domingo, 24 de agosto de 2014

A doença da "normalidade" na universidade

A doença da "normalidade" na universidade

Somos todos normóticos em um sistema acadêmico de formação de pesquisadores e de produção de conhecimentos que está doente, e nossa Normose acadêmica tem feito naufragar o pensamento criativo e a iniciativa para o novo em nossas universidades

Publicado por Pragmatismo Político - 3 dias atrás
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A doena da normalidade na universidade
Doença sempre foi algo associado à anormalidade, à disfunção, a tudo aquilo que foge ao funcionamento regular. Na área médica, a doença é identificada por sintomas específicos que afetam o ser vivo, alterando o seu estado normal de saúde. A saúde, por sua vez, identifica-se como sendo o estado de normalidade de funcionamento do organismo.
Numa analogia com os organismos biológicos, o sociólogo Émile Durkheim também sugeriu como identificar saúde e doença em termos dos fatos sociais: saúde se reconhece pela perfeita adaptação do organismo ao seu meio, ao passo que doença é tudo o que perturba essa adaptação.
Então, ser saudável é ser normal, é ser adaptado, certo? Não necessariamente: apesar de Durkheim, há quem considere que do ponto de vista social, ser normal demais pode também ser patológico, ou pode levar a patologias letais.
Os pensadores alternativos Pierre Weil, Jean-Ives Leloup e Roberto Crema chamaram isto de Normose, a doença da normalidade, algo bem comum no meio acadêmico de hoje. Para Weil, a Normose pode ser definida como um conjunto de normas, conceitos, valores, estereótipos, hábitos de pensar ou de agir, que são aprovados por consenso ou por maioria em uma determinada sociedade e que provocam sofrimento, doença e morte. Crema afirma que uma pessoa normótica é aquela que se adapta a um contexto e a um sistema doente, e age como a maioria. E para Leloup, a Normose é um sofrimento, a busca da conformidade que impede o encaminhamento do desejo no interior de cada um, interrompendo o fluxo evolutivo e gerando estagnação.
Estes conceitos, embora fundados sobre um propósito de análise pessoal e existencial, são muito pertinentes ao que se vive hoje na academia. Aqui, pela Normose não é apenas o indivíduo que adoece, que estagna, que deixa de realizar o seu potencial criador, mas o próprio conhecimento. E não apenas no Brasil, também em outras partes do mundo.
A mim, embora não surpreendam, as declarações de Higgs soam estarrecedoras: ou seja, com os sistemas meritocráticos de avaliação de hoje, que privilegiam a produção de artigos e não de conhecimentos ou de pensamentos inovadores, uma das maiores descobertas da humanidade nas últimas décadas, que rendeu a Higgs o Nobel em 2013, provavelmente não teria ocorrido, como certamente muitos outros avanços científicos e intelectuais estão deixando de ocorrer em função dos sistemas atuais de avaliação da “produtividade em pesquisa”. É a Normose acadêmica fazendo a sua maior vítima: o próprio conhecimento.
Aliás, nunca se usou tanto a autoridade do Nobel para apontar os desvios doentios do nosso sistema acadêmico e científico como em 2013. Randy Schekman, um dos ganhadores do Nobel de Medicina deste ano, em recente artigo no El País, acusou as revistas Nature, Science e Cell, três das maiores em sua área, de prestarem um verdadeiro desserviço à ciência, ao usarem práticas especulativas para garantirem seus mercados editoriais. Schekman menciona, por exemplo, a artificial redução na quantidade de artigos aceitos, a adoção de critérios sensacionalistas na seleção dos mesmos e um absoluto descompromisso com a qualificação do debate científico. E afirmou que a pressão para os cientistas publicarem em revistas “de luxo” como estas (de alto impacto) encoraja-os a perseguirem campos científicos da moda em vez de optarem por trabalhos mais relevantes. Isto explica a afirmação de Higgs sobre ser improvável a descoberta que lhe deu o Nobel no mundo acadêmico de hoje.
O próprio Schekman publicou muito nestas revistas, inclusive as pesquisas que o levaram ao Nobel: diferentemente de Higgs, que era um dissidente, Schekman também já sofreu de Normose. Porém, agora laureado, decidiu pela própria cura e prometeu evitar estas revistas daqui para adiante, sugerindo não só que todos façam o mesmo, como também que evitem avaliar o mérito acadêmico dos outros pela produção de artigos. Foi preciso um Nobel para que se libertasse da doença.
A atual Normose acadêmica se deve à meritocracia produtivista implantada nas universidades, cujos instrumentos, no Brasil, para garantir a disciplina e esta doentia normalidade são os sistemas de avaliação de pesquisadores e programas de pós-graduação, capitaneados principalmente pela CAPES e CNPq. Estes sistemas têm transformado, nas últimas décadas, docentes e alunos em burocráticos produtores de artigos, afastando-os dos reais problemas da ciência e da sociedade, bem como da busca por conhecimentos e pensamentos realmente novos. A exigência de produtividade é um estímulo ao status quo, obstruindo a criatividade, a iniciativa, o senso crítico e a inovação, pois inovar, criar, empreender, fugir ao normal pode ser perigoso, pode ser incerto, pode ser arriscado quando se tem metas produtivas a cumprir; portanto, não é desejável: o mais seguro é fazer “mais do mesmo”, que é ao que a Normose acadêmica condenou as universidades e seus integrantes ao redor do mundo.
Eu escrevi em um artigo de 2013 que a meritocracia leva a uma ilusão de eficiência e progresso que não podem se realizar, porque as meritocracias modernas são burocracias. Como bem ensinou Max Weber, a burocracia é uma força modeladora inescapável quando se racionaliza e se regulamenta algum campo de atividade, como acontece no sistema científico atual. Para supostamente discriminar por mérito pessoas e organizações acadêmicas, montou-se um tal sistema de regras, critérios avaliativos, hierarquias de valor, indicadores, etc., que a burocratização das ações acadêmicas tornou-se inevitável. Agora é este sistema que orienta as ações dos acadêmicos, afastando-os de seus próprios valores, desejos e convicções, para agirem em função da conveniência em relação aos processos avaliativos, visando controlar os benefícios ou penalidades que eles impõem. Pessoas sob regimes de avaliação meritocráticos se tornam burocratas comportamentais; e burocratas, como se sabe, pela primazia da conformidade organizacional a que se submetem, tornam-se inexoravelmente impessoalistas, formalistas, ritualistas e avessos a riscos e a mudanças. Tornam-se normóticos, preferindo, no caso da academia, uma produção sem significado, sem relevância, sem substância inovadora porém segura, a aventurarem-se incertamente em busca do novo.
Agora, depois de já ter escrito isto naquele artigo, descubro que o Nobel de Medicina de 2002, o sul-africano Sydney Brenner, em entrevista de fevereiro deste ano à King’s Reviw, afirmou exatamente o mesmo. Dentre outras coisas, disse ele que as novas ideias na ciência são obstruídas por burocratas do financiamento de pesquisas e por professores que impedem seus alunos de pós-graduação de seguirem suas próprias propostas de investigação. É ao menos alentador perceber que esta realidade insólita não é apenas uma versão tupiniquim da busca tardia e equivocada por um lugar o sol no campo acadêmico atual, mas uma deformação que assola também os “grandes” da arena científica mundial. E também constatar que os laureados com a distinção do Nobel tem se percebido disto e denunciado ao mundo.
Mas agora me advém uma questão curiosa: por que tantos Nobéis tem denunciado este sistema? Creio que porque do alto da distinção recebida, eles já não tem mais nenhum compromisso com a meritocracia acadêmica, e podem falar do dano que ela causa às ideias realmente inovadoras que, inclusive, podem levar à láurea. Mas também porque o Nobel foge à lógica da meritocracia, ele não é um mecanismo meritocrático, portanto, não é burocrático. Ele é até mesmo político, antes de ser meritocrático e burocrático! É um reconhecimento de “mérito” sem ser uma “cracia”. Ou seja, não há, através dele, um sistema de governo das atividades científicas, e por isso ele não leva a uma racionalidade formal, pois ninguém em consciência normal pautaria sua atividade acadêmica quotidiana pela improvável meta de, talvez já na velhice, ganhar o Nobel; e mesmo que tivesse este excêntrico propósito como pauta, teria que fugir da meritocracia que governa os sistemas científicos atuais para chegar a um lugar reconhecidamente distinto, pois ser normal não leva ao Nobel.
Mas este não é o mundo da vida dos seres acadêmicos de hoje, aqui vivemos em uma meritocracia burocrática, e num contexto assim, pouco adiantam as advertências da editora-chefe da revista Science, Marcia McNutt, publicados no Estadão, de que a ciência brasileira precisa ser mais corajosa e mais ousada se quiser crescer em relevância no cenário internacional. Segundo ela, para criar essa coragem é preciso aprender a correr riscos, e aceitar a possibilidade de fracasso como um elemento intrínseco do processo científico. Mas quando as pessoas são penalizadas pelo fracasso, ou são ensinadas que fracassar não é um resultado aceitável, elas deixam de arriscar; e quem não arrisca não produz grandes descobertas, produz apenas ciência incremental, de baixo impacto, que é o perfil geral da ciência brasileira atualmente, segundo ela. É a Normose acadêmica “a brasileira” vista de fora.
Somos todos normóticos em um sistema acadêmico de formação de pesquisadores e de produção de conhecimentos que está doente, e nossa Normose acadêmica tem feito naufragar o pensamento criativo e a iniciativa para o novo em nossas universidades. Sem eles, porém, não há futuro significativo para a vida intelectual dentro delas, nem na ciência nem nas artes.
Texto de Renato Santos de Souza, publicado no E-Book: NASCIMENTO, L. F. M. (Org.) Lia, mas não escrevia (livro eletrônico): contos, crônicas e poesias. Porto Alegre: LFM do Nascimento, 2014.

