quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Lei Maria da Penha

Lei Maria da Penha


A Lei Maria da Penha estabelece que todo o caso de violência doméstica e intrafamiliar é crime, deve ser apurado através de inquérito policial e ser remetido ao Ministério Público. Esses crimes são julgados nos Juizados Especializados de Violência Doméstica contra a Mulher, criados a partir dessa legislação, ou, nas cidades em que ainda não existem, nas Varas Criminais.
A lei também tipifica as situações de violência doméstica, proíbe a aplicação de penas pecuniárias aos agressores, amplia a pena de um para até três anos de prisão e determina o encaminhamento das mulheres em situação de violência, assim como de seus dependentes, a programas e serviços de proteção e de assistência social. A Lei n. 11.340, sancionada em 7 de agosto de 2006, passou a ser chamada Lei Maria da Penha em homenagem à mulher cujo marido tentou matá-la duas vezes e que desde então se dedica à causa do combate à violência contra as mulheres.
O texto legal foi resultado de um longo processo de discussão a partir de proposta elaborada por um conjunto de ONGs (Advocacy, Agende, Cepia, Cfemea, Claden/IPÊ e Themis). Esta proposta foi discutida e reformulada por um grupo de trabalho interministerial, coordenado pela Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM), e enviada pelo Governo Federal ao Congresso Nacional.
Foram realizadas audiências públicas em assembleias legislativas das cinco regiões do país, ao longo de 2005, que contaram com participação de entidades da sociedade civil, parlamentares e SPM.
A partir desses debates, novas sugestões foram incluídas em um substitutivo. O resultado dessa discussão democrática foi a aprovação por unanimidade no Congresso Nacional.
Em vigor desde o dia 22 de setembro de 2006, a Lei Maria da Penha dá cumprimento à Convenção para Prevenir, Punir, e Erradicar a Violência contra a Mulher, a Convenção de Belém do Pará, da Organização dos Estados Americanos (OEA), ratificada pelo Brasil em 1994, e à Convenção para Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher (Cedaw), da Organização das Nações Unidas (ONU).
Para garantir a efetividade da Lei Maria da Penha, o CNJ trabalha para divulgar e difundir a legislação entre a população e facilitar o acesso à justiça à mulher que sofre com a violência. Para isso, realiza esta campanha contra a violência doméstica, que focam a importância da mudança cultural para a erradicação da violência contra as mulheres.
Entre outras iniciativas do Conselho Nacional de Justiça com a parceria de diferentes órgãos e entidades, destacam-se a criação do manual de rotinas e estruturação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, as Jornadas da Lei Maria da Penha e o Fórum Nacional de Juízes de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (Fonavid).
Principais inovações da Lei Maria da Penha

Os mecanismos da Lei
:
• Tipifica e define a violência doméstica e familiar contra a mulher.
• Estabelece as formas da violência doméstica contra a mulher como física, psicológica, sexual, patrimonial e moral.
• Determina que a violência doméstica contra a mulher independe de sua orientação sexual.
• Determina que a mulher somente poderá renunciar à denúncia perante o juiz.
• Ficam proibidas as penas pecuniárias (pagamento de multas ou cestas básicas).
• Retira dos juizados especiais criminais (Lei n. 9.099/95) a competência para julgar os crimes de violência doméstica contra a mulher.
• Altera o Código de Processo Penal para possibilitar ao juiz a decretação da prisão preventiva quando houver riscos à integridade física ou psicológica da mulher.
• Altera a lei de execuções penais para permitir ao juiz que determine o comparecimento obrigatório do agressor a programas de recuperação e reeducação.
• Determina a criação de juizados especiais de violência doméstica e familiar contra a mulher com competência cível e criminal para abranger as questões de família decorrentes da violência contra a mulher.
• Caso a violência doméstica seja cometida contra mulher com deficiência, a pena será aumentada em um terço.
A autoridade policial:
• A lei prevê um capítulo específico para o atendimento pela autoridade policial para os casos de violência doméstica contra a mulher.
• Permite prender o agressor em flagrante sempre que houver qualquer das formas de violência doméstica contra a mulher.
• À autoridade policial compete registrar o boletim de ocorrência e instaurar o inquérito policial (composto pelos depoimentos da vítima, do agressor, das testemunhas e de provas documentais e periciais), bem como remeter o inquérito policial ao Ministério Público.
• Pode requerer ao juiz, em quarenta e oito horas, que sejam concedidas diversas medidas protetivas de urgência para a mulher em situação de violência.
• Solicita ao juiz a decretação da prisão preventiva.
O processo judicial:
• O juiz poderá conceder, no prazo de quarenta e oito horas, medidas protetivas de urgência (suspensão do porte de armas do agressor, afastamento do agressor do lar, distanciamento da vítima, dentre outras), dependendo da situação.
• O juiz do juizado de violência doméstica e familiar contra a mulher terá competência para apreciar o crime e os casos que envolverem questões de família (pensão, separação, guarda de filhos etc.).
• O Ministério Público apresentará denúncia ao juiz e poderá propor penas de três meses a três anos de detenção, cabendo ao juiz a decisão e a sentença final.

