domingo, 16 de agosto de 2020

Divaldo Franco Sobre Perdão, Traição, Ódio , Mágoa , Rancor, Depressão, ...

Cantoria 2 - Elomar, Geraldo Azevedo, Vital Farias e Xangai (COMPLETO, F...

Aproveitar a vida: entenda a importância e o valor de viver o agora

Aproveitar a vida: entenda a importância e o valor de viver o agora

Aproveitar a vida: entenda a importância e o valor de viver o agora
Tudo em nossa existência é efêmero. Nada existe como garantido, e é exatamente por isso que devemos aproveitar a vida com mais leveza. A morte é a mais complexa das questões humanas, mas ela também nos ensina que não devemos nos apegar demais a certas coisas.
Vamos discorrer aqui sobre a importância de desfrutar os momentos e as oportunidades que o mundo nos oferece. Além disso, vamos sugerir também maneiras práticas de trazer esses valores para si mesmo.
Leia com atenção essas reflexões. Esperamos que, com este texto, você efetivamente consiga aproveitar melhor os seus dias! Vamos lá?

Como a questão da morte pode nos ajudar a viver melhor?

Pode parecer estranho pensar nisso, mas tente nos acompanhar nesse raciocínio: o fato de sabermos que nossa jornada tem um prazo de validade é o que a torna tão especial.
Tudo é transitório. Até mesmo a pior das crises é passageira.
Da mesma forma, os momentos bons também têm um final. É típico da experiência humana estar sempre procurando estabilidade. Por isso acabamos nos frustrando quando essas ilusões se desfazem. É a vida provando que, de fato, tudo é fugaz.
E não há mal nenhum nisso. Pode parecer desesperador aceitar que tudo tem um fim, mas isso também é o que possibilita passar pela vida e pelos momentos de dor de modo mais leve.
Essa é uma lição difícil de aprender. Pode se dizer que nunca aceitamos realmente a transitoriedade das coisas. Entretanto, ter esse pensamento como um norte certamente ajuda a lidar melhor com os problemas e dificuldades. 

Você conhece o valor de viver cada momento?

Apesar das facilidades garantidas pela vida moderna, estamos cada vez mais distantes de nós mesmos e do presente.
O uso constante de smartphones é um exemplo interessante. Não que haja problemas em usá-los, eles inclusive podem lhe dar ótimas formas de aproveitar a vida. A questão aqui é quando esse hábito forma uma barreira entre você e o resto do mundo.
Pense: o tempo inteiro que você está com outras pessoas você passa olhando para um aparelho eletrônico? Se sim, certamente esses momentos estão sendo vividos pela metade. Se colocar efetivamente em cada situação vivida é uma forma de valorizar aquele instante e absorver melhor o que está acontecendo.

O que posso fazer para aproveitar melhor a vida?

Para ficar mais claro, separamos esse ponto em duas vertentes. Mas saiba que não são polos opostos, mas, sim, ações que se complementam.

Mudanças internas

Nosso funcionamento mental é um aspecto a ser sempre considerado. A forma como organizamos os pensamentos e enxergarmos o mundo define também o nosso bem-estar. Muitas pessoas acreditam que esses são aspectos imutáveis da personalidade, mas não é bem assim.
Sempre é possível fazer deslocamentos e mudar a perspectiva que temos da realidade e de nós mesmos. Não é um processo simples, mas possível de ser realizado com a ajuda de um terapeuta, por exemplo.

Ações práticas

Para além de uma diferença de perspectiva, existem movimentos concretos que podem ser feitos para aproveitar melhor a vida.
Essa é uma questão que pode ser pensada tanto do ponto de vista imediato quanto a longo prazo. Uma maneira de fazer isso é procurar aproveitar e absorver o que se está sendo vivido a cada momento, como dito anteriormente.
Outra forma prática de fazer isso é buscar promover mudanças em sua rotina. Tendemos a viver o cotidiano de forma automática, às vezes sem nem perceber que somos os protagonistas de nossa própria história.
Que tal cozinhar um prato diferente hoje? Ou então passar por um caminho diferente quando for para o trabalho ou faculdade? Ações nesse sentido são formas simples, mas eficientes, de aproveitar a vida, por inserir novidades naquilo que é habitual e costumeiro.

Por que não conseguimos viver no presente?

Existem muitas razões para isso, que diferem de pessoa para pessoa. Mas se você sente que está preso demais ao passado ou ansioso além da conta com o futuro, pode valer a pena refletir um pouco sobre isso.

Função do passado

O passado, seja como ele for, é aquilo que nos constitui. É por meio desses acontecimentos que nos tornamos quem somos. Não é possível simplesmente apagá-lo. E, se fosse possível, será que valeria a pena?
Então, a solução aqui é conseguir se valer da sua própria história, mas sem que ela prenda ou limite suas ações.

Expectativas para o futuro

Outro causador de ansiedade comum às pessoas é o futuro. A incerteza sobre o amanhã, apesar de inevitável, pode ser bastante incômoda. De fato, não podemos ter muitas convicções nesse sentido.
Confie um pouco em suas decisões. Se está vivendo em um momento de crise, procure parar e pensar objetivamente o que pode ser feito para recuperar a confiança. Essa preocupação extrema com os acontecimentos que ainda estão por vir traz efeitos negativos e pode até mesmo impedir que você dê seguimento em sua trajetória.

