quinta-feira, 23 de julho de 2015

“Para quando eu me for”

“Para quando eu me for”, um texto para quem não tem medo de se emocionar

Morrer é uma surpresa. Sempre. Nunca se espera. Nem mesmo o paciente terminal acha que vai morrer hoje ou amanhã. Na semana que vem talvez, mas apenas se a semana que vem continuar sendo na semana que vem.
Nunca se está pronto. Nunca é a hora. Nunca vamos ter feito tudo o que queríamos ter feito. O fim da vida sempre vem de surpresa, fazendo as viúvas chorarem e entediando as crianças que ainda não entendem o que é um velório (Graças a Deus).
Com meu pai não foi diferente. Na verdade, foi mais inesperado. Meu pai se foi com 27 anos, a idade que leva muitos músicos famosos. Jovem. Moço demais. Meu pai não era músico nem famoso, o câncer parece não ter preferência. Ele se foi quando eu ainda era novo, descobri o que era um velório justamente com ele. Eu tinha 8 anos e meio, o suficiente pra sentir saudade pelo resto da vida. Se ele tivesse morrido antes, não haveriam lembranças. Nem dor. Mas também não haveria um pai na minha história. E eu tive um pai.
Tive um pai que era duro e divertido. Que me colocava de castigo com uma piadinha pra não me magoar. Que me dava um beijo na testa antes de dormir. Hábito esse que eu levei para os meus filhos. Que me obrigou a amar o mesmo time que ele e que explicava as coisas de um jeito melhor que a minha mãe. Sabe? Um pai desses que faz falta.
Ele nunca me disse que ia morrer, nem quando já estava deitado cheio de tubos. Meu pai fazia planos para o ano que vem mesmo sabendo que não veria o próximo mês. No ano que vem iríamos pescar, viajar, visitar lugares que nenhum de nós conhecia. O ano que vem seria incrível. Eu vivi esse sonho com ele.
Acho, tenho certeza na verdade, que ele pensava que isso daria sorte. Supersticioso. Pensar no futuro era o jeito dele se manter otimista. O desgraçado me fez rir até o final. Ele sabia. Ele não me contou. Ele não me viu chorar a sua perda.
E de repente o ano que vem acabou antes de começar.
Minha mãe me pegou na escola e fomos ao hospital. O médico deu a notícia com toda a sensibilidade que um médico deixa de ter com os anos. Minha mãe chorou. Ela também tinha um pingo de esperança. Como disse antes, todo mundo tem. Eu senti o golpe. Como assim? Não era só uma doença normal dessas que a gente toma injeção? Pai, como eu te odiei. Você mentiu pra mim. Não fiquei triste, pai, fiquei com raiva. Me senti traído. Gritei de raiva no hospital até perceber que meu pai não estava lá pra me colocar de castigo. Chorei.
Mas aí meu pai foi meu pai de novo. Trazendo uma caixa de sapato debaixo dos braços, uma enfermeira veio me consolar. Dentro, dezenas de envelopes lacrados com frases escritas onde deveriam ficar os nomes dos destinatários. Entre as lágrimas e os soluços não consegui entender direito o que estava acontecendo. E então a mesma enfermeira me entregou uma carta. A única fora da caixa.
“Seu pai me pediu pra entregar essa pessoalmente e te dizer pra abrir. Ele passou a semana inteira escrevendo tudo isso e disse que era pra você. Seja forte.” Disse a enfermeira com um abraço.
PARA QUANDO EU ME FOR dizia o envelope que ela me entregou. Abri.Filho,
Se você está lendo eu morri. Desculpa, eu sabia.
Não queria te dizer que ia acontecer, não queria te ver chorar. Parece que consegui. Acho que um homem prestes a morrer tem o direito de ser um pouco egoísta.
Bom, como eu ainda tenho muito pra te ensinar, afinal você não sabe de nada, deixei essas cartas. Você só pode abrir quando o momento certo chegar, o momento que eu escrevi no envelope. Esse é o nosso combinado, ok?
Eu te amo. Cuida da sua mãe, você é o homem da casa agora.
Beijo, pai.
PS: Não deixei cartas para sua mãe, ela já ficou com o carro.
E com aqueles garranchos, afinal naquela época não era tão fácil imprimir como é hoje em dia, ele me fez parar de chorar. Aquela letra porca que uma criança de 8 anos mal entendia (eu, no caso) me acalmou. Me arrancou um riso do rosto. Esse era o jeito do meu pai de fazer as coisas. Que nem o castigo com uma piadinha para aliviar.
Aquela caixa se tornou a coisa mais importante do mundo. Proibi minha mãe de abrir, de ler. Mas elas eram minhas, só pra mim. Sabia decorado todos os momentos da vida em que eu poderia abrir uma carta e ler o que meu pai tinha deixado. Só que esses momentos demoraram muito pra chegar. E eu esqueci.
Sete anos e uma mudança depois eu não tinha ideia de onde a caixa tinha ido parar. Eu não lembrava dela. Algo que você não lembra não faz falta. Se você perdeu algo da sua memória, você não perdeu. Simplesmente não existe. Como dinheiro que depois você acha no bolso da bermuda.
E então aconteceu. Uma mistura de adolescência com o novo namorado da minha mãe desencadeou o que meu pai sabia que um dia aconteceria. Minha mãe teve vários namorados, sempre entendi. Ela nunca casou de novo. Não sei ao certo o motivo, mas gosto de acreditar que o amor da vida dela tinha sido meu pai. Mas esse namorado era ridículo. Eu sentia que ela se rebaixava pra ele. Que ele fazia pouco da mulher que ela era. Que uma mulher como ela merecia algo melhor do que um cara que ela tinha conhecido no forró.
Me lembro até hoje do tapa que veio acompanhado da palavra “forró”. Eu mereci, admito. Os anos me mostraram isso. Na hora, enquanto a pele da minha bochecha ardia, lembrei da minha caixa e das minhas cartas. De uma carta em específico que dizia PARA QUANDO VOCÊ TIVER A PIOR BRIGA DO MUNDO COM A SUA MÃE.
Corri para o quarto e revirei minhas coisas o suficiente para levar outro tapa na cara da minha mãe. Encontrei a caixa dentro de uma mala de viagem na parte de cima do armário. O limbo. Procurei entre os envelopes. Passei por PARA QUANDO VOCÊ DER O PRIMEIRO BEIJO e percebi que havia pulado essa, me odiei um pouco e decidi que a leria logo depois, e por PARA QUANDO VOCÊ PERDER A VIRGINDADE, uma que eu esperava abrir logo, logo. Achei o que procurava e abri.
Pede desculpa.
Eu não sei o motivo da briga e nem quem tem razão. Mas eu conheço a sua mãe. Então a melhor maneira de resolver isso é com um humilde pedido de desculpas. Do tipo rabinho entre as pernas.
Ela é sua mãe, cara. Te ama mais do que tudo nessa vida. Sabe, ela escolheu parto normal porque alguém disse que era melhor pra você. Você já viu um parto normal? Pois é, quer demonstração de amor maior que essa?
Pede desculpa. Ela vai te perdoar. Eu não seria tão bonzinho.
Beijo, pai.
Meu pai passava longe de um escritor, era bancário, mas as palavras dele mexeram comigo. Havia mais maturidade nelas do que nos meus quatorze anos de vida. O que não era muito difícil por sinal.
Corri para o quarto da minha mãe e abri a porta. Já estava chorando quando ela, chorando também, virou a cabeça pra me olhar nos olhos. Não lembro o que ela gritou pra mim, algo como “O que você quer?”, mas lembro que andei até ela e a abracei, ainda segurando a carta do meu pai. Amassando o papel já velho entre os meus dedos. Ela me abraçou de volta e ficamos em silêncio por não sei quantos minutos.
A carta do meu pai fez ela rir alguns momentos depois. Fizemos as pazes e conversamos um pouco sobre ele. Ela me contou umas manias estranhas que ele tinha, como comer salame com geleia de morango. De algum modo, senti que ele estava ali. Eu, minha mãe e um pedaço do meu pai, um pedacinho que ele deixou naquele papel. Que bom.
Não demorou muito e li PARA QUANDO VOCÊ PERDER A VIRGINDADE.
Parabéns, filho.
Não se preocupa, com o tempo a coisa fica melhor. Toda primeira vez é um lixo. A minha foi com a puta mais feia do mundo, por exemplo.
Meu maior medo é você ler o envelope e perguntar da sua mãe antes da hora o que é virgindade. Ou pior, ler o que eu acabei de escrever sem nem saber o que é punheta (você sabe, não sabe?). Mas isso também não será problema meu, não é mesmo?
Beijo, pai.
Meu pai acompanhou minha vida toda. De longe, sim, mas acompanhou. Em incontáveis momentos suas palavras me deram aquela força que ninguém mais conseguia dar. Ele sempre dava um jeito de me arrancar um sorriso em um momento de tristeza ou de clarear meus pensamentos num momento de raiva.
PARA QUANDO VOCÊ CASAR me emocionou, mas não tanto quanto PARA QUANDO EU FOR AVÔ.
Filho, agora você vai descobrir o que é amor de verdade. Vai descobrir que você gosta bastante da sua mulher, mas que amor mesmo é o que você vai sentir por essa coisinha aí que eu não sei se é ele ou ela. Sou um cadáver, não um vidente.
Aproveita. É a melhor coisa do mundo. O tempo vai passar rápido, então esteja presente todos os dias. Não perca nenhum momento, eles não voltam mais. Troque as fraldas, dê banho, sirva de exemplo. Acho que você tem condições de ser um pai tão incrível quanto eu.
A carta mais dolorida da minha vida foi também a mais curta do meu pai. Acredito que ele sofreu para escrever aquelas quatro palavras o mesmo que eu sofri por ter vivido aquele momento. Demorou, mas um dia eu tive que ler PARA QUANDO SUA MÃE SE FOR.
Ela é minha agora.
Uma piada. Um palhaço triste que esconde o choro por trás do sorriso de maquiagem. Foi a única carta que não me arrancou um sorriso, mas entendi a razão.
Eu sempre respeitei o combinado com meu pai. Nunca li nenhuma carta antes do momento certo. Tirando PARA QUANDO VOCÊ SE DESCOBRIR GAY, claro. Nunca acreditei que o momento de ler essa carta chegaria, então abri muitos anos atrás. Ela foi uma das mais engraçadas, por sinal.
O que eu posso dizer? Ainda bem que morri.
Deixando as brincadeiras de lado e falando sério (é raro, aproveita). Agora semimorto eu vejo que a gente se importa muito com coisas que não importam tanto. Você acha que isso muda alguma coisa, filho?
Não seja bobo, seja feliz.
Sempre esperei muito pelo próximo momento. Pela próxima carta. Pela próxima lição que meu pai tinha pra me dar. Incrível como um homem que viveu 27 anos teve tanto pra ensinar pra um senhor de 85 como eu.
Agora, deitado na cama do hospital, com tubos no nariz e na traqueia (maldito câncer), eu passo os dedos por cima do papel desbotado da última carta. PARA QUANDO SUA HORA CHEGAR o garrancho quase invisível diz.
Não quero abrir. Tenho medo. Não quero acreditar que a minha hora chegou. Esperança, lembra? Ninguém acredita que vai morrer hoje.
Respiro fundo e abro.
Oi, filho, espero que você seja um velho agora.
Sabe, essa foi a carta mais fácil de escrever. A primeira que eu escrevi. A carta que me livrou da dor de te perder. Acho que estar perto do fim clareia a cabeça pra falar sobre o assunto.
Nos meus últimos dias eu pensei na vida que eu levei. Na minha curta vida, sim, mas que me fez muito feliz. Eu fui seu pai e marido da sua mãe. O que mais eu poderia querer? Isso me deu paz. Faça o mesmo.
Um conselho: não precisa ter medo.
PS: Tô com saudade.

