domingo, 16 de agosto de 2020

Qual o país “mais sofrido do mundo”? E países em guerra conseguiram algum “cessar-fogo” durante a pandemia?

Qual o país “mais sofrido do mundo”? E países em guerra conseguiram algum “cessar-fogo” durante a pandemia?

Um dia desses de quarentena, tava eu perdida em 70.000 pensamentos (se bem que isso aí é todo dia na quarentena, que tá dando mais tempo pra pensar), e me veio um pensamento desses que fixam: será que a pandemia teria trazido um mínimo “cessar-fogo” em algumas regiões em conflito no mundo?
Será que países que vivenciam guerras e conflitos brutais teriam ao menos reduzido um pouquinho esses conflitos em razão da pandemia? Eu não fazia ideia (apesar da notícia sobre o “reaquecimento” recente do conflito entre China e Índia já nos dar alguma ideia) e fiquei curiosa num nível daqueles que você pensa “se não souber isso não durmo hoje”, sabe como?
Fui perguntar pra quem sabia.
Sujeito sempre prestativo, que responde qualquer pergunta na mesma hora – muito diferente de mim, desorganizada e desnaturada, que tô levando em média 3 semanas pra ler as redes sociais. Se chama Google, me amarro nele.

O dia em que ele falhou

Mas pela primeira vez na minha vida e talvez da vida do Google, em português, ele não soube me responder muito bem.
eu, descobrindo que nem o Google às vezes vai conseguir responder todas as perguntas de forma específica e satisfatória
Encontrei poucas matérias sobre conflitos nesse momento específico atual, a maioria sem detalhes, com não muito mais que 4 parágrafos.
Isso me fez pensar (“ih não, de novo“) como é curioso que nós, brasileiros, gostamos bastante de apontar os EUA ou países europeus como “etnocêntricos” e “autocentrados”.  Reclamamos que muitos por lá não sabem, por exemplo, que “brasileiros não falam espanhol”, ou que “a capital do Brasil não é Buenos Aires” (o Karnal faz uma reflexão muito boa sobre isso nesse livro, inclusive), mas a gente aqui sabe tão pouco sobre o resto do mundo.

E o oscar de “país mais sofrido” vai para…

E foi aí que, pesquisando mais um bocado sobre “houve algum cessar-fogo – um ‘cessarzinho-de-foguinho’ que seja – na guerras civis em curso durante a pandemia?”, eu descobri que a situação inclusive piorou em muitos.
Pra explicar como algo já horrível pode ficar pior, vou usar como exemplo o Iêmen, que é considerado o país mais necessitado de ajuda humanitária hoje.
Hoje, ninguém no Iêmen tá muito preocupado com a pandemia.
Fazendo um resumo porco e provavelmente impreciso da Guerra no Iêmen (prometo bolar um maior depois): o conflito no país se dá, basicamente, entre houthis (na maioria xiitas) VS sunitas. Pra engrossar o caldo da confusão: o Irã apoia os houthis (o Irã é xiita também) e a Arábia Saudita apoia os sunitas (a Arábia Saudita é sunita também).
Com a pandemia, a Arábia Saudita deu um “pause” nesse apoio aos sunitas, pra se dedicar às questões da pandemia no próprio país. E aí os houthis aproveitaram e tomaram mais as  cidades.
Logo, nesse exato momento, não tem gente no Iêmen preocupada com o sobrecarregamento dos hospitais pela pandemia porque os hospitais do Iêmen já foram destruídos por bombas mesmo ou estão entubados de gente jogada nos chão dos corredores – obviamente não tem cama e alguns hospitais tem rombos nos seus tetos – por conta desses bombardeios, perseguições e conflitos violentos que perduram desde 2015. 
Muitas pessoas do Iêmen seguem sem opção de “#ficaemcasa” porque, por exemplo, um míssil caiu na casa de boa parte delas. E caiu provavelmente arrancando algum membro, alguma vida ou levou mais um pai de mais uma criança de 11 anos  – que agora se tornou chefe de família por ser a mais velha que restou viva entre os irmãos menores, traumatizados e subnutridos.
E não são só eles que estão traumatizados e subnutridos: é 80% da população no Iêmen – infelizmente esse número tá certo, 80% – que depende de ajuda humanitária pra viver. SAP: é quase um país inteiro sofrendo em níveis que eu não faço a menor ideia de como sejam. Há quem diga que o Iêmen – um país que, inclusive, tem muita beleza e riqueza cultural – está muito próximo de desaparecer.
conflito no iemen
Iêmen: foto linda de um país lindo que vive uma situação horrorosa. Por Bernard Gagnon – Obra do próprio, CC BY-SA 3.0,
Logo, a mortalidade do coronavírus no Iêmen provavelmente seria de 80% mesmo, uma vez que pessoas subnutridas tem menos chances de sobreviver até às infecções bem simples, algo causado por “comer uma comida levemente azeda” – e muitos, na maioria dos dias, não tem nem a azeda pra comer.
E vai ver o vírus nem se espalharia tanto lá por isso: além do fluxo de pessoas viajando pro Iêmen ser menor, claro, as pessoas morrem antes de transmitir. 
E agora é a parte que nós, brasileiros (e pessoas de todas as nacionalidades sem ser as iemenitas), ficamos pasmos: as pessoas no Iêmen também tem glândula lacrimal, terminações nervosas e são sencientes, logo, elas também choram, sentem dor e sofrem.
E pasmemos (2): elas também tem capacidade de fazer duas coisas ao mesmo tempo (às vezes até 12), logo, elas choram e sofrem enquanto elas correm da casa desmoronando, sentem fome, tentam tirar os pais dos escombros e carregam os filhos que perderam a perna com as poucas forças que tem, porque não comem há dias e não recebem salários (funcionários públicos e professores, por exemplo, estão sem receber salário regular lá há anos), tudo ao mesmo tempo.
Devem ter mais de 7 milhões só lá chorando de soluçar agora, nesse exato minuto, por qualquer motivo que a gente não faz a menor ideia de como seja.
nós, descobrindo que outros países que não saem nos noticiários brasileiros também existem e também sofrem
Enquanto acreditamos ser os únicos e maiores sofredores/perdedores do mundo com uma pandemia, ignorando o “pan” no nome,  muitos desses países que ignoramos, ou não compreendemos, ou não fazemos um esforço pra compreender a história, não podem fazer campanha de “lave sempre as mãos”, porque bombas destruíram encanamentos e agora eles não tem acesso à água de forma tão simples (nunca tiveram, só piorou), como muitos de nós, que não só temos mais acesso à água, como às vezes podemos escolher se vamos lavar as mãos com sabonete líquido ou em barra (há ainda quem viva o profundo dilema entre escolher entre granado ou dove – “oh, céus, qual será mais cheiroso?”).
E a resposta pro país mais sofrido é: não faço a menor ideia, se você souber envia nos comentários. Só tenho a leve desconfiança que não somos nós.
[Se tiver interesse e condições de ajudar o Iêmen, esse é o link da WFP]