Como o autoconhecimento pode nos ajudar a aproveitar a vida?

A busca pelo autoconhecimento é uma questão fundamental para a vida de todos os indivíduos. Entretanto, muitos preferem não ter que lidar com esses aspectos e, por isso, acabam cometendo os mesmos erros indefinidamente.
Compreender suas próprias limitações é uma maneira de se posicionar melhor no mundo e de buscar apenas aquilo que realmente lhe faz bem. Existem muitas maneiras de fazer isso. A busca por um atendimento terapêutico, por exemplo, é uma forma de ter um auxílio profissional e um olhar externo para crescer enquanto pessoa.
Caso não possa recorrer a isso, busque outras formas de se comunicar e se autoconhecer. Conversar com amigos, familiares ou até mesmo líderes religiosos de sua confiança pode ser uma boa ideia para estimular esse processo.
De uma forma ou de outra, não hesite em buscar ajuda nesse sentido. Aqueles que se fecham sobre si mesmos têm dificuldades ainda maiores para aproveitar a vida. 
A morte é uma questão complexa e delicada, mas o que ela nos ensina é que não precisamos perder tempo com certas chateações. Aquilo que não pode ser resolvido não merece nosso investimento mental.
Apesar das dificuldades, é preciso sempre buscar formas de sermos melhores enquanto indivíduos. Encontrar novos modos de conhecer a si mesmo, construir momentos únicos no cotidiano e entender a transitoriedade permanente das coisas são algumas formas de exercitar esse amadurecimento para, no fim das contas, poder aproveitar a vida plenamente.
Aposto que algumas dessas dicas lhe fizeram bem! Siga-nos nas redes sociais — estamos no Facebook, Instagram e YouTube — e conheça outras ideias interessantes sobre essa temática!

sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Clóvis de Barros Filho ➢ A Maior Lição de JESUS

Noam Chomsky: “Somente um novo ‘acordo verde’ pode nos salvar de um novo desastre pior do que essa pandemia”



Noam Chomsky: “Somente um novo ‘acordo verde’ pode nos salvar de um novo desastre pior do que essa pandemia”


É uma longa luta contra forças poderosas : Noam Chomsky , intelectual, cientista e ativista político americano, não os manda dizer que – à luz de como os Estados se comportaram diante da emergência do coronavírus – ele pede uma mudança significativa de rumo.
E não, infelizmente ainda não houve um (apesar de tudo que trouxe à luz a pandemia de coronavírus).
Segundo Chomsky entrevistado por Marta Peirano para o El Pais, colocar as funções públicas sob controle privado é uma das principais causas de grande parte do desastre causado pela crise do coronavírus.
E é essa a direção que estamos tomando?
O judeu americano de origem russa, Noam Chomsky (nascido na Filadélfia em 1928), estudou filosofia e matemática na Universidade da Pensilvânia e depois se especializou em linguística. Ele é o fundador da teoria generativista, que teve grandes repercussões no campo da pesquisa psicológica, lógica e filosófica, e essas são as críticas mais difíceis ao neoliberalismo.
A entrevista começa bem aqui: os ciclos históricos não são predeterminados, são o resultado das ações das pessoas e o período neoliberal, diz ele, foi construído destruindo os movimentos dos trabalhadores .
Mas pode-se pensar, mesmo remotamente, que essa quarentena possa ser evidência de uma verdadeira “greve geral”.
“Já estava acontecendo, mesmo antes da pandemia – ele diz.Nos últimos dois anos, mesmo nos Estados Unidos, houve uma recuperação do poder de ataque. Até professores de estados conservadores e não-sindicais expressaram sua opinião contra a destruição da educação pública de acordo com princípios neoliberais; a perda de financiamento, a massificação de classes, os programas baseados em testes projetados para criar autômatos. Eles mostraram na Virgínia, Arizona, não apenas para melhorar as condições salariais, mas também para melhorar as condições de ensino. E eles obtiveram grande apoio social, mesmo nos estados mais reacionários. Depois, existem indústrias como a General Motors. Há uma regeneração do movimento trabalhista e de outros movimentos e não é marginal.”
De fato, Chomsky se concentra em um ponto: se não falarmos sobre a causa real dessa pandemia, a próxima será inevitável e será pior que a anterior, devido à pouca atenção dada à raiz do problema.
“ Este é um sistema de propaganda eficiente: ignore o que é importante. Ele não quer que as pessoas tenham idéias diferentes “, diz ele.
Para terminar a crise, as emissões devem ser interrompidas. Existem pequenas startups que desenvolvem soluções para fazer isso, mas precisam de apoio financeiro e, neste sentido, muitos governos fazem surdos.
“ Assista à luta pelos direitos das mulheres. Não é como se alguém se levantasse em 1965 e dissesse que ganharemos os direitos das mulheres. Esta é uma longa luta contra forças poderosas “.
E sobre a questão de saber se essa pandemia é ou não uma oportunidade de mudar a maneira como nos relacionamos com a natureza? Cristina Magdaleno pergunta sobre El Dìa.
” Isso depende dos jovens – conclui Chomsky. Depende da reação da população mundial. Isso poderia nos levar a estados autoritários e repressivos, que acentuam ainda mais o modelo neoliberal. É preciso lembrar: o capitalismo não cede. Eles exigem mais financiamento para combustíveis fósseis, eles destroem regulamentos que oferecem alguma proteção … No meio da pandemia nos EUA, regras que limitam a emissão de mercúrio e outras substâncias nocivas foram eliminadas. E se ninguém se opõe, isso é o mundo que permanecerá ”.