segunda-feira, 13 de julho de 2015

A Dupla Lucas e Orelha Consagra-se Honradamente Campeã por Excelência

Lucas e Orelha estão confiantes para próxima fase do Superstar: ‘Nossa meta é vencer’
Dupla se apresenta novamente neste domingo no reality. Foto: Reprodução/Facebook
A vida de Lucas Arcanjo e João Henrique Santana, a dupla Lucas e Orelha, deu um giro de 180 graus desde a primeira audição no reality show musical Superstar, da Rede Globo. Acompanhados pela banda, os garotos, de 19 e 17 anos, respectivamente, subiram ao palco no dia 26 de abril e animaram público e jurados com a música autoral “Presságio”, garantindo 86% dos votos, segunda melhor votação da noite, e o “sim” do trio formado por Paulo Ricardo, Sandy e Thiaguinho, escolhido pela dupla como padrinho. Neste domingo (31), Lucas e Orelha voltam a se apresentar no programa e prometem ir com todo gás disputar o “SuperPasse” para a terceira etapa da competição. “A gente não pode dizer o que estamos preparando, mas está muito bom! Vocês e os críticos vão gostar pra caramba! Está diferente, super lindo”, contou Lucas, confiante. Diferente do que muitos pensam, ele e Rick não são irmãos. Amigos de escola, se juntaram há cerca de um ano para gravar uns vídeos e divulgar na internet. Aos poucos, a brincadeira virou coisa séria, e as pessoas começaram a se interessar pelo trabalho que eles faziam. “Conheci o Orelha no colégio, estudávamos juntos. Um dia, resolvi postar um vídeo com ele na internet e a repercussão do público começou a surgir. Conhecemos o Guga (Fernandes, produtor) e ele quis começar uma banda com a gente”, relembra Lucas.

