Baixa autoestima! Ela pode nos distanciar das possibilidades de viver um amor saudável
Gisele Lacorte 5 de setembro de 2019
Um único fator separa as pessoas felizes das infelizes: o
senso de merecimento. Uma visão negativa de si mesmo e um baixo senso de
valor levam as pessoas a uma vida muito aquém do seu potencial.
A baixa autoestima interfere diretamente na qualidade do nosso relacionamento com a gente mesma, com o outro e com o mundo.
Nossas primeiras relações de afeto com nossos cuidadores exercem papel fundamental na maneira como vemos o mundo, como nos amamos e o valor que nos damos na vida adulta.
A nossa autoestima está muito ligada à forma como somos olhadas em nossa infância, principalmente pelos nossos pais e cuidadores. Quando somos amados e validados por simplesmente ser quem somos, temos grandes possibilidades de nos tornar adultos seguros, com uma visão positiva de nós mesmos.
Uma criança não tem uma visão ampla e abrangente para avaliar os acontecimentos, portanto, quando ela vive em ambiente de constante crítica, julgamentos, ofensas, piadas depreciativas a seu respeito, em geral, ela internaliza este tratamento como uma grande possibilidade afetiva e acaba se tratando da mesma maneira como se acostumou a ser tratada.
A ideia para esse artigo surgiu em um dia daqueles, de ócio, em que só queremos deitar e esquecer da vida.
Trocando de canal na TV, surpreendi-me com o filme água com açúcar “Noiva em fuga”, que acabara de começar.
Confesso que foi curioso assistir a um filme “Sessão da tarde”, com os olhos de hoje! A primeira vez que assisti ainda não era psicóloga, mas desta vez, analisar traços de personalidade da personagem principal, assim como seu sistema familiar, trouxeram-me um toque de profundidade e colocaram meus planos de só assistir a um filme “água com açúcar” por água abaixo.
Para quem não assistiu, vou relatar brevemente a essência do filme, segundo o meu olhar:
Maggie Carpenter, representada por Julia Robert, é uma garota estigmatizada na pequena cidade em que vive, já que foge da Igreja pela terceira vez, na hora do casamento, abandonando seus parceiros, atônitos, no altar.
O filme inicia com um jornalista, Ike Graham (Richard Gere), enviado à cidade para fazer a reportagem sobre a noiva em fuga. Maggie é uma garota que brilha, atrai olhares e pessoas. É alegre, sedutora, divertida, bonita, engraçada, cheia de vida, entre outras várias características carismáticas e cativantes.
Entretanto, não parece ter recebido auxílio e orientação de sua família. Na verdade, a mãe faleceu e o pai, um alcoólatra, não possuía condições psicológicas para auxiliá-la, então sempre fazia piadas depreciativas e humilhantes sobre suas fugas.
Brenne Brown, uma assistente social e pesquisadora, diz que, intrigada em entender qual a diferença entre as pessoas felizes e as pessoas infelizes, realizou uma longa pesquisa, até encontrar qual era o fator que as separava.
Após analisar os resultados dos dados obtidos, ela descobriu que um único fator separava as pessoas felizes das infelizes: o senso de merecimento. Percebeu ainda que as pessoas felizes acreditavam que mereciam ser felizes, enquanto as infelizes acreditavam que não.
Uma visão negativa de si mesma e um baixo senso de valor e merecimento levam as pessoas a viverem uma vida muito aquém do seu potencial de alegria, prazer, amor e felicidade, simplesmente por acreditarem que merecem pouco e, algumas vezes, nada.
No caso de Maggie, fica bem claro que a sua baixa autoestima se espalha por outras áreas, além da afetiva, quando o filme mostra os belíssimos trabalhos que faz com luminárias e lustres que ficam guardados no fundo de casa.
A personagem mal conseguia saber os tipos de ovos que gostava de comer pela manhã e a cada troca de namorado, mudava hábitos, gostos e preferências, deixando seu ponto de referência totalmente no outro, em vez de se conectar consigo mesma.
É exatamente este o ponto mais importante que quero ressaltar com este texto: Maggie Carpenter aqui representa as inúmeras mulheres que, apesar de lindas, atraentes, talentosas, inteligentes, não conseguem ter uma visão positiva de si mesmas, não conseguem se amar e vivenciam relações amorosas que lhes oferecem a mesma quantidade de amor que se dão.
