domingo, 26 de janeiro de 2020



Itamaraty procura família brasileira com possível coronavírus nas Filipinas

24.jan.2020 - Médica usa roupas de proteção no hospital da Cruz Vermelha em Wuhan, na China. O país vive uma epidemia do novo coronavírus. - AFP
24.jan.2020 - Médica usa roupas de proteção no hospital da Cruz Vermelha em Wuhan, na China. O país vive uma epidemia do novo coronavírus. Imagem: AFP

Luciana Amaral
Do UOL, em Brasília
26/01/2020 11h46Atualizada em 26/01/2020 15h52
A Embaixada do Brasil nas Filipinas tenta contato com uma família de brasileiros suspeita de estar infectada pela nova forma de coronavírus no país, apurou a reportagem.
A informação de que um casal junto ao filho de 10 anos está internado em isolamento um hospital de Puerto Princesa, cidade da ilha de Palawan, do arquipélago que compõe as Filipinas, circula na mídia local.
De acordo com o jornal filipino ABS-CBN, eles estiveram recentemente em Wuhan, na China, epicentro da crise de transmissão do coronavírus e passaram a ter sintomas parecidos com os pacientes que sofrem da doença.
A família teria dado entrada numa unidade de saúde em El Nido na sexta-feira (24). O menino estaria com febre e dificuldades para respirar enquanto o pai estaria com garganta inflamada. Todos teriam sido então levados para um hospital maior em Puerto Princesa no sábado, segundo o jornal.
A informação divulgada é que eles passaram por exames para verificar se estão com o coronavírus, mas os resultados ainda não estão prontos.
Agora a Embaixada do Brasil, que fica em Manila, capital das Filipinas, em outra ilha, busca contato com a família para saber de suas condições e prestar o apoio possível. A expectativa é que informações mais concretas sejam repassadas nesta segunda (27).
Até a última atualização deste texto, o Ministério da Saúde brasileiro informava não haver casos registrados de coronavírus no Brasil. Cinco possíveis casos foram descartados ao longo das últimas duas semanas.
A China informou que o número de mortos pelo coronavírus subiu para 56 no país neste domingo (26). O governo chinês também atualizou para 2.051 o número de casos de pacientes infectados.
A doença levou o presidente chinês, Xi Jinping, a declarar que o país vive uma "situação grave" e causou o cancelamento das festas do Ano Novo Lunar em diversas cidades.
O Canadá divulgou ontem o primeiro registro de coronavírus no país. Além da China e do Canadá, outros 11 países confirmaram casos de contágio: Malásia, Austrália, Tailândia, Vietnã, Singapura, Japão, Coreia do Sul, Arábia Saudita, Nepal, França e Estados Unidos.

sábado, 25 de janeiro de 2020

J. Haydn: Concerto para Trompete e orquestra em Mi bemol maior

9 doenças que mais matam no mundo

Mais de 50 milhões de pessoas morrem anualmente no planeta – número maior que a população inteira do estado de São Paulo. Fazer esta conta pode parecer algo um tanto mórbido mas, segundo a Organização Mundial de Saúde, saber quantas pessoas morrem a cada ano e a causa destas fatalidades é fundamental para identificar problemas e implementar políticas públicas de saúde eficazes. E campanhas contra o cigarro parecem ser prioridade: segundo o último relatório da OMS, publicado em 2011 e baseado em dados de 2008, o cigarro está ligado a três das doenças mais fatais e é responsável pela morte de 1 em cada 10 adultos mundo afora. De que mais as pessoas tem morrido? Confira as 9 doenças que mais matam no mundo:

1. Cardiopatia isquêmica
Número de mortes: 7,25 milhões (12,8%)
Uma doença, normalmente causada por uma aterosclerose coronariana, em que se verifica isquemia do miocárdio. Não entendeu nada? Calma, a gente explica. A cardiopatia isquêmica acontece quando alguma coisa atrapalha a irrigação do coração (que, além de bombear sangue para o resto do corpo, também é movido a sangue!). Isso rola quando placas de gordura, colesterol, cálcio ou colágeno se acumulam nas artérias, dificultam a circulação do sangue e atrapalham o ritmo do músculo mais importante do seu corpo. Coraçãou parou, suas células começam logo a morrer. Aí, já viu. O risco da doença aumenta com a idade, mas também pode ser agravada por tabagismo, consumo de carne vermelha, diabetes e hipertensão arterial.

2. Derrame e outras doenças vasculares cerebrais
Número de mortes: 6,15 milhões (10,8%)
O derrame – nome popular do acidente vascular cerebral (AVC) ou acidente vascular encefálico (AVE) – é provocado pelo entupimento ou rompimento de vasos sanguíneos cerebrais. Idade avançada, hipertensão arterial (pressão alta), colesterol elevado, tabagismo e diabetes são alguns dos principais fatores de risco. Fique atento aos sintomas: quanto mais rápido o atendimento, maiores as chances de sobrevivência.

3. Doenças inflamatórias do trato respiratório inferior

Número de mortes: 3,46 milhões (10,8%)
Traqueia, pulmões, brônquios, bronquíolos e alvéolos pulmonares compõem as vias aéreas inferiores, parte do aparelho respiratório também chamada de trato respiratório inferior. Infecções nessa região geralmente são causadas pelo mal funcionamento dos cílios que revestem a traqueia – é graças ao movimento deles que a sujeira que inalamos ao respirar é varrida para fora através da tosse. A pneumonia, doença inflamatória no pulmão, também se enquadra nesta “doença mortal”.

4. Doenças pulmonares obstrutivas crônicas
Número de mortes: 3,28 milhões (6,1%)
Falta de ar, fadiga muscular, insuficiência respiratória. Estes são alguns dos sintomas das Doenças Pulmonares Obstrutivas Crônicas (DPOC), que incluem a enfisema e a bronquite crônica. Geralmente provocadas por tabagismo, exposição passiva ao fumo, exposição à poeira, poluição ambiental ou fatores genéticos, as DPOC destroem os alvéolos e comprometem o funcionamento do pulmão. Está na hora de rever a qualidade do ar que você respira.

5. Diarreia
Número de mortes: 2,46 milhões (4,3%)
Uma “simples” diarreia pode ser mortal. Podendo ser causada por doenças inflamatórias intestinais, efeitos colaterais ao uso de medicamentos, infecções (por vírus, bactérias ou parasitas) e alergias, a diarreia leva à perda de grandes quantidades de água e sais minerais, o que pode desencadear quadros de desidratação grave.

6. HIV/AIDS

Número de mortes: 1,78 milhões (3,1%)
Responsável por tirar mais de 25 milhões de vidas ao longo das últimas três décadas, a doença continua a ser uma grande preocupação global. O Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) atinge o sistema imunológico e enfraquece a defesa contra infecções e alguns tipos de câncer. À medida que o vírus destrói e prejudica a função de células do sistema imunológico, os indivíduos infectados tornam-se gradualmente incapazes de combater infecções. O estágio mais avançado da infecção pelo HIV é a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, a AIDS, que pode levar entre 2 a 15 anos para se desenvolver, dependendo do indivíduo. Apesar de ainda não ter cura, o tratamento com medicamentos anti-retrovirais consegue controlar o vírus.

7. Câncer de pulmão, traqueia e brônquios

Número de mortes: 1,39 milhões (2,4%)
O cigarro ataca novamente: a causa mais comum deste tipo de câncer é a exposição prolongada à fumaça do cigarro. Um dos motivos de ser tão mortal é provavelmente seu difícil diagnóstico – o câncer no pulmão, o mais comum no Brasil, costuma ser descoberto em estágios avançados, o que faz o índice de mortalidade chegar a 86%.
Leia também: Quais tipos de câncer mais matam no Brasil?

8. Tuberculose

Número de mortes: 1,34 milhões (2,4%)
Causada pelo Mycobacterium tuberculosis (ou bacilo-de-koch), a tuberculose é uma das mais antigas doenças documentadas pela humanidade, e foi responsável por uma grande epidemia que matou 1 bilhão de pessoas entre 1850 e 1950. Altamente contagiosa e transmitida de pessoa para pessoa através das vias respiratórias, a “peste cinzenta” pode ser tratada através do uso de antibióticos, que curam o paciente em até seis meses. Apesar disso, a tuberculose continua sendo uma das doenças que mais causa mortes no mundo.
Leia também: Grandes epidemias ao longo da história 

9. Diabetes mellitus
Número de mortes: 1,26 milhões (2,2%)
A glicose é uma importante fonte de energia para o organismo. Em excesso, no entanto, pode causar uma série de complicações – incluindo ataques cardíacos, derrames cerebrais, cegueira, hipertensão arterial e insuficiência renal, como aponta a American Diabetes Association. Por isso é tão importante seguir um tratamento regular para a diabetes, doença que provoca o aumento anormal do açúcar no sangue.