quarta-feira, 12 de agosto de 2020

Juíza de Curitiba associa homem negro a grupo criminoso 'em razão da sua raça'


RACISMO ESTRUTURAL

Juíza de Curitiba associa homem negro a grupo criminoso 'em razão da sua raça'

Inês Marchalek Zarpelon disse o réu, um homem negro de 48 anos, "seguramente" integrava a organização, "em razão de sua raça"

 
A raça foi uma das características usadas para associar um homem a um grupo criminoso em Curitiba (PR). Nas palavras da juíza Inês Marchalek Zarpelon, o réu Natan Vieira da Paz, um homem negro de 48 anos, "seguramente" integrava a organização, "em razão de sua raça".
A frase foi repetida em três partes da sentença de 115 páginas, da 1ª Vara Criminal de Curitiba. A decisão é do dia 19 de junho, mas ganhou repercussão com a revolta da advogada do réu, Thayze Pozzobon, que compartilhou a sentença nas redes sociais.
"Associar a questão racial à participação em organização criminosa revela não apenas o olhar parcial de quem, pela escolha da carreira, tem por dever a imparcialidade, mas também o racismo ainda latente na sociedade brasileira", escreveu a advogada.
Após o impacto do caso, a Corregedoria do TJ-PR (Tribunal de Justiça do Paraná) informou, em nota à Folha de S.Paulo, que instaurou procedimento administrativo para apurar os fatos.
Natan, cujo apelido é "Neguinho", como detalha a própria sentença, foi condenado a 14 anos e 2 meses de prisão, em regime fechado, além de multa, por roubos e furtos praticados em organização criminosa. Ele pode recorrer da condenação em liberdade.
Ao fixar a pena, seguindo as diversas etapas previstas em lei, que levam em conta as circunstâncias do crime e as características do acusado, a juíza apontou que Natan é réu primário e que "nada se sabe sobre sua conduta social", mas que a sua atuação merecia ser valorada negativamente.
"Seguramente integrante do grupo criminoso, em razão da sua raça, agia de forma extremamente discreta, e os delitos e o seu comportamento, juntamente com os demais, causavam o desassossego e a desesperança da população, pelo que deve ser valorada negativamente", detalhou a magistrada sobre a participação do homem nos crimes.
A característica usada para condenar Natan, no entanto, não foi usada pela juíza para qualificar nenhum dos outros seis réus julgados na mesma sentença - outros dois foram citados como participantes dos crimes, mas, como não foram encontrados para citação, foram separados do processo. Todos fariam parte de um mesmo grupo suspeito da prática de diversos furtos e roubos no centro de Curitiba.
Ao cobrar providências sobre o caso, a advogada do réu afirmou que a juíza ofendeu a Constituição ao não considerar todos os acusados iguais perante a lei.
"Organização criminosa nada tem a ver com raça, pressupor que pertencer a certa etnia te levaria à associação ao crime demonstra que a magistrada não considera todos iguais, ofendendo a Constituição Federal. Um julgamento que parte dessa ótica está maculado. Fere não apenas meu cliente, como toda a sociedade brasileira", escreveu na postagem.
Via Associação dos Magistrados do Paraná (Amapar), a juíza divulgou uma nota em que pede desculpas pelo ocorrido, mas afirma que a frase foi "retirada de um contexto maior" e que a cor da pele do réu não foi levada em consideração para condená-lo.
"Em nenhum momento a cor foi utilizada - e nem poderia - como fator para concluir, como base da fundamentação da sentença, que o acusado pertence a uma organização criminosa. A avaliação é sempre feita com base em provas", afirmou a juíza.
"Reafirmo que a cor da pele de um ser humano jamais serviu ou servirá de argumento ou fundamento para a tomada de decisões judiciais. O racismo é prática intolerável em qualquer civilização e não condiz com os valores que defendo", concluiu na nota.

Preconceito: especialistas debatem caso de racismo na justiça do Paraná ( A Juíza Apodrece - Em Vida ou na Morte)

domingo, 9 de agosto de 2020

Onde Deus possa me ouvir - Vander Lee - Pensei que fosse o céu (Ao vivo)

O Portão (Versão Remasterizada)

Do Fundo do Meu Coração (Versão Remasterizada)

Rotina (Versão Remasterizada) - Dedico a todas Mulheres Lindas!... [Raymundo Evangelhista]

Meu Velho - Altemar Dutra

O VOTO DA POBREZA - Maria Lucia Victor Barbosa

 

O voto da pobreza


A pobreza, que como categoria social costuma ser medida estatisticamente, sobretudo através de critérios baseados em níveis de renda, é visível a olho nu. Incomoda a todos em geral e é uma das maiores desgraças da existência, especialmente para os que são pobres.