Após a apresentação, Thiaguinho aprovou: "Me vi neles. Gostei muito da música. Tem muito a ver comigo e vocês conseguiram colocar a cara de vocês. Parabéns!". Ouça abaixo "Presságio", canção que levou Lucas e Orelha à segunda fase do Superstar:
Parceiros no trabalho e na vida, a identificação entre Lucas e Rick Orelha foi imediata, especialmente porque ambos têm o mesmo gosto e referências musicais. “Apesar de não sermos irmãos de sangue, a gente se identificou bastante. Parece que já nos conhecíamos há anos, de outras vidas. Somos irmãos de alma”, diz Lucas. Fãs de Anitta, Justin Bieber, Justin Timberlake, Naldo, Projota e Chris Brown, os meninos tentam aliar o que ouvem ao que produzem e, até agora, já são mais de 50 composições. “A gente tenta mesclar essas influências à nossa baianidade e brasilidade. Criamos um estilo próprio, que definimos como funk pop melody”, explica. As preferências, no entanto, não impedem o trânsito da dupla por outros ritmos, um deles, o Axé. "Como a gente mora em Salvador, não tem como não beber dessa fonte. Já nascemos ouvindo. Mas o Axé que a gente faz é um pouco diferente, meio pop, meio melody, meio eletrônico", ressalta Lucas. Inclusive, o próximo álbum do ex-Jammil e Uma Noites, Tuca Fernandes, contará com cinco músicas compostas pelos meninos. "Assim como aconteceu comigo e o Rick, parece que já conhecíamos o Tuca há dez mil anos. Ele se identificou verdadeiramente com a gente, é uma pessoa nota 100 que nos deu uma oportunidade e mostrou o caminho e a direção a seguir. Quando a gente senta e toca é incrível", destaca.

Lucas e Orelha comemoram passagem para segunda fase ao lado da banda. Foto: Fabiano Battaglin / Gshow
Embora não esperassem a repercussão gerada pela participação no Superstar e até tenham duvidado da possibilidade de entrar no reality, Lucas e Orelha não reclamam da nova fase, só desfrutam. " Não sabíamos se tínhamos chance. Foi uma surpresa, porque a gente não esperava que os três jurados gostassem do nosso estilo, principalmente o Paulo Ricardo que é do rock, mas que foi o primeiro a apertar o botão. Também não sabíamos que o poder da emissora e do programa eram tão grandes assim. Nossa vida mudou da água para o vinho. A gente sai na rua e as pessoas já reconhecem de cara. Estamos gostando demais de ver que nosso sonho está sendo realizado. É uma coisa muito gostosa", enfatiza. Os meninos, que superaram bandas com mais tempo de estrada e experiência, não acreditam que a pouca idade traga vantagem na disputa. "Se somos novos ou não, não importa. Cada um tem que chegar lá, mostrar seu trabalho, sua verdade, o que é e o que é capaz de fazer", pontua. Apesar de felizes e satisfeitos com a experiência e a oportunidade proporcionadas pelo Superstar, Lucas e Orelha querem avançar ainda mais na disputa e na carreira. "O programa nos ensinou muita coisa. Tem muita gente boa e estamos muitos felizes. Esperamos ser aprovados para a próxima fase e mostrar nossa musicalidade para o Brasil e o mundo. Nossa meta é vencer e com fé em Deus vai dar tudo certo", torce Lucas.

Assista ao clipe de "Não Vou Esperar", de Lucas e Orelha:

terça-feira, 7 de julho de 2015

QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL E INCONSTITUCIONALIDADE - Robson Ramos

QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL E INCONSTITUCIONALIDADE

A infiltração da OAB nos poderes do país impõe ao Judiciário a doutrina da violação da lei através de interpretações subjetivas daquilo que deve ser cumprido e não interpretado. O judiciário não diz mais o que é direito e sim qual é a sua vontade, A verdade mais conveniente à OAB e à ditadura neocomunista.
O artigo quinto da Constituição é absolutamente claro ao dizer que é livre o exercício de qualquer profissão ou ofício, interpretá-la de maneira a reduzir o alcance desta afirmação é servir ao totalitarismo que nos governa e não à democracia. É o que ocorre quando se utiliza a “qualificação profissional” como artifício para impedir que os bacharéis em direito exerçam a profissão de advogado.
“CF - Art. 5º
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer; “
A OAB e o JUDICIÁRIO precisam entender que cada ciência tem seu objeto de estudo e que precisam respeitar as outras ciências e os demais poderes da República. Não é lícito ao Judiciário e à OAB se apropriarem da verdade e estabelecerem definições que competem a outros órgãos fazê-lo.
QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL
Compete ao MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO e ao MINISTÉRIO DO TRABALHO legislar sobre a QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL. Compete ao Ministério do Trabalho investigar qual é o tipo de qualificação profissional que o mercado precisa e é tarefa do Ministério da Educação fornecê-la. A qualificação profissional é fornecida pelo Ministério da Educação e comprovada pela exibição do DIPLOMA reconhecido pelo MEC.
A lei não autoriza o JUDICIÁRIO a se apropriar da verdade e definir aquilo que a lei já definiu para atender aos interesses da OAB. Cabe ao JUDICIÁRIO atender aos interesses da SOCIEDADE e não de uma associação privada.
Qualificação profissional são os atributos e características de um indivíduo para se posicionar bem no mercado de mercado. Qualificação profissional é a preparação para aprimorar suas habilidades, e especializar-se em determinadas áreas para executar da melhor forma suas atribuições. O Ministério da Educação ao definir o currículo da cada profissão definiu quais as QUALIDADES que o PROFISSIONAL dever ter para exercer aquela profissão. E ao conceder-lhe o DIPLOMA certificou que aquele indivíduo possui tais QUALIFICAÇÕES PROFISSIONAIS.
Se quisermos melhorar a qualificação profissional dos bacharéis em direito temos que alterar o currículo do curso, excluindo a interferência da OAB. Introduzindo nos cursos filosofias PRÓ-SOCIEDADE e terminar com a exclusividade do ensino do direito pró-indivíduo, pró-réu, pró-bandido.
Não é através de uma prova ilegal que exclui os direitos dos cidadãos, restringindo a amplitude da liberdade ao trabalho que a Constituição determina que se vai melhorar o que a OAB estragou com sua ideologia comunista. Nem é o propósito desta prova fazê-lo. O único propósito da prova é servir ao Totalitarismo que se instalou neste país.
A QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL é objeto de estudo da ciência da ADMINISTRAÇÃO, dos profissionais de Recursos Humanos, dos Economistas, do Ministério do Trabalho, do Ministério da Educação, da Sociologia do trabalho.
Quando os profissionais de recursos humanos reclamam da falta de profissionais qualificados estão dizendo que não há no mercado profissionais graduados, com diplomas reconhecidos pelo MEC em uma determinada profissão. Este é o significado de QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL.
A lei atribuiu ao MEC a competência para avaliar a qualidade da qualificação e exigir melhorias, inclusive fechando as escolas que não atendam aos requisitos mínimos que o MEC impõe. Não é competência nem da OAB, nem do STF legislar nesta matéria contra as leis vigentes. Não compete ao Judiciário posto a serviço da OAB violar as leis para atender a uma Associação Privada.
Não é tarefa dos membros da OAB infiltrados no STF inovar e criar significados para expressões que estão absolutamente claras. Ao STF compete cumprir a lei não criar interpretações sobre aquilo que está explícito. A expressão QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL não admite significação diversa daquilo que qualquer pessoa de formação intelectual mediana compreenda.
“A Concepção capitalista de qualificação profissional remete ao campo estritamente positivista e técnico como na visão de Taylor e Ford. Na visão liberal predominam a competência, a formação técnica como a habilitação para o exercício da profissão que se comprova pela exibição do certificado ou diploma. “
“A Concepção marxista de qualificação profissional insere na educação e na profissionalização problemas de natureza econômica, filosófica, social e ético-política que remetem não apenas à formação profissional estrito senso, mas à formação humana, em sentido pleno”.
Esta interpretação permite inserções subjetivas que alienam o sujeito do direito ao trabalho, colocando no ostracismo os opositores do regime, para esta concepção a qualificação profissional não se comprova com a exibição do certificado, nem pela competência, mas pelo consentimento do regime. Para a concepção marxista atributos pessoais são mais valorizados que a competência profissional.
“a qualificação dos trabalhadores se dá por meio da articulação entre a sua subjetividade e o modo como ela é intrinsecamente vinculada às relações sociais, ao conjunto dos trabalhadores e ao modo de reprodução do capital” (p.36). Claudia Mattos Kober Campinas: Autores Associados, 2004.
"O conceito de qualificação não pode ser compreendido como uma construção teórica acabada, mas como um conceito explicativo da articulação de diferentes elementos no contexto das relações de trabalho, capaz de dar conta das regulações técnicas que ocorrem na relação dos trabalhadores com a tecnologia e das regulações sociais que produzem os diferentes atores da produção que resultam nas formas coletivas de produzir (Villavicencio, 1992, p.1)."
Com a introdução desta concepção marxista de qualificação profissional, os funcionários dos departamentos de RH das empresas têm feito a seleção fundamentados em valores puramente subjetivos excluindo pessoas em razão da idade, peso, traje, corte de cabelo, opinião política, chegando mesmo a investigar na internet a postura política do candidato, e um sem número de abusos não admitidos no sistema capitalista. Hoje, o Einstein não conseguiria sequer uma entrevista numa destas empresas. Tudo importa, com supremacia à competência profissional. A concepção marxista introduz um subterfúgio para legalizar a discriminação.
Concepção Relativista da Qualificação Profissional segundo Pierre Naville:
Para Naville a qualificação profissional não deve ser vista apenas do prisma da técnica e do conteúdo do trabalho, mas como um processo e um produto social que decorre, por um lado da relação e das negociações tensas entre capital e trabalho, e por outro, de fatores socioculturais que influenciam o julgamento e a classificação que a sociedade faz sobre os indivíduos.
Concepção Essencialista da Qualificação Profissional segundo o marxista francês Georges Friedman:
Friedman divide a qualificação profissional em qualificação do trabalho: competências técnicas e qualificação do trabalhador: uma lista de atributos pessoais do trabalhador.
CONCEPÇÃO MARXISTA
A concepção de qualificação profissional adotada pelo Judiciário Brasileiro e pela OAB é a concepção marxista onde considerações subjetivas se sobrepõem aos fatos e se chocam frontalmente com concepção positivista. O marxismo criou uma maneira velada de se legalizar a discriminação.
Para a Teoria Sociológica Neopositivista os conceitos precisam ser provados por Interpretações Estatísticas e não há qualquer estudo no Brasil que demonstre que os bacharéis recém-formados ou sem registro na OAB causem danos à sociedade, nem poderia haver, pois são impedidos de exercer a profissão. Não existe uma comprovação desta afirmação inverídica.
A presunção subjetiva de que os bacharéis recém-formados possam causar danos à sociedade tem uma solução prevista em lei. Se algum profissional causar danos à sociedade o Conselho Fiscalizador da Profissão tem autoridade para cassar-lhe o registro profissional.
Presumir que alguém vá cometer um ilícito e proibi-lo de exercer a profissão é considerar culpado um cidadão antes mesmo que ele cometa um ilícito. Uma violação ao princípio da inocência. Uma violação à Constituição permitida pela interpretação neocomunista da qualidade do trabalho.

domingo, 5 de julho de 2015

Compra-se Um Amor

Compra-se Um Amor




(evangelista da silva)


Paga-se excelente preço
pelo amor de uma mulher
que se me atire aos braços,
chore os meus descompassos
e arreia-se sobre o meu coração
em vômitos de amar...

Sim, dinheiro não é problema,
sou dono do mundo!...
tenho milhões de empregados:
mandados, subalternos...
pago quanto quero...
assim é o meu porvir.

Deixo claro:
não sou mercador de sexo...
estou a procura de um amor que,
sabendo eu ter dinheiro, não se despoje
interesseira...
seja completa.

Pago pelos préstimos de uma médica em UTI
jamais impondo-lhe vantagens em me amar...
agradeço-lhe por todo o seu carinho,
certa de que será recíproco o meu querer bem...
vem, ó mulher...
querida e sonhada mulher...

Se o problema for dinheiro...
não se lhe preocupe amor!...
pago-lhe por todo o seu trabalho hospitalar...
mas que seja por amor tudo o que fizer por mim...
odeio ser traído...
sim...

Ainda...
não pague a outro
aquilo que pago
por ti
sim...
não.

Maria Rita Kehl: Justiça ou vingança?

Maria Rita Kehl: Justiça ou vingança?

