terça-feira, 24 de setembro de 2013

Hemodiálise do HC fechada para reforma

Conteúdo extra:Galeria de fotos



O POPULAR (GO)
Pacientes serão encaminhados para outros serviços credenciados pela Secretaria Municipal de Saúde
O serviço de hemodiálise do Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Goiás (UFG) será temporariamente suspenso para que as instalações sejam reformadas. A unidade atende 102 doentes renais crônicos, que serão encaminhados para outros serviços credenciados pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), gestora do sistema de saúde em Goiânia. A data do início da reforma dependerá da transferência dos pacientes para outros serviços. A reforma está orçada em R$ 12 mil e será feita com recursos próprios do hospital.
O trabalho inclui a substituição do reservatório de água, ajuste das bombas elétricas e troca do termostato e do piso do local onde fica o tanque. A desativação provisória do serviço preocupa o representante de Goiás na Federação das Associações de Renais Crônicos e Transplantados do Brasil, Wanderly Mendes de Souza. Segundo ele, o problema está no cumprimento do cronograma de obras.
O diretor-geral do HC, José Abel Ximenes, acredita que a reforma dure cerca de uma semana. Conforme explica, o novo tanque já está no hospital. Para instalá-lo, diz, será preciso derrubar parte de uma parede para a passagem do reservatório. Com a reforma, afirma, espera-se eliminar qualquer risco de contaminação da água, a exemplo do que ocorreu em agosto, quando pelo menos oito pacientes passaram mal após fazer a hemodiálise no local. Segundo o diretor do HC , a água foi contaminada devido a uma falha no automático do tanque, que controla o nível da água, o que já foi resolvido.
Transferência
A diretoria do HC está fazendo contato com o Hospital Geral de Goiânia (HGG), que está montando o serviço de hemodiálise, para saber se a unidade pode receber os pacientes. José Abel Ximenes afirma que já foi feito contato com o secretário estadual de Saúde, Fernando Cupertino, que acredita que o serviço do HGG estará apto a funcionar ainda esta semana.
O diretor-técnico do HGG, Luciano Leão Bernardino da Costa, explica que o hospital adquiriu os insumos e equipamentos necessários para o serviço de hemodiálise, restando apenas solucionar um problema de condutividade aumentada na água. Uma nova análise da água será feita na quinta-feira para verificar a situação.
Hoje, será realizada uma reunião no serviço de hemodiálise do HC para discutir a transferência dos pacientes. O hospital fará um levantamento das vagas de hemodiálise para verificar quais serviços podem atender os pacientes do HC, caso o HGG não possa absorver toda a demanda. A hemodiálise do HC conta com 16 máquinas e três turnos de tratamento.
Wanderly Mendes de Souza afirma que não foi registrado nenhum caso recente de problemas com a hemodiálise do HC, além dos divulgados pela imprensa. O serviço está funcionando normalmente. Ele pondera que a preocupação dos pacientes é com a possibilidade de atraso na reforma que, na sua opinião, não será possível ser finalizada em uma semana. Wanderly também questiona o fato do HC não ter consultado os pacientes sobre a transferência da hemodiálise para outras unidades de saúde. No domingo, a Federação das Associações dos Renais Crônicos em uma reunião no domingo fará uma reunião para discutir a reforma.
Segundo a assessoria de imprensa da SMS, duas clínicas, com capacidade para atender 120 pacientes na hemodiálise, estão sendo credenciadas para o serviço. De acordo com a secretaria, o encaminhamento dos pacientes da hemodiálise do HC será feito pela central de vagas do órgão, que comunicará ao hospital o destino dos pacientes para que estes sejam avisados. A assessoria lembra ainda que, caso a hemodiálise do HGG esteja apta a funcionar, a unidade tem prioridade no recebimento dos pacientes do HC por se tratar de hospital público.

Tragédia da hemodiálise

Era fevereiro de 1996. Explodiam na vida real e no noticiário da mídia os fatos que ficaram conhecidos como "a tragédia da hemodiálise", que deixou mais de 100 pacientes intoxicados em Caruaru, contaminados pela água utilizada em sessões de filtragem de sangue, por efeito da microcistina. Muitos morreram. Houve um conjunto de fatores negativos no caso, em que se misturam negligência, má-fé, despreparo, incompetência, desonestidade, omissão de socorro, entre outros. Depois de algum tempo sob holofotes da imprensa, o caso caiu no esquecimento, deixando os responsáveis pela tragédia tranqüilos.


