Nódulos de Tireóide
O que são os nódulos de tireóide?
Nódulos são áreas de crescimento exagerado, formando “caroços”, que se diferenciam do restante da tireóide, que podem ser de vários tamanhos, desde alguns milímetros até vários centímetros de diâmetro. Nódulos de tireóide são extremamente comuns.
Cerca de 90 a 95% de todos os nódulos da tireóide são provocados por alterações benignas (ou seja, não contêm câncer), e não são prejudiciais ou perigosos. A pessoa portadora de um nódulo na tireóide na maioria das vezes nem desconfia da presença dele, a menos que ele cresça e comece a produzir sintomas. Os nódulos podem ser encontrados pelo médico quando ele examina a glândula tireóide ou quando ele solicita um exame de ultrassom. Entretanto, a maioria dos nódulos descobertos pelo ultrassom é pequena (menor que 1 cm) e muitas vezes nem consegue ser encontrado com a palpação (principalmente se estiver na região posterior da tireóide). De fato, até metade (50% !) dos indivíduos adultos pode apresentar algum tipo de nodulação na tireóide, se submetidos a um exame de ultrassom – a grande maioria deles sem qualquer significado clínico.
Todo nódulo na tireóide merece uma avaliação por um médico endocrinologista, devido à possibilidade (pequena, mas não desprezível) de abrigar um câncer de tireóide. Alguns exames, principalmente a punção aspirativa da tireóide com agulha fina (um tipo de biópsia da glândula tireóide), podem revelar com bastante segurança se um determinado nódulo é perigoso ou inocente e, assim, ajudar a definir qual é o melhor tratamento. No caso de nódulos pequenos, benignos, pode não ser necessário tratamento nenhum (apenas a observação).
Que características do nódulo sugerem um câncer de tireóide?
Um nódulo tem maior chance de ser canceroso (maligno) quando apresenta uma ou (principalmente) várias das características abaixo:
- crescimento rápido (semanas – poucos meses);
- consistência sólida, firme, endurecida;
- provoca dificuldade para engolir ou para respirar;
- pouco móvel, ou fixo;
- provoca rouquidão com muita freqüência;
- dor local importante;
- presença de gânglios linfáticos (linfonodos) aumentados e endurecidos no pescoço;
- história de irradiação na região do pescoço, por qualquer motivo;
- outros membros da família já apresentaram câncer da tireóide.
Além disso, nódulos de tireóide que surgem em pessoas abaixo dos 30 ou acima dos 60 anos têm maior chance de malignidade.
O câncer de tireóide é comum?
Considerando todas as pessoas que têm nódulos palpáveis na tireóide, cerca de 4% das mulheres e 8% dos homens têm câncer de tireóide. O câncer de tireóide é o tumor maligno mais comum das glândulas endócrinas.
Como saber se um nódulo de tireóide é maligno?
O médico geralmente solicita alguns exames para saber se um nódulo é benigno ou maligno e, assim, definir qual o melhor tratamento.
Alguns exames que podem ser usados para essa diferenciação são:
- Punção aspirativa da tireóide com agulha fina (PAAF ou PATAF) – que consiste da retirada de uma pequena quantidade de material da tireóide através de uma punção com uma agulha fina, através da pele. O material é então examinado com microscópios, como se fosse uma pequena biópsia. É o melhor exame para definir se o nódulo é benigno ou maligno, tendo uma percentagem muito pequena de erro (em torno de 1%). Pode ser feito com anestesia local, no consultório médico mesmo, e comumente produz apenas um pequeno desconforto (devido à agulha).
- Cintilografia de tireóide – é uma fotografia radioativa da tireóide, tirada após a administração de algum composto radioativo que se concentra principalmente nessa glândula (como o iodo radioativo ou o tecnécio). A cintilografia permite saber se um nódulo está funcionando normalmente. Nódulos que não funcionam (ou seja, não produzem hormônios) são chamados nódulos frios e apresentam uma chance maior de abrigar um câncer. Nódulos que funcionam normalmente ou que funcionam mais que o restante da glândula (nódulos quentes) têm uma chance muito menor de ser câncer.
- Ultrassom de tireóide – é um exame que revela o tamanho da tireóide, a presença de nódulos e as características estruturais desses nódulos (tamanho, forma, contornos, se contêm líquido ou não). Trata-se de um exame simples, barato e que traz muitas informações importantes, que podem ajudar o médico a avaliar se um nódulo tem maior ou menor chance de ser maligno.
- Exames de sangue: TSH, anticorpos, calcitonina.
Dos exames acima, o único que pode dizer com certeza se o nódulo é maligno ou não é a punção aspirativa. Os demais exames ajudam a aumentar ou diminuir a suspeita de câncer, mas não trazem informações definitivas, devendo ser complementados (em muitas vezes) por um exame de punção.
Qual o tratamento para o câncer de tireóide?
Felizmente, as formas mais comuns de câncer de tireóide (os tipos papilífero e folicular) são cânceres de evolução lenta e com uma boa chance de cura (que pode ser alcançada em mais de 90% dos casos com o tratamento adequado).
Portanto, se um paciente recebe o diagnóstico de câncer de tireóide, isso não é motivo para desespero. A maioria dos pacientes com câncer de tireóide consegue ser curada e recuperar-se muito bem deste tipo de tumor.
