quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Como diz Reich, o que surpreende não é que uns roubem e outros façam greve, mas que os famintos não roubem sempre e que os explorados não façam greve sempre: por que os homens suportam a exploração há séculos, a humilhação, a escravidão, chegando ao ponto de querer isso não só para os outros, mas para si próprios?






“Por que os homens combatem por sua servidão como se se tratasse da sua
salvação? Como é possível que se chegue a gritar: 'mais impostos! Menos pão!'?
Como diz Reich, o que surpreende não é que uns roubem e outros façam greve, mas que os famintos não roubem sempre e que os explorados não façam greve sempre: por que os homens suportam a exploração há séculos, a humilhação, a escravidão, chegando ao ponto de querer isso não só para os outros, mas para si próprios?
Nunca Reich mostra-se maior pensador do
que quando recusa invocar o desconhecimento ou a ilusão das massas para explicar o fascismo, e exige uma explicação pelo desejo,
em termos de desejo: não, as massas não foram enganadas, elas desejaram o fascismo num certo momento, em determinadas circunstâncias"

Deleuze e Guattari - O Anti-Édipo
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O que precisamos não é atacar Trump's,Temer's, Bolsonazi's com nossos memes e petições. Anestesiarmo-nos com nosso ódio! Isso é perda de tempo.
A preocupação maior é no desejo de fascismo, na onda reacionária que se alastra e faz caras (inconcebíveis) como Trump, Crivella, Greca, Dória serem eleitos e caras como Bolsonaro ter tanta popularidade.
Não adianta apenas pedir por suas saídas: Se estes saírem, entram outros. Afinal, a exceção do governo ilegítimo atual, todos estes supracitados foram eleitos pela maioria.
Não se trata de um homem malvado, um inimigozinho a ser destruído, ele só é uma representação(forma) de uma onda, uma lógica, um desejo (força) que tem caminhado para o passado, para a intolerância, para a negação dos direitos, para a exclusão e morte das minorias.
A preocupação não é apenas um, mas milhões que desejam o fascismo. As máquinas de produção desse modo de existência e por isso a utilização do plural ao falar em Temer's, Trump's, Bolsonaro's... Pois há uma máquina de produção destes representantes, destas identidades que apenas sustentam e corporificam um desejo mais amplo e preocupante: A máquina capitalística-fascista e seus vetores, linhas de força e dispositivos que produzem realização da subjetividade na forma-sujeito-fascista.
Que gritam, lutam e votam por mais opressão (a julgar pelo paradoxo das pessoas que saem às ruas pedindo a volta da ditadura, sendo que a ditadura civil-militar torturava e matava as pessoas que saíam às ruas em sua época)
O capitalismo mundial integrado opera produzindo subjetividades, colonizando inconscientes a ponto de achar que é ponte o que na verdade é o abismo.
O chamado é para uma revolução molecular!
Ninguém avança para o combate ao fascismo institucionalizado sem combater na esfera da micropolítica, do desejo tudo que pede por mais exclusão, violência, intolerância e morte.
Charge Latuff

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