Essa questão é ainda o grande dilema brasileiro em que pese ser moda dizer que agora só existe classe média. Mas a pobreza existe e, aglomerada especialmente nos grandes centros, compõe o submundo de onde emerge o contraste. Como um anel degradante, o qual se costuma denominar de periferia, circunda o urbano de luxos e lojas, de prédios e praças, de casas e carros, de tudo mais que fulgura e brilha e que esmaece e acinzenta na medida em que se aproxima do “território” das favelas, dos bairros pobres, dos cortiços, onde uma cultura de mundo cão mantém leis e códigos peculiares, símbolos e crenças, valores e aspirações.

Verdadeiro espanto como arte de sobreviver, desafio ao absurdo, antítese de maneira alguma revolucionária, essa massa degradada por sua condição miserável está a merecer sempre novas reflexões apesar de quantas já tenham sido feitas.

Explodindo em violência e tragédia o cotidiano do pobre, feito de carências de toda espécie é, ao mesmo tempo, pleno de malandragem, de fantasia, de misticismo, de magia, de festa, de humor como o avesso da miserabilidade.

Não há só desespero como deveria ser. Freqüentemente, é a esperança que reina soberana sobre os pobres e um imediatismo de quem não tendo muito a planejar para o futuro faz das pequenas coisas grandes prazeres como se fossem conquistas sobre a desgraça.

Existem também certas dimensões a serem aprendidas na pobreza. Não basta quantificá-la, medi-la ou mesmo tentar explicá-la através de seu aspecto mais evidente, o econômico. Mesmo porque a pobreza é também categoria política e padece de recursos políticos.

A época mais privilegiada da proximidade entre pobreza e “mercadores de esperança” se dá nas campanhas eleitorais, quando persuasivos candidatos incluem em seus roteiros a periferia e se tornam pródigos em promessas e favores ao tentar a difícil caça aos votos.

Nem sempre, contudo, dinheiro ou favores, exclusivamente, conquistam o voto. O candidato para se impor precisa de algo mais, e a “compra do voto” é algo complexo. Para o indivíduo pobre a busca de identidade com o candidato é vital. Vem através de um discurso que aborde problemas cotidianos, de uma retórica exaltada, da ênfase na diferença entre ricos e pobres, do clamor por vingança contra algo ou alguém convertido em bode expiatório. Colocar-se ao lado dos “pobres e oprimidos é uma tática usada por candidatos de todos os partidos. Levam vantagem aqueles que souberem fazer o papel de “médium do psiquismo coletivo”. Ideal também para o candidato adicionar ao personagem do homem comum ingredientes de sonho e fantasia. Especialmente, saber explorar emoções.

Segundo Almond e Powell, nas “atitudes políticas” existem componentes afetivos que, para além do julgamento racional, manejam sentimentos de atração e repulsão, de simpatia ou antipatia, de admiração ou menosprezo, etc. É sobre tais forças que se alicerçam a personalização do poder e os laços que ligam o político à sua clientela.

A grande massa pobre é capaz de fermentar emoções de uma maneira mais intensa dos que indivíduos de outras classes sociais que, tendo recebido certos lustros de educação formal, reagem de maneira um pouco mais comedida diante dos fatos e acontecimentos. Assim, a clientela política composta pela imensa maioria pobre constitui terreno fértil para as pregações que apelam para sentimentos e atingem as emoções. Compartilhando com as demais classes sociais o gosto pela política em seu aspecto lúdico, os pobres adaptam seu universo específico de valores e aspirações à imagem ideal do político. Apostam em candidatos como num jogo, procuram obter nas campanhas eleitorais o máximo de vantagens possíveis, escolhem aquele que o coração mandar.

Se as maneiras de auferir vantagens variam conforme a classe social, seria ingenuidade supor que os mais pobres sejam seres angelicais imunes ao sistema. Como a maioria dos indivíduos os pobres querem que as coisas mudem ou melhorem desde que o esforço seja feito por outros. O político em campanha pode ser esse outro que melhora o presente e promete um radioso futuro mercadejando esperanças.

Numa sociedade como a nossa, em que o poder é personalizado, que a dependência de um pai Estado faz parte da história, que sempre se suspira por um salvador da pátria, viceja a política populista e o êxito dos que mantêm as caridades oficiais. Há uma democracia marota de faz-de-conta e, na troca de favores entre candidatos e eleitorado, legitima-se o a malandragem do jogo político numa sociedade onde política sempre foi um “negócio do rei”.