O tratamento específico do câncer de tireóide depende do tipo específico do tumor. Geralmente o nódulo maligno precisa ser removido através de cirurgia, e após a operação os pacientes recebem uma dose de iodo radioativo para destruir qualquer resto de tumor que tenha permanecido no pescoço.
Depois da cirurgia, os pacientes não são mais capazes de produzir hormônios tireodianos, e apresentam hipotireoidismo, portanto necessitando receber reposição desses hormônios na forma de comprimidos, geralmente pela vida toda. (Leia mais sobre hipotireoidismo clicando aqui.)
Apesar de uma alta taxa de cura (maior que 90%), o paciente vai precisar de acompanhamento médico regular para a vida toda após a remoção de um câncer de tireóide, para ajuste da dose da medicação e para tratamento imediato caso seja encontrado um novo crescimento do tumor.
Os exames pedidos no acompanhamento pós-operatório incluem: exames de sangue (TSH e tireoglobulina, este sendo um marcador tumoral, ou seja, um exame que se altera na presença de vestígios ou um novo crescimento do tumor), ultrassom, cintilografia (em alguns casos) e outros exames que o endocrinologista julgar necessário.
Existem outros tipos de câncer da tireóide?
Há outros tipos de câncer de tireóide que são mais agressivos e têm menor chance de cura pelos tratamentos disponíveis atualmente, mas felizmente esses tumores de comportamento mais maligno são muito mais raros. Os outros tipos de câncer que podem acometer a tireóide são: o medular, o anaplásico e outros tipos diversos (linfoma, etc).
Qual o tratamento para um nódulo benigno da tireóide?
Apenas 1 em cada 20 nódulos de tireóide é maligno. A imensa maioria dos nódulos, portanto, é causada por alterações benignas da tireóide. Se o nódulo não estiver causando sintomas ele pode não precisar de tratamento algum, apenas uma avaliação cuidadosa e o acompanhamento pelo médico.
Entretanto, um nódulo, mesmo sendo benigno, pode precisar de tratamento em alguns casos. A cirurgia para remoção do(s) nódulo(s) ou mesmo da tireóide inteira (quando esta apresenta um número muito grande nódulos) pode ser indicada quando o paciente apresenta sintomas significativos (dor, rouquidão, falta de fôlego, dificuldade para engolir, prejuízo estético). O uso de iodo radioativo também pode ser bastante eficaz na redução do tamanho de alguns nódulos benignos, principalmente quando não são muito volumosos, e é uma opção cômoda e segura de tratamento, por eliminar o risco das complicações do procedimento anestésico e cirúrgico, e está sendo cada vez mais utilizado.
Alguns nódulos benignos funcionam mais do que o normal e levam a um quadro de excesso de hormônios tireoidianos (hipertireoidismo), e nesse caso precisam ser tratados com a remoção cirúrgica ou o iodo radioativo, que constitui uma boa opção de tratamento em nódulos menores.
Nódulos formados predominantemente pelo acúmulo de líquido (cistos ou nódulos císticos) podem ser tratados com a simples aspiração do conteúdo do cisto usando uma agulha, inserida através da pele. Esse procedimento resolve uma boa parcela dos casos de cistos. A injeção de álcool no interior do cisto melhora a chance de resolução. Quando o cisto volta a crescer, pode estar indicado o tratamento cirúrgico.
Os nódulos de tireóide podem ser reduzidos com medicamentos?
Antigamente, era comum os médicos prescreverem o uso de hormônios tireoidianos em pessoas que não tinham hipotireoidismo, para tentar diminuir o tamanho dos nódulos benignos de tireóide. No entanto, esse tipo de tratamento não é mais recomendado, a não ser que o paciente apresente deficiência desses hormônios (hipotireoidismo). As razões para esse tipo de terapia estar caindo em desuso são as seguintes:
1) O uso de hormônio tireoidiano era usado como um teste para auxiliar no diagnóstico. Se o nódulo diminuísse de tamanho, era considerado benigno. No entanto, hoje se sabe que alguns nódulos, mesmo sendo cancerosos, podem diminuir de tamanho com esse tratamento. Com o surgimento da punção aspirativa com agulha fina, que define com muita segurança o diagnóstico de malignidade ou benignidade de um nódulo, o teste com hormônio tireoidiano ficou para trás.
2) A redução do tamanho dos nódulos com hormônio tireoidiano mostrou-se muito discreta e temporária. Observou-se que, quando se usava o hormônio por um tempo determinado, os nódulos diminuíam muito pouco de volume, e assim que o uso da medicação era interrompido, os nódulos geralmente voltavam a crescer.
3) O uso de hormônio tireoidiano para tentar reduzir o volume de um nódulo ou do crescimento da tireóide como um todo (bócio), em pacientes que não possuem hipotireodismo, pode trazer várias complicações à saúde, a longo prazo. Isso porque a administração de hormônio da tireóide a pessoas com níveis normais desses hormônios leva a um quadro de hipertireoidismo, que pode trazer efeitos adversos importantes, principalmente para os ossos e o coração. Os riscos desse tratamento, portanto, são maiores que seus benefícios, o que reforçou o seu abandono por parte dos endocrinologistas. (Leia mais sobre hipertireoidismo clicando aqui.)
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