E o oscar de “país mais autocentrado” vai para…

Provavelmente somos tão concentrados em nossos umbigos quanto qualquer país: não fazemos muita ideia do sofrimento imenso dos rohingyas no Myanmar (eu sequer tenho certeza se escrevi os nomes “rohingya” e “Myanmar” certo), da situação de mais de 30 milhões de curdos, desse conflito no Iêmen e suas consequências brutais, e que dirá de Mali, Burkina Faso, Líbia; em nossa maioria não compreendemos todos os 592.623.817 grupos que se combatem (e por que se combatem) na Síria e arruínam (quando não tiram) a vida dos civis – e inclusive, por nem sabermos quantos grupos são, arredondamos pra “592.623.817”; e, falando em Síria, nem imaginamos que os ataques terroristas na Ucrânia superam os da própria Síria.
Escrevemos tranquilamente em nossos blogs enquanto blogueiros são presos por 10 anos e levam 1000 chibatadas até as costas sangrarem com uma plateia assistindo na Arábia Saudita por tecerem comentários que incomodaram o governo; não fazemos a menor ideia que homossexuais estão sendo fuzilados na Palestina agora mesmo, presos e condenados à morte no Irã; pessoas estão sendo presas por beber, meninas de 6 anos são sequestradas na China para casarem com filhos da família sequestradora no futuro, indianas são agredidas, mutiladas, deformadas ou assassinadas por terem filhas, e não filhos. E nem precisaríamos ir tão longe: na nossa América do sul mesmo (que inclusive amo bastante e vivo babando aqui), temos casos de violações diárias de direitos humanos.
A explicação é meio simples: são oferecidas mais notícias do que se tem mais demanda. E você lembra a última vez que buscou “Iêmen” no google? Mas e “Estados Unidos”? E algum país da Europa? E notícias do seu país? E da sua cidade? E depois de fazer a conta de cada um: você ainda acha que o “defeito” (diria que tá mais pra “característica quase inevitável”) do “etnocentrismo” e “autocentrismo” é só de europeu e estadunidense?
nós, percebendo que acusamos os outros de coisas que muitas vezes também somos
E quando sabemos dessas coisas? Como agimos? Procuramos vilões, claro. Bora gastar a energia em procurar culpados ao invés de buscar soluções, vem comigo, “iupii”:

E o oscar de “país vilão” vai para…

Muitos acreditam que “o problema do mundo é a religião” (a alheia, claro, porque a nossa religião ou o nossa não-religião ou absoluta descrença, julgamos como a única forma correta de ver o mundo, afinal, somos os bonzões, os letrados, os sensatos, os sei lá, somos o Goku da inteligência, os iluminados pelo esclarecimento civilizatório ocidental, uhu, “como é bom ser superior, kamehameha”) – que a religião é a culpada por todos os conflitos, e não que algumas pessoas – e não todas – interpretam as escrituras de sua religião de forma a gerarem esses conflitos.
E inclusive, uma minoria delas que faz isso. A maioria preferia viver em paz, exatamente igual aos ateus, agnósticos ou pessoas sem religião ou de qualquer outra religião que ainda não fizeram essa conta.
“se existem mais de 2 BILHÕES de mulçumanos no mundo, e nem 0,1% disso tá se matando por causa da religião, logo ‘O PROBLEMA DO MUNDO É A RELIGIÃO DAS PESSOAS’, CLARO, COMO NÃO CHEGAR NESSA BRILHANTE CONCLUSÃO QUE IGNORA COMPLETAMENTE A CONTA QUE ACABEI DE FAZER”
E, gênios civilizados que somos, quando tentamos combater o radicalismo, que parece ser o problema central em todos os maiores conflitos atuais, como agimos? Somos radicais em nossas generalizações, radicais em nossas exposições de ideias, e desmoralizamos a ponderação.
“parece coerente e eficaz essa técnica”
Também achamos que judeus são os vilões e árabes são os mocinhos – ou vice-versa – sem perceber que a história é muito mais complexa, que não fazemos ideia do que ambos os lados sentem e vivem, e que inclusive, essa percepção da posição de mocinho e vilão pode se alternar ao longo da história, não sendo tão clara e definitiva como muitos acreditam.
E claro, chamamos todos os descendentes de asiáticos de “japa”, até porque ignoramos a história de conflito (muitos deles que até hoje não foram plenamente resolvidos) entre países asiáticos, que torna essa equiparação ofensiva (e nem precisaríamos saber da história: seria só lembrar que, como brasileiros, não gostaríamos de ser confundidos com argentinos, mexicanos, uruguaios, com a justificativa de que, afinal, “é tudo igual, tudo latino”).
“É claro que eu não ia gostar de ser chamado de mexicano porque ‘latino-americano é tudo igual’, mas ao mesmo tempo é claro que eu vou chamar qualquer pessoa que tenha um vô coreano de ‘japa’, como não?”

E o oscar de “país mocinho” vai para…

Não enxergamos qualquer possível “brasileirocentrismo” atualmente, porque estamos muito ocupados nos sentindo o centro do mundo – afinal, somos mesmo o centro do nosso mundo – estamos ocupados definindo outros países (e pessoas, como não?) como mocinhos ou vilões,  chamando os outros de civilizados ou bárbaros, de acordo com nossa perspectiva.
Até porque, não teria como ser diferente. Se sou Zé das Couves, como terei a perspectiva de Zé do Alface? A única forma seria ouvindo o Zé do Alface – e mesmo assim, eu não teria a visão dele, porque ainda sou eu. E imagina se vou fazer um negócio desse? Zé do Alface é o vilão. Zé da Rúcula que é o herói.
“alá o zé da rúcula, tá usando capa, só pode ser herói”
Em um mundo tão plural, tão gigante, tão absurdamente diferente a cada km que se anda, de tantas visões possíveis, é estranho que a gente tenha tanta certeza de tantas coisas. Que a gente não se questione “será que tô certo?”, “será que só o outro é o vilão?”, “será que sou o mocinho?”, “será que sou o monopolizador da bondade humana?” em momento algum.
E a resposta pra “quem é o “mocinho” é: talvez ninguém e todo mundo.
Essas percepções se alternam ao longo da história. A gente pode ver, em um único contexto, povos sendo subjugados e subjugando ao mesmo tempo. Sofrendo e fazendo sofrer. Fazendo o bem e o mal. Um exemplo que já escrevi sobre aqui é o do Japão que sofreu com o expansionismo dos EUA e logo depois invadiu países asiáticos de forma até mais grave – e mais tempo depois já tava o Japão sofrendo de novo levando 2 bombas nucleares, olha que surreal – e aí? Quem é mocinho? Quem é vilão? É rodízio? Alguém tá medindo o sofrimento que determinados países infligem e são infligidos com uma régua? Como que fica isso aí?