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Licença para matar

Licença para mata


Por: Carlos Henrique Angelo

Reproduzi dia desses um artigo do desembargador Pedro Valls Feu Rosa - autoria oportunamente lembrada pelo leitor Cleomar Eustáquio - que chamava a atenção para a banalização da criminalidade no País, classificando-a de uma anormalidade equivalente à do rabo abanar o cachorro. Vejo agora uma publicação do portal G-1, que confirma a ocorrência de mais de 50 linchamentos no país apenas no primeiro semestre deste ano. É a reação da população à incorporação da violência pela anormalidade brasileira, que obriga a vítima a assumir naturalmente a culpa pelo crime sofrido. Chega ao ponto absurdo das vítimas assumirem até com naturalidade a culpa pelos crimes sofridos. Algo tão “natural” quanto o rabo abanar o cachorro


O Jurista e professor Luiz Flávio Gomes, em seu artigo “Licença para matar” adverte que “No estágio de barbárie que ainda nos encontramos, alguns humanos concedem a si mesmos licença para matar pessoas (quase sempre impunemente, porque a polícia brasileira somente apura 8% dos homicídios no Brasil). Ainda assassinamos pessoas como se matam baratas. Isso ocorre de diversas maneiras: execuções sumárias (normalmente praticadas por agentes do Estado ou contra eles), grupos de extermínio, linchamentos, esquadrões da morte, justiceiros, jagunços, milícias, falsos super-heróis, limpeza social, tribunais do crime organizado, etc”.


Reflexo do esgarçamento imposto pela dramaticidade de nosso cotidiano à tênue linha que separa a civilização da barbárie, o linchamento constitui uma nefasta licença para matar. É, segundo o jurista, manifestação típica das massas (composta de todas as classes sociais, todas elas surfando na moda dos justiçamentos com as próprias mãos). Flávio Gomes vai além ao citar Ortega Y Gasset para lembrar que “a vida, individual ou coletiva, pessoal ou histórica, é a única entidade do universo cuja substância é o perigo. É, rigorosamente falando, um drama". E, no Brasil, esse drama tem coloridos distintos porque aqui a vida vale muito pouco.

A leitora Andrea Meira, depois de afirmar que nada justifica a barbárie, observa que é notório o escárnio dos criminosos em relação às vítimas. Exemplos disso são as muitas declarações de bandidos aos programas policiais, transferindo a culpa pelo homicídio para a vítima que reagiu ao assalto. Andrea lembra, contudo, que mesmo o cão mais dócil investe contra o próprio dono ao ser violentamente espancado. “Chega o momento em que o cidadão de bem, cuja vida vale nada nas mãos dessas pessoas; o cidadão que assiste a tudo isso calado, indefeso e acanhado, resolve reagir”. O problema é que nem sempre o alvo da barbárie é o verdadeiro culpado.
O caso do professor de História, André Luiz Ribeiro, citado na excelente reportagem de Rosanne D’Agostino no portal G-1, é emblemático. Apontado como ladrão, acorrentado e brutalmente espancado por dezenas de pessoas, André contou que o dono do bar assaltado já tinha mandado o filho buscar um facão quando os bombeiros chegaram. “Eu disse que era professor, que estava ali por acaso. Aí um dos bombeiros falou para dar uma aula sobre Revolução Francesa. Foi o que me salvou.”

A lei penal é como a serpente

Por: Carlos Henrique Angelo


Só pica quem está descalço

Exatamente quando mais dois mensaleiros presos (José Genoíno e Jacinto Lamas) voltam livres para o aconchego do lar, fica fácil classificar como absoluta e absurdamente verdadeira a máxima expressa no título aí de cima. Enquanto isso, o STF programa o julgamento do HC 123.108, que envolve o roubo de um par de chinelos avaliado em 16 reais. O HC foi negado pelo STJ, que manteve a pena de um ano de prisão em regime semiaberto para o “ladrão”.

Que me perdoe o professor Luiz Flávio Gomes, mas não há como deixar de me apropriar, para reproduzir, de seu brilhante artigo publicado ontem no site Jus Brasil, especialmente pela oportunidade da questão ser levada à discussão na XII Conferência dos Advogados do Estado de Rondônia, anunciada ontem com pompa e circunstância pelo presidente da Seccional Rondônia da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/RO), Andrey Cavalcante.

