Leonard Bernstein – pianista, regente, compositor e educador
Em 25 agosto de 2018, um dos maiores 
nomes da música mundial, se estivesse vivo, teria completado cem anos. 
Leonard Bernstein foi um dos primeiros maestros nascidos e educados nos 
Estados Unidos a ser aclamado mundialmente.
Regente, pianista e compositor, atuou 
durante sua vida também como apresentador de programas de televisão, 
comentarista e até mesmo militante pela paz mundial. Foi considerado um 
dos músicos mais talentosos e bem-sucedidos da história americana.
Conhecido tanto por seu gênio quanto por
 suas obras, Leonard Bernstein nasceu na cidade de Lawrence, em 
Massachussetts, nos Estados Unidos, filho dos imigrantes judeus 
ucranianos Samuel Joseph Bernstein e Jennie Resnick.
Ainda criança, ouviu um concerto para piano
 e ficou imediatamente apaixonado pelo instrumento. A maior 
incentivadora de seu interesse pela música foi sua tia Clara, que lhe 
deu o piano de sua prima Lillian Goldman quando ele completou 10 anos. A
 partir de então, passou a ter aulas com a pianista Frieda Karp, e, em 
1930, foi matriculado no New England Conservatory of 
Music. Frequentemente, com sua irmã mais nova, Shirley, tocava 
transcrições para piano de óperas ou sinfonias. Leonard teve uma 
variedade de professores de piano em sua juventude, incluindo Helen 
Coates, que mais tarde se tornaria sua secretária.
Em 1935, Bernstein ingressou no curso de
 música da Universidade de Harvard, onde estudou com Edward Burlingame 
Hill e Walter Piston, entre outros. Durante sua estada ali, foi pianista acompanhador
 do Glee Club de Harvard, além de ter montado uma produção estudantil de
 “The Cradle Will Rock”, dirigindo a orquestra a partir do piano, como o
 compositor Marc Blitzstein havia feito na estreia.
Ali também conheceu o maestro Dimitri 
Mitropoulos que, embora nunca tenha lhe dado aulas, influenciou 
fortemente a decisão de Bernstein de assumir a direção, assim como 
alguns de seus hábitos, como a regência ao piano, sua prática inicial de
 conduzir sem a batuta e, talvez, seu interesse pela música de Mahler.
Outra importante influência que 
Bernstein recebeu durante seus anos em Harvard foi do compositor Aaron 
Copland, que conheceu em um concerto e na festa de aniversário de 
Copland, em 1938. Bernstein interpretou as “Piano Variations” de 
Copland, trabalho espinhoso que ele adorava, mesmo sem saber qualquer 
coisa sobre o compositor até aquela noite. Embora não fosse formalmente 
seu aluno, Bernstein procuraria regularmente conselhos de Copland nos 
anos seguintes sobre suas próprias composições e, muitas vezes, o 
citaria como “seu único professor de composição real”. Bernstein gravou 
quase todas as obras de Copland para orquestra.
Embora tenha se formado com a tese “A 
Absorção de Elementos de Raça na Música Americana”, sua principal 
influência intelectual na Universidade talvez tenha sido a estética do 
professor David Prall, cuja visão multidisciplinar de arte compartilhou 
pelo resto da vida.
Depois de completar seus estudos em 
Harvard, em 1939 (graduando-se com louvor), se matriculou no Curtis 
Institute of Music, na Filadélfia, onde estudou regência com Fritz 
Reiner (que, segundo relatos, atribuiu uma única nota “A” em sua 
carreira, para Bernstein), piano com Isabelle Vengerova, orquestração 
com Randall Thompson, contraponto com Richard Stöhr e leitura musical com Renée Longy Miquelle.
Bernstein viveu em Nova York, 
trabalhando para uma editora de música, transcrevendo músicas ou 
produzindo arranjos sob o pseudônimo de Lenny Amber. Em 1940, iniciou 
seus estudos no curso de verão do Tanglewood Music Center, de Boston, na
 classe de regência do maestro Serge Koussevitzky.
A amizade com Copland (que era muito 
próximo de Koussevitzky) e Mitropoulos foram determinantes para ajudá-lo
 a conseguir uma vaga na classe. Talvez Koussevitzky não tenha ensinado a
 Bernstein muitas técnicas básicas de regência (que ele já havia 
desenvolvido com Reiner), mas se tornou uma espécie de figura paterna 
para ele e talvez tenha sido a maior influência em seu modo emocional de
 condução. Bernstein mais tarde tornou-se seu assistente de regência.
