quinta-feira, 5 de março de 2020

Lindo Soneto: Florbela Espanca


És pequenina e ris… A boca breve
É um pequeno idílio cor-de-rosa…
Haste de lírio frágil e mimoso!
Cofre de beijos feito sonho e neve…

Doce quimera que a nossa alma deve
Ao Céu que assim te fez tão graciosa!
Que nesta vida amarga e tormentosa
Te fez nascer como um perfume leve!

O ver o teu olhar faz bem à gente…
E cheira e sabe, a nossa boca, a flores
Quando o teu nome diz, suavemente…

Pequenina que a Mãe de Deus sonhou,
Que ela afaste de ti aquelas dores
Que fizeram de mim isto que sou!


Florbela Espanca em O Livro de Mágoas

terça-feira, 3 de março de 2020

Beethoven's Silence - (Extended)

Mozart - Symphony No. 40 in G Minor | Classical Music

NA CMA, PROMOTOR DE JUSTIÇA FALA DA RELAÇÃO ENTRE POLÍTICA E RELIGIÃO

03/03/20 - 14:56:23

NA CMA, PROMOTOR DE JUSTIÇA FALA DA RELAÇÃO ENTRE POLÍTICA E RELIGIÃO





O promotor de justiça Perterson Almeida Barbosa utilizou a Tribuna Livre nesta terça-feira, 3, na Câmara Municipal de Aracaju (CMA) para falar sobre a relação entre política e religião. “Em palestras e encontros comecei a sentir da doutrina e criar mais uma figura jurídica. Temos a figura do abuso do poder político, econômico, do poder midiático, mas faltava uma quarta figura que é o abuso do poder religioso que implica inclusive, na cassação dos mandatos eletivos”, justificou.
Perterson ressaltou que este é o tema de sua tese de Mestrado que faz uma análise e estuda relação entre religião e política. Durante seu estudo, o promotor fez uma digressão histórica estudou a relação entre as duas esferas e percebeu que desde o princípio religião e Estado sempre caminharam juntos.
De acordo com o promotor de justiça, nada impede que um líder religioso, por exemplo, ingresse na política o grande problema é o meio que ele utilizou para fazer política. “É isso que a justiça eleitoral tem que começar a atentar, conter e estabelecer limites e foi sobre isso que estudei nos últimos dois anos”, disse. Finalizando seu discurso, o promotor de justiça destacou que religião e política precisam caminhar separados, pois o voto não pode ser guiado ou trocado por algo.
Apartes
Após as explanações do orador da Tribuna, os vereadores da Casa se pronunciaram sobre o assunto. Elber Batalha Filho (PSB) parabenizou Perterson pela dedicação ao assunto e classificou a tese como interessante. Para o parlamentar, é importante saber qual papel da religião na vida dos políticos e da falta de necessidade individual de impô-las. “Tem igreja de bairro que negocia os votos do candidato em horário de culto. A Igreja católica atualmente adotou uma postura em que o religioso que quiser disputar uma eleição tem que se afastar para disputar eleição”, exemplificou.
Já Américo de Deus (Rede), disse que a CMA estava precisando desse tipo de debate. “O abuso religioso é que está desmistificando a próprio crer da pessoa e saber que esse Jesus Cristo nos dá a oportunidade de crescer com os ensinamentos de Deus. Mas não é pelo poder que você tem é pela sua capacidade de absorção dos seus ensinamentos”, opinou.
O discurso de Cabo Didi (Sem Partido) foi para ressaltar que 90% da população brasileira é cristã  e falou do seu desejo que a bancada evangélica aumentasse para defender as famílias. “Concordo com o senhor no sentido que um pastor, por exemplo, se afaste para disputar uma eleição”, pontuou.
Para Emília Corrêa (Patriota) falar da importância política a igreja pode, o que não pode é falar de partidos. “Uma solução é boa desincompatibilização das igrejas. Uma preocupação minha é com relação a compra e venda de votos. Principalmente os pastores não deveriam ser candidatos, nem usar o púlpito como palanque”, opinou.
Contribuindo com o debate, Dr. Manuel Marcos (PSDB) disse ser cristão é algo muito simples: caridoso e ter coração aberto. “Não podemos permitir lavagem cerebral”, disse. Por fim, Fábio Meireles (Sem partido) parabenizou o promotor de justiça pelo estudo e que respeita seu posicionamento, mas que discorda em alguns pontos.  “Temos que tomar cuidado de cecear o direito da Igreja se posicionar na campanha. Não por um candidato A ou B, mas em mostrar qual o lado, o que está acontecendo”, frisou.
Foto César de oliveira
Por  Viviane Cavalcante

segunda-feira, 2 de março de 2020

Ser Patriota em Santo Antônio de Jesus é ser Bandido


Minha foto
*Raimundo Evangelsta_____________________________________________________________