Para quebrar esse olvido e tentar retomar o estabelecimento de responsabilidades, o Jornal do Commercio iniciou uma série de reportagens, que prosseguem e estão trazendo novamente à discussão fatos, pretensas explicações, omissões. A apuração foi tão negligente e incompetente que, até hoje, ignora-se até o número exato de vítimas fatais e quantos conseguiram escapar à tragédia. Seriam 50, 40 ou apenas 15 os sobreviventes? As autoridades da área de Saúde Pública não sabem informar com exatidão. Nossa repórter Veronica Almeida está levantando dados que esclareçam a respeito.


Como se serviços de saúde constituíssem apenas um negócio, como outro qualquer, e não uma questão vital, o Estado omitiu-se, e não houve indenizações nem condenações. Isso não é aceitável. Os responsáveis pelas clínicas de hemodiálise IDR e Inuc denunciados pelo Ministério Público foram absolvidos pela Justiça em 2002, e podem continuar com seus negócios na área de saúde. O processo ético aberto no Conselho Regional de Medicina contra os médicos Bráulio Coelho e Antônio Bezerra foi arquivado. A única atitude positiva que o poder público tomou, nestes dez anos, foi instalar em Caruaru o Centro Regional de Hemodiálise do Agreste, do Estado, após o fechamento das clínicas responsáveis pelas intoxicações e pelos óbitos.


Fora o atendimento público, os sobreviventes que se conhecem recebem tratamento de máquinas mais modernas de hemodiálise, com água controlada, mas não contam com benefícios garantidos por lei como transporte gratuito para quem mora fora da cidade e também medicamentos de graça. A hemodiálise é um tratamento muito dispendioso e consome muito dinheiro do SUS. Daí que o poder público esteja procurando montar um esquema de prevenção de males renais. Concomitantemente, as autoridades da área de saúde estão exigindo das clínicas especializadas melhor qualidade da água empregada na hemodiálise. Aqui em Pernambuco, a partir de março, a Compesa terá que divulgar, nas contas enviadas aos consumidores de água, dados sobre a qualidade do produto fornecido.


Especialistas que trabalharam, por ocasião da tragédia, para desvendar a causa da intoxicação daqueles doentes renais, em 1996, estão novamente em Pernambuco. Os professores Sandra Neiva e Victorino Spinelli (UFPE), Sandra Azevedo (UFRJ) e Wayne Carmichael (Wrigth State University, EUA) pretendem organizar um estudo dos efeitos da microcistina nas pessoas que sobreviveram à contaminação. Um trabalho muito útil, pois poderá definir se a toxina deixou seqüelas no fígado dos pacientes. O estudo vai acumular conhecimentos que podem fundamentar a prevenção de novos casos no futuro.


Tragédias como a da hemodiálise não deveriam acontecer. E elas não ocorrem somente em países menos desenvolvidos. Na civilizada França aconteceu um rumoroso caso de contaminação por Aids, através de transfusão de sangue. A diferença, em relação à tragédia ocorrida em Caruaru há dez anos, é que lá os responsáveis foram julgados e punidos, e rolaram cabeças na administração pública.

SEXUALIDADE EM PACIENTES RENAIS





O que é sexualidade?
Muitas pessoas pensam que a sexualidade se refere somente ao ato sexual. No entanto, neste conceito estão incluídos muitos outros fatores, desde como a pessoa se sente a respeito do seu corpo, até como ela se comunica com outras pessoas e como constrói suas relações. A sexualidade envolve, inclusive, muitas outras atividades sexuais que não estão necessariamente ligadas ao ato sexual, como tocar, abraçar e beijar.

