A
dependência emocional acontece quando alguém depende de outro para ser
feliz, para se sentir bem, para se sentir amada, para tomar suas
próprias decisões. Pode ser um sofrimento leve e quase imperceptível ou
até um transtorno mental que exige tratamento. O começo da mudança
acontece quando a pessoa consegue se valorizar. Como diz Osho: “Se você é
capaz de ser feliz quando está sozinho, você aprendeu o segredo de ser
feliz”.
Olá amigos!
Uma querida leitora do site, a Michele,
me sugeriu este tema – Dependência Emocional. Para quem nunca ouviu
falar nisso, nós podemos começar compreendendo o que é pela palavra
dependência. Quando dizemos que uma pessoa é um dependente químico, nós
estamos dizendo que a pessoa precisa de uma substância (como álcool,
maconha, cocaína, nicotina) para se sentir bem e, ao mesmo tempo, a
substância é fundamental, ou seja, a pessoa depende dela. Por este motivo, falamos em uma pessoa dependente de substância.
Na dependência emocional, podemos encontrar semelhanças nestes dois fatores:
– para se sentir bem a pessoa precisa de outra pessoa, como o namorado ou marido;
– a necessidade da presença é tanta que
devemos dizer que a pessoa sente que precisa, que depende, da outra para
viver. E, assim, pode fazer toda sorte de sacrifícios para manter o
relacionamento, ainda que o mesmo possa estar indo de mal a pior.
Bem, esta é uma definição básica, uma
analogia com a dependência química, para que comecemos a entender o que é
a dependência emocional.
O que é dependência emocional?
Segundo a Mental Health America, uma
associação americana sem fins lucrativos, “a co-dependência ou a
dependência emocional é uma condição emocional ou comportamental que
afeta a habilidade do indivíduo de ter um relacionamento saudável e
mutualmente satisfatório”. Por esta definição, começamos a ver que a
dependência emocional terá impactos negativos não só para a pessoa que
sofre, mas também para o seu parceiro ou parceira.
Uma definição mais clara e ligada à
psicologia diz que a co-dependência ou a dependência emocional é “uma
condição psicológica ou um relacionamento no qual a pessoa é controlada
ou manipulada por outra que é afetada por uma condição patológica”.
Neste sentido, a dependência emocional já poderia ser considerada uma
condição patológica, que exige cuidados e tratamento. Nem sempre é o
caso, porém, é importante considerar a possibilidade de se tratar de um
transtorno mental. Segundo o DSM-5, os critérios diagnósticos para o
Transtorno de Personalidade Dependente são:
Transtorno de Personalidade Dependente – DSM-5
Uma necessidade difusa e excessiva de
ser cuidado que leva a comportamentos de submissão e apego que surge no
início da vida adulta e esta´presenta em vários contextos, conforme
indicado por cinco (ou mais) dos seguintes:
1) Tem dificuldades em tomar decisões cotidianas sem uma quantidade excessiva de conselhos e reasseguramento de outros.
2) Precisa que outros assumam responsabilidade pela maior parte das principais áreas de sua vida
3) Tem dificuldade em manifestar
desacordo com outros devido a medo de perder apoio ou aprovação (Nota:
não incluir os medos reais de retaliação).
4) Apresenta dificuldade em iniciar
projetos ou fazer coisas por conta própria (devido a falta de
autoconfiança em seu julgamento ou em suas capacidade do que a falta de
motivação ou energia).
5) Vai a extremos para obter carinho e apoio de outros, a ponto de voluntariar-se para fazer coisas desagradáveis.
6) Sente-se desconfortável ou desamparo quando sozinho devido a temores exagerados de ser incapaz de cuidar de si mesmo.
7) Busca com urgência outro relacionamento como fonte de cuidado e amparo logo após término de um relacionamento íntimo.
8) Tem preocupações irreais com medos de ser abandonado à própria sorte.
