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Luiz Inácio Lula da Silva
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Luiz Inácio Lula da Silva, nascido
Luiz Inácio da Silva e mais conhecido como
Lula (
Caetés,
27 de outubro de
1945[nota 2]), é um
político, ex-
sindicalista e ex-
metalúrgico brasileiro, o 35.º
presidente do Brasil entre 2003 e 2011. Membro fundador e presidente de honra do
Partido dos Trabalhadores, elegeu-se presidente da República na
eleição de 2002, sendo reeleito em
2006.
De origem humilde, ainda era criança quando sua família migrou de
Pernambuco para
São Paulo. Lá, foi metalúrgico e sindicalista, período no qual recebeu a alcunha "Lula", forma
hipocorística de "Luís". Durante a
ditadura militar, organizou grandes
greves de operários no ABC Paulista. Em 1986, elegeu-se deputado federal pelo estado de São Paulo com um recorde de votos e, em
1989, concorreu à presidência da República, perdendo no segundo turno para
Fernando Collor de Mello por 53-47 por cento. Em 1990, foi um dos fundadores e organizadores, junto com
Fidel Castro, do
Foro de São Paulo, que congrega parte dos movimentos políticos de
esquerda da
América Latina e do
Caribe. Também foi candidato a presidente outras duas vezes, em
1994 e
1998, perdendo ambas as eleições no primeiro turno para
Fernando Henrique Cardoso.
Empossado presidente da República em janeiro de 2003, o
governo Lula teve como marcos a introdução de programas sociais, como o
Bolsa Família e o
Fome Zero, ambos reconhecidos pela
Organização das Nações Unidas
como os programas que possibilitaram a saída do país do mapa da fome.
Durante seus dois mandatos, empreendeu reformas e mudanças radicais que
produziram transformações sociais e econômicas no Brasil, que triplicou
seu
PIB per capita e alcançou o
grau de investimento pela agência de classificação de risco
Standard & Poor's. Na política externa, desempenhou um papel de destaque, incluindo atividades relacionadas ao
programa nuclear do Irã e ao
aquecimento global.
Lula foi considerado um dos políticos mais populares da história do
Brasil e, enquanto presidente, foi um dos mais populares do mundo. Sua
chefe da Casa Civil,
Dilma Rousseff, elegeu-se presidente na
eleição de 2010.
Ao ser sucedido por Dilma em janeiro de 2011, Lula, que deixou o
governo com mais de 90 por cento de aprovação popular, manteve-se ativo
no cenário político e passou a dar palestras no Brasil e no exterior. Em
outubro de 2011, foi diagnosticado com câncer de garganta e submetido a
quimioterapia, levando a uma recuperação bem-sucedida. Em 2016, quando o
governo Dilma passava por uma grave crise política, a presidente
nomeou-o como seu chefe da Casa Civil. No entanto, a nomeação, apontada
por juristas e pela imprensa como uma manobra visando evitar o
impeachment da presidente e a obtenção de
foro privilegiado — Lula era investigado na
Operação Lava Jato
— foi suspensa pela justiça. Em julho de 2017, foi condenado em
primeira instância a nove anos e seis meses de prisão por corrupção e
lavagem de dinheiro. Com a confirmação em segunda instância da sentença,
que inclusive aumentou a pena, teve sua
prisão decretada e entregou-se para a
Polícia Federal em abril de 2018, estando atualmente detido na carceragem da instituição.
Início de vida
Infância
Garanhuns, no Agreste de
Pernambuco, consta como cidade natal de Lula em seu
registro de nascimento; porém,
Caetés, local de origem do ex-presidente, foi desmembrado de Garanhuns, e passou a ser oficialmente o seu município de nascimento.
Luiz Inácio da Silva é o sétimo dos oito filhos de Aristides Inácio
da Silva e Eurídice Ferreira de Melo, um casal de lavradores iletrados
que vivenciaram a fome e a miséria na zona mais pobre de
Pernambuco.
[6][7] Nasceu em 27 de outubro de 1945 em
Caetés (até 1964 um
distrito do município de
Garanhuns[8]), interior pernambucano. Faltando poucos dias para sua mãe dar à luz, seu pai decidiu tentar a vida como estivador em
Santos,
levando consigo Valdomira Ferreira de Góis, uma prima de Eurídice, com
quem formaria uma segunda família. Com Valdomira Aristides teve dez
filhos, fora alguns que possam ter morrido. Contando os 12 que teve com
Eurídice – quatro morreram ainda bebês – a família conta que Aristides
teve pelo menos 22 filhos conhecidos.
[11]
Em dezembro de 1952, quando Lula tinha apenas sete anos de idade,
Eurídice decidiu migrar para o litoral do estado de São Paulo com seus
filhos para se reencontrar com o marido (acreditando que seu marido
fizera esse pedido, quando na verdade seu filho Jaime, que já morava com
o pai, escreveu dizendo que esse era o desejo de Aristides). Após treze
dias de viagem num transporte conhecido como "
pau-de-arara", chegaram ao distrito de
Vicente de Carvalho (àquela época denominado Itapema), no município de
Guarujá,
onde tiveram que dividir a convivência de Aristides com sua segunda
família (Aristides já os havia visitado no nordeste em 1950, quando
inclusive apresentou seus novos filhos para sua primeira família). A
convivência difícil com Aristides (que era extremamente rigoroso com os
filhos) levou Eurídice a sair de casa com os filhos, morando
inicialmente em uma casa precária muito perto da de Aristides e, mais
tarde, em 1954, mudando-se para a capital, onde foi viver num cômodo
atrás de um bar localizado na
Vila Carioca, bairro da cidade de
São Paulo.
Lula e seu irmão José Ferreira de Melo – o Frei Chico – ficaram
morando algum tempo ainda com o pai, junto com sua segunda família,
mudando-se para São Paulo em 1956. Após a separação, Lula quase não se
reencontrou mais com seu pai, que morreu em 1978, sendo enterrado como
indigente (Lula e seus irmãos só souberam da morte do pai vários dias
após o enterro).
[11]
Educação e trabalho
Memorial aos retirantes no
Parque Dona Lindu, parque localizado no
Recife, projetado por
Oscar Niemeyer, que recebeu esse nome em homenagem à mãe de Lula. O memorial, concebido pelo escultor pernambucano
Abelardo da Hora, representa Dona Eurídice e seus oito filhos.
Durante o período em que as duas famílias de seu pai conviveram, Lula foi alfabetizado no Grupo Escolar
Marcílio Dias,
apesar da falta de incentivo do pai, analfabeto, que entendia que seus
filhos não deveriam ir à escola, mas apenas trabalhar. Ainda quando
morava no
Guarujá,
aos 7 anos, trabalhou vendendo laranjas no cais. Tinham que andar
quilômetros para buscar água de poço para a segunda mulher de Aristides.
Aos domingos, era obrigado pelo pai a ir ao
mangue para retirar lenha,
marisco e
caranguejo.
[11][12]
Já em São Paulo, a fim de contribuir na renda familiar, começou a trabalhar, aos doze anos, em uma
tinturaria. Durante o mesmo período também trabalhou como
engraxate e auxiliar de escritório. Aos catorze começou a trabalhar nos Armazéns Gerais Colúmbia, onde teve a
carteira de trabalho assinada pela primeira vez,
[13] permanecendo ali por seis meses. Ainda em 1961, foi aluno no curso de
tornearia mecânica na escola
SENAI Roberto Simonsen, no bairro do
Ipiranga. Segundo diria anos depois, ali ele conquistou seu direito à
cidadania.
[14] Com esta idade, se viu obrigado a deixar a escola e foi trabalhar em uma
siderúrgica que produzia parafusos.
[7]
Foi ali que, em 1964, esmagou seu dedo em um torno mecânico, tendo que
esperar horas até que o dono da fábrica chegasse e o levasse ao médico,
que optou por cortar o resto do
dedo mínimo da mão esquerda. A mutilação o deixou alguns anos com complexo. Ficou 11 meses na empresa e, devido ao acidente, ganhou uma
indenização de 350 mil
cruzeiros, que utilizou para comprar móveis para sua mãe e um terreno.
[11][15][16]
Trabalhou então na Frismolducar
[necessário esclarecer]
por seis meses, sendo demitido por se ter recusado a trabalhar aos
sábados. No ano de 1965, ficou muito tempo desempregado, assim como seus
irmãos, época em que passaram por privações, sobrevivendo de trabalhos
eventuais ("bicos"). Em 1966, foi admitido nas Indústrias Villares, uma
grande empresa metalúrgica de
São Bernardo do Campo, no
ABC Paulista.