Bônus:
Os acidentes rodoviários ocupam o décimo lugar no ranking das principais causas de morte no mundo. Anualmente, são registradas cerca de 1,21 milhões de mortes no trânsito, o que representa 2,1% do total de falecimentos. Além disso, a cada ano, cerca de 50 milhões de pessoas sofrem acidentes não-fatais nas estradas.

Fonte: Organização Mundial da Saúde

Beethoven "Symphony No 6" Karajan

Carmina Burana Completo Legendado - Copenhagen Royal Chapel Choir - DR S...

Fatos curiosos da vida de 12 compositores famosos de música clássica

Gessica Borges
Gessica Borges
Alguns compositores clássicos (ou compositores eruditas) marcaram a história com suas composições que, apesar de terem sido feitas há séculos, são facilmente reconhecidas na contemporaneidade.
O que poucas pessoas sabem são as histórias de vida curiosas (e às vezes estranhas) que estão por trás dos maiores nomes da música clássica mundial.
Neste artigo contamos alguns fatos interessantes e curiosos da biografia dos compositores clássicos mais famosos do mundo.

1. Wolfgang Amadeus Mozart (1756 - 1791)

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O compositor austríaco com apenas cinco anos de idade já dominava o teclado e o violino e fazia apresentações às famílias reais europeias.
Alguns fatos curiosos da sua trajetória bombástica são contados no filme vencedor do Óscar Amadeus (1984), que vale muito a pena para tentar entender como um homem tão genial e adorado morreu sozinho e em circunstâncias desconhecidas com apenas 35 anos de idade.
Uma das coisas interessantes que se sabe sobre ele é que, sendo muito fã de gatos e gostando de imitá-los, ele escreveu uma música chamada "O Dueto dos Gatos", onde um marido faz perguntas à esposa e ela só responde com miaus, até que ele desiste e passa a cantar apenas com miau também. A canção é até hoje interpretada em peças e outras expressões culturais: basicamente uma harmonia sinfônica de miados!
Quer saber mais sobre Mozart? Leia a sua biografia completa.

2. Ludwig van Beethoven (1770 - 1827)

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Um dos nomes inesquecíveis da música clássica, Beethoven nasceu na Alemanha e foi um exímio compositor e pianista.
Seus conterrâneos costumam dizer que o músico não era muito sociável, constantemente envolvendo-se em situações constrangedoras onde jogava ovos em garçons, cuspia em pisos de restaurantes e outras cenas estranhas.
Quando tinha quarenta e seis anos de idade, o compositor já estava praticamente surdo, mas uma de suas composições mais famosas, a 9ª sinfonia, foi feita justamente quando ele não podia mais escutar, apenas três anos antes de sua morte.
Conheça mais sobre a vida de Beethoven.

3. Pyotr Ilyich Tchaikovsky (1840 - 1893)

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O músico russo que compôs "O Lago dos Cisnes", foi a vida inteira atormentado pela sua homossexualidade, o que o levou a vários episódios de depressão.
Uma das manias mais estranhas do compositor era segurar a sua própria cabeça com a mão esquerda enquanto estava tocando, pois tinha medo que ela caísse. A cena era comum em apresentações em frente a suas orquestras.
Saiba mais sobre a trajetória do maior compositor clássico russo que já viveu, lendo a biografia completa de Tchaikovsky.

4. Igor Stravinsky (1882 - 1971)

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Compositor nascido franco-russo e mais tarde cidadão americano, Stravinsky é um dos nomes que colocam a música clássica mais próxima do nosso tempo, pois viveu no século XX.
Ele foi muito amigo e próximo do pintor Pablo Picasso e, inclusive, um de seus mais famosos balés, Pulcinella (1920), contou com um cenário inteiramente pintado por Picasso. Foi a entrada do compositor para o estilo neoclassicista.
Sendo um homem desenvolto, cheio de dons artísticos e muito respeitado em várias partes do mundo, sua vida amorosa também foi fonte de algumas controvérsias. Uma delas é o seu envolvimento com a famosa estilista francesa Coco Chanel.

5. George Friedrich Händel (1685 - 1759)

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Um dos ícones do período barroco da música clássica, Handel nasceu no mesmo ano que outro famoso compositor clássico, Bach.
Famoso por sua obsessão por comida, que acabou tornando-o obeso quando adulto, uma das hipóteses da sua morte é a de envenenamento por chumbo, presente em resíduos dos garrafões de vinho que ele ingeria em grande quantidade.
No entanto, não era apenas vinho e comida que o compositor alemão consumia em grandes quantidades: o processo criativo de Handel incluía a cópia do material de vários outros compositores, e a reciclagem constante de sua própria, o que causa polêmica na sua obra, acusada por alguns de ser basicamente produzida sobre plágios.
Quer mais polêmica? Está tudo lá na biografia completa de Handel.

6. Giacomo Puccini (1858 - 1924)

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Considerado por muitos o último grande compositor clássico italiano, Puccini cresceu em uma família que há muitas gerações era famosa por sua atuação com música. Apesar disso, sua carreira começou tarde, no final da adolescência, pois segundo seu tio e mentor, o garoto não era talentoso o suficiente.
Um dos maiores escândalos da vida de Puccini foi o suicídio da empregada da família. Acusada de ter um caso com o compositor por sua esposa, Elvira Gemignani, Dora envenenou-se na própria cozinha da casa do casal, incapaz de aguentar a pressão da sociedade sobre o caso. A autópsia confirmou a virgindade da moça.
Hoje, "La Boheme" (1896) é a sua obra mais famosa e renomada, mas na época do lançamento não foi bem assim: um outro compositor italiano, Ruggero Leoncavallo, havia composto uma outra ópera de mesmo nome, que por mais de dez anos ofuscou a composição de Puccini. Atualmente ninguém mais lembra da obra de Leoncavallo.

7. Johannes Brahms (1833 - 1897)

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O pianista alemão que representou o romantismo musical da Europa do século XIX também cresceu em uma família de músicos e aos doze anos de idade já ganhava dinheiro se apresentando em pequenos concertos.
Apesar de ter crescido em uma família que já tinha contato com música, Brahms era muito pobre e só podia praticar tocando em pubs, escolas e outros lugares públicos. O compositor era muito perfeccionista e destruiu várias das suas composições por achar que não estavam boas o suficiente.
Apesar de nunca ter se casado, vários biógrafos concordam em afirmar que esteve apaixonado por muito tempo pela esposa de outro compositor clássico famoso: Robert Schumann. Ele e Clara desenvolveram uma relação muito próxima, que ficou ainda mais estreita quando Robert faleceu.
Quer saber mais sobre a vida de Brahms? Leia a sua biografia completa.

8. Antonio Salieri (1750 - 1825)

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Tendo vivido na mesma época do famoso Mozart, Salieri foi um compositor italiano que ofuscava o mestre austríaco em sua época de atuação. Ele era muito mais famoso, respeitado e bem sucedido que Mozart.
A suposta rivalidade entre os dois, no entanto, há séculos é tema de vários produtos culturais, incluindo o filme Amadeus (1985).
Mas a verdade é que Salieri foi professor de vários dos compositores clássicos mais famosos da história, incluindo Ludwig Van Beethoven, Franz Liszt, Franz Schubert e outros, incluindo o próprio filho de Mozart, Franz Xaver.
Infelizmente, os últimos anos de Salieri foram internados em um hospício, com sintomas de demência, tendo morrido com setenta e quatro anos de idade.

9. Antonio Vivaldi (1678 - 1741)

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O músico italiano autor do famoso concerto "As Quatro Estações" foi padre aos quinze anos e passou boa parte do início de sua carreira ensinando um coral de vozes femininas que eram internas em um convento.
Por mais de dois séculos as composições de Vivaldi estiveram perdidas até que em 1939 o compositor e maestro italiano Alfredo Casella organizou a histórica Semana Vivaldi, onde reorganizou e transcreveu e expôs a obra do artista.
Vivaldi morreu pobre, provavelmente de asma, doença que tinha desde jovem. Em seus últimos anos, já não era popular em Viena e vendia seus manuscritos por valores simbólicos para sobreviver.
Quer saber mais sobre Vivaldi? Está tudo lá em sua biografia completa.