E ainda pela proximidade das eleições de outubro. Como de sonhar ninguém está proibido (ainda), este blogueiro imagina uma renovação do Congresso com a eleição de pessoas realmente preocupadas com os interesses da população. E aí (quem sabe?) possa talvez ser possível uma revisão séria de nossa lei penal, passando por uma vigorosa escovadela no judiciário como um todo. Luiz Flavio Gomes explica por que:

Em abril deste ano o STF julgou um “ladrão de galinha”. Agora vai se deparar com um pé descalço cujo sonho era se transformar em um “pé de chinelo” (HC 123.108). A frase de um camponês de El Salvador, referida por José Jesus de La Torre Rangel (e aqui difundida por Lenio Streck) é paradigmática: “La ley es como la serpiente; solo pica a los descalzos”. Isso vale, em grande medida, no Brasil, para a lei penal (em regra, só pica os descalços).

O Judiciário brasileiro (tanto nesse caso do par de chinelos como em outros, exemplificativamente o da subtração de duas galinhas em São João de Nepomuceno-MG, onde ficou vencido o ministro Marco Aurélio que não concedia o HC para o “ladrão de galinha”), depois de dezenas de anos em contato e experiência com a degeneração moral da sociedade e das instituições, degradação essa promovida pela prazerosa vulgaridade do homo democraticus (Tocqueville e Gomá Lanzón), nos seus surtos de desconexão absoluta da realidade, vez por outra, delibera se desligar do mundo dos humanos. Transforma-se, nesses momentos, num avatar.

Como já não tem contato com os humanos (os terráqueos), concede-se licença para se afastar do mundo tangível e de se expressar numa linguagem metafísica, absolutamente inacessível à quase absoluta totalidade dos habitantes do planeta azul. Não faz isso por se julgar superior aos mortais, certamente, sim, por se entender diferente (outro mundo, outro planeta, outra lógica, outra civilização).

O habeas corpus do “pé descalço” foi denegado pelo STJ (6ª Turma) com base nos seguintes argumentos (prestem atenção na linguagem): “É condição sine qua non ao conhecimento do especial que tenham sido ventilados, no contexto do acórdão objurgado, os dispositivos legais indicados como malferidos na formulação recursal. Inteligência dos enunciados 211⁄STJ, 282 e 356⁄STF.”
Tudo isso é fruto de uma inteligência das súmulas 211, 282 e 356 do STF. Que pena que essa inteligência dos avatares não tenha nada a ver com o ideal terráqueo da Justiça ao alcance de todos (na forma e na substância).

A ementa do julgado (6ª Turma) prossegue: “Possuindo o dispositivo de lei indicado como violado comando legal dissociado das razões recursais a ele relacionadas (sic), resta impossibilitada a compreensão da controvérsia arguida nos autos, ante a deficiência na fundamentação recursal. Incidência do enunciado 284 da Súmula do Supremo Tribunal Federal.”

Claro que, aqui na Terra, para “compreender a controvérsia” e determinar o arquivamento imediato dos autos relacionados à subtração de um par de chinelos (devolvido, diga-se de passagem) só dependemos de uma caneta e de uma cabeça terráquea, dotada de humanidade e sensibilidade. Nada mais que isso. Mas para a aplicação ou não do principio da insignificância (continua a ementa), “devem ser analisadas as circunstâncias específicas do caso concreto, o que esbarra na vedação do enunciado 7 da Súmula desta Corte.”

Quais circunstâncias específicas mais são necessárias além do fato de tratar-se de um par de chinelos de R$ 16 reais (devolvido) subtraído por um “pé descalço”, que foi condenado a um ano de prisão em regime semiaberto?
Para a 6ª Turma o arquivamento desse caso é muito relevante por possuir caráter constitucional. E a “A análise de matéria constitucional não é de competência desta Corte, mas sim do Supremo Tribunal Federal, por expressa determinação da Constituição Federal.”

Seja de que natureza for, aqui na Terra manda a sensibilidade humana que a subtração de um par de chinelos de R$ 16 reais deve ser arquivada prontamente, por meio de um habeas corpus de ofício. A matéria constitucional aqui existente é a dignidade humana, a liberdade, o Estado de direito, a proporcionalidade, a razoabilidade etc. Em síntese, tudo aquilo que os avatares desconhecem.

Há momentos em que dá vontade de copiar, aqui no Brasil, aquela criança que, no Uruguai, no tempo da ditadura (criticada por Eduardo Galeano), pediu a sua mãe que a levasse de volta para o hospital porque ela queria “desnascer”!

Luiz Flavio Gomes, professor e jurista, é fundador da Rede de Ensino LFG e diretor-presidente do Instituto Avante Brasil. Foi promotor de justiça, juiz de direito e advogado

Publicada em 13/08/2014 - 09h31min

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

DIREITO PENAL - PEÇAS PROCESSUAIS

Penal

AGRAVO RETIDO

EXMO.SR.DR.JUIZ DE DIREITO DA 18ª VARA CÍVEL DE FORTALEZA-CE. AGRAVO RETIDO Ref.Proc.nº 41364-10.2000.8.06.0001 SÔNIA CHAGAS, qualificada nos autos à epígrafe, por sua advogada, com fulcro no arts.522 do CPC., interpõe AGRAVO RETIDO contra a decisão publicada no DJ de 22.09.10 p.137, mediante os seguintes fundamentos: -I- EXPOSIÇÃO DO FATO E DO DIREITO Na contestação a […]

REPRESENTAÇÃO CRIMINAL

ILUSTRÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) DELEGADO(A) DE POLÍCIA TITULAR DA DELEGACIA DE PROTEÇÃO AO IDOSO. SHEN KUO TERESA MEI, brasileira, viúva, aposentada, residente e domiciliada na Quadra 10; casa 37; rua D, Bairro Maranhão novo, vem por seu advogado infra-assinado, à presença de Vossa Senhoria, com fundamento no artigo 5º, parágrafo 4º combinado com o artigo 39, […]

RECURSO DE AGRAVO RETIDO CONTRA INDEFERIMENTO DE ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA

RECURSO DE AGRAVO RETIDO CONTRA INDEFERIMENTO DE ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA Enviado por: Paulo Prestes Recurso de Agravo na forma retida, contra decisão de juiz que indeferiu assistência judiciária gratuita e condicionou o andamento do processo ao pagamento de custas. EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE SÃO MIGUEL DO IGUAÇU – […]

RECONSIDERAÇÃO 581914 B

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 27ª VARA CÍVEL DA COMARCA DA CAPITAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, Processo nº2002.001.058191-4 , qualificado nos autos do processo em epígrafe (AINDA SEM O DEFERIMENTO DA CITAÇÃO), por intermédio da Defensora Pública em exercício na 27ª Vara Cível da Comarca da Capital do Estado do Rio […]