[17][18] Em 1973, fez um curso na
AFL-CIO nos Estados Unidos sobre sindicalismo.
[19]
Operário e sindicalista
Em 1968, durante a ditadura militar, filiou-se ao Sindicato de Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema.
[7]
Lula relutou em filiar-se e candidatar-se, pois à época tinha uma visão
negativa do sindicato e seu grande lazer era jogar futebol. Apesar de
não ter qualquer experiência sindical, já era apontado como pessoa com
espírito de liderança e carisma. Convencido a integrar a chapa, sob
influência de seu irmão, José Ferreira da Silva – conhecido como Frei
Chico, militante do
Partido Comunista Brasileiro[20] e do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul
[21] – Lula foi eleito, em
1969, para a diretoria do sindicato dos metalúrgicos da cidade, dentre os suplentes,
[22] continuando a exercer suas atividades de operário.
Em 1972, elegeu-se 1º secretário do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema,
[23] continuando a exercer suas atividades de operário. Na época, foi criada, no sindicato, a Diretoria de
Previdência Social e
FGTS, que lhe foi atribuída.
[24]
Ao ser eleito, ficou à disposição do sindicato, cessando suas
atividades de operário. Sua atuação na diretoria lhe deu grande
destaque, sendo então eleito presidente do mesmo sindicato em
1975. Ganhou projeção nacional ao liderar a reivindicação em
1977 da reposição aos salários de índice de inflação de
1973,
após o próprio governo reconhecer que aquele índice havia sido bem
maior que o inicialmente divulgado e então utilizado para os reajustes
salariais. Apesar de ampla cobertura na imprensa, ainda na vigência do
AI-5, o governo não cedeu aos pedidos. Reeleito em
1978,
passou a liderar as negociações e as greves de metalúrgicos de sua base
que passaram a acontecer em larga escala a partir de 1978 e que haviam
cessado de ocorrer desde o endurecimento repressivo da
ditadura militar na década anterior.
[11]
Por liderar as
greves dos metalúrgicos do Região do ABC no final dos
anos 1970 e início dos
anos 1980, Lula foi preso, cassado como dirigente sindical e processado com base na
Lei de Segurança Nacional.
[23]
Durante o movimento grevista, a ideia de fundar um partido representante dos trabalhadores amadureceu e, em
1980, Lula juntou-se a sindicalistas, intelectuais, representantes dos movimentos sociais e católicos militantes da
Teologia da Libertação para formar o
Partido dos Trabalhadores (PT), do qual foi o primeiro presidente.
[25]
Carreira política
Em 1980, no curso de uma greve no
ABC paulista, o Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo sofreu intervenção aprovada por
Murilo Macedo, então ministro do Trabalho do general
João Batista Figueiredo, e Lula foi detido por trinta e um dias nas instalações do
DOPS paulista.
[26] Em
1981, a
Justiça Militar
o condenou a três anos e meio de detenção por incitação à desordem
coletiva, tendo porém recorrido e sido absolvido no ano seguinte.
[27]
Em 1982, Lula participou das eleições para o governo de São Paulo e perdeu. No mesmo ano alterou judicialmente seu nome de
Luiz Inácio da Silva para
Luiz Inácio Lula da Silva visando usá-lo em pleitos eleitorais futuros, pois a legislação vigente proibia o uso de apelidos pelos candidatos.
[28][29] Em
1984, participou, ao lado de
Ulisses Guimarães,
Fernando Henrique Cardoso,
Eduardo Suplicy,
Tancredo Neves, entre outros, da campanha
Diretas Já, que clamava pela volta de eleições presidenciais diretas no país.
[30] A campanha Diretas Já acabou não tendo sucesso e as
eleições presidenciais de
1985
foram feitas por um Colégio Eleitoral de forma indireta. Lula e o PT
abstiveram-se de participar desta eleição. O processo indicou o
governador de
Minas Gerais Tancredo Neves, que participou ativamente na campanha das Diretas Já, como novo presidente do
Brasil. Com a morte de Tancredo Neves, antes da sua posse como presidente em 1985, assume a presidência o vice
José Sarney. Lula e o
PT decidem firmar uma posição independente, mas logo se encontram no campo da oposição ao novo governo.
Em 1986, foi eleito deputado federal por São Paulo com a maior votação para a
Câmara Federal até aquele momento, tendo participado da elaboração da
Constituição Federal de
1988.
[27]
Foi favorável à limitação do direito de propriedade privada, ao aborto,
à jornada semanal de 40 horas, à soberania popular, ao voto aos 16
anos, à estatização do sistema financeiro, à criação de um fundo de
apoio à reforma agrária e ao rompimento de relações diplomáticas com
países que adotassem políticas de discriminação racial.
[31]
Em 1989, realizou-se a primeira eleição direta para presidente desde o
golpe militar de 1964. Lula se candidatou a presidente e ficou em segundo lugar. No segundo turno
Fernando Collor de Mello, candidato do
PRN,
primeiro colocado no turno inicial das eleições, recebeu apoio dos
meios de comunicação e empresários, uma vez que estes se sentiam
intimidados ante a perspectiva do ex-sindicalista, radical e alinhado às
teses de
esquerda chegar à presidência, é eleito presidente.
[27]
A campanha de
Fernando Collor
no segundo turno foi fértil em práticas tidas, na época, por moralmente
duvidosas, e que combinavam preconceitos políticos e sociais: Lula foi
identificado como um trânsfuga do
comunismo, a quem a queda do
Muro de Berlim
havia transformado em anacronismo, e seus atos político-eleitorais
(comícios, passeatas) foram descritos com conotações desmoralizantes
(segundo o acadêmico
Bernardo Kucinski tal teria sido facilitado pela infiltração de agentes provocadores de Collor nos comícios do PT).
Collor acusou ainda Lula de desejar sequestrar ativos financeiros de
particulares (o que a equipe econômica do futuro governo Collor fez após
sua eleição).
Articulistas da grande imprensa pronunciaram-se de forma indecorosa sobre Lula: o comentarista
Paulo Francis
o chamou de "ralé", "besta quadrada" e disse que se ele chegasse ao
poder, o país viraria uma "grande bosta". Além disso, uma antiga
namorada de Lula, Míriam Cordeiro, com a qual ele teve uma filha, surgiu
na propaganda televisiva de Collor durante o segundo turno das eleições
para acusar seu ex-namorado de "racista" e de ter lhe proposto abortar a
filha que tiveram
O
PSDB, hoje maior rival eleitoral do PT, na época declarou apoio oficial a Lula no segundo turno. O candidato tucano,
Mário Covas, que havia ficado em quarto lugar naquela eleição, subiu em palanques ao lado de Lula em defesa da candidatura petista.
[35]
Às vésperas da eleição, a
Rede Globo
promoveu um debate final entre ambos os candidatos e, no dia seguinte,
levou ao ar uma versão editada do programa em sua exibição no
Jornal Nacional. O então diretor do Gallup
Carlos Eduardo Matheus, entre outros, sustentou que a edição foi favorável a Collor e teria influenciado o eleitorado (fato este admitido mais tarde por várias memórias de participantes do evento, mostrado no documentário
Beyond Citizen Kane).
A eleição propriamente dita comportou ainda a alegada manipulação
política do sequestro do empresário do setor de supermercados
Abílio Diniz,
que, libertado do cativeiro no dia da eleição, seus sequestradores
foram apresentados pela polícia vestindo camisetas do PT (aberto
inquérito para apurar se coube à polícia vestir os criminosos, foi dois
anos depois arquivado por falta de provas).
[36][37]
Apesar da sua derrota em 1989, Lula manteve sólida liderança no PT, bem como prestígio internacional, como no destaque obtido
[carece de fontes] quando da fundação do
Foro de São Paulo, em
São Bernardo do Campo, em
1990.
Tratava-se de um encontro periódico de lideranças partidárias que
visava congregar e reorganizar as esquerdas latino americanas, que
estavam politicamente desorganizadas com a expansão do neoliberalismo
após a queda do
muro de Berlim. Em setembro de
1993 estava percorrendo os Estados da
Amazônia em campanha para a eleição presidencial de 1994. Em
Ariquemes,
Rondônia, Lula disse:
“
|
Há no congresso uma minoria que se preocupa e trabalha pelo país, mas há uma maioria de uns trezentos picaretas que defendem apenas seus próprios interesses
|
”
|
—Luiz Inácio Lula da Silva, em 1993.[38][39]
|
Em 1994, Luiz Inácio Lula da Silva voltou a candidatar-se à
presidência e foi novamente derrotado, ainda no primeiro turno, dessa
vez pelo candidato do
PSDB,
Fernando Henrique Cardoso.