Como a doença renal pode afetar a vida sexual?
A doença renal pode causar alterações físicas e psicológicas que afetam a vida sexual.
Fisicamente, a mudança química que ocorre no corpo do doente renal afeta os hormônios, a circulação, o sistema nervoso e o nível de energia. Essas mudanças geralmente causam uma diminuição no interesse e no desempenho sexual. Muitos medicamentos, usados no tratamento da doença, podem também afetar o funcionamento sexual.
Em razão disso, geralmente, os indivíduos em hemodiálise são sexualmente menos ativos do que as pessoas saudáveis. A atividade sexual requer um nível de energia que poderá faltar ao IRC. Na mulher, o orgasmo poderá ser menos freqüente e o homem terá mais dificuldade em conseguir a ereção.
Por outro lado, o uso de certos medicamentos pode acarretar o ganho de peso, o surgimento de acne e queda de cabelo. Alguns doentes em diálise peritoneal sentem-se embaraçados com o cateter, outros se preocupam com o aumento de gordura na região abdominal, resultado da glicose contida no soro. A mulher pode sentir que a fistula, ou outras cicatrizes, a tornam menos feminina. Todas essas preocupações com a aparência afetam psicologicamente o paciente fazendo com que o ele se sinta pouco atraente e causando, conseqüentemente, uma diminuição do interesse sexual.
Os paciente renais podem também sentir alterações de humor provocadas pelo tratamento e pela medicação. Crises de irritabilidade e depressão pode afetar o relacionamento com o parceiro.

O que pode ser feito em relação a esses problemas?
O problema físico pode ser amenizado de várias maneiras. O homem que não consegue a ereção pode optar por um implante no pênis, que possibilita a ereção e, em alguns casos, pode inclusive melhorar o fluxo de sangue para o pênis. Outra opção pode ser o uso de hormônios masculinos que podem ser injetados ou tomados via oral. Médicos especialistas podem dar informações sobre as vantagens e desvantagens de cada tratamento.
As mulheres podem resolver o problema da falta de lubrificação vaginal, ocasionada pelo baixo nível de hormônios, com o uso de um lubrificante a base de água. A dificuldade em atingir o orgasmo e a falta de energia durante a relação podem ser resolvidas com a ingestão de hormônios e com o uso de medicamentos controladores da pressão arterial, respectivamente. É importante consultar o médico antes de optar pelo tratamento.
Exercícios de relaxamento ajudam a diminuir o estresse, a ansiedade os medos, que são bastante comuns em doentes crônicos. As atividades físicas regulares mantém a mente ocupada e melhoram o condicionamento e o aspecto físico do paciente.

A relação sexual é segura para pacientes renais?
Sim. Pacientes renais e seus parceiros preocupam-se pensando que a atividade sexual pode ser perigosa para pacientes em diálise ou pacientes transplantados. No entanto, nenhuma limitação precisa ser estabelecida para as relações sexuais em pacientes renais. Se a atividade sexual não causar incômodo ou tensão, não haverá danos para o paciente.
Após o transplante, é importante esperar a cicatrização do local da cirurgia. Porém, desde que o médico diga que o paciente está pronto para a atividade sexual, não há motivos para preocupação com o rim transplantado.
O medo pode fazer com que as pessoas evitem a atividade sexual desnecessariamente. Como em qualquer atividade física o paciente pode fazer sua própria avaliação, ouvir seu corpo e conversar com seu médico para decidir que tipo de atividade pode ser prejudicial a sua saúde
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Pessoas em tratamento dialítico podem ter filhos?
Geralmente as mulheres em diálise não podem engravidar, pois o tratamento altera o ciclo menstrual. Mas, algumas mulheres continuam a ter o ciclo menstrual normal e têm, portanto, a possibilidade de engravidar. No entanto, os riscos que envolvem a mãe e o índice elevado de abortos espontâneos, indicam que devem ser aconselhadas medidas de prevenção para impedir a gravidez.
Os homens em diálise mantêm a fertilidade e, se forem sexualmente ativos, há sempre a possibilidade de a companheira engravidar. Porém, se o casal estiver tentando, sem sucesso, ter um filho, é necessário procurar ajuda médica. Em alguns casos, o homem pode ter que fazer periodicamente exames de fertilidade.

