Associação Nacional dos Bacharéis em Direito denuncia ilegalidade do exame da OAB
Cathy Rodrigues – DRT – 4317/BA Segundo a
associação, a Ordem dos Advogados do Brasil está com seu decreto de
criação anulado desde 1991 No que depender da Associação Nacional dos
Bacharéis em Direito (ANB), o exame promovido pela Ordem dos Advogados
do Brasil (OAB) terá fim. Segundo Itacir Amauri Flores, vice-presidente
no exercício da […]
Em 01/03 de 2018
Cathy Rodrigues – DRT – 4317/BA
Segundo a associação, a Ordem dos Advogados do Brasil está com seu decreto de criação anulado desde 1991
No que depender da Associação Nacional
dos Bacharéis em Direito (ANB), o exame promovido pela Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB) terá fim. Segundo Itacir Amauri Flores,
vice-presidente no exercício da presidência da associação, a ação
judicial protocolada em fevereiro junto ao Supremo Tribunal Federal
(STF), pede que seja afastado os efeitos publicados na Lei 8.906/94
(Estatuto da Advocacia), que exige o Exame de Ordem.
A ação prevê ainda que o registro de
habilitação ao exercício da profissão de advogado seja regulamentado
pelo Ministério da Educação (MEC) e o Ministério do Trabalho e Emprego
(MTE), a fim de que os bacharéis em Direito possam exercer a advocacia
no Brasil mediante a apresentação do diploma de formação acadêmica.
“Entendemos que o Exame de Ordem não
existe, pois a OAB está com seu decreto de criação revogado desde 1991.
Porém, pela falta de um questionamento jurídico junto ao judiciário,
para que norteie a sua existência legal, ainda hoje é aplicado o exame.
Tal exame é elitizante e pura reserva de mercado à advocacia brasileira.
Não existe em qualquer sociedade mundial uma situação sui generis como
aqui, onde um bacharel em Direito, formado em uma faculdade reconhecida
pelo Estado brasileiro, não possa trabalhar sem passar pelo crivo da
OAB, que a seu bel prazer direciona a forma e o conteúdo da prova”,
aponta o presidente da ANB, entidade privada originária do Movimento
Nacional dos Bacharéis em Direito, criado em 2007.
“MUITO DINHEIRO EM JOGO”
– Conforme dados da ANB, o Exame de Ordem da OAB arrecada cerca de 100
milhões de reais ao ano somente com as taxas para as provas. O exame é
aplicado em torno de 3 vezes ao ano para todos os bacharéis em Direito.
“É muito dinheiro em jogo. Este debate também tem que ser levado à
sociedade, para que se fiscalize com mais aptidão e prestem contas de
tudo”, afirma Itacir Amauri Flores.
Após 5 anos nos bancos da faculdade de
Direito credenciada pelo MEC, o bacharel é obrigado a se submeter ao
Exame de Ordem criado pela OAB, por meio de provimento. As provas do
exame são divididas em duas fases: a primeira é a prova objetiva, a
segunda é denominada de prático-profissional, sendo aplicada apenas aos
candidatos aprovados na primeira fase. Ambas têm caráter eliminatório.
Sem a aprovação no exame, o bacharel não pode atuar como advogado, sob
pena de ser implicado por exercício ilegal da profissão.
ESTRESSANTE E CANSATIVO
– De acordo com o Conselho Federal da OAB, existem hoje cerca de 1,5
milhão de bacharéis de Direito sem registro profissional, a chamada
“carteira da OAB”. A bacharela em Direito, Andressa Lima, de 24 anos,
formou-se em março de 2017, pela Faculdade São Francisco de Barreiras
(FASB), e prestou o exame pela primeira vez no ano passado. Ela passou
na primeira fase e perdeu na segunda. Para Andressa, o exame é
estressante e cansativo, e não quantifica a inteligência ou o nível de
saber de quem o presta.
“É um processo cansativo, tanto físico
quanto mental, onde você é cobrado antes, durante e depois da prova. E
no momento em que sai o resultado, e você se depara com mínimos detalhes
que a banca, por algum motivo não acolheu, e é reprovado, é como se o
meu esforço e dedicação de anos fossem inutilizados, entre outros
questionamentos. Tenho plena consciência do meu potencial, e da bagagem
que contraí ao longo dos últimos 5 anos de faculdade. Não acredito que
uma avaliação, onde o psicológico é colocado à prova, tanto quanto o
conhecimento, seja adequado a medir a minha capacidade e competência
como bacharel para atuar no mundo casuístico”, declara a bacharela em
Direito.
PERDAS E DANOS – O
Exame de Ordem realizado no ano passado teve um índice de reprovação de
85%. Aproximadamente 120 mil candidatos inscritos, e um pouco mais de 18
mil aprovados. Para Itacir Amauri Flores, o exame é fora da realidade
dos bancos escolares e seletivo, e o Estado brasileiro tem que dar um
basta nisso: “São milhares de pessoas que sofrem os mais diversos tipos
de humilhação e bulling por serem reprovados, e estes somam-se às
fileiras de desempregados de nível superior. Não mediremos esforços para
ir até o fim desde imbróglio, e que a justiça faça a parte dela,
condenando o Poder Executivo a reparar este erro crasso, e indenizar o
bacharel por perdas e danos”.
*A
OAB – Subseção Barreiras foi procurada, mas até o fechamento desta
matéria, não respondeu aos questionamentos do Fala Barreiras.
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