Sou obrigada a concordar com Friedrich Nietzsche: na origem da demanda por justiça está o desejo de vingança. Nem por isso as duas coisas se equivalem. O que distingue civilização de barbárie é o empenho em produzir dispositivos que separem um de outro. Essa é uma das questões que devemos responder a cada vez que nos indignamos com as consequências da tradicional violência social em nosso país.
Escrevo "tradicional" sem ironia. O Brasil foi o último país livre no Ocidente a abolir a prática bárbara do trabalho escravo. Durante três séculos, a elite brasileira capturou, traficou, explorou e torturou africanos e seus descendentes sem causar muito escândalo.
Joaquim Nabuco percebeu que a exploração do trabalho escravo perverteria a sociedade brasileira –a começar pela própria elite escravocrata. Ele tinha razão.
Ainda vivemos sérias consequências desse crime prolongado que só terminou porque se tornou economicamente inviável. Assim como pagamos o preço, em violência social disseminada, pelas duas ditaduras –a de Vargas e a militar (1964 e 1985)– que se extinguiram sem que os crimes de lesa-humanidade praticados por agentes de Estado contra civis capturados e indefesos fossem apurados, julgados, punidos.
Hoje, três décadas depois de nossa tímida anistia "ampla, geral e irrestrita", temos uma polícia ainda militarizada, que comete mais crimes contra cidadãos rendidos e desarmados do que o fez durante a ditadura militar.
Por que escrevo sobre esse passado supostamente distante ao me incluir no debate sobre a redução da maioridade penal? Porque a meu ver, os argumentos em defesa do encarceramento de crianças no mesmo regime dos adultos advém dessa mesma triste "tradição" de violência social.
É muito evidente que os que conduzem a defesa da mudança na legislação estão pensando em colocar na cadeia, sob a influência e a ameaça de bandidos adultos já muito bem formados na escola do crime, somente os "filhos dos outros".
Quem acredita que o filho de um deputado, evangélico ou não, homofóbico ou não, será julgado e encarcerado aos 16 anos por ter queimado um índio adormecido, espancado prostitutas ou fugido depois de atropelar e matar um ciclista?
Sabemos, sem mencioná-lo publicamente, que essa alteração na lei visa apenas os filhos dos "outros". Estes outros são os mesmos, há 500 anos. Os expulsos da terra e "incluídos" nas favelas. Os submetidos a trabalhos forçados.
São os encarcerados que furtaram para matar a fome e esperam anos sem julgamento, expostos à violência de criminosos periculosos. São os militantes desaparecidos durante a ditadura militar de 1964-85, que a Comissão da Verdade não conseguiu localizar porque os agentes da repressão se recusaram a revelar seu paradeiro.
Este é o Brasil que queremos tornar menos violento sem mexer em nada além de reduzir a idade em que as crianças devem ser encarceradas junto de criminosos adultos. Alguém acredita que a medida há de amenizar a violência de que somos (todos, sem exceção) vítimas?
As crianças arregimentadas pelo crime são evidências de nosso fracasso em cuidar, educar, alimentar e oferecer futuro a um grande número de brasileiros. Esconder nossa vergonha atrás das grades não vai resolver o problema.
Vamos vencer nosso conformismo, nossa baixa estima, nossa vontade de apostar no pior –em uma frase, vamos curar nossa depressão social. Inventemos medidas socioeducativas que funcionem: sabemos que os presídios são escolas de bandidos. Vamos criar dispositivos que criem cidadãos, mesmo entre os miseráveis –aqueles de quem não se espera nada.
MARIA RITA KEHL, 63, psicanalista, foi integrante da Comissão Nacional da Verdade. É autora de "O Tempo e o Cão - A Atualidade das Depressões" (Boitempo) e de "Processos Primários" (Estação Liberdade)

sexta-feira, 26 de junho de 2015

Psicologia Analítica


Psicologia Analítica

A Psicologia Analítica, originada a partir das idéias do psiquiatra suíço Carl Gustav Jung, traz conceitos que influenciam toda a cultura ocidental, tais como arquétipos, inconsciente coletivo e processo de individuação.

A formação filosófica de Jung, sua experiência em hospital psiquiátrico, o interesse pelas diversas religiões, assim como o estudo de mitologia comparada, antropologia e alquimia foram fundamentais para a construção dos principais conceitos da Psicologia Analítica.

Na área Links você encontra referências de vários sites onde pode aprofundar seu conhecimento sobre as várias áreas do conhecimento que influenciaram a psicologia junguiana.

Aqui você encontra vídeos onde o próprio Jung aparece falando. Fique atento para mais atualizações.
Carl Gustav Jung (1875-1961), fundador da psicologia analítica.


VÍDEOS:

Face to Face: Entrevista com Jung realizada pela BBC em 22 de Outubro de 1959.
"Face to Face", um programa de entrevistas que a BBC levou ao ar de 1959 a 1962, tinha a característica inovadora de tentar capturar as emoções do entrevistado por meio dos ângulos em close capturados pela câmera e pelas perguntas afiadas do entrevistador. As entrevistas eram feitas em estúdio e a única exceção foi a de Jung, realizada em sua própria casa na Suíça. Jung tinha 84 anos e surpreendeu ao consentir em dar essa entrevista, pois sempre havia sido uma pessoa recolhida quanto à sua vida pessoal. A entrevista teve uma repercussão muito positiva no público em geral, surpreendendo o próprio Jung. Esse grande interesse em sua psicologia demonstrado pelo público leigo a partir dessa entrevista levou à publicação do livro O Homem e seus Símbolos, escrito com colaboradores e que Jung não chegou a ver publicado pois faleceu antes.
Esta entrevista contém passagens memoráveis. Nela, Jung fala sobre sua infância, sobre seus pais, sobre o momento em que, aos 11 anos de idade, tomou consciência de sua individualidade, sobre Freud e sobre o grande perigo para a humanidade ser o próprio homem. Uma das passagens mais importantes é quando o entrevistador pergunta se Jung acredita em Deus e ele responde: “Agora? Bem, isso é difícil de responder... Eu sei. Eu não preciso acreditar. Eu sei”.
Uma transcrição completa dessa entrevista encontra-se no livro “C.G. Jung – entrevistas e encontros”, editado por W. McGuire e R.F.C Hull (Ed. Cultrix).