10. Franz Schubert (1797-1828)

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A música erudita da época romântica aprendeu muito com o austríaco Schubert, que é considerado o maior compositor de música clássica lírica, cantada.
Foi um dos alunos do mestre Antonio Salieri e, apesar de ter escrito mais de mil peças de música, nunca esteve financeiramente confortável, sempre alternando em receber pequenas fortunas pelo seu trabalho, concertos e apresentações, e gastar tudo em festas regadas à comida e vinhos caros.
Morreu muito jovem, com apenas trinta e um anos de idade, de febre tifoide.
Você pode saber mais de Franz Schubert através de sua biografia completa.

11. Johann Sebastian Bach (1685 - 1750)  

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A tríade dos maiores compositores eruditos do mundo inclui Beethoven, Mozart, e Bach, o gênio alemão que foi pouco reconhecido durante a sua vida.
Dos dois casamentos que teve, vinte herdeiros restaram, vários deles seguindo também a carreira musical, entre eles Wilhelm Friedemann.
A vida de Bach no geral foi de inúmeras dificuldades e ao final da vida ele já estava totalmente cego, morrendo em decorrência de uma cirurgia mal sucedida que tentava recuperar a sua visão.
Leia a biografia completa para saber mais da trajetória um tanto trágica de Sebastian Bach.

12. Frédéric Chopin (1810 - 1849)

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Assim como vários outros compositores clássicos, Chopin foi um músico prodígio que aos sete anos de idade já fazia apresentações para a aristocracia polonesa.
Uma das curiosidades do artista é que ele gostava de compor e tocar no escuro, para ser capaz de sentir melhor a música. Ele popularizou o ritmo mazurca, tradicional de origem polaca, que ele transformou de uma dança a algo que poderia ser escutado.
Tendo falecido com apenas trinta e nove anos de idade, provavelmente de tuberculose, o seu último desejo era ter o coração levado para sua terra natal (na época o músico havia migrado para a França). A irmã cumpriu o seu pedido e até hoje o seu coração está na Igreja da Santa Cruz, em Varsóvia.
Quer saber mais sobre o músico polaco? Leia a sua biografia completa.
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1957: Morria o maestro Arturo Toscanini

Em 16 de janeiro de 1957, morreu o grande mestre italiano da música, que regeu por mais de 40 anos. Elogiado por sua genialidade e respeitado como poucos, sua carreira como maestro começou por acaso e no Brasil.
O maestro italiano Arturo Toscanini em paletó preto e gravata borboleta Arturo Toscanini em Manhattan em 1939
"Toscanini tinha uma obsessão que acabou sendo trágica, pois deixou de reger aos 87 anos, sem jamais ter se contentado com o resultado de uma sequer de suas apresentações." A afirmação é de Friedelind Wagner, uma neta de Richard Wagner que bem conheceu o trabalho do grande maestro italiano. Sua avó, Cosima Wagner, a viúva do compositor alemão, nomeou Arturo Toscanini diretor musical do Festival de Bayreuth em 1931.
Poucos tiveram uma carreira como a dele: diretor do Scala de Milão, regente nas principais salas de concertos do mundo, como a Metropolitan Opera de Nova York e o Festival de Salzburgo, diretor da Filarmônica de Nova York, famoso e temido por sua impiedosa precisão.
Sua carreira como maestro começou por acaso e no Brasil. Em 1885, aos 19 anos, ele participava de uma turnê como violoncelista, quando o dirigente abandonou a orquestra no Rio de Janeiro.
Toscanini assumiu a batuta e teve grande sucesso. Consta que ele nem precisou de partitura para reger a obra, o que continuou fazendo a vida inteira, tal era a sua memória musical. Ele conhecia as peças nota por nota, percebendo todo e qualquer erro, por mínimo que fosse. Exigente por natureza, não havia músico que satisfizesse o alto padrão por ele imposto.
A busca do fogo e da perfeição
Friedelind Wagner assistiu a um ensaio de Fidelio em Salzburgo, com a participação da cantora Lotte Lehmann. Segundo ela, todos haviam trabalhado horas seguidas e não havia como satisfazer Arturo Toscanini. Em seu desespero, Lotte Lehmann foi conversar com ele. "Mas mestre, por que a interpretação não é do seu agrado?" Ele só respondeu: "Manca il fuoco!" – falta fogo. Ou seja, ele esperava dos músicos e cantores, após cinco horas de ensaio, ou mesmo que fossem 24 horas, o mesmo 'fogo' que punha em seu trabalho e exigia de si mesmo", lembra a neta de Richard Wagner.
Nascido em 25 de março de 1867 em Parma, Arturo Toscanini conseguiu estabelecer uma ligação entre os séculos 19 e 20, entre a era do romantismo e a contemporânea. Manteve contato e trabalhou com os principais compositores do final do século 19, com Verdi, Respighi e Puccini.
O disco, o novo instrumento de difusão da música, deve ao maestro Arturo Toscanini as primeiras gravações orquestrais de qualidade. Friedelind Wagner: "Teve peças musicais que ele gravou 10 ou 20 vezes e que nunca saíram sob a forma de disco, porque algum detalhe mínimo não lhe agradava. Era quando o maestro interrompia a gravação, batia com a mão na testa e dizia – 'mas eu sou um idiota!'. Ele nunca esteve satisfeito consigo mesmo".
Horowitz – um dos poucos músicos que respeitava
A exatidão insuperável de Arturo Toscanini tornou suas interpretações especialmente dinâmicas e transparentes, momentos áureos da história dos concertos, mesmo que o resultado nunca tenha atingido a perfeição que ele tanto buscava. Pouquíssimos músicos compraziam seu alto padrão artístico. Um deles foi seu genro, o pianista Vladimir Horowitz. Com os outros dirigentes, não tinha complacência.
Friedelind Wagner relembra: "Certa vez, Toscanini estava em Nova York, escutando música no rádio e os apresentadores anunciavam: o Dr. Kousewitzky rege isso e aquilo, agora o Dr. Rodjensky regerá tal concerto, e depois o Dr. Stokowsky vai reger não-sei-o-quê... Toscanini balançou a cabeça e disse – 'todos doutores, mas nenhum maestro!'"
Sua posição frente à vida era tão incondicional como em relação a seu trabalho. Quando os fascistas assumiram o poder, Toscanini virou as costas à Europa para sempre. Os simpatizantes do regime italiano foram por ele punidos com desprezo perpétuo. Tscanini  morreu em 16 de janeiro de 1957, aos 90 anos, em Nova York.

Karajan: os 100 anos de um regente controverso

A indústria fonográfica celebra o centenário do regente como se ele ainda estivesse vivo. Amado e odiado ao extremo, o austríaco Herbert von Karajan corporificou à perfeição a figura do maestro onipotente.
"Ele tem o poder de vida e morte sobre as vozes dos instrumentos; alguém há muito silencioso falará novamente, sob o seu comando. O aplauso que recebe é a antiga saudação ao vencedor, e a dimensão de sua vitória é medida por seu volume. Fora isto, nada conta; tudo o que a vida de outros homens contém é transformado para ele em vitória ou derrota."
Esta citação, do livro do filósofo Elias Canetti Massa e poder, descreve a figura do regente como corporificação do poder, "o ditador na esfera estética". E – pelo menos este é o consenso entre seus detratores – a definição parece aplicar-se como uma luva a Herbert von Karajan.
Obedecer sem perguntar
Autoritário, exibicionista, tirânico, ou músico genial? Quase 20 anos após sua morte, o regente austríaco desperta debates acalorados.
Por falar em tirania: inquirido sobre por que preferia reger a Filarmônica de Berlim à de Viena, Karajan respondeu: "Se digo aos berlinenses que dêem um passo à frente, eles dão. Se digo aos vienenses para darem um passo à frente, eles dão. Mas aí perguntam por quê."
A capital alemã agradece: em comemoração póstuma dos 90 anos do músico, a rua Matthäikirchstrasse teve seu nome mudado em 1998. Desde então, o endereço da sala de concertos da Filarmônica de Berlim eterniza aquele que por mais tempo foi seu maestro titular: Herbert von Karajan Strasse 1.
Filiação vantajosa
Heribert Ritter von Karajan nasceu em uma família da alta burguesia de Salzburgo, a 5 de abril de 1908. Menino prodígio, aos 9 anos dava seu primeiro concerto como pianista, no renomado Mozarteum. Em 1929, mal saído do conservatório, já regia a Salomé de Richard Strauss na Festspielhaus da cidade.
Sua já meteórica carreira ganhou um impulso extra em 1935, com o ingresso no Partido Nacional-Socialista (NSDAP). Nesse mesmo ano, foi nomeado generalmusikdirektor – o mais jovem da Alemanha – da cidade de Aachen e fez turnês por diversas capitais européias. Enquanto outros astros do pódio orquestral, como Bruno Walter e Arturo Toscanini, abandonavam a Europa fascista, Karajan se beneficiava com a associação ao regime nazista.
Três anos mais tarde, regia a Filarmônica de Berlim pela primeira vez e fechava contrato com a companhia fonográfica Deutsche Grammophon, a que permaneceu fiel por quase toda a longa carreira. Sua primeira gravação foi a abertura de A flauta mágica, de Mozart, à frente da Staatskapelle Berlin.
Apesar de haver desagradado pessoalmente a Adolf Hitler com uma récita desastrosa de Os mestres cantores de Nurembergue, de Wagner, o favoritismo de Hermann Göring – então primeiro-ministro da Prússia e superintendente da Ópera Nacional de Berlim – o manteve em posição privilegiada. O perfeccionismo, a determinação e o rigor, a aura de gênio e até mesmo a aparência de viril galã do jovem Karajan vinham ao pleno encontro da ideologia nazista.
Carreirismo ou convicção?