SPC E SARASA NEGATIVAÇÃO

EXMO. SR. DR. DESEMBARGADOR DA 1ª VICE – PRESIDÊNCIA DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DA COMARCA DA CAPITAL DO RIO DE JANEIRO , devidamente qualificado nos autos do processo nº 03/046058-0, que tramita na ..Vara Cível da Comarca da Capital, vem, através do Advogado abaixo-assinado, interpor Agravo de Instrumento Com fundamento no artigo 522 do Código […]

CR-AGRAVO-PROVA

EXMO. SR. DR. DESEMBARGADOR RELATOR DA 12ª CÂMARA CÍVEL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA Agravo de Instrumento no. 2005.002.04777 HILARINA DE MIRANDA RABELLO, nos autos do AGRAVO DE INSTRUMENTO interposto por CEMO CENTRO MÉDICO OFTALMOLÓGICO, pela Defensora Pública infra assinada, vem oferecer suas CONTRA –RAZÕES, esperando que venha a ser improvido o recurso. Pede deferimento. Rio […]

AI MODELO DE INTERPOSIÇÃO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ….Vara Cível desta Comarca de ……………… AUTOS No ……………….. FULANO DE TAL, já devidamente qualificados nos autos de ………………………. supra, em trâmite perante esse MM. Juízo, por seu advogado ao final assinado, vem com o devido respeito, à honrosa presença de Vossa Excelência para, nos termos do que […]

AI REPUBLICAÇÃO DA DECISÃO E DEVOLUÇ PRAZO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Presidente do Egrégio Tribunal de do Estado do . FULANO DE TAL,…nacionalidade…, …estado civil…, …profissão…, com Cédula de identidade RG ………….. e CPF/MF …………………, residente e domiciliado nesta cidade de………….., com endereço na ………………………………….., por seu procurador e advogado infra assinado, vem respeitosamente, com fundamento nos artigos 522 e seguintes do […]
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quarta-feira, 30 de julho de 2014

Normopatia S.O.S

Normopatia S.O.S



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Há claras evidências de que a sociedade moderna, em especial a brasileira, está padecendo de um triste e grave mal, o qual pode ser chamado de Normopatia. Trata-se de uma letargia inexplicável, doentio imobilismo, cruel apatia, verdadeiro espasmo psíquico, onde tudo parece aceitável e normal, até mesmo as mais brutais degenerescências, as mais extravagantes aberrações, nefastas excrescências, as mais terríveis anomalias humanas.

Observa-se por toda parte um certo senso de indignação, descrença e perplexidade de todos frente à pobreza, violência, injustiça, corrupção, politicagem e outras mazelas sociais, entretanto, nada de profundo e eficaz se faz para reverter esta situação. Todos parecem vítimas silenciosas, por todos os lados impera o pacto da nulidade e da inoperância. Não mais ocorrem manifestações arrojadas e empolgantes, movimentos populares entusiasmantes. Tem-se a impressão que a sociedade está atônita, inerte, engessada, semi-morta, tonta.

O egoísmo é um sentimento crescente e as pessoas parecem estar perdendo o senso da compaixão e comunhão com o sofrimento alheio, prostituição e exclusão, abate da floresta e dos cerrados e perda dos solos, com contaminação das águas, com a destruição do meio. A brutal violência, diariamente estampada nos jornais, bate-papo da rua e nos programas de televisão quando muito despertam apenas curiosidade, não mais espanto, nada de comiseração.

A Normopatia parece ser uma doença contagiosa, provocada principalmente pela insensatez e ganância embutidos nos programas econômicos, na alternância estonteante dos padrões tecnológicos e nas violentas modificações dos paradigmas éticos e morais. Conseqüências mais imediatas e visíveis de seu quadro clínico são a falta de assistência aos necessitados, o terror das drogas, o empobrecimento dos assalariados e trabalhadores, a banalização da violência. Seu principal agente infeccioso é o capitalismo neo-liberal, destruidor da produção em pequena escala, gerador da concentração da riqueza nas mãos dos poucos espertalhões, sem endereço, nome ou cara.

Os veículos de propagação desse mal são as lideranças políticas e seus apaniguados que traem os interesses do povo, vendem o patrimônio da nação e aderem cinicamente ao mercado internacional globalizante, insensível, selvagem e humilhante e onde a ordem é tirar o máximo lucro, mesmo que à custa da degradação ambiental, a dor, a doença, a fome.

Neste sistema político, a tecnologia parece ser apanágio de modernidade e salvação coletiva, mas os consumidores se deparam constantemente com placebos em lugar de remédios, automóveis e instrumentos fabricados com absoluta e baixíssima previsão de longevidade, além de montanhas de sucatas e lixo atômico, alimentos inseguros e perigosos com o pomposo nome de transgênicos.

No universo virtual, as pessoas pouco produzem e descansam, pois como escravos, passam dias e noites debruçadas em micros, navegando em busca de negócios, dados, notícias ou meras distrações. No mundo da economia, a ordem é compra/venda, de preferência com máximo lucro! E também não importa o que se negocia, se supérfluos, drogas, venenos, órgãos humanos, orgias, promessas de beleza e sucesso, salvação da alma, levianas utopias!

Ciência do momento, além da informática é o marketing, que cria expectativa e necessidade, vende imagem de progresso, transforma assassino em vítima, bandido em mocinho, malfeitor em boa-gente. O normopata é normalmente acomodado, passivo, intransigente, orgulhoso, sem muita esperança, criatividade para nada. Seu jargão predileto é aquele que diz "tá bom demais, se melhorar estraga!".

Ao mesmo tempo é uma criatura fraca, que se deixa levar facilmente pelos apelos da mídia, pelas benesses dos privilégios, ações dos maus políticos, pelas tentações da gula, da rede e da cama. Não precisa ser médico, filósofo ou humanista para perceber que se faz necessária a aplicação de poderosos remédios e práticas eficazes para combater esse terrível mal que aflige a humanidade, sobretudo a sociedade capitalista, a geradora de Babéis, Gomorras, Favelas e Sodomas. SOS!

Geraldo Mendes dos Santos

http://www.samauma.biz/site/samauma/gs1203normopatia.htm

Foto: Normopatia S.O.S 



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  Há claras evidências de que a sociedade moderna, em especial a brasileira, está padecendo de um triste e grave mal, o qual pode ser chamado de Normopatia. Trata-se de uma letargia inexplicável, doentio imobilismo, cruel apatia, verdadeiro espasmo psíquico, onde tudo parece aceitável e normal, até mesmo as mais brutais degenerescências, as mais extravagantes aberrações, nefastas excrescências, as mais terríveis anomalias humanas.

 Observa-se por toda parte um certo senso de indignação, descrença e perplexidade de todos frente à pobreza, violência, injustiça, corrupção, politicagem e outras mazelas sociais, entretanto, nada de profundo e eficaz se faz para reverter esta situação. Todos parecem vítimas silenciosas, por todos os lados impera o pacto da nulidade e da inoperância. Não mais ocorrem manifestações arrojadas e empolgantes, movimentos populares entusiasmantes. Tem-se a impressão que a sociedade está atônita, inerte, engessada, semi-morta, tonta. 