Maysa - Ne me quitte pas


terça-feira, 23 de junho de 2015

Filosofia e Política

Filosofia política 
Platão - o primeiro filósofo a sistematizar uma ideia política
Entre as diversas questões que a filosofia visa investigar, pode-se perguntar sobre como é e como deveria ser o convívio em sociedade. Se for investigada a palavra política, que vem do grego, será compreendido que politika refere-se aos assuntos da cidade (pólis). É neste sentido que, em filosofia política, pergunta-se sobre a natureza das leis, a natureza do governo, a origem da organização social e sobre qual seria a melhor forma de convívio entre os indivíduos. Todos estes temas nos levam a pensar sobre o espaço público, que é o espaço da política.
O primeiro filósofo a sistematizar uma ideia política foi Platão (428-7 – 348-7 a.C.). Ele escreveu sobre o assunto principalmente em dois livros, A república e As leis. Nestes livros, apresenta a ideia de que uma sociedade bem ordenada é aquela onde cada indivíduo desempenha a função na qual é mais habilidoso. Os hábeis com as mãos deveriam ser artesãos, os fortes devem proteger a cidade e os sábios devem governá-la. Platão pensa também sobre como deve ser a educação nesta cidade ideal, para conseguir desenvolver em cada criança o seu potencial a fim de que possa executar melhor a sua função. Cada indivíduo, para ele, será livre enquanto estiver cumprindo as leis, criadas com o intuito de melhor conduzir a cidade.
Ainda no mundo grego, Aristóteles (384 – 322 a.C.) vai discordar de Platão. Em Política, Aristóteles pensa que a cidade ideal de Platão, onde há prioridade daquilo que é público sobre aquilo que é privado, não funcionaria muito bem. Para ele, as pessoas dão mais valor ao que pertence a si mesmo, do que ao que pertence a todos. Aristóteles se preocupou menos com hipóteses de uma sociedade perfeita e mais em compreender a realidade política de seu tempo, estudando as leis de diferentes cidades e as formas de governo existentes. A melhor forma de organização política, defendida por ele, é um sistema misto de democracia e aristocracia, chamado politia, para evitar os conflitos de interesses entre os ricos e pobres. É dele também a ideia de que o homem é um animal político, isto é, que faz parte da natureza humana se organizar politicamente.
A ideia de que é natural se organizar politicamente perdurou até o séc. XVII. Thomas Hobbes (1588 – 1679), conhecido por ter escrito Leviatã, propôs a ideia de que a sociedade se organiza a partir de um contrato social. Pensou assim, pois é possível imaginar uma hipótese sobre o convívio humano antes da formação das sociedades. Hobbes via esse momento como uma guerra de todos contra todos, onde, em liberdade, cada indivíduo iria apenas pensar em sua conservação. Deste momento, no qual o homem é o lobo do homem, a racionalidade faz o homem perceber que a melhor forma de conservar a sua vida é perdendo um pouco de liberdade. É neste instante que os homens assinam um contrato fictício de convívio social. A partir desta origem da sociedade, Hobbes pensa no melhor governo para evitar o retorno para um estado de natureza caótico. Com isto, vê a garantia da vida como função vital do Estado, que deve defendê-la mesmo que use de seu poder para coagir a liberdade dos cidadãos.
Pensando na ideia de um contrato social, John Locke (1632 – 1704), em seus dois tratados políticos, escreveu que antes da formação das sociedades os indivíduos não viviam em guerra, pois estavam debaixo de leis naturais. Para ele, é natural a garantia da vida e os homens racionais respeitariam esta lei. A formação das sociedades ocorre pela necessidade da garantia da propriedade. O melhor governo, para Locke, é aquele que garanta os direitos à vida, liberdade, propriedade e de se revoltar contra governos injustos e leis injustas.
Ainda pensando sobre a noção de contrato, Jean-Jacques Rousseau (1712 – 1778) via o homem vivendo antes da formação das sociedades de forma bem otimista. Para Rousseau, havia terra e alimento para todos e não haveria motivos para que guerreassem entre si. Via no surgimento da propriedade o surgimento da desigualdade, de onde resultam diversos males sociais, como os roubos e os assassinatos. Neste sentido, sendo impossível retornar a um estado de natureza, o melhor governo é aquele que esteja de acordo com a vontade da maioria.
A forma de pensar dos contratualistas (Hobbes, Locke e Rousseau) foi retomada no século XX por John Rawls (1921 – 2002). Para ele, a sociedade deve basear-se em princípios de justiça escolhidos na fundação da sociedade. Em igualdade, ele pensa, os indivíduos escolheriam dois princípios de justiça, o de liberdades iguais para todos e o de que as desigualdades devem trazer maior benefício para os menos favorecidos e serem acessíveis a todos por igualdade de oportunidade.
Filipe Rangel Celeti 
Colaborador Mundo Educação 
Bacharel em Filosofia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie – SP 
Mestre em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie - SP

quarta-feira, 17 de junho de 2015

A minha depressão não é frescura

A minha depressão não é frescura

“Levante aí da cama, dê um jeito”. “Seja forte”. “Não dá pra viver desse jeito, acorda pra vida”.
Eu
sei
disso.
Eu sei que preciso levantar cedo, sentir o amargo do café na boca, arrumar a cama e tomar um banho. Mas se você realmente soubesse como eu me sinto, saberia que essas tarefas se tornam trinta vezes mais difíceis de se realizar quando as sombras invadem a minha história. Eu já não consigo sair de casa como ultimamente e tenho ouvido bastante que não é pra tanto, já que tenho a faca e o queijo na mão. Eu bem queria ser feliz com pouca coisa, rir por bobagens, falar por horas sobre as coisas mais mirabolantes do mundo… mas eu simplesmente não consigo. Não consigo sorrir nem pra foto nem pra quem está comigo. Não consigo sair da cama sem sentir que estou levando um elefante comigo. Eu queria, na verdade, ficar 24h por dia na minha cama, já levanto pensando na hora de voltar pra lá.
Se soubessem que eu sei a essência de cada uma das frases que usam pra me colocar pra cima… eu sei que preciso ser forte, eu sei que preciso levantar, eu sei que preciso tomar banho. Eu sei. Eu só não consigo realizar essas tarefas como se fossem simples, porque pra mim não são. Eu gasto toda a minha energia fazendo o básico, eu não consigo me sentir bem por ter esse tipo de dificuldade. Dói ver a vida passando, as pessoas evoluindo e eu aqui sem conseguir criar coragem para fazer o básico do básico.
Quando me pedem pra ser mais forte, eu tenho vontade de dizer que se eu assim fosse, não estaria nessa. Em alguns momentos fica impossível ser forte. Em alguns momentos as pessoas precisam desabar até mesmo pra crescer (e é uma pena que algumas pessoas precisem disso).
Quando me pedem pra fazer mais uma forcinha, eu tenho vontade de chorar alto, gritar por socorro e esperar que alguma ajuda caia do céu, porque é minha única esperança.
Quando me pedem para acordar pra vida eu tenho vontade de descrever como eu a enxergo e tudo que ela me ensinou na marra. Eu não quero acordar para uma vida como a minha, é tão simples.
As pessoas não entendem que é difícil demais viver uma vida com a sombra da depressão e seus outros transtornos. Tem momentos em que é difícil respirar, se mexer e até mesmo pensar – porque dói. E dói muito, dói em todas as partes do corpo. E é uma dor sobre a qual não temos controle, assim como uma dor de cabeça ou uma dor de estômago. Só que essa é muito mais persistente e geralmente não é tratada com a seriedade que devia ser tratada.
Eu quero melhorar, sabe. Eu não quero ficar no fundo do poço nem viver o resto dos meus dias tirando forças de onde nem sei só pra tomar um banho, comer um prato de comida ou até mesmo sair de casa. Eu não quero conviver com essa doença pra sempre, mas no momento eu preciso de um pouco de compreensão. Um pouco de carinho e de atenção também seriam bem vindos. Quando eu me sinto vulnerável, eu só preciso de um abraço. Quando eu me estresso, só quero alguém pra ouvir minhas preocupações. Quando ninguém me ouve, eu só queria um mega fone pra poder desabafar. Quando eu me sinto mal, eu só preciso de um ombro amigo. E não tô pedindo nada demais, porque eu quero o respeito a minha atual condição. Eu preciso de um pouco de paciência, por tempo indeterminado, pelo menos enquanto eu exercito a minha.
Médicos, terapias, espiritualidade… tudo isso pouco adianta se as pessoas ao redor não entenderem que o que aparenta frescura é dor, é exaurimento de forças, é sofrimento.
Reprodução autorizada pela autora. Para mais artigos da autora visite Superela.
Alba Soler Fotografia
Alba Soler Fotografia

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Leonardo Boff fala de Jung e Espiritualidade Parte 1

Padre viraliza ao se rebelar contra a corrupção e os serviços públicos n...