E o oscar de “o país mais polarizado” vai para…

De fato a gente parece que curte polarizar nosso mundo, criando uma barreira entre o “bom” e “ruim”, “mocinho” e “vilão”, onde dificilmente a gente admite que pode estar errado ou que, por mais certo que esteja, poderia ponderar e tentar entender o outro lado – e aí sim, concluir que realmente, o outro tá errado naquele momento (e cabe ressaltar o “naquele momento”, porque somos capazes de fazer coisas muito boas e muito ruins às vezes com um intervalo de tempo de só 5 minutos).
E a menos que você esteja presenciando alguém com uma bazuca matando 18 pessoas ou promovendo o genocídio com um cartaz, são raros os casos em que a gente não tem condições de ouvir o outro. Só são muitos os momentos em que a gente só não quer.
nesse caso o boneco com a bazuca tá errado mesmo, não dá pra dialogar, não se faz isso com gatos
Reclamamos do radicalismo e do extremismo, e seguimos, nós mesmos, eu daqui, você daí, aplicando um olhar cada vez mais extremo pras situações, potencializado pela pandemia estressante (ou o estresse pandêmico). Das coisas pequenas às grandes: pessoas se julgam superiores ou inferiores até por quem a outra votou no Big Brother (ou se a outra assistiu Big Brother, porque aí você acredita que é superior porque escolheu outra forma de entretenimento, tipo assistir série inglesa).
A pandemia tem nos mostrado bastante essa falta de paciência com as diferenças, e às vezes nos bate aquele receio que, se as pessoas não morrerem ou se matarem em razão de doença, fome ou desespero, vão acabar se matando com cabos de panela em razão de discussões que escalam cada vez mais rapidamente pra agressão verbal ou física.
nesse caso o gato não está certo, pois está usando 2 sabres de luz contra um cão desarmado, mas no caso também tem 2 cães contra 1 gato, e agora? – além disso não sabemos também se o segundo cão, à direita, estava na batalha ou só está preocupado com o primeiro cão e gritando “GATO, NÃO MATE RUBERVALDO RODRIGUEZ, POR FAVOR, EU O AMO, ESTOU GRÁVIDA DE TRIGÊMEOS E NÃO TIVE OPORTUNIDADE DE DIZER” – e agora? (2)
E bora lembrar de um exemplo esdrúxulo e absolutamente exagerado aqui, de gente que provavelmente se achava muito certa e era indisposta a ceder: Hitler (sempre falta criatividade nesses exemplos de “grandes cometedores de erros da humanidade”, né, foi mal) amava a arte e os animais enquanto ironicamente destinava aos judeus um destino tão cruel quanto os de animais que viram vitela e foie gras; Stalin jurava que o seu regime era destinado à salvação da população sofrida e faminta enquanto promovia um genocídio famélico na Ucrânia e ainda mandava civis pra morrerem de fome na Sibéria. Ninguém avisou esses caras que eles tavam errados – quem tentou avisar eles deram “unfollow” numa versão mais radical, claro.  Ninguém vai te avisar também – quem tentar avisar você dá unfollow – na forma menos radical, espero – ou block.
Com o tempo a gente só se rodeia de gente (quanto “gente” nessa frase) pra bater palma pras nossas falas, e nem sabemos mais quando elas são incoerentes, quando nossos discursos não batem mais com nossas ações, quando nossa intenção é maculada pelo forma de atingi-la, porque ninguém vai ter coragem de falar.
se a gente continuar eliminando quem pensa levemente diferente, nosso círculo vai ser mais ou menos assim daqui a um tempo, e a gente vai jurar que tá arrasando
E novamente, isso não é um problema dos brasileiros. Se acreditássemos que brasileiros vivem um momento de polarização, de falta de vontade pra ouvir e radicalização de todos os lados, estaríamos incorrendo novamente no autocentrismo, de achar que só nós lidamos com esses problemas – e também de ignorar que temos um mundo quase inteiro vivendo uma onda de radicalismo de todos os lados possíveis (tem bomba vindo da esquerda, da direita, de cima e de baixo – em alguns locais literalmente). Se nós, “brasileiros”, não monopolizamos as virtudes, também não monopolizamos os defeitos e nem os problemas desse mundo.
Então talvez também já possamos parar de afirmar com tanta convicção que “brasileiro é burro/ brasileiro é polarizado/ brasileiro é irresponsável/ brasileiro é pior que o país X”. Feliz ou infelizmente, defeitos (e qualidades) não são licitados em cota de exclusividade pro Brasil ou qualquer país específico.

Conclusão

O que concluo nesse texto gigante é que, na verdade, acho difícil concluir qualquer coisa, eu só queria escrever mesmo.
como, por exemplo, esse dilema que perdura: estaria o cão à direita tentando acalmar os ânimos ou estamos vendo 2 cães contra 1 gato com 2 sabres de luz?  e na situação de 2 armas VS 2 cães desarmados, qual lado está mais descompensado? envie a solução nos comentários
Se há algo que sei lá quantos anos de história da humanidade nos mostra, novamente, é que na vida não há mocinhos e vilões de forma tão clara e definitiva como nos filmes (e até o mocinho do filme deve ter feito uma coisa pavorosa e o vilão fez algo maneiríssimo, isso só não foi mostrado com ênfase).
É mais provável que todo mundo tenha muito a aprender com a história do outro, e que todo sofrimento deva ser levado em consideração, pra que a gente possa impedir a repetição. Que todo sucesso seja analisado, pra que a gente possa compreender os caminhos até se chegar nele.
Além disso, a única certeza que defendo, no entanto, é que o Brasil tem os melhores memes e a melhor culinária, e isso não tá pra discussão. Aqui tem paçoca, brigadeiro, queijo com goiabada e pão de queijo. Além dos comerciais do guaraná Dolly – o sabor brasileiro. A única coisa que nos falta é ponderação – mas isso falta a todos nós, humanos, e não “nós, brasileiros“.
E é isso. Acabei de escrever umas 3000 palavras sobre tudo e nada ao mesmo tempo. Até o próximo post em que pode ser que eu fale do Iêmen ou de uma receita de pudim, ou do Curdistão ou de paçoca.
[Se sentir vontade de ajudar o Iêmen e tiver condições, doando ou divulgando, aqui tem o link da WFP pra fazer da forma mais rápida possível].

Divaldo Franco Sobre Perdão, Traição, Ódio , Mágoa , Rancor, Depressão, ...

Cantoria 2 - Elomar, Geraldo Azevedo, Vital Farias e Xangai (COMPLETO, F...

Aproveitar a vida: entenda a importância e o valor de viver o agora

Aproveitar a vida: entenda a importância e o valor de viver o agora

Aproveitar a vida: entenda a importância e o valor de viver o agora
Tudo em nossa existência é efêmero. Nada existe como garantido, e é exatamente por isso que devemos aproveitar a vida com mais leveza. A morte é a mais complexa das questões humanas, mas ela também nos ensina que não devemos nos apegar demais a certas coisas.
Vamos discorrer aqui sobre a importância de desfrutar os momentos e as oportunidades que o mundo nos oferece. Além disso, vamos sugerir também maneiras práticas de trazer esses valores para si mesmo.
Leia com atenção essas reflexões. Esperamos que, com este texto, você efetivamente consiga aproveitar melhor os seus dias! Vamos lá?

Como a questão da morte pode nos ajudar a viver melhor?

Pode parecer estranho pensar nisso, mas tente nos acompanhar nesse raciocínio: o fato de sabermos que nossa jornada tem um prazo de validade é o que a torna tão especial.
Tudo é transitório. Até mesmo a pior das crises é passageira.
Da mesma forma, os momentos bons também têm um final. É típico da experiência humana estar sempre procurando estabilidade. Por isso acabamos nos frustrando quando essas ilusões se desfazem. É a vida provando que, de fato, tudo é fugaz.
E não há mal nenhum nisso. Pode parecer desesperador aceitar que tudo tem um fim, mas isso também é o que possibilita passar pela vida e pelos momentos de dor de modo mais leve.
Essa é uma lição difícil de aprender. Pode se dizer que nunca aceitamos realmente a transitoriedade das coisas. Entretanto, ter esse pensamento como um norte certamente ajuda a lidar melhor com os problemas e dificuldades. 

Você conhece o valor de viver cada momento?

Apesar das facilidades garantidas pela vida moderna, estamos cada vez mais distantes de nós mesmos e do presente.
O uso constante de smartphones é um exemplo interessante. Não que haja problemas em usá-los, eles inclusive podem lhe dar ótimas formas de aproveitar a vida. A questão aqui é quando esse hábito forma uma barreira entre você e o resto do mundo.
Pense: o tempo inteiro que você está com outras pessoas você passa olhando para um aparelho eletrônico? Se sim, certamente esses momentos estão sendo vividos pela metade. Se colocar efetivamente em cada situação vivida é uma forma de valorizar aquele instante e absorver melhor o que está acontecendo.

O que posso fazer para aproveitar melhor a vida?

Para ficar mais claro, separamos esse ponto em duas vertentes. Mas saiba que não são polos opostos, mas, sim, ações que se complementam.