 O egoísmo é um sentimento crescente e as pessoas parecem estar perdendo o senso da compaixão e comunhão com o sofrimento alheio, prostituição e exclusão, abate da floresta e dos cerrados e perda dos solos, com contaminação das águas, com a destruição do meio. A brutal violência, diariamente estampada nos jornais, bate-papo da rua e nos programas de televisão quando muito despertam apenas curiosidade, não mais espanto, nada de comiseração. 

 A Normopatia parece ser uma doença contagiosa, provocada principalmente pela insensatez e ganância embutidos nos programas econômicos, na alternância estonteante dos padrões tecnológicos e nas violentas modificações dos paradigmas éticos e morais. Conseqüências mais imediatas e visíveis de seu quadro clínico são a falta de assistência aos necessitados, o terror das drogas, o empobrecimento dos assalariados e trabalhadores, a banalização da violência. Seu principal agente infeccioso é o capitalismo neo-liberal, destruidor da produção em pequena escala, gerador da concentração da riqueza nas mãos dos poucos espertalhões, sem endereço, nome ou cara. 

 Os veículos de propagação desse mal são as lideranças políticas e seus apaniguados que traem os interesses do povo, vendem o patrimônio da nação e aderem cinicamente ao mercado internacional globalizante, insensível, selvagem e humilhante e onde a ordem é tirar o máximo lucro, mesmo que à custa da degradação ambiental, a dor, a doença, a fome. 

 Neste sistema político, a tecnologia parece ser apanágio de modernidade e salvação coletiva, mas os consumidores se deparam constantemente com placebos em lugar de remédios, automóveis e instrumentos fabricados com absoluta e baixíssima previsão de longevidade, além de montanhas de sucatas e lixo atômico, alimentos inseguros e perigosos com o pomposo nome de transgênicos. 

 No universo virtual, as pessoas pouco produzem e descansam, pois como escravos, passam dias e noites debruçadas em micros, navegando em busca de negócios, dados, notícias ou meras distrações. No mundo da economia, a ordem é compra/venda, de preferência com máximo lucro! E também não importa o que se negocia, se supérfluos, drogas, venenos, órgãos humanos, orgias, promessas de beleza e sucesso, salvação da alma, levianas utopias! 

 Ciência do momento, além da informática é o marketing, que cria expectativa e necessidade, vende imagem de progresso, transforma assassino em vítima, bandido em mocinho, malfeitor em boa-gente. O normopata é normalmente acomodado, passivo, intransigente, orgulhoso, sem muita esperança, criatividade para nada. Seu jargão predileto é aquele que diz "tá bom demais, se melhorar estraga!". 

 Ao mesmo tempo é uma criatura fraca, que se deixa levar facilmente pelos apelos da mídia, pelas benesses dos privilégios, ações dos maus políticos, pelas tentações da gula, da rede e da cama. Não precisa ser médico, filósofo ou humanista para perceber que se faz necessária a aplicação de poderosos remédios e práticas eficazes para combater esse terrível mal que aflige a humanidade, sobretudo a sociedade capitalista, a geradora de Babéis, Gomorras, Favelas e Sodomas. SOS!

Geraldo Mendes dos Santos 

 http://www.samauma.biz/site/samauma/gs1203normopatia.htm

terça-feira, 22 de julho de 2014

MEDITAR ...

MEDITAR ...

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PARA
Afirmam algumas autoridades em questões bíblicas que o Primeiro Livro de Samuel foi escrito ou na época de Salomão ou no período imediato, em qualquer caso antes do cativeiro da Babilónia.

Outros estudiosos não menos competentes argumentam que não apenas o Primeiro, mas também o Segundo Livro de Samuel, foram redigidos depois do exílio da Babilónia, obedecendo a sua composição ao que é denominado por estrutura histórico-político-religiosa do esquema deuteronomista, isto é, sucessivamente, a aliança de Deus com o seu povo, a infidelidade do povo, o castigo de Deus, a súplica do povo, o perdão de Deus.

Se a venerável escritura vem do tempo de Salomão, poderemos dizer que sobre ela passaram, até hoje, em números redondos, uns três mil anos. Se o trabalho dos redactores foi realizado após terem regressado os judeus do exílio, então haverá que descontar daquele número uns 500.

Esta preocupação de rigor temporal tem como único propósito propor à compreensão do leitor a idéia de que a famosa lenda bíblica do combate (que não chegou a dar-se) entre o pequeno pastor David e o gigante filisteu Golias anda a ser mal contada às crianças pelo menos desde há 25 ou 30 séculos.

Ao longo do tempo, as diversas partes interessadas no assunto elaboraram, com o assentimento acrítico de mais de cem gerações de crentes, tanto hebreus como cristãos, toda uma enganosa mistificação sobre a desigualdade de forças que separava dos bestiais quatro metros de altura de Golias a frágil compleição física do louro e delicado David.

Tal desigualdade, segundo todas as aparências enorme, era compensada, e logo revertida a favor do israelita, pelo fato de David ser um mocinho astucioso e Golias uma estúpida massa de carne, tão astucioso aquele que antes de ir enfrentar o filisteu apanhou na margem de um regato que havia por ali perto cinco pedras lisas que meteu no alforje, tão estúpido o outro que não se apercebeu de que David vinha armado com uma pistola.

Que não era uma pistola, protestarão indignados os amantes das soberanas verdades míticas, que era simplesmente uma funda, uma humílima funda de pastor, como já as haviam usado em imemoriais tempos os servos de Abraão que lhe conduziam e guardavam o gado.

Sim, de facto não parecia uma pistola, não tinha cano, não tinha coronha, não tinha gatilho, não tinha cartuchos, o que tinha era duas cordas finas e resistentes atadas pelas pontas a um pequeno pedaço de couro flexível, no côncavo do qual a mão esperta de David colocaria a pedra que, à distância, foi lançada, veloz e poderosa como uma bala, contra a cabeça de Golias, e o derrubou, deixando-o à mercê do fio da sua própria espada, já empunhada pelo destro fundibulário.

Não foi por ser mais astucioso que o israelita conseguiu matar o filisteu e dar a vitória ao exército do Deus vivo e de Samuel, foi simplesmente porque levava consigo uma arma de longo alcance e a soube manejar. A verdade histórica, modesta e nada imaginativa, contenta-se com ensinar- nos que Golias não teve nem sequer a possibilidade de pôr as mãos em cima de David.

A verdade mítica, emérita fabricante de fantasias, anda a embalar-nos há 30 séculos com o conto maravilhoso do triunfo de um pequeno pastor sobre a bestialidade de um guerreiro gigantesco a quem, afinal, de nada pôde servir o pesado bronze do capacete, da couraça, das perneiras e do escudo.

Tanto quanto estamos autorizados a concluir do desenvolvimento deste edificante episódio, David, nas muitas batalhas que fizeram dele rei de Judá e de Jerusalém e estenderam o seu poder até a margem direita do Eufrates, não voltou a usar a funda e as pedras.

Também não as usa agora.

Nestes últimos 50 anos cresceram a tal ponto as forças e o tamanho de David que entre ele e o sobranceiro Golias já não é possível reconhecer qualquer diferença, podendo até dizer-se, sem insultar a ofuscante claridade dos factos, que se tornou num novo Golias.