Na verdade,  que é ser PATRIOTA na cidade de Santo Antônio de Jesus: é tudo aquilo que é  contrário A ORDEM E PROGRESSO. Ao invés de aceitar e proteger os seus símbolos e trabalhar pela construção de um PAÍS melhor, de uma NAÇÃO mais justa e de uma Santo Antônio de Jesus livre de embaraços e crimes, visto que ELES(AS) fazem parte de uma cadeia sucessória da grande e eterna ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA que sobrevive na Região do Recôncavo baiano. Na verdade, ser patriota, é sentir amor com as coisas que fazem bem ao nosso país e nosso povo. É indignar-se com todos os atos que denigram a sua imagem. Ser Patriota é defender os interesses do seu país e da nação. Aqui em Santo Antônio de Jesus ser PATRIOTA é dilapidar o patrimônio público e sacanear com a família. Maltratar, humilhar, apedrejar, xingar e contrariar o Princípio Constitucional da Igualdade entre as Pessoas. Ser Patriota em Santo Antônio de Jesus é aliciar o povo na compra de votos e constituir FORTUNAS de forma ilícita. Enfim, é roubar o erário (dinheiro público) em um eterno desvio para os bolsos de políticos inescrupulosos, e seus ascetas, e familiares. E assim eles agem sem deixar rastros. São BANDIDOS CAPITALISTAS infiltrados na política podre de enriquecimento através do SUOR do nosso povo. E consequentemente essa bandidagem é formada por ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS que se perpetuam na RAPINAGEM em todos os órgão públicos da nossa cidade. E a inocência do nosso povo se converte em atirar confetes a esses CRIMINOSOS que fazem da nossa cidade um pardieiro e do nosso povo, idiota.  Pessoas humildes e de bom coração, a bater palmas pela sua própria desgraça. Mas com 80% do nosso eleitorado  atento a essa prática delituosa, QUANDO NOVEMBRO VIER não ficará um bandido desses em nossa cidade. Serão derrubados pelo voto. E, consequentemente, banidos da nossa amada terra Santo Antônio de Jesus. Eu, que repudio essa  política criminosa aqui  instalada há mais de 30 anos, e da qual sempre me distanciei, repudio essa vagabundagem organizada. Estamos em clima de GUERRA para se nos defender e cuidar da nossa tão amada terra/MÃE, -  Santo Antônio de Jesus.


NÓS OUTROS, SIM, É QUE SOMOS PATRIOTAS E INSTALAREMOS ORDEM E PROGRESSO EM NOSSA TERRA AMADA, - SANTO ANTÔNIO DE JESUS/BAHIA - BRASIL! 






 *Raimundo José Evangelista da Silva é filho da cidade de Santo Antônio de Jesus/BA, Prof. de Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa pela UCSAL, com Especialização em Linguística Textual pelo Instituto Anísio Teixeira e Instituto de Letras da UFBA. É Bacharel em Direito pela Faculdade Baiana de Ciências, com Especialização em Advocacia Criminal pela Faculdade Verbo Jurídico - Porto Alegre. É Poeta e Cronista, tendo 5 livros publicados. Publicou em vários jornais. É ativista e tem um blog intitulado: Blogger Raimundo Evangelista.




domingo, 1 de março de 2020

Sobre a Zetética


Sobre a Zetética

Um aluno me perguntou sobre a "zetética" e sua relação com a filosofia do direito. Como esta resposta pode ser de interesse para todos, eis o que lhe respondi.
Pois bem, lá pelos idos dos anos 60 um autor alemão chamado Theodor Viehweg (lê-se "Fívek") lançou sua teoria da "Tópica Jurídica", uma tentativa de mostrar que o Direito funciona mais como uma prática de decisão caso por caso a partir de argumentos relevantes para a situação concreta (que é a crença de Viehweg, inspirada numa releitura de Aristóteles) do que como um sistema abstrato de normas com soluções prévias para todos os casos em potencial (que é a crença do positivismo jurídico, então dominante). Pois bem, nos seus textos, Viehweg traça constantemente uma distinção entre zetética e dogmática no direito. O termo "zetética" é mais ou menos uma invenção de Viehweg a partir do verbo grego "zetein", que significa pesquisar, perquirir. Designaria, para este autor, a parte do método jurídico dedicado à procura de respostas ali onde essas respostas não estão previamente dadas (um raciocínio "aberto", orientado para questões problemáticas, respostas múltiplas). Dogmática (do termo grego "dogma", "afirmação, tese", com o sentido que ganhou no discurso teológico de "verdade assumida, mas não provada; tese que não pode ser questionada"), por outro lado, seria a parte do método jurídico dedicada à catalogação e fixação de respostas previamente dadas (um raciocínio "fechado", dedicado a questões não problemáticas e respostas únicas). Imagine a seguinte situação. O aborto pode ser autorizado quando é a única forma de salvar a vida da gestante? Essa resposta é dogmática, porque previamente dada no direito: sim, pode, de acordo com o Art. 128, I, CP (a simples citação desse dispositivo dispensa de todo o trabalho de argumentação sobre esse aborto ser bom, justificado, justo, aconselhável etc.; a norma "fecha" a questão). Agora, o aborto pode ser autorizado quando, mesmo não sendo a única forma de salvar a vida da gestante, é a única forma capaz de livrá-la de uma situação de invalidez permanente? Essa resposta não é dogmática, porque não está previamente dada. Ao fazer essa pergunta, cria-se um espaço aberto entre o pode e não pode, um espaço que admite argumentos para um lado e para o outro, uma espaço livre de pesquisa e argumentação em busca de uma resposta. Isso quer dizer que a questão é zetética (não tem resposta prévia e admite respostas múltiplas) e que a resposta também é zetética (não é uma resposta prévia e técnica, mas sim construída e defendida argumentativamente em oposição a outras respostas também possíveis). Em conclusão, a filosofia do direito se ocuparia mais das questões zetéticas, enquanto a dogmática jurídica (direito constitucional, civil, penal, processual etc.) se ocuparia mais das questões dogmáticas.