Os críticos mais impiedosos de Herbert von Karajan não lhe "concedem" nem mesmo o carreirismo como justificativa para a associação ao NSDAP: o maestro simplesmente haveria sido um nazista convicto. Prova disso seria o timing de sua dupla filiação ao partido.
O alistamento em 1935 fora precondição incontornável para a nomeação em Aachen. Porém, como assinala Karsten Kammholz, do jornal Berliner Morgenpost: dois anos antes – e cinco antes de a Áustria ser anexada por Hitler – ele já entrara para o NSDAP em Salzburgo. Porém esta primeira filiação foi cancelada por irregularidades no pagamento das mensalidades.
Kammholz apresenta mais um argumento: ao ser dispensado do cargo de generalmusikdirektor em 1941 – supostamente por estar pouco presente em Aachen – Karajan insistiu em servir ao regime de outro modo. Em plena Segunda Guerra Mundial, inscreveu-se para uma formação como piloto de batalha. Foi contudo, rejeitado, devido à idade.
O céu como limite
Terminada a guerra, o processo de desnazificação de Karajan foi lento. Embora exonerado na Áustria em 1946, a candidatura para a Orquestra Filarmônica de Hamburgo foi recusada em 1949, já que o processo austríaco não era reconhecido na Alemanha. A correspondência das autoridades norte-americanas encarregadas dos trâmites não deixa dúvidas: "nazista ardoroso".
Somente a criação da República Federal da Alemanha, um ano mais tarde, desbloqueou a carreira pós-guerra de Karajan. A partir daí, sua ascensão foi irresistível. Semideus, ícone midiático, cuja imagem vendia tanto ou mais do que sua música, ele não se limitou ao poço da orquestra, arvorando-se até mesmo em diretor cênico de diversas óperas, com sucesso questionável.
Ao mesmo tempo, arrogante e com empedernimento digno de uma Leni Riefenstahl, o maestro dispensava sumariamente qualquer referência pública a seu passado político como mera reação de inveja impotente.
O "som Karajan"
Certamente algumas portas se fecharam: músicos judeus do primeiro escalão, como Isaac Stern ou Arthur Rubinstein, se recusaram a tocar sob sua regência. A própria Filarmônica de Berlim – da qual fora apontado titular vitalício já em 1955 – só pôde se apresentar em Israel após a morte do regente, em 16 de julho de 1989.
Porém Herbert von Karajan não foi alvo somente de críticas ético-políticas ou mesmo pessoais – sua vida amorosa, seus cachês astronômicos, a paixão por carros e pelo luxo em geral.
Seu estilo de regência – ao mesmo tempo exibicionista e intenso, afetado e introvertido – foi muitas vezes ridicularizado. De fato: as últimas gravações em vídeo mostram o maestro quase sempre de olhos fechados, alienado da orquestra e da partitura, como se a música que se ouve fluísse diretamente de sua mente.
A própria "sonoridade Karajan", voluptuosa, aveludada e ultrapolida – ou pré-fabricada e artificial, como querem alguns – também é freqüentemente comparada, de forma desvantajosa, às escolhas estéticas de outros maestros: menos perfeccionistas, porém mais "verdadeiros", mais dispostos ao risco.
De volta do além?
Doa a quem doer, e sobretudo por ocasião de seu centenário, Karajan continua vivo: ícone, virtuose, playboy, astro pop, best-seller da música clássica. Ou, como Ivan Hewett, redator musical do britânico Daily Telegraph, prefere descrever o fenômeno:
"Algo de tenebroso está acontecendo no mundo da música clássica.
[...] Súbito, aqueles olhos cerrados em êxtase, aqueles saltitantes cachos grisalhos e aquela mandíbula trancada pareciam estar em todo lugar.
Era como se Herbert von Karajan – antigo nazista, o mais tirânico, vilificado e prodigamente remunerado regente da história – houvesse retornado dos mortos.
Francamente, eu não duvidaria que o velho demônio seja capaz de tal coisa. Antes de morrer, em 1989, Karajan falara em ser preservado criogenicamente, a fim de ser ressuscitado em alguma data futura. E esse homem sempre conseguiu o que queria."

Leonard Bernstein – pianista, regente, compositor e educador


Em 25 agosto de 2018, um dos maiores nomes da música mundial, se estivesse vivo, teria completado cem anos. Leonard Bernstein foi um dos primeiros maestros nascidos e educados nos Estados Unidos a ser aclamado mundialmente.
Regente, pianista e compositor, atuou durante sua vida também como apresentador de programas de televisão, comentarista e até mesmo militante pela paz mundial. Foi considerado um dos músicos mais talentosos e bem-sucedidos da história americana.
Leonard Bernstein
Conhecido tanto por seu gênio quanto por suas obras, Leonard Bernstein nasceu na cidade de Lawrence, em Massachussetts, nos Estados Unidos, filho dos imigrantes judeus ucranianos Samuel Joseph Bernstein e Jennie Resnick.
Ainda criança, ouviu um concerto para piano e ficou imediatamente apaixonado pelo instrumento. A maior incentivadora de seu interesse pela música foi sua tia Clara, que lhe deu o piano de sua prima Lillian Goldman quando ele completou 10 anos. A partir de então, passou a ter aulas com a pianista Frieda Karp, e, em 1930, foi matriculado no New England Conservatory of Music. Frequentemente, com sua irmã mais nova, Shirley, tocava transcrições para piano de óperas ou sinfonias. Leonard teve uma variedade de professores de piano em sua juventude, incluindo Helen Coates, que mais tarde se tornaria sua secretária.
Em 1935, Bernstein ingressou no curso de música da Universidade de Harvard, onde estudou com Edward Burlingame Hill e Walter Piston, entre outros. Durante sua estada ali, foi pianista acompanhador do Glee Club de Harvard, além de ter montado uma produção estudantil de “The Cradle Will Rock”, dirigindo a orquestra a partir do piano, como o compositor Marc Blitzstein havia feito na estreia.
Ali também conheceu o maestro Dimitri Mitropoulos que, embora nunca tenha lhe dado aulas, influenciou fortemente a decisão de Bernstein de assumir a direção, assim como alguns de seus hábitos, como a regência ao piano, sua prática inicial de conduzir sem a batuta e, talvez, seu interesse pela música de Mahler.
Outra importante influência que Bernstein recebeu durante seus anos em Harvard foi do compositor Aaron Copland, que conheceu em um concerto e na festa de aniversário de Copland, em 1938. Bernstein interpretou as “Piano Variations” de Copland, trabalho espinhoso que ele adorava, mesmo sem saber qualquer coisa sobre o compositor até aquela noite. Embora não fosse formalmente seu aluno, Bernstein procuraria regularmente conselhos de Copland nos anos seguintes sobre suas próprias composições e, muitas vezes, o citaria como “seu único professor de composição real”. Bernstein gravou quase todas as obras de Copland para orquestra.
Embora tenha se formado com a tese “A Absorção de Elementos de Raça na Música Americana”, sua principal influência intelectual na Universidade talvez tenha sido a estética do professor David Prall, cuja visão multidisciplinar de arte compartilhou pelo resto da vida.
Depois de completar seus estudos em Harvard, em 1939 (graduando-se com louvor), se matriculou no Curtis Institute of Music, na Filadélfia, onde estudou regência com Fritz Reiner (que, segundo relatos, atribuiu uma única nota “A” em sua carreira, para Bernstein), piano com Isabelle Vengerova, orquestração com Randall Thompson, contraponto com Richard Stöhr e leitura musical com Renée Longy Miquelle.
Bernstein
Bernstein viveu em Nova York, trabalhando para uma editora de música, transcrevendo músicas ou produzindo arranjos sob o pseudônimo de Lenny Amber. Em 1940, iniciou seus estudos no curso de verão do Tanglewood Music Center, de Boston, na classe de regência do maestro Serge Koussevitzky.
A amizade com Copland (que era muito próximo de Koussevitzky) e Mitropoulos foram determinantes para ajudá-lo a conseguir uma vaga na classe. Talvez Koussevitzky não tenha ensinado a Bernstein muitas técnicas básicas de regência (que ele já havia desenvolvido com Reiner), mas se tornou uma espécie de figura paterna para ele e talvez tenha sido a maior influência em seu modo emocional de condução. Bernstein mais tarde tornou-se seu assistente de regência.
A grande chance do maestro aconteceu, por acaso, em novembro de 1943. Tendo sido recém-nomeado regente assistente de Artur Rodziński na Orquestra Filarmônica de Nova York, Bernstein precisou substituir às pressas o maestro Bruno Walter, que ficou gripado, em uma apresentação no Carnegie Hall. Sem nenhum ensaio, apenas uma breve conversa com Walter sobre dificuldades particulares nas obras que iria reger, Bernstein foi tão aplaudido que, no dia seguinte, seu nome estava na primeira página do jornal The New York Times. A história ganhou a primeira página do periódico.
Instantaneamente, Bernstein se tornou famoso, porque o concerto foi transmitido nacionalmente pela rádio CBS. Depois disso, começou a receber convites de muitas orquestras americanas e, de 1945 a 1947, foi Diretor Musical da New York City Symphony, fundada pelo maestro Leopold Stokowski, que atingia um público popular, com programas modernos e ingressos baratos. Em 1947, assumiu como Diretor Musical da Orquestra Filarmônica de Nova York.