“Amar a si mesma(o) é o início de um romance que vai durar a vida inteira.” Oscar Wilde
As pessoas mais românticas costumam fantasiar um amor de filme, com companheirismo, amizade, cuidado, aceitação, mimos e agrados.
Quantas de nós já suspiramos com um livro, filme ou até mesmo com um relato de uma história de um amor que nos fez bem?
Desta forma, criamos a crença de que todo o amor que não recebemos em casa e não pudemos nos dar até hoje, deverá vir de fora, de uma relação, de um parceiro e depositamos nesse amor que ainda não chegou, ou que pensamos ser o ideal, todas as nossas expectativas, acreditando que ele solucionará todos os nossos problemas internos de baixa autoestima, e que, então, seremos felizes para sempre!
A personagem do filme tinha muito medo de compromisso, pelo fato de se perder no outro e por faltar uma identidade e um autoconhecimento que lhe possibilitasse colocar limites e dizer não.
Maggie, antes do tradicional final feliz da década de 90, resolve passar um tempo sozinha, investir em seu trabalho e descobrir qual é o tipo de ovo que ela quer comer de manhã, independente de quem estiver ao lado dela.
Autoconhecimento, autovalidação, generosidade e empatia para conosco nos empodera e nos assegura de que somos capazes de fazer boas escolhas para nós mesmas.
O amor e o relacionamento que você tanto procura fora de você começa aí dentro. Antes de focar no externo, faça para você o que deseja receber do outro!
Leve-se à praia, convide-se para jantar, acolha-se, respeite-se, ame-se, cuide de você como o seu bem mais precioso.
Nós falamos muito sobre as mulheres neste artigo, mas os homens também vivem isso. Fazer escolhas amorosas erradas não é privilégio das mulheres!
Direitos autorais da imagem de capa: filme “Noiva em fuga”.
A baixa autoestima interfere diretamente na qualidade do nosso relacionamento com a gente mesma, com o outro e com o mundo.
Nossas primeiras relações de afeto com nossos cuidadores exercem papel fundamental na maneira como vemos o mundo, como nos amamos e o valor que nos damos na vida adulta.
A nossa autoestima está muito ligada à forma como somos olhadas em nossa infância, principalmente pelos nossos pais e cuidadores. Quando somos amados e validados por simplesmente ser quem somos, temos grandes possibilidades de nos tornar adultos seguros, com uma visão positiva de nós mesmos.
Uma criança não tem uma visão ampla e abrangente para avaliar os acontecimentos, portanto, quando ela vive em ambiente de constante crítica, julgamentos, ofensas, piadas depreciativas a seu respeito, em geral, ela internaliza este tratamento como uma grande possibilidade afetiva e acaba se tratando da mesma maneira como se acostumou a ser tratada.
A ideia para esse artigo surgiu em um dia daqueles, de ócio, em que só queremos deitar e esquecer da vida.
Trocando de canal na TV, surpreendi-me com o filme água com açúcar “Noiva em fuga”, que acabara de começar.
Confesso que foi curioso assistir a um filme “Sessão da tarde”, com os olhos de hoje! A primeira vez que assisti ainda não era psicóloga, mas desta vez, analisar traços de personalidade da personagem principal, assim como seu sistema familiar, trouxeram-me um toque de profundidade e colocaram meus planos de só assistir a um filme “água com açúcar” por água abaixo.
Para quem não assistiu, vou relatar brevemente a essência do filme, segundo o meu olhar:
Maggie Carpenter, representada por Julia Robert, é uma garota estigmatizada na pequena cidade em que vive, já que foge da Igreja pela terceira vez, na hora do casamento, abandonando seus parceiros, atônitos, no altar.
O filme inicia com um jornalista, Ike Graham (Richard Gere), enviado à cidade para fazer a reportagem sobre a noiva em fuga. Maggie é uma garota que brilha, atrai olhares e pessoas. É alegre, sedutora, divertida, bonita, engraçada, cheia de vida, entre outras várias características carismáticas e cativantes.
Entretanto, não parece ter recebido auxílio e orientação de sua família. Na verdade, a mãe faleceu e o pai, um alcoólatra, não possuía condições psicológicas para auxiliá-la, então sempre fazia piadas depreciativas e humilhantes sobre suas fugas.
Ela, tão acostumada com esse tipo de comportamento, começou a achar natural ser ridicularizada, e até ria junto com aqueles que faziam piadas dela.