É mais fácil para uma paciente transplantada engravidar do que para uma paciente em diálise?
Sim. A maioria das mulheres retoma normalmente o ciclo menstrual após o transplante e passam a ter uma saúde melhor do que uma paciente em diálise. Por isso, é mais fácil para elas engravidar. No entanto, a gravidez não é recomendada antes que se complete um ano da realização do transplante, mesmo se o rim estiver funcionando bem. Em alguns casos, a gravidez não é recomendada porque representa risco de vida para mãe ou a possibilidade de perda do rim transplantado.

Os medicamentos tomados pelas pacientes transplantadas podem afetar a gravidez?
Os medicamentos anti-rejeição não parecem causar efeitos colaterais negativos na gestação do feto. Logo após o transplante, os pacientes recebem alta dose desses medicamentos, porém desde que os medicamentos são reduzidos ao nível de manutenção, eles não parecem causar efeitos negativos no desenvolvimento do bebê.
No entanto, em longo prazo, esses efeitos ainda são desconhecidos. A paciente transplantada que quiser engravidar deve discutir a possibilidade com seu médico.

Quais métodos anticoncepcionais são recomendados para pacientes renais?
Geralmente, mulheres que sofrem de hipertensão arterial não podem usar pílulas. Pacientes transplantadas não devem usar DIU, pois os medicamentos anti-rejeição baixam a defesa do organismo, tornando-as mais propensas a contrair uma infecção do DIU.
O diafragma e a camisinha são bons métodos anticoncepcionais, especialmente quando usados com cremes espermicidas. No entanto, é importante consultar um médico, que pode recomendar o tipo de anticoncepcional para ser usado em cada caso.

A doença renal pode afetar o desenvolvimento sexual de uma criança?
Depende da idade que a criança tenha quando ocorre a insuficiência renal. Crianças com IRC são geralmente menores que outras crianças da mesma idade e seu desenvolvimento sexual é mais lento. Crianças que fazem diálise provavelmente crescerão menos e se desenvolverão mais lentamente do que uma criança transplantada.
Se um adolescente tem IRC, seu desenvolvimento sexual pode tornar-se mais lento ou parar. As mudanças, causadas tanto pela doença quanto pelo tratamento, podem fazer com que o adolescente se sinta diferente de seus amigos. Nesses casos, os pais devem levar essas preocupações ao médico.
Pais de crianças ou adolescentes com IRC devem lutar contra o impulso de proteger seus filhos da dor do crescimento. Auto-estima, independência e identidade sexual são importantes para o adolescente. Os pais precisam conversar abertamente com seus filhos sobre as alterações físicas, emocionais e sexuais que acontecem nesse período.
Dr. M.C. Riella
Médico Nefrologista - CRM 2370 PR

"Eu defendo a tortura" - Entrevista: Jair Bolsonaro

Entrevista: Jair Bolsonaro

"Eu defendo a tortura"

O deputado que defende fuzilamento de FHC ficou 28 anos sem falar com o pai alcoólatra


Cláudia Carneiro

Foto: Roberto Jayme
Entre os companheiros de quartel no Rio de Janeiro, o capitão reservista do Exército Jair Messias Bolsonaro era conhecido como "cavalão". Seu porte atlético, em 1,86 metro de altura e 75 quilos, desenvolvido nos exercícios da Escola de Educação Física do Exército, garantiu-lhe o título de pentatleta das Forças Armadas. Mas foi a língua solta que o ajudou a ganhar fama nacional, quando começou a questionar governos, há mais de uma década, para defender a corporação à qual pertenceu. Nas últimas semanas, manteve o hábito de causar polêmica ao propor o fuzilamento do presidente Fernando Henrique Cardoso. No terceiro mandato federal, eleito com 103 mil votos, o deputado Jair Bolsonaro (PPB-RJ), 44 anos, abre fogo contra colegas da Câmara dos Deputados que combateram a ditadura militar, defende a tortura, a censura e a pena de morte e não se arrepende de ter pregado o fuzilamento do presidente. Pai de três filhos adolescentes com a primeira mulher, Rogéria Bolsonaro, e de um bebê com a segunda, Cristina, 32 anos, Bolsonaro revela em entrevista a Gente que sonha disputar a Prefeitura do Rio de Janeiro. "Mas eu não estou preocupado em ser prefeito. Eu quero é espaço."
Teme algum dia ser cassado por suas declarações?
Não. Se um soldado está na guerra e tem medo de morrer, é um covarde. Se eu fosse cassado, seria o parlamentar cortando seu próprio direito de opinião, palavra e voto. Tenho poucos inimigos dentro da Câmara.

