sábado, 17 de setembro de 2011

Defensores realizam primeiro dia de atendimento especializado à população em situação de rua

defensoria
 

Marcelo Paixão - Estudo da UFRJ explicita desigualdades raciais no atendimento público

Relatorio-Anual-das-Desigualdades-Raciais-no-Brasil-2009-2010Apresentado em seminário na Câmara, pesquisa aponta que negros e pardos têm mais dificuldade para ser atendidos no SUS e, nas ações judiciais por crime racial, costumam perder mais do que ganhar.
Marcelo Paixão, coordenador da pesquisa: "Falta vontade dos atores políticos."
Relatório da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) sobre desigualdade racial, apresentado nesta quarta-feira (14) na Câmara, revela que a população negra e parda tem mais dificuldades em acessar o Sistema Único de Saúde (SUS) que a branca e, quando consegue atendimento, é negligenciada.
O documento, elaborado pelo Instituto de Economia da UFRJ, explicita ainda que os negros e pardos estão mais vulneráveis em relação à segurança alimentar, possuem maior defasagem escolar e recebem menor número de aposentadorias e pensões da Previdência Social.
Em relação ao acesso à Justiça, o relatório mostra que a maioria dos processos por crime de racismo julgados nos Tribunais Regionais de Trabalho (TRTs) é vencida pelo réu da ação e não pela vítima.
"Falta vontade dos atores políticos de entender que o tema não poderá ser empurrado com a barriga indefinidamente", declarou o coordenador da equipe de elaboração do relatório, Marcelo Paixão.
O Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil 2009-2010 foi debatido em seminário promovido pelas comissões de Legislação Participativa, e de Seguridade Social e Família da Câmara. O evento foi sugerido pelos deputados Paulo Pimenta (PT-RS) e Luci Choinacki (PT-SC).
Segundo Pimenta, parte da dificuldade em avançar nos temas de igualdade racial é motivada pelo perfil do Congresso Nacional. "Todos sabemos que esta Casa é, por natureza, muito conservadora e resiste muito a pautar determinadas discussões, provocar determinas reflexões que revelem com mais nitidez as contradições deste País", disse.
Assassinatos
Entre os dados apresentados pelo relatório, está um estudo das principais causas de mortalidade entre a população negra. O documento revela que, nos anos 2006 e 2007, das 96 mil pessoas assassinadas no Brasil, 63% eram pretas ou pardas. Em 2007, o número de assassinatos entre as mulheres negras era 41,3% superior ao observado entre as mulheres brancas.
O relatório também traz informações sobre os índices de mortalidade materna no País e aponta que, em 2007, a cada 100 mil nascidos vivos, 55 mulheres morreram em decorrência de problemas relacionados à maternidade. As mulheres negras representavam 59% desse total.
O estudo ainda revela que as negras estão em piores condições quanto à realização de exames preventivos e de pré-natal. Entre as mães brancas, 70,1% realizaram sete ou mais consultas, enquanto entre as negras o número é de 42,6%. "Não quer dizer que as coisas estejam às mil maravilhas para os brancos, mas os pretos e pardos são os mais atingidos", disse Marcelo Paixão.
Avanços
A pesquisa também mostra avanços em relação à escolaridade da população negra. Em 20 anos (1988 – 2008), a média de anos de estudos de pretos e pardos, com idade superior a 15 anos, aumentou de 3,6 para 6,5 anos. Em relação ao acesso ao ensino superior, os números são mais expressivos: entre as mulheres negras passou de 4,1% para 20% e entre os homens negros, de 3,1% para 13%.
Segundo o documento, os dados positivos são frutos da criação de políticas públicas de promoção da igualdade racial. O relatório cita a Lei 10.639/03, que inclui o estudo da História da África, dos africanos, a luta dos negros no Brasil e a cultura negra brasileira no currículo oficial da rede de ensino brasileira, como uma das principais medidas para "enfrentar o tema das relações raciais dentro do espaço escolar".
O trabalho mostra, no entanto, que em 2008 quase a metade das crianças afrodescendentes de 6 a 10 anos estava fora da série adequada, contra 40,4% das brancas. Na faixa de 11 a 14 anos, o porcentual de pretos e pardos atrasados subia para 62,3%.
Esse resultado contrasta com avanços nos últimos 20 anos. A média de anos de estudo de afrodescendentes passou de 3,6 anos para 6,5 entre 1988 e 2008, e a taxa de crianças pretas e pardas na escola chegou a 97,7%. Mesmo assim, o avanço entre negros e pardos foi menor.
Com 292 páginas, o trabalho é focado nas consequências da Constituição de 1988 e seus desdobramentos para os afrodescendentes. Para produzir o texto, os pesquisadores recorreram a bases de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dos Ministérios da Saúde e da Educação e do Sistema Único de Saúde (SUS), entre outros.
REFERÊNCIA: BITTAR. Rodrigo. Estudo da UFRJ explicita desigualdades raciais no atendimento público. Disponível em: http://www2.camara.gov.br/agencia/noticias/DIREITOS-HUMANOS/202603-ESTUDO-DA-UFRJ-EXPLICITA-DESIGUALDADES-RACIAIS-NO-ATENDIMENTO-P%C3%9ABLICO.html. Acesso em: 17 Set. 2011.
Fonte: Lista Racial
Justica decreta prisão preventiva dos policiais envolvidos na morte do menino Juan

juan moraesA Justiça do Rio de Janeiro decretou nesta sexta-feira (16) a prisão preventiva dos quatro policiais militares suspeitos de envolvimento na morte do menino Juan, de 11 anos, morto no dia 20 de junho, na comunidade do Danon, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.
De acordo com a assessoria de imprensa do TJ, o juiz Márcio Alexandre Pacheco da Silva, da 4ª Vara Criminal de Nova Iguaçu, aceitou o pedido do MP (Ministério Público).
Os policiais estavam presos temporariamente desde o dia 21 de julho. O inquérito da Polícia Civil foi concluído na quarta-feira (14) quando o delegado Ricardo Barbosa, da Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense, pediu a prisão preventiva. O pedido, no entanto, foi encaminhado ao Ministério Público na última segunda-feira (12).
O MP ofereceu denúncia aos PMs por dois homicídios duplamente qualificados e por duas tentativas de homicídio também duplamente qualificado.
Na denúncia, o MP-RJ pediu, ainda, que o IML (Instituto Médico Legal) apresente, no prazo de 72 horas, os originais dos laudos de necropsia e do laudo de exame de DNA do menino Juan. Além disso, as promotoras também pediram para que todas as operadoras de telefonia informassem os dados do usuário responsável pelo número de celular que entrou em contato com os PMs no dia do crime.
De acordo com o diretor da Polícia Técnica, Sérgio Henriques, o laudo de exame de DNA foi entregue à Delegacia de Comendador Soares (56º DP) dias após a coleta do material do corpo do menino Juan. Segundo Henriques, o laudo, provavelmente, não foi anexado ao inquérito da Divisão de Homicídios, que assumiu o caso posteriormente.
Sobre o caso:
O corpo de Juan foi encontrado dez dias depois da ação na comunidade Danon, às margens do rio Botas, em Belford Roxo, também na Baixada Fluminense.
As investigações para apurar quem matou o menino colocaram em lados opostos as polícias Civil e Militar do Rio de Janeiro. As duas instituições defenderam versões diferentes para o mesmo crime.
Em depoimento, os policiais militares, investigados pela morte de Juan, disseram que teria havido intenso confronto com traficantes na favela, mas peritos não encontraram indícios de troca de tiros na direção onde os PMs estavam posicionados.
A perícia de local não detectou vestígio de cápsulas ou qualquer marca de perfuração que provasse que tiros foram disparados na direção dos PMs.
No dia 9 de julho, policiais fizeram a reconstituição do crime, com a participação dos policiais suspeitos.
Fonte: R7
violencia-racial-portal-geledes
por: Rodnei Jericó & Suelaine Carneiro
Há uma morte negra que não tem causa em doenças; decorre de infortúnio. É uma morte insensata, que bule com as coisas da vida, como a gravidez e o parto. É uma morte insana, que aliena a existência em transtornos mentais. É uma morte de vítima, em agressões de doenças infecciosas ou de violência de causas externas. É uma morte que não é morte, é mal definida. A morte negra não é um fim de vida, é uma vida desfeita, é uma Átropos ensandecida que corta o fio da vida sem que Cloto o teça ou que Láquesis o meça. A morte negra é uma morte desgraçada (BATISTA, ESCUDER e PEREIRA, 2004).