Maggie parece não ter recebido dentro de casa o cuidado necessário para a construção de um bom olhar e tratamento para consigo, não aprendeu a olhar para suas verdadeiras necessidades de mulher.Brenne Brown, uma assistente social e pesquisadora, diz que, intrigada em entender qual a diferença entre as pessoas felizes e as pessoas infelizes, realizou uma longa pesquisa, até encontrar qual era o fator que as separava.
Após analisar os resultados dos dados obtidos, ela descobriu que um único fator separava as pessoas felizes das infelizes: o senso de merecimento. Percebeu ainda que as pessoas felizes acreditavam que mereciam ser felizes, enquanto as infelizes acreditavam que não.
Uma visão negativa de si mesma e um baixo senso de valor e merecimento levam as pessoas a viverem uma vida muito aquém do seu potencial de alegria, prazer, amor e felicidade, simplesmente por acreditarem que merecem pouco e, algumas vezes, nada.
No caso de Maggie, fica bem claro que a sua baixa autoestima se espalha por outras áreas, além da afetiva, quando o filme mostra os belíssimos trabalhos que faz com luminárias e lustres que ficam guardados no fundo de casa.
Quando não nos damos valor e não temos uma visão generosa e positiva de nós mesmos, temos dificuldade em apresentar nossos talentos ao mundo, por acreditarmos que nada que venha de nós pode ser suficientemente bom.
Um outro ponto que me chamou bastante a atenção foi a dificuldade da personagem em ter uma identidade definida. A cada novo namorado, ela se transformava em uma nova mulher, com gostos e atividades completamente diferentes. Como não havia uma identidade definida e sólida, internamente construída, a personagem do filme tomava para si gostos e hobbies de seus namorados, perdida em seus desejos, necessidades e anseios.A personagem mal conseguia saber os tipos de ovos que gostava de comer pela manhã e a cada troca de namorado, mudava hábitos, gostos e preferências, deixando seu ponto de referência totalmente no outro, em vez de se conectar consigo mesma.
É exatamente este o ponto mais importante que quero ressaltar com este texto: Maggie Carpenter aqui representa as inúmeras mulheres que, apesar de lindas, atraentes, talentosas, inteligentes, não conseguem ter uma visão positiva de si mesmas, não conseguem se amar e vivenciam relações amorosas que lhes oferecem a mesma quantidade de amor que se dão.
“Amar a si mesma(o) é o início de um romance que vai durar a vida inteira.” Oscar Wilde
As pessoas mais românticas costumam fantasiar um amor de filme, com companheirismo, amizade, cuidado, aceitação, mimos e agrados.
Quantas de nós já suspiramos com um livro, filme ou até mesmo com um relato de uma história de um amor que nos fez bem?
Desta forma, criamos a crença de que todo o amor que não recebemos em casa e não pudemos nos dar até hoje, deverá vir de fora, de uma relação, de um parceiro e depositamos nesse amor que ainda não chegou, ou que pensamos ser o ideal, todas as nossas expectativas, acreditando que ele solucionará todos os nossos problemas internos de baixa autoestima, e que, então, seremos felizes para sempre!
A personagem do filme tinha muito medo de compromisso, pelo fato de se perder no outro e por faltar uma identidade e um autoconhecimento que lhe possibilitasse colocar limites e dizer não.
A falta de uma estrutura familiar que a envolvesse com o amor que necessitava propiciou o desenvolvimento desse medo que a fazia, constantemente, fugir dos seus pretendentes.
Quantas de nós também sabotamos relacionamentos que poderiam dar certo e escolhemos aqueles que não nos trarão nutrição? O que será que tem por trás deste comportamento?Maggie, antes do tradicional final feliz da década de 90, resolve passar um tempo sozinha, investir em seu trabalho e descobrir qual é o tipo de ovo que ela quer comer de manhã, independente de quem estiver ao lado dela.
Autoconhecimento, autovalidação, generosidade e empatia para conosco nos empodera e nos assegura de que somos capazes de fazer boas escolhas para nós mesmas.
O amor e o relacionamento que você tanto procura fora de você começa aí dentro. Antes de focar no externo, faça para você o que deseja receber do outro!
Leve-se à praia, convide-se para jantar, acolha-se, respeite-se, ame-se, cuide de você como o seu bem mais precioso.
Nós falamos muito sobre as mulheres neste artigo, mas os homens também vivem isso. Fazer escolhas amorosas erradas não é privilégio das mulheres!
Como a vida é um eco, uma vez que este trabalho é bem feito, a vida e os seus relacionamentos respondem à altura. Acredite!
Direitos autorais da imagem de capa: filme “Noiva em fuga”.