Ainda acha que o presidente deveria ser fuzilado?
Eu não errei em falar isso naquele local, naquela oportunidade e naquele momento. E acho que tenho o direito de falar. Eu não xinguei o presidente, nem disse que ele não conhece o pai dele. Acho que o fuzilamento é uma coisa até honrosa para certas pessoas.

Isso não é incitação ao crime?
Se eu estivesse conspirando, não falaria isso. Não é difícil matar o presidente. Só tem que ter coragem. O esquema de segurança dele é falho. Por exemplo, tenho uma casa no litoral em Mambucabinha, próxima do local onde ele passeia quando vai a Angra dos Reis. Sou primeiro lugar no curso de mergulho do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro. Bastava planejar. E as chances de sucesso de se cumprir a missão são grandes. Não é difícil eliminar uma autoridade no País. Isso até serve para alertar o presidente.

Como isso seria feito?
Tudo depende de planejamento. Pode-se pegar uma arma com mira e matar o presidente em Brasília. Com uma besta (espécie de arco e flecha) dá para eliminar uma pessoa a 200 metros. Até com um canivete dá para chegar no cangote do presidente. Mas quero deixar claro que não estou incitando ninguém a fazer. E não tenho nenhum plano para eliminar o presidente. Eu não partiria para uma missão suicida.

O senhor fuzilou alguém?
Não. Eu já saquei arma uma vez. Estava indo a pé para o quartel, no Rio, por volta da meia-noite, e vi que estava sendo perseguido. O elemento então saiu correndo. Devia ser um ladrão barato.

Seus colegas de Congresso o consideram uma pessoa truculenta. Como o senhor é em casa?
Nunca bati na ex-mulher. Mas já tive vontade de fuzilá-la várias vezes. Também nunca dei um tapa num filho. Gosto de chamar para conversar, contar piadas.

O que levou ao fim seu casamento de 19 anos?
Meu primeiro relacionamento despencou depois que elegi a senhora Rogéria Bolsonaro vereadora, em 1992. Ela era uma dona-de-casa. Por minha causa, teve 7 mil votos na eleição. Acertamos um compromisso. Nas questões polêmicas, ela deveria ligar para o meu celular para decidir o voto dela. Mas começou a freqüentar o plenário e passou a ser influenciada pelos outros vereadores.

Não era uma atitude impositiva de sua parte?
Foi um compromisso. Eu a elegi. Ela tinha que seguir minhas idéias. Acho que sempre fui muito paciente e ela não soube respeitar o poder e liberdade que lhe dei. Mas estou muito feliz na minha segunda relação. Vivo muito bem com a Cristina.

O que o senhor acha da legalização do topless?
Não sou contra, não. Desde que seja com a mulher dos outros. Depois que todas as mulheres estiverem usando, aí a minha poderá usar. O fio dental foi um escândalo e hoje é normal. Tudo é evolução.

E sobre a legalização do aborto? 
Tem de ser uma decisão do casal.

O senhor já viveu tal situação?
Já. Passei para a companheira. E a decisão dela foi manter. Está ali, ó. (Bolsonaro aponta para a foto no mural de seu filho mais novo, Jair Renan, de 1 ano e meio, com Cristina.)

O senhor segue alguma religião?
Eu acredito em Deus. Sou católico. Mas é coisa rara ir à Igreja. Eu já li a Bíblia inteirinha, com atenção. Levei uns sete anos para ler. Você tem bons exemplos ali. Está escrito: "A árvore que não der frutos, deve ser cortada e lançada ao fogo". Eu sou favorável à pena de morte.

Pena de morte é a solução?
Acho que um elemento que pratica um crime premeditado não pode ter direitos humanos. O José Gregori (secretário nacional dos Direitos Humanos) fala em indenizar os familiares dos 111 mortos no Carandiru. E ele não dá uma palavra às viúvas e órfãos que os 111 fizeram em sua vida de marginalidade.

A polícia agiu corretamente no Carandiru? 
Continuo achando que perdeu-se a oportunidade de matar mil lá dentro. Pena de morte deve ser aplicada para qualquer crime premeditado.