Os dados estatísticos de mortalidade por homicídios vêm ocupando destaque nas discussões sobre violência no Brasil. O tema é foco de análises e debates em instituições acadêmicas, organizações da sociedade civil e pela sociedade em geral, que procura refletir sobre o fenômeno que ceifa vidas de brasileiros, cada vez mais cedo. Homens jovens, particularmente da raça negra e dos centros urbanos, são as principais vítimas de homicídios.

Antes de dar continuidade a abordagem dos fatos se faz necessária a explicação sobre o conceito de raça. Neste trabalho, o conceito de raça será utilizado como uma categoria socialmente construída, que é empregada para informar como determinadas características físicas (cor da pele, textura de cabelos, formato de lábios e nariz) e também manifestações culturais, influenciam, interferem e até mesmo determinam o destino e o lugar dos sujeitos no interior da sociedade brasileira. A noção de raça, que ainda permeia o imaginário social brasileiro, tem sido utilizada para excluir ou alocar indivíduos em determinadas posições na estrutura social e também para deixá-los viver ou morrer.

Os dados registrados pela série documental Mapa da Violência: os jovens do Brasil , revelam que nossas taxas de homicídios são elevadas e tem como principal vítima a população do sexo masculino pertencente a raça negra. Negros é o grupo racial brasileiro mais vulnerável à morte por homicídios. O estudo aponta que no ano de 2004, a taxa de vitimização desse grupo foi de 31,7 em 100 mil negros, enquanto para a população branca foi de 18,3 homicídios em 100 mil brancos. A população negra teve 73,1% de vítimas de homicídio a mais do que a população branca (WAISELFISZ, 2006, p.58).
A denúncia da participação desproporcional de negros como vítimas de homicídios não é assunto recente. O Movimento Negro Unificado-MNU foi fundado no ano de 1978, em ato público realizado em São Paulo, onde denunciou, entre as muitas violências sofridas pela população negra, a tortura e morte de um homem negro nas dependências de uma delegacia de policia, crimes que foram praticados por policiais. No ano de 1995, o Movimento Negro entregou ao presidente Fernando Henrique Cardoso, o documento Marcha Zumbi dos Palmares, contra o racismo, pela cidadania e pela vida, que afirmava no capítulo referente à violência que "[...] de 1970 à 1992 a Polícia Militar de São Paulo matou cerca de 8.000 pessoas; das 4.170 vítimas identificadas, 51% eram negras, numa cidade em que, segundo o IBGE, os negros somam 25% da população" (MARCHA, 1995).

O documento informava ainda: "Deste modo, uma estratégia de repressão alterna agressões policiais, prisões arbitrárias, tortura e extermínio. Nesta estratégia, o principal alvo é o homem negro" (Ibid., p.11).

No ano de 1998, Barbosa (1998, p.100-101), em estudo sobre o perfil da mortalidade no Estado de São Paulo, afirmava que os índices estatísticos disponíveis à época sobre mortes violentas revelavam que homens negros tinham maior risco que os brancos de morrer por homicídios. Para a autora
[...] o perfil de mortalidade do homem negro oferece possibilidades de compreensão das condições de vida da família negra, em sua maioria, pautada pela carência em moradia, instrução, emprego e renda, onde se encontram em maior proporção as chefias de mulheres.

População marcada pela exclusão e marginalização, negros e negras brasileiros têm vivido há séculos como seres humanos destituídos de direitos e como portadores de uma humanidade incompleta, o que tornou natural a não participação igualitária dessa população do pleno gozo de direitos humanos. Esta naturalização implicou na aceitação das conhecidas desigualdades sociais que marcam a sociedade brasileira, sendo que a divulgação de dados sobre essa realidade não são acompanhados de medidas eficazes no combate às desigualdades raciais. O racismo estrutura e determina as relações raciais brasileiras e incide nas condições precárias de vida da população negra.

Hoje, constata-se um fato que o movimento negro denuncia há décadas: negros são os mais vulneráveis à violência, particularmente a letal, mas a desvalorização de sua vida é um fato sobre o qual pouco ou nada se discute. A preponderância de negros nas taxas de homicídios e a perda de vida de jovens negros em fase criativa, produtiva e reprodutiva não têm recebido o devido destaque na discussão sobre a mortalidade juvenil brasileira. Tal indiferença reafirma a situação de marginalidade, pobreza e opressão a que está submetida esta parcela da população, um grande contingente humano que integra o grupo dos que se encontram tradicionalmente sem acesso aos bens e serviços disponíveis na sociedade, estando irremediavelmente exposto à violência.

Nesse sentido a mesma autora reafirma que:

Os fatores macrossociais, instituídos pelas condições históricas, estrutura econômica, política, social, cultural e códigos legais, permeados pelo racismo, em distintos contextos históricos, condicionaram também a vida da população negra (...) e criaram condições adversas que impactam, de modo diferenciado, o perfil de mortalidade desta população. (Ibid., p. 93).

O diferencial na morte de negros é que ela é precoce e violenta. Estudo realizado por Paixão e Carvano (2008, p.180-181), analisou os indicadores sociais dos grupos de cor e raça que compõem a sociedade brasileira. Utilizando dados do período 1995-2006, analisou também o perfil da mortalidade da população brasileira segundo os grupos de cor e raça. O relatório apresentou os seguintes dados:

A razão de mortalidade por 100 mil habitantes decorrente de homicídios, entre 1999 e 2005, cresceu entre os homens pretos e pardos de 51,9 para 61,5 (18,4%). Entre os brancos, o indicador declinou de 35,8 para 33,8, ou 5,6%.

a incidência de homicídios entre a população jovem, especialmente de 15 a 24 anos de idade, assumiu característica de uma epidemia, mais uma vez, destacando-se sua importância entre os pretos e pardos do sexo masculino.

em 2005, a razão de mortalidade por 100 mil habitantes por essa causa, na mesma faixa de idade, entre os homens pretos e pardos, foi de 134,22. Entre os jovens brancos, foi de 66,8 (menos da metade).

As iniquidades raciais refletem-se na mortalidade da população negra e são decorrentes de condições históricas e institucionais que moldaram a situação do negro na sociedade brasileira. Os números revelam o que se deseja silenciar: a morte tem cor e ela é negra. Os jovens negros são as principais vítimas da violência, que vivem um processo de genocídio.

Não há como não associar a condição particular a que está exposta a população negra no Brasil com o disposto na Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio (1948), que no seu artigo II define genocídio como

[...] qualquer dos seguintes atos, cometidos com a intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso, tal como: assassinato de membros do grupo; dano grave à integridade física ou mental de membros do grupo; submissão intencional do grupo a condições de existência que lhe ocasionem a destruição física total ou parcial; medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo; transferência forçada de menores do grupo para outro. (CONVENÇÃO, 1948)

Os dados que serão apresentados a seguir consubstanciam essa tese e revelam que a morte violenta tem cor e endereço, pois ela acomete negros, pobres e moradores de periferia e favelas, que morrem em função da omissão do Estado.
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terça-feira, 13 de setembro de 2011

Meu Pai com Alzheimer
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Roberto Goldkorn 

  
 