Leonard Bernstein, o superastro

Bernstein e Produção
A primeira vez que Bernstein regeu um concerto fora dos Estados Unidos foi em 1944, na cidade de Montreal (Canadá). Após a Segunda Guerra, foi contratado para se apresentar para os ingleses, seguindo depois para a França e para a Hungria, onde se apresentou no Festival Internacional de Música de Praga. Realizou inúmeros concertos em Israel, país escolhido por ele para a estreia de diversas obras, entre elas a Sinfonia nº 3 “Kaddish”, em 1963, na cidade de Tel Aviv.
Bernstein se apresentou com quase todas as principais orquestras do mundo, mas foi com a Filarmônica de Nova York que ele deixou, além de gravações, um legado na educação musical. Com a série Young People’s Concerts (Concertos Para a Juventude), televisionada para todos os Estados Unidos, foi um dos principais agentes da popularização da música de concerto no pós-guerra. O regente tem gravações de referência de obras tão distintas como “A Sagração da Primavera”, de Stravinsky, e “Rhapsody in Blue”, de George Gershwin, além de ciclos sinfônicos completos, como o de Mahler, um de seus compositores preferidos, que foi gravado duas vezes.
Antes de se tornar uma estrela da música erudita, Bernstein esteve associado a produções teatrais, como o balé “Fancy Free” e o espetáculo “On the Town” (de 1944), o primeiro de uma série de musicais da Broadway. Em 1957, foi aclamado pela estreia de seu musical “West Side Story” (“Amor, Sublime Amor”). A peça, exibida na Broadway, conta a história da rivalidade entre duas gangues no subúrbio americano e, anos mais tarde, foi adaptada para o cinema e ganharia o Oscar de melhor trilha sonora. Em 1985, foi gravada integralmente por Bernstein, regendo cantores líricos do naipe de Kiri Te Kanawa e José Carreras.
Leonard Berstein
Nas obras feitas para a sala de concerto, o compositor experimentou diferentes formas, como a ópera “(Trouble in Tahiti”), a dança sinfônica (como as baseadas em seus musicais), o ciclo de canções (“Songfest”) e a sinfonia (“The Age of Anxiety”). Em muitas delas, a influência popular se faz presente, seja no acento judaico (“Kaddish”) ou no jazz.
Cansado das apresentações, na década de 1970 passou a dedicar-se apenas às composições. Apresentou trabalhos famosos como o balé “Dybbuk” (1975) e “1600 Pensylvania Avenue” (1976). Em 1978, após enviuvar, voltou a dar aulas de música e a realizar alguns breves concertos.
Leonard Bernstein maestro
Sua última apresentação pública foi em Tanglewood, dia 19 de agosto de 1990, com a Orquestra Sinfônica de Boston, quando sofreu um acesso de tosse no meio da apresentação que quase interrompeu o concerto. Bernstein morreu de pneumonia e tumor pleural no dia 14 de outubro de 1990, apenas cinco dias depois de se aposentar. Um pouco antes de falecer em Nova York, fundou a Beta (The Bernstein Education Through the Arts Fund), uma entidade filantrópica dedicada à música.
Aproveite e leia também: A Obra para Piano de Sebastian Bach. Não deixe de se cadastrar em nosso blog para receber mais conteúdos diretamente em seu e-mail!

Ludwig van Beethoven - Sinfonie Nr. 9 | Gewandhaus zu Leipzig (31.12.2013)

Música para estudar 4 estações Vivaldi

Rosa Adry


                                                                (evangelista da silva)



Rosa Adry

Tu és para mim uma prece!...
Oro curvado aos teus pés
E rogo-te em nome do Amor
Que embala o nosso viver,
A eterna fidelidade de Amar!...

E nesta amplitude de querer e possuir,
Triste e desesperado,
Ajoelho-me apaixonado,
Clamando o teu corpo - alucinado prazer...
Envolvido no calor da tua boca e desejo.

E neste bailar das nossas vidas,
Aninhado ao teu lindo e alucinante corpo,
Oh doce Nina!... Aninha!... Nininha do céu...
Rosa Adry dos dias meus...
Vem, bela e formosa Menina/Mulher!...

A ti, suplico exaustivamente
O silêncio de minha dor,
E o desespero da minha paixão...
E nesta Tempestade de Amor e Tudo, e Nada,
Desmaio e morro sobre o teu corpo e encanto, minha Doce Amada...

E enquanto tu celebras a tua alegria
Em saudosa sinfonia de Aniversário de Natalício,
Eu, morto e esquecido, vou rasgando um papel
Mofado e amarelado: "um contrato de casamento",
Para construir uma união estável onde possamos Viver e Amar.

Serena, brava, ousada e cheirosa é a minha Menina...
Beijo-te e degluto a saliva para me alimentar...
Desta forma, Minha Nininha, vivemos a transição
De um mundo tortuoso e cheio de indiferença,
Para mergulharmos no oceano de vida, Amor e Amar...

MOZART Symphony No 40 in G minor KV550 LEONARD BERNSTEIN

sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

LIONEL RICHIE - SAY YOU SAY ME ( 1986 ) TRADUÇÃO - LEGENDA

LEGIÃO URBANA - Só as melhores!!!

Discurso de Martin Luther King

 

Discurso realizado por Martin Luther King sobre as escadarias do Monumento Abraham Lincoln em Washington D.C.. "Que a liberdade ressoe!"


Há cem anos, um grande americano, sob cuja sombra simbólica nos encontramos, assinava a Proclamação da Emancipação. Esse decreto fundamental foi como um raio de luz de esperança para milhões de escravos negros que tinham sido marcados a ferro nas chamas de uma vergonhosa injustiça. Veio como uma aurora feliz para terminar a longa noite do cativeiro. Mas, cem anos mais tarde, devemos enfrentar a realidade trágica de que o Negro ainda não é livre.

Cem anos mais tarde, a vida do Negro é ainda lamentavelmente dilacerada pelas algemas da segregação e pelas correntes da discriminação. Cem anos mais tarde, o Negro continua a viver numa ilha isolada de pobreza, no meio de um vasto oceano de prosperidade material. Cem anos mais tarde, o Negro ainda definha nas margens da sociedade americana, estando exilado na sua própria terra.