Mudanças internas

Nosso funcionamento mental é um aspecto a ser sempre considerado. A forma como organizamos os pensamentos e enxergarmos o mundo define também o nosso bem-estar. Muitas pessoas acreditam que esses são aspectos imutáveis da personalidade, mas não é bem assim.
Sempre é possível fazer deslocamentos e mudar a perspectiva que temos da realidade e de nós mesmos. Não é um processo simples, mas possível de ser realizado com a ajuda de um terapeuta, por exemplo.

Ações práticas

Para além de uma diferença de perspectiva, existem movimentos concretos que podem ser feitos para aproveitar melhor a vida.
Essa é uma questão que pode ser pensada tanto do ponto de vista imediato quanto a longo prazo. Uma maneira de fazer isso é procurar aproveitar e absorver o que se está sendo vivido a cada momento, como dito anteriormente.
Outra forma prática de fazer isso é buscar promover mudanças em sua rotina. Tendemos a viver o cotidiano de forma automática, às vezes sem nem perceber que somos os protagonistas de nossa própria história.
Que tal cozinhar um prato diferente hoje? Ou então passar por um caminho diferente quando for para o trabalho ou faculdade? Ações nesse sentido são formas simples, mas eficientes, de aproveitar a vida, por inserir novidades naquilo que é habitual e costumeiro.

Por que não conseguimos viver no presente?

Existem muitas razões para isso, que diferem de pessoa para pessoa. Mas se você sente que está preso demais ao passado ou ansioso além da conta com o futuro, pode valer a pena refletir um pouco sobre isso.

Função do passado

O passado, seja como ele for, é aquilo que nos constitui. É por meio desses acontecimentos que nos tornamos quem somos. Não é possível simplesmente apagá-lo. E, se fosse possível, será que valeria a pena?
Então, a solução aqui é conseguir se valer da sua própria história, mas sem que ela prenda ou limite suas ações.

Expectativas para o futuro

Outro causador de ansiedade comum às pessoas é o futuro. A incerteza sobre o amanhã, apesar de inevitável, pode ser bastante incômoda. De fato, não podemos ter muitas convicções nesse sentido.
Confie um pouco em suas decisões. Se está vivendo em um momento de crise, procure parar e pensar objetivamente o que pode ser feito para recuperar a confiança. Essa preocupação extrema com os acontecimentos que ainda estão por vir traz efeitos negativos e pode até mesmo impedir que você dê seguimento em sua trajetória.

Como o autoconhecimento pode nos ajudar a aproveitar a vida?

A busca pelo autoconhecimento é uma questão fundamental para a vida de todos os indivíduos. Entretanto, muitos preferem não ter que lidar com esses aspectos e, por isso, acabam cometendo os mesmos erros indefinidamente.
Compreender suas próprias limitações é uma maneira de se posicionar melhor no mundo e de buscar apenas aquilo que realmente lhe faz bem. Existem muitas maneiras de fazer isso. A busca por um atendimento terapêutico, por exemplo, é uma forma de ter um auxílio profissional e um olhar externo para crescer enquanto pessoa.
Caso não possa recorrer a isso, busque outras formas de se comunicar e se autoconhecer. Conversar com amigos, familiares ou até mesmo líderes religiosos de sua confiança pode ser uma boa ideia para estimular esse processo.
De uma forma ou de outra, não hesite em buscar ajuda nesse sentido. Aqueles que se fecham sobre si mesmos têm dificuldades ainda maiores para aproveitar a vida. 
A morte é uma questão complexa e delicada, mas o que ela nos ensina é que não precisamos perder tempo com certas chateações. Aquilo que não pode ser resolvido não merece nosso investimento mental.
Apesar das dificuldades, é preciso sempre buscar formas de sermos melhores enquanto indivíduos. Encontrar novos modos de conhecer a si mesmo, construir momentos únicos no cotidiano e entender a transitoriedade permanente das coisas são algumas formas de exercitar esse amadurecimento para, no fim das contas, poder aproveitar a vida plenamente.
Aposto que algumas dessas dicas lhe fizeram bem! Siga-nos nas redes sociais — estamos no Facebook, Instagram e YouTube — e conheça outras ideias interessantes sobre essa temática!

sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Clóvis de Barros Filho ➢ A Maior Lição de JESUS

Noam Chomsky: “Somente um novo ‘acordo verde’ pode nos salvar de um novo desastre pior do que essa pandemia”



Noam Chomsky: “Somente um novo ‘acordo verde’ pode nos salvar de um novo desastre pior do que essa pandemia”


É uma longa luta contra forças poderosas : Noam Chomsky , intelectual, cientista e ativista político americano, não os manda dizer que – à luz de como os Estados se comportaram diante da emergência do coronavírus – ele pede uma mudança significativa de rumo.
E não, infelizmente ainda não houve um (apesar de tudo que trouxe à luz a pandemia de coronavírus).
Segundo Chomsky entrevistado por Marta Peirano para o El Pais, colocar as funções públicas sob controle privado é uma das principais causas de grande parte do desastre causado pela crise do coronavírus.
E é essa a direção que estamos tomando?
O judeu americano de origem russa, Noam Chomsky (nascido na Filadélfia em 1928), estudou filosofia e matemática na Universidade da Pensilvânia e depois se especializou em linguística. Ele é o fundador da teoria generativista, que teve grandes repercussões no campo da pesquisa psicológica, lógica e filosófica, e essas são as críticas mais difíceis ao neoliberalismo.
A entrevista começa bem aqui: os ciclos históricos não são predeterminados, são o resultado das ações das pessoas e o período neoliberal, diz ele, foi construído destruindo os movimentos dos trabalhadores .
Mas pode-se pensar, mesmo remotamente, que essa quarentena possa ser evidência de uma verdadeira “greve geral”.
“Já estava acontecendo, mesmo antes da pandemia – ele diz.Nos últimos dois anos, mesmo nos Estados Unidos, houve uma recuperação do poder de ataque. Até professores de estados conservadores e não-sindicais expressaram sua opinião contra a destruição da educação pública de acordo com princípios neoliberais; a perda de financiamento, a massificação de classes, os programas baseados em testes projetados para criar autômatos. Eles mostraram na Virgínia, Arizona, não apenas para melhorar as condições salariais, mas também para melhorar as condições de ensino. E eles obtiveram grande apoio social, mesmo nos estados mais reacionários. Depois, existem indústrias como a General Motors. Há uma regeneração do movimento trabalhista e de outros movimentos e não é marginal.”
De fato, Chomsky se concentra em um ponto: se não falarmos sobre a causa real dessa pandemia, a próxima será inevitável e será pior que a anterior, devido à pouca atenção dada à raiz do problema.
“ Este é um sistema de propaganda eficiente: ignore o que é importante. Ele não quer que as pessoas tenham idéias diferentes “, diz ele.
Para terminar a crise, as emissões devem ser interrompidas. Existem pequenas startups que desenvolvem soluções para fazer isso, mas precisam de apoio financeiro e, neste sentido, muitos governos fazem surdos.
“ Assista à luta pelos direitos das mulheres. Não é como se alguém se levantasse em 1965 e dissesse que ganharemos os direitos das mulheres. Esta é uma longa luta contra forças poderosas “.
E sobre a questão de saber se essa pandemia é ou não uma oportunidade de mudar a maneira como nos relacionamos com a natureza? Cristina Magdaleno pergunta sobre El Dìa.
” Isso depende dos jovens – conclui Chomsky. Depende da reação da população mundial. Isso poderia nos levar a estados autoritários e repressivos, que acentuam ainda mais o modelo neoliberal. É preciso lembrar: o capitalismo não cede. Eles exigem mais financiamento para combustíveis fósseis, eles destroem regulamentos que oferecem alguma proteção … No meio da pandemia nos EUA, regras que limitam a emissão de mercúrio e outras substâncias nocivas foram eliminadas. E se ninguém se opõe, isso é o mundo que permanecerá ”.