Meu pai está com Alzheimer. Logo ele, que durante toda vida se dizia ''O Infalível''. Logo ele, que um dia, ao tentar me ensinar matemática, disse que as minhas orelhas eram tão grandes que batiam no teto.
Logo ele que repetiu, ao longo desses 54 anos de convivência, o nome do músculo do pescoço que aprendeu quando tinha treze anos e que nunca mais esqueceu: esternocleidomastóideo.
O diagnóstico médico ainda não é conclusivo, mas, para mim, basta saber que ele esquece o meu nome, mal anda, toma líquidos de canudinho, não consegue terminar uma frase, nem controla mais suas funções fisiológicas, e tem os famosos delírios paranóicos comuns nas demências tipo Alzheimer.
Aliás, fico até mais tranqüilo diante do ''eu não sei ao certo'' dos médicos; prefiro isso ao ''estou absolutamente certo de que...'', frase que me dá arrepios.
Há trinta anos, não ouvia sequer uma menção a essa doença maldita. Hoje, precisaria ter o triplo de dedos nas mãos para contar os casos relatados por amigos e clientes em suas famílias.
O que está acontecendo? Estamos diante de um surto de Alzheimer?
Finalmente nossos hábitos de vida ''moderna'' estão enviando a conta?
O que os pesquisadores sabem de verdade sobre a doença? Qual é o lado oculto dessa manifestação tão dolorosa?
Lendo o material disponível, chega-se a uma conclusão: essa é uma doença extremamente complexa, camaleônica, de muitas faces e ainda carregada de mistérios.
Sabe-se, por exemplo, que há um componente genético. Por outro lado, o Dr. William Grant fez uma pesquisa que complicou um pouco as coisas. Ele comparou a incidência da doença em descendentes de japoneses e de africanos que vivem nos EUA, e com japoneses e nigerianos que ainda vivem em seus respectivos países. Ele encontrou uma incidência da doença da ordem de 4,1 para os descendentes de japoneses que vivem na América, contra apenas 1,8 de japoneses do Japão. Os afro-americanos vão mais longe: 6,2 desenvolvem a doença, enquanto apenas 1,4 dos nigerianos são atingidos por ela.
Hábitos alimentares? Stress das pressões do Primeiro Mundo? Mas o Japão não é Primeiro Mundo? Não tem stress?
A alimentação parece ser sem dúvida um elo nessa corrente, e mais ainda o alumínio. Segundo algumas pesquisas, a incidência de alumínio encontrada nos cérebros de portadores da doença é assustadoramente alta.
Pesquisas feitas na Austrália e em alguns países da Europa mostraram que, em atos alimentados com umam dieta rica, o sulfato de alumínio (comumente colocado na água potável para matar bactérias) danificou os cérebros dos roedores de forma muito similar à causada aos humanos pelo Alzheimer.
Pesquisas do Dr. Joseph Sobel, da Universidade da Califórnia do Sul, mostraram que a incidência da doença é três vezes maior em pessoas expostas à radiação elétrica (trabalhadores que ficavam próximos a redes de alta tensão ou a máquinas elétricas).
Mas não param por aí as pesquisas, que apontam a arma em todas as direções.
Porém, a que mais me chocou e me motivou a fazer minhas próprias elucubrações foi o estudo das freiras. Esse estudo, citado no livro
A Saúde do Cérebro, do Dr. Robert Goldman, Ed. Campus, foi feito pelo Dr. Snowdon, da Universidade de Kentucky. Eles estudaram 700 freiras do convento de Notre Dame. Na verdade, eles leram e analisaram as redações autobiográficas que cada freira era obrigada a escrever logo ao entrar na ordem. Isso ocorria quando elas tinham em média 20 anos. Essas freiras (um dos grupos mais homogêneos possíveis, o que reduz muito as variáveis que deveriam ser controladas) foram examinadas regularmente e seus cérebros investigados após suas mortes.
O que se constatou foi surpreendente. As que melhor se saíram nos testes cognitivos e nas redações - em termos de clareza de raciocínio, objetividade, vocabulário, capacidade de expressar suas idéias, mesmo apresentando os acidentes neurológicos típicos do Alzheimer (placas e massas fibrosas de tecido morto) - não desenvolveram a demência característica da doença. Ou seja, elas tinham as mesmas seqüelas que as outras freiras com Alzheimer diagnosticado (e que tiveram baixos escores em testes cognitivos e na redação), mas não os sintomas clássicos, como os do meu pai.
A minha interpretação de tudo isso: não temos muito como controlar todos os fatores de risco apontados como vilões - alimentação, pressão alta, contaminação ambiental, stress, e a genética (por enquanto).
Mas podemos colocar o nosso cérebro para trabalhar. Como? Lendo muito, escrevendo, buscando a clareza das idéias, criando novos circuitos neurais que venham a substituir os afetados pela idade e pela vida ''bandida''.
Meu conselho: não sejam infalíveis como o meu pobre pai, não cheguem ao topo nunca, pois dali, só há um caminho: descer. Inventem novos desafios, façam palavras cruzadas, forcem a memória, não só com drogas (não nego a sua eficácia, principalmente as nootrópicas), mas correndo atrás dos vazios e lapsos. Eu não sossego enquanto não lembro do nome de algum velho conhecido, ou de uma localidade onde estive há trinta anos. Leiam e se empenhem em entender o que está escrito, e aprendam outra língua, mesmo aos sessenta anos.
Não existem estudos provando que o Alzheimer é a moléstia preferida dos arrogantes, autoritários e auto-suficientes, mas a minha experiência mostra que pode haver alguma coisa nesse mato.
Coloquem a palavra FELICIDADE no topo da sua lista de prioridades: 7 de cada 10 doentes nunca ligaram para essas ''bobagens'' e viveram vidas medíocres e infelizes - muitos nem mesmo tinham consciência disso.
Mantenha-se interessado no mundo, nas pessoas, no futuro. Invente novas receitas, experimente (não gosta de ir para a cozinha? Hum... preocupante).
Lute, lute sempre, por uma causa, por um ideal, pela felicidade.
Parodiando Maiakovski, que disse ''melhor morrer de vodca do que de tédio'', eu digo: melhor morrer lutando o bom combate do que ter a personalidade roubada pelo Alzheimer. E ''inté'', amigos, que eu vou me cuidar.
Roberto Goldkorn é psicólogo e escritor. Extraído da Internet. * * * * *
Dicas para escapar do Alzheimer
Uma descoberta dentro da Neurociência vem revelar que o cérebro mantém a capacidade extraordinária de crescer e mudar o padrão de suas conexões. Os autores desta descoberta, Lawrence Katz e Manning Rubin (2000), revelam que NEURÓBICA, a ''aeróbica dos neurônios'', é uma nova forma de exercício cerebral projetada para manter o cérebro ágil e saudável, criando novos e diferentes padrões de atividades dos neurônios em seu cérebro.
Cerca de 80% do nosso dia-a-dia é ocupado por rotinas que, apesar de terem a vantagem de reduzir o esforço intelectual, escondem um efeito perverso: limitam o cérebro. Para contrariar essa tendência, é necessário praticar exercícios ''cerebrais'' que fazem as pessoas pensarem somente no que estão fazendo, concentrando-se na tarefa.
O desafio da NEURÓBICA é fazer tudo aquilo que contraria as rotinas, obrigando o cérebro a um trabalho adicional.

Tente fazer um teste:
- use o relógio de pulso no braço direito;
- escove os dentes com a mão contrária da de costume;
- ande pela casa de trás para frente; (vi na China o pessoal treinando isso num parque);
- vista-se de olhos fechados;
- estimule o paladar, coma coisas diferentes;
- veja fotos de cabeça para baixo;
- veja as horas num espelho;
- faça um novo caminho para ir ao trabalho;
A proposta é mudar o comportamento rotineiro.
Tente, faça alguma coisa diferente com seu outro lado e estimule o seu cérebro. Vale a pena tentar!
Que tal começar a praticar agora, trocando o mouse de lado?