5 formas para se tornar menos dependente
Sendo ou não um transtorno mental,
exigindo ou não um tratamento mais especializado, as dicas a seguir
podem ajudar qualquer um a ser menos dependente. E, como pode ajudar a
diminuir o sofrimento causado pela dependência, julguei ser útil para
compartilhar. As dicas foram dadas neste artigo aqui (em inglês).
1) Consciência da dependência emocionalA consciência da dependência emocional é o primeiro passo para começar a superar os sentimentos. Sem ter consciência do que está acontecendo, tudo vai continuar como está e o sofrimento tenderá a continuar. Ao passo que se uma mudança for buscada, ela pode ocorrer com a criação de mais autoestima, autovalorização e/ou com a ajuda de psicoterapia.
2) Reconheça o seu valor
Reconheça o seu valor-próprio e trabalhe
para aumentar a autoestima, que pode ser melhorada com o foco em
pensamentos positivos sobre si mesmo, percebendo suas limitações bem
como suas conquistas, estabelecendo metas e objetivos, ajudando outros e
fazendo o que te faz sentir bem. Aceite as suas decisões e observe a
sua capacidade de fazer o que é melhor para você (e solicite ajuda se
você precisar).
Veja aqui – Autoafirmações positivas
3) Perceba que você tem o controle de si
Perceba que você tem o controle de si,
incluindo seus sentimentos, emoções e ações. Algumas vezes acontecem
eventos na vida que são incontroláveis, mas você precisa perceber o que
você pode controlar. Não permita que outra pessoa controle o caminho que
você deve seguir.
Veja também – O que você pode e o que você não pode controlar
4) Reconheça as suas necessidades emocionais
Reconheça as suas necessidades
emocionais e não dependa de uma única pessoa. Ou seja, trabalhe para
construir uma rede de relacionamentos (amizades, colegas, familiares) e
também considere a importância de fazer terapia. Afinal, na terapia
podemos falar coisas que não falaríamos em outros tipos de
relacionamento.
Leia também – 9 razões para fazer terapia
5) Não programe o seu dia-a-dia dependendo da outra pessoa
Perceba que você também possui
necessidades que são importantes e você precisa ter controle da sua
própria vida e fazer as suas coisas independente dos outros. Você pode
se comprometer e reconhecer as necessidades do outro, mas você tem que
se lembrar igualmente que você tem que viver sua vida, para além do
relacionamento.
Você pode gostar de: A psicologia da solidão
Conclusão
Alguns especialistas gostam de fazer a diferença nos relacionamentos amorosos entre:
– amar o modo como a outra pessoa é;
– amar o fato de estar sendo amada, ou seja, depender do amor do outro para ser feliz.
No primeiro caso, há admiração e
respeito. No segundo, há a possibilidade de se transformar em uma
dependência emocional. Como dissemos no início, a dependência emocional
consiste em depender da outra pessoa para ser feliz. Como se dissesse
“Se a outra pessoa não me ama ou não mostra que me ama, eu não sou
feliz”. Assim, começam todas as tentativas e jogos para ser amada e
continuar sendo amada, ainda que o relacionamento possa estar péssimo.
É comum, na dependência emocional, que a
pessoa deixe de lado a sua própria vida. Trabalho. Estudos. Amigos.
Grandes amigos. Tudo para se dedicar integralmente ao relacionamento.
Nem sempre se trata de um transtorno
mental como o que foi catalogado pelo DSM-5 como Transtorno da
Personalidade Dependente. Entretanto, como todo e qualquer sofrimento, é
possível encontrar uma forma de superá-lo. A terapia com um
profissional da psicologia pode ajudar e o progresso começará a
aparecer quando a pessoa entender que o modo como sente é independente
do que os outros fazem ou deixam de fazer. Como diz Osho: “Se você é
capaz de ser feliz quando está sozinho, você aprendeu o segredo de ser
feliz”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário