sábado, 25 de janeiro de 2020


Leonard Bernstein – pianista, regente, compositor e educador


Em 25 agosto de 2018, um dos maiores nomes da música mundial, se estivesse vivo, teria completado cem anos. Leonard Bernstein foi um dos primeiros maestros nascidos e educados nos Estados Unidos a ser aclamado mundialmente.
Regente, pianista e compositor, atuou durante sua vida também como apresentador de programas de televisão, comentarista e até mesmo militante pela paz mundial. Foi considerado um dos músicos mais talentosos e bem-sucedidos da história americana.
Leonard Bernstein
Conhecido tanto por seu gênio quanto por suas obras, Leonard Bernstein nasceu na cidade de Lawrence, em Massachussetts, nos Estados Unidos, filho dos imigrantes judeus ucranianos Samuel Joseph Bernstein e Jennie Resnick.
Ainda criança, ouviu um concerto para piano e ficou imediatamente apaixonado pelo instrumento. A maior incentivadora de seu interesse pela música foi sua tia Clara, que lhe deu o piano de sua prima Lillian Goldman quando ele completou 10 anos. A partir de então, passou a ter aulas com a pianista Frieda Karp, e, em 1930, foi matriculado no New England Conservatory of Music. Frequentemente, com sua irmã mais nova, Shirley, tocava transcrições para piano de óperas ou sinfonias. Leonard teve uma variedade de professores de piano em sua juventude, incluindo Helen Coates, que mais tarde se tornaria sua secretária.
Em 1935, Bernstein ingressou no curso de música da Universidade de Harvard, onde estudou com Edward Burlingame Hill e Walter Piston, entre outros. Durante sua estada ali, foi pianista acompanhador do Glee Club de Harvard, além de ter montado uma produção estudantil de “The Cradle Will Rock”, dirigindo a orquestra a partir do piano, como o compositor Marc Blitzstein havia feito na estreia.
Ali também conheceu o maestro Dimitri Mitropoulos que, embora nunca tenha lhe dado aulas, influenciou fortemente a decisão de Bernstein de assumir a direção, assim como alguns de seus hábitos, como a regência ao piano, sua prática inicial de conduzir sem a batuta e, talvez, seu interesse pela música de Mahler.
Outra importante influência que Bernstein recebeu durante seus anos em Harvard foi do compositor Aaron Copland, que conheceu em um concerto e na festa de aniversário de Copland, em 1938. Bernstein interpretou as “Piano Variations” de Copland, trabalho espinhoso que ele adorava, mesmo sem saber qualquer coisa sobre o compositor até aquela noite. Embora não fosse formalmente seu aluno, Bernstein procuraria regularmente conselhos de Copland nos anos seguintes sobre suas próprias composições e, muitas vezes, o citaria como “seu único professor de composição real”. Bernstein gravou quase todas as obras de Copland para orquestra.
Embora tenha se formado com a tese “A Absorção de Elementos de Raça na Música Americana”, sua principal influência intelectual na Universidade talvez tenha sido a estética do professor David Prall, cuja visão multidisciplinar de arte compartilhou pelo resto da vida.
Depois de completar seus estudos em Harvard, em 1939 (graduando-se com louvor), se matriculou no Curtis Institute of Music, na Filadélfia, onde estudou regência com Fritz Reiner (que, segundo relatos, atribuiu uma única nota “A” em sua carreira, para Bernstein), piano com Isabelle Vengerova, orquestração com Randall Thompson, contraponto com Richard Stöhr e leitura musical com Renée Longy Miquelle.
Bernstein
Bernstein viveu em Nova York, trabalhando para uma editora de música, transcrevendo músicas ou produzindo arranjos sob o pseudônimo de Lenny Amber. Em 1940, iniciou seus estudos no curso de verão do Tanglewood Music Center, de Boston, na classe de regência do maestro Serge Koussevitzky.
A amizade com Copland (que era muito próximo de Koussevitzky) e Mitropoulos foram determinantes para ajudá-lo a conseguir uma vaga na classe. Talvez Koussevitzky não tenha ensinado a Bernstein muitas técnicas básicas de regência (que ele já havia desenvolvido com Reiner), mas se tornou uma espécie de figura paterna para ele e talvez tenha sido a maior influência em seu modo emocional de condução. Bernstein mais tarde tornou-se seu assistente de regência.
A grande chance do maestro aconteceu, por acaso, em novembro de 1943. Tendo sido recém-nomeado regente assistente de Artur Rodziński na Orquestra Filarmônica de Nova York, Bernstein precisou substituir às pressas o maestro Bruno Walter, que ficou gripado, em uma apresentação no Carnegie Hall. Sem nenhum ensaio, apenas uma breve conversa com Walter sobre dificuldades particulares nas obras que iria reger, Bernstein foi tão aplaudido que, no dia seguinte, seu nome estava na primeira página do jornal The New York Times. A história ganhou a primeira página do periódico.
Instantaneamente, Bernstein se tornou famoso, porque o concerto foi transmitido nacionalmente pela rádio CBS. Depois disso, começou a receber convites de muitas orquestras americanas e, de 1945 a 1947, foi Diretor Musical da New York City Symphony, fundada pelo maestro Leopold Stokowski, que atingia um público popular, com programas modernos e ingressos baratos. Em 1947, assumiu como Diretor Musical da Orquestra Filarmônica de Nova York.

Leonard Bernstein, o superastro

Bernstein e Produção
A primeira vez que Bernstein regeu um concerto fora dos Estados Unidos foi em 1944, na cidade de Montreal (Canadá). Após a Segunda Guerra, foi contratado para se apresentar para os ingleses, seguindo depois para a França e para a Hungria, onde se apresentou no Festival Internacional de Música de Praga. Realizou inúmeros concertos em Israel, país escolhido por ele para a estreia de diversas obras, entre elas a Sinfonia nº 3 “Kaddish”, em 1963, na cidade de Tel Aviv.
Bernstein se apresentou com quase todas as principais orquestras do mundo, mas foi com a Filarmônica de Nova York que ele deixou, além de gravações, um legado na educação musical. Com a série Young People’s Concerts (Concertos Para a Juventude), televisionada para todos os Estados Unidos, foi um dos principais agentes da popularização da música de concerto no pós-guerra. O regente tem gravações de referência de obras tão distintas como “A Sagração da Primavera”, de Stravinsky, e “Rhapsody in Blue”, de George Gershwin, além de ciclos sinfônicos completos, como o de Mahler, um de seus compositores preferidos, que foi gravado duas vezes.
Antes de se tornar uma estrela da música erudita, Bernstein esteve associado a produções teatrais, como o balé “Fancy Free” e o espetáculo “On the Town” (de 1944), o primeiro de uma série de musicais da Broadway. Em 1957, foi aclamado pela estreia de seu musical “West Side Story” (“Amor, Sublime Amor”). A peça, exibida na Broadway, conta a história da rivalidade entre duas gangues no subúrbio americano e, anos mais tarde, foi adaptada para o cinema e ganharia o Oscar de melhor trilha sonora. Em 1985, foi gravada integralmente por Bernstein, regendo cantores líricos do naipe de Kiri Te Kanawa e José Carreras.
Leonard Berstein
Nas obras feitas para a sala de concerto, o compositor experimentou diferentes formas, como a ópera “(Trouble in Tahiti”), a dança sinfônica (como as baseadas em seus musicais), o ciclo de canções (“Songfest”) e a sinfonia (“The Age of Anxiety”). Em muitas delas, a influência popular se faz presente, seja no acento judaico (“Kaddish”) ou no jazz.
Cansado das apresentações, na década de 1970 passou a dedicar-se apenas às composições. Apresentou trabalhos famosos como o balé “Dybbuk” (1975) e “1600 Pensylvania Avenue” (1976). Em 1978, após enviuvar, voltou a dar aulas de música e a realizar alguns breves concertos.
Leonard Bernstein maestro
Sua última apresentação pública foi em Tanglewood, dia 19 de agosto de 1990, com a Orquestra Sinfônica de Boston, quando sofreu um acesso de tosse no meio da apresentação que quase interrompeu o concerto. Bernstein morreu de pneumonia e tumor pleural no dia 14 de outubro de 1990, apenas cinco dias depois de se aposentar. Um pouco antes de falecer em Nova York, fundou a Beta (The Bernstein Education Through the Arts Fund), uma entidade filantrópica dedicada à música.
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