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Estoicismo

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
O estoicismo é uma doutrina filosófica fundada por Zenão de Cítio, que afirma que todo o universo é corpóreo e governado por um Logos divino (noção que os estoicos tomam de Heráclito e desenvolvem). A alma está identificada com este princípio divino, como parte de um todo ao qual pertence. Este logos (ou razão universal) ordena todas as coisas: tudo surge a partir dele e de acordo com ele, graças a ele o mundo é um kosmos (termo que em grego significa "harmonia").
O estoicismo propõe viver de acordo com a lei racional da natureza e aconselha a indiferença (apathea) em relação a tudo que é externo ao ser. O homem sábio obedece à lei natural reconhecendo-se como uma peça na grande ordem e propósito do universo, devendo assim manter a serenidade perante as tragédias e coisas boas.
O estoicismo floresceu na Grécia com Cleantes de Assos e Crisipo de Solis, sendo levada a Roma no ano 155 a.C. por Diógenes de Babilônia. Ali seus continuadores foram Marco Aurélio, Séneca, Epiteto e Lucano.
A partir disso surgem duas consequências éticas: deve-se «viver conforme a natureza»: sendo a natureza essencialmente o logos, essa máxima é prescrição para se viver de acordo com a razão.
Sendo a razão aquilo por meio do que o homem torna-se livre e feliz, o homem sábio não apreende o seu verdadeiro bem nos objetos externos, mas bem usando estes objetos através de uma sabedoria pela qual não se deixa escravizar pelas paixões e pelas coisas externas.
A última época do estoicismo, ou período romano, caracteriza-se pela sua tendência prática e religiosa, fortemente acentuada como se verifica nos Discursos e no Enchiridion de Epiteto e nos Pensamentos ou Meditações de Marco Aurélio.
Estoico: diz-se daquele que revela fortaleza de ânimo e austeridade. Impassível; imperturbável; insensível.
A escola estoica foi fundada no século III a.C. por Zenão de Cítio (de Cittium), e que preconizava a indiferença à dor de ânimo oposta aos males e agruras da vida, em que reunia seus discípulos sob pórticos ("stoa", em grego) situados em templos, mercados e ginásios. Foi bastante influenciada pelas doutrinas cínica e epicurista, além da clara influência de Sócrates.

domingo, 4 de setembro de 2011



domingo, 4 de setembro de 2011

HEXAGRAMA


De um modo primitivo, por hexagrama, podemos compreender como a reunião de seis letras ou caracteres; já que a palavra tem origem no grego e significa seis linhas ou seis caracteres (hex = seis; gramma = linha). Portanto, uma seqüência de seis sinais gráficos (letras ou figuras geométricas, por exemplo) pode ser considerada um hexagrama. Assim, na filosofia oriental denominada I Ching, o hexagrama possui uma representação linear.
Porém, dentro da maioria das escolas esotéricas ocidentais, o hexagrama usualmente assume a forma de uma estrela de seis pontas e é conhecido também por Estrela de Davi, Selo de Salomão, entre outros. É esta versão que carrega inúmeros significados ao longo da história e figura tanto como símbolo maior do Estado de Israel como na simbologia ocultista. Mesmo havendo distinções interpretativas entre o hexagrama com as linhas entre-laçadas e o hexagrama com os triângulos sobrepostos, as definições confundem-se e ampliam ainda mais as hipóteses das origens, significados e aplicações.

Origens

A maioria das teorias que pretende encontrar a origem específica do hexagrama está relacionada ao judaísmo. Uma delas, sem embasamento histórico confiável, faz alusão ao nome do Rei Davi. Segundo a tradição judaica, o nome Davi era escrito com apenas três letras no alfabeto hebraico: dalet, vav e dalet. A primeira e última letra (dalet), possui uma forma semelhante ao triângulo. Se uma delas for invertida verticalmente e sobreposta à outra, forma-se o hexagrama. Mais uma hipótese é de que o hexagrama seja uma versão estilizada do lírio branco, flor de seis pétalas que é identificada como o povo de Israel no livro bíblico Cântico dos Cânticos.
Outra origem refere-se ao escudo do Rei Davi, que possuía forma triangular e nele estava gravado o Grande Nome Divino de 72 Letras, juntamente com as letras hebraicas m, k, b e y (letras da palavra Macabi). Entretanto, neste caso, não há uma linha nítida que associe o símbolo ao Escudo de Davi (Marguen Davi), sendo que a expressão Marguen Davi passou a ser utilizada referindo-se ao hexagrama, apenas a partir do século XIV. Ainda, pode-se supor que o símbolo tenha surgido na época de Bar Kochba (132-135 d.C.) quando os judeus combatiam os romanos, passaram a utilizar escudos mais resistentes, nos quais foram gravados dois triângulos entre-laçados.


O símbolo na história

Entretanto, desde a Idade do Bronze, símbolos em forma de estrela, como o pentagrama e o hexagrama, já eram encontrados em civilizações distantes, tanto no aspecto geográfico como cultural, como na Índia, Mesopotâmia e Grã-Bretanha.
O mais antigo artefato judaico contendo um hexagrama de que há registro, é um selo encontrado na cidade de Sidon (Líbano), datado do século VII antes de Cristo. Mesmo que no período do Segundo Templo, os símbolos judaicos mais comuns eram oshofar, o lulav e a menorá, foram encontrados pentagramas e hexagramas em trabalhos arqueo-lógicos, como no friso da sinagoga de Cafarnaum (século II ou III d.C.) e uma lápide (ano 300 d.C.), no sul da Itália. Na literatura judaica, uma referência encontra-se no livro Eshkol Hakofer, do sábio Yehudah ben Eliahu Hadasi, que viveu no século XII. No capítulo 242, é citado costumes do povo que, gradativamente, foram sofrendo mutações e o símbolo assume um caráter místico: "e os sete anjos na Mezuzá foram escritos - Miguel e Gabriel [...] o Eterno irá guardar-te e este símbolo chamado Escudo de Davi é escrito em todos os anjos e no final da Mezuzá...".
A bíblia cristã, possivelmente, faz referência ao hexagrama através de uma metáfora citando animais de seis asas: "...os quatro animais tinham, cada um de per si, seis asas, e ao redor, e por dentro, estavam cheios de olhos; e não descansam nem de dia nem de noite..." (Apocalipse - 4:8).
A utilização ornamental de estrelas, de cinco ou de seis pontas, estendeu-se durante a Idade Média aos povos muçulmanos e cristãos e o hexagrama é encontrado em ambas as religiões. Iluminuras de manuscritos hebraicos medievais também contêm hexagramas. Ainda na era medieval, encontram-se os primeiros amuletos de proteção em que surge o hexagrama, como noMezuzot (pergaminho-amuleto do judaísmo).
A partir do século XIII, na Espanha e na Alemanha, encontra-se manuscritos bíblicos nos quais partes da messorá (tradição oral judaica) são escritas em micrografia, em forma de hexagrama. Até o século XVI, os sábios cabalistas acreditavam que o símbolo não deveria ser desenhado com simples linhas geométricas; mas sim composto com determinados nomes sagrados e suas combinações.
Em 1354, o rei da Bohemia, Carlos IV (Karel), concedeu à comunidade judia de Praga, o privilégio de uma bandeira, que foi confeccionada num fundo vermelho e o hexagrama, centralizado, em dourado. Dessa forma, o símbolo, conhecido também como Marguen Davi (Escudo de Davi), adquiriu uma conotação religiosa e tornou-se também uma referência do estado.
A partir do século XVII, o hexagrama tornou-se emblema oficial de várias comunidades judaicas. Em meados do século XVII, em Viena, foi gravado sobre uma pedra que delimitava os bairros judeus e cristãos, juntamente com uma cruz. Quando os judeus foram expulsos desta cidade, levaram o símbolo para as outras cidades, como a Moravia e Amsterdã. No ano de 1799, foi utilizado para representar o povo judeu em uma gravura anti-semita. No decorrer dos séculos XIII e XIX, algumas instituições, como as sociedades beneficentes, usavam o símbolo em seus documentos. Em 1933, sob a decisão de Adolf Hitler, a Estrela Judaica (como os nazistas, pejorativamente, referiam-se ao símbolo) foi utilizada nas vestimentas dos judeus para que fossem facilmente reconhecidos. Apenas em 1948, o hexagrama foi adotado pela bandeira do estado de Israel e tornou-se a maior referência do judaísmo.