Por isso, encontramo-nos aqui hoje para dramaticamente mostrarmos esta extraordinária condição. Num certo sentido, viemos à capital do nosso país para descontar um cheque. Quando os arquitectos da nossa república escreveram as magníficas palavras da Constituição e da Declaração de independência, estavam a assinar uma promissória de que cada cidadão americano se tornaria herdeiro.

Este documento era uma promessa de que todos os homens veriam garantidos os direitos inalienáveis à vida, à liberdade e à procura da felicidade. É óbvio que a América ainda hoje não pagou tal promissória no que concerne aos seus cidadãos de cor. Em vez de honrar este compromisso sagrado, a América deu ao Negro um cheque sem cobertura; um cheque que foi devolvido com a seguinte inscrição: "saldo insuficiente". Porém nós recusamo-nos a aceitar a ideia de que o banco da justiça esteja falido. Recusamo-nos a acreditar que não exista dinheiro suficiente nos grandes cofres de oportunidades deste país.

Por isso viemos aqui cobrar este cheque - um cheque que nos dará quando o recebermos as riquezas da liberdade e a segurança da justiça. Também viemos a este lugar sagrado para lembrar à América da clara urgência do agora. Não é o momento de se dedicar à luxuria do adiamento, nem para se tomar a pílula tranquilizante do gradualismo. Agora é tempo de tornar reais as promessas da Democracia. Agora é o tempo de sairmos do vale escuro e desolado da segregação para o iluminado caminho da justiça racial. Agora é tempo de abrir as portas da oportunidade para todos os filhos de Deus. Agora é tempo para retirar o nosso país das areias movediças da injustiça racial para a rocha sólida da fraternidade.

Seria fatal para a nação não levar a sério a urgência do momento e subestimar a determinação do Negro. Este sufocante verão do legítimo descontentamento do Negro não passará até que chegue o revigorante Outono da liberdade e igualdade. 1963 não é um fim, mas um começo. Aqueles que crêem que o Negro precisava só de desabafar, e que a partir de agora ficará sossegado, irão acordar sobressaltados se o País regressar à sua vida de sempre. Não haverá tranquilidade nem descanso na América até que o Negro tenha garantido todos os seus direitos de cidadania.

Os turbilhões da revolta continuarão a sacudir as fundações do nosso País até que desponte o luminoso dia da justiça. Existe algo, porém, que devo dizer ao meu povo que se encontra no caloroso limiar que conduz ao palácio da justiça. No percurso de ganharmos o nosso legítimo lugar não devemos ser culpados de actos errados. Não tentemos satisfazer a sede de liberdade bebendo da taça da amargura e do ódio.

Temos de conduzir a nossa luta sempre no nível elevado da dignidade e disciplina. Não devemos deixar que o nosso protesto realizado de uma forma criativa degenere na violência física. Teremos de nos erguer uma e outra vez às alturas majestosas para enfrentar a força física com a força da consciência.

Esta maravilhosa nova militancia que engolfou a comunidade negra não nos deve levar a desconfiar de todas as pessoas brancas, pois muitos dos nossos irmãos brancos, como é claro pela sua presença aqui, hoje, estão conscientes de que os seus destinos estão ligados ao nosso destino, e que sua liberdade está intrinsecamente ligada à nossa liberdade.

Não podemos caminhar sozinhos. À medida que caminhamos, devemos assumir o compromisso de marcharmos em frente. Não podemos retroceder. Há quem pergunte aos defensores dos direitos civis: "Quando é que ficarão satisfeitos?" Não estaremos satisfeitos enquanto o Negro for vítima dos incontáveis horrores da brutalidade policial. Não poderemos estar satisfeitos enquanto os nossos corpos, cansados das fadigas da viagem, não conseguirem ter acesso a um lugar de descanso nos motéis das estradas e nos hotéis das cidades. Não poderemos estar satisfeitos enquanto a mobilidade fundamental do Negro for passar de um gueto pequeno para um maior. Nunca poderemos estar satisfeitos enquanto um Negro no Mississipi não pode votar e um Negro em Nova Iorque achar que não há nada pelo qual valha a pena votar. Não, não, não estamos satisfeitos, e só ficaremos satisfeitos quando a justiça correr como a água e a rectidão como uma poderosa corrente.

Sei muito bem que alguns de vocês chegaram aqui após muitas dificuldades e tribulações. Alguns de vocês saíram recentemente de pequenas celas de prisão. Alguns de vocês vieram de áreas onde a vossa procura da liberdade vos deixou marcas provocadas pelas tempestades da perseguição e sofrimentos provocados pelos ventos da brutalidade policial. Vocês são veteranos do sofrimento criativo. Continuem a trabalhar com a fé de que um sofrimento injusto é redentor.

Voltem para o Mississipi, voltem para o Alabama, voltem para a Carolina do Sul, voltem para a Geórgia, voltem para a Luisiana, voltem para as bairros de lata e para os guetos das nossas modernas cidades, sabendo que, de alguma forma, esta situação pode e será alterada. Não nos embrenhemos no vale do desespero.

Digo-lhes, hoje, meus amigos, que apesar das dificuldades e frustrações do momento, ainda tenho um sonho. É um sonho profundamente enraizado no sonho americano.

Tenho um sonho que um dia esta nação levantar-se-á e viverá o verdadeiro significado da sua crença: "Consideramos estas verdades como evidentes por si mesmas, que todos os homens são criados iguais".

Tenho um sonho que um dia nas montanhas rubras da Geórgia os filhos de antigos escravos e os filhos de antigos proprietários de escravos poderão sentar-se à mesa da fraternidade.

Tenho um sonho que um dia o estado do Mississipi, um estado deserto, sufocado pelo calor da injustiça e da opressão, será transformado num oásis de liberdade e justiça.

Tenho um sonho que meus quatro pequenos filhos viverão um dia numa nação onde não serão julgados pela cor da sua pele, mas pela qualidade do seu caractér.

Tenho um sonho, hoje.

Tenho um sonho que um dia o estado de Alabama, cujos lábios do governador actualmente pronunciam palavras de ... e recusa, seja transformado numa condição onde pequenos rapazes negros, e raparigas negras, possam dar-se as mãos com outros pequenos rapazes brancos, e raparigas brancas, caminhando juntos, lado a lado, como irmãos e irmãs.

Tenho um sonho, hoje.

Tenho um sonho que um dia todo os vales serão elevados, todas as montanhas e encostas serão niveladas, os lugares ásperos serão polidos, e os lugares tortuosos serão endireitados, e a glória do Senhor será revelada, e todos os seres a verão, conjuntamente.

Esta é nossa esperança. Esta é a fé com a qual regresso ao Sul. Com esta fé seremos capazes de retirar da montanha do desespero uma pedra de esperança. Com esta fé poderemos transformar as dissonantes discórdias de nossa nação numa bonita e harmoniosa sinfonia de fraternidade. Com esta fé poderemos trabalhar juntos, rezar juntos, lutar juntos, ir para a prisão juntos, ficarmos juntos em posição de sentido pela liberdade, sabendo que um dia seremos livres.

Esse será o dia quando todos os filhos de Deus poderão cantar com um novo significado: "O meu país é teu, doce terra de liberdade, de ti eu canto. Terra onde morreram os meus pais, terra do orgulho dos peregrinos, que de cada localidade ressoe a liberdade".

E se a América quiser ser uma grande nação isto tem que se tornar realidade. Que a liberdade ressoe então dos prodigiosos cabeços do Novo Hampshire. Que a liberdade ressoe das poderosas montanhas de Nova Iorque. Que a liberdade ressoe dos elevados Alleghenies da Pensilvania!

Que a liberdade ressoe dos cumes cobertos de neve das montanhas Rochosas do Colorado!

Que a liberdade ressoe dos picos curvos da Califórnia!

Mas não só isso; que a liberdade ressoe da Montanha de Pedra da Geórgia!

Que a liberdade ressoe da Montanha Lookout do Tennessee!

Que a liberdade ressoe de cada Montanha e de cada pequena elevação do Mississipi.

Que de cada localidade, a liberdade ressoe.