David, hoje, é Golias, mas um Golias que deixou de carregar pesadas e afinal inúteis armas de bronze. Aquele louro David de antanho sobrevoa de helicóptero as terras palestinas ocupadas e dispara mísseis contra alvos inermes; aquele delicado David de outrora tripula os mais poderosos tanques do mundo e esmaga e rebenta tudo quanto encontra na sua frente; aquele lírico David que cantava loas a Betsabé, encarnado agora na figura gargantuesca de um criminoso de guerra chamado Ariel Sharon, lança a "poética" mensagem de que primeiro é necessário esmagar os palestinos para depois negociar com o que deles restar.

Em poucas palavras, é nisto que consiste, desde 1948, com ligeiras variantes meramente tácticas, a estratégia política israelita.

Intoxicados mentalmente pela idéia messiânica de um Grande Israel que realize finalmente os sonhos expansionistas do sionismo mais radical; contaminados pela monstruosa e enraizada "certeza" de que neste catastrófico e absurdo mundo existe um povo eleito por Deus e que, portanto, estão automaticamente justificadas e autorizadas, em nome também dos horrores passados e dos medos de hoje, todas as acções próprias resultantes de um racismo obsessivo, psicológica e patologicamente exclusivista; educados e treinados na idéia de que quaisquer sofrimentos que tenham infligido, inflijam ou venham a infligir aos outros, e em particular aos palestinos, sempre ficarão abaixo dos que padeceram no Holocausto, os judeus arranham interminavelmente a sua própria ferida para que não deixe de sangrar, para torná-la incurável, e mostram-na ao mundo como se tratasse de uma bandeira.

Israel fez suas as terríveis palavras de Jeová no Deuteronómio: "Minha é a vingança, e eu lhes darei o pago". Israel quer que nos sintamos culpados, todos nós, directa ou indirectamente, pelos horrores do Holocausto, Israel quer que renunciemos ao mais elementar juízo crítico e nos transformemos em dócil eco da sua vontade, Israel quer que reconheçamos 'de jure' o que para eles já é um exercício de facto: a impunidade absoluta.

Do ponto de vista dos judeus, Israel não poderá nunca ser submetido a julgamento, uma vez que foi torturado e queimado em Auschwitz. Pergunto-me se esses judeus que morreram nos campos de concentração nazistas, esses que foram perseguidos ao longo da História, esses que foram trucidados nos progrons, esses que apodreceram nos guetos, pergunto-me se essa imensa multidão de infelizes não sentiria vergonha pelos actos infames que os seus descendentes vêm cometendo.

Pergunto-me se o facto de terem sofrido tanto não seria a melhor causa para não fazerem sofrer os outros.

As pedras de David mudaram de mãos, agora são os palestinos que as atiram. Golias está do outro lado, armado e equipado como nunca se viu soldado algum na história das guerras, salvo, claro está, o amigo americano.

Ah, sim, as horrendas matanças de civis causadas pelos chamados terroristas suicidas... Horrendas, sim, sem dúvida, condenáveis, sim, sem dúvida. Mas Israel ainda terá muito que aprender se não é capaz de compreender as razões que podem levar um ser humano a transformar-se numa bomba.

(José Saramago)
  — com Rejane Maria de Melo e outras 47 pessoas.

Foto: PARA MEDITAR . . .

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Afirmam algumas autoridades em questões bíblicas que o Primeiro Livro de Samuel foi escrito ou na época de Salomão ou no período imediato, em qualquer caso antes do cativeiro da Babilónia.

Outros estudiosos não menos competentes argumentam que não apenas o Primeiro, mas também o Segundo Livro de Samuel, foram redigidos depois do exílio da Babilónia, obedecendo a sua composição ao que é denominado por estrutura histórico-político-religiosa do esquema deuteronomista, isto é, sucessivamente, a aliança de Deus com o seu povo, a infidelidade do povo, o castigo de Deus, a súplica do povo, o perdão de Deus.

Se a venerável escritura vem do tempo de Salomão, poderemos dizer que sobre ela passaram, até hoje, em números redondos, uns três mil anos. Se o trabalho dos redactores foi realizado após terem regressado os judeus do exílio, então haverá que descontar daquele número uns 500.

Esta preocupação de rigor temporal tem como único propósito propor à compreensão do leitor a idéia de que a famosa lenda bíblica do combate (que não chegou a dar-se) entre o pequeno pastor David e o gigante filisteu Golias anda a ser mal contada às crianças pelo menos desde há 25 ou 30 séculos.

Ao longo do tempo, as diversas partes interessadas no assunto elaboraram, com o assentimento acrítico de mais de cem gerações de crentes, tanto hebreus como cristãos, toda uma enganosa mistificação sobre a desigualdade de forças que separava dos bestiais quatro metros de altura de Golias a frágil compleição física do louro e delicado David.

Tal desigualdade, segundo todas as aparências enorme, era compensada, e logo revertida a favor do israelita, pelo fato de David ser um mocinho astucioso e Golias uma estúpida massa de carne, tão astucioso aquele que antes de ir enfrentar o filisteu apanhou na margem de um regato que havia por ali perto cinco pedras lisas que meteu no alforje, tão estúpido o outro que não se apercebeu de que David vinha armado com uma pistola.

Que não era uma pistola, protestarão indignados os amantes das soberanas verdades míticas, que era simplesmente uma funda, uma humílima funda de pastor, como já as haviam usado em imemoriais tempos os servos de Abraão que lhe conduziam e guardavam o gado.

Sim, de facto não parecia uma pistola, não tinha cano, não tinha coronha, não tinha gatilho, não tinha cartuchos, o que tinha era duas cordas finas e resistentes atadas pelas pontas a um pequeno pedaço de couro flexível, no côncavo do qual a mão esperta de David colocaria a pedra que, à distância, foi lançada, veloz e poderosa como uma bala, contra a cabeça de Golias, e o derrubou, deixando-o à mercê do fio da sua própria espada, já empunhada pelo destro fundibulário.

Não foi por ser mais astucioso que o israelita conseguiu matar o filisteu e dar a vitória ao exército do Deus vivo e de Samuel, foi simplesmente porque levava consigo uma arma de longo alcance e a soube manejar. A verdade histórica, modesta e nada imaginativa, contenta-se com ensinar- nos que Golias não teve nem sequer a possibilidade de pôr as mãos em cima de David.

A verdade mítica, emérita fabricante de fantasias, anda a embalar-nos há 30 séculos com o conto maravilhoso do triunfo de um pequeno pastor sobre a bestialidade de um guerreiro gigantesco a quem, afinal, de nada pôde servir o pesado bronze do capacete, da couraça, das perneiras e do escudo.

Tanto quanto estamos autorizados a concluir do desenvolvimento deste edificante episódio, David, nas muitas batalhas que fizeram dele rei de Judá e de Jerusalém e estenderam o seu poder até a margem direita do Eufrates, não voltou a usar a funda e as pedras.

Também não as usa agora.