Tenho vergonha de ser juiz

Por João Batista Damasceno

Tenho vergonha de dizer que sou juiz. E não preciso dizê-lo. No fórum, o lugar que ocupo diz quem eu sou; fora dele seria exploração de prestígio. Tenho vergonha de dizer que sou juiz, porque não o sou. Apenas ocupo um cargo com este nome e busco desempenhar responsavelmente suas atribuições.
Tenho vergonha de dizer que sou juiz, pois podem me perguntar sobre bolso nas togas.
Tenho vergonha de dizer que sou juiz e demonstrar minha incompetência em melhorar o mundo no qual vivo, apesar de sempre ter batalhado pela justiça, de ter-me cercado de gente séria e de ter primado pela ética.
Tenho vergonha de dizer que sou juiz e ter que confessar minha incompetência na luta pela democracia e ter que testemunhar a derrocada dos valores republicanos, a ascensão do carreirismo e do patrimonialismo que confunde o público com o privado e se apropria do que deveria ser comum.
Tenho vergonha de dizer que sou juiz e ter que responder porque — apesar de ter sempre lutado pela liberdade — o fascismo bate à nossa porta, desdenha do Direito, da cidadania e da justiça e encarcera e mata livremente.
Tenho vergonha de dizer que sou juiz, porque posso ser lembrado da ausência de sensatez nos julgamentos, da negligência com os direitos dos excluídos, na demasiada preocupação com os auxílios moradia, transporte, alimentação, aperfeiçoamento e educação, em prejuízo dos valores que poderiam reforçar os laços sociais.
Tenho vergonha de dizer que sou juiz porque posso ser confrontado com a indiferença com os que clamam por justiça, com a falta de racionalidade que deveria orientar os julgamentos e com a vingança mesquinha e rasteira de quem usurpa a toga que veste sem merecimento.
Tenho vergonha de dizer que sou juiz porque posso ser lembrado da passividade diante da injustiça, das desculpas para os descasos cotidianos, da falta de humanidade para reconhecer os erros que se cometem em nome da justiça e de todos os “floreios”, sinônimos e figuras de linguagem para justificar atos abomináveis.
Tenho vergonha de dizer que sou juiz porque faço parte de um Poder do Estado que nem sempre reconheço como aquele que trilha pelos caminhos que idealizei quando iniciei o estudo do Direito.
Tenho vergonha de dizer que sou juiz, porque tenho vergonha por ser fraco, por não conhecer os caminhos pelos quais poderia andar com meus companheiros para construir uma justiça substancial e não apenas formal.
Tenho vergonha de dizer que sou juiz, mas não perco a garra, não abandono minhas ilusões e nem me dobro ao cansaço. Não me aparto da justiça que se encontra no horizonte, ainda que ela se distancie de mim a cada passo que dou em sua direção, porque eu a amo e vibro ao vê-la em cada despertar dos meus concidadãos para a labuta diária e porque o caminhar em direção a ela é que me põe em movimento.
Acredito na humanidade e na sua capacidade de se reinventar, assim como na transitoriedade do triunfo da injustiça. Apesar de testemunhar o triunfo das nulidades, de ver prosperar a mediocridade, de ver crescer a iniquidade e de agigantaram-se os poderes nas mãos dos inescrupulosos, não desanimo da virtude, não rio da honra e não tenho vergonha de ser honesto.
Tenho vergonha de ser juiz em razão das minhas fraquezas diante da grandeza dos que atravancam o caminho da justiça que eu gostaria de ver plena. Mas, eles passarão!

João Batista Damasceno é doutor em Ciência Política e juiz de Direito do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Membro da Associação Juízes para a Democracia (AJD).

sábado, 6 de junho de 2015

Renato Russo - Mudaram as Estações (Aninha...)


Raymundo Joseh Evangelista da Silva


HIPERPROLACTINEMIA E SINTOMAS PSIQUIÁTRICOS

Psiquiatria na Prática Médica
HIPERPROLACTINEMIA E SINTOMAS PSIQUIÁTRICOS

Prof. Dra. Márcia Gonçalves*

A hiperprolactinemia é um resultado de laboratório, não um diagnóstico (Piazza et al., 2005). Define-se como valor sangüíneo elevado de PRL, em mulher não-grávida e não-lactente. É mais comumente observado em mulheres é o distúrbio de hipersecreção hipofisária.
Os sintomas clínicos clínica dependem dos valores de prolactina e da sua etiologia. São aceitos valores de normalidade inferiores a 25 ng/ml (Mah e Webster, 2002; Serri et al., 2003).
A prolactina por meio do sistema porta hipotalâmico-hipofisário, alcança a hipófise e bloqueia a produção e liberação da prolactina, ao se ligar nos receptores de membrana dos lactótrofos.
É o único dos hormônios hipofisários cujo principal mecanismo de controle hipotalâmico é inibitório controlado pelo neurotransmissor, a dopamina. Sítios ligadores de prolactina no sistema nervoso central (SNC) foram identificados no hipotálamo, plexo coróide e na substância nigra (Sobrinho, 1993).
A hiperporlactenemia pode, por mecanismos retroativos levar à hipogpnadismo, e, é geralmente proporcional à elevação da prolactina (Serri et al., 2003).
O estresse poderia ser o gatilho de alterações neuroendócrinas envolvendo dopamina e/ou serotonina, que afetam a liberação de prolactina (Sobrinho, 1998; Freeman et al., 2000).
Os sintomas da hiperprolactinemia resultam de três mecanismos principais: 1- Efeitos diretos do excesso de prolactina sobre seus tecidos-alvos (galactorréia);
2- Manifestações resultantes do hipogonadismo causado pela hipeprolactinemia (oligoamenorréia, infertilidade);
3- Efeitos secundários a lesões estruturais provocadas pela doença causadora da hiperprolactinemia, efeitomassa decorrente de tumores (cefaléia, distúrbios da visão) (Verhelst e Abs, 2003).
A regulação da produção de prolactina, como endorfinas, peptídeo vasoativo intestinal, ácido gamabutírico e hormônio liberador de tireotrofina e fatores que interfiram na inibição dopaminérgica podem causar hiperprolactinemia (Serri et al., 2003).
Síndrome galacto-amenorréia
Denomina-se síndrome galacto-amenorréia o conjunto de sinais e sintomas decorrentes do aumento nos níveis sangüíneos de prolactina.
A prolactina tem a capacidade de inibir a secreção do hormônio luteinizante (LH) e do folículo-estimulante (FSH) pela hipófise, que são os hormônios que agem estimulando as gônadas (testículo e ovário).
Com a diminuição do LH e do FSH, e conseqüente deficiência dos hormônios sexuais, pode ocorrer diminuição do desejo sexual (libido), impotência, infertilidade, menstruações irregulares (oligomenorréia) ou ausência de menstruação (amenorréia).
Em pacientes com hiperprolactinemia, a função gonadal é suprimida por interferência nos pulsos hipotalâmicos do hormônio liberador das gonadotrofinas (GnRH), redução na secreção hipofisária dos hormônios folículoestimulante (FSH) e luteinizante (LH) e, conseqüentemente, diminuição na produção estrogênica ovariana (hipoestrogenismo).
Nas mulheres em idade reprodutiva, o hipogonadismo manifesta-se por fase lútea curta, anovulação, infertilidade, amenorréia, diminuição da libido e dispareunia por menor lubrificação vaginal (Crosignani, 2005).
Nos homens normalmente têm níveis baixos de prolactina, mas em algumas doenças eles podem estar aumentados, tais como em um tipo de tumor benigno chamado prolactinoma. Podem apresentar disfunção erétil com diminuição do apetite sexual e  infertilidade (oligospermia e diminuição do volume ejaculado), dor de cabeça e alterações visuais. Pode também ocasionar ginecomastia (desenvolvimento excessivo das mamas no homem), redução no crescimento de pêlos, hipotrofia muscular e aumento da gordura abdominal.

