vez boicota e sabota as ações adotadas por governadores e prefeitos com o objetivo de frear a epidemia. Espalha a mentira que os governadores nada fizeram com o dinheiro enviado, aliás mandamento constitucional e não caridade. O Rio Grande do Sul aumentou em 11 meses os seus leitos de UTI no SUS em 126%, fato notável e que poucos lugares do mundo podem dizer ter feito o mesmo.
É muito claro que Bolsonaro trabalha sob a ideia defendida pelo seu conselheiro Osmar Terra, o que errou todas as previsões da epidemia, que o Brasil deve seguir funcionando e que todo mundo deve pegar o vírus para se gerar uma imunidade de rebanho, estratégia que a Suécia adotou e depois voltou atrás sob um saldo trágico.
Uma suposta imunidade de rebanho custaria milhões de mortos e esfacelaria a economia. E, ainda, não há prova alguma que funcione porque a nova variante de Manaus é capaz de driblar a imunidade de quem já teve Covid-19 e provocar nova infecção e matar. E mais variantes vão surgir.
Aí que Jair Bolsonaro é a ameaça maior ao mundo hoje. Nenhum líder no planeta atua para que o vírus circule livremente. Somente o presidente brasileiro. Quanto mais o vírus circula, melhor ambiente ele encontra para mutar e ficar mais perigoso. Quanto mais mutar, maior a ameça para a eficácia das vacinas.
E mutações não se limitam ao local de origem. Espalham-se pelo país e o mundo. A P.1, a nova variante de Manaus, foi primeiro identificada por testes genômicos, acredite, não em São Paulo ou no Rio de Janeiro, mas no Japão. Hoje, a notícia é que a P.1 foi achada em testes de seis pacientes no Reino Unido.
A sequência lógica é simples. Bolsonaro favorece que o vírus circule. Mais circulação traz mais mutações. Mais mutações fazem o vírus mais perigoso. Vírus mudado ameaça as vacinas.
E, em sendo a epidemia a maior crise mundial hoje e as vacinas a maior esperança, o presidente do Brasil é a maior ameaça ao mundo. A loucura de Assad não oferece risco ao morador de Bogotá. Kim não lançará suas bombas e o habitante de Ushuaia pouco está preocupado com seu arsenal. Agora, uma nova cepa ainda mais perigosa é um risco para todos no planeta.
As denúncias até agora têm se concentrado contra Bolsonaro em organismos de direitos humanos, como da Organização das Nações Unidas, mas a gravidade do que ocorre no Brasil e as potenciais ameaças para a comunidade internacional no controle epidêmico já demandam uma resolução do Conselho de Segurança da ONU.
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