Nestes últimos 50 anos cresceram a tal ponto as forças e o tamanho de David que entre ele e o sobranceiro Golias já não é possível reconhecer qualquer diferença, podendo até dizer-se, sem insultar a ofuscante claridade dos factos, que se tornou num novo Golias.

David, hoje, é Golias, mas um Golias que deixou de carregar pesadas e afinal inúteis armas de bronze. Aquele louro David de antanho sobrevoa de helicóptero as terras palestinas ocupadas e dispara mísseis contra alvos inermes; aquele delicado David de outrora tripula os mais poderosos tanques do mundo e esmaga e rebenta tudo quanto encontra na sua frente; aquele lírico David que cantava loas a Betsabé, encarnado agora na figura gargantuesca de um criminoso de guerra chamado Ariel Sharon, lança a "poética" mensagem de que primeiro é necessário esmagar os palestinos para depois negociar com o que deles restar.

Em poucas palavras, é nisto que consiste, desde 1948, com ligeiras variantes meramente tácticas, a estratégia política israelita.

Intoxicados mentalmente pela idéia messiânica de um Grande Israel que realize finalmente os sonhos expansionistas do sionismo mais radical; contaminados pela monstruosa e enraizada "certeza" de que neste catastrófico e absurdo mundo existe um povo eleito por Deus e que, portanto, estão automaticamente justificadas e autorizadas, em nome também dos horrores passados e dos medos de hoje, todas as acções próprias resultantes de um racismo obsessivo, psicológica e patologicamente exclusivista; educados e treinados na idéia de que quaisquer sofrimentos que tenham infligido, inflijam ou venham a infligir aos outros, e em particular aos palestinos, sempre ficarão abaixo dos que padeceram no Holocausto, os judeus arranham interminavelmente a sua própria ferida para que não deixe de sangrar, para torná-la incurável, e mostram-na ao mundo como se tratasse de uma bandeira.

Israel fez suas as terríveis palavras de Jeová no Deuteronómio: "Minha é a vingança, e eu lhes darei o pago". Israel quer que nos sintamos culpados, todos nós, directa ou indirectamente, pelos horrores do Holocausto, Israel quer que renunciemos ao mais elementar juízo crítico e nos transformemos em dócil eco da sua vontade, Israel quer que reconheçamos 'de jure' o que para eles já é um exercício de facto: a impunidade absoluta.

Do ponto de vista dos judeus, Israel não poderá nunca ser submetido a julgamento, uma vez que foi torturado e queimado em Auschwitz. Pergunto-me se esses judeus que morreram nos campos de concentração nazistas, esses que foram perseguidos ao longo da História, esses que foram trucidados nos progrons, esses que apodreceram nos guetos, pergunto-me se essa imensa multidão de infelizes não sentiria vergonha pelos actos infames que os seus descendentes vêm cometendo.

Pergunto-me se o facto de terem sofrido tanto não seria a melhor causa para não fazerem sofrer os outros.

As pedras de David  mudaram de mãos, agora são os palestinos que as atiram. Golias está do outro lado, armado e equipado como nunca se viu soldado algum na história das guerras, salvo, claro está, o amigo americano.

Ah, sim, as horrendas matanças de civis causadas pelos chamados terroristas suicidas... Horrendas, sim, sem dúvida, condenáveis, sim, sem dúvida. Mas Israel ainda terá muito que aprender se não é capaz de compreender as razões que podem levar um ser humano a transformar-se numa bomba.

(José Saramago)

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Índios de Santa Cruz Cabrália são convidados para ir à Alemanha


A tribo foi avisada de que os alemães têm interesse em levar quatro lideranças ao governo da Alemanha

Encantados com a cultura indígena, os alemães convidaram os índios de Santa Cruz Cabrália para irem à Europa. De acordo com o coordenador do Movimento Indígena da Bahia, Zeca Pataxó, a tribo foi avisada de que os alemães têm interesse em levar quatro lideranças ao governo da Alemanha para que eles possam entender e acompanhar melhor a situação do nosso território, da saúde e da educação. "Eles querem junto com o governo brasileiro, proporcionar benefícios para a nossa comunidade. Já pediram nossos documentos", contou.
Alemães se divertiram com índios durante estadia na Bahia (Foto: Reprodução/Facebook/DFB-Team)

O contato intenso com a comunidade do povoado de Santo André, em Santa Cruz Cabrália, sensibilizou os alemães que deixaram diversos legados para os moradores. "Ganhamos dois presentes: a divulgação de Santa Cruz Cabrália, que hoje está conhecida no mundo inteiro, e o veículo para prestar apoio à saúde da nossa aldeia", disse o cacique Piki Pataxó, que ficou conhecido por liderar a "dança dos guerreiros" apresentada à seleção alemã e reproduzida pelos atletas após a conquista do tetracampeonato.

Os atletas visitaram também o Escola Municipal Santo André quando, na oportunidade, doaram uma camisa autografada pelo time e sete bicicletas. O colégio também receberá recursos da seleção alemã para que, duas vezes por semana, os 72 alunos tenham atividades pedagógicas e recreativas nos dois turnos, por meio do projeto Sonho de Crianças 2014.

Além disso, os alemães estão construindo um campo de futebol que ficará à disposição dos atletas amadores. A obra está em fase de conclusão e mais da metade da grama já foi plantada. Já o local onde os alemães ficaram hospedados servirá para incrementar ainda mais o turismo na região, já que será a mais nova opção de hospedagem na Costa do Descobrimento."O resort está aberto para pessoas que querem ficar em lugar pequeno, mas luxuoso. É possível alugar casas ou quartos", explica Jakub Halicki, diretor do empreendimento.

domingo, 13 de julho de 2014

Rosa Adry

(evangelista da silva)


Tu és para mim uma prece!...
Oro curvado aos teus pés
E rogo-te em nome do Amor
Que embala o nosso viver,
A eterna fidelidade de Amar!...

E nesta amplitude de querer e possuir,
Triste e desesperado,
Ajoelho-me apaixonado,
Clamando o teu corpo - alucinado prazer...
Envolvido no calor da tua boca e desejo.

E neste bailar das nossas vidas,
Aninhado ao teu lindo e alucinante corpo,
Oh doce Nina!... Aninha!... Nininha do céu...
Rosa Adry dos dias meus...
Vem, bela e formosa Menina/Mulher!...

A ti, suplico exaustivamente
O silêncio de minha dor,
E o desespero da minha paixão...
E nesta Tempestade de Amor e Tudo, e Nada,
Desmaio e morro sobre o teu corpo e encanto, minha Doce Amada...

E enquanto tu celebras a tua alegria
Em saudosa sinfonia de Aniversário de Natalício,
Eu, morto e esquecido, vou rasgando um papel
Mofado e amarelado: "um contrato de casamento",
Para construir uma união estável onde possamos Viver e Amar.

Serena, brava, ousada e cheirosa é a minha Menina...
Beijo-te e degluto a saliva para me alimentar...
Desta forma, Minha Nininha, vivemos a transição
De um mundo tortuoso e cheio de indiferença,
Para mergulharmos no oceano de vida, Amor e Amar...