Impunidade em Santo Antônio de Jesus - Uma Vergonha

Impunidade em Santo Antônio de Jesus - Uma Vergonha

                                                                       
                                                        



                                                                             FELIZ ANO NOVO - JUDICIÁRIO BRASILEIRO!!!  

Raymundo Evangelhista__________________________________________________________________________________________________ 
                                         
SANTO ANTÔNIO DE JESUS/BA - CRIMES CONEXOS (Conexão e Continência)Súmula 122-STJ: "Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos crimes conexos de competência federal e estadual, não se aplicando a regra do art. 78, II, “a”, do Código de Processo Penal." Na verdade houve vários crimes,(CRIMES CONEXOS) em concurso de agentes, onde estão envolvidos o seu Vardo dos Fogos, - (Osvaldo Prazeres Bastos), o Município de Santo Antônio de Jesus, o Governo do Estado da Bahia, e a União. Torna-se claro que os Crimes são de competência da Justiça Federal, tal como tomei conhecimento, visto que não conheço o processo. Mas é certo de que há processo tramitando na Vara da Justiça Federal, aqui em Salvador, onde é requerida Indenização pelos Danos Morais e Materiais impostos às famílias dos trabalhadores mortos e feridos na explosão. Diga-se de passagem, de forma errônea. Afirma o Juiz Federal Dr. Pompeu de Sousa Brasil, Juiz da CAUSA: "Bem resume os motivos da dor a que estão submetidos os trabalhadores, ao afirmarem que, se o Exército não tivesse condições de fiscalizar a fabricação de fogos, “não deveria sequer ser permitida a implantação de tais negócios, periclitando escandalosamente a vida de inocentes que subestimam qualquer perigo ante a perspectiva de um emprego, de uma renda, por mínima e desproporcional ao risco que seja. Está-se a tratar de sertão nordestino e da situação de carência e abandono que envolve sua população”.Desta forma, OS CRIMES DE HOMICÍDIO PRATICADOS CONTRA 64 NEGROS POBRES: CRIANÇAS, SENHORAS GRÁVIDAS, JOVENS e VELHOS, teriam que ser julgados pelo EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL da... VARA CRIMINAL FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA de Salvador, Por conseguinte, o EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL PRESIDENTE DA VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI, TRIBUNAL DO JÚRI. Assim as demais causas conexas. Em MATÉRIA RECURSAL, (TRF, STJ e STF). Logo, o processo que se encontra, hoje, no Supremo Tribunal Federal, EIVADO DE VÍCIOS PROCESSUAIS COM NULIDADE ABSOLUTA, têm que retornar a JUSTIÇA FEDERAL. É NULO de pleno Direito, tendo em vista o grande conflito: Jurisdição e Competência. É uma Vergonha. 11 de DEZEMBRO de 1998 até 11 de DEZEMBRO (próximo) neste ano de 2018, e a prescrição. É assim que se BRINCA DE JUSTIÇA aqui em nosso amado BRASIL. 20 ANOS DE IMPUNIDADE! E sabe por quê? (NÃO SÃO FILHOS E FILHAS DE JUÍZAS E JUÍZES). Não são filhos e filhas do CAPITALISMO. E O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, POR QUE NÃO OBSERVOU TAMANHA ABSURDIDADE JURÍDICA? OBSERVAÇÃO: QUE FAZ O DEFENSOR DAS VÍTIMAS? Por que tanto silêncio?... Rasgaram o Código de Processo penal, a Jurisprudência e Doutrina. Simplesmente, DESTRUÍRAM a Constituição da nossa República Federativa do nosso Brasil.

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 CPP - Decreto Lei nº 3.689 de 03 de Outubro de 1941


Art. 78. Na determinação da competência por conexão ou continência, serão observadas as seguintes regras: (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
I - no concurso entre a competência do júri e a de outro órgão da jurisdição comum, prevalecerá a competência do júri; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
Il - no concurso de jurisdições da mesma categoria: (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
a) preponderará a do lugar da infração, à qual for cominada a pena mais grave; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
b) prevalecerá a do lugar em que houver ocorrido o maior número de infrações, se as respectivas penas forem de igual gravidade; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
c) firmar-se-á a competência pela prevenção, nos outros casos; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
III - no concurso de jurisdições de diversas categorias, predominará a de maior graduação; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
IV - no concurso entre a jurisdição comum e a especial, prevalecerá esta. (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
A Súmula 122 do STJ assevera: Compete a Justiça Federal o processo e Julgamento Unificado dos Crimes Conexos de Competência Federal e Estadual, não se aplicando a regra do artigo 78, II, A, do Código de Processo Penal. Aqui prevalece o critério da especialidade, - Justiça Federal julgaria os HOMICÍDIOS e os Crimes Conexos. Este processo que se encontra há anos lá no STF goza de NULIDADE ABSOLUTA!!!
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NESTA MADRUGADA ENVIEI UMA MANIFESTAÇÃO AO "STF", - 30/11/2018.
XXXXXXXXXXX
 Vossas Excelências, Digníssimos Ministros desta Suprema Corte: Tramita neste Egrégio Supremo Tribunal Federal, um processo movido contra o Sr. Osvaldo prazeres Bastos e Família sobre uma Explosão de DINAMITE que provocara o assassinato de 64 NEGROS(AS) POBRES  desta cidade e que agora em 08(oito) de dezembro do ano em curso completarão 20 anos. E sobre estes crimes tenho a afirmar que o Juízo Originário seria o STF, tendo em vista o que se segue: tratar-se de uma Ação Penal (Tribunal do Júri), Ação Trabalhista, Ação Indenizatória por Perdas e Danos Materiais e Morais, etc. Como os entes envolvidos são o Município da Cidade de Santo Antônio de Jesus, o Governo do Estado da Bahia e a União, é oportuno que Vossas Excelências observem o seguinte: TRATA-SE DE CRIMES CONEXOS e que no seu nascedouro houve um erro CRASSO de Jurisdição e Competência. Senão vejamos:A Súmula 122 do STJ assevera: Compete a Justiça Federal o processo e Julgamento Unificado dos Crimes Conexos de Competência Federal e Estadual, não se aplicando a regra do artigo 78, II, A, do Código de Processo Penal. Aqui prevalece o critério da especialidade, - A Justiça Federal teria que julgar os HOMICÍDIOS e os Crimes Conexos. É notório observar-se o tamanho da ABSURDIDADE. Em tempo, solicito a Procuradoria Geral da União e ao Supremo Tribunal Federal a correção deste ERRO GRITANTE que passara despercebido ao longo do tempo. Enquanto isso impera a IMPUNIDADE diante a CEGUEIRA dos Operadores do Direito.  Mui Respeitosamente, (Raimundo José Evangelista da Silva).