 

 

‘‘O Voto da Pobreza e a Pobreza do Voto – a Ética da Malandragem’’

 

AUTORA: Maria Lucia Victor Barbosa________________________________________________________


Em novembro de 1988, lancei meu primeiro livro, ‘‘O Voto da Pobreza e a Pobreza do Voto – a Ética da Malandragem’’, editado por Jorge Zahar. Neste trabalho analisei especialmente o voto da grande maioria da população brasileira, que como se sabe é pobre, e a influência sobre essa classe dos meios de comunicação e dos líderes populistas. Agora constato, que apesar de já terem se passado mais de onze anos, pouca coisa mudou em termos de comportamentos e atitudes dos menos desfavorecidos.
Isso se deve ao fato de que, à medida que falta a um indivíduo a capacidade de formular explicações mais racionais e científicas, ele tende a fazer sua leitura de mundo através apenas de emoções e sentimentos. Assim, a grande massa pobre é capaz de fermentar emoções de maneira mais intensa do que os indivíduos de outras classes sociais, que tendo recebido certos lustros de educação formal, reagem de maneira um pouco mais comedida diante dos fatos e acontecimentos.
Por conta disso, a clientela política composta pela pobreza constitui terreno fértil para a pregação que apela para sensibilidade. Compartilhando com as demais camadas sociais o gosto pela política no seu aspecto lúdico e de sonho, os pobres adaptam seu universo específico, composto de valores e aspirações, à imagem ideal do político. Apostam em candidatos como num jogo, procuram obter nas campanhas eleitorais o máximo de vantagens possíveis, escolhem aquele que ‘‘o coração mandar’’.
Por outro lado, entre os eleitores de classes mais elevadas vai aos poucos se formando uma consciência mais nítida e, assim, candidatos e governantes são julgados com mais rigor à luz de determinados critérios, entre os quais se incluem a honestidade, a competência e a postura ética.
Tudo isso que pode parecer apenas uma teoria está sucedendo na realidade, pois o que se vê hoje são vereadores, prefeitos, deputados estaduais, deputados federais e senadores sendo cassados e alguns presos, por envolvimento em atos ilícitos, enquanto ministros caem pelos mesmos motivos. Ora, tais coisas não acontecem sem a pressão da opinião pública.
Em Londrina não poderia ser diferente, sendo que nesta cidade as atenções estão concentradas na série de pesadas e graves acusações sobre o desvio de milhões de reais por parte do Poder Público. Segundo o estampado na imprensa, o gigantesco e estarrecedor esquema de corrupção teria sido feito para beneficiar a campanha do deputado estadual Antonio Carlos Belinati, filho do prefeito Antonio Belinati, e do governador Jaime Lerner, que se reelegeu tendo novamente como vice Emília Belinati, mulher do prefeito. (‘‘O Estado de S. Paulo’’, do dia 20).
No meio do fogo cerrado estão a Autarquia do Meio Ambiente (AMA) a Companhia Municipal de Urbanização (Comurb) e o Serviço de Telecomunicações de Londrina S/A (Sercomtel), sendo que a lama vai respingando no Poder Legislativo com acusações feitas também a deputados estaduais e a vereadores.
Nunca se viu em Londrina um escândalo de tamanha proporção, sendo que 87 entidades – entre elas a Associação Industrial e Comercial de Londrina (Acil), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Lojas Maçônicas, representantes da Igreja Católica etc. – têm levado a efeito manifestações em que exigem esclarecimento dos fatos e punições aos culpados. Tais atos culminaram com o pedido de cassação do prefeito Antonio Belinati, sendo que para isso deveria ser formada na Câmara de Vereadores uma Comissão Processante (CP) que, em última instância, poderia desfechar, depois de analisado o processo, a cassação do prefeito.
Na quinta-feira passada, os vereadores se reuniram para decidir se formavam ou não a CP. Presentes também na Câmara dois grandes grupos: o das entidades que exigem a cassação e é composto por pessoas da classe média; e o grupo contra a cassação, uma massa de pobreza que defende apaixonadamente o prefeito.
O clima era tenso, apesar de não ter havido embates corporais, ficando a platéia apenas nos vitupérios lançados a plenos pulmões. Também o pugilato entre o presidente da Câmara, vereador Renato Araújo (PPB), e um rapaz que o teria xingado, e sobre o qual o vereador arremessou um exemplar da Constituição, não aconteceu, pois Renato Araújo foi contido por seus pares. De todo modo, a sessão que contou com boatos sobre a ida do prefeito à Câmara e manobras de todo o tipo para ganhar tempo, foi encerrada pelo presidente sem a formação da CP.
O segundo round está marcado para terça-feira que vem, e não se pode prever o que vai acontecer, pois o prefeito Antonio Belinati, dono de uma carreira política de 30 anos, ainda está cheio de aspirações que incluem o governo do Estado do Paraná para si próprio, o Senado para sua esposa, a prefeitura para o filho, e, provavelmente, demais cargos para outros familiares. Naturalmente, portanto, ele vai continuar lutando com todas as suas forças.
Para se manter no cargo e tentar realizar seus sonhos, o prefeito conta com o fervoroso voto da pobreza, pois os mais pobres dizem coisas como a moradora de um dos conjuntos habitacionais de Londrina, Maria de Lourdes Barbosa, que afirmou: ‘‘Ele (Belinati), mesmo tirando dinheiro, como dizem, fez muita coisa por nós. Somos a favor dele, que foi na favela e se preocupou com a gente. Por isso a gente veio aqui’’. (Folha de ontem).
Do lado dos que exigem a cassação do prefeito, aparece o pensamento do corretor Israel Klein: ‘‘É preciso acabar com os maus políticos. Enquanto o povo estiver votando por uma lata de óleo, uma cesta básica e uma mentira, não vamos mudar esse País’’ (Folha de ontem).
Diante da gravidade do assunto é necessário que tudo seja esclarecido, e nesse sentido o Poder Judiciário não pode falhar. Afinal, as coisas estão mudando no Brasil, e Londrina não é exceção.