Em 1998, Lula saiu pela terceira vez derrotado como candidato à
presidência da República, em uma eleição novamente decidida no primeiro
turno. No entanto, manteve papel de destaque na esquerda brasileira
[carece de fontes] ao apresentar-se numa chapa que tinha como candidato à vice-presidência o seu antigo rival
Leonel Brizola,
que havia disputado arduamente com Lula sua ida ao segundo turno das
eleições de 1989 como adversário de Collor. Lula tornou-se um dos
principais opositores da política econômica do governo eleito, sobretudo
da política de
privatização de empresas estatais realizadas nesse período.
Lula e o seu vice
José Alencar em 2004, durante o embarque de militares brasileiros para o
Haiti.
A desvalorização do real em janeiro de
1999, logo após a eleição de
1998, as crises internacionais, deficiências administrativas como as que permitiram o
apagão de
2001,
e principalmente o pequeno crescimento econômico no segundo mandato de
Fernando Henrique Cardoso fortaleceram a posição eleitoral de Lula nos
quatro anos seguintes. Abdicando dos "erros" cometidos em campanhas
anteriores, como a manifestação de posições tidas por radicais, Lula
escolhe para candidato à vice-presidência o senador mineiro e empresário
têxtil
José Alencar, do
PL,
partido ao qual o PT se aliou. A campanha eleitoral de Lula optou em
2002 por um discurso moderado, prometendo a ortodoxia econômica,
respeito aos contratos e reconhecimento da dívida externa do país,
conquistando a confiança de parte da classe média e do empresariado.
Em
27 de outubro de
2002,
Lula foi eleito presidente do Brasil, derrotando o candidato apoiado
pela situação, o ex-ministro da Saúde e então senador pelo Estado de São
Paulo
José Serra do PSDB. No seu discurso de
diplomação,
Lula afirmou: "E eu, que durante tantas vezes fui acusado de não ter um
diploma superior, ganho o meu primeiro diploma, o diploma de presidente
da República do meu país."
Em
29 de outubro de
2006, Lula é reeleito no segundo turno, vencendo o ex-governador do Estado de São Paulo
Geraldo Alckmin do PSDB, com mais de 60% dos
votos válidos. Após esta eleição, Lula divulgou sua intenção de fazer um governo de coalizão, ampliando assim sua fraca base aliada. O
PMDB passou a integrar a estrutura ministerial do governo.
Presidente da República
Foto oficial do primeiro mandato de Lula.
Na área econômica a gestão do Governo Lula é caracterizada pela estabilidade econômica e por uma
balança comercial superavitária. O
endividamento interno
cresceu de 731 bilhões de reais (em 2002) para um trilhão e cem bilhões
de reais em dezembro de 2006, diminuindo, todavia a proporção da dívida
sobre
Produto Interno Bruto.
Concomitantemente, a dívida externa teve uma queda de 168 bilhões de
reais. O seu início de governo chegou a ser elogiado pelo presidente do
FMI na época.
[40]
Durante
o governo Lula houve incremento na geração de empregos. Segundo o IBGE,
de 2003 a 2006 a taxa de desemprego caiu e o número de pessoas
contratadas com carteira assinada cresceu mais de 985 mil, enquanto o
total de empregos sem carteira assinada diminuiu 3,1%. Já o total de
pessoas ocupadas cresceu 8,6% no período de 2003 a 2006.
Na área de políticas fiscal e monetária, o governo de Lula caracterizou-se por realizar uma política econômica conservadora. O
Banco Central
goza de autonomia prática, embora não garantida por lei, para buscar
ativamente a meta de inflação determinada pelo governo. A política
fiscal garante a obtenção de superávits primários ainda maiores que os
observados no governo anterior (4,5% do PIB contra 4,25% no fim do
governo FHC). No entanto, críticos apontam que esse superávit é
alcançado por meio do corte de investimentos, ao mesmo tempo em que
aumento de gastos em instrumentos de transferência de renda como o
Bolsa Família,
salário-mínimo e o aumento no déficit da
Previdência.
Em seu primeiro ano de governo, Lula empenhou-se em realizar uma
reforma da previdência, por via de emenda constitucional, caracterizada
pela imposição de uma contribuição sobre os rendimentos de aposentados
do setor público e maior regulação do sistema previdenciário nacional.
A questão econômica tornou-se consequentemente a pauta maior do
governo. A minimização dos riscos e o controle das metas de inflação de
longo prazo impuseram ao Brasil uma limitação no crescimento econômico, o
qual porém realizou-se a taxas maiores do que foram alcançados durante o
governo anterior, com um crescimento médio anual do PIB de 3,35%,
contra 2,12% médios do segundo mandato de
FHC mas abaixo da média republicana do país. Segundo o economista Reinaldo Gonçalves, professor da
UFRJ, em uma comparação de todos os 29 mandatos presidenciais desde a proclamação da república, Lula fica na 19ª posição.
[41]
Ressalvam os críticos, no entanto, que os baixos índices
inflacionários foram conseguidos a partir de políticas monetárias
restritivas, que levaram a um crescimento dependente, por exemplo, de
exportações de
commodities agrícolas (especialmente a
soja), que não só encontraram seus limites de crescimento no decorrer de 2005, como também tem contribuído para o crescimento dos
latifúndios.
Ao fim de seu governo, sua popularidade era maior do que a que
possuía ao ser eleito, como ocorreu com poucos presidentes nas
democracias do mundo.
[42] Pesquisa do instituto
Datafolha, divulgada no dia 17 de Dezembro de 2006, mostra que 52% consideravam seu governo ótimo ou bom.
[43]
Relações com a imprensa
As relações políticas do governo Lula com a oposição e a mídia foram
conturbadas. Eleito presidente com uma bancada minoritária, formada pelo
PT,
PSB,
PCB,
PCdoB e
PL,
Lula buscou formar alianças com diversos partidos, inclusive com alguns
situados mais à direita no espectro político brasileiro. Conseguiu
apoio do
PP,
PTB e parcela do
PMDB,
às custas de dividir com estes o poder. Após dois anos de governo
mantendo maioria no congresso, o que facilitava a aprovação de projetos
de interesse do executivo, uma disputa interna de poder entre os
partidos aliados (PT, PSB, PCdoB, PL, PP, PTB) resultou no
escândalo do mensalão.
[44]
Já em maio de
2004, o governo chegou a pensar em expulsar do país o jornalista americano
Larry Rohter, do jornal
The New York Times, por escrever uma reportagem sobre a suposta propensão de Lula a beber,
[45] mas a decisão foi revogada depois de uma retratação por escrito do repórter.
[46]
“
|
Marina
[Silva] é Lula e é Obama ao mesmo tempo. Ela é meio preta, é cabocla, é
inteligente como o Obama, não é analfabeta como o Lula, que não sabe
falar, é cafona falando, grosseiro. Ela fala bem.
|
”
|
|
“
|
Tem
gente que acha que a inteligência está ligada à quantidade de anos de
escolaridade que você tem. Não tem nada mais burro do que isso.
|
”
|
—Lula, em resposta a Caetano Veloso.[47]
|
Crises políticas
Após denúncias do então
deputado do
PTB Roberto Jefferson, envolvido em esquema de propina na
Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos,
houve enorme desarranjo político entre o poder executivo e sua base,
aumentado o grau de ataque dos partidos de oposição. Essa crise
desdobrou-se em outras, que geraram certa paralisia no governo federal,
inclusive com a queda de ministros e a cassação de deputados. Nesse
período, compreendido entre abril e dezembro de
2005, o índice de aprovação do governo Lula atingiu o seu mais baixo percentual desde o começo de seu mandato.
[48][49] Também houve a demissão dos ministros
José Dirceu,
Benedita da Silva,
Luiz Gushiken, por suspeitas de envolvimento em casos de corrupção ou prevaricação.Em janeiro de
2006, com o desgaste do
Poder Legislativo
em meio a absolvições de congressistas envolvidos no mesmo esquema,
julgados por seus pares por envolvimento em episódios de improbidade,
Lula consegue reagir, desvia-se dos escândalos e volta a ter altos
índices de popularidade. O caso da venda de um dossiê para petistas em
São Paulo, contendo informações sobre supostas irregularidades na gestão
de
José Serra no
Ministério da Saúde, a menos de dois meses do primeiro turno das eleições de 2006, não diminuiu os índices de popularidade do presidente.
No entanto, continuaram a ser ventilados casos como o do filho de Lula,
Fábio Luís Lula da Silva,
o "Lulinha", que teria supostamente enriquecido após fechar contrato de
quinze milhões de reais com a empresa de telecomunicações
Telemar,
[50] da qual o governo é acionista.