Quando permitirmos que a liberdade ressoe, quando a deixarmos ressoar de cada vila e cada aldeia, de cada estado e de cada cidade, seremos capazes de apressar o dia em que todos os filhos de Deus, negros e brancos, judeus e gentios, protestantes e católicos, poderão dar-se as mãos e cantar as palavras da antiga canção negra: "Liberdade finalmente! Liberdade finalmente! Louvado seja Deus, Todo Poderoso, estamos livres, finalmente!"


Por Herança, fazem quase TUDO

Não há limite nos caminhos e estratégias em disputas por heranças. No Superior Tribunal de Justiça, diversas ações se acumulam nos gabinetes, sempre com o objetivo de faturar um pouco mais de dinheiro em cima do patrimônio de quem morreu.

A maior parte das desavenças por heranças acabam nos tribunais, onde processos contam casos de falsificação e roubo de documentos, alegações de insanidade de quem fez o testamento ou suspeição de testemunhas. Por vezes, chega-se ao homicídio. O direito à herança é garantido pela própria Constituição brasileira, seja ela legítima ou testamentária. O problema começa quando os herdeiros, ou quem ficou de fora do legado, começam a buscar ou defender judicialmente o seu quinhão.

Um exemplo da falta de limites: uma pessoa se casa, sai de casa nove anos depois sem explicação e sem deixar rastros e, após 20 anos, sem nunca ter contribuído financeiramente para as despesas da filha e da esposa, com outra família em cidade distinta, retorna e entra na Justiça para se separar judicialmente e ter parte na herança que a ex-mulher recebeu dos pais. Decisão do STJ impediu a pretensão.

Outro exemplo é o caso de uma mulher que, após estar seis anos separada de fato, entra na Justiça para tentar obter parte dos bens deixados pelo irmão do ex-marido. A 4ª Turma decidiu que é impossível a comunicação dos bens adquiridos após a ruptura da vida conjugal, ainda que os cônjuges estejam casados em regime de comunhão universal. Ao examinar outro caso, decidiu que a proibição de deixar bens em testamento para uma simples amante não se estende à companheira.

Um casamento com separação total de bens que dura três meses pode garantir herança em caso de morte de um dos cônjuges? Não, diz o STJ. Na ocasião, o voto vencedor do ministro Cesar Asfor Rocha, hoje presidente da Corte, considerou: “A regra contida no Código Civil pretende, em verdade, conferir proteção maior ao cônjuge sobrevivente, isso, evidentemente, partindo-se da hipótese de que havia pelo menos convivência do casal, o que não ocorre no caso em questão”.


Princípio da indignidade
Marido mata mulher e quer receber pensão por morte? Sem chance, afirma o STJ, que vem mantendo, em grau de recurso, decisões que aplicaram ao caso a declaração de indignidade, instituto previsto pelo Direito que provoca a perda da herança nos casos em que o herdeiro, como no caso, trama contra a vida do autor da herança. A declaração de indignidade está sendo questionada, por exemplo, no caso de Suzane Richthofen, a garota paulista condenada pela morte dos pais.

Outra maneira de deserdar é por meio de disposição testamentária. Mas, morto o testador, o beneficiário ou quem se acha no direito de sê-lo aciona a Justiça para discutir, por exemplo, a isenção de quem serviu de testemunha. Ao julgar casos como esse, o STJ vem considerando que a proibição para ser testemunha da última vontade do legatário abrange não só os ascendentes, descendentes, irmãos e cônjuges do herdeiro instituído, como também os do testamenteiro.

“O legislador busca proteger a higidez e a validade da disposição testamentária, vedando como testemunhas os incapazes e os que têm interesse no ato”, observou o ministro Luis Felipe Salomão, em julgamento ocorrido no mês de março passado. Corroborando esse entendimento, a Terceira Turma julgou, na semana passada (19 de agosto), um caso em que a nora da testadora, casada em regime de comunhão universal de bens, discute a restrição imposta pela sogra ao gravar a herança do filho com cláusula de inalienabilidade. Como a sogra morreu três meses antes do prazo que teria para acrescentar as razões da restrição, o caso foi à Justiça.

Ao examinar a questão, a ministra Nancy Andrighi observou que a regra prevista no artigo 1.911 do Código Civil de 2002 estabelece que a cláusula de restrição imposta aos bens por ato de liberalidade implica impenhorabilidade e incomunicabilidade. “Se assim não fosse, o beneficiado poderia contrair débitos e deixar de solvê-los, com o intuito de burlar a inalienabilidade. Dessa forma, a impenhorabilidade pode estender-se aos frutos e rendimentos, tal como o fez a testadora, mediante cláusula expressa”, explicou.

A decisão da 3ª Turma restabeleceu a sentença que considerou válida a restrição imposta pela sogra, mesmo sem o aditamento. “Ao testador, de uma forma geral, são asseguradas medidas acauteladoras para salvaguardar a legítima [parte da herança de cada um] dos herdeiros necessários e que na interpretação das cláusulas testamentárias deve-se preferir a inteligência que faz valer o ato àquela que o reduz à insubsistência”, concluiu a relatora do caso. Em casos de deserdação ou indignidade, no entanto, os herdeiros do excluído herdarão em seu lugar, como se este pré-morto fosse, de acordo com o direito de representação.

Ainda sobre bens gravados com cláusulas de inalienabilidade e impenhorabilidade, por disposição de última vontade, o STJ vem entendendo que, apesar de tais bens não poderem ser usados para pagar dívidas dos herdeiros, eles devem, no entanto, responder pelas dívidas contraídas pelo autor da penhora. “A cláusula testamentária de inalienabilidade não impede a penhora em execução contra o espólio”, afirmou, na ocasião do julgamento, o ministro Gomes de Barros, hoje aposentado.

As questões analisadas pelo STJ parecem não ter fim: “Casal morre em acidente e horário da morte vai definir herança”, “justiça cancela doação de bens de filha enganada pela mãe”, “irrelevante regime de casamento para definir vontade de doação a herdeiros”, “doação a filho é adiantamento de herança e integra partilha”, esses são alguns exemplos dos temas já examinados pelo Tribunal.

A discussão continua: “Irmã tenta impedir divisão da herança com irmão por parte de mãe”, “pai e madrasta em conluio para fraudar herdeira”, “indenização a mãe de santo deve integrar herança”, “herdeiros têm direito a participação sobre venda de obra de arte”. Discussões entre herdeiros do pintor Portinari e do banqueiro Amador Aguiar também provocaram debates e decisões no STJ.

Como última palavra em legislação infraconstitucional, a responsabilidade das decisões do STJ é grande, pois é preciso, para garantia da ordem institucional, a certeza de que a Justiça será feita em cada caso julgado. Afinal, em seu papel de unificador da lei federal, tudo o que é decidido vai servir de parâmetro para outros e certamente mexer com a vida e, neste caso, com o bolso, de muita gente.

Legitimidade em dúvida
Sancionadar em 30 de julho, a Lei n. 12.004/2009 (alterando a Lei n. 8.560) deverá reduzir a quantidade de ações na Justiça de pessoas que buscam o reconhecimento como filho para ter direito à herança. A lei torna presumida a paternidade nos casos em que o suposto pai se recusa a fazer o exame de DNA ou submeter-se a qualquer outro meio científico de prova. A presunção também vale contra a mãe que se recusa a fornecer material genético da criança.


Há mais de dez anos, no entanto, o STJ vem examinando casos como esses. Num dos primeiros casos, o ministro Ruy Rosado concluiu que a recusa do investigado em submeter-se ao exame de DNA, marcado por dez vezes, ao longo de quatro anos, aliada à comprovação de relacionamento sexual entre o investigado e a mãe do menor, gerava a presunção de veracidade das alegações do processo. O entendimento se consolidou na súmula 301, publicada em 2004.

A fim de dar solução à busca por herança em processos que chegam ao STJ, o Tribunal da Cidadania vai além, afirmando que, na falta do pai, os avós devem, em caso de falecimento do suposto pai, submeter-se aos exames de comprovação, atraindo também a presunção de parentesco em caso de recusa.

Netos podem ser reconhecidos pelo avô? “Absolutamente legítimo que um neto busque a sua identidade verdadeira, a sua família, e, evidentemente, daí decorrendo seus direitos e obrigações”, afirmou o ministro Aldir Passarinho Junior após examinar um caso desses. A condição de herdeiro, no entanto, será reconhecida somente quando não houver mais possibilidades de recurso contra a decisão que julgou procedente a ação de investigação de paternidade.