Beethoven "Symphony No 5" Karajan

Hauser best songs, amazing relaxing cello music

sábado, 29 de fevereiro de 2020

Demis Roussos - My Friend The Wind

É Sábado (evangelhista da silva)

É Sábado



(evangelhista da silva)


O mundo explode lá fora, e eu aqui tão só e vazio.
Abandonado pela saudade, tristeza e solidão,
Certamente aguardando à morte aportar.


E todos se foram, e eu aqui.
Aqui, no mesmo lugar de outrora
Visto ter perdido o trem da morte.

Os raros amigos que tive, o trem levou.
Hoje é sábado e não vou à feira
Sorver a cerveja com xebeu e embriagar-me.

................................................................................
................................................................................
................................................................................

Que saudades de Julieta!...
Uma explosão de amor e entrega
Que eu não soube viajar.

Filho, aos 17 criado com avó, era uma criança.
Não sabia matar a ânsia de amar Julieta
Saciando a sua fúria de amar e sexo.

Hoje, neste sábado frustrado de lembranças,
Saudades, amor e recordações, não mais vou à feira.
Fixo-me na estação aguardando o trem da morte.

E nesta espera de merda e desespero,
Aguardo que todos desembarquem
Para a vida recomeçar.

Santo Antônio de Jesus, 09/01/2016, (12 h 46 min)

Eu Amo! (evangelhista da silva)

Eu Amo!

(evangelhista da silva)

Eu amo a vida!
Eu amo o ente encantado!
Espiritualizado de amor!
Amo insistidamente
O Universo, o mar, as estrelas.
E o sol quando nasce e dorme.

Eu Amo!

Eu amo a lua ao despontar no infinito!
Amo o desconhecido
E tudo que eu não posso ver!

Eu Amo!

A força do amor está em mim.
Posso ver o belo:
As flores, os amores, as crianças.

Eu Amo!

A imortalidade, a criação, tudo!
E assim vou amando vivendo.
Eu amo a poesia, todas as Marias,
As manhãs, e noites, e tardes chuvosas.
As noites enluaradas e o sol a pino.

Eu Amo!

As manhãs, tardes e noites de Amar.
A arte de sonhar está em mim.
Sonho e realizo.
Amo da música a sinfonia!
A alegria, o sentimento de ver à vida com o coração.

Eu Amo!

A vida é bela!
Sou feliz, - existo!
Existo e sou feliz.
Eu tenho um lindo irmão - Jesus!
Aquele que é Amor, Paz e Justiça.

Eu Amo!

O cantar dos pássaros, o marulhar das ondas,
A linda emoção enamorado
Com uma frequência poderosa de existir.

Eu Amo!

Amo fortemente os desejos imaginados.
Apoio-me no amor e confesso:
Jamais amei tanto quanto agora!
Descobri em mim uma explosão de amor adormecido.

Eu Amo!

Em mim, um amor que sempre tive
Chegou-me de volta com uma força explosiva
E explodem amor e vida!

Eu Amo!

E neste instante eu sou o Universo a sorrir!
Todo este encantamento irradia o meu ser.
Assim, de agora em diante sinto que a vida
É felicidade infinita.
E o Universo é uma sinfonia!
Uma graça de mulher
A cantar!

Santo Antônio de Jesus, 21 de junho de 2017.

Às 14h 16min.

Moça Bonita! (evangelhista da silva)

Moça Bonita!

(evangelista da silva)



Tudo em mim treme em ver-te a olhos nus!
E, ao contemplar o teu corpo sensual e infinito.
Mergulho no abismo da profundeza deste encanto.
Esquecendo de tudo e todos nesta hora.
Neste instante de insanidade Amor e tanto!
Afogo-me em teu jeito dengoso e meigo de Mulher.
Assim, desta forma, perdido e alucinado no infinito
Azul dos céus e mar... confundes-me sereia!
És o clarão da lua cheia a flutuar no Uni(verso)!
E perdido em meus versos vou caminhando à toa.
Divagando nos rastros teus!
Oh! formosa e alucinante beleza.
Ao encontrar-te aqui no Facebook.
Jamais poderia compreender que a magia e encanto
Perdido ao meu desencanto e platônico amor.
Abraçar-te-ia ao som de uma sinfonia!
E a linda Ave Maria de Schubert eu ouvia.
Quando mais que de repente tu se me vinhas
Em misticidade e esplendor.
Ave Maria!