No começo do ano de 2008 iniciou-se uma nova crise: a
do uso de cartões corporativos.
Denúncias sobre irregularidades sobre o uso de cartões corporativos
começaram a aparecer. As denúncias levaram à demissão da Ministra da
Promoção da Igualdade Racial Matilde Ribeiro, que foi a recordista de
gastos com o cartão em 2007.
[51] O ministro dos Esportes Orlando Silva devolveu aos cofres públicos mais de 30 mil reais, evitando uma demissão.
[52]
A denúncia que gerou um pedido de abertura de CPI por parte do
Congresso foi a utilização de um cartão corporativo de um segurança da
filha de Lula, Lurian Cordeiro Lula da Silva, com gasto de 55 mil reais
entre abril e dezembro de 2007. A investigação, no entanto, contou com a
abrangência desde o período de governo do então presidente Fernando
Henrique Cardoso. Alguns órgãos da imprensa alegaram que o Palácio do
Planalto montou um dossiê que detalhava gastos da família de FHC e que
os documentos estariam sendo usados para intimidar a oposição na CPI,
mas a Casa Civil negou a existência do dossiê.
[53]
Meses depois, sob críticas da oposição, a CPI dos Cartões Corporativos
isentou todos os ministros do governo Lula acusados de irregularidades
no uso dos cartões e não mencionou a montagem do dossiê com gastos do
ex-presidente FHC.
[54]
“
|
Se Jesus Cristo viesse para cá, e Judas tivesse a votação num partido qualquer, Jesus teria de chamar Judas para fazer coalizão.
|
”
|
—Lula, ao justificar os acordos em seu governo.,[55]
|
Foi apresentado no dia
26 de janeiro de
2011 uma denúncia contra Lula e seu ex-ministro da
Previdência Social Amir Lando por improbidade administrativa. No dia
22 de fevereiro do mesmo ano, veio a divulgação de que o
Ministério Público Federal no
Distrito Federal
teria entrado com ação tendo como acusação de que ele e seu ministro
teriam usado a máquina pública para promoção pessoal e a fim de
favorecer o Banco BMG. As supostas irregularidades ocorreram entre
outubro e dezembro de 2004.
[56][57]
Reeleição para segundo mandato
A
imprensa internacional fez menção a reeleição de Lula.
[58][59] O
jornal britânico "
Financial Times" deu esse enfoque na matéria que publicou sobre a reeleição com o título "
Wall Street também ama Lula". O "Financial Times" se baseou nas declarações aos clientes do Banco J. P. Morgan, onde disse:
“
|
... as
expectativas sobre a agenda de reformas estão baixas, o que significa
que, mesmo que sejam pequenas, poderiam gerar um impacto positivo nos
mercados. O tamanho da liderança do presidente Lula está diretamente
relacionado com a veemência com que ele e seus ministros atacaram as
reformas liberais promovidas pelo governo anterior, do PSDB. Encorajados
pela responsabilidade social, alguns ministros, começaram a considerar a
'flexibilização' da lei de responsabilidade fiscal – um dos mais
importantes pilares da política macroeconômica erigidos pelo PSDB. A
noção de que, em um segundo mandato, Lula possa dar andamento a qualquer
agenda reformista está começando a soar como fantasia.
|
”
|
|
Os
sites em inglês, como as norte-americanas
CNN e
NBC e a inglesa
BBC,
também enfatizaram a vitória de Lula. A CNN ressaltou que a população
premiou Lula pelo combate à pobreza e que denúncias de corrupção não
atingiram sua imagem.
[59]
Para seu segundo mandato, Lula conta com apoio de uma coalizão de doze partidos (
PT,
PMDB,
PRB,
PCdoB,
PSB,
PP,
PR,
PTB,
PV,
PDT,
PSC e
PAN),
cujos presidentes ou líderes têm assento no Conselho Político, que se
reúne periodicamente (normalmente a cada semana) com Lula.
Além disso,
PTdoB,
PMN e
PHS
também fazem parte da base de apoio do governo no Congresso,
totalizando quinze partidos governistas. Lula havia lançado, no dia da
reeleição, a meta de crescimento do PIB a 5% ao ano para seu segundo
mandato. Não obstante, no dia 22 de janeiro, foi lançado o
PAC
(Programa de Aceleração do Crescimento), um conjunto de medidas que
visa a aceleração do ritmo de crescimento da economia brasileira, com
previsão de investimentos de mais de 500 bilhões de reais para os quatro
anos do segundo mandato do presidente, além de uma série de mudanças
administrativas e legislativas. O PAC previa um crescimento do PIB de
4,5% em 2007 e de 5% ao ano até 2010, apesar de que prevê uma inflação
maior, de 4,5% (o que é criticado por especialistas, pois o governo
defende uma inflação maior no fim do mandato do que no início dele).
Logomarca e slogan,
Brasil, um país de todos, do
governo Lula.
O Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), que estabelece o
objetivo de nivelar a educação brasileira com a dos países desenvolvidos
até 2021 e prevê medidas até 2010 (entre elas a criação de um índice
para medir a qualidade do ensino e de um piso salarial para os
professores de escolas públicas), foi lançado oficialmente no dia 24 de
abril no Ministério da Educação. A partir da criação da Secretaria
Nacional dos Portos, no dia 7 de maio de 2007, o governo passou a ter 37
ministérios. E, com a nomeação do filósofo
Roberto Mangabeira Unger para o
Núcleo de Assuntos Estratégicos,
o governo passou a ter 38 ministérios – com mais críticas de
especialistas, por retirar uma área estratégica do governo do ministério
do Planejamento.
No dia 15 de maio de 2007, Lula concedeu sua segunda entrevista
coletiva formal desde que assumiu a presidência da República e a
primeira de seu segundo mandato. No dia 26 de outubro de 2007, Lula faz
uma visita à
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) na
Cidade Universitária no
Rio de Janeiro, onde teve a oportunidade de conhecer a criação de um
novo tipo de combustível extraído do bagaço da cana de açúcar.
Em abril de 2008, durante o
governo Lula, o Brasil conquistou o
investment grade ou grau de investimento pela agência de classificação de risco
americana Standard & Poor's.
[60][61]
Em março de 2010, o presidente Lula foi multado duas vezes por
fazer campanha antecipada pró-Dilma, em 5 mil e 10 mil reais, pela
Justiça Eleitoral, em condenação a representações feitas pela oposição.
[62][63]
Retomada da atividade econômica
Na economia, o ano de 2007 é marcado pela retomada da atividade em
vários setores, em virtude principalmente da recuperação da renda da
população e pela expansão do crédito no País. O maior destaque é a
Agropecuária, cujo desempenho foi puxado pelo aumento do consumo interno
de alimentos e da demanda internacional por commodities. As melhores
condições de renda e crédito também incrementaram o desempenho da
Indústria, com destaque para os recordes de produção do setor
automotivo, além do setor de Construção Civil. Com a retomada, o PIB
brasileiro apresentou expansão de 5,4% em 2007, a maior taxa de
crescimento desde 2004, quando houve crescimento de 5,7%.
[64]
Efeitos da crise financeira global de 2008
Em 2008, quando o aquecimento da demanda e da atividade econômica
nacional já geravam preocupações para o cumprimento das metas de
inflação e obrigavam o Banco Central a apertar a política monetária por
meio do aumento da taxa básica de juros, a crise financeira mundial
originada nos
Estados Unidos
atingiu o Brasil no último trimestre. Mas, como o primeiro semestre
ainda havia apresentado um desempenho econômico forte, o PIB nacional
terminou o ano com uma taxa de expansão de 5,1%.
[65]
Já sob influência dos impactos da crise financeira global
especialmente no aumento do desemprego no País no primeiro bimestre de
2009, a aprovação do governo Lula, que, em dezembro de 2008, havia
batido novo recorde, ao atingir, segundo a Pesquisa Datafolha, a marca
de 70% de avaliação de "ótimo" ou "bom",
[66] sofreu queda em março de 2009, para 65%. Foi a primeira redução observada no segundo mandato do presidente.
[67] Sobre a crise deu as seguintes declarações:
“
|
A
imprensa, de vez em quando, fica doida: 'Mas, presidente Lula, e a crise
americana?' Perguntem para o Bush. A crise é dele, não é minha.
|
”
|
—Lula, durante discurso em Mossoró-RN, julho de 2008.
|
“
|
Eu
estou muito confiante de que a crise americana, se ela chegar aqui... lá
ela é um tsunami, aqui ela vai chegar uma marolinha, que não dá nem
para esquiar.
|
”
|
—Lula, durante entrevista no ABC paulista, outubro de 2008.
|
Combate aos efeitos da crise e retomada da popularidade
A queda na avaliação positiva foi bastante efêmera, já que, logo no
mês de maio de 2009, pesquisas voltaram a trazer crescimento na
aprovação do governo, também em consequência da estabilidade do Brasil
frente à crise econômica internacional.