O místico hexagrama

Além de ser um símbolo que representa uma nação, ter sido considerado um "símbolo de desonra" no Terceiro Reich, e utilizado por instituições independentes ao longo da história, o hexagrama também traz um forte apelo ocultista.
Segundo a obra de Albert G. Mackey sobre a maçonaria, The Symbolism of Freemasonry os dois triângulos entrelaçados representam a união das forças ativa e passiva na natureza, os pólos feminino e masculino, yoni e linga (representações dos genitais no hinduísmo). Sendo o triângulo voltado para baixo o símbolo do princípio feminino e o triângulo voltado para cima representando o princípio masculino. Portanto, nesta interpretação, o hexagrama possui um simbolismo sexual. O hexagrama também foi adotado na Maçonaria do Arco Real e, neste caso, segundo o autor maçom Wes Cook, o símbolo representa equilíbrio e harmonia.
Há também uma interpretação na qual o triângulo voltado para baixo representa o céu e o segundo triângulo simboliza a terra; de forma que um interfira no outro. Supõe-se também que as seis pontas representariam o domínio celeste sobre os quatro ventos, sobre o que está em cima e sobre o que está em baixo na terra.
Na Cabala judaica, o hexagrama faz alusão às sete emanações divinas (sefirot) inferiores. Cada um dos triângulos que formam os lados da estrela representam uma emanação e o centro dos triângulos maiores sobrepostos, representam a emanação denominada Malchut. O filósofo Franz Rosenzweig atribui um outro significado. Rosenzweig afirmou que um dos triângulos seria a representação da base de "focos", que caracterizam o pensamento do mundo (Deus), o homem e o mundo. O outro representaria a posição do judaísmo nestes assuntos, referindo-se aos três fundamentos principais da religião: a Criação (a relação entre Deus e o mundo), a revelação (relação entre Deus e o homem) e a redenção (a relação entre o homem e o mundo).
Numa outra interpretação, provavelmente de base alquímica, os triângulos componentes representam a água e o fogo, e a junção destes elementos, normalmente associados à figuras de animais. Há ainda suposições menos plausíveis associando o hexagrama à ritos "satânicos", ou como um poderoso instrumento para evocações e conjurações malignas em círculos de magia negra; ou associá-lo à pegada de um suposto demônio conhecido por Trud. Ainda, pode-se encontrar o número 666 ao se consi-derar as duas faces de cada um dos seis triângulos externos, no sentido horário e anti-horário (6 e 6), e as seis linhas que compõem o hexágono interno (666). De qualquer forma, dentro dos círculos ocultistas, o hexagrama geralmente é visto com alguma palavra ou símbolo gravado em seu centro para ser aplicado numa situação específica, como potencializar um ritual ou evocar alguma divindade.

sábado, 3 de setembro de 2011

Desembargador carioca ataca a OAB e o exame de ordem


Desembargador Capanema
Ex-Vice-Presidente do TJ/RJ e Desmbargador Doutor Sylvio Capanema se diz contrário à constitucionalidade do exame não conseguindo entender como é que o governo chancela um curso, outorga o grau de bacharel, o que significa reconhecer que o aluno está preparado para o exercício da profissão, e que ele ainda tenha que passar por um último teste, último desafio. As faculdades de direito ficam desmoralizadas, pois recebem um atestado de incompetência e lançam no mercado profissionais que não teriam condições de exercer a profissão. Além do mais, afirma, que as provas da OAB estão num nível de dificuldade absolutamente iguais às da defensoria do Ministério Público e mesmo, a da magistratura.

No encontro, prevaleceu o apoio e o entendimento de que o Exame de Ordem é inconstitucional, pois contraria as disposições dos arts. 1º, II, III e IV, 3º, I, II, III e IV, 5º, II, XIII, 84, IV, 170, 193, 205, 207, 209, II e 214, IV e V, todos da Constituição Federal. Além disso, conflita com o disposto no art. 44, I da própria Lei da Advocacia (Lei n° 8.906/94). E, finalmente, descumpre, também, disposições contidas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei n° 9.394/96), em especial, as constantes dos arts. 1º, 2º, 43, I e II, 48 e 53, VI.

Já o Presidente do MNBD/RJ, o Dr. Vinícius Di Cresci e Professor de Geografia, lembrando ainda do apoio que recebera no nobre Professor e Senador Cristóvam Buarque (DF), do Deputado Federal Domingos Dutra (MA), que também é advogado, e do recente parecer do Ministério Público Federal declarando a inconstitucionalidade do exame, avança com o argumento político/social afirmando que quem tem que ser avaliado é o Estado e seus dirigentes. São as Instituições de Ensino e o Capital, onde a educação não pode virar mercadoria. Se querem avaliar, que façam uma auto avaliação, que a avaliação parta do MEC, e sendo o caso, que atinja todos os cursos e instituições, com tratamento isonômico e com o objetivo exclusivo de aferição de conhecimento.

Em debate recente, organizado pelo Diário de Pernambuco, expressamente contrario ao Exame de Ordem, o Dr. Vinícius Di Cresci questionou os interesses em volta do próprio exame. "A OAB arrecada em média R$ 25 milhões por exame (R$ 75 milhões por ano), sem contar com os altos investimentos que os bacharéis têm que fazer em cursinhos que já até foram oferecidos pelas própriras seccionais da instituição. Além disso, dispôs o próprio movimento, lançando um desafio para debater a validade do exame com a direção nacional da Ordem. "Não é a entidade privada, OAB, que qualifica. Quem qualifica é a faculdade, o MEC avalia e a OAB fiscaliza os seus inscritos", conclui.

O Exame de Ordem atenta, entre outros, contra o princípio constitucional do livre exercício das profissões,consagrado no art. 5º, XIII. De acordo com esse dispositivo, o profissional já qualificado, pelas instituições de ensino superior, não poderia ser obrigado a submeter-se ao Exame de Ordem da OAB, como condição para a inscrição no Conselho e para o exercício da advocacia. O texto constitucional, ressalte-se, utiliza a expressão qualificações profissionais que a lei estabelecer e não exames estabelecidos em lei. A qualificação profissional, como já foi dito, é feita pelas instituições de ensino jurídico, reconhecidas pelo Poder Público. De acordo com o art. 43 da Lei de Diretrizes de Bases da Educação (Lei 9.394/96), a educação superior tem a finalidade de formar "diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais". Ressalte-se, ainda, que o art. 48 dessa mesma Lei dispõe que "Os diplomas de cursos superiores reconhecidos, quando registrados, terão validade nacional como prova da formação recebida por seu titular".

Não resta dúvida, portanto, de que os bacharéis em Direito não poderiam ser impedidos de exercer a sua profissão, em decorrência da exigência inconstitucional da OAB. O Exame de Ordem, que pretende avaliar as qualificações profissionais dos bacharéis em Direito, é inconstitucional, portanto, porque invade a competência da Universidade, para qualificar, e a do Estado, através do MEC, para avaliar.

Lembra ainda, o nobre Dr. Vinícius Di Cresci, que no dia 02/09/2011 - 15hs - Cinelândia, quando ocorrerá, Grande Manifestação de âmbito nacional, com o apoio que vem sendo costurado com os Profissionais da Educação, Segurança, Saúde, diversos setores da sociedade civil organizada que lutam por questões dignas de trabalho e os bacharéis e advogados contrários ao exame de "aferição" aplicado pela OAB e as altas anuidades cobradas dos profissionais e estudantes, a sociedade passará a prestar melhor atenção nas atitudes arbitrárias de determinados seguimentos e instituições que abusam da passividade da maior parte da população e da omissão e descaso por parte do Estado.

"Os direitos do povo são mais importantes do que os lucros dos legisladores, dos governantes, dos políticos, dos juízes e dos advogados. São mais importantes, também, do que qualquer interesse corporativo. O Governo, as Casas Legislativas, os Tribunais e a própria Ordem dos Advogados do Brasil existem, na verdade, apenas para servir o povo, e não para atender aos interesses egoístas de qualquer minoria privilegiada".

Capanema diz não ententer como o governo chancela um curso, outorga o grau de bacharel e que ele ainda tenha que passar por um último teste, último desafio.

Quem é o Desembargador Capanema?