Isto inclui tráfico de droga?
Aí é outra história, aí eu defendo a tortura. A pena de morte vai inibir o crime. Nunca vi alguém executado na cadeira elétrica voltar a matar alguém. É um a menos.

Em que outras situações o senhor defende a tortura?
Um traficante que age nas ruas contra nossos filhos tem que ser colocado no pau-de-arara imediatamente. Não tem direitos humanos nesse caso. É pau-de-arara, porrada. Para seqüestrador, a mesma coisa. O objetivo é fazer o cara abrir a boca. O cara tem que ser arrebentado para abrir o bico.

E a tortura praticada pela ditadura militar? 
Admito que houve alguns abusos do regime militar, mas a tortura não foi em cima de um simples preso político. Aquelas pessoas estavam armadas e matavam. Só na Guerrilha do Araguaia perdemos 16 militares.

O senhor disse que o deputado José Genoino (PT-SP) era mentiroso e delatou seus companheiros da Guerrilha do Araguaia. O senhor tem provas?
Tenho informações seguras. Eu tenho orgulho de dizer que não fui um Genoino da vida, um deputado mariposa. O Genoino fala que pegou em armas por dois anos. O que ele fez nesses dois anos? Assaltou bancos, seqüestrou? Quantos ele matou?

O que pensa sobre a união civil entre pessoas do mesmo sexo?
Eu sou contra. Não posso admitir abrir a porta do meu apartamento e topar com um casal gay se despedindo com beijo na boca, e meu filho assistindo a isso.

Tem algum homossexual na família?
Graças a Deus, não. Eu desconheço. Se tivesse, nem quero pensar.

E como o senhor trata da liberação sexual com seus filhos?
Certas coisas não se pode ser contra ou a favor. Prefiro que um filho meu leve uma namoradinha para dentro de minha casa, num dia que eu não esteja lá, do que ele ser rendido na rua e assassinado dentro de um carro.

Como foi que o senhor perdeu a virgindade?
Com 17 anos de idade. Meio tarde, né? Meus filhos vão pegar no meu pé por causa disso. Eu estava na Escola Preparatória de Cadetes do Exército, em Campinas. Ninguém tinha dinheiro. Juntávamos uns 20 alunos, fazíamos um sorteio, íamos para o baixo meretrício e os cinco sorteados faziam fila com a mesma mulher.

Seu pai era agressivo em casa?
Eu não conversava com ele (Percy Geraldo Bolsonaro, morto em 1995) até os 28 anos de idade. Ele bebia descaradamente e brigava muito em casa, com minha mãe e os filhos. Mas nunca bateu em filho. Um dia constatei que não iria mudá-lo. Resolvi pagar uma pinga para ele. Nos tornamos grandes amigos.

Por que decidiu ser militar?
Por causa do Lamarca. Eu tinha 15 anos de idade, usava cabelo com gumex, calça boca-de-sino, sapato "cavalo de aço", quando o Lamarca passou por Eldorado Paulista, em 1970. O Exército chegou lá. Eu então conheci e me apaixonei pelo Exército brasileiro.

Envie esta página para um amigoPretende disputar nova eleição para a Câmara?
Tenho que ficar com os cabelos mais brancos para um dia tentar um cargo no Executivo. Na Prefeitura do Rio de Janeiro, para eu fazer meu nome. Daí, quando perguntarem sobre enchente num debate, eu vou responder sobre reservas indígenas. Não estou preocupado em ser prefeito, eu quero espaço, quero mostrar o que a mídia não mostra.

Bolsonaro é tosco? Sim, ele é. Mas não é burro. E nem está sozinho.