[68]
Na Pesquisa Datafolha publicada em 31 de maio do mesmo ano, a avaliação
positiva voltou ao patamar de novembro, quando a taxa de aprovação do
governo chegou ao recorde de 70%.
[69]
Colhendo os frutos desta popularidade, Lula foi considerado pela
Revista Época um dos cem brasileiros mais influentes do ano de 2009.
[70]
Em março de 2010, pesquisa Datafolha publicada no jornal Folha de
S.Paulo constatou que a popularidade de Lula atingiu seu melhor valor
desde 2003. 76% dos pesquisados apontaram o governo como ótimo ou bom e
4% acharam o governo ruim ou péssimo.
[71]
Política externa
Dentre suas diretrizes de trabalho está a atuação defensiva na área de
Relações Exteriores, com atuação estrategicamente focada na
OMC e formação de grupos de trabalho formados por países em desenvolvimento, bem como interações específicas com a
União Europeia,
melhorando a exposição do país internacionalmente. Essa forte atuação
gerou resultados na ampliação do comércio brasileiro com diversos países
e na consequente diminuição da dependência dos Estados Unidos e da
União Europeia nas exportações brasileiras. Essa orientação fortemente
comercial da política externa resultou num crescimento inédito das
exportações brasileiras: em sete anos de governo Lula, as exportação
totalizaram US$ 937 bilhões
[72]
Ainda na
política externa, o governo Lula atua para integrar o continente Sul Americano, expandir e fortalecer o
Mercosul, obtendo alguns avanços, como o aumento de mais de 100% nas exportações para a América do Sul,
[73] fortalecendo o comércio regional.
Dentre os últimos eventos a serem estudados, incluem-se:
Em 26 de março de 2009, por ocasião da visita do primeiro-ministro britânico
Gordon Brown ao Brasil, Lula afirmou que a
crise foi causada por "comportamentos irracionais de gente branca de olhos azuis".
[74] A declaração deixou Brown constrangido e ganhou destaque na imprensa britânica.
[75]
Em 2 de abril de 2009, durante almoço que fez parte da reunião de líderes do
G20, em Londres, na Inglaterra, o presidente dos EUA,
Barack Obama, elogiou publicamente Lula, dizendo que o presidente brasileiro era "o cara" e também o "político mais popular do mundo".
[76]
Em dezembro do mesmo ano, quando em visita à
Alemanha, o
Süddeutsche Zeitung, jornal de maior tiragem naquele país, chamou-o de
superstar
e de "o político mais popular do planeta", diante de quem "os poderosos
do planeta fazem fila". E, ao se referir-se à visita de Lula, informou
que "Lula honra
Berlim e
Hamburgo" com sua visita.
[77]
A política externa do governo Lula também é considerada controversa
por alguns órgãos de imprensa, pelo suposto apoio do Brasil a países
acusados de violações a direitos humanos, tanto em votações na ONU
quanto na aproximação política com essas nações.
[78]
Casos notórios que causaram polêmica foram a abstenção do Brasil na
votação de um pedido de investigação sobre violações de direitos humanos
no Sudão, a visita do presidente iraniano ao Brasil em 2009 e o apoio à
conduta do governo cubano de prender opositores políticos, inclusive
com críticas de Lula àqueles que protestavam com greve de fome.
Tal política externa não impediu, entretanto, que nesse mesmo
ano, num espaço de tempo não maior que dois meses, o Brasil tenha
recebido as visitas de
Shimon Peres, presidente de
Israel, e de
Mahmoud Abbas, presidente da
Autoridade Nacional Palestiniana (Palestina, no Brasil), além do próprio presidente do Irã.
[carece de fontes]
Apesar do grande número de escândalos políticos que envolveram o
PT durante seu mandato, a popularidade do então presidente da república
continuava expressiva, fato atribuído por seus adversários a uma forma
de governo populista, por conta dos benefícios monetários e alimentícios
oferecidos às famílias de baixa renda através de programas sociais como
o
Bolsa Família.
Apesar de só fornecer o auxílio a famílias de baixa renda, o presidente
afirma que aqueles auxiliados pelo programa tentam ascender a uma nova
classe social, mesmo considerando a possibilidade de perder o auxílio
conferido pelo programa.
[carece de fontes]
Sob o comando de Lula, o Brasil também prestou importante auxílio
a países que passaram por grandes tragédias no início de 2010. Em
janeiro, o país ajudou no apoio às vítimas do terremoto no
Haiti.
[79] No final de fevereiro, ajudou no auxílio às vítimas do terremoto no
Chile.
[80]
Ainda na política externa exerceu o mandato de
Presidente Pro-tempore do Mercosul.
[81]
Carreira como palestrante e colunista
Lula após deixar seu cargo de Presidente, iniciou carreira de
palestrante. Sua primeira palestra foi em março de 2011 para executivos
da
LG. As estimativas dos valores de suas palestras rondam a casa dos 200 mil reais no Brasil e 332 mil reais no exterior.
[82] Entre outubro de 2011 e março de 2012, Lula visitou mais de 30 países.
[83]
Em abril de 2013, o ex-presidente assinou um contrato com o jornal norte-americano
The New York Times para escrever uma coluna mensal no jornal sobre política e economia internacionais.
[84]
Vida pessoal
Casamentos e filhos
Lula e a segunda esposa, Marisa Letícia.
Em 24 de maio de
1969, Lula casou-se com a operária
mineira Maria de Lourdes da Silva, irmã de seu melhor amigo, Jacinto Ribeiro dos Santos, o "Lambari". Lourdes contraiu
hepatite no oitavo mês de gravidez, em junho de 1971, vindo a falecer quando os médicos decidiram fazer uma
cesariana para tentar salvar mãe e filho, que também não sobreviveu.
[85] Em
1974, teve uma filha chamada Lurian com a
enfermeira Miriam Cordeiro, sua namorada na época. Mais tarde no mesmo ano, casou-se com a então viúva
Marisa Letícia Casa dos Santos, vindo anos depois a adotar o filho dela,
Marcos Cláudio, que nem chegara a conhecer o pai biológico. O casamento de mais de trinta anos com Marisa gerou três filhos:
Fábio Luís (1975), Sandro Luís (1979), e Luís Cláudio (1985).
[86]
Três dias antes de Lula deixar a presidência, o
Ministério das Relações Exteriores concedeu um
passaporte
diplomático a seu filho Luís Cláudio. O passaporte diplomático
destina-se a autoridades, diplomatas ou pessoas que representem o país
no exterior, dando privilégios em diversos países. Em decisão judicial
de 2012, o passaporte foi suspenso, pois houve "absoluta confusão de
interesses públicos com interesses pessoais".
[87]
Câncer de laringe
Em 29 de outubro de 2011, foi diagnosticado com
câncer de laringe pela equipe do médico Paulo Hoff do
hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Fumante durante quarenta anos, após começar a apresentar
rouquidão por um tempo prolongado, foi identificado um
tumor maligno de tamanho médio (dois a três centímetros) na
laringe do ex-presidente. A assessoria de imprensa do
Instituto Lula,
ONG do ex-presidente, informou que o tratamento iria iniciar com sessão de
quimioterapia em 31 de outubro,
[88]
mas, a pedido de Lula, não foi divulgado o número de sessões que foram
realizadas. No entanto, foi divulgada a duração aproximada do
tratamento, que estimava-se de três meses segundo o
oncologista Artur Katz, responsável pelo tratamento do ex-presidente. Lula realizou o tratamento no
Hospital Sírio-Libanês.
[89][90][91][92]
Em nota à imprensa, no mesmo dia do anúncio do câncer, Dilma
demonstrou solidariedade a Luiz Inácio e disse que "junta-se à torcida
do povo brasileiro" pela melhora do ex-presidente, também se disse
preocupada com ele e que acredita na recuperação rápida da sua saúde.
[93]
José Sarney, presidente do Senado, também divulgou em nota oficial à
imprensa que espera a recuperação de Lula e disse: "Lula é um lutador,
já venceu muitas batalhas e vencerá mais esta."
[94]
“
|
Em meu
nome e de todos os integrantes do governo, junto-me neste momento ao
carinho e à torcida de todo o povo brasileiro pela rápida recuperação do
presidente Lula. Graças aos exames preventivos, a descoberta do
tumor foi feita em estágio que permite seu tratamento e cura. Como todos
sabem, passei pelo mesmo tipo de tratamento, com a competente equipe
médica do Hospital Sírio-Libanês, que me levou à recuperação total.