 

sábado, 8 de agosto de 2020

A natureza jurídica da pandemia da Covid-19 como um desastre biológico

 

Direito em pós-graduação

A natureza jurídica da pandemia da Covid-19 como um desastre biológico


Por 

1. O emergir das doenças zoonóticas
Segundo a OMS, os coronavírus são zoonóticos1, o que significa que são transmitidos de animais para pessoas. Já em 2016, em publicação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente sobre as questões e problemas ambientais globais emergentes, esta descreveu um “aumento mundial no surgimento de doenças e epidemias, particularmente de zoonoses – doenças que podem ser transmitidas entre animais e humanos.” 2 As doenças zoonóticas são constantemente associadas a mudanças ou a distúrbios ecológicos3, numa relação direta entre a degradação dos ecossistemas e o surgimento e a difusão dos patógenos da vida selvagem para humanos.4 Aproximadamente 60% de todas as doenças infecciosas em humanos tem origem zoonótica5, havendo, em média, uma nova doença infecciosa surge em humanos a cada quatro meses.6 Nos anos recentes, houve o surgimento de várias doenças zoonóticas, tais como a AIDS, o Ebola, a gripe aviária, a MERS, a SARS, o Zika vírus, entre outras. Portanto, as zoonoses são verdadeiras ameaças ao desenvolvimento econômico, à integridade dos ecossistemas, assim como ao bem-estar animal e humano.7 Apenas na última década, os custos diretos tidos em medidas de resposta e controle ao surgimento de zoonoses foram na monta de U$ 20 bi, enquanto os indiretos chegaram a incríveis 200 bi.8

2. A Pandemia da Covid-19
O surgimento de um novo vírus, primeiro identificado, em Wuhan na China, em Dezembro de 2019, é o responsável pela disseminação da doença denominada Covid-19, que pode causar diversos sintomas, sendo o mais grave o desenvolvimento de doença respiratória grave. Após ocasionar as primeiras mortes e se espalhar rapidamente em nível global, a Covid-19 foi, primeiro, declarada como Emergência de Preocupação Internacional, em 30/01/20, para, em 11/03/20, ser declarada como Pandemia pela Organização Mundial de Saúde.9 Enquanto este artigo está sendo redigido, a Covid-19 já infectou 1.182,827 pessoas e levou a óbito 63.924 pessoas ao redor do mundo.10 Infelizmente, quando este artigo estiver sendo lido os valores já serão outros. Após o primeiro caso diagnosticado no país, em 26/02/202011, o Brasil já soma 9.391 infectados e 376 mortos, como números oficiais.12

3. Sentido jurídico de desastres e a Covid-19
Como já tivemos a oportunidade de afirmar13, a formação do sentido de desastres encontra-se numa relação semântica pendular entre: (i) causas e (ii) consequências altamente específicas e complexas, convergindo para a descrição de fenômenos socioambientais de grande apelo midiático14 e irradiação policontextual (econômica, política, jurídica, ambiental) capazes de comprometer a (iii) estabilidade do sistema social. Os desastres consistem, conceitualmente, em cataclismo sistêmico de causas que, combinadas, adquirem consequências catastróficas.

(i) Uma concepção dominante de catástrofe nos remete aos impactos humanos e sociais ocasionados pela natureza15, tais como terremotos, tornados, incêndios. Esta concepção naturalística de catástrofes tende a vincular os desastres a eventos naturais desencadeadores de danos humanos e à propriedade, dotados estes de grande magnitude. Subjaz a esta noção mais tradicional de desastres, uma distinção cartesiana entre homem/natureza, concebendo desastres como aqueles eventos naturais, não habituais e de intensidade irresistível16.

No entanto, a evolução tecnológica e científica da Sociedade Contemporânea ocorrida, principalmente, após a industrialização, desencadeou a ampliação da capacidade de intervenção do homem sobre a natureza, havendo, em quase todos desastres denominados naturais, algum fator antropogênico17, o que frequentemente torna as fronteiras entre estes conceitos turvas. Apesar de tais dificuldades conceituais, para fins didáticos, os desastres são constantemente descritos e classificados segundo suas causas, como “naturais”, mistos ou antropogênicos. Os desastres naturais são aqueles decorrentes imediatamente de fenômenos naturais, atribuíveis ao exterior do sistema social, sendo frequentemente classificados em categorias de desastres geofísicos, meteorológicos, hidrológicos, climatológicos e biológicos18. Entre os exemplos de desastres biológicos, encontram-se as epidemias e as infestações de insetos19.

Note-se, portanto, que as pandemias são frequentemente passíveis de se configurarem em desastres biológicos, geralmente sob a classificação de naturais, em dicotomia aos desastres antropogênicos, com as devidas ressalvas já observadas aqui neste texto sobre o critério da “causalidade natural”20. Em suas especificidades, este consiste em um verdadeiro desastre ao sistema de saúde pública mundial.