Algumas vezes, o aumento da prolactina pode não manifestar nenhum sintoma. 

Causas de Aumento de Prolactina:
1 - Fisiológicas - O próprio organismo, por necessidade, aumenta a liberação de prolactina como durante o sono, no stress físico e psicológico, durante a gravidez, durante a amamentação e no orgasmo sexual;
2 - Farmacológica - Estimulada pelo uso de medicamentos - Qualquer droga que modifique a liberação dadopamina, como explicado anteriormente, pode induzir a alterações na liberação de prolactina. Como exemplo a seguir:
- Antipsicóticos : Clorpromazina, Perfenazina e Haloperidol;
- Antieméticos ou reguladores da motilidade gástrica : metoclopramida e domperidona;
- Antihipertensivos: Alfa Metil Dopa;
- Antagonistas H2 - cimetidina e ranitidina - Usados para o controle da secreção de ácido clorídrico no 
estômago;
- Opióides - São estimuladores da secreção de dopamina;
Antidepressivos : Imipramina e Fluoxetina;
- Estrógenos - Hormônios Sexuais como o informado.
3 - Patológica - Quando envolve alterações no bom funcionamento do organismo.
- Lesões do Hipotálamo ou da Haste Hipofisária - A dopamina, como explicado anteriormente, tem a capacidade de inibição da secreção de prolactina. Em comprometimentos da ligação dela com a hipófise, (haste hipofisária), não há inibição da secreção de prolactina pela dopamina e assim a hipófise secreta prolactina em maiores quantidades.
- Tumores secretores de Prolactina - Tumores do tipo Prolactinomas, são produtores de Prolactina;
- Demais lesões da hipófise – Massas tumorais que não estejam relacionadas com tumores secretores de prolactina, também podem induzir o aumento da prolactina, pois eles comprimem a haste hipofisária e portanto, diminuem a comunicação inibitória da dopamina ( conforme explicado anteriormente) e a hipófise.
- Demais Causas - Hipotiroidismo, síndrome dos ovários policísticos, estimulação periférica neurogênica, falência renal ou cirrose hepática.

A hiperprolactinemia e Sintomas psiquiátricos
É bem conhecido o efeito do estresse psicológico agudo sobre a elevação dos valores de prolactina em indivíduos saudáveis, sendo observados irregularidades menstruais, galactorréia e/ou outros sintomas de hiperprolactinemia associados com acontecimentos na vida pessoal (Biondi e Picardi, 1999).
A hiperprolactinemia estimularia o turnorver de dopamina em várias áreas cerebrais, incluindo o núcleo arqueado, e reduz o turnorver em outras regiões, por exemplo, na substância nigra.
O papel da prolactina na patogênese dos distúrbios psiquiátricos pode refletir uma ação direta sobre o sistema nervoso central, um efeito indireto por meio de hormônios gonadais ou constituir fatores independentes, resultantes da depleção de dopamina (Buckman e Kellner, 1985).
 Em mamíferos, a prolactina está associada com a resposta imune, diminui a temperatura corpórea e aumenta a secreção de corticosteróides (Sobrinho, 1993). A hiperprolactimnemia classicamente associada à disfunção gonadal.
Pacientes com hiperprolactinemia com uma grande frequencia apresentam problemas emocionais. Variações nas concentrações de prolactina no sistema nervoso central poderiam afetar o humor, as emoções e o bem-estar. Por outro lado, traços da personalidade e fatores externos ambientais podem estimular a secreção de prolactina e ter papel na gênese da doença (Sobrinho, 1998).
Em ambos os sexos são encontrados os seguintes sintomas associados à hiperporlactinemia: ganho de peso, ansiedade, depressão, fadiga, instabilidade emocional, e irritabilidade, somatização, hostilidade e/ou depressão foram, a partir dessa época, relacionadas com hiperprolactinemia (Fava et al., 1981; Kellner et al.; 1984; Keller et al., 1985).
Dentre o conhecimento de reações psicossomáticas e hiperprolactinemia, um exemplo típico é a pseudociese, que pode ser uma ativação extratemporal do sistema neuroendócrino (Sobrinho, 1993).
Associação entre eventos pessoais estressantes e prolactinemia

Várias investigações têm sugerido o papel de eventos pessoais estressantes sobre distúrbios endócrinos em indivíduos vulneráveis (Fava et al., 1993; Sonino e Fava, 1998; Sobrinho, 2004).
Assies et al. (1992), ao avaliarem 14 pacientes hiperprolactinêmicas quanto a aspectos psicossociais, verificaram maior freqüência de separação dos pais na infância quando comparados a 14 mulheres controles.
Sonino et al. (2004), observaram que 52 pacientes com hiperprolactinemia relatavam significativamente mais eventos pessoais estressantes que os indivíduos controles. Concluíram na patogênese da hiperprolactinemia, o papel do estresse psicológico emocional destacava-se.
Tratamento do aumento de prolactina:
- Com medicamentos para com substâncias que aumentem os níveis de dopamina que regula a concentração de prolactina;
- Cirurgia para retirada da hipófise;
- Radioterapia.

Referências Bibliográficas – com o autor
Márcia Gonçalves – Professora responsável pela disciplina de Psiquiatria –UNITAU
margonps@yahoocom.br