Bolsonaro é tosco? Sim, ele é. Mas não é burro. E nem está sozinho.
leonardo-sakamoto
Representa uma camada da população que divide com ele a visão de mundo e tem orgasmos múltiplos ao ouvir as estripulias de seu deputado. Estripulias que não vêm de rompantes do fígado, mas são milimetricamente calculadas para ganhar espaço da mídia.
Todos os pontos de vista merecem ter voz em uma democracia. O problema é que a visão de mundo de Bolsonaro e representados torna o diálogo e mesmo a convivência pacífica impossíveis. Um estranho paradoxo: Bolsonaro e representados defendem a antítese da democracia, apesar de só continuarem podendo se expressar livremente por conta dela.
Na mais nova presepada, ele teria socado o estômago do senador Randolfe Rodrigues (PSol-AP), na manhã desta segunda (24), durante um bate-boca na entrada da Comissão da Verdade no 1o Batalhão de Polícia do Exército, onde funcionava o DOI-Codi, centro de torturas durante a Gloriosa. Bolsonaro admitiu tê-lo “empurrado por baixo” e, ao final, conseguiu entrar no quartel, mas não acompanhou a visita da comitiva para a qual não estava convidado.
“Se eu dou um soco nele, eu o desmonto. Boto ele no chão para dormir três dias”, marrento como Anderson Silva. O PSol deve entrar com – mais uma – representação contra o deputado carioca.
Vamos ao ponto: ele não é causa e sim consequência. Verbaliza a visão de uma parte da sociedade que reproduz processos que mantém a opressão, a dor e o preconceito. Ou seja, o que me angustia não é ele e um grupo de gente com ideias cheirando a naftalina, mas que parte do Brasil está com ele. Nas rodas de amigos em bares, mas mesas de jantar com a família, na hora do cafezinho no trabalho ou no silêncio do banheiro, lendo as notícias do dia no tablet. De todas as idades. De várias classes sociais.
Bolsonaro tinha 29 anos quando Figueiredo deixou o Planalto para cuidar de seus cavalos. Ficou 15 anos no Exército e mantinha-se na Câmara dos Deputados devido à sua defesa dos direitos trabalhistas dos militares (pela quantidade de rifles que desaparecem dos quartéis no Rio e reaparecem nas mão do tráfico, verifica-se como os salários são vergonhosamente baixos). Daí, foi se destacando na defesa de assuntos simbolicamente relevantes para os seus representados.
Bons exemplos disso não faltam. Foi ele quem colocou um cartaz na porta de seu gabinete na Câmara com os dizeres “Desaparecidos do Araguaia, quem procura osso é cachorro”, zombando das famílias de vítimas da Gloriosa e dos esforços do governo federal para encontrar as ossadas dos guerrilheiros mortos pela ditadura e enterradas em local que o Exército nega revelar.
Ou o machismo truculento presente na entrevista dada para a revista Isto é Gente, em 2000: “Meu primeiro relacionamento despencou depois que elegi a senhora Rogéria Bolsonaro vereadora, em 1992. Ela era uma dona-de-casa. Por minha causa, teve 7 mil votos na eleição. Acertamos um compromisso. Nas questões polêmicas, ela deveria ligar para o meu celular para decidir o voto dela. Mas começou a frequentar o plenário e passou a ser influenciada pelos outros vereadores. (…) Foi um compromisso. Eu a elegi. Ela tinha que seguir minhas ideias. Acho que sempre fui muito paciente e ela não soube respeitar o poder e liberdade que lhe dei”.
Note o “que lhe dei”.
Outra frase de efeito: “O grande erro foi ter torturado e não matado” – esta dita após seminário no Clube Militar, no Rio de Janeiro, em 2008, contra manifestantes do Grupo Tortura Nunca Mais e da União Nacional dos Estudantes. Segundo ele, essa teria sido a melhor solução para evitar que, hoje, pessoas perseguidas pela ditadura pedissem indenização ou reclamassem a justa e correta abertura dos arquivos que contam o que aconteceu na época.
(Menos “humano” que o seu colega de partido Paulo Maluf, que outrora sugeriu aos criminosos “estupre, mas não não mate”.)
Em um quadro de perguntas e respostas do programa CQC, veiculado há dois anos, compartilhou impressões sobre o mundo. Um filho que fuma maconha merece levar “porrada”. Ser um pai presente e dar boa educação garante que a prole não seja gay. E caso seus filhos se apaixonassem por uma negra, respondeu que eles eram educados e que não viveram em ambiente de promiscuidade, como a cantora Preta Gil, autora da pergunta. No dia seguinte, sua página trouxe uma justificativa: de que a pergunta foi “percebida, equivocadamente, como questionamento a eventual namoro de meu filho com um gay”. Ah, então tá.
É claro que Bolsonaro e alguns militares da reserva (com a ajuda de alguns “estrelados” da ativa) querem que a verdade e a Justiça permaneçam enterradas em cova desconhecida junto com assassinados pela ditadura. E, pelo que parece, que sejam enviados para as mesmas covas, os direitos conquistados a duras penas depois que a ditadura, que ele defende, caiu.
E tendo em vista os posicionamentos conservadores, machistas, homofóbicos, preconceituosos de grande parte da população brasileira e que são defendidos com unhas e dentes pelo nobre deputado e seu grupo, talvez você esteja do lado dele. E nem perceba.
Em tempo: aos leitores que se enquadram como cães de guarda do ranço da ditadura e que vão vir com pérolas como “se punir torturadores, tem que punir os terroristas”, recados: a) cresçam; b) livros de história são baratos; c) podem se esgoelar à vontade, não dou a mínima.