Santo Antônio de Jesus, 13 de maio de 2016.
20 h 46 min

É Meia Noite!. (evangelhista da silva)

É Meia Noite!...



(evangelhista da silva)



Um amontoado de gente dorme, roncando brutalmente, enquanto bichos tramam
Acordados, loucuras de como devorar animais inocentes na construção do ódio.
Assim, na noite turva e silente ouço o galo a cantar a saudade da galinha que trepa.
E eu, como que louco, acordado observo a marcha desequilibrada do homem.

Vivo nestes instantes de contemplação e medo diante a vida que se vive
Assombradamente neste Brasil esquizofrênico e obsessor.
Aproxima-se a meia noite em meio a um silêncio tumular.
É hora de os mortos passearem pelas vias promiscuídas das cidades.


E tantos outros obsessores na carne acompanham a tropa.
Uma tropa uníssona em desconsertar o mundo na desordem e violência.
Saem confusos e desoladamente à busca e procura de sangramento.
Nesta hora órfã e piedosamente só eu vou-me confuso viajando a pensar...

É madrugada e durante as madrugadas a morte é mais cruel.
Nas madrugadas tudo parece desigual e sem cor. Incolor!...
Todos estão mortos por certo e talvez. Só eu vivo a observar
A solidão mergulhada nas trevas aguardando o amanhecer...


Santo Antônio de Jesus, 24 de julho de 2018.
Às 24h...

Domingo é uma Mulher Nua e Feliz (evangelhista da silva)








Domingo é uma Mulher Nua e Feliz


(evangelhista da silva)



Imagine caro leitor

É madrugada...

Por essas horas é mais fácil pensar em nada
E bem mais fácil sentir de tudo medo!

Ainda melhor é sentir amor e calor nos braços dela.
Sim, é melhor enrolar-se ao cobertor e apagar para a vida.

Se ela ao menos debaixo do cobertor nua estivesse
Eu diria que é melhor aguardar o amanhecer e beijar o sol.

Mas se é madrugada de um sábado sem cor, sem amor, e sem poesia
Eu vou mansamente aguardando o amanhecer na esperança de vê-la domingo.



Santo Antônio de Jesus, 29 de julho de 2018, às 01h38min.

Mulher (evangelhista da silva)

Mulher




evangelhista da silva



Doce Menina!...
Olhar puro e sereno de criança...
Espírito que aos fariseus encanta,
Amo-te criança, - filha de Deus!...

Uma alma Santa!...
Espírito e carne unem-se.
E unidos se revelam um Templo Sagrado,
O Templo do Espírito Santo de Deus!...

Este rosto sereno em plena harmonia...
Transborda carinho e amor...
E na felicidade da contemplação,
Fazes-me ver e sentir teu doce encanto...

De um lindo canto
Que embevece os dias meus,
Oh Amada filha de Deus!...
Abraces-me!... Sorrias!...

É hora de cantares...
Dançares...
Sorrires e sonhares
Aos braços meus...

Tu és para mim
A sinfonia do amor,
Que denota
Pura Santidade.

Tu és encanto, carícia e sedução...
Não, e tu não te esposes ao fetiche,
A imundície...
Do sexo à maldição.

Tu és do sol o amanhecer...
A brisa que cobre as flores,
Doce olhar de Menina!...
És uma Rosa em botão!...

Logo, estarei caindo em teus braços
Assim como os regatos se lhes entregam
A imensidão dos Oceanos...
Oh doce menina dos olhos meus!...

Jamais entregues o teu lindo corpo
Para servir aos porcos,
Visto seres tu o templo sagrado
Do Espírito Santo de Deus!...

Bahia, 26/12/2013. 1 h 29 min

Lembrança de Infância (evangelhista da silva)

Lembrança de Infância


(evangelhista da silva)

Aqui do alto à janela vejo o Uni(verso)
Encoberto de nímbus sobre a minha cabeça
A desfazer-se em chuvas, e choros e gemidos.

Ainda ontem, e faz muito tempo...
Eu sentia este ventinho frio e a cara do tempo nublada,
Cheia de solidão. Mas eu, somente eu, era amado e...

Ao lado da minha avó sentia-me amparado
E forte, e consolado, e cheio de calor...
O amor tudo pode. Assim foi o meu tempo de menino.

Recordar é a maior das razões de viver...
Faz dezenas de anos que não revivo cena tão igual.
Estou no passado ao lado da minha avó esperando a hora de dormir...

Como hoje uma lâmpada acende, não é preciso apagar o candeeiro...
Já não tenho mais a coragem de encarar a luz,
Visto que a minha avó já não dorme ao meu lado.


Santo Antônio de Jesus, 03/12/2018.

Às 18h 12min

Poesia e Confusão (evangelhista da silva)


Chega!

(evangelhista da silva)

Chega!...
Assim eu vou morrendo
Lentamente abandonado e só...
Já se não me restasse a madrugada!...

Em um silêncio permanente e tão profundo...
Assim vou-me despedindo deste mundo até o amanhecer...
É doce, azeda e amarga a triste e alegre caminhada dos dias meus...

Espero morrer a luz do Sol em tumultos e pedradas, que aventurar-me a extinção
Em meio ao cativeiro falando com o mundo inteiro através de mim mesmo... tão só.
Aguardo o raiar do dia para ter uma eterna vida, morrendo e nascendo a cada amanhecer...

Bahia, 01/05/2014.