Foucault: Vigiar e punir – Resenha para preguiçosos


Foucault: Vigiar e punir – Resenha para preguiçosos


É preciso retomar, aqui, um pouco das razões de Foucault em seu livro mais pop, “Vigiar e punir”. Como este espaço não se presta a elaborações extensas, atenho-me, como de costume, a uma parte do livro apenas. Optei pelo início, isto é, pelo primeiro capítulo. Para os amigos, reservo o diálogo acerca dos outros capítulos, um dia.
Antes de adentrar a resenha propriamente dita, declaro que não me contentei muito com a tradução brasileira (em determinados parágrafos, há trechos ininteligíveis). Tentei buscar on line, então, o original em francês, mas não o achei. Ainda bem. Porém, há trechos da tradução inglesa disponíveis na rede, os quais me ajudaram bastante quando houve dúvidas. Isso, de alguma maneira, comprova que o problema é mesmo da tradução brasileira, e não do original francês – apesar de sabermos de toda a afetação de Foucault, inclusive no que diz respeito ao tratamento do texto. Como já traduzi um livro sobre o filósofo, creio haver algo de verdadeiro no que afirmo.
O livro começa pela narrativa da tortura, suplício e esquartejamento de um parricida, em 1757. Pois bem, isso é o bastante para que eu faça minhas primeiríssimas derivações, as quais servirão de intróito à “resenha”.  Falemos da tortura de Damiens, o assassino: o modo como ela foi feita, a agressividade nela contida, o espírito de sua época, a animalidade, o mundo dicotômico em que se inseria – tudo isso servirá de substrato para a tese a ser apresentada ao longo do livro, qual seja, a de que essa tortura, com o tempo (isto é, ao longo dos séculos XIX e XX), transmuta-se em outra coisa, transfere-se para outro lugar. Não só passa do corpo para a “alma” (as aspas são minhas, e não de Foucault, mas acredito que estejam bem colocadas – ver a citação 23 do livro, mais abaixo): a tortura deixa também de ser prerrogativa de quem detém um poder político que se sustenta fortemente na moral religiosa, no crivo religioso, para passar a ser prerrogativa do poder legal, do poder educacional, do poder psiquiátrico, do poder presente no trabalho etc. Em outras palavras, passa a ser tortura disseminada, difusa.
Esse aspecto difuso da tortura, sua disseminação pelos mais diversos setores de nossa vida diária, já está, hoje, tão introjetado no que somos que sequer a percebemos. Ao contrário, há, na sociedade ocidental contemporânea,  esquisita e esquizofrenicamente, um certo prazer em ser “torturado”, uma vontade de não ser livre, de delegar poderes aos carrascos, que são muitos, e também difusos, mas ainda tão sem luzes quanto aqueles carrascos caricatos, seja do Antigo Regime, seja da Revolução – meros cumpridores de ordens. Estamos diante deles no condomínio, no trabalho, no transporte público, nas ruas, na beira da praia – até o campo, com sua atmosfera de amplidão libertária, tem o seu carrasquinho. O Ocidente julga-se livre, mas está preso, muito preso…
Se o aprisionamento torturante, hoje, não é o do corpo, mas o da alma, há-de se buscar, na prática, o lugar de onde emanam os eflúvios de poder que agrilhoam essa tal alma. Não é difícil perceber que boa parte deles, talvez a mais forte e resistente em termos miasmático-prisionais (o quê?!), venha ainda do cerne e da carne da Igreja (assim como de seus derivados: os embutidos pentecostais, evangélicos, macedianos…). Cordeiros torturados em número crescente bradam seus cânticos torturantes por todo o lugar, até mesmo em Copacabana (eis a cor local do texto), enquanto prostitutas passam ao largo dos templos, desfilando pernas, umbigos e bocas. A necessidade de sentir-se subjugado encontra facilmente, assim, apesar da lascívia circundante, lugar de congregação. Sob o olhar piedoso do padre/pastor e dos irmãos em Cristo, todos estão protegidos e devidamente anulados. O espírito aprisionado entre as quatro paredes do Senhor é espírito satisfeito. Afinal, fora dessas quatro paredes, não há mesmo nada, a não ser o mundo, não é? Moldada a mente, ou espírito, ou alma, pela moral que emana da Igreja, resta pouco a moldar. Contudo, a educação escolar, o mundo do trabalho e o mundo paralelo da cultura/entretenimento/informação seriam, entre outras frentes, três replicadores dessa moral, pondo-se, ainda que em outros termos, contra o indivíduo, com a finalidade precípua, apesar de tácita, de torná-lo ainda mais dócil,  ou, por fim, de moldar os que não dão ouvidos ao discurso religioso. Afinal quem não é religioso também precisa ser controlado. Fecham-se as brechas.
A escola, já pelo simples fato de dispor de um currículo, prega também verdades. Sua crença é a de que, por meio de restrições e encaminhamentos, o indivíduo será “devidamente” moldado. Uma vez moldado, será, então, entregue à sociedade “pronto para o trabalho”. Neste, cumprirá docilmente sua jornada de oito horas, contribuindo não só para sua dignificação própria, mas também para “o enobrecimento da humanidade”, dizem. Findas as oito horas, paralelamente ao trabalho, de maneira consecutiva, haverá algum tempo e espaço para o prazer/lazer, o conhecimento e a percepção da realidade, todos eles regidos, hoje, pela lógica da Publicidade, a qual aproxima – sem escrúpulos e sob um fundo eminentemente quantitativo (leia-se quantificável) e quase nada qualitativo – prazer/lazer de entretenimento, conhecimento de cultura em sentido restrito e percepção da realidade de informação jornalística. Desse caldeirão escola-trabalho-diversão, surgem os belos indivíduos que nos cercam, como se fossem “carcereiros do bem” (a expressão é minha). No aspecto diversão (deixarei a escola e o trabalho de fora, porque o texto já se anuncia longo),  esses carcereiros do bem atuam como moedeiros falsos contumazes, mas julgam produzir somente dobrões de ouro. Tudo, para eles, deve imediatamente ser convertido em algo quantificável – daí os processos infantis em que incorrem, mesmo quando adultos maduros: “viajei mais do que você durante as férias” (entretenimento quantificado); “sei mais sobre Erasmo de Rotterdam do que você” (cultura em sentido restrito quantificada); “estou mais bem informado do que você sobre a crise na Europa” (informação quantificada). Devidamente quantificada, a vida ganha ares de competição, e os moedeiros falsos sentem-se, sempre, na liderança. De fato, são próceres da humanidade de cuja companhia devemos muito nos orgulhar.
Depois desse longo intróito, passemos a trechos relevantes do livro, enfim. Estou usando a edição da Vozes, tradução de Raquel Ramalhete. Todos os trechos abaixo são do primeiro capítulo apenas. Após uma caminhada pela praia (sim, é um inverno quente este), pretendo analisá-los.  Imaginem vocês que meu scanner quebrou e tive de digitar todos os trechos. Santa tortura a que me submeto em nome do sagrado conteúdo deste site
Trechos de “Vigiar e punir” (tradução de Raquel Ramalhete) compilados por Vinicius Figueira, sem intenção comercial, para mera análise pessoal e intransferível.
1. “Dentre tantas modificações, atenho-me a uma: o desaparecimento dos suplícios. [...] Punições menos diretamente físicas, uma certa discrição na arte de fazer sofrer, um arranjo de sofrimentos mais sutis, mais velados e despojados de ostentação.” [p. 13]
2. “A punição [...] deixa o campo da percepção quase diária e entra no da consciência abstrata [...] a certeza de ser punido é que deve desviar o homem do crime [...].” [p.14]
3. “É a própria condenação que marcará o delinqüente com sinal negativo e unívoco: publicidade, portanto, dos debates e da sentença; quanto à execução, ela é como uma vergonha suplementar  que a justiça tem vergonha de impor ao condenado.” [p. 15]
4. “A execução da pena vai-se tornando um setor autônomo, em que um mecanismo administrativo desonera a justiça.” [p. 15]
5. “E acima dessa distribuição dos papéis se realiza a negação teórica: o essencial da pena que nós, juízes, infligimos, não creiais que consista em punir; o essencial é procurar corrigir, reeducar, ‘curar’”. [p. 15]
6. “Existe na justiça moderna e entre aqueles que a distribuem uma vergonha de punir, que nem sempre exclui o zelo: ela aumenta constantemente: sobre esta chaga pululam os psicólogos e o pequeno funcionário da ortopedia moral.” [p. 15]
7. “De modo geral, as práticas punitivas se tornaram públicas. Não tocar mais no corpo ou o mínimo possível, e para atingir nele algo que não é o corpo propriamente. [...] O sofrimento físico, a dor do corpo não são mais os elementos constitutivos da pena. O castigo passou de uma arte das sensações insuportáveis a uma economia dos direitos suspensos. [...] Um exército inteiro de técnicos veio substituir o carrasco, anatomista imediato do sofrimento: os guardas, os médicos, os capelães, os psiquiatras, os psicólogos os educadores.” [p. 16]
8. “O emprego da psicofarmacologia e de diversos ‘desligadores’ fisiológicos, ainda que provisório, corresponde perfeitamente ao sentido dessa penalidade ‘incorpórea’”. [p. 16]
9. “Desaparece, destarte, em princípios do século XIX, o grande espetáculo da punição física: o corpo supliciado é escamoteado; exclui-se do castigo a encenação da dor. Penetramos na época da sobriedade punitiva.” [p. 19]
10. “ A redução do suplício é uma tendência com raízes na grande transformação de 1760-1840. [...] Castigos como trabalhos forçados ou prisão – privação pura e simples da liberdade – nunca funcionaram sem certos complementos punitivos referentes ao corpo: redução alimentar, privação sexual, expiação física, masmorra.”
11. “O afrouxamento da severidade penal no decorrer dos últimos séculos é um fenômeno bem conhecido dos historiadores do direito. Entretanto, foi visto, durante muito tempo, de forma geral, como se fosse fenômeno quantitativo: menos sofrimento, mais suavidade, mais respeito e ‘humanidade’. Na verdade, tais modificações se fazem concomitantes ao deslocamento do objeto da ação punitiva. [...] Se não é mais ao corpo que se dirige a punição, em suas formas mais duras, sobre o que então se exerce? A resposta dos teóricos [...] é simples, quase evidente. Dir-se-ia inscrita na própria indagação. Pois não é mais o corpo, é a alma. Marbly formulou o princípio fundamental: ‘que o castigo, se assim possa exprimir, fira mais a alma do que o corpo’”. [p. 21]
12. “Momento importante. O corpo e o sangue, velhos partidários do fausto punitivo, são substituídos. Novo personagem entra em cena, mascarado. Terminada uma tragédia, começa a comédia, com sombrias silhuetas, vozes sem rosto, entidades impalpáveis. O aparato da justiça tem que se ater, agora, a esta nova realidade, realidade incorpórea.” [p. 21]
13. “Muitos crimes perderam tal conotação [de crime], uma vez que estavam objetivamente ligados a um exercício de autoridade religiosa ou a um tipo de vida econômica; a blasfêmia deixou de se constituir em crime; o contrabando e o furto doméstico perderam parte de sua gravidade.” [p. 21]
14. “Sob o nome de crimes e delitos, são sempre julgados corretamente os objetos jurídicos definidos pelo código. Porém, julgam-se também as paixões, os instintos, as anomalias, as enfermidades, as inadaptações, os efeitos de meio ambiente e de hereditariedade. [...] são as sombras que se escondem por trás dos elementos da causa que são, na realidade, julgadas e punidas. [...] o conhecimento do criminoso, a apreciação que dele se faz, o que pode saber sobre suas relações entre ele, seu passado e o crime, e o que se pode esperar dele no futuro.” [p. 22]
15. “A alma do criminoso não é invocada no tribunal somente para explicar o crime e introduzi-la como um elemento na atribuição jurídica das responsabilidades; se ela é invocada com tanta ênfase, com tanto cuidado de compreensão e tão grande aplicação ‘científica’, é para julgá-la, ao mesmo tempo que o crime, e fazê-la participar da punição.” [p. 22]
16. “O laudo psiquiátrico, [...] a antropologia criminal e o discurso da [...] criminologia, introduzindo solenemente as infrações no campo dos objetos suscetíveis de um conhecimento científico, [dão] aos mecanismos da punição legal um poder justificável não mais simplesmente sobre as infrações, mas sobre os indivíduos; não mais sobre o que eles fizeram, mas sobre aquilo que eles são, serão ou possam ser. Não mais simplesmente: ‘Quem é o autor [ do crime]?” Mas “Como citar o processo causal que o produziu? Onde estará, no próprio autor,  a origem do crime?”. [p. 23]
17. “Admitiram que era possível alguém ser culpado e louco; quanto mais louco, tanto menos culpado; culpado, sem dúvida, mas que deveria ser enclausurado e tratado e não punido; culpado, perigoso, pois manifestamente doente etc. E a sentença que condena ou absolve não é simplesmente um julgamento de culpa uma decisão legal que sanciona: ela implica uma apreciação de normalidade e uma prescrição técnica para uma normalização possível. O juiz de nossos dias – magistrado ou jurado – faz outra coisa bem diferente de julgar.” [p. 23]
18. “Ao longo do processo penal, e da execução da pena, prolifera toda uma série de instancias anexas: [...] peritos psiquiátricos ou psicológicos, magistrados da aplicação das penas, educadores, funcionários da administração penitenciária fracionam o poder legal de punir[...]. A partir do momento em que se deixa a pessoas que não são os juízes da infração o cuidado de decidir se o condenado ‘merece ser posto em semiliberdade ou em liberdade condicional, se eles podem pôr um termo à sua tutela penal, são sem duvida mecanismos de punição legal que lhes são colocados entre as mãos e deixados à sua apreciação; juízes anexos, mas juízes de todo modo.” [p. 24 e 25]
19. “Resumindo: desde que funciona o novo sistema penal – o definido pelos grandes códigos dos séculos XVIII e XIX – um processo global levou os juízes a julgar coisa bem diversa do que crimes: foram levados em suas sentenças a fazer coisa diferente de julgar; e o poder de julgar foi, em parte, transferido a instâncias que não são as dos juízes da infração. A operação penal inteira se carregou de elementos e personagens extrajurídicos. Pode-se dizer que não há nisso nada de extraordinário, que é do destino do direito absorver pouco a pouco elementos que lhe são estranhos. Mas uma coisa é singular na justiça criminal moderna: se ela se carrega de tantos elementos extrajurídicos, não é para poder qualificá-los juridicamente e integrá-los pouco a pouco no estrito poder de punir; é, ao contrário, para poder fazê-los funcionar no interior da operação penal como elementos não jurídicos; é para evitar que essa operação seja pura e simplesmente uma punição legal; é para escusar o juiz de ser pura e simplesmente aquele que castiga.” [p. 25]
20. “Objetivo deste livro: uma história correlativa da alma moderna e de um novo poder de julgar; uma genealogia do atual complexo científico-judiciário onde o poder de punir se apóia, recebe suas justificações e suas regras, estende seus efeitos e mascara sua exorbitante singularidade”. [nota minha: “conceito” de genealogia da punição] [p. 26]
21. “A relação entre os vários regimes punitivos e os sistemas de produção em que se efetuam: assim, numa economia servil, os mecanismos punitivos teriam como papel trazer mão de obra suplementar – e constituir uma escravidão “civil” ao lado da que é fornecida pelas guerras ou pelo comércio.” [p. 28]
22. “Mas o corpo também está diretamente mergulhado num campo político; as relações de poder têm alcance imediato sobre ele; elas o investem [atacam], o marcam, o dirigem o supliciam, sujeitam-no a trabalhos, obrigam-no a cerimônias, exigem-lhe sinais. Este investimento político do corpo está ligado, segundo relações complexas e recíprocas à sua utilização econômica [...]  [A constituição do corpo] como força de trabalho só é possível se ele está preso num sistema de sujeição; o corpo só se torna útil se é ao mesmo tempo corpo produtivo e corpo submisso. Essa sujeição não é obtida só pelos instrumentos da violência e da ideologia; [...] pode ser calculada, organizada, tecnicamente pensada, pode ser sutil, não fazer uso de armas nem do terror, e no entanto continuar a ser de ordem física.” [p. 28 e 29]
23 .  “Não se deveria dizer que a alma é uma ilusão, ou um efeito ideológico, mas afirmar que ela existe, que tem uma realidade, que é produzida permanentemente, em torno, na superfície [e] no interior do corpo, pelo funcionamento de um poder que se exerce sobre os que são punidos – de uma maneira mais geral sobre os que são vigiados, treinados e corrigidos, sobre os loucos, as crianças, os escolares, os colonizados, sobre os que são fixados a um aparelho de produção e controlados durante toda a existência. Realidade histórica dessa alma que, diferentemente da alma representada pela teologia cristã, não nasce faltosa e merecedora de castigo, mas  nasce antes de procedimentos de punição, de vigilância, de castigo e de coação.” [p. 31 e 32]

DIETA PARA REDUÇÃO DE POTÁSSIO


DIETA PARA REDUÇÃO DE POTÁSSIO

O potássio tem uma função importante na atividade muscular, incluindo a atividade do músculo cardíaco. A principal via de eliminação do potássio são os rins. Pessoas com diminuição da função renal têm tendência a acumular este mineral, devendo-se neste caso haver um controle na quantidade ingerida. Excesso de potássio no sangue é muito perigoso, pois enfraquece a habilidade do coração em bater.
O potássio é vastamente distribuído nos alimentos, especialmente em frutas, legumes, verduras, carnes e leite. A quantidade de potássio destes alimentos difere entre si, sendo que alguns possuem quantidades maiores que outros.
A recomendação de potássio varia entre as pessoas. Seu médico ou nutricionista são as melhores pessoas para decidir quanto você precisa deste nutriente.
Alguns tipos de processamento (cozinhar, assar, etc) ajudam a remover uma quantidade de potássio dos alimentos. Este mineral se dissolve em água, os alimentos perdem uma parte do potássio quando ficam de molho ou cozidos, portanto desprezar a água de cocção é uma forma de reduzir a quantidade de potássio dos alimentos cozidos.
Atenção: substitutos do sal (sal dietético ou light) são ricos em potássio e devem ser evitados. 
Aqui estão algumas dicas de como diminuir a quantidade de potássio na alimentação:
  1. Preferir alimentos pobres em potássio (verificar lista de alimentos abaixo);
  2. Ingerir frutas, verduras e legumes sempre cozidos;
  3. Descascar as frutas, verduras e legumes, deixar de molho ou cozinhar em bastante água. A água de cocção deve ser desprezada;
  4. Se você precisa controlar o potássio na sua alimentação, as frutas, verduras e legumes só deverão ser ingeridos crus sob a orientação do nutricionista.
As frutas abaixo são ricas em potássio. As sublinhadas possuem maiores quantidades que as outras, portanto não deverão ser incluídas na dieta se houver restrição na ingestão deste mineral:Melão, maracujá, laranja pêra, ameixa preta, ameixa vermelha, amora, mamão, figo, tamarindo, uva, abacate, banana prata, banana d’água, damasco.
As frutas abaixo possuem menor quantidade de potássio.  As sublinhadas possuem menores quantidades que as outras, portanto devem ser preferidas em caso de restrição na ingestão deste mineral.
Pera, maçã, laranja lima, abacaxi, melancia, manga, tangerina, romã, caqui, morango, framboesa, pitanga, caju, cajá, goiaba, pêssego, banana maçã.
A carambola é uma fruta tóxica e proibida para pacientes com insuficiência renal crônica. A carambola produz uma neurotoxina que é eliminada pelos rins. Pacientes com insuficiência renal crônica não são capazes de eliminá-la. A presença desta toxina no corpo de indivíduos com insuficiência renal crônica tanto em tratamento conservador, como em programa de diálise, pode causar alterações neurológicas diversas desde confusão mental, agitação, insônia, fraqueza muscular, alteração da sensibilidade dos membros, convulsões e até mesmo o coma e a morte.
Vegetais com maior quantidade de potássio:
Batata inglesa, batata doce, milho verde, cenoura, beterraba, acelga, aipo, couve manteiga, couve flor, couve de Bruxelas, palmito em conserva, rabanete, tomate, almeirão, brócolis, espinafre, mandioca, mandioquinha, chicória.
Vegetais com menor quantidade de potássio: As sublinhadas possuem menores quantidades que as outras, portanto devem ser preferidas em caso de restrição na ingestão deste mineral.
Pimentão, pepino, chuchu, alface, vagem, quiabo, agrião, jiló, repolho, berinjela, mostarda (folhas).
Alimentos que devem ser evitados se houver restrição de potássio na alimentação: ameixa seca, uva passa, cereais integrais, caldo de carne e galinha em tabletes, leguminosos (feijão, ervilha, lentilha, grão-de-bico e soja), gergelim, amêndoas, avelãs, castanha de caju, castanha-do-pará, coco, amendoim, tâmaras, chocolate, massa de tomate, caldo de cana e rapadura.
As tabelas abaixo mostram a quantidade de potássio em 100 g de alguns alimentos.
A medida utilizada foi em miligrama (mg).
Alimento – Frutas
Potássio(mg)
Uva passa
751
Ameixa seca
745
Tâmara natural seca
652
Banana
396
Melão
309
Damasco
296
Goiaba
284
Mamão papaia
257
Figo
232
Pêssego
197
Uva comum
191
Uva Itália
185
Laranja
181
Ameixa
172
Tangerina
157
Manga
156
Caqui
161
Pera
125
Melancia
116
Morango
116
Maçã
115
Abacaxi
113
Lima da pérsia
102
Alimento - Vegetais
Potássio (mg)
Acelga refogada
549
Espinafre cozido
466
Almeirão cru
420
Batata inglesa cozida
379
Mandioquinha cozida
367
Batata doce assada
348
Agrião
330
Cenoura crua
323
Couve flor cozida
323
Quiabo cozido
322
Vagem cozida
299
Alface
264
Milho verde cozido
249
Berinjela cozida
248
Rabanete cru
232
Couve refogada
228
Cenoura cozida
227
Tomate
267
Repolho cozido
205
Mostarda cozida
202
Chuchu cozido
173
Brócole cozido
163
Pepino
149
Pimentão cozido
128
Alimento - Leguminosas
Potássio(mg)
Grão de bico cru
797
Feijão cozido
416
Ervilha verde cozida
271
Lentilha cozida
249


Alimento - Castanhas
Potássio(mg)
Amêndoa seca
732
Amendoim torrado
703
Castanha do Pará
600
Castanha de caju
565
Noz
524
Coco ralado fresco
356
Alimentos - Bebidas
Potássio(mg)
Caldo de cana
425
Suco de maracujá
278
Água de coco
250
Suco de laranja fresco
200
Suco de tangerina
178
Suco de uva engarrafado
132
Suco de maçã enlatado
119
Coca – cola           1,89
Gatorade             --
Alimentos Industrializados
Potássio(mg)
Batata chips – pacote
1298
Chocolate amargo
615
Chocolate ao leite
384
Caldo de carne em cubos
446
Molho de tomate em lata
371
Granola
344
Aveia
304
Atum enlatado
301

Endometriose

Endometriose


INFORMATIVO PARA PACIENTES

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O que é endometriose?

Para entender o que é endometriose é necessário primeiro saber o que é endométrio.
Endométrio é o tecido normal que reveste o útero internamente. Cresce e descama todo mês. Inicia seu crescimento logo após a menstruação e se descama na próxima. A cada ciclo menstrual esta rotina se repete. É sobre ele que os bebês se implantam. Se a mulher engravidar ele permanece durante a gestação, caso contrário será eliminado no sangue menstrual. Esse revestimento, muitas vezes, e por razões não totalmente esclarecidas, pode se implantar em outros órgãos: nos ovários, tubas, intestinos, bexiga, peritônio e, até mesmo, no próprio útero, dentro do músculo. Quando isso acontece, dá-se o nome de Endometriose (se estiver inserido na musculatura do útero tem o nome de Adenomiose), ou seja, endométrio fora do seu local habitual. O número cada vez maior de casos diagnosticados e a seriedade dos sintomas da doença vêm preocupando autoridades de países desenvolvidos e em desenvolvimento. Estima-se que 10 a 14% das mulheres, em sua fase reprodutiva (19 a 44 anos) e 25 a 50% das mulheres inférteis estejam acometidas por esta doença. Acredita-se que, no Brasil, existam de 3,5 a 5 milhões de mulheres com endometriose. Estes dados são suficientes para que se perceba a dimensão e importância deste diagnóstico.
Em 1921, Dr. Sampson do Hospital John Hopkins, nos Estados Unidos, demonstrou a sua teoria para explicar a endometriose baseada no refluxo sangüíneo menstrual que, ao invés de sair totalmente do útero junto com a menstruação, faria o caminho inverso, voltando para as trompas em direção ao abdômen. Com base nesta hipótese, muitos médicos tratavam a endometriose com a retirada do útero e dos ovários, pois, desta maneira, não existiriam os hormônios nem o endométrio menstrual responsáveis pela doença. Com o passar dos anos descobriu-se que, muitas das pacientes que se submetiam a essas intervenções radicais, continuavam com os mesmos sintomas dolorosos. Nos últimos anos foram feitas algumas observações que colocam esta teoria em questão.
Estas observações incentivaram a busca para novos conceitos que têm levado a um diagnóstico mais preciso e um tratamento mais eficaz.

TIPOS E CLASSIFICAÇÃO

A endometriose é uma doença enigmática e tem merecido classificações que procuram identificar a localização das lesões, o grau de comprometimento dos órgãos e a severidade da doença. Embora grande parte das clínicas utilize a classificação da American Fertility Society que divide a doença em mínima, leve, moderada e severa, recentes avanços na pesquisa da doença recomendam uma nova classificação em três diferentes tipos: superficial ou peritoneal, ovariana e infiltrativa profunda.
Todos os três têm o nome de endometriose, mas são consideradas doenças diferentes, pois não possuem a mesma origem e por isto recebem tratamentos diferenciados. Esta divisão tem facilitado o tratamento e a cura, e mostra a importância do médico especialista em conhecer cada um dos detalhes que envolvem a doença, conseguindo-se assim separar o “joio do trigo”.

Endometriose superficial ou peritoneal

São lesões espalhadas na superfície do interior do abdômen. Podem estar disseminadas atingindo até mesmo o diafragma. Embora sejam superficiais, geralmente estão localizadas sobre órgãos nobres como no intestino, bexiga e ureter e, por isto os cuidados cirúrgicos devem ser bem observados para que se evitem complicações. Os sintomas mais comuns são: cólica, menstruação irregular e infertilidade. O exame clínico não apresenta alterações importantes, o ultra-som não demonstra imagens características e os marcadores que podem sugerir a presença da doença, dosados no sangue (CA125 e SAA) podem ou não estar alterados. O diagnóstico conclusivo e o tratamento é feito pela videolaparoscopia.

Endometriose

Endometriose ovariana

A origem provável é de um implante superficial que atinge a face externa do ovário, provoca uma retração para o interior do mesmo e forma cistos. O tamanho dos cistos é variável e causa alterações da anatomia destes órgãos. O diagnóstico é fácil, feito pelo ultra-som. O tratamento quase sempre é cirúrgico por videolaparoscopia. O rigor da técnica cirúrgica utilizada é fundamental para que se evite o prejuízo da reserva ovariana, caso contrário, junto com o tecido do cisto, poderá ser retirado também tecido ovariano com óvulos de boa qualidade podendo levar até à falência ovariana precoce. O cisto pode estar associado a endometriose de outros órgãos formando aderências. Há situações em que a paciente não tem sintomas e o diagnóstico pode ocorrer em um exame ginecológico de rotina. A indicação cirúrgica vai depender do tamanho do cisto entre outras variáveis.

VÍDEOS

Estes filmes foram editados em tempo reduzido e referem-se às principais etapas de cirurgias para o tratamento da endometriose . As intervenções foram realizadas pela equipe IPGO e estão sendo apresentadas em 3 vídeos sobre os diferentes tipos da doença: endometriose profunda, ovariana e peritoneal (ou superficial). Todas com objetivo de curar e preservar a fertilidade.
Vídeos:
Para assistir o vídeo de Endometriose Profunda Clique aqui
Para assistir o vídeo de Endometriose Ovariana Clique aqui

Endometriose infiltrativa profunda

É a que apresenta sintomatologia mais agressiva comprometendo o bem-estar e a qualidade de vida das pacientes. Pode interferir na fertilidade mesmo quando são usadas as técnicas de Reprodução Assistida. Os implantes alcançam uma profundidade superior a 0,5 cm e envolvem outros órgãos como os ligamentos útero-sacros (que sustentam o útero), bexiga, ureteres, septo reto-vaginal (espaço entre reto, o útero e a vagina) e intestino. Nestes últimos, formam nódulos que atingem o reto, sigmóide, órgãos genitais, vagina e algumas vezes o intestino grosso e íleo (veja figura). A origem mais provável é a metaplasia (significa a transformação de um tecido embrionário em outro diferente).

Diagnóstico

O diagnóstico da endometriose infiltrativa e profunda deve ser suspeitado inicialmente pela queixa clínica. As queixas mais comuns são: a dor profunda e desconfortável na relação sexual, cólicas intensas e, principalmente, as queixas intestinais. Entre estas últimas estão: o inchaço abdominal permanente, a dor, e a dificuldade na evacuação e algumas vezes sangramento pelo reto na época da menstruação.
O médico que examina deve perceber no exame ginecológico de toque vaginal e retal nodulações na região posterior do útero, espessamentos e principalmente dor durante o exame desta região. Caso a doença esteja localizada no intestino em uma região superior, o profissional pode não perceber, mas os exames complementares associados ao histórico clínico da paciente, ajudarão a esclarecer o diagnóstico. Da mesma forma que os outros tipos de endometriose, os exames laboratoriais de sangue chamados de “marcadores” devem ser dosados nos três primeiros dias da menstruação e, embora não garantam o diagnóstico nem a extensão da doença podem ajudar a nortear a pesquisa.
Exames de imagens são fundamentais. Entre eles o ultra-som endovaginal, que deve ser realizado por um profissional experiente. É um ótimo exame pela sua precisão e facilidade. Infelizmente existem poucos médicos com experiência para um diagnóstico preciso. Esta avaliação deve ser precedida por um preparo intestinal que esvazia (“limpa”) o intestino, elimina as fezes ajudando a visibilizar as imagens. Quando este exame for insuficiente para a conclusão diagnóstica, recomenda-se a Ressonância Magnética Pélvica e a Ecocolonoscopia. Este último é um exame mais complexo que exige a sedação da paciente, mas ajuda a localizar melhor as lesões e a profundidade delas nos órgãos atingidos. A colonoscopia é mais simples e tem o objetivo de avaliar as lesões que penetram para o interior do intestino.

Tratamento Cirúrgico

O tratamento da endometriose profunda é sempre cirúrgico. Feito por videolaparoscopia, é extremamente complexo e exige médicos qualificados e experientes neste tipo de intervenção. Deve ser realizado por uma equipe multidisciplinar que tenha pelo menos um ginecologista e um cirurgião geral especializados em cirurgia pélvica e com conhecimento da abrangência e envolvimento da doença com os outros órgãos. O planejamento da cirurgia deve ser feito com antecedência para que a paciente saiba das possíveis implicações, como a possibilidade de ressecção de uma parte do intestino (retosigmoidectomia), caso haja um comprometimento de várias camadas deste órgão, além de eventuais complicações. Tanto a paciente como a equipe devem estar prontos para estas possibilidades. O preparo intestinal pré-operatório é obrigatório para que a intervenção possa ser feita com tranqüilidade.

INFERTILIDADE X ENDOMETRIOSE

A associação da endometriose com a fertilidade tem sido alvo de discussão há muitos anos. Os debates em torno das proporções que esta doença afeta a capacidade da mulher em ter filhos têm causado, por muitas vezes, um “vai e vem” nas condutas e tratamentos médicos. Todos os tipos e graus de endometriose podem influenciar a fertilidade, entretanto, freqüentemente o diagnóstico não é tão evidente e fica como última opção na pesquisa, entre outras causas de infertilidade. Esta demora na iniciativa da pesquisa da doença, pode ser causada pela superficialidade dos sintomas, inconsistência das queixas clínicas e falta de evidências laboratoriais dos exames de sangue e ultra-som endovaginal. Somente após passar um certo período, onde foram realizados tratamentos sem sucesso, é indicada a videolaparoscopia, que conclui o diagnóstico. A espera por este esclarecimento atrasa a concepção e prolonga o sofrimento do casal.

A endometriose causa infertilidade pelos seguintes efeitos:

  • Influencia os hormônios no processo de ovulação, e na a implantação do embrião.
  • Altera também os hormônios prolactina e as prostaglandinas que agem negativamente na fertilidade.
  • Prejudica a liberação do óvulo dos ovários em direção às trompas.
  • Interfere no transporte do óvulo pela trompa, tanto pela alteração inflamatória causada pela doença, como por aderências (as trompas “grudam” em outros órgãos e não conseguem se movimentar).
  • Alterações imunológicas – alterações celulares responsáveis pela imunologia do organismo (células NK, macrófagos, interleucinas, etc.).
  • Receptividade endometrial. O endométrio, tecido situado no interior da cavidade uterina, local onde o embrião se implanta, sofre a ação de substâncias produzidas pela endometriose (ILH e LIF -leukemia innibitory factor) que atrapalham a implantação do embrião.
  • Alterações no desenvolvimento da gestação. Pode interferir no desenvolvimento embrionário e aumentar a taxa de abortamento.
Observação:
O tratamento pela Reprodução Assistida (fertilização in vitro) pode evitar a ação da maioria destes mecanismos que atrapalham a fertilização e, por isto, esta pode ser uma ótima saída para a resolução do problema. Entretanto, mesmo com estas técnicas, a endometriose pode diminuir as chances de resultados positivos e ser necessário o tratamento cirúrgico por videolaoaroscopia.

A ENDOMETRIOSE TEM CURA?

Esta é uma pergunta que as pacientes fazem com freqüência, e talvez o maior motivo desta dúvida seja o número grande de mulheres que realizam tratamentos e cirurgias repetidas para este problema.
É impossível afirmar que uma intervenção cirúrgica será definitiva para acabar com a doença, mas o que temos observado é que muitas pacientes fazem tratamentos cirúrgicos insuficientes para extingui-la definitivamente. Talvez, muitas das intervenções sejam incompletas devido ao alto grau de complexidade e riscos de complicações. Por isso, alguns cirurgiões preocupados com estes riscos limitam o grau de invasão do procedimento e acabam não retirando a totalidade da doença dos órgãos afetados.
As cirurgias mais modernas envolvem detalhes de conhecimento anatômico importantes e têm conseguido um alto índice de cura definitiva e a restauração da fertilidade.