Enquanto corre o processo, provável herdeiro pode requerer reserva de sua parte, como garantido pelo STJ em um processo de viúva contra filha menor do marido incluída no inventário. “Não se afigura prejuízo para os herdeiros já conhecidos a reserva do quinhão, salvo, é certo, a indisponibilidade temporária dessa parte, o que não chega a constituir grande restrição”, cita em voto o ministro Aldir Passarinho Junior, ao reconhecer que a dificuldade de recebimento pela menor, sem fazer reserva, seria maior, já que teria de litigar com os demais irmãos para obtê-la, não se sabendo o destino que dariam ao patrimônio obtido.

Fraudes e manobras
E o que diz o STJ quando irmão forja registro de nascimento, inventando um pai fictício para a irmã, para não vê-la reconhecida como filha do seu pai verdadeiro e ter que dividir a herança? Ou naqueles casos em que o marido da mãe, num gesto magnânimo, ao contrário do caso anterior, registra a criança como sua e esta descobre que o pai é outro – pode herdar bens? De ambos? Após examinar casos assim, o tribunal reafirma: a ação de investigação de paternidade é um direito personalíssimo, indisponível e imprescritível. Em casos de improcedência da ação, por exemplo, pode-se, com base em novos elementos, reabrir a discussão na Justiça. Nos dois casos anteriores, tais entendimentos permitiram à irmã provar a falsidade do registro e a uma advogada registrada por outro homem ser reconhecida pelos verdadeiros pais e garantir o direito à herança.


Situações familiares reconhecidas e consolidadas ao logo do tempo devem ser protegidas por meio das decisões judiciais. Tal entendimento manteve a validade de registro civil de nascimento de três irmãos, filhos do primeiro casamento do marido os quais foram adotados pela segunda mulher. Os filhos comuns do casal queriam a anulação para que os três primeiros não tivessem direito à herança deixada pela mãe. Em outro processo, o Judiciário garantiu a uma criança o direito à herança do pai adotivo.

Reconhecimento após a morte
O que fazer nos casos em que o reconhecimento da paternidade ocorre apenas após a morte do genitor? O início para o recebimento dos frutos e rendimentos deve ser contado a partir do momento em que os herdeiros já existentes tomam conhecimento deles, ou seja, a partir da citação. E se a partilha já foi realizada? Não há outro jeito: os bens do falecido devem ser devolvidos e reaberto o processo sucessório, entende a Quarta Turma ao se deparar com esse tipo de questão.

E quando não há herdeiros? O Tribunal aplica a lei que prevê o município como parte legítima para recebê-la. E se não há herança, ou é tão ínfima que não cubra nem os gastos? O Tribunal garante justiça gratuita para os herdeiros. E também decide que herdeiro usufruindo sozinho de imóvel deixado como herança e impedindo o direito de usufruto do outro herdeiro deve indenizá-lo. O ministro Castro Meira explicou ao votar: até que a partilha seja feita, ocorre o regime de comunhão hereditária e os herdeiros são cotitulares do patrimônio deixado.

Também não deve incidir Imposto de Transmissão dos Bens Imóveis (ITBI) na renúncia de herdeiros de sua parte na herança. Ao decidir, a Primeira Turma ressaltou que a herança não deve passar para a viúva, e sim para os filhos dos herdeiros renunciantes.

Os problemas de sucessão hereditária a serem resolvidos com intercessão de Judiciário não param por aí. Numa decisão histórica, o STJ examinou um caso em que os pais de um homem morto pretendiam ficar com um apartamento adquirido por ele e pelo companheiro homossexual durante a convivência. Segundo o processo, o companheiro sobrevivente prestou sozinho assistência no hospital, pois a família não aceitava o relacionamento. Para fazer justiça e deixar o bem com o companheiro, o tribunal foi buscar na lei das sociedades uma solução para o caso, já que o Brasil ainda não reconhece legalmente esse tipo de relacionamento.

Herança para animais
Tornar animais de estimação em herdeiros em testamento era tido como excentricidade registrada só no exterior, principalmente nos Estados Unidos e Grã-Bretanha. Mas os primeiros casos já começam a ser registrados no Brasil, como é o de um gato que herdou um apartamento de 300 m2 de frente para o mar, no Rio de Janeiro, ato contestado que chegou a ser examinado pelo STJ.

Fraudes e manobras
E o que diz o STJ quando irmão forja registro de nascimento, inventando um pai fictício para a irmã, para não vê-la reconhecida como filha do seu pai verdadeiro e ter que dividir a herança? Ou naqueles casos em que o marido da mãe, num gesto magnânimo, ao contrário do caso anterior, registra a criança como sua e esta descobre que o pai é outro – pode herdar bens? De ambos? Após examinar casos assim, o tribunal reafirma: a ação de investigação de paternidade é um direito personalíssimo, indisponível e imprescritível. Em casos de improcedência da ação, por exemplo, pode-se, com base em novos elementos, reabrir a discussão na Justiça. Nos dois casos anteriores, tais entendimentos permitiram à irmã provar a falsidade do registro e a uma advogada registrada por outro homem ser reconhecida pelos verdadeiros pais e garantir o direito à herança.


Situações familiares reconhecidas e consolidadas ao logo do tempo devem ser protegidas por meio das decisões judiciais. Tal entendimento manteve a validade de registro civil de nascimento de três irmãos, filhos do primeiro casamento do marido os quais foram adotados pela segunda mulher. Os filhos comuns do casal queriam a anulação para que os três primeiros não tivessem direito à herança deixada pela mãe. Em outro processo, o Judiciário garantiu a uma criança o direito à herança do pai adotivo.

Reconhecimento após a morte
O que fazer nos casos em que o reconhecimento da paternidade ocorre apenas após a morte do genitor? O início para o recebimento dos frutos e rendimentos deve ser contado a partir do momento em que os herdeiros já existentes tomam conhecimento deles, ou seja, a partir da citação. E se a partilha já foi realizada? Não há outro jeito: os bens do falecido devem ser devolvidos e reaberto o processo sucessório, entende a Quarta Turma ao se deparar com esse tipo de questão.

E quando não há herdeiros? O Tribunal aplica a lei que prevê o município como parte legítima para recebê-la. E se não há herança, ou é tão ínfima que não cubra nem os gastos? O Tribunal garante justiça gratuita para os herdeiros. E também decide que herdeiro usufruindo sozinho de imóvel deixado como herança e impedindo o direito de usufruto do outro herdeiro deve indenizá-lo. O ministro Castro Meira explicou ao votar: até que a partilha seja feita, ocorre o regime de comunhão hereditária e os herdeiros são cotitulares do patrimônio deixado.

Também não deve incidir Imposto de Transmissão dos Bens Imóveis (ITBI) na renúncia de herdeiros de sua parte na herança. Ao decidir, a Primeira Turma ressaltou que a herança não deve passar para a viúva, e sim para os filhos dos herdeiros renunciantes.

Os problemas de sucessão hereditária a serem resolvidos com intercessão de Judiciário não param por aí. Numa decisão histórica, o STJ examinou um caso em que os pais de um homem morto pretendiam ficar com um apartamento adquirido por ele e pelo companheiro homossexual durante a convivência. Segundo o processo, o companheiro sobrevivente prestou sozinho assistência no hospital, pois a família não aceitava o relacionamento. Para fazer justiça e deixar o bem com o companheiro, o tribunal foi buscar na lei das sociedades uma solução para o caso, já que o Brasil ainda não reconhece legalmente esse tipo de relacionamento.

Herança para animais
Tornar animais de estimação em herdeiros em testamento era tido como excentricidade registrada só no exterior, principalmente nos Estados Unidos e Grã-Bretanha. Mas os primeiros casos já começam a ser registrados no Brasil, como é o de um gato que herdou um apartamento de 300 m2 de frente para o mar, no Rio de Janeiro, ato contestado que chegou a ser examinado pelo STJ.

Chega!

Chega!

(evangelista da silva)

Chega!...
Assim eu vou morrendo
Lentamente abandonado e só...
Já se não me restasse a madrugada!...

Em um silêncio permanente e tão profundo...
Assim vou-me despedindo deste mundo até o amanhecer...
É doce, azeda e amarga a triste e alegre caminhada dos dias meus...

Espero morrer a luz do Sol em tumultos e pedradas, que aventurar-me a extinção
Em meio ao cativeiro falando com o mundo inteiro através de mim mesmo... tão só.
Aguardo o raiar do dia para ter uma eterna vida, morrendo e nascendo a cada amanhecer...

Bahia, 01/05/2014.