Foi Membro Efetivo do Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro;
Foi Membro Efetivo do Conselho da Magistratura do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro;
Professor Titular de Direito Civil da Faculdade Cândido Mendes;
Professor Titular de Pós-Graduação em Direito Civil da Universidade Estácio de Sá;
Professor Titular de Direito Civil da Escola de Magistratura do Rio de Janeiro;Co-Autor do Projeto de Lei da Atual Lei do Inquilinato (Lei 8245/91);
Exerceu, de 1970 a 1994 o cargo de Consultor Jurídico da Associação dos Proprietários de Imóveis do Rio de Janeiro e da Confederação das Associações de Proprietários de Imóveis do Brasil;
Fundador, 1º Presidente e hoje Presidente de Honra da Associação dos Advogados do Direito Imobiliário - ABAMI;
Sócio Honorário da ABADI;
Foi agraciado com a Medalha JK, conferida pelo CONFECI e CRECI-RJ;
Portador, dntre Outras, das Medalhas do Mérito Judiciário, do Mérito Militar, do Mérito da Justiça Eleitoral, do Mérito da Justiça do Trabalho, do Pacificador, Medalha Tiradentes, da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro e Pedro Ernesto, da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro;
Obras Publicadas: A Lei do Inquilinato Comentada; Comentários à Lei do Inquilinato, Da Ação de Despejo, Curso de Direito Civil, Da Locação do Imóvel Urbano - Direito e Processo, Comentários ao Novo Código Civil - Vol. VIII - Ed. Forense.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Música!... A Linguagem da Vida!...



Linda!...
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE CLÍNICA MÉDICA
DISCIPLINA DE INICIAÇÃO AO EXAME CLÍNICO PROFESSOR ROBERTO HENRIQUE HEINISCH


PROPEDÊUTICA CARDIOVASCULAR

Módulo I : .

DOR TORÁCICA e PALPITAÇÕES

A dor é uma sensação desagradável, e portanto consciente e afetivamente negativa, resultante de lesão dos tecidos por agressões físicas, químicas ou biológicas em qualquer parte do organismo, ou partindo das zonas de conscientização, através de influência psicógena.

"Dor é uma desagradável experiência sensorial e emocional associada a uma lesão tecidual já existente ou potencial, ou relatada como se uma lesão existisse. (Associação Internacional para o Estudo da Dor, 1974)

A maneira de sentir dor e o modo de expressá-la variam de indivíduo para indivíduo, de um povo para outro, conforme a época e as circunstâncias; varia, também, em função das condições psicológicas e ambientais existentes em dado momento. As circunstâncias em que ocorre o episódio capaz de provocar dor são importantes. Em um campo de batalha, no fragor da luta, no desenrolar de um jogo ou em um momento de pânico, o indivíduo pode tornar-se totalmente insensível, não sentindo qualquer dor, mesmo quando sofre as mais graves lesões. A maneira de expressar a sensação dolorosa varia amplamente. Alguns pacientes, às vezes, nem usam a palavra "dor"; dizem "desconforto", "ruindade", "mal-estar" ou expressões semelhantes. Outros sempre acompanham a informação com superlativos e adjetivos, tais como: "dor forte demais", "dor de matar". Há os que fazem acompanhar a queixa dolorosa de grande encenação. Mas, em contrapartida, existem certas pessoas que, nas situações mais dramáticas, sofrendo as dores mais intensas, expressas na própria fisionomia, restringem-se a um relato que mal permite ao médico saber da existência de sensação dolorosa.

ANÁLISE SISTEMÁTICA DA DOR

Na análise da dor, as seguintes perguntas deveriam ser respondidas :

1. LOCALIZAÇÃO ? IRRADIAÇÃO ? DOR REFERIDA

2. INTENSIDADE

3. QUALIDADE

4. DURAÇÃO

5. FREQÜÊNCIA

6. ÉPOCA ESPECIAL DE OCORRÊNCIA

7. FATORES DE ALÍVIO

8. FATORES DE AGRAVO

9. SINAIS OU SINTOMAS ASSOCIADOS

DOR TORÁCICA

As causas de dor torácica podem estar na própria parede do tórax, nas pleuras, nos pulmões, no coração, no pericárdio, no vasos, no mediastino, no esôfago, no diafragma e em outros órgãos. A dor precordial ou retroesternal pode ter origem no coração ou na pleura, esôfago, aorta, mediastino, estômago e na própria parede torácica. A dor relacionada ao coração e à aorta compreende a dor da isquemia miocárdica, a dor pericárdica e a dor aórtica. Os brônquios intrapulmonares, o parênquima dos pulmões e as pleuras viscerais são insensíveis à dor.

A localização torácica de dois órgãos vitais - o coração e os pulmões - capazes de produzir dor é a razão de tanta preocupação com a dores torácicas. No coração se originam dores isquêmicas (a angina do peito e a dor do infarto) e nos pulmões se sediam doenças temidas: a [tuberculose]e o [câncer brônquico], que para o leigo enganosamente sempre produziriam dores torácicas.

A dor precordial de origem coronariana ou pericárdica se processa pela estimulação dos nervos (vasa-nervorum) justa-capilares na circulação coronariana com a inflamação química de corrente do transtorno metabólico da fibras cardíacas, ou por inflamação do pericárdio, e o comprometimento dos respectivos nervos que correspondem à C2,C3,C4,C5,C6, e à T2 até T6. As dores, não viscerais, do tegumento por fibrosite local, ou por irradiação das dores cérvico-braquiais ou de "peso"ou "mal-estar"ou "pontadas" precordiais, todas de extensão reduzida de uma ou duas polpas digitais, são dores superficiais, bem localizadas, e pioram com a compressão local ou com os movimentos da nuca, dos ombros, ou dos membros superiores. Tão freqüentes quanto essas dores não viscerais, são as dores em peso ou mal-estar precordial, geralmente acompanhadas de palpitações e que caracterizam, ao lado da ansiedade e da "crise de angústia", a sua origem exclusivamente psicógena.

A. A dor de origem isquêmica é devido à hipóxia celular. Toda vez que há desequilíbrio entre a oferta e o consumo de oxigênio, ocorre estimulação das terminações nervosas da adventícia das artérias e do próprio miocárdio por substâncias químicas liberadas durante a contração. A causa mais comum de isquemia miocárdica é a aterosclerose coronária e suas complicações, principalmente espasmo e trombose, assumindo características clínicas especiais na angina do peito e no[infarto do miocárdio]. Outra causa importante é a [estenose aórtica]. i. A localização típica da dor da isquemia miocárdica é a retroesternal, podendo situar-se à esquerda ou mais raramente à direita da linha esternal. Em certo número de pacientes a localização é atípica : epigástrio, dorso, mandíbula, pescoço. A irradiação da dor guarda estreita relação com sua intensidade. A dor isquêmica pode ter diversas irradiações: para os pavilhões auriculares, maxilar inferior, nuca, região cervical, membros superiores, ombros, região epigástrica e região interescapulovertebral. Contudo, a irradiação mais típica é para a face interna do braço esquerdo. ii. A intensidade da dor varia de acordo com muitos fatores, entre eles o grau de comprometimento miocárdico, podendo ser classificada em leve, moderada e intensa. Lembrar-se de que a sensibilidade do paciente tem influência preponderante. Na graduação da dor pode-se usar o seguinte critério: Dor leve quando o paciente a sente mas não se fixa nela, relatando-a como uma sensação de peso ou desconforto, relativamente bem tolerada. Dor moderada quando o paciente a sente bastante incomodado, agravando mais ainda com os exercícios físicos. Dor intensa é aquela que aflige grande sofrimento, obrigando-o a ficar o mais quieto possível, porque ele descobre que a dor piora com quaisquer movimentos ou pequenos esforços. Nestes casos acompanha-se de sudorese, palidez, angústia e sensação de morte iminente. iii. O caráter ou qualidade da dor da isquemia miocárdica quase sempre é constritiva, dando ao paciente a sensação de que alguma coisa aperta ou comprime a região retroesternal. Alguns pacientes relatam uma sensação de aperto na garganta, como se estivessem sendo estrangulados. Tal sensação pode ser percebida nas áreas de irradiação da dor, como, por exemplo, impressão de aperto, como o de um bracelete muito justo no braço. Mais raramente, a dor isquêmica pode adquirir o caráter de queimação, ardência, formigamento ou facada. Nestes casos também se fala em dor atípica, cuja análise precisa ser mais rigorosa para não se incorrer em erro. iv. A duração da dor é importante para sua avaliação clínica : na angina do peito clássica a dor tem duração curta, em geral de 2 a 3 minutos, raramente ultrapassando 10 minutos. Na angina instável a dor é mais prolongada, chegando a durar 20 minutos e no [Infarto Agudo do Miocárdio], em função do aparecimento de alterações necróticas, a dor dura mais de 20 minutos, podendo perdurar várias horas. v. Fatores que agravam e aliviam. A dor da angina do peito típica ocorre na maioria dos casos após esforço físico, mas pode ser desencadeada por todas as condições que aumentam o trabalho cardíaco, tais como emoções, taquicardia, frio, refeição copiosa. No [infarto do miocárdio], contudo, a dor se inicia habitualmente quando o paciente está em repouso. O alívio da dor pela interrupção do esforço é uma das características fundamentais da angina do peito clássica. O efeito dos vasodilatadores coronários precisa ser corretamente analisado, sendo importante avaliar o tempo gasto para desaparecimento da dor pelo uso de nitrato por via sublingual, pois na angina do peito a dor desaparece 3 ou 4 minutos após; se levar mais tempo (5 ou 10 minutos), provavelmente não se trata de angina clássica, podendo ser a forma instável da angina. A dor do infarto persiste ou melhora muito pouco com os nitratos. vi. Sintomas concomitantes: Alguns pacientes com dor epigástrica ou retroesternal decorrente de enfermidades esofagianas, gastrintestinais, ou com ansiedade, encontram certo alívio após eructação ou eliminação de gases. Precordialgia intensa, acompanhada de náuseas, vômitos e sudorese, sugere infarto do miocárdio. Dor precordial durante crise de palpitações pode decorrer de taquiarritmia que provo uma isquemia miocárdica relativa. Dor que se agrava com a tosse pode ser provocada por pericardite, pleurite, ou compressão de raiz nervosa. Dor torácica que surge com as mudanças de decúbito ou movimentos do pescoço e do tórax e que se origina na coluna cervical ou dorsal.