TRATAMENTO CLÍNICO COM MEDICAMENTOS

Podem ser indicados após o tratamento cirúrgico mas somente em casos especiais. O tratamento clínico com antiinflamatórios e pílulas anticoncepcionais antes da intervenção ajudam amenizar a dor, mas não curam a doença. O tratamento hormonal com objetivo de suspender a menstruação provocando uma menopausa temporária, após a cirurgia, tem demonstrado vantagens em casos isolados e por isto não deve ser receitado como rotina, entretanto, caso seja indicado, a duração não deve ser superior a três meses. O tratamento clínico isolado, sem cirurgia, não tem valor curativo.
Uma boa alternativa após a cirurgia, se a paciente não quiser engravidar no momento, são as pílulas de uso contínuo, os implantes hormonais e Levonorgestrel ou Etonogestrel (Mirena e Implanon) que suspendem a menstruação e restringem uma eventual evolução da doença e drogas que proíbem algumas ações hormonais.

TERAPIAS COMPLEMENTARES

Tem o objetivo de estimular o sistema imunológico através de suplementos alimentares como o flaxseed (semente de linhaça), óleos de prímula e de peixe além de antioxidantes poderosos como o Pycnogenol. As vitaminas C e E são também bastante eficazes.
As ervas chinesas como Cinnamon Twig (extrato de canela) e Poria Pill (Gui Zhi Fu Ling Wan), usadas historicamente na China para o tratamento de hemorragias na gestação, têm demonstrado ajudar a melhorar os sintomas da endometriose.
A acupuntura pode ser também uma boa alternativa.

CONCLUSÃO

Cada tipo de endometriose tem identidade própria cuja origem difere uma da outra e por isto cada uma merece um tratamento cirúrgico especializado, envolvendo muitos profissionais médicos de várias especialidades. A não observância dos critérios de diagnóstico utilizando-se exames inadequados e profissionais inexperientes, poderá levar a cirurgias incompletas e a persistência da doença.
PREVENÇÃO, PRESERVAÇÃO E RESTAURAÇÃO DA FERTILIDADE
Embora a endometriose não possa ser prevenida, algumas medidas podem minimizar o futuro evolutivo da doença, como:

Diagnóstico Precoce

A hereditariedade da endometriose já é conhecida há algum tempo. Calcula-se que, nestes casos, a incidência pode estar em até 6% nos parentes de primeiro grau e por isto a doença já deve ser suspeitada quando estas mulheres tiverem sintomas, ainda que discretos (cólica, irregularidade menstrual, etc.). Nesta oportunidade, os exames necessários devem ser feitos para elucidação diagnóstica. Quanto mais precoce for a intervenção curativa, maior a chance de evitar as possíveis complicações como a distorção anatômica causada pela doença, entre as outras já comentadas. O pouco conhecimento que a mulher tem sobre a endometriose faz com que muitas delas acreditem ser normal ter cólica menstrual intensa e não procurem um médico. Porém, mesmo quando o fazem, o diagnóstico demora a ser estabelecido. Em geral o tempo entre os sintomas iniciais até o diagnóstico pode alcançar até 10 anos ou mais.

Alimentação, meio ambiente e hábitos

A alimentação é importante para evitar várias doenças do corpo humano. O sistema imunológico também influencia diretamente no desenvolvimento das mesmas, podendo prejudicar principalmente as pessoas que moram em grandes cidades com alto grau de poluição atmosférica. A dioxina, por exemplo, é uma substância tóxica proveniente da combustão de produtos orgânicos e está presente no ar que respiramos e em alguns alimentos que ingerimos. Trabalhos científicos demonstram sua possível interferência no desenvolvimento da endometriose. Estes fatores em conjunto podem piorar a evolução da doença e por isto, uma dieta balanceada e um estilo de vida adequado ajudam a prevenir o surgimento ou o agravamento deste problema de saúde. A endometriose é uma doença da mulher moderna por estar relacionada com ansiedade, estresse e depressão, proveniente de uma exaustiva jornada de trabalho dentro e fora de casa.
Um hábito intestinal normal e regular é imprescindível. A paciente que não evacua regularmente, tem retenção de material fecal e aumento de toxinas e muitas delas deprimem o sistema imunológico. Alimentos ricos em cereais e fibras ajudam a melhorar o ritmo intestinal. A base da alimentação deve ser a dieta macrobiótica, sem laticínios, trigo e produtos animais. Embora as carnes contenham proteínas que podem ser um importante combustível imunológico, algumas delas contêm hormônios femininos, como o estrogênio, o que pode estimular ainda mais o desenvolvimento da endometriose. A dieta deve ser balanceada dando-se preferência por vegetais sem agrotóxicos, pois estes prejudicam a imunidade. Os exercícios físicos devem ser incentivados.
O peso em excesso deve ser evitado, pois a obesidade além de ajudar a piorar as dores pélvicas, faz com que o acúmulo de gordura aumente a produção de hormônios femininos (estrogênio), que agravam a doença.
Restauração da fertilidade – cirurgias
As cirurgias radicais para a cura da endometriose podem ser eficazes sem a retirada do útero ou ovários. As intervenções devem ser bem indicadas e podem ser realizadas com técnicas conservadoras sem prejudicar o futuro reprodutivo da mulher ou, muitas vezes, restaurando a anatomia do aparelho reprodutor quando ele estiver deformado pela doença. Pelos detalhes e pela complexidade que envolve este tipo de intervenção, o tempo de duração do procedimento cirúrgico pode ser longo, podendo se estender até seis horas dependendo da quantidade de camadas de tecidos e órgãos envolvidos.

DST’s: infecções “silenciosas” que afetam a fertilidade

DST’s: infecções “silenciosas” que afetam a fertilidade

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DST’s – Doenças Sexualmente Transmissíveis, é um grupo de doenças infecciosas transmitidas principalmente através de relações sexuais que podem acometer o corpo humano nas regiões genital, anal, oral e ocular, mas, em alguns casos, podem também se estender para outros órgãos. Afetam tanto as mulheres quanto os homens. São responsáveis por 25% das causas de infertilidade: 15% para as mulheres e 10% para os homens. Geralmente podem ser prevenidas e controladas através de métodos contraceptivos de barreira (preservativo e camisinha feminina, associados a espermicidas) e orientações educacionais que ajudam a modificar os comportamentos de risco como, por exemplo, evitar muitos parceiros sexuais, bem como o uso de drogas e relacionamento com parceiros que usam drogas ou que tenham outras pessoas com quem se relacionam sexualmente. Na maioria das vezes, as complicações podem ser evitadas pela detecção precoce da doença, logo que houver suspeita de contaminação.
O grupo das DSTs inclui as infecções por Clamídia, Gonorréia, HPV (Human Papiloma Vírus), Hepatite B, Herpes Genital, Sífilis, Cancro mole ou cancróide, Donovanose, Linfogranuloma venéreo e Tricomoníase além do HIV(AIDS). Entre elas, as que comprometem mais diretamente o sistema reprodutivo estão a Clamídia e a Gonorréia que, principalmente nas mulheres, podem passar despercebidas. As outras como o HPV (Human Papiloma Vírus), Hepatite B, Herpes e Sífilis, não causam diretamente a infertilidade, mas podem prejudicá-la pelos efeitos colaterais indesejáveis dos tratamentos. Como exemplo importante observa-se o HPV, que pode levar a alterações cancerosas no colo do útero implicando numa cirurgia que retira parte deste órgão (conização).
De acordo com a CDC (Centers for Disease Control and Prevention), nos Estados Unidos, mais de um milhão de mulheres por ano tem DIP (Doença Inflamatória Pélvica) e 100 mil delas terão problemas de fertilidade. DIP é uma complicação grave que, além dos riscos habituais de qualquer infecção, causa alterações anatômicas que distorcem a anatomia dos órgãos reprodutores, as quais, muitas vezes, são impossíveis de serem corrigidas. Esta complicação pode causar, na mulher, obstrução tubária e aderências, isto é, as tubas (trompas) grudam em outros órgãos, como intestino ou no próprio útero, perdem a mobilidade e impedem que os óvulos e espermatozóides se movimentem no seu interior, dificultando o encontro entre os dois. A gravidez tubária (gravidez fora do útero) pode ser também causada por este dano. O tratamento é realizado com antibióticos, podendo, em casos mais graves, ser necessário internação, cirurgia e até UTI. O CDC também informa que 70% das mulheres e 50% dos homens infectados por Clamídia, não tem sintomas e 40% destas infecções quando não tratadas levam a DIP. Segundo Robert Stamb da Sociedade de Biologia Reprodutiva de Atlanta – Estados Unidos, a DIP causa infertilidade em 15% das mulheres quando ocorre o primeiro episódio de infecção. Se houver o segundo, causa em 35% e no terceiro causa em 75% delas.Nove por cento das pacientes que tiveram DIP, deverão ter gravidez tubária.
Algumas pessoas, quando contraem uma destas doenças, têm sintomas evidentes, se tratam e ficam curadas. Entretanto, outras podem ser assintomáticas, isto é, o indivíduo contrai a doença, mas não apresenta nenhum sintoma e, por isso, não procura um médico, nem se trata e ainda contamina outras pessoas. São as chamadas “infecções silenciosas” consideradas um agravante do processo infeccioso por permitir que a doença evolua para formas mais graves além de poder contaminar outros(as) parceiros(as), se os cuidados preventivos não forem tomados. Calcula-se que sejam diagnosticados 20 milhões de casos por ano no mundo inteiro, mas devem existir muito mais pela falta de diagnóstico decorrente destas “infecções silenciosas”. Acredita-se que até 50% da população poderá adquirir uma destas infecções, até os 35 anos.
É importante que as mulheres tenham consciência destes riscos. Muitas delas, ao se casar, desconhecem estes antecedentes do marido, contraem a doença e só vão dar conta que estão contaminadas quando tiverem dificuldades de engravidar e os exames revelarem a doença. Por isso, se houver algum indício ou histórico de DST’s nos seus parceiros, estas mulheres deverão fazer a pesquisa destas doenças em um primeiro sinal de dificuldade de gestação ou até mesmo já nos exames pré-nupciais.
É importante que os homens também tenham consciência disso, pois os seus sintomas podem ser ainda mais “silenciosos” e passar anos sem este diagnóstico. Quando os sintomas aparecem, freqüentemente são: a uretrite (ardor ao urinar), prostatite (infecção da próstata) e a epididimite (infecção no epidídimo – local situado entre os testículos e a uretra, onde ocorre a maturação dos espermatozóides). Estas alterações podem prejudicar a qualidade do sêmen.

AS PRINCIPAIS DOENÇAS HPV (Human Papiloma VÍRUS)

Também é conhecida como “crista de galo”, “verruga genital” e “jacaré”. É causada por um grupo de vírus, HPV-DNA, com mais de 100 subtipos. Nesta doença, os subtipos 6, 11 e 42 determinam lesões papilares que confluem e formam massas de verrugas com o aspecto de couve-flor. Estas lesões ocorrem principalmente na vulva, vagina, períneo e colo do útero, podendo também aparecer no ânus e no reto.
Na maioria das vezes as lesões são inaparentes, sem nenhuma manifestação detectada pelo paciente. Outros subtipos podem ainda acometer as mãos e os pés.
A transmissão quase sempre é por contato sexual íntimo e mesmo sem a penetração, o vírus pode ser transmitido. O parto vaginal também pode ser outra via de transmissão, da mãe para o recém-nascido, e por isso, neste caso, é indicada a cesariana. É raro, mas pode ocorrer a transmissão pelo uso comum de toalhas e roupas íntimas em banheiros e saunas.
Como existem lesões muitas vezes impossíveis de serem visualizadas, o diagnóstico é feito inicialmente pelo Papanicolaou e pela colposcopia (exame que verifica o colo uterino com uma lente de aumento). Com a confirmação, realiza-se outro exame detalhado que definirá o tipo de HPV (captura híbrida). Alguns deles não têm importância para o futuro da saúde do casal, mas outros são oncogênicos, isto é, podem causar câncer médio prazo caso não sejam tratados.
A principal preocupação com HPV é a sua relação com câncer de colo uterino e de vulva, principalmente os vírus 16, 18, 45 e 56.
Para prevenção da doença, é recomendável o uso de camisinha nas relações sexuais, bem como vacinas que podem impedir a doença.
O tratamento tem o objetivo de remover as lesões com quimioterápicos, cauterização, cáusticos locais. Mesmo com o tratamento há chance de recidiva das lesões. Não existe tratamento específico para a erradicação do vírus. Além da avaliação do parceiro, é necessária também a abstinência sexual durante o tratamento.

Gonorréia

Causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae. A chance de transmissão na relação sexual é de 90%. Também é conhecida pelos nomes de uretrite gonocócica e blenorragia.
A mulher infectada apresenta quantidade grande de corrimento na vagina e na vulva. Precedendo este corrimento pode haver sintomas de prurido e ardência ao urinar. A sintomatologia pode ser branda ou até ausente.
Como conseqüência, pode ocorrer desenvolvimento de doença inflamatória pélvica (DIP), infertilidade, aborto espontâneo, natimorto, bebê com baixo peso ao nascer e parto prematuro. Os recém-nascidos de mães portadoras da doença podem apresentar pneumonia e otite média.

Clamídia

É uma bactéria que infecta os órgãos genitais dos homens e mulheres. Atualmente são diagnosticados no mundo milhões de casos e por isso tem se tornado uma das DST’s mais comuns, e a maioria causadora de infertilidade.
Se uma mulher grávida contrai esta infecção neste período, poderá ter um bebê prematuro, e caso a mãe se infecte durante o parto vaginal, o bebê poderá ter infecção nos olhos (conjuntivite), ou problemas respiratórios. Nas mulheres é conhecida como uma das mais importantes “infecções silenciosas”, porque somente 1 em cada 4 mulheres têm sintomas. Nos homens são mais evidentes, três em cada quatro. Normalmente aparecem em 2 a 4 semanas após contato sexual.

TABELA RESUMIDA PARA O DIAGNÓSTICO DE CLAMÍDIA EM AMBOS OS SEXOS

Clique na imagem para ampliar

TABELA PRESERVE SUA FERTILIDADE + DST

PROTEJA SUA FERTILIDADE

  • Procure limitar sua vida sexual a um número restrito de parceiros e ter certeza que eles(as), durante o período de convivência, também sejam monogâmicos(as) e não tenham doenças sexualmente transmissíveis.
  • Evite o contato sexual com pessoas cujo estado de saúde e prática sexual você não conheça.
  • Evite sexo se um dos parceiros apresentar sinais ou sintomas de infecção genital.
  • Procure sinais de DST’s em seu parceiro (a) – verrugas, secreções, lesões de pele, etc….
  • Não faça sexo sob a influência de álcool ou drogas (exceto em um relacionamento monogâmico em que ambos os parceiros não estejam infectados com alguma doença sexualmente transmissível.)
  • Antes de começar um relacionamento discuta com seu(sua) parceiro(a) a história sexual anterior dele(a). (Lembre-se, no entanto, de que as pessoas nem sempre são honestas sobre as suas vidas sexuais.).
  • Camisinha de látex pode diminuir a transmissão de doenças quando usada correta e cuidadosamente, e para cada ato sexual. Elas não eliminam completamente o risco. Exceto se ambos os parceiros estiverem em um relacionamento monogâmico, tanto homens quanto mulheres devem carregar consigo camisinha de látex, e insistir que esta seja utilizada em suas relações sexuais.
  • O uso de espermicidas (principalmente o que contém nonoxinol-9) pode ajudar a diminuir o risco de contágio de doença sexualmente transmissível, quando associado com a camisinha.
  • Se necessário, use lubrificante a base de água. Não use lubrificante à base de petróleo, como vaselina, pois estes podem danificar a camisinha de látex.
  • Lave os genitais com água e sabão após ter uma relação sexual.
  • Procure um médico se tiver dúvidas, suspeita de infecção ou se souber que seu(sua) parceiro(a) sexual está infectado(a).
  • Se você tem múltiplos parceiros sexuais, visite o ginecologista a cada 6 meses para verificar a presença ou não de doenças sexualmente transmissível, mesmo que você não tenha sintomas. De olho nas DST’s
  • DST’s freqüentemente não tem sintomas.
  • Quando a DST é descoberta no início, alguns tratamentos podem ser simples, com antibióticos, por exemplo. Mas se uma DST permanece oculta, o dano pode ser permanente e alterar ou até ameaçar a vida da pessoa contaminada. É impossível desenvolver imunidade às DST’s e algumas são incuráveis.
  • DST’s não tem nada a ver com limpeza ou aparência. As DST’s não respeitam fronteiras geográficas ou sócio-econômicas.
  • As DST’s podem ser transmitidas por sexo oral, vaginal ou anal. Mesmo que não haja penetração, pode acontecer o contágio

  • SITES SOBRE DST’S

    Coordenação Nacional de DST e Aids / Ministério da Saúde
    www.aids.gov/final/prevencao/dst.htm
    Doenças Sexualmente Transmissíveis
    www.ccerri.com/
    Portal Feminino
    www.portalfeminino.com.br

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Hemodiálise do HC fechada para reforma

Conteúdo extra:Galeria de fotos



O POPULAR (GO)
Pacientes serão encaminhados para outros serviços credenciados pela Secretaria Municipal de Saúde
O serviço de hemodiálise do Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Goiás (UFG) será temporariamente suspenso para que as instalações sejam reformadas. A unidade atende 102 doentes renais crônicos, que serão encaminhados para outros serviços credenciados pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), gestora do sistema de saúde em Goiânia. A data do início da reforma dependerá da transferência dos pacientes para outros serviços. A reforma está orçada em R$ 12 mil e será feita com recursos próprios do hospital.
O trabalho inclui a substituição do reservatório de água, ajuste das bombas elétricas e troca do termostato e do piso do local onde fica o tanque. A desativação provisória do serviço preocupa o representante de Goiás na Federação das Associações de Renais Crônicos e Transplantados do Brasil, Wanderly Mendes de Souza. Segundo ele, o problema está no cumprimento do cronograma de obras.
O diretor-geral do HC, José Abel Ximenes, acredita que a reforma dure cerca de uma semana. Conforme explica, o novo tanque já está no hospital. Para instalá-lo, diz, será preciso derrubar parte de uma parede para a passagem do reservatório. Com a reforma, afirma, espera-se eliminar qualquer risco de contaminação da água, a exemplo do que ocorreu em agosto, quando pelo menos oito pacientes passaram mal após fazer a hemodiálise no local. Segundo o diretor do HC , a água foi contaminada devido a uma falha no automático do tanque, que controla o nível da água, o que já foi resolvido.
Transferência
A diretoria do HC está fazendo contato com o Hospital Geral de Goiânia (HGG), que está montando o serviço de hemodiálise, para saber se a unidade pode receber os pacientes. José Abel Ximenes afirma que já foi feito contato com o secretário estadual de Saúde, Fernando Cupertino, que acredita que o serviço do HGG estará apto a funcionar ainda esta semana.
O diretor-técnico do HGG, Luciano Leão Bernardino da Costa, explica que o hospital adquiriu os insumos e equipamentos necessários para o serviço de hemodiálise, restando apenas solucionar um problema de condutividade aumentada na água. Uma nova análise da água será feita na quinta-feira para verificar a situação.
Hoje, será realizada uma reunião no serviço de hemodiálise do HC para discutir a transferência dos pacientes. O hospital fará um levantamento das vagas de hemodiálise para verificar quais serviços podem atender os pacientes do HC, caso o HGG não possa absorver toda a demanda. A hemodiálise do HC conta com 16 máquinas e três turnos de tratamento.
Wanderly Mendes de Souza afirma que não foi registrado nenhum caso recente de problemas com a hemodiálise do HC, além dos divulgados pela imprensa. O serviço está funcionando normalmente. Ele pondera que a preocupação dos pacientes é com a possibilidade de atraso na reforma que, na sua opinião, não será possível ser finalizada em uma semana. Wanderly também questiona o fato do HC não ter consultado os pacientes sobre a transferência da hemodiálise para outras unidades de saúde. No domingo, a Federação das Associações dos Renais Crônicos em uma reunião no domingo fará uma reunião para discutir a reforma.
Segundo a assessoria de imprensa da SMS, duas clínicas, com capacidade para atender 120 pacientes na hemodiálise, estão sendo credenciadas para o serviço. De acordo com a secretaria, o encaminhamento dos pacientes da hemodiálise do HC será feito pela central de vagas do órgão, que comunicará ao hospital o destino dos pacientes para que estes sejam avisados. A assessoria lembra ainda que, caso a hemodiálise do HGG esteja apta a funcionar, a unidade tem prioridade no recebimento dos pacientes do HC por se tratar de hospital público.