Foto: Rosa Adry

(evangelista da silva)
 

Tu és para mim uma prece!...
 Oro curvado aos teus pés
 E rogo-te em nome do Amor
 Que embala o nosso viver,
 A eterna fidelidade de Amar!...
 
E nesta amplitude de querer e possuir,
 Triste e desesperado,
 Ajoelho-me apaixonado,
 Clamando o teu corpo - alucinado prazer...
 Envolvido no calor da tua boca e desejo.
 
E neste bailar das nossas vidas,
 Aninhado ao teu lindo e alucinante corpo,
 Oh doce Nina!... Aninha!... Nininha do céu...
 Rosa Adry dos dias meus...
 Vem, bela e formosa Menina/Mulher!...
 
A ti, suplico exaustivamente
 O silêncio de minha dor,
 E o desespero da minha paixão...
 E nesta Tempestade de Amor e Tudo, e Nada,
 Desmaio e morro sobre o teu corpo e encanto, minha Doce Amada...
 
E enquanto tu celebras a tua alegria
 Em saudosa sinfonia de Aniversário de Natalício,
 Eu, morto e esquecido, vou rasgando um papel
 Mofado e amarelado: "um contrato de casamento",
 Para construir uma união estável onde possamos Viver e Amar.
 
Serena, brava, ousada e cheirosa é a minha Menina...
 Beijo-te e degluto a saliva para me alimentar...
 Desta forma, Minha Nininha, vivemos a transição
 De um mundo tortuoso e cheio de indiferença,
 Para mergulharmos no oceano de vida, Amor e Amar...
Rjevangelista

terça-feira, 8 de julho de 2014

O SONHO ACABOU?

por GUIMARÃES ORTEGA - ferpaortega@terra.com.br


Quando John Lennon disse a celebre frase “o sonho acabou”, referia-se ao sonho de uma juventude que, com suas atitudes irreverentes, suas músicas, suas ideias e uma filosofia que preconizava “faça amor, não faça guerra”, tentou mudar o mundo. Pode não ter conseguido naquele momento, mas a semente foi lançada e a cultura da paz e do amor se espalhou por todo o universo. Se o sonho acabou ou não, somente a história poderá dizer. O que se sabe é que o mundo nunca mais foi o mesmo depois da geração dos anos 1960.
O festival de Woodstock aconteceu no auge do movimento Hippie, em agosto de 1969, numa fazenda nos arredores de Nova Iorque. Foram três dias de muita música, muita droga, sexo e total liberdade. Cerca de 500 mil jovens curtiram o corpo, a mente, longe dos males da civilização. O LSD (acido lisérgico) era a droga reinante, e encheu o universo jovem de sonhos, fantasias e esperanças. Mas a melhor droga mesmo era a música.
O movimento Hippie nasceu na Califórnia (EUA), e a partir daí se alastrou por todo o mundo. O termo Hippie foi utilizado pela primeira vez em 1965 por um jornal de São Francisco, para designar jovens que se reuniam em festivais de rock e blues, usavam flores nos cabelos longos e roupas coloridas, falavam de igualdade e liberdade e curtiam LSD. Deriva da palavra “hipster”, que quer dizer “criadores de tendência”, ou ainda “pessoas que se envolvem com a cultura negra” (foi utilizada na década de 1940 para designar músicos negros de jazz) e servia para se referir de modo negativo e pejorativo aos jovens da época que circulavam por North Beach, na Califórnia. Os Hippies adotaram um estilo de vida comunitário em pequenas vilas ao redor de São Francisco, e saiam como nômades viajando por todo o país. Desenvolveram o movimento considerado como a contracultura dos anos 1960, negando o nacionalismo e atuando contra a guerra do Vietnã. Praticavam religiões como o hinduísmo, o budismo, culturas nativas norte-americanas advindas dos índios, e eram radicalmente contra o modo de vida da classe media americana. Para os Hippies, os valores sociais tradicionais não tinha legitimidade. Vestiam-se de forma diferente, amavam as flores, curtiam drogas, o sexo livre e tinham uma verdadeira paixão pela musica, principalmente o blues e o rock. O grande sonho dos Hippies era a busca pela paz e pela liberdade, além de terem no amor livre uma de suas maiores bandeiras.
Em 1970 o movimento sofre um grande golpe na Califórnia ao ocupar um terreno e transformar em um parque popular. Em um confronto com a polícia, um jovem morreu e muitos ficaram feridos. Em um show da banda Rolling Stones, em um confronto com a gang Hell, s Angels, encarregados da segurança do evento, morrem mais quatro jovens. Com a morte de Jimmy Hendrix e Janis Joplin e a dissolução dos Beatles, aliado à repressão social e policial, o movimento começa a se esconder. Evitam a publicidade e buscam as comunidades longe dos grandes centros, vivendo como andarilhos e vendendo seus artesanatos para sobreviver. E surge o mito de que o movimento acabou e se tornou parte da sociedade estabelecida, o que não é verdadeiro. O que aconteceu é que a sociedade em todo o mundo passou a adotar inconscientemente o estilo e a cultura hippie, embora com restrições e muito pouco da essência. É a semente que começa a germinar.
No Brasil o movimento Hippie seguiu uma linha parecida ao americano, com os jovens buscando a vida livre e desprovida de regras. Viviam como nômades com suas mochilas e barracas, e acabaram sendo muito discriminados, pois o país vivia um regime de exceção comandado pelos militares. O movimento tomou corpo no início da década de 1970 e se expandiu em todo o país, tendo inclusive se ramificado por toda a América Latina. Era praticamente regra na cultura Hippie Tupiniquim sair sem rumo, viajando pelos países Andinos. Seus ídolos inicialmente foram os Mutantes, o grupo da Tropicália, Raul Seixas e os Novos Baianos, que chegaram a fundar uma comunidade em uma fazenda em Petrópolis.
Em meados dos anos 1970 o movimento perde força, e os Hippies começam a se acomodar em comunidades, tais como Arembepe e Troncoso na Bahia, além de Pirenópolis no estado de Goiás e ainda Milho Verde, em Minas Gerais. Passam a viver de forma alternativa, porém em harmonia com a sociedade estabelecida. Hoje ainda continuam nas comunidades, e existem alguns jovens e muitos nem tão jovens assim vivendo nas ruas vendendo artesanato. Resta saber se ainda prevalece a ideologia Hippie que chacoalhou o mundo nos anos 1960, ou apenas buscam um modo alternativo de vida.
O sonho não acabou. Ele ainda persiste dentro das pessoas, e continua a abrir caminho para os jovens que buscam uma sociedade livre e justa. Enquanto existir alguém que lute pela liberdade, pela igualdade e pela fraternidade, que busque a paz e a justiça entre os homens, teremos a realização do sonho. Que em verdade não se realiza, apenas cumpre etapas. O sonho não é uma estrutura a ser atingida. É sim uma verdade a ser defendida, um objetivo a ser perseguido eternamente.
O sonho não acabou, e a semente plantada pelos Hippies nos anos 1960 germinou e está repleta de frutos. Neste mundo absurdo e cruel, ainda resta sonhar.