quarta-feira, 12 de agosto de 2020

Juíza de Curitiba associa homem negro a grupo criminoso 'em razão da sua raça'


RACISMO ESTRUTURAL

Juíza de Curitiba associa homem negro a grupo criminoso 'em razão da sua raça'

Inês Marchalek Zarpelon disse o réu, um homem negro de 48 anos, "seguramente" integrava a organização, "em razão de sua raça"

 
A raça foi uma das características usadas para associar um homem a um grupo criminoso em Curitiba (PR). Nas palavras da juíza Inês Marchalek Zarpelon, o réu Natan Vieira da Paz, um homem negro de 48 anos, "seguramente" integrava a organização, "em razão de sua raça".
A frase foi repetida em três partes da sentença de 115 páginas, da 1ª Vara Criminal de Curitiba. A decisão é do dia 19 de junho, mas ganhou repercussão com a revolta da advogada do réu, Thayze Pozzobon, que compartilhou a sentença nas redes sociais.
"Associar a questão racial à participação em organização criminosa revela não apenas o olhar parcial de quem, pela escolha da carreira, tem por dever a imparcialidade, mas também o racismo ainda latente na sociedade brasileira", escreveu a advogada.
Após o impacto do caso, a Corregedoria do TJ-PR (Tribunal de Justiça do Paraná) informou, em nota à Folha de S.Paulo, que instaurou procedimento administrativo para apurar os fatos.
Natan, cujo apelido é "Neguinho", como detalha a própria sentença, foi condenado a 14 anos e 2 meses de prisão, em regime fechado, além de multa, por roubos e furtos praticados em organização criminosa. Ele pode recorrer da condenação em liberdade.
Ao fixar a pena, seguindo as diversas etapas previstas em lei, que levam em conta as circunstâncias do crime e as características do acusado, a juíza apontou que Natan é réu primário e que "nada se sabe sobre sua conduta social", mas que a sua atuação merecia ser valorada negativamente.
"Seguramente integrante do grupo criminoso, em razão da sua raça, agia de forma extremamente discreta, e os delitos e o seu comportamento, juntamente com os demais, causavam o desassossego e a desesperança da população, pelo que deve ser valorada negativamente", detalhou a magistrada sobre a participação do homem nos crimes.
A característica usada para condenar Natan, no entanto, não foi usada pela juíza para qualificar nenhum dos outros seis réus julgados na mesma sentença - outros dois foram citados como participantes dos crimes, mas, como não foram encontrados para citação, foram separados do processo. Todos fariam parte de um mesmo grupo suspeito da prática de diversos furtos e roubos no centro de Curitiba.
Ao cobrar providências sobre o caso, a advogada do réu afirmou que a juíza ofendeu a Constituição ao não considerar todos os acusados iguais perante a lei.
"Organização criminosa nada tem a ver com raça, pressupor que pertencer a certa etnia te levaria à associação ao crime demonstra que a magistrada não considera todos iguais, ofendendo a Constituição Federal. Um julgamento que parte dessa ótica está maculado. Fere não apenas meu cliente, como toda a sociedade brasileira", escreveu na postagem.
Via Associação dos Magistrados do Paraná (Amapar), a juíza divulgou uma nota em que pede desculpas pelo ocorrido, mas afirma que a frase foi "retirada de um contexto maior" e que a cor da pele do réu não foi levada em consideração para condená-lo.
"Em nenhum momento a cor foi utilizada - e nem poderia - como fator para concluir, como base da fundamentação da sentença, que o acusado pertence a uma organização criminosa. A avaliação é sempre feita com base em provas", afirmou a juíza.
"Reafirmo que a cor da pele de um ser humano jamais serviu ou servirá de argumento ou fundamento para a tomada de decisões judiciais. O racismo é prática intolerável em qualquer civilização e não condiz com os valores que defendo", concluiu na nota.

Preconceito: especialistas debatem caso de racismo na justiça do Paraná ( A Juíza Apodrece - Em Vida ou na Morte)

domingo, 9 de agosto de 2020

Onde Deus possa me ouvir - Vander Lee - Pensei que fosse o céu (Ao vivo)

O Portão (Versão Remasterizada)

Do Fundo do Meu Coração (Versão Remasterizada)

Rotina (Versão Remasterizada) - Dedico a todas Mulheres Lindas!... [Raymundo Evangelhista]

Meu Velho - Altemar Dutra

O VOTO DA POBREZA - Maria Lucia Victor Barbosa

 

O voto da pobreza


A pobreza, que como categoria social costuma ser medida estatisticamente, sobretudo através de critérios baseados em níveis de renda, é visível a olho nu. Incomoda a todos em geral e é uma das maiores desgraças da existência, especialmente para os que são pobres.

Essa questão é ainda o grande dilema brasileiro em que pese ser moda dizer que agora só existe classe média. Mas a pobreza existe e, aglomerada especialmente nos grandes centros, compõe o submundo de onde emerge o contraste. Como um anel degradante, o qual se costuma denominar de periferia, circunda o urbano de luxos e lojas, de prédios e praças, de casas e carros, de tudo mais que fulgura e brilha e que esmaece e acinzenta na medida em que se aproxima do “território” das favelas, dos bairros pobres, dos cortiços, onde uma cultura de mundo cão mantém leis e códigos peculiares, símbolos e crenças, valores e aspirações.

Verdadeiro espanto como arte de sobreviver, desafio ao absurdo, antítese de maneira alguma revolucionária, essa massa degradada por sua condição miserável está a merecer sempre novas reflexões apesar de quantas já tenham sido feitas.

Explodindo em violência e tragédia o cotidiano do pobre, feito de carências de toda espécie é, ao mesmo tempo, pleno de malandragem, de fantasia, de misticismo, de magia, de festa, de humor como o avesso da miserabilidade.

Não há só desespero como deveria ser. Freqüentemente, é a esperança que reina soberana sobre os pobres e um imediatismo de quem não tendo muito a planejar para o futuro faz das pequenas coisas grandes prazeres como se fossem conquistas sobre a desgraça.

Existem também certas dimensões a serem aprendidas na pobreza. Não basta quantificá-la, medi-la ou mesmo tentar explicá-la através de seu aspecto mais evidente, o econômico. Mesmo porque a pobreza é também categoria política e padece de recursos políticos.

A época mais privilegiada da proximidade entre pobreza e “mercadores de esperança” se dá nas campanhas eleitorais, quando persuasivos candidatos incluem em seus roteiros a periferia e se tornam pródigos em promessas e favores ao tentar a difícil caça aos votos.

Nem sempre, contudo, dinheiro ou favores, exclusivamente, conquistam o voto. O candidato para se impor precisa de algo mais, e a “compra do voto” é algo complexo. Para o indivíduo pobre a busca de identidade com o candidato é vital. Vem através de um discurso que aborde problemas cotidianos, de uma retórica exaltada, da ênfase na diferença entre ricos e pobres, do clamor por vingança contra algo ou alguém convertido em bode expiatório. Colocar-se ao lado dos “pobres e oprimidos é uma tática usada por candidatos de todos os partidos. Levam vantagem aqueles que souberem fazer o papel de “médium do psiquismo coletivo”. Ideal também para o candidato adicionar ao personagem do homem comum ingredientes de sonho e fantasia. Especialmente, saber explorar emoções.

Segundo Almond e Powell, nas “atitudes políticas” existem componentes afetivos que, para além do julgamento racional, manejam sentimentos de atração e repulsão, de simpatia ou antipatia, de admiração ou menosprezo, etc. É sobre tais forças que se alicerçam a personalização do poder e os laços que ligam o político à sua clientela.