Tragédia da hemodiálise

Era fevereiro de 1996. Explodiam na vida real e no noticiário da mídia os fatos que ficaram conhecidos como "a tragédia da hemodiálise", que deixou mais de 100 pacientes intoxicados em Caruaru, contaminados pela água utilizada em sessões de filtragem de sangue, por efeito da microcistina. Muitos morreram. Houve um conjunto de fatores negativos no caso, em que se misturam negligência, má-fé, despreparo, incompetência, desonestidade, omissão de socorro, entre outros. Depois de algum tempo sob holofotes da imprensa, o caso caiu no esquecimento, deixando os responsáveis pela tragédia tranqüilos.


Para quebrar esse olvido e tentar retomar o estabelecimento de responsabilidades, o Jornal do Commercio iniciou uma série de reportagens, que prosseguem e estão trazendo novamente à discussão fatos, pretensas explicações, omissões. A apuração foi tão negligente e incompetente que, até hoje, ignora-se até o número exato de vítimas fatais e quantos conseguiram escapar à tragédia. Seriam 50, 40 ou apenas 15 os sobreviventes? As autoridades da área de Saúde Pública não sabem informar com exatidão. Nossa repórter Veronica Almeida está levantando dados que esclareçam a respeito.


Como se serviços de saúde constituíssem apenas um negócio, como outro qualquer, e não uma questão vital, o Estado omitiu-se, e não houve indenizações nem condenações. Isso não é aceitável. Os responsáveis pelas clínicas de hemodiálise IDR e Inuc denunciados pelo Ministério Público foram absolvidos pela Justiça em 2002, e podem continuar com seus negócios na área de saúde. O processo ético aberto no Conselho Regional de Medicina contra os médicos Bráulio Coelho e Antônio Bezerra foi arquivado. A única atitude positiva que o poder público tomou, nestes dez anos, foi instalar em Caruaru o Centro Regional de Hemodiálise do Agreste, do Estado, após o fechamento das clínicas responsáveis pelas intoxicações e pelos óbitos.


Fora o atendimento público, os sobreviventes que se conhecem recebem tratamento de máquinas mais modernas de hemodiálise, com água controlada, mas não contam com benefícios garantidos por lei como transporte gratuito para quem mora fora da cidade e também medicamentos de graça. A hemodiálise é um tratamento muito dispendioso e consome muito dinheiro do SUS. Daí que o poder público esteja procurando montar um esquema de prevenção de males renais. Concomitantemente, as autoridades da área de saúde estão exigindo das clínicas especializadas melhor qualidade da água empregada na hemodiálise. Aqui em Pernambuco, a partir de março, a Compesa terá que divulgar, nas contas enviadas aos consumidores de água, dados sobre a qualidade do produto fornecido.


Especialistas que trabalharam, por ocasião da tragédia, para desvendar a causa da intoxicação daqueles doentes renais, em 1996, estão novamente em Pernambuco. Os professores Sandra Neiva e Victorino Spinelli (UFPE), Sandra Azevedo (UFRJ) e Wayne Carmichael (Wrigth State University, EUA) pretendem organizar um estudo dos efeitos da microcistina nas pessoas que sobreviveram à contaminação. Um trabalho muito útil, pois poderá definir se a toxina deixou seqüelas no fígado dos pacientes. O estudo vai acumular conhecimentos que podem fundamentar a prevenção de novos casos no futuro.


Tragédias como a da hemodiálise não deveriam acontecer. E elas não ocorrem somente em países menos desenvolvidos. Na civilizada França aconteceu um rumoroso caso de contaminação por Aids, através de transfusão de sangue. A diferença, em relação à tragédia ocorrida em Caruaru há dez anos, é que lá os responsáveis foram julgados e punidos, e rolaram cabeças na administração pública.

SEXUALIDADE EM PACIENTES RENAIS





O que é sexualidade?
Muitas pessoas pensam que a sexualidade se refere somente ao ato sexual. No entanto, neste conceito estão incluídos muitos outros fatores, desde como a pessoa se sente a respeito do seu corpo, até como ela se comunica com outras pessoas e como constrói suas relações. A sexualidade envolve, inclusive, muitas outras atividades sexuais que não estão necessariamente ligadas ao ato sexual, como tocar, abraçar e beijar.

Como a doença renal pode afetar a vida sexual?
A doença renal pode causar alterações físicas e psicológicas que afetam a vida sexual.
Fisicamente, a mudança química que ocorre no corpo do doente renal afeta os hormônios, a circulação, o sistema nervoso e o nível de energia. Essas mudanças geralmente causam uma diminuição no interesse e no desempenho sexual. Muitos medicamentos, usados no tratamento da doença, podem também afetar o funcionamento sexual.
Em razão disso, geralmente, os indivíduos em hemodiálise são sexualmente menos ativos do que as pessoas saudáveis. A atividade sexual requer um nível de energia que poderá faltar ao IRC. Na mulher, o orgasmo poderá ser menos freqüente e o homem terá mais dificuldade em conseguir a ereção.
Por outro lado, o uso de certos medicamentos pode acarretar o ganho de peso, o surgimento de acne e queda de cabelo. Alguns doentes em diálise peritoneal sentem-se embaraçados com o cateter, outros se preocupam com o aumento de gordura na região abdominal, resultado da glicose contida no soro. A mulher pode sentir que a fistula, ou outras cicatrizes, a tornam menos feminina. Todas essas preocupações com a aparência afetam psicologicamente o paciente fazendo com que o ele se sinta pouco atraente e causando, conseqüentemente, uma diminuição do interesse sexual.
Os paciente renais podem também sentir alterações de humor provocadas pelo tratamento e pela medicação. Crises de irritabilidade e depressão pode afetar o relacionamento com o parceiro.

O que pode ser feito em relação a esses problemas?
O problema físico pode ser amenizado de várias maneiras. O homem que não consegue a ereção pode optar por um implante no pênis, que possibilita a ereção e, em alguns casos, pode inclusive melhorar o fluxo de sangue para o pênis. Outra opção pode ser o uso de hormônios masculinos que podem ser injetados ou tomados via oral. Médicos especialistas podem dar informações sobre as vantagens e desvantagens de cada tratamento.
As mulheres podem resolver o problema da falta de lubrificação vaginal, ocasionada pelo baixo nível de hormônios, com o uso de um lubrificante a base de água. A dificuldade em atingir o orgasmo e a falta de energia durante a relação podem ser resolvidas com a ingestão de hormônios e com o uso de medicamentos controladores da pressão arterial, respectivamente. É importante consultar o médico antes de optar pelo tratamento.
Exercícios de relaxamento ajudam a diminuir o estresse, a ansiedade os medos, que são bastante comuns em doentes crônicos. As atividades físicas regulares mantém a mente ocupada e melhoram o condicionamento e o aspecto físico do paciente.

A relação sexual é segura para pacientes renais?
Sim. Pacientes renais e seus parceiros preocupam-se pensando que a atividade sexual pode ser perigosa para pacientes em diálise ou pacientes transplantados. No entanto, nenhuma limitação precisa ser estabelecida para as relações sexuais em pacientes renais. Se a atividade sexual não causar incômodo ou tensão, não haverá danos para o paciente.
Após o transplante, é importante esperar a cicatrização do local da cirurgia. Porém, desde que o médico diga que o paciente está pronto para a atividade sexual, não há motivos para preocupação com o rim transplantado.
O medo pode fazer com que as pessoas evitem a atividade sexual desnecessariamente. Como em qualquer atividade física o paciente pode fazer sua própria avaliação, ouvir seu corpo e conversar com seu médico para decidir que tipo de atividade pode ser prejudicial a sua saúde
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Pessoas em tratamento dialítico podem ter filhos?
Geralmente as mulheres em diálise não podem engravidar, pois o tratamento altera o ciclo menstrual. Mas, algumas mulheres continuam a ter o ciclo menstrual normal e têm, portanto, a possibilidade de engravidar. No entanto, os riscos que envolvem a mãe e o índice elevado de abortos espontâneos, indicam que devem ser aconselhadas medidas de prevenção para impedir a gravidez.
Os homens em diálise mantêm a fertilidade e, se forem sexualmente ativos, há sempre a possibilidade de a companheira engravidar. Porém, se o casal estiver tentando, sem sucesso, ter um filho, é necessário procurar ajuda médica. Em alguns casos, o homem pode ter que fazer periodicamente exames de fertilidade.

É mais fácil para uma paciente transplantada engravidar do que para uma paciente em diálise?
Sim. A maioria das mulheres retoma normalmente o ciclo menstrual após o transplante e passam a ter uma saúde melhor do que uma paciente em diálise. Por isso, é mais fácil para elas engravidar. No entanto, a gravidez não é recomendada antes que se complete um ano da realização do transplante, mesmo se o rim estiver funcionando bem. Em alguns casos, a gravidez não é recomendada porque representa risco de vida para mãe ou a possibilidade de perda do rim transplantado.

Os medicamentos tomados pelas pacientes transplantadas podem afetar a gravidez?
Os medicamentos anti-rejeição não parecem causar efeitos colaterais negativos na gestação do feto. Logo após o transplante, os pacientes recebem alta dose desses medicamentos, porém desde que os medicamentos são reduzidos ao nível de manutenção, eles não parecem causar efeitos negativos no desenvolvimento do bebê.
No entanto, em longo prazo, esses efeitos ainda são desconhecidos. A paciente transplantada que quiser engravidar deve discutir a possibilidade com seu médico.

Quais métodos anticoncepcionais são recomendados para pacientes renais?
Geralmente, mulheres que sofrem de hipertensão arterial não podem usar pílulas. Pacientes transplantadas não devem usar DIU, pois os medicamentos anti-rejeição baixam a defesa do organismo, tornando-as mais propensas a contrair uma infecção do DIU.
O diafragma e a camisinha são bons métodos anticoncepcionais, especialmente quando usados com cremes espermicidas. No entanto, é importante consultar um médico, que pode recomendar o tipo de anticoncepcional para ser usado em cada caso.