(ii) No que diz respeito à segunda dimensão constitutiva do sentido de desastre, há um destaque para as consequências de um evento para o seu enquadramento como desastre. Os desastres são constantemente descritos como eventos que acarretam perdas de vidas humanas, saúde pública, de propriedades ou mesmo ambientais. A UNDRR, responsável pela uniformização conceitual em nível internacional, descreve desastre como “uma perturbação grave do funcionamento de uma comunidade ou sociedade em qualquer escala devido a eventos perigosos que interagem com condições de exposição e capacidade, levando a um ou mais dos seguintes itens: perdas e impactos humanos, materiais, econômicos e ambientais.”21 Importante destacar que o sentido de desastre não se refere a um plano individual, mas diz respeito a eventos que atuam no plano da sociedade (societal disasters), geralmente entendidos como eventos de grandes perdas para um número substancial de pessoas e bens22.

Para o Centre for Research on the Epidemiology of Disasters, desastre é a situação ou o evento que supera a capacidade local, necessitando um pedido de auxílio externo em nível nacional ou internacional, bem como um evento imprevisto e, frequentemente, súbito, que causa grande dano, destruição e sofrimento humano23. Para o referido centro de pesquisa da Universitè Catholique de Louvain – Belgium, ao menos um dos critérios que seguem deve ser preenchido para a configuração de um evento danoso à condição de desastre: (a) 10 ou mais mortes humanas (efetivas ou presumidas); (b) pelo menos 100 pessoas atingidas (necessitando de comida, água, cuidados básicos e sanitários; desalojados e feridos); (c) ter sido declarado estado de emergência; (d) ter havido um pedido de ajuda internacional24.

Os números da Covid-19 são capazes de demonstrar, sem a necessidade de maior aprofundamento, que esta se enquadra como desastre, também a partir da análise de sua intensidade, superando não apenas o número de óbitos (a), mas o número de atingidos (b), como também, a declaração de Estado de Emergência (d). Não bastassem todos estes “atributos”, a presente pandemia tem um gravíssimo efeito colateral econômico.

(iii) A análise sistêmica dos desastres demonstra, por sua vez, o fato desses se tratarem de fenômenos dotados de alta complexidade e constituídos por causas multifacetadas e consequências graves. A interação entre estes fatores ressalta a relevância de uma análise sistêmica de tais fenômenos para a formação de seu sentido. Sistemicamente, os desastres são provenientes de circunstâncias naturais, tecnológicas ou sociopolíticas. Esta combinação de fatores exógenos e endógenos ao sistema social, é capaz de ocasionar a perda de sua estabilidade sistêmica. O comprometimento da estabilidade sistêmica repercute, assim, na quebra das rotinas coletivas inerentes às comunidades, na sociedade e na necessidade de medidas urgentes (e, geralmente, não planejadas) para gerir (restabelecer) a situação25. Os desastres são fenômenos extremos capazes de atingir a estabilidade sistêmica social, num processo de irradiação e retroalimentação de suas causas e efeitos policontextualmente (econômicos, políticos, jurídicos, científicos).

Em nível de Direito Internacional dos Desastres26, a perda da capacidade de resposta ao evento em face de uma desestabilização sistêmica também compõe o conceito de desastres proposto pelo Projeto de Artigos para a Proteção de Pessoas em Eventos de Desastres da Comissão de Direito Internacional da AGNU.27 O sistema normativo brasileiro adota uma descrição conceitual de desastres também a partir de uma simbiose entre os três elementos acima descritos (causas, consequências e estabilidade).28 A perda da estabilidade sistêmica também é uma constante na conceituação dos desastres, representada, no Direito brasileiro, pelo institutos da decretação de situação de emergência29 ou de estado de calamidade pública30.

Note-se inevitável, aqui também, considerarmos a Pandemia causada pelo novo coronavírus como um verdadeiro desastre, tendo este desencadeado uma desestabilização social sistêmica, o que redundou em decretações generalizadas (em nível nacional, estadual e mesmo municipal) de Situação de Emergência e de Estado de Calamidade. Apenas para fins de exemplo de tal situação destacam-se a declaração, em nível federal, de Emergência em Saúde Pública 3132 e do Estado de Calamidade Pública33.

Esta coluna é produzida com a colaboração dos programas de pós-graduação em Direito do Brasil e destina-se a publicar materiais de divulgação de pesquisas ou estudos relacionados à pandemia do Coronavírus (Covid-19).


1Disponível em https://www.who.int/docs/default-source/coronaviruse/who-china-joint-mission-on-covid-19-final-report.pdf, p. 08. Acesso em 03/04/20.

2 UNITED NATIONS ENVIRONMENT PROGRAMME. UNEP 2016 Report: Emerging Issues of Environmental Concern. Nirobi: UNEP, 2016. p. 04.