Fonte: Blog do Sakamoto

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Os embargos foram imbecis ou desonestos ou ignorantes?


Meus amigos: Se Celso de Mello, como juiz, votou de acordo com a lei, perguntam indignadamente vários internautas, então isso significa que os outros 5 ministros que negavam os embargos foram imbecis ou desonestos ou ignorantes? Nada disso.

Para os que não estão familiarizados com a área, saibam que o direito não é matemática. Muitas vezes há espaço para 2 ou mais interpretações (todas razoáveis).

O que ocorreu no julgamento de quarta-feira (18/9) e que a grande mídia podre e canalha não explicou (e não explica) para a população foi o seguinte: nenhum dos 5 votos contrários revelou que sabia da discussão que houve no Congresso Nacional em 1998 sobre a revogação dos embargos infringentes no regimento interno do STF. 

Nenhum dos 5 votos contrários ao recurso mencionou essa questão. Ignorou-a completamente. Talvez não soubessem disso. E quiça até mudariam o voto se tivessem conhecimento desse detalhe (relevantíssimo).

Diziam que tinha havido revogação tácita do regimento interno em 1990 (JB, Fux etc.). Como pode ter havido revogação tácita de um dispositivo que o Congresso Nacional discutiu abundantemente em 1998, a partir de um projeto do governo FHC, recusando-o explicitamente?

Qualquer um é capaz de perceber, com essas informações, o quanto foi descomunal, bestial e cafajeste o massacre midiático contra o voto de um juiz que apenas cumpriu a lei.

Que falta nos faz estudar o filósofo grego Epicuro, um dos pais remotos do Renascentismo, também ele acusado de depravação sexual, vida desregrada, comilão etc., só porque dizia que temos direito como seres humanos de ter prazeres módicos e éticos nesta vida! A mídia podre e canalha, ao contrário, quer nos convencer de que deveríamos viver de forma irresponsável, imoral e aética! Como pode isso? Avante!

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Vamos Observar o 'STF' - Ele faz parte deste Sistema!!!

Meus amigos: Em resumo, os mensaleiros devem ganhar os embargos infringentes, mas podem não levar nada, porque uma coisa é a forma, outra o conteúdo. Na forma Celso de Mello, ao que tudo indica, vai garantir os embargos infringentes. No conteúdo, no entanto, vai bater duríssimo no esquema organizado pelo PT, com a conivência de políticos sanguessugas, marqueteiros e banqueiros, que são (segundo as palavras do citado ministro) “quadrilheiros da república”, “bandidos que dilapidam a coisa pública”, “bandoleiros que confundem o partido com o Estado” e por aí vai.

Que se preparem os réus já julgados como parasitários da coisa pública, que a governam para satisfação dos seus interesses partidários ou privados. Todo massacre contra suas desonestidades ainda não foram nada. Não se pode esquecer que 2014 é ano eleitoral. As novas sessões de tortura moral serão deprimentes para os réus, inequivocamente contundentes, verdadeiras devassas públicas, em pleno pelourinho televisado, porque essa é a maneira moderna de ritualizar a velhíssima cerimônia do “bode expiatório”, em seu significado original (na próxima postagem explico como era essa cerimônia, para v. ter uma ideia do que vai ocorrer nas seguintes sessões do mensalão). Avante Brasil!