A doença renal pode afetar o desenvolvimento sexual de uma criança?
Depende da idade que a criança tenha quando ocorre a insuficiência renal. Crianças com IRC são geralmente menores que outras crianças da mesma idade e seu desenvolvimento sexual é mais lento. Crianças que fazem diálise provavelmente crescerão menos e se desenvolverão mais lentamente do que uma criança transplantada.
Se um adolescente tem IRC, seu desenvolvimento sexual pode tornar-se mais lento ou parar. As mudanças, causadas tanto pela doença quanto pelo tratamento, podem fazer com que o adolescente se sinta diferente de seus amigos. Nesses casos, os pais devem levar essas preocupações ao médico.
Pais de crianças ou adolescentes com IRC devem lutar contra o impulso de proteger seus filhos da dor do crescimento. Auto-estima, independência e identidade sexual são importantes para o adolescente. Os pais precisam conversar abertamente com seus filhos sobre as alterações físicas, emocionais e sexuais que acontecem nesse período.
Dr. M.C. Riella
Médico Nefrologista - CRM 2370 PR

"Eu defendo a tortura" - Entrevista: Jair Bolsonaro

Entrevista: Jair Bolsonaro

"Eu defendo a tortura"

O deputado que defende fuzilamento de FHC ficou 28 anos sem falar com o pai alcoólatra


Cláudia Carneiro

Foto: Roberto Jayme
Entre os companheiros de quartel no Rio de Janeiro, o capitão reservista do Exército Jair Messias Bolsonaro era conhecido como "cavalão". Seu porte atlético, em 1,86 metro de altura e 75 quilos, desenvolvido nos exercícios da Escola de Educação Física do Exército, garantiu-lhe o título de pentatleta das Forças Armadas. Mas foi a língua solta que o ajudou a ganhar fama nacional, quando começou a questionar governos, há mais de uma década, para defender a corporação à qual pertenceu. Nas últimas semanas, manteve o hábito de causar polêmica ao propor o fuzilamento do presidente Fernando Henrique Cardoso. No terceiro mandato federal, eleito com 103 mil votos, o deputado Jair Bolsonaro (PPB-RJ), 44 anos, abre fogo contra colegas da Câmara dos Deputados que combateram a ditadura militar, defende a tortura, a censura e a pena de morte e não se arrepende de ter pregado o fuzilamento do presidente. Pai de três filhos adolescentes com a primeira mulher, Rogéria Bolsonaro, e de um bebê com a segunda, Cristina, 32 anos, Bolsonaro revela em entrevista a Gente que sonha disputar a Prefeitura do Rio de Janeiro. "Mas eu não estou preocupado em ser prefeito. Eu quero é espaço."
Teme algum dia ser cassado por suas declarações?
Não. Se um soldado está na guerra e tem medo de morrer, é um covarde. Se eu fosse cassado, seria o parlamentar cortando seu próprio direito de opinião, palavra e voto. Tenho poucos inimigos dentro da Câmara.

Ainda acha que o presidente deveria ser fuzilado?
Eu não errei em falar isso naquele local, naquela oportunidade e naquele momento. E acho que tenho o direito de falar. Eu não xinguei o presidente, nem disse que ele não conhece o pai dele. Acho que o fuzilamento é uma coisa até honrosa para certas pessoas.

Isso não é incitação ao crime?
Se eu estivesse conspirando, não falaria isso. Não é difícil matar o presidente. Só tem que ter coragem. O esquema de segurança dele é falho. Por exemplo, tenho uma casa no litoral em Mambucabinha, próxima do local onde ele passeia quando vai a Angra dos Reis. Sou primeiro lugar no curso de mergulho do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro. Bastava planejar. E as chances de sucesso de se cumprir a missão são grandes. Não é difícil eliminar uma autoridade no País. Isso até serve para alertar o presidente.

Como isso seria feito?
Tudo depende de planejamento. Pode-se pegar uma arma com mira e matar o presidente em Brasília. Com uma besta (espécie de arco e flecha) dá para eliminar uma pessoa a 200 metros. Até com um canivete dá para chegar no cangote do presidente. Mas quero deixar claro que não estou incitando ninguém a fazer. E não tenho nenhum plano para eliminar o presidente. Eu não partiria para uma missão suicida.

O senhor fuzilou alguém?
Não. Eu já saquei arma uma vez. Estava indo a pé para o quartel, no Rio, por volta da meia-noite, e vi que estava sendo perseguido. O elemento então saiu correndo. Devia ser um ladrão barato.

Seus colegas de Congresso o consideram uma pessoa truculenta. Como o senhor é em casa?
Nunca bati na ex-mulher. Mas já tive vontade de fuzilá-la várias vezes. Também nunca dei um tapa num filho. Gosto de chamar para conversar, contar piadas.

O que levou ao fim seu casamento de 19 anos?
Meu primeiro relacionamento despencou depois que elegi a senhora Rogéria Bolsonaro vereadora, em 1992. Ela era uma dona-de-casa. Por minha causa, teve 7 mil votos na eleição. Acertamos um compromisso. Nas questões polêmicas, ela deveria ligar para o meu celular para decidir o voto dela. Mas começou a freqüentar o plenário e passou a ser influenciada pelos outros vereadores.

Não era uma atitude impositiva de sua parte?
Foi um compromisso. Eu a elegi. Ela tinha que seguir minhas idéias. Acho que sempre fui muito paciente e ela não soube respeitar o poder e liberdade que lhe dei. Mas estou muito feliz na minha segunda relação. Vivo muito bem com a Cristina.

O que o senhor acha da legalização do topless?
Não sou contra, não. Desde que seja com a mulher dos outros. Depois que todas as mulheres estiverem usando, aí a minha poderá usar. O fio dental foi um escândalo e hoje é normal. Tudo é evolução.

E sobre a legalização do aborto? 
Tem de ser uma decisão do casal.

O senhor já viveu tal situação?
Já. Passei para a companheira. E a decisão dela foi manter. Está ali, ó. (Bolsonaro aponta para a foto no mural de seu filho mais novo, Jair Renan, de 1 ano e meio, com Cristina.)

O senhor segue alguma religião?
Eu acredito em Deus. Sou católico. Mas é coisa rara ir à Igreja. Eu já li a Bíblia inteirinha, com atenção. Levei uns sete anos para ler. Você tem bons exemplos ali. Está escrito: "A árvore que não der frutos, deve ser cortada e lançada ao fogo". Eu sou favorável à pena de morte.

Pena de morte é a solução?
Acho que um elemento que pratica um crime premeditado não pode ter direitos humanos. O José Gregori (secretário nacional dos Direitos Humanos) fala em indenizar os familiares dos 111 mortos no Carandiru. E ele não dá uma palavra às viúvas e órfãos que os 111 fizeram em sua vida de marginalidade.

A polícia agiu corretamente no Carandiru? 
Continuo achando que perdeu-se a oportunidade de matar mil lá dentro. Pena de morte deve ser aplicada para qualquer crime premeditado.

Isto inclui tráfico de droga?
Aí é outra história, aí eu defendo a tortura. A pena de morte vai inibir o crime. Nunca vi alguém executado na cadeira elétrica voltar a matar alguém. É um a menos.

Em que outras situações o senhor defende a tortura?
Um traficante que age nas ruas contra nossos filhos tem que ser colocado no pau-de-arara imediatamente. Não tem direitos humanos nesse caso. É pau-de-arara, porrada. Para seqüestrador, a mesma coisa. O objetivo é fazer o cara abrir a boca. O cara tem que ser arrebentado para abrir o bico.

E a tortura praticada pela ditadura militar? 
Admito que houve alguns abusos do regime militar, mas a tortura não foi em cima de um simples preso político. Aquelas pessoas estavam armadas e matavam. Só na Guerrilha do Araguaia perdemos 16 militares.

O senhor disse que o deputado José Genoino (PT-SP) era mentiroso e delatou seus companheiros da Guerrilha do Araguaia. O senhor tem provas?
Tenho informações seguras. Eu tenho orgulho de dizer que não fui um Genoino da vida, um deputado mariposa. O Genoino fala que pegou em armas por dois anos. O que ele fez nesses dois anos? Assaltou bancos, seqüestrou? Quantos ele matou?

O que pensa sobre a união civil entre pessoas do mesmo sexo?
Eu sou contra. Não posso admitir abrir a porta do meu apartamento e topar com um casal gay se despedindo com beijo na boca, e meu filho assistindo a isso.

Tem algum homossexual na família?
Graças a Deus, não. Eu desconheço. Se tivesse, nem quero pensar.

E como o senhor trata da liberação sexual com seus filhos?
Certas coisas não se pode ser contra ou a favor. Prefiro que um filho meu leve uma namoradinha para dentro de minha casa, num dia que eu não esteja lá, do que ele ser rendido na rua e assassinado dentro de um carro.

Como foi que o senhor perdeu a virgindade?
Com 17 anos de idade. Meio tarde, né? Meus filhos vão pegar no meu pé por causa disso. Eu estava na Escola Preparatória de Cadetes do Exército, em Campinas. Ninguém tinha dinheiro. Juntávamos uns 20 alunos, fazíamos um sorteio, íamos para o baixo meretrício e os cinco sorteados faziam fila com a mesma mulher.

Seu pai era agressivo em casa?
Eu não conversava com ele (Percy Geraldo Bolsonaro, morto em 1995) até os 28 anos de idade. Ele bebia descaradamente e brigava muito em casa, com minha mãe e os filhos. Mas nunca bateu em filho. Um dia constatei que não iria mudá-lo. Resolvi pagar uma pinga para ele. Nos tornamos grandes amigos.

Por que decidiu ser militar?
Por causa do Lamarca. Eu tinha 15 anos de idade, usava cabelo com gumex, calça boca-de-sino, sapato "cavalo de aço", quando o Lamarca passou por Eldorado Paulista, em 1970. O Exército chegou lá. Eu então conheci e me apaixonei pelo Exército brasileiro.

Envie esta página para um amigoPretende disputar nova eleição para a Câmara?
Tenho que ficar com os cabelos mais brancos para um dia tentar um cargo no Executivo. Na Prefeitura do Rio de Janeiro, para eu fazer meu nome. Daí, quando perguntarem sobre enchente num debate, eu vou responder sobre reservas indígenas. Não estou preocupado em ser prefeito, eu quero espaço, quero mostrar o que a mídia não mostra.