HAUSER & Friends - Gala Concert at Arena Pula 2018 - FULL Concert

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

I Want To Know What Love Is

A ARTE NEGRA E A BRANQUITUDE DE IGOR KANNÁRIO

Por Alane Reis
Se desvendar a branquitude é uma das nossas principais prioridades atuais, vamos começar pelos mais perto de nós – os brancos pobres
Neste carnaval aconteceu a 5ª edição da Pipoca do Kannário, sexta-feira na Barra Ondina e segunda no circuito Campo Grande/Avenida. A “maior pipoca do mundo”, como diz o cantor, mais uma vez ocupou em massa as ruas nobres e comerciais do centro da cidade – ruas que cotidianamente funcionam sob as lógicas do racismo, e da cultura colonial característica de Salvador. E como é de costume, a apresentação do cantor, que agora também é deputado federal, deu o que falar.
Igor Kannário subiu no trio fantasiado de uma policia especial, escrito no ombro direito: “Comando da Paz” – nome associado a uma facção criminosa de Salvador. Nas costas a palavra “comandante”. E assim, o artista arrastou a velha massa pagodeira que ele sempre mobiliza. Seus fãs são milhares de pessoas negras, moradoras de periferias, fundamentalmente jovens. Esta massa, que fora do carnaval só frequentam aquelas ruas vivendo situações de violência, coerção, subalternidade e medo, agora então ali em êxtase, brincando ao som do ritmo musical escutado pela maior parte da população da Bahia, e um dos mais pops do Brasil. Eles cantam, dançam, bebem e usam uma série de outras drogas, por vezes há brigas, como em qualquer outro bloco ou circuito de carnaval.
A swingueira do Kannário passa pelas ruas que já passaram os revoltosos de Búzios, os Malês, onde os movimentos negros e de mulheres recorrentemente passam em marchas. A multidão passa rebolando ombros, quadris, pés e rabas, entoando gritos de “Respeita a favela” e cantando canções sobre as vivências das periferias.
Quem canta e dança com o Kannário é uma legião de jovens negros que enfrentam as maiores dificuldades que esta sociedade pode gerar. Seus fãs, que ali se divertem, acumulam revoltas, traumas, cicatrizes marcadas pela negritude, e ali, seguem seu líder príncipe branco dos guetos negros, na performance contemporânea que mais assusta – durante o carnaval – a branquitude baiana moradora das tais ruas.

Pipoca do Kannário na segunda-feira (4), no circuito Campo Grande
É longo o histórico de perseguição ao cantor Igor Kannário durante o carnaval. São muitos os argumentos que recaem sobre o cantor na tentativa de deslegitimar seu trabalho, quase todos eles são frutos de moralismo ou de racismo contra a multidão que ele arrasta. Não me alongo a falar dos boatos sobre a relação do cantor/deputado com drogas, porque o assunto exige profundidade, e pra isso indico esta reportagem aqui.
Quero pensar Igor Kannário por outras perspectivas. Uma série de contradições atravessam este sujeito e quero começar pensando sobre o que significa um branco pobre de periferia virar este fenômeno de representação de milhares de jovens negras e negros. Quero pensar sobre sua potência política – consagrada na eleição pra deputado federal na Bahia com mais de 50 mil votos.
Kannário, como a maioria dos brancos pobres, favelados nas grandes cidades, provavelmente conheceu a violência institucional de perto muito cedo – por isso pára o show para denunciar a violência da polícia contra seus foliões, postura rara entre os artistas. Ele provavelmente sofreu com o racismo institucional de muitas formas, mas viveu e se fez gente sobre a sombra do privilégio simbólico de ter a pele clara, os traços finos, o cabelo liso. Não cabe a ele a critica sobre apropriação cultural em relação ao pagode, pois mesmo branco, Kannário cresceu na Liberdade, o pagode fez mesmo parte da sua cultura e socialização.
Kannário conversa com a maloka, com a parcela da população que menos acessa as políticas públicas e sociais, que não é alcançada nem pelas igrejas, xs sujeitxs mais temidxs e odiadxs pela sociedade racista. Durante o show, depois de uma briga entre foliões, ele falou: “Vamos ficar ligados aí! Tá todo mundo torcendo para que aconteça uma tragédia aqui hoje, mas Deus não vai permitir. Aqui só tem filhos de Deus”. O cantor fala abertamente com seus fãs sobre estigmas que todos eles carregam, sem falar em racismo.
Tem história de outros carnavais (2015) de perseguição e criminalização ao cantor, que diz muito sobre a tentativa de barrar “a galera dele” de ocupar em massa os bairros do centro da cidade. Episódio que terminou com a Pipoca autorizada pelo prefeito ACM Neto, fotinha dos dois juntos, e Kannário eleito vereador no ano seguinte.

