terça-feira, 24 de setembro de 2013

SEXUALIDADE EM PACIENTES RENAIS





O que é sexualidade?
Muitas pessoas pensam que a sexualidade se refere somente ao ato sexual. No entanto, neste conceito estão incluídos muitos outros fatores, desde como a pessoa se sente a respeito do seu corpo, até como ela se comunica com outras pessoas e como constrói suas relações. A sexualidade envolve, inclusive, muitas outras atividades sexuais que não estão necessariamente ligadas ao ato sexual, como tocar, abraçar e beijar.

Como a doença renal pode afetar a vida sexual?
A doença renal pode causar alterações físicas e psicológicas que afetam a vida sexual.
Fisicamente, a mudança química que ocorre no corpo do doente renal afeta os hormônios, a circulação, o sistema nervoso e o nível de energia. Essas mudanças geralmente causam uma diminuição no interesse e no desempenho sexual. Muitos medicamentos, usados no tratamento da doença, podem também afetar o funcionamento sexual.
Em razão disso, geralmente, os indivíduos em hemodiálise são sexualmente menos ativos do que as pessoas saudáveis. A atividade sexual requer um nível de energia que poderá faltar ao IRC. Na mulher, o orgasmo poderá ser menos freqüente e o homem terá mais dificuldade em conseguir a ereção.
Por outro lado, o uso de certos medicamentos pode acarretar o ganho de peso, o surgimento de acne e queda de cabelo. Alguns doentes em diálise peritoneal sentem-se embaraçados com o cateter, outros se preocupam com o aumento de gordura na região abdominal, resultado da glicose contida no soro. A mulher pode sentir que a fistula, ou outras cicatrizes, a tornam menos feminina. Todas essas preocupações com a aparência afetam psicologicamente o paciente fazendo com que o ele se sinta pouco atraente e causando, conseqüentemente, uma diminuição do interesse sexual.
Os paciente renais podem também sentir alterações de humor provocadas pelo tratamento e pela medicação. Crises de irritabilidade e depressão pode afetar o relacionamento com o parceiro.

O que pode ser feito em relação a esses problemas?
O problema físico pode ser amenizado de várias maneiras. O homem que não consegue a ereção pode optar por um implante no pênis, que possibilita a ereção e, em alguns casos, pode inclusive melhorar o fluxo de sangue para o pênis. Outra opção pode ser o uso de hormônios masculinos que podem ser injetados ou tomados via oral. Médicos especialistas podem dar informações sobre as vantagens e desvantagens de cada tratamento.
As mulheres podem resolver o problema da falta de lubrificação vaginal, ocasionada pelo baixo nível de hormônios, com o uso de um lubrificante a base de água. A dificuldade em atingir o orgasmo e a falta de energia durante a relação podem ser resolvidas com a ingestão de hormônios e com o uso de medicamentos controladores da pressão arterial, respectivamente. É importante consultar o médico antes de optar pelo tratamento.
Exercícios de relaxamento ajudam a diminuir o estresse, a ansiedade os medos, que são bastante comuns em doentes crônicos. As atividades físicas regulares mantém a mente ocupada e melhoram o condicionamento e o aspecto físico do paciente.

A relação sexual é segura para pacientes renais?
Sim. Pacientes renais e seus parceiros preocupam-se pensando que a atividade sexual pode ser perigosa para pacientes em diálise ou pacientes transplantados. No entanto, nenhuma limitação precisa ser estabelecida para as relações sexuais em pacientes renais. Se a atividade sexual não causar incômodo ou tensão, não haverá danos para o paciente.
Após o transplante, é importante esperar a cicatrização do local da cirurgia. Porém, desde que o médico diga que o paciente está pronto para a atividade sexual, não há motivos para preocupação com o rim transplantado.
O medo pode fazer com que as pessoas evitem a atividade sexual desnecessariamente. Como em qualquer atividade física o paciente pode fazer sua própria avaliação, ouvir seu corpo e conversar com seu médico para decidir que tipo de atividade pode ser prejudicial a sua saúde
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Pessoas em tratamento dialítico podem ter filhos?
Geralmente as mulheres em diálise não podem engravidar, pois o tratamento altera o ciclo menstrual. Mas, algumas mulheres continuam a ter o ciclo menstrual normal e têm, portanto, a possibilidade de engravidar. No entanto, os riscos que envolvem a mãe e o índice elevado de abortos espontâneos, indicam que devem ser aconselhadas medidas de prevenção para impedir a gravidez.
Os homens em diálise mantêm a fertilidade e, se forem sexualmente ativos, há sempre a possibilidade de a companheira engravidar. Porém, se o casal estiver tentando, sem sucesso, ter um filho, é necessário procurar ajuda médica. Em alguns casos, o homem pode ter que fazer periodicamente exames de fertilidade.

É mais fácil para uma paciente transplantada engravidar do que para uma paciente em diálise?
Sim. A maioria das mulheres retoma normalmente o ciclo menstrual após o transplante e passam a ter uma saúde melhor do que uma paciente em diálise. Por isso, é mais fácil para elas engravidar. No entanto, a gravidez não é recomendada antes que se complete um ano da realização do transplante, mesmo se o rim estiver funcionando bem. Em alguns casos, a gravidez não é recomendada porque representa risco de vida para mãe ou a possibilidade de perda do rim transplantado.

Os medicamentos tomados pelas pacientes transplantadas podem afetar a gravidez?
Os medicamentos anti-rejeição não parecem causar efeitos colaterais negativos na gestação do feto. Logo após o transplante, os pacientes recebem alta dose desses medicamentos, porém desde que os medicamentos são reduzidos ao nível de manutenção, eles não parecem causar efeitos negativos no desenvolvimento do bebê.
No entanto, em longo prazo, esses efeitos ainda são desconhecidos. A paciente transplantada que quiser engravidar deve discutir a possibilidade com seu médico.

Quais métodos anticoncepcionais são recomendados para pacientes renais?
Geralmente, mulheres que sofrem de hipertensão arterial não podem usar pílulas. Pacientes transplantadas não devem usar DIU, pois os medicamentos anti-rejeição baixam a defesa do organismo, tornando-as mais propensas a contrair uma infecção do DIU.
O diafragma e a camisinha são bons métodos anticoncepcionais, especialmente quando usados com cremes espermicidas. No entanto, é importante consultar um médico, que pode recomendar o tipo de anticoncepcional para ser usado em cada caso.

A doença renal pode afetar o desenvolvimento sexual de uma criança?
Depende da idade que a criança tenha quando ocorre a insuficiência renal. Crianças com IRC são geralmente menores que outras crianças da mesma idade e seu desenvolvimento sexual é mais lento. Crianças que fazem diálise provavelmente crescerão menos e se desenvolverão mais lentamente do que uma criança transplantada.
Se um adolescente tem IRC, seu desenvolvimento sexual pode tornar-se mais lento ou parar. As mudanças, causadas tanto pela doença quanto pelo tratamento, podem fazer com que o adolescente se sinta diferente de seus amigos. Nesses casos, os pais devem levar essas preocupações ao médico.
Pais de crianças ou adolescentes com IRC devem lutar contra o impulso de proteger seus filhos da dor do crescimento. Auto-estima, independência e identidade sexual são importantes para o adolescente. Os pais precisam conversar abertamente com seus filhos sobre as alterações físicas, emocionais e sexuais que acontecem nesse período.
Dr. M.C. Riella
Médico Nefrologista - CRM 2370 PR

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