terça-feira, 21 de janeiro de 2020

Genocida e destruidor de livros: Quem foi Joseph Goebbels, ministro da Propaganda nazista de Hitler?

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O GLOBO

HISTÓRIA

Genocida e destruidor de livros: Quem foi Joseph Goebbels, ministro da Propaganda nazista de Hitler?

O ministro da Propaganda da Alemanha nazista, Joseph Goebbels, em imagem de 1939
O nome de Paul Joseph Goebbels entrou para a História por seu trabalho como ministro da Propaganda na Alemanha nazista. Aliado mais próximo de Adolf Hitler, ele foi responsável pela criação da imagem do Fuhrer ("líder" ou "condutor") e pela divulgação das ideias que formavam o universo nazista. Encarregado de produzir filmes, livros, cartazes e outras peças de propaganda, Goebbels era um nacionalista ferrenho e um anti-semita fanático. Atuou como um dos principais colaboradores do extermínio do povo judeu, divulgando o que entendia como justificativas para o genocídio. Sua trajetória chegou ao fim quando, em 1945, após a derrota alemã na Segunda Guerra Mundial, ele matou sua família e cometeu suicídio, em Berlim.
Nascido em 29 de outubro de 1897 em Rheydt, na Alemanha, Goebbels tinha saúde frágil na infância. Era um menino de baixa estatura, que sofreu bullying na escola e, na juventude, foi rejeitado pelo serviço militar. Decidiu se dedicar aos livros e se graduou em Filosofia. Entrou para o Partido Nacional-Socialista em 1924 e, dois anos mais tarde, o próprio Hitler o designou para o cargo de lider distrital em Berlim. Escritor e dramaturgo frustrado, ele fundou, em 1927, o jornal "O ataque", periódico semanal de tom bastante agressivo e anti-semita. Três anos depois, Goebbels foi nomeado por Hitler como chefe da propaganda do Partido Nazista. Nesta posição, o alemão tomou o controle de outros jornais nazistas do país, ganhando influência.
Em 1930, quando o nazismo já se espalhava pelo país, Goebbels ficou responsável pela campanha nacional do partido para as eleições do Reichstag (o parlamento alemão). Neste período, o propagandista difundiu as ideias nacionalistas de Hitler, que criticava a decadência da economia local, enfraquecida após o Tratado de Versalhes e a Grande Depressão de 1929. Em seus discursos, muitas vezes escritos por Goebbels, Hitler pregava uma sociedade alemã baseada na raça e na unidade nacional como solução para tirar o país da decadência. No pleito, em setembro de 1930, o Partido Nazista recebeu 6,5 milhões de votos e 107 lugares no Reichstag, que virou a segunda maior legenda do país.
Montados sobre um enorme capital político, Goebbels e Hitler continuaram discursando e viajando pelo país com o slogan "O Fuhrer da Alemanha". Quando, em 1933, Hitler foi nomeado chanceler do país, Goebbels organizou uma parada com 60 mil homens marchando uniformizados em Berlim, demonstrando o caráter belicista do seu partido. Nomeado ministro da Propaganda, ele usou a máquina do governo para continuar atraindo o povo alemão para suas ideias anti-semitas e para perseguir jornalistas judeus e opositores em geral. O ministro, então, convocou um boicote a negócios de proprietários judeus. Foi nesta fase também que ele começou a promover a queima de livros escritos por autores "não-alemães". Para Goebbels, a cultura deveria ser heróica e nacionalista. "Ou não será nada", como ele mesmo falou, em 1938.
Com a ascensão do nazismo, Goebbels se tornou um dos grandes apoiadores da expansão da Alemanha, chegando mesmo a pressionar Hitler para começar a guerra em direção ao Leste, invadindo países vizinhos como a Tchecoeslováquia e a Polônia. Ele liderou, por exemplo, uma campanha contra a Polônia, elaborando histórias sobre atrocidades cometidas contra cidadãos de origem alemã em cidades polonesas. Seu objetivo era voltar a opinião pública de seu país contra os vizinhos, preparando, assim, o caminho ideológico para a invasão do território polonês, o que de fato aconteceu, em 1939.
As atitudes de Goebbels estão na base da perseguição de judeus (polgroms), com a destruição de sinagogas e estabelecimentos comerciais de famílias judaicas. A força de suas peças de propaganda e dos discursos proferidos por Hitler e por ele próprio convenceram o povo alemão de que os judeus tinham culpa na decadência do país após a Primeira Guerra Mundial e que deveriam ser expulsos. Ou mortos. Goebbels e Hitler conversavam frequentemente sobre o extermínio da população semita, tanto na Alemanha quanto nos territórios anexados. O ministro da Propaganda esteve à frente da deportação de judeus para campos de concentração.
Suicídio após executar a mulher e os seis filhos pequenos
Nos meses finais da Segunda Guerra Mundial, com o exército nazista acuado pelas forças aliadas, os discursos de Goebbels ficaram desesperados. Ele convocava a população a um esforço final, no qual todos os homens deveriam se valer de quaisquer recursos à mão para resistir. Particularmente, ele chegou a conversar com Hitler sobre uma rendição, mas o Fuhrer não aceitou. No dia 30 de abril de 1945, Hitler se suicidou. Na noite de 1° de maio, Goebbels fez o mesmo.
O chefe da propaganda nazista chamou um dentista da SS e injetou morfina em seus seis filhos, para que todos ficassem inconscientes. Logo depois, as crianças foram mortas com ampolas de cianureto administradas em suas bocas. Em seguida, Goebbels e sua mulher, Magda, saíram do bunker e foram para o jardim da Chancelaria, onde estavam. Segundo relatos, o ministro genocida disparou um tiro contra a mulher e depois, suicidou-se. Seus corpos foram molhados com gasolina, mas foram encontrados apenas parcialmente queimados.  Os restos mortais de Goebbeles foram enterrados e exumados diversas vezes. Consta que, em 1970, uma equipe da KGB os exumou pela última vez, quando foram queimados e jogados num rio. Para evitar qualquer tipo de veneração ao que restou do nazista.
Goebbels (à direita), com Magda e os seis filhos, além de um jovem afilhado

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