3 Idem, ibidem. p. 19.

4 Idem, ibidem. p. 04.

5 Idem, ibidem. p. 18; WOOLHOUSE, M.E.J. and GOWTAGE-SEQUERIA, S. Host range and emerging and reemerging pathogens. Emerging Infectious Diseases, 11, 2005. p. 1842–1847. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3367654/ pdf/05-0997.pdf.

6 Idem, ibidem. p. 18; McDERMOTT, J. and GRACE, D. Agriculture-assocaited disease: Adapting agriculture to improve human health. In: Fan, S. and Pandya-Lorch, R. (eds), Reshaping agriculture for nutrition and health. International Food Policy Research Institute, Washington, D.C. 2012. http:// ebrary.ifpri.org/cdm/ref/collection/p15738coll2/id/126825.

7 Idem, ibidem. p. 19.

8 WORLD BANK. People, pathogens and our planet: Vol. 1. Washington, DC: WB, 2010. Disponível em http://documents.worldbank.org/ curated/en/2010/01/12166149/people-pathogens-planet-volume-one- towards-one-health-approach-controlling-zoonotic-diseases. Acesso em 04/04/20.

9Informação prevista em https://www.who.int/dg/speeches/detail/who-director-general-s-opening-remarks-at-the-media-briefing-on-covid-19---11-march-2020. Acesso em 05/04/20.

10 Informação disponível em tempo real: https://www.worldometers.info/coronavirus/?fbclid=IwAR0zkpRD_zQZb4UkziGI_Xvv75s5Q3eynf7-f9pOspxGbgHbe7OqpGBrIBI. Acesso em 05/04/20.

11 Disponível em https://www.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/46435-brasil-confirma-primeiro-caso-de-novo-coronavirus. Acesso em 03/04/20.

12 Disponível em https://g1.globo.com/bemestar/coronavirus/noticia/2020/04/03/casos-de-coronavirus-no-brasil-em-3-de-abril.ghtml. Acesso em 03/04/20.

13 CARVALHO, Délton Winter de. Desastres Ambientais e sua Regulação Jurídica. 2ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais. 2020. p. 52-60.

14 Sugerman, Stephen D. “Roles of Government in Compensating Disaster Victims. Issues in Legal Scholarship. Symposium: Catastrophic Risks: prevention, compensation, and recovery. Article 1. Berkeley: UC Berkeley Electronic Press, 2007. p. 3.

15 Ségur, Philippe. La catastrophe et le risqué naturels. Essai de definition juridique. Revue du droit public, p. 1693 e ss.

16 Idem.

17 Farber, Daniel; Chen, Jim; Verchick, Robert. R. M.; Sun, Lisa Grow. Disaster Law and Policy. 2a ed. New York: Aspen Publishers, 2020. p. 3.

18 Vos, Femke; Rodriguez, Jose; Below, Regina; Guha-Sapir, D. Annual disaster statistical review 2009: the numbers and trends. Brussels: Cred, 2010. p. 13.

19 Tipologia esta adotada nacional e internacionalmente.

20 FARBER, Daniel. “Navegando a Interseção entre o Direito Ambiental e o Direito dos Desastres.” In: FARBER, Daniel; CARVALHO, Délton Winter de. Estudos Aprofundados em Direito dos Desastres. 2ª ed. Curitiba: Appris, 2019. p. 27-28.

21 Disponível em http://www.un-spider.org/node/7661. Acesso 05/04/20.

22 Sugerman, Stephen D. “Roles of Government in Compensating Disaster Victims.” Issues in Legal Scholarship. Symposium: Catastrophic Risks: prevention, compensation, and recovery. Article 1. Berkeley: UC Berkeley Electronic Press, 2007. p. 1.

23 Vos, Femke; Rodriguez, Jose; Below, Regina; Guha-Sapir, D. Op. cit., p. 12.

24 Idem.

25 Porfiriev, Boris N. “Definition and delineation of disasters.” In: QUARANTELLI, E. L. (Ed.) What is a Disaster? New York: Routledge, 1998. p. 62.

26 CARVALHO, Délton Winter de. Op. Cit. p. 66-76.

27 Art. 3º, desastre é “um evento de calamitoso ou uma série de eventos que resultam em ampla perda de vidas, grande sofrimento e angústia humana, deslocamento em massa ou danos materiais ou ambientais em larga escala, comprometendo seriamente o funcionamento da sociedade.”

28 Art. 2.º, II, do Dec. 7.257/10 desastre é o “resultado de eventos adversos, naturais ou provocados pelo homem sobre um ecossistema vulnerável, causando danos humanos, materiais ou ambientais e consequentes prejuízos econômicos e sociais.

29 Art. 2.º, III, do Dec. 7.257/10.

30 Art. 2.º, IV, do Dec. 7.257/10.

31 Portaria 188/20 do Ministério da Saúde que “declara Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional em decorrência da Infecção Humana pelo novo Cornonavírus (2019-nCoV).”

32 Lei 13.979/20 que “dispõe sobre as medidas para enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus responsável pelo surto de 2019.”

33 Decreto Legislativo n. 06/20 que “reconhece, para os fins do art. 65 da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, a ocorrência do estado de calamidade pública, nos termos da solicitação do Presidente da República encaminhada por meio da Mensagem nº 93, de 18 de março de 2020.” Reