sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Três realidades que parecem amor, mas não são

Três realidades que parecem amor, mas não são


Há muitas realidades que parecem amor, mas não são. São situações que dão origem a vínculos estreitos e, em geral, duradouros. Mas no fundo não há um afeto real, e sim um conjunto de limitações ou problemáticas que sustentam o laço.
O amor genuíno se caracteriza por alimentar o crescimento mútuo. Implica generosidade e liberdade. Quanto mais promover a autonomia dos envolvidos, mais real é. Isso inclui todas as formas de amor: amor de mãe, pai, casal, etc.
“Não há disfarce que possa mascarar, ao longo do tempo, amor onde não há, nem fingir amor onde não há.”
-François de La Rochefoucauld-
Às vezes o verdadeiro afeto se confunde com outras realidades que parecem amor, sem ser. Essas realidades costumam envolver sentimentos muito intensos. São sentidas no fundo da alma, mas muitas vezes excluem o respeito e uma verdadeira valorização do outro. Nascem de desejos ou necessidades egoístas e se mantêm devido aos benefícios que produzem. Vamos ver a seguir algumas dessas realidades.


Mulher abraçando seu parceiro

Superproteção, uma das realidades que parecem amor

A superproteção é uma dessas realidades que parecem amor, mas não são. Por mais que essa atitude tenha como base inicial o amor. Trata-se de uma forma de comportamento que se dá principalmente entre pais e filhos. No entanto, também é comum ocorrer entre casais, amigos e em vários níveis de hierarquia.
A superproteção representa um desejo excessivo de evitar danos ou sofrimentos à outra pessoa, que normalmente é considerada vulnerável ou indefesa. Quando amamos alguém, obviamente desejamos somente o bem para essa pessoa. No entanto, alguém excessivamente ansioso pode ver perigos onde não há ou considerá-los maiores do que realmente são, caso existam. Nesse sentido, as pessoas superprotetoras costumam ignorar o fato de que as experiências ruins são fonte de aprendizado.
Dizemos que essa é uma das realidades que parecem amor sem ser porque o que importa nela não é o afeto, mas a angústia. Quem superprotege projeta no outro seus próprios medos. Além disso, normalmente essa pessoa não consegue evitar o sofrimento do ser amado. Ela acaba invadindo o espaço do outro, impedindo seu crescimento.

Controle sobre o ser amado

O excessivo desejo de controle sobre o outro lembra a superproteção, mas não é a mesma coisa. Nesse caso, trata-se de um vínculo marcado pelo ato de desmerecer o outro. No fundo, o que se busca é fazer com que o ser “amado” aprenda a desconfiar de si mesmo e passe a precisar do outro. De alguma maneira, tenta-se criar uma dependência por parte do outro.


Casal passando por discussão
Embora no fundo sua natureza não seja essa, esses comportamentos figuram como expressões de amor. Um facilita as coisas para o outro. Carrega objetos pesados, oferece apoio nas situações difíceis ou as assume pelo outro. Também dedica seus esforços para que o outro não passe por desconfortos. No entanto, essa disposição não é gratuita. Paga-se com a limitação da autonomia e da liberdade.
A intenção real é de que um precise do outro de maneira definitiva. De fora, pode dar a sensação de que o controlador se esforça para fazer a vida de quem ama mais feliz, mas na verdade seus esforços visam tornar o outro incapaz de viver sua vida sozinho. O controlador manipula para que o vínculo se mantenha e se torne cada vez mais estreito. Na verdade isso não é amor, é controle egoísta.


Coração em mãos algemadas

Dependência e amor

O controle é o rosto e a dependência é o selo mais comum dessas realidades que parecem amor, mas não são. Nesse caso, o que existe é um vínculo peculiar, no qual a pessoa deposita todas as suas necessidades e suas frustrações na outra. A pessoa entrega, por assim dizer, a obrigação de ser responsável pela própria felicidade. Uma espécie de pai ou mãe substitutos que estejam a todo momento disponíveis para satisfazer seus desejos.
Essa espécie de “tutor” pode chegar a ser uma necessidade desesperadora. No fim, é como se fosse um escudo frente à vida. Evita o confronto com seus próprios limites. Muitas vezes também protege da angústia de ter que decidir e, com isso, ganhar ou perder. O dependente pode sentir que ama o outro profundamente, mas na verdade se trata de um vínculo de exploração mútua.
Todas essas formas de “pseudoamor” são nocivas: escondem situações a serem resolvidas. São realidades que parecem amor, mas que na verdade têm mais a ver com algum tipo de neurose. Quase nunca terminam bem. Originam dor e impedem o crescimento mútuo. Infelizmente, tendem a criar laços muito fortes, que muitas vezes acabam ferindo as pessoas envolvidas.

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