A grande chance do maestro aconteceu, 
por acaso, em novembro de 1943. Tendo sido recém-nomeado regente 
assistente de Artur Rodziński na Orquestra Filarmônica de Nova York, 
Bernstein precisou substituir às pressas o maestro Bruno Walter, que 
ficou gripado, em uma apresentação no Carnegie Hall. Sem nenhum ensaio, 
apenas uma breve conversa com Walter sobre dificuldades particulares nas
 obras que iria reger, Bernstein foi tão aplaudido que, no dia seguinte,
 seu nome estava na primeira página do jornal The New York Times. A 
história ganhou a primeira página do periódico.
Instantaneamente, Bernstein se tornou 
famoso, porque o concerto foi transmitido nacionalmente pela rádio CBS. 
Depois disso, começou a receber convites de muitas orquestras americanas
 e, de 1945 a 1947, foi Diretor Musical da New York City Symphony, 
fundada pelo maestro Leopold Stokowski, que atingia um público popular, 
com programas modernos e ingressos baratos. Em 1947, assumiu como 
Diretor Musical da Orquestra Filarmônica de Nova York.
Leonard Bernstein, o superastro
A primeira vez que Bernstein regeu um 
concerto fora dos Estados Unidos foi em 1944, na cidade de Montreal 
(Canadá). Após a Segunda Guerra, foi contratado para se apresentar para 
os ingleses, seguindo depois para a França e para a Hungria, onde se 
apresentou no Festival Internacional de Música de Praga. Realizou 
inúmeros concertos em Israel, país escolhido por ele para a estreia de 
diversas obras, entre elas a Sinfonia nº 3 “Kaddish”, em 1963, na cidade
 de Tel Aviv.
Bernstein se apresentou com quase todas 
as principais orquestras do mundo, mas foi com a Filarmônica de Nova 
York que ele deixou, além de gravações, um legado na educação musical. 
Com a série Young People’s Concerts (Concertos Para a Juventude), 
televisionada para todos os Estados Unidos, foi um dos principais 
agentes da popularização da música de concerto no pós-guerra. O regente 
tem gravações de referência de obras tão distintas como “A Sagração da 
Primavera”, de Stravinsky, e “Rhapsody in Blue”, de George Gershwin, 
além de ciclos sinfônicos completos, como o de Mahler, um de seus 
compositores preferidos, que foi gravado duas vezes.
Antes de se tornar uma estrela da música
 erudita, Bernstein esteve associado a produções teatrais, como o 
balé “Fancy Free” e o espetáculo “On the Town” (de 1944), o primeiro de 
uma série de musicais da Broadway. Em 1957, foi aclamado pela estreia de
 seu musical “West Side Story” (“Amor, Sublime Amor”). A peça, exibida 
na Broadway, conta a história da rivalidade entre duas gangues no 
subúrbio americano e, anos mais tarde, foi adaptada para o cinema e 
ganharia o Oscar de melhor trilha sonora. Em 1985, foi gravada 
integralmente por Bernstein, regendo cantores líricos do naipe de Kiri 
Te Kanawa e José Carreras.
Nas obras feitas para a sala de 
concerto, o compositor experimentou diferentes formas, como a ópera 
“(Trouble in Tahiti”), a dança sinfônica (como as baseadas em seus 
musicais), o ciclo de canções (“Songfest”) e a sinfonia (“The Age of 
Anxiety”). Em muitas delas, a influência popular se faz presente, seja 
no acento judaico (“Kaddish”) ou no jazz.
Cansado das apresentações, na década de 
1970 passou a dedicar-se apenas às composições. Apresentou trabalhos 
famosos como o balé “Dybbuk” (1975) e “1600 Pensylvania Avenue” (1976). 
Em 1978, após enviuvar, voltou a dar aulas de música e a realizar alguns
 breves concertos.
Sua última apresentação pública foi em 
Tanglewood, dia 19 de agosto de 1990, com a Orquestra Sinfônica de 
Boston, quando sofreu um acesso de tosse no meio da apresentação que 
quase interrompeu o concerto. Bernstein morreu de pneumonia e tumor 
pleural no dia 14 de outubro de 1990, apenas cinco dias depois de se 
aposentar. Um pouco antes de falecer em Nova York, fundou a Beta (The 
Bernstein Education Through the Arts Fund), uma entidade filantrópica 
dedicada à música.
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