Tenho certeza de que acontecerá o mesmo com o presidente Lula.
O presidente Lula é um líder, um símbolo e um exemplo para todos nós.
Tenho certeza de que, com sua força, determinação e capacidade de
superação de adversidades de todo o tipo, vai vencer mais esse desafio.
Contará também, para isso, com o apoio e a força de D.Mariza. Como
Presidenta da República e ex-ministra do presidente Lula, mas,
sobretudo, como sua amiga, companheira, irmã e admiradora, estarei a seu
lado com meu apoio e amizade para acompanhar a superação de mais esse
obstáculo.
|
”
|
—Dilma Rousseff
|
Antecipando-se aos efeitos adversos da
quimioterapia, que incluem a
queda dos cabelos, sua esposa,
Marisa Letícia,
cortou a barba e os cabelos de Lula, deixando apenas o bigode. Foi a
primeira vez que o ex-presidente mudou sua aparência radicalmente, já
que mantinha a barba desde os anos 1970, quando ainda era sindicalista.
[95]
Em 28 de março de 2012, o Hospital Sírio-Libanês informou que os
exames de Lula mostravam "ausência de tumor visível", demonstrando boa
resposta ao tratamento.
[96] Em vídeo, Lula disse que sentia intensa
náusea, o que o impedia de se alimentar e o fez emagrecer cerca de 16 quilos rapidamente, além de manter uma dieta ausente de sólidos.
[83]
Em 31 de maio de 2012, Lula esteve presente no
Programa do Ratinho,
em sua primeira aparição em um programa de televisão após a descoberta
do câncer. Na ocasião, Lula disse que a única possibilidade de ele ser
candidato presidencial em 2014 era se Dilma não quisesse se reeleger.
Informou também que estava fazendo duas horas por dia de
fisioterapia.
[97]
Prêmios e honrarias
Desde 2003, quando assumiu a presidência pela primeira vez, Lula acumulou aproximadamente 300 condecorações.
[98]
Segundo a revista norte-americana
Newsweek, Lula era, no final de 2008, a 18ª pessoa mais poderosa do mundo, ocupando a liderança do ranking na
América Latina.
[99] Em lista divulgada pela revista
Forbes em novembro de 2009, Lula foi considerado a 33ª pessoa mais poderosa do mundo.
[100] Em
2009 foi considerado o "homem do ano" pelos jornais
Le Monde e
El País.[101] De acordo com o jornal britânico
Financial Times, Lula foi uma das 50 pessoas que moldaram a
década de 2000 devido a seu "charme e habilidade política" e também por ser "o líder mais popular da história do país".
[102] Uma publicação do jornal
Haaretz, com sede em
Israel, feita em 12 de março de 2010, afirmou que Lula é o "profeta do diálogo", por suas intermediações em busca da paz no
Oriente Médio.
[103][104] Em abril do mesmo ano, a revista
Time listou Lula como um dos 25 líderes mais influentes do mundo.
[105][106]
Em 2008, a
UNESCO concedeu a Lula o
Prêmio pela paz Félix Houphouët-Boigny.
[107] Em pesquisa publicada no primeiro dia do ano de
2010 pelo
Instituto Datafolha, Lula era a personalidade mais confiável dos brasileiros dentre uma lista de 27.
[108] No
Fórum Econômico Mundial de 2010, realizado em
Davos, na
Suíça,
recebeu a premiação inédita de Estadista Global, pela sua atuação no
meio ambiente, na erradicação da pobreza e na redistribuição de renda e
nas ações em outros setores com a finalidade de melhorar a condição
mundial.
[109] No mesmo ano, foi condecorado pela
Organização das Nações Unidas como o Campeão Mundial na Luta Contra a Fome e a Desnutrição Infantil.
[110][111] Em
2011, após deixar a presidência, Lula recebeu o prêmio Norte-Sul do
Conselho da Europa[112] e foi um dos candidatos ao
Prêmio Nobel da Paz pelo
Brasil após indicação feita pelo ex-senador petista
Aloizio Mercadante.
[113] No dia 17 de março de 2013, o ex-presidente recebeu a Ordem Nacional da República do
Benin, a mais alta condecoração beninense, na cidade de
Cotonou.
[114]
No Brasil, recebeu medalhas da
Ordem do Mérito Militar, da
Ordem do Mérito Naval, da
Ordem do Mérito Aeronáutico,
[115][116] da
Ordem do Cruzeiro do Sul, da
Ordem do Rio Branco,
[117][118] da
Ordem Nacional do Mérito e da
Ordem do Mérito Judiciário Militar.
[119][120] Em âmbito internacional, foi condecorado com as medalhas da
Ordem da Águia Asteca (
México),
[121] da Ordem Amílcar Cabral (
Cabo Verde),
[122] da
Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito (
Portugal),
[123] da Ordem da Estrela Equatorial (
Gabão),
[124] da
Ordem do Banho (
Reino Unido),
[125] da Ordem de Omar Torrijos (
Panamá),
[126] da
Ordem Nacional do Mérito (
Argélia),
[127] da
Ordem da Liberdade (
Portugal),
[128] da Ordem de Boyacá (
Colômbia),
[129] e da Ordem Marechal Francisco Solano López (
Paraguai).
[130] Recebeu também o Prêmio Internacional Don Quixote de la Mancha (Espanha) por ter instituído o ensino obrigatório da
língua espanhola na rede pública de ensino.
[131]
Lula foi condecorado como
doutor honoris causa pela
Universidade Federal de Viçosa,
[132] pela
Universidade de Coimbra (
Portugal),
[133] pela
Universidade Federal de Pernambuco, pela
Universidade Federal Rural de Pernambuco, pela
Universidade de Pernambuco,
[134] pela
Universidade Federal da Bahia,
[135] e pela
Universidade Federal do ABC.
[136]
Embora outras universidades nacionais e internacionais tenham feito
diversos convites para que o então presidente recebesse a honraria, Lula
recusou todos os títulos
honoris causa enquanto ocupou a cadeira de chefe do estado brasileiro, passando a aceitá-los apenas após deixar o cargo.
[132] Em outubro de 2011, Lula recebeu o título de doutor
honoris causa da prestigiada
Fundação Sciences-Po da
França.
Foi o primeiro latino-americano a receber este título. A Sciences Po
foi fundada em 1871 e apenas 16 personalidades no mundo possuíam esta
premiação até então.
[137]
Adolfo Pérez Esquivel, em abril de 2018, iniciou uma campanha internacional para ser entregue ao comitê do Nobel indicando Lula para o
prêmio Nobel da Paz.
[138]
Controvérsias
Em outubro de 2000, foi publicado um vídeo informal do então líder petista chamando a cidade de
Pelotas
de "polo exportador de veados". Pelotas, no interior do Rio Grande do
Sul, é alvo de brincadeiras preconceituosas segundo as quais abrigaria
um grande número de homossexuais.
[139]
Em 2003, uma declaração do então Presidente durante uma viagem à
Namíbia provocou constrangimento na comitiva
brasileira. Na ocasião, Lula afirmou que “Quem chega (na cidade de)
Windhoek não parece que está em um país
africano”.
[140]
Foi criticado durante festividades que comemoravam a criação da Petro-Sal, quando repetiu um gesto que teria sido feito por
Getulio Vargas quando criou a
Petrobrás,
sujando suas mãos de petróleo. Na ocasião Lula foi chamado de
populista; conotação ambígua, pois alguns consideram este tipo de
atitude positiva na esfera política.
[141]
Em 2009, Lula sugeriu às
Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) — considerada uma
organização terrorista pelo governo da
Colômbia e dos
Estados Unidos —,
[142][143]
criar partido para chegar ao poder. Na ocasião, Lula disse que “Se
índio e metalúrgico podem chegar à Presidência, por que alguém das Farc,
disputando eleições, não pode?”
[144]
Ainda em 2009 envolveu-se em uma polêmica de cunho religioso
quando disse que "se Jesus Cristo viesse para cá, e Judas tivesse a
votação num partido qualquer, Jesus teria de chamar Judas para fazer
coalizão". O ex-presidente foi criticado por políticos de todas as
esferas e pela
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
[141]
Em 2010, houve críticas por parte da imprensa de que Lula deveria ter intervindo na greve de fome do preso político
Orlando Zapata Tamayo. O preso morreu um dia antes de o ex-presidente fazer uma visita a
Cuba. Na ocasião, Zapata era contra o regime cubano atual.
[141]
Defendeu "o direito do
Irã
de desenvolver um programa nuclear com fins pacíficos e com respeito
aos acordos internacionais" em um encontro com o presidente
Mahmoud Ahmadinejad. A polêmica reside no fato de que o presidente iraniano já ameaçou
Israel
de "sumir do mapa", muito embora a alternativa proposta pelo presidente
brasileiro não contemplasse armamentos nucleares ou mesmo a capacidade
de produzi-los.
[145][146]
Distinção entre candidato à reeleição e presidente
Em 2006, uma representação dos partidos de oposição solicitou à
Advocacia-Geral da União
uma prestação de contas a respeito de um aumento de gastos com
publicidade que vinha ocorrendo no governo Lula. Como resultado,
concluiu-se que durante o primeiro semestre de
2006 havia sido gasto 67,8% do que é permitido pela legislação.
[147]
Em 17 de agosto de 2006, o
Tribunal Superior Eleitoral condenou o candidato Lula ao pagamento de uma multa de 900 mil
reais[148]
por prática de propaganda eleitoral antecipada. Reconhecendo a
ocorrência de propaganda eleitoral em dezembro de 2005, e portanto
extemporânea, no tabloide intitulado "Brasil, um país de todos", uma
publicação de responsabilidade da
Casa Civil, do
Ministério do Planejamento e da secretaria-geral da presidência da República.
[149]
Em 2006 o TSE ordenou que o governo suspendesse a distribuição de uma cartilha com o logotipo de programas como o
Fome Zero na capa, que seria distribuída nas escolas públicas do país, pois poderia favorecer Lula no ano eleitoral.
[150]
Críticas maiores foram feitas, que alegaram uso de dinheiro público com
fins eleitorais. Em um de seus discursos de campanha, Lula afirmou que
não sabia quando era candidato e quando era presidente.
[151]
Em julho de 2006, declarou que nunca foi um "
esquerdista",
admitindo que em um eventual segundo mandato, prosseguiria com as
políticas econômicas consideradas conservadoras adotadas no seu atual
governo.
[152]
Acusação de interferência na Operação Lava Jato
De acordo com a
Revista IstoÉ, em depoimentos na
delação premiada, o senador do
PT,
Delcídio do Amaral, afirmou que o ex-presidente Lula e a presidente
Dilma
tentaram interferir na Operação Lava Jato com nomeação de ministros nos
tribunais superiores favoráveis às defesas dos acusados.
[153][154][155]
Ainda segundo a Revista IstoÉ, o senador Delcídio afirmou na delação
premiada que Lula tinha pleno conhecimento do propinoduto instalado na
Petrobras
e agiu direta e pessoalmente para barrar as investigações ainda segundo
a delação Lula teria sido o mandante do pagamento de dinheiro para
tentar comprar o silêncio de testemunhas entre elas
Nestor Cerveró a
quem lula ordenou o pagamento de 250 mil reais, Lula não queria que o
ex-diretor da Petrobras mencionasse o esquema do pecuarista
José Carlos Bumlai na compra de sondas
superfaturadas feitas pela estatal.
[156][157][158]
Quebra de sigilo telefônico de Lula
O juiz
Sérgio Moro retirou, no dia 16 de março, o sigilo de
interceptações telefônicas
do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As conversas gravadas pela
Polícia Federal incluem diálogo no mesmo dia com a presidente Dilma
Rousseff, que o nomeou Ministro Chefe da Casa Civil. Contudo, Moro
declarou que Lula já tinha pelo menos a suspeita das gravações, o que
comprometeria a espontaneidade e a credibilidade de diversos momentos
dos diálogos. O advogado de Luiz Inácio Lula da Silva, Cristiano Zanin
Martins, disse que a divulgação do áudio da conversa entre a presidente
Dilma Rousseff com Lula é uma "arbitrariedade" e estimula uma "convulsão
social".
[159][160]
A conversa telefônica se refere especialmente à oferta do cargo
de ministro a Lula. Em entrevista posterior ele justificou que talvez
aceitasse o cargo para ser útil ao governo, não para se proteger
politicamente. Moro afirmou que havia indícios de uma tentativa de
influenciar ou de obter auxílio de autoridades do
Ministério Público
ou da Magistratura em favor do ex-presidente, mas sem provas da
participação das pessoas mencionadas. Houve ainda uma referência à
ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), "provavelmente
para obtenção de decisão favorável ao ex-presidente na ACO 2822". Ela
negou um pedido apresentado pela defesa do ex-presidente para suspender
duas investigações sobre um triplex em Guarujá (SP) e um sítio em
Atibaia (SP) ligados a ele, no que recebeu elogios de Moro no seu
relatório.
[161]
Lula vai além e, numa conversa com o Ministro Chefe da Casa Civil,
Jaques Wagner, solicita que ele converse com Dilma a respeito “de negócio da
Rosa Weber”.
Ricardo Lewandowski
também aparece nos diálogos: "Há diálogo que sugere tentativa de se
obter alguma intervenção do Exmo. Ministro Ricardo Lewandowski contra
imaginária prisão do ex-presidente, mas sequer o interlocutor logrou
obter do referido Magistrado qualquer acesso nesse sentido", disse o
juiz. E ainda se fala do Ministro da Justiça
Eugênio Aragão,
que Lula reputa como amigo, embora "ainda não tivesse prestado qualquer
auxílio". O juiz Moro enfatizou que "Houve tentativa pelos
interlocutores em obter auxílio ou influenciar membro do Ministério
Público ou da Magistratura não significa que esses últimos tenham
qualquer participação nos ilícitos". Para Moro, porém, isso "não torna
menos reprovável a intenção ou as tentativas de solicitação".
[162][163]
As interceptações telefônicas são numerosas e se referem a muitos
outros nomes do processo de impedimento e do cenário político nacional.
Moro explicou que "O levantamento [do sigilo] propiciará assim não só o
exercício da ampla defesa pelos investigados, mas também o saudável
escrutínio público sobre a atuação da Administração Pública e da própria
Justiça criminal”. E ainda: “A democracia em uma sociedade livre exige
que os governados saibam o que fazem os governantes, mesmo quando estes
buscam agir protegidos pelas sombras”, afirmou o juiz no seu despacho.
[164]
Nomeação como ministro-chefe da Casa Civil
Dilma empossa Lula como Ministro Chefe da Casa Civil, em 17 de março de 2016.
Em 16 de março de 2016, Lula foi nomeado pela presidente Dilma Rousseff para o cargo de
ministro-chefe da Casa Civil, substituindo
Jaques Wagner. A cerimônia de posse foi realizada no dia seguinte no Palácio do Planalto.
[165] A partir de gravações telefônicas que tiveram seu sigilo levantado pelo juiz
Sérgio Moro,
e do andamento de processos em que Lula era investigado alguns juristas
criticaram a nomeação por verem o objetivo de movimentar o foro dos
processos através do
foro privilegiado.
[166][167][168][169][170] Houve protestos em 18 estados e no Distrito Federal para se manifestar contra a nomeação.
[171][172]
A nomeação foi alvo de disputas na Justiça Federal. Nas horas
seguintes após sua oficialização, três juízes federais concederam
liminares barrando a nomeação, mas foram revertidos por instâncias
superiores.
[173][174][175][176] Em decisão monocrática, o ministro
Gilmar Mendes, do STF, suspendeu a nomeação. A decisão foi proferida em ação apresentada pelos partidos
PSDB e
PPS. Na decisão, o ministro afirmou ter visto intenção de Lula em fraudar as investigações sobre ele na Operação Lava Jato.
[177]
Após o
impeachment
da presidente Dilma, Gilmar Mendes extinguiu o processo por perda de
objeto, mas Lula recorreu solicitando que o STF julgue o processo e
"corrija o possível erro histórico".
[178][179][180]
Acusações de corrupção
A partir do início de 2016, a vida do político passou a mostrar-se
bem conturbada, com investigações contra si por acusações dos crimes de
lavagem de dinheiro,
falsidade ideológica e ocultação de patrimônio.
[181]
Lula é réu em cinco ações penais, três das quais estão no âmbito da
Operação Lava Jato.
[182]
Em janeiro de 2016 o
Ministério Público de São Paulo considerou ter obtido indícios suficientes para denunciar o ex-presidente Lula pelo crime de
lavagem de dinheiro. Segundo a investigação a construtora
OAS, investigada na Operação Lava Jato, teria reservado para a família do petista um apartamento triplex no
Guarujá,
e pagado, ainda segundo a investigação, por uma reforma estrutural no
imóvel no valor de 777 mil reais. Os promotores apuram também se a
construtora usou outros apartamentos no mesmo prédio para lavar dinheiro
ou beneficiar outras pessoas indevidamente.
[183][184][185]
Em fevereiro do mesmo ano
Sérgio Moro,
juiz federal que conduz os processos da Operação Lava Jato, autorizou a
abertura de inquérito para que a Polícia Federal investigue o Sítio
Santa Bárbara, em
Atibaia, usado pelo ex-presidente. A família de Lula usa frequentemente o sítio, que foi reformado em 2011. Segundo a
Revista Época,
entre 2012 e 2015 Lula e a família viajaram 111 vezes ao sítio, que tem
173 mil metros quadrados, lago, piscina e uma ampla residência.
[186][187][188]
O MPF suspeita que as empreiteiras
OAS e
Odebrecht tenham realizado obras na
propriedade rural
como compensação por contratos com o governo. Segundo a investigação, a
reforma teria custado aproximadamente 500 mil reais. De acordo com
O Estado de S. Paulo,
a empreiteira OAS pagou em dinheiro vivo os móveis e eletrodomésticos
da cozinha e da área de serviço do sítio, e ainda segundo o jornal o
total comprado para o sítio foi de 180 mil reais.
[189][190]
Sobre o sítio em
Atibaia,
o Instituto Lula afirmou, em nota, que o ex-presidente Lula nunca
escondeu que frequenta em dias de descanso o sítio Santa Bárbara, que
pertence a
amigos
dele e de sua família. O instituto afirma que não há nada ilegal nestes
fatos, que só eles não servem para vincular Lula a qualquer espécie de
suspeita ou investigação.
[191]
Denúncias do MPF
Em 21 de julho de 2016, Lula foi denunciado pelo
Ministério Público Federal de Brasilia por
obstrução à justiça na Lava Jato.
[192] Em 29 de julho a Justiça Federal de Brasília aceitou a denúncia do MPF e Lula se tornou réu da ação.
[193][194][195]
Em 9 de dezembro de 2016, o MPF denunciou à Justiça o ex-presidente Lula
e o filho dele, Luiz Cláudio Lula da Silva, pelos crimes de
tráfico de influência,
lavagem de dinheiro e
organização criminosa no âmbito da
Operação Zelotes.
De acordo com a acusação, Lula “integrou um esquema que vendia a
promessa” de interferências no governo federal para beneficiar empresas.
[196]
Condenação sobre o triplex do Guarujá
Em 12 de julho de 2017, o juiz
Sérgio Moro sentenciou Lula a 9 anos e 6 meses de prisão pelos crimes de
corrupção passiva e
lavagem de dinheiro, incluindo o recebimento de
propina da OAS Empreendimentos no valor de 2 252 472 reais.
[197] Foi o primeiro presidente do Brasil condenado criminalmente desde a promulgação da
Constituição de 1988.
[198][199][200][201]
Houve reações de apoio e indignação por parte do meio político.
Membros da antiga oposição aos governos petistas elogiaram a sentença,
incluindo
Ronaldo Caiado e
Jair Bolsonaro.
[202] Políticos petistas e aliados condenaram a decisão, incluindo
Gleisi Hoffmann e
Dilma Rousseff.
[202] Os autores do
processo de impeachment de Dilma Rouseff, entre eles
Miguel Reale Júnior, elogiaram a decisão de Moro.
[203]
Houve manifestações a favor e contra a condenação de Lula na cidade de São Paulo.
[204]
Em 20 de julho de 2017, a
BrasilPrev,
a pedido da Justiça, bloqueou cerca de nove milhões de reais de dois
planos de previdência. Os planos estavam em nome da LILS Palestras e
Eventos, empresa que pertence ao ex-presidente.
[205]
Em 24 de janeiro de 2018,
[206][207] em um julgamento que recebeu atenção internacional,
[208] Lula foi condenado em
segunda instância. A sentença foi unânime entre os três desembargadores da 8.ª Turma do
Tribunal Regional Federal da 4.ª Região
(TRF-4), em favor de manter a condenação anterior e ainda ampliar a
pena de prisão do ex-presidente por corrupção passiva e lavagem de
dinheiro no caso do triplex em Guarujá (SP). Os desembargadores
decidiram ampliar a pena para doze anos e um mês de prisão, com início
em
regime fechado.
As conclusões foram que ele recebeu propina de um esquema de corrupção
na Petrobras e que essa propina foi entregue em forma de apartamento. O
cumprimento da pena se iniciaria após o esgotamento de recursos que
fossem possíveis no âmbito do próprio TRF-4. Mesmo condenado, Lula não
perdeu imediatamente o direito de se candidatar nas eleições de 2018.
[209]
A defesa de Lula requisitou habeas corpus preventivo no STJ, onde foi
rejeitado por unanimidade, e ao STF, onde também foi rejeitado o habeas
corpus preventivo por 6 votos dos ministros contra e 5 a favor.
[210]
[211]
Prisão e reações
Manifestante segura cartaz pró-Lula em ato pela liberdade do ex-presidente em
Montes Claros,
MG.
No dia 5 de abril de 2018, após rejeição do
habeas corpus preventivo pelo
Supremo Tribunal Federal, o juiz federal
Sérgio Moro
decretou a prisão de Lula, condenado a 12 anos e um mês de reclusão. O
juiz também definiu condições especiais para a prisão devido à dignidade
do cargo.
[212] A defesa do ex-presidente impetrou um novo pedido de
habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça para evitar sua prisão, que novamente foi negado.
[213] Lula foi o primeiro ex-presidente brasileiro a ser preso em virtude de uma condenação penal por crime comum.
[214] A prisão de Lula criou o movimento
"Lula Livre".
[215][216][217][218]
No dia 6 de abril de 2018, após o encerramento do prazo dado por
Moro para que o ex-presidente se entregasse espontaneamente, Lula
decidiu não se apresentar à sede da Polícia Federal em
Curitiba,
[219] além de se negar a sair do
Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. A PF planejou o transporte de Lula caso ele quisesse se entregar tanto na central da Polícia Federal em
São Paulo ou em Curitiba.
[220]
Antes de sair, Lula declarou, em um discurso no local, que pretendia se
entregar para provar a sua inocência e para não ser dado como foragido.
Disse também que não tinha medo de Moro e que a razão verdadeira de sua
prisão era a sua política social, e finalizou afirmando que haveria
continuidade de seu legado após a prisão.
[221]
No dia seguinte, 7 de abril, Lula entregou-se à Polícia Federal,
que o aguardava do lado de fora do Sindicato, após tentar sair e ser
impedido por militantes algumas vezes,
[222][223] sendo levado a sua cela em Curitiba.
[224][225]
A prisão despertou reações internacionais, com matérias publicadas no
The New York Times,
Washington Post,
El País,
El Clarín, e
Le Monde, além de reportagens na TV, como
BBC e
Al Jazeera.
De modo geral, a mídia estrangeira enfatizou a relevância do evento na
eleição presidencial de 2018 e a convicção de Lula a respeito da sua
inocência e da presença de razões políticas para sua prisão. Citou-se
ainda o discurso do ex-presidente logo antes de se entregar à policia.
As manifestações contrárias e favoráveis ao ato da prisão, assim como o
tumulto gerado pelo conflito entre os ativistas, também foram lembradas
pelos correspondentes internacionais.
[226][227]
No dia 17 de abril recebeu a visita da Comissão de Direitos Humanos do
Senado Federal que buscava verificar as condições da prisão.
[228]
Referências na cultura popular
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- Peões (2004), de Eduardo Coutinho
- Entreatos (2004), de João Moreira Salles
- Lula, o Filho do Brasil (2009), de Fábio Barreto
- Ao Sul da Fronteira (2009), de Oliver Stone
- Tancredo - A Travessia (2010), de Silvio Tendler
- Mi Amigo Hugo (2014), de Oliver Stone
- Democracia em Preto e Branco (2014), de Pedro Asbeg
- Polícia Federal: A Lei É para Todos (2017), de Marcelo Antunez
Cronologia sumária
Ver também
Notas
Nomeado em 16 de março de 2016, teve sua posse suspensa em 18 de março por decisão liminar do Supremo Tribunal Federal.[1][2]
- Registrado
como nascido no dia 27 de outubro de 1945, mas festeja a data do seu
aniversário em 6 de outubro, quando teria realmente ocorrido o
nascimento. À época de seu nascimento Caetés era distrito do município
de Garanhuns.
Referências
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foto como aquela tem o poder de provocar comoção suficiente para manter
em alta a figura de um dos poucos presidentes da história (não apenas
do Brasil, mas de todas as democracias) que saíram do governo mais
popular do que eram ao ser eleito.
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Artigos
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