Igor Kannário e ACM Neto em entrevista ao jornalista Mario Quertez, em 2015, anunciando a autorização da Pipoca do Kannário
Enquanto político, Kannário se alia a figurões da direita evangélica fundamentalista, conservadora e racista da Bahia. A cada ano ele multiplica sua riqueza, e sua influencia de voto e poder de mobilização. Para quê!? Será o Kannário marionete desses figurões? O que gera esta adoração dos jovens negros periféricos por ele? Até quando aceitaremos que os brancos que vivem da arte negra se intitulem príncipes, reis e rainhas?
Muitas questões geram o Kannário, que com a trajetória de vida que tem, se fosse Passo Preto, no mínimo estaria no ostracismo da indústria cultural, vide Ed City. Mas a grande questão que trago aqui é o potencial político da arte, especialmente da música negra. Quem mais contribuiu para a afirmação da identidade racial nas periferias e favelas do Brasil do que a banda Racionais Mcs, ou o cantor Edson Gomes? Ed City já foi um fenômeno do pagode baiano em outrora justamente por causa das letras engajadas associadas à swingueira. Hoje, milhares de jovens negros pagodeiros da Bahia ouvem, seguem e votam neste líder branco, crescido entre os becos e viela de Salvador, com síndrome de monarquia, conhecedor das nossas dores mais íntimas, que canta a auto estima e a valorização do povo favelado, mas que politicamente escolhe se alinhar a branquitude mais pilantra da Bahia – que explora e mata de diversas formas os corpos negros, que mantem e atualiza as lógicas de genocídio do povo negro na Bahia.
Falando em poder da arte negra, a Bahia mais uma vez traz boas novas. O projeto Aya Bass garantiu no carnaval três apresentações que já nascem históricas. As cantoras Larissa Luz, Luedji Luna e Xênia França, que protagonizam a banda só de mulheres negras, cantam sobre racismo, empoderamento, liberade sexual, ancestralidade negra, entre outros temas de afirmação e luta. Os shows foram lotados na Barra/Ondina, Praça Castro Alves, e o último, no Pelourinho terminou com parte do público entoando: “Povo negro unido, povo negro forte, não teme a luta, não teme a morte”.

Aya Bass durante apresentação no Pelourinho, na terça feira de carnaval.

Joseph Haydn / Symphony No. 45 in F-sharp minor "Farewell" (Mackerras)

terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

Policiais do Rio matam inocentes e ficam impunes, diz Anistia Internacional

Tempo

Policiais do Rio matam inocentes e ficam impunes, diz Anistia Internacional

Relatório aponta indícios de crime de execução em nove homicídios que ocorreram em ações da PM na favela de Acari em 2014

HUDSON CORRÊA
03/08/2015 - 00h05 - Atualizado 03/08/2015 12h25
UPP no Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio de Janeiro (Foto: Severino Silva/Agência O Dia/Estadão Conteúdo)
Na noite de 11 de agosto de 2011, a juíza Patrícia Acioli foi assassinada a tiros por dois policiais militares na porta de casa em Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro. Os assassinos vingavam oito colegas de farda, presos por ordem da juíza, acusados de matar um adolescente de 18 anos. A morte do rapaz fora registrada como auto de resistência, no qual policiais alegaram ter atirado em legítima defesa, mas a juíza descobriu que o adolescente estava desarmado. Após o assassinato de Patrícia, esperava-se que a Polícia Civil investigasse com rigor as incursões da PM que terminaram em mortes, mas isso não aconteceu. Divulgado nesta segunda-feira (3), um relatório da Anistia Internacional aponta que, de 220 inquéritos abertos para investigar autos de resistência na cidade do Rio em 2011, apenas um resultou em denúncia à Justiça contra policiais. Passados quatro anos, outros 183 continuam em andamento, sem resultado, 12 foram arquivados e em 24 não se confirmou envolvimento com o homicídio.

"A Polícia Militar continua usando a força de forma arbitrária, desnecessária e excessiva, com total impunidade", diz o relatório da Anistia. O número de mortos em ações policiais vinha caindo desde 2011 porque, segundo especialistas, a pacificação de favelas reduziu o número de confrontos entre policiais e bandidos. A morte da juíza acentuou a queda ao chamar atenção das autoridades para a violência da PM fluminense. Em 2010, ocorreram 855 homicídios "decorrente de intervenção policial", como os autos de resistência passaram a ser chamados. Em 2011, caíram para 523, o que significou 332 vidas salvas.
>> Uma crise de confiança nas UPPs

Agora os casos aumentaram em 39%, passando de 416 homicídios em 2013 para 580 em 2014. A Anistia compilou as estatísticas dos últimos dez. É como se a população de uma cidade de pequeno porte, como Rio das Flores, na divida com Minas Gerais, desaparecesse do mapa: 8.466 pessoas morreram em operações da polícia entre 2005 e 2014. Se os autos de resistência sugerem confronto com criminosos, os agentes da lei têm levado vantagem na matança. No mesmo período, 236 policiais civis e militares perderam a vida em serviço. O trabalho da Anistia puxa os números para a questão racial ao perfilar 1.275 vítimas de homicídios das intervenções policiais entre 2010 e 2013 na cidade do Rio. "Frequentemente, o discurso oficial culpa as vítimas, já estigmatizadas por uma cultura de racismo, discriminação e criminalização da pobreza ", diz o relatório, informando que 99,5% eram homens, 79%, negros e 75% tinham entre 15 e 29 anos de idade. O relatório não traz um perfil dos PMs envolvidos.
              
Há uma concentração de violência policial na área do 41º Batalhão da PM, na zona norte, onde estão localizadas as favelas de Acari e dos complexos da Pedreira e Chapadão. Em 2014, 244 morreram em ações da polícia na cidade do Rio. Do total de vítimas, 68 (ou 28%) perderam a vida nessa região do 41º BPM. A Anistia analisou dez homicídios, de pessoas com idade entre 17 e 40 anos, na favela de Acari e concluiu que em nove casos existem fortes indícios de crime de execução. "Quatro vítimas já  estavam  feridas ou rendidas, quando policiais usaram armas de fogo de forma intencional para executá-las. Outras quatro foram baleadas e assassinadas sem nenhum aviso. E uma vítima estava fugindo da polícia", diz o relatório. Para chegar à conclusão, os pesquisadores entrevistaram familiares e testemunhas dos crimes, coletaram informações em registros das delegacias, nos atestados de óbitos e ouviram especialistas. "Ele era tão inocente que não usava drogas; não cheirava nem fumava. Tanto é que não saiu nada disso no laudo pericial. O próprio legista falou que a morte do meu filho tinha traços de execução”, disse a mãe de um jovem de 19 anos em depoimento à Anistia. O documento lembra que 25 anos atrás, em julho de 1990, ocorreu uma chacina com 11 mortos, sete deles menores de idade, que moravam na favela de Acari. Até hoje os homicídios continuam impunes. Na época, a Anistia apontou policiais militares como principais suspeitos.
      
O relatório menciona ainda que policiais militares usam na favela de Acari uma tática conhecida como Troia. Durante as incursões na comunidade, geralmente numa troca de tiros com traficantes, o policial invade a casa de algum morador da favela e fica escondido dentro, mesmo após a tropa bater em retirada. Entocado na casa, o policial espera avistar algum traficante andando na rua para alvejá-lo, relata a Anistia. Em muitos casos, inocentes são feridos. Em 2011, usando a tática, policiais militares atiraram em um rapaz de 18 anos na favela de São Gonçalo, na região metropolitana do Rio. Foi esse o crime que fez a juíza Patrícia Acioli decretar a prisão de oito PMs, levando ao seu assassinato em represália.
A Secretaria de Segurança Pública afirma que investiga e pune os abusos da polícia. Ao falar sobre o caso Amarildo de Souza, o pedreiro torturado e morto por policiais na favela da Rocinha, na Zona Sul, o governador Luiz Fernando Pezão disse que "corta na própria carne" e sua gestão já expulsou 1.800 policiais desde 2007. Na sexta-feira passada, policiais militares do Comando de Operações Especiais fizeram uma operação na favela de Acari. Eles prenderam seis pessoas, apreenderam cinco pistolas calibre 9 mm, uma granada, 1.200 quilos de maconha, um quilo de cocaína e quatro de haxixe. Segundo o Comando da PM, a operação foi motivada por informações que chegaram do Disque-Denúncia sobre o trafico de drogas.
Por meio de nota, o secretário José Mariano Beltrame considerou "temerária e injusta a divulgação" do relatório da Anistia "num momento em que vemos os níveis de criminalidade caírem no Rio". Beltrame afirma que a Secretaria de Segurança Pública estimula a redução dos casos de violência na polícia. "Todos sabem que no Rio de Janeiro a diminuição da letalidade violenta é o principal fator para que um policial seja premiado no Sistema Integrado de Metas". O secretário disse ainda que a Anistia não reconheceu os avanços."Sabemos que no Rio ainda há áreas com guerra, mas é inegável a melhora nos índices de criminalidade de 2007 para cá. Além reduzirmos o uso de fuzis e de munição, criamos o Centro de Formação do Uso Progressivo da Força, a Divisão de Homicídios, ou seja, a maioria das recomendações feitas nesse estudo de casos já é adotada em nosso Estado. Infelizmente, todo esse avanço não é reconhecido nesse estudo".
Acari está localizada na região da cidade do Rio mais conflagrada atualmente. Nas imediações, ficam as favelas dos complexos do Chapadão e da Pedreira que se tornaram o novo quartel general do tráfico de drogas, depois que o Complexo do Alemão foi ocupado, no final de 2010, como mostrou uma reportagem de ÉPOCA em maio passado. O relatório da Anistia reconhece que em áreas com Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), como é o caso do Alemão, os homicídios cometidos por policiais caíram de 136 em 2008 para 20 em 2014. As UPPs enfrentam dificuldades para pacificar morros e sofrem uma crise de credibilidade entre os moradores, mas não se pode negar que os confrontos com bandidos diminuíram, preservando vidas. O palco de guerra se deslocou para a região de Chapadão.

Policiais no Chapadão, no Rio de Janeiro (Foto: Márcia Foletto/Agência Globo)
Dados do Instituto de Segurança Pública mostram que, no primeiro semestre de 2015 em comparação com o mesmo período de 2014, ocorreu uma alta de 21% nos homicídios decorrentes de intervenção policial no Estado. Na região de Acari e Chapadão, ocorreram 41 mortes no semestre passado, o que representa 24% do total de 171 registradas na cidade do Rio, um percentual semelhante ao verificado pela Anistia em 2014. O número de mortes causadas pela polícia também aumentou na Baixada Fluminense, principalmente no município de Belford Roxo, outra região de destino das quadrilhas de traficantes desalojadas em favelas com UPPs.

A "guerra às drogas" é uma batalha há muito tempo perdida, diz a Anistia Internacional, que pede mais rigor, dos governos estadual e federal e do Ministério Público, na apuração dos homicídios cometidos por policiais, além de assistência às famílias das vitimas. O relatório não apresenta, porém, uma alternativa à "guerra às drogas" e não leva em consideração o poder bélico dos traficantes, que também abrem fogo nas favelas sem preocupação com os moradores. Entre janeiro e maio de 2015, a Secretaria de Segurança Pública apreendeu 174 fuzis, armamento de guerra, ou seja, mais de um por dia; 51% a mais do que no mesmo período de 2014. Em média, as polícias apreendem dez pistolas diariamente e dez metralhadores ou submetralhadoras por mês. Nessa guerra, a trégua precisa alcançar os dois lados.