B. A dor de origem pericárdica : O mecanismo provável da dor da [pericardite] é o atrito entre os folhetos do pericárdio com estimulação das terminações nervosas ou uma grande e rápida distensão do saco pericádico por líquido. É provável que a irritação das estruturas vizinhas --- pleura mediastinal, por exemplo --- também participe do mecanismo da dor pericárdica. i) tem localização retroesternal, podendo apresentar referência para as regiões supraclavicular, cervical bilateral e ombro, especialmente à esquerda. ii) é dolente. iii) A inspiração profunda, a tosse e, muito caracteristicamente, a rotação do tronco e a deglutição precipitam a dor de origem pericárdica, a qual tipicamente é aliviada pela inclinação anterior do tronco, na assim chamada posição de prece maometana. A inalteração dessa dor pelo exercício é um dado negativo de significação diagnóstica.

C. A dor de origem aórtica : Os [aneurismas da aorta]geralmente não provocam dor, mas o [aneurisma dissecante]é a separação brusca das camadas da parede arterial, particularmente da adventícia, com súbita distensão das terminações nervosas aí situadas, que estimula intensamente as fibras do plexo aórtico) determina quadro doloroso importante. i. localização retroesternal ou face anterior do tórax, com irradiação para o pescoço, região interescapular e ombros; ii. com início súbito e grande intensidade; iii. tipo lancinante; iv. durante a crise dolorosa o paciente fica inquieto --- deita-se, levanta-se, revira na cama, adota posturas estranhas, comprime o tórax contra a cama ou a parede, tentando obter alívio.

D. A dor de origem psicogênica : A dor de origem psicogênica aparece em indivíduos com ansiedade e/ou depressão, podendo fazer parte da síndrome da astenia neurocirculatória. i) A dor limita-se à região mamilar, ao nível do ictus cordis, costuma ser surda, persiste por horas ou semanas e acentua-se quando o paciente tem contrariedades ou emoções desagradáveis. ii) Não está relacionada aos exercícios e pode ser acompanhada de hiperestesia do precórdio. Além da dor, o paciente se queixa de palpitações, dispnéia suspirosa, dormências, astenia, instabilidade emocional e depressão. A dor pode desaparecer com o exercício físico, analgésicos, tranqüilizantes e placebos. Em alguns casos torna-se difícil diferenciar a dor precordial isquêmica da dor psicogênica. O conhecimento de lesão cardíaca ou o simples medo de doença do coração pode desencadear profundas alterações na mente de qualquer um de nós, pois, mais do que o comprometimento anatômico do órgão central da circulação, o que nossa mente passa a alimentar é o receio, mais em nível inconsciente, de comprometimento da fonte de nossa vida afetiva. O médico que sabe levar em conta estes aspectos psicológicos e culturais compreende melhor seus pacientes e pode exercer uma medicina de melhor qualidade.

Referências bibliográficas:

Porto, Celmo Celeno. Exame Clínico. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1992. Páginas 51-56,75 e 76. Harvey. Diagnóstico diferencial - interpretação da evidência clínica. Rio de Janeiro: Interamericana, 3a. edição. páginas 83-91.

Ramos Jr, José. Semiotécnica da observação clínica. São Paulo: Sarvier, 1980. páginas 14-16.

Porto, Nelson. Dor torácica. In: Silva, LCC. Compêndio de pneumologia. São Paulo: Fundo Editorial BYK, 1991. capítulo 13, páginas 134 - 139.

II. PALPITAÇÕES

Palpitações podem ser definidas como a percepção incômoda dos batimentos cardíacos. São relatadas como "disparos", "batimentos mais fortes", "falhas", "arrancos", "paradas", "tremor no coração", "o coração deixa de bater", "o coração pula", além de outras expressões. As palpitações devem ser analisadas quanto à freqüência, ritmo, horário de aparecimento, modo de instalação e desaparecimento, isto é, se têm início e término súbitos. Convém indagar, também, quanto ao uso de chá, coca-cola, café, bebida alcoólica, cigarros e medicamentos. Há três tipos principais de palpitações - as palpitações de esforço, as que traduzem alterações do ritmo cardíaco e as que acompanham os distúrbios emocionais. As palpitações de esforço surgem durante a execução de esforços físicos e desaparecem com o repouso. Nos pacientes com cardiopatia têm o mesmo significado da dispnéia de esforço, sendo comum ocorrerem simultaneamente. As palpitações decorrentes de alterações no ritmo cardíaco são descritas pelos pacientes com expressões ou comparações que permitem ao médico presumir até o tipo de [arritmia]. Assim, o relato de "falhas" e "arrancos" indica quase sempre a ocorrência de [extra-sístoles]. É provável que o paciente perceba mais os batimentos pós-extra-sistólicos do que as contrações prematuras. De outro modo, a sensação de que o coração "deixa de bater" corresponde mais às pausa compensadoras. Quando as palpitações têm início e fim súbitos, costumam ser indicativas de taquicardia paroxística, enquanto as que têm início súbito e fim gradual sugerem taquicardia sinusal ou estado de [ansiedade]. O relato de taquicardia com batimentos irregulares pode levantar a suspeita de [fibrilação atrial]. As palpitações constituem queixa comum dos pacientes com transtornos emocionais, podendo fazer parte, de síndromes psíquicas, cuja origem reside nas agressões emocionais sofridas nos primeiros anos de vida (castigo, medo, ameaças) ou nas dificuldades e desajustes ocorridos na vida adulta, incluindo carência afetiva, desajuste conjugal, problemas econômicos, insatisfação sexual. Cumpre ressaltar que as palpitações de causa emocional costumam ser desencadeadas por agressões emocionais e, muitas vezes, acompanha-se de sudorese, dormências, além de outros distúrbios neurovegetativos.

Quadro : Principais causas de Palpitações _______________________________________________ Taquicardia [Arritmia] extra-sistólica [Fibrilação atrial] [Hipertensão arterial] [Miocardites] [Cardiomiopatias crônicas] [Insuficiência cardíaca] [Hipertireoidismo] [Anemias] Emoções Esforço físico Cafeísmo (café, chá-mate, coca-cola) Medicamentos (anoxerígenos, simpaticomiméticos, vasodilatadores, uso de drogas ilícitas) Síndrome do pânico Depressão [Ansiedade] ________________________________________________

Roteiro da Entrevista para o paciente com palpitações

1.Quais os sintomas associados com as palpitações ? Dor torácica ? Dispnéia ? Sudorese ? Tontura ? Síncope ?

2.Quais as características das palpitações ? Regulares ? Irregulares ? Rápidas ? Lentas ? No pescoço ? Pancada intermitente no pescoço ? Solicitar ao paciente que coloque a mão sobre o precórdio, ou sobre a mesa e reproduza com os movimentos da mão e dos dedos a cadência das palpitações.

3. O que inicia as palpitações ? Períodos de isolamento social, de solidão ? O esforço físico ? Em repouso ? Substâncias ? Fator precipitante não identificado?

4. O paciente tem distúrbio psiquiátrico ?

5. Qual a freqüência dos episódios ? Raros ? Freqüentes ?

Weitz HH, Weinstock PJ. Approach to the patient with palpitations. Med Clin N Am 1995; 79: 449-56.

Celmo Celeno Porto : Exame Clínico. Guanabara Koogan. Rio de Janeiro, 1992.Pág. 77

Exercícios para o módulo I 1. Citar as características da dor que devem ser procuradas na história clínica. 2. Como graduar a intensidade de uma dor ? 3. Descreva o sinal de Levine. 4. Citar fatores que agravam a angina do peito. 5. De que modo a duração da dor distingue angina do peito, angina instável e infarto agudo do miocárdio. 6. Descreva um fator de alívio de uma dor de origem pericárdica. 7. Cite duas causas de dor de origem aórtica. 8. Cite três características que devem ser questionadas a um paciente com palpitações. 9. Descreva dois tipos de palpitações por alteração do ritmo cardíaco. 10. Citar cinco causas de palpitações.

[.............] Glossário médico: Anemia : é uma síndrome clínica que se caracteriza pela redução, em relação aos valores normais, de forma isolada ou em conjunto, do número de hemácias, hemoglobina ou hematócrito. Aneurisma de aorta : dilatação da artéria aorta. Angina do peito: é um desconforto no tórax e/ ou área adjacente associado com isquemia miocárdica, sem necrose miocárdica Ansiedade : quando patológica, é uma reação de medo irracional, extremamente dolorosa, que não tem proporcionalidade lógica entre causa e efeito, fundamentando-se em sua totalidade na expectativa vaga de um perigo imaginário para o próprio indivíduo e/ ou sua própria espécie. Arritmia : é a alteração do ritmo cardíaco. Câncer brônquico : é uma neoplasia pulmonar primária que se desenvolve sobre as vias aéreas. Cardiomiopatias : Cardiomiopatias são definidas como doenças do miocárdio associadas com disfunção cardíaca. Cólica biliar : dor abdominal, tipo cólica, decorrente de doença nas vias biliares (mais freqüentemente: litíase). Cólica renal (cólica renoureteral): dor abdominal, tipo cólica, decorrente de doença no sistema urinário ( mais freqüentemente: litíase). Dissecção da aorta (Aneurisma dissecante): separação brusca dos folhetos da artéria aorta, geralmente a íntima da média, por sangue, oriundo da luz arterial, através de uma lesão na camada íntima. Estenose aórtica : é a obstrução do fluxo sangüíneo ao nível da via de saída do ventrículo esquerdo, por estreitamento da valva aórtica ou por alterações supra e infravalvares. Extra-sístoles : batimento cardíaco anormal, originado em foco ectópico, geralmente prematuro e com pausa pós sistólica. Fibrilação atrial : distúrbio do ritmo cardíaco, originado em vários focos no tecido atrial, gerando um ritmo cardíaco irregular. Hipertensão arterial: aumento dos valores da pressão arterial. Hipertireoidismo : é a formação e excreção aumentada do hormônio tireoideano, da glândula tireóide. Infarto agudo do miocárdio (infarto do miocárdio, ataque cardíaco, infarto): forma clínica da insuficiência coronariana aonde se observa necrose irreversível do músculo cardíaco em decorrência da interrupção do suprimento sanguíneo. O miocárdio é vascularizado pelas artérias coronárias. No infarto do miocárdio as artérias coronárias estão obstruídas por um trombo intraluminal. Insuficiência cardíaca : condição na qual o coração não fornece suprimento sangüíneo adequado que atenda as necessidades metabólicas do organismo. Miocardites : é uma doença inflamatória do miocárdio e é diagnosticada por critérios histológicos, imunológicos e imunohistoquímicos. Pericardite : forma clínica de doença do pericárdio acometido por processo inflamatório. Tuberculose : doença infecciosa, causada por bactéria do gênero Micobacterium, com alterações patológicas em vários órgãos, mas mais freqüentemente no pulmão. TABELA I :

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE DOR TORÁCICA EPISÓDICA

Diagnóstico, Duração, Qualidade, Fator de agravo, Fator de alívio, Localização, Comentário

Angina de esforço 5-15 min visceral, pressão esforço, emoção repouso, nitrato subesternal primeiro episódio nítido

Angina de repouso 5-15 min visceral, pressão espontânea nitrato subesternal frequentemente noturna

Prolapso valva mitral min a horas superficial espontânea tempo anterior esq. caráter variável

Refluxo esofageano 10 min a 1 h visceral postura pós alimentar alimento, antiácido subesternal raramente irradia

Espasmo esofageano 5-60 min visceral líquidos gelados, exercício nitrato subesternal mimetiza angina

Úlcera péptica horas visceral, queimação Jejum, alimentos ácidos alimento, antiácido epigástrica

Doença biliar horas visceral, cólica espontânea, alimentos tempo, analgésico epigástrica tipo cólica

Hérnia de disco cervical variável superficial movimento da cabeça tempo, analgesia braço, pescoço não alivia com o repouso

Hiperventilação 2-3 min visceral emoção, taquipnéia retirada do estímulo subesternal parestesia facial

Musculoesquelética variável superficial movimento, palpação tempo, analgesia múltipla sensibilidade aumentada

Pulmonar 30 min visceral, pressão espontânea repouso, tempo subesternal dispnêico

Reproduzido de Braunwald, E. The history. In: Braunwald, E Heart Disease. Philadelphia: WB Saunders Company, 1997. Chapter 1, p. 1-14.

TABELA I : DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE DOR TORÁCICA EPISÓDICA

Diagnóstico, Duração, Qualidade, Fator de agravo, Fator de alívio ,Localização, Comentário

Angina de esforço 5-15 min visceral, pressão esforço, emoção repouso, nitrato subesternal primeiro episódio nítido

Angina de repouso 5-15 min visceral, pressão espontânea nitrato subesternal frequentemente noturna

Prolapso valva mitral min a horas superficial espontânea tempo anterior esq. caráter variável

Refluxo esofageano 10 min a 1 h visceral postura pós alimentar alimento, antiácido subesternal raramente irradia

Espasmo esofageano 5-60 min visceral líquidos gelados, exercício nitrato subesternal mimetiza angina

Úlcera péptica horas visceral, queimação Jejum, alimentos ácidos alimento, antiácido epigástrica

Doença biliar horas visceral, cólica espontânea, alimentos tempo, analgésico epigástrica tipo cólica

Hérnia de disco cervical variável superficial movimento da cabeça tempo, analgesia braço, pescoço não alivia com o repouso

Hiperventilação 2-3 min visceral emoção, taquipnéia retirada do estímulo subesternal parestesia facial

Musculoesquelética variável superficial movimento, palpação tempo, analgesia múltipla sensibilidade aumentada

Pulmonar 30 min visceral, pressão espontânea repouso, tempo subesternal dispnêico

Reproduzido de Braunwald, E. The history. In: Braunwald, E Heart Disease. Philadelphia: WB Saunders Company, 1997. Chapter 1, p. 1-14.


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