A grande massa pobre é capaz de fermentar emoções de uma maneira mais intensa dos que indivíduos de outras classes sociais que, tendo recebido certos lustros de educação formal, reagem de maneira um pouco mais comedida diante dos fatos e acontecimentos. Assim, a clientela política composta pela imensa maioria pobre constitui terreno fértil para as pregações que apelam para sentimentos e atingem as emoções. Compartilhando com as demais classes sociais o gosto pela política em seu aspecto lúdico, os pobres adaptam seu universo específico de valores e aspirações à imagem ideal do político. Apostam em candidatos como num jogo, procuram obter nas campanhas eleitorais o máximo de vantagens possíveis, escolhem aquele que o coração mandar.

Se as maneiras de auferir vantagens variam conforme a classe social, seria ingenuidade supor que os mais pobres sejam seres angelicais imunes ao sistema. Como a maioria dos indivíduos os pobres querem que as coisas mudem ou melhorem desde que o esforço seja feito por outros. O político em campanha pode ser esse outro que melhora o presente e promete um radioso futuro mercadejando esperanças.

Numa sociedade como a nossa, em que o poder é personalizado, que a dependência de um pai Estado faz parte da história, que sempre se suspira por um salvador da pátria, viceja a política populista e o êxito dos que mantêm as caridades oficiais. Há uma democracia marota de faz-de-conta e, na troca de favores entre candidatos e eleitorado, legitima-se o a malandragem do jogo político numa sociedade onde política sempre foi um “negócio do rei”.

 

 

‘‘O Voto da Pobreza e a Pobreza do Voto – a Ética da Malandragem’’

 

AUTORA: Maria Lucia Victor Barbosa________________________________________________________


Em novembro de 1988, lancei meu primeiro livro, ‘‘O Voto da Pobreza e a Pobreza do Voto – a Ética da Malandragem’’, editado por Jorge Zahar. Neste trabalho analisei especialmente o voto da grande maioria da população brasileira, que como se sabe é pobre, e a influência sobre essa classe dos meios de comunicação e dos líderes populistas. Agora constato, que apesar de já terem se passado mais de onze anos, pouca coisa mudou em termos de comportamentos e atitudes dos menos desfavorecidos.
Isso se deve ao fato de que, à medida que falta a um indivíduo a capacidade de formular explicações mais racionais e científicas, ele tende a fazer sua leitura de mundo através apenas de emoções e sentimentos. Assim, a grande massa pobre é capaz de fermentar emoções de maneira mais intensa do que os indivíduos de outras classes sociais, que tendo recebido certos lustros de educação formal, reagem de maneira um pouco mais comedida diante dos fatos e acontecimentos.
Por conta disso, a clientela política composta pela pobreza constitui terreno fértil para a pregação que apela para sensibilidade. Compartilhando com as demais camadas sociais o gosto pela política no seu aspecto lúdico e de sonho, os pobres adaptam seu universo específico, composto de valores e aspirações, à imagem ideal do político. Apostam em candidatos como num jogo, procuram obter nas campanhas eleitorais o máximo de vantagens possíveis, escolhem aquele que ‘‘o coração mandar’’.
Por outro lado, entre os eleitores de classes mais elevadas vai aos poucos se formando uma consciência mais nítida e, assim, candidatos e governantes são julgados com mais rigor à luz de determinados critérios, entre os quais se incluem a honestidade, a competência e a postura ética.
Tudo isso que pode parecer apenas uma teoria está sucedendo na realidade, pois o que se vê hoje são vereadores, prefeitos, deputados estaduais, deputados federais e senadores sendo cassados e alguns presos, por envolvimento em atos ilícitos, enquanto ministros caem pelos mesmos motivos. Ora, tais coisas não acontecem sem a pressão da opinião pública.
Em Londrina não poderia ser diferente, sendo que nesta cidade as atenções estão concentradas na série de pesadas e graves acusações sobre o desvio de milhões de reais por parte do Poder Público. Segundo o estampado na imprensa, o gigantesco e estarrecedor esquema de corrupção teria sido feito para beneficiar a campanha do deputado estadual Antonio Carlos Belinati, filho do prefeito Antonio Belinati, e do governador Jaime Lerner, que se reelegeu tendo novamente como vice Emília Belinati, mulher do prefeito. (‘‘O Estado de S. Paulo’’, do dia 20).
No meio do fogo cerrado estão a Autarquia do Meio Ambiente (AMA) a Companhia Municipal de Urbanização (Comurb) e o Serviço de Telecomunicações de Londrina S/A (Sercomtel), sendo que a lama vai respingando no Poder Legislativo com acusações feitas também a deputados estaduais e a vereadores.
Nunca se viu em Londrina um escândalo de tamanha proporção, sendo que 87 entidades – entre elas a Associação Industrial e Comercial de Londrina (Acil), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Lojas Maçônicas, representantes da Igreja Católica etc. – têm levado a efeito manifestações em que exigem esclarecimento dos fatos e punições aos culpados. Tais atos culminaram com o pedido de cassação do prefeito Antonio Belinati, sendo que para isso deveria ser formada na Câmara de Vereadores uma Comissão Processante (CP) que, em última instância, poderia desfechar, depois de analisado o processo, a cassação do prefeito.
Na quinta-feira passada, os vereadores se reuniram para decidir se formavam ou não a CP. Presentes também na Câmara dois grandes grupos: o das entidades que exigem a cassação e é composto por pessoas da classe média; e o grupo contra a cassação, uma massa de pobreza que defende apaixonadamente o prefeito.
O clima era tenso, apesar de não ter havido embates corporais, ficando a platéia apenas nos vitupérios lançados a plenos pulmões. Também o pugilato entre o presidente da Câmara, vereador Renato Araújo (PPB), e um rapaz que o teria xingado, e sobre o qual o vereador arremessou um exemplar da Constituição, não aconteceu, pois Renato Araújo foi contido por seus pares. De todo modo, a sessão que contou com boatos sobre a ida do prefeito à Câmara e manobras de todo o tipo para ganhar tempo, foi encerrada pelo presidente sem a formação da CP.
O segundo round está marcado para terça-feira que vem, e não se pode prever o que vai acontecer, pois o prefeito Antonio Belinati, dono de uma carreira política de 30 anos, ainda está cheio de aspirações que incluem o governo do Estado do Paraná para si próprio, o Senado para sua esposa, a prefeitura para o filho, e, provavelmente, demais cargos para outros familiares. Naturalmente, portanto, ele vai continuar lutando com todas as suas forças.
Para se manter no cargo e tentar realizar seus sonhos, o prefeito conta com o fervoroso voto da pobreza, pois os mais pobres dizem coisas como a moradora de um dos conjuntos habitacionais de Londrina, Maria de Lourdes Barbosa, que afirmou: ‘‘Ele (Belinati), mesmo tirando dinheiro, como dizem, fez muita coisa por nós. Somos a favor dele, que foi na favela e se preocupou com a gente. Por isso a gente veio aqui’’. (Folha de ontem).
Do lado dos que exigem a cassação do prefeito, aparece o pensamento do corretor Israel Klein: ‘‘É preciso acabar com os maus políticos. Enquanto o povo estiver votando por uma lata de óleo, uma cesta básica e uma mentira, não vamos mudar esse País’’ (Folha de ontem).
Diante da gravidade do assunto é necessário que tudo seja esclarecido, e nesse sentido o Poder Judiciário não pode falhar. Afinal, as coisas estão mudando no Brasil, e Londrina não é exceção.

 

sábado, 8 de agosto de 2020

A natureza jurídica da pandemia da Covid-19 como um desastre biológico

 

Direito em pós-graduação

A natureza jurídica da pandemia da Covid-19 como um desastre biológico


Por 

1. O emergir das doenças zoonóticas
Segundo a OMS, os coronavírus são zoonóticos1, o que significa que são transmitidos de animais para pessoas. Já em 2016, em publicação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente sobre as questões e problemas ambientais globais emergentes, esta descreveu um “aumento mundial no surgimento de doenças e epidemias, particularmente de zoonoses – doenças que podem ser transmitidas entre animais e humanos.” 2 As doenças zoonóticas são constantemente associadas a mudanças ou a distúrbios ecológicos3, numa relação direta entre a degradação dos ecossistemas e o surgimento e a difusão dos patógenos da vida selvagem para humanos.4 Aproximadamente 60% de todas as doenças infecciosas em humanos tem origem zoonótica5, havendo, em média, uma nova doença infecciosa surge em humanos a cada quatro meses.6 Nos anos recentes, houve o surgimento de várias doenças zoonóticas, tais como a AIDS, o Ebola, a gripe aviária, a MERS, a SARS, o Zika vírus, entre outras. Portanto, as zoonoses são verdadeiras ameaças ao desenvolvimento econômico, à integridade dos ecossistemas, assim como ao bem-estar animal e humano.7 Apenas na última década, os custos diretos tidos em medidas de resposta e controle ao surgimento de zoonoses foram na monta de U$ 20 bi, enquanto os indiretos chegaram a incríveis 200 bi.8

2. A Pandemia da Covid-19
O surgimento de um novo vírus, primeiro identificado, em Wuhan na China, em Dezembro de 2019, é o responsável pela disseminação da doença denominada Covid-19, que pode causar diversos sintomas, sendo o mais grave o desenvolvimento de doença respiratória grave. Após ocasionar as primeiras mortes e se espalhar rapidamente em nível global, a Covid-19 foi, primeiro, declarada como Emergência de Preocupação Internacional, em 30/01/20, para, em 11/03/20, ser declarada como Pandemia pela Organização Mundial de Saúde.9 Enquanto este artigo está sendo redigido, a Covid-19 já infectou 1.182,827 pessoas e levou a óbito 63.924 pessoas ao redor do mundo.10 Infelizmente, quando este artigo estiver sendo lido os valores já serão outros. Após o primeiro caso diagnosticado no país, em 26/02/202011, o Brasil já soma 9.391 infectados e 376 mortos, como números oficiais.12

3. Sentido jurídico de desastres e a Covid-19
Como já tivemos a oportunidade de afirmar13, a formação do sentido de desastres encontra-se numa relação semântica pendular entre: (i) causas e (ii) consequências altamente específicas e complexas, convergindo para a descrição de fenômenos socioambientais de grande apelo midiático14 e irradiação policontextual (econômica, política, jurídica, ambiental) capazes de comprometer a (iii) estabilidade do sistema social. Os desastres consistem, conceitualmente, em cataclismo sistêmico de causas que, combinadas, adquirem consequências catastróficas.

(i) Uma concepção dominante de catástrofe nos remete aos impactos humanos e sociais ocasionados pela natureza15, tais como terremotos, tornados, incêndios. Esta concepção naturalística de catástrofes tende a vincular os desastres a eventos naturais desencadeadores de danos humanos e à propriedade, dotados estes de grande magnitude. Subjaz a esta noção mais tradicional de desastres, uma distinção cartesiana entre homem/natureza, concebendo desastres como aqueles eventos naturais, não habituais e de intensidade irresistível16.

No entanto, a evolução tecnológica e científica da Sociedade Contemporânea ocorrida, principalmente, após a industrialização, desencadeou a ampliação da capacidade de intervenção do homem sobre a natureza, havendo, em quase todos desastres denominados naturais, algum fator antropogênico17, o que frequentemente torna as fronteiras entre estes conceitos turvas. Apesar de tais dificuldades conceituais, para fins didáticos, os desastres são constantemente descritos e classificados segundo suas causas, como “naturais”, mistos ou antropogênicos. Os desastres naturais são aqueles decorrentes imediatamente de fenômenos naturais, atribuíveis ao exterior do sistema social, sendo frequentemente classificados em categorias de desastres geofísicos, meteorológicos, hidrológicos, climatológicos e biológicos18. Entre os exemplos de desastres biológicos, encontram-se as epidemias e as infestações de insetos19.

Note-se, portanto, que as pandemias são frequentemente passíveis de se configurarem em desastres biológicos, geralmente sob a classificação de naturais, em dicotomia aos desastres antropogênicos, com as devidas ressalvas já observadas aqui neste texto sobre o critério da “causalidade natural”20. Em suas especificidades, este consiste em um verdadeiro desastre ao sistema de saúde pública mundial.

(ii) No que diz respeito à segunda dimensão constitutiva do sentido de desastre, há um destaque para as consequências de um evento para o seu enquadramento como desastre. Os desastres são constantemente descritos como eventos que acarretam perdas de vidas humanas, saúde pública, de propriedades ou mesmo ambientais. A UNDRR, responsável pela uniformização conceitual em nível internacional, descreve desastre como “uma perturbação grave do funcionamento de uma comunidade ou sociedade em qualquer escala devido a eventos perigosos que interagem com condições de exposição e capacidade, levando a um ou mais dos seguintes itens: perdas e impactos humanos, materiais, econômicos e ambientais.”21 Importante destacar que o sentido de desastre não se refere a um plano individual, mas diz respeito a eventos que atuam no plano da sociedade (societal disasters), geralmente entendidos como eventos de grandes perdas para um número substancial de pessoas e bens22.

Para o Centre for Research on the Epidemiology of Disasters, desastre é a situação ou o evento que supera a capacidade local, necessitando um pedido de auxílio externo em nível nacional ou internacional, bem como um evento imprevisto e, frequentemente, súbito, que causa grande dano, destruição e sofrimento humano23. Para o referido centro de pesquisa da Universitè Catholique de Louvain – Belgium, ao menos um dos critérios que seguem deve ser preenchido para a configuração de um evento danoso à condição de desastre: (a) 10 ou mais mortes humanas (efetivas ou presumidas); (b) pelo menos 100 pessoas atingidas (necessitando de comida, água, cuidados básicos e sanitários; desalojados e feridos); (c) ter sido declarado estado de emergência; (d) ter havido um pedido de ajuda internacional24.

Os números da Covid-19 são capazes de demonstrar, sem a necessidade de maior aprofundamento, que esta se enquadra como desastre, também a partir da análise de sua intensidade, superando não apenas o número de óbitos (a), mas o número de atingidos (b), como também, a declaração de Estado de Emergência (d). Não bastassem todos estes “atributos”, a presente pandemia tem um gravíssimo efeito colateral econômico.

(iii) A análise sistêmica dos desastres demonstra, por sua vez, o fato desses se tratarem de fenômenos dotados de alta complexidade e constituídos por causas multifacetadas e consequências graves. A interação entre estes fatores ressalta a relevância de uma análise sistêmica de tais fenômenos para a formação de seu sentido. Sistemicamente, os desastres são provenientes de circunstâncias naturais, tecnológicas ou sociopolíticas. Esta combinação de fatores exógenos e endógenos ao sistema social, é capaz de ocasionar a perda de sua estabilidade sistêmica. O comprometimento da estabilidade sistêmica repercute, assim, na quebra das rotinas coletivas inerentes às comunidades, na sociedade e na necessidade de medidas urgentes (e, geralmente, não planejadas) para gerir (restabelecer) a situação25. Os desastres são fenômenos extremos capazes de atingir a estabilidade sistêmica social, num processo de irradiação e retroalimentação de suas causas e efeitos policontextualmente (econômicos, políticos, jurídicos, científicos).

Em nível de Direito Internacional dos Desastres26, a perda da capacidade de resposta ao evento em face de uma desestabilização sistêmica também compõe o conceito de desastres proposto pelo Projeto de Artigos para a Proteção de Pessoas em Eventos de Desastres da Comissão de Direito Internacional da AGNU.27 O sistema normativo brasileiro adota uma descrição conceitual de desastres também a partir de uma simbiose entre os três elementos acima descritos (causas, consequências e estabilidade).28 A perda da estabilidade sistêmica também é uma constante na conceituação dos desastres, representada, no Direito brasileiro, pelo institutos da decretação de situação de emergência29 ou de estado de calamidade pública30.

Note-se inevitável, aqui também, considerarmos a Pandemia causada pelo novo coronavírus como um verdadeiro desastre, tendo este desencadeado uma desestabilização social sistêmica, o que redundou em decretações generalizadas (em nível nacional, estadual e mesmo municipal) de Situação de Emergência e de Estado de Calamidade. Apenas para fins de exemplo de tal situação destacam-se a declaração, em nível federal, de Emergência em Saúde Pública 3132 e do Estado de Calamidade Pública33.

Esta coluna é produzida com a colaboração dos programas de pós-graduação em Direito do Brasil e destina-se a publicar materiais de divulgação de pesquisas ou estudos relacionados à pandemia do Coronavírus (Covid-19).


1Disponível em https://www.who.int/docs/default-source/coronaviruse/who-china-joint-mission-on-covid-19-final-report.pdf, p. 08. Acesso em 03/04/20.

2 UNITED NATIONS ENVIRONMENT PROGRAMME. UNEP 2016 Report: Emerging Issues of Environmental Concern. Nirobi: UNEP, 2016. p. 04.

3 Idem, ibidem. p. 19.

4 Idem, ibidem. p. 04.

5 Idem, ibidem. p. 18; WOOLHOUSE, M.E.J. and GOWTAGE-SEQUERIA, S. Host range and emerging and reemerging pathogens. Emerging Infectious Diseases, 11, 2005. p. 1842–1847. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3367654/ pdf/05-0997.pdf.

6 Idem, ibidem. p. 18; McDERMOTT, J. and GRACE, D. Agriculture-assocaited disease: Adapting agriculture to improve human health. In: Fan, S. and Pandya-Lorch, R. (eds), Reshaping agriculture for nutrition and health. International Food Policy Research Institute, Washington, D.C. 2012. http:// ebrary.ifpri.org/cdm/ref/collection/p15738coll2/id/126825.

7 Idem, ibidem. p. 19.

8 WORLD BANK. People, pathogens and our planet: Vol. 1. Washington, DC: WB, 2010. Disponível em http://documents.worldbank.org/ curated/en/2010/01/12166149/people-pathogens-planet-volume-one- towards-one-health-approach-controlling-zoonotic-diseases. Acesso em 04/04/20.

9Informação prevista em https://www.who.int/dg/speeches/detail/who-director-general-s-opening-remarks-at-the-media-briefing-on-covid-19---11-march-2020. Acesso em 05/04/20.

10 Informação disponível em tempo real: https://www.worldometers.info/coronavirus/?fbclid=IwAR0zkpRD_zQZb4UkziGI_Xvv75s5Q3eynf7-f9pOspxGbgHbe7OqpGBrIBI. Acesso em 05/04/20.

11 Disponível em https://www.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/46435-brasil-confirma-primeiro-caso-de-novo-coronavirus. Acesso em 03/04/20.

12 Disponível em https://g1.globo.com/bemestar/coronavirus/noticia/2020/04/03/casos-de-coronavirus-no-brasil-em-3-de-abril.ghtml. Acesso em 03/04/20.

13 CARVALHO, Délton Winter de. Desastres Ambientais e sua Regulação Jurídica. 2ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais. 2020. p. 52-60.

14 Sugerman, Stephen D. “Roles of Government in Compensating Disaster Victims. Issues in Legal Scholarship. Symposium: Catastrophic Risks: prevention, compensation, and recovery. Article 1. Berkeley: UC Berkeley Electronic Press, 2007. p. 3.

15 Ségur, Philippe. La catastrophe et le risqué naturels. Essai de definition juridique. Revue du droit public, p. 1693 e ss.

16 Idem.

17 Farber, Daniel; Chen, Jim; Verchick, Robert. R. M.; Sun, Lisa Grow. Disaster Law and Policy. 2a ed. New York: Aspen Publishers, 2020. p. 3.

18 Vos, Femke; Rodriguez, Jose; Below, Regina; Guha-Sapir, D. Annual disaster statistical review 2009: the numbers and trends. Brussels: Cred, 2010. p. 13.

19 Tipologia esta adotada nacional e internacionalmente.

20 FARBER, Daniel. “Navegando a Interseção entre o Direito Ambiental e o Direito dos Desastres.” In: FARBER, Daniel; CARVALHO, Délton Winter de. Estudos Aprofundados em Direito dos Desastres. 2ª ed. Curitiba: Appris, 2019. p. 27-28.

21 Disponível em http://www.un-spider.org/node/7661. Acesso 05/04/20.

22 Sugerman, Stephen D. “Roles of Government in Compensating Disaster Victims.” Issues in Legal Scholarship. Symposium: Catastrophic Risks: prevention, compensation, and recovery. Article 1. Berkeley: UC Berkeley Electronic Press, 2007. p. 1.

23 Vos, Femke; Rodriguez, Jose; Below, Regina; Guha-Sapir, D. Op. cit., p. 12.

24 Idem.

25 Porfiriev, Boris N. “Definition and delineation of disasters.” In: QUARANTELLI, E. L. (Ed.) What is a Disaster? New York: Routledge, 1998. p. 62.

26 CARVALHO, Délton Winter de. Op. Cit. p. 66-76.

27 Art. 3º, desastre é “um evento de calamitoso ou uma série de eventos que resultam em ampla perda de vidas, grande sofrimento e angústia humana, deslocamento em massa ou danos materiais ou ambientais em larga escala, comprometendo seriamente o funcionamento da sociedade.”

28 Art. 2.º, II, do Dec. 7.257/10 desastre é o “resultado de eventos adversos, naturais ou provocados pelo homem sobre um ecossistema vulnerável, causando danos humanos, materiais ou ambientais e consequentes prejuízos econômicos e sociais.

29 Art. 2.º, III, do Dec. 7.257/10.

30 Art. 2.º, IV, do Dec. 7.257/10.

31 Portaria 188/20 do Ministério da Saúde que “declara Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional em decorrência da Infecção Humana pelo novo Cornonavírus (2019-nCoV).”

32 Lei 13.979/20 que “dispõe sobre as medidas para enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus responsável pelo surto de 2019.”

33 Decreto Legislativo n. 06/20 que “reconhece, para os fins do art. 65 da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, a ocorrência do estado de calamidade pública, nos termos da solicitação do Presidente da República encaminhada por meio da Mensagem nº 93, de 18 de março de 2020.” Reconhece-se que apesar do Estado de Calamidade Pública ter se dado com o fim específico de aliviar o controle fiscal de gastos públicos, este também demonstra cabalmente uma perda de estabilidade inerente aos desastres. 

 

Topo da página é pós-doutor em Direito Ambiental e dos Desastres, University of California, Berkeley, EUA (com bolsa CAPES); doutor e mestre em Direito Unisinos; professor do Programa de Pós-Graduação em Direito da UNISINOS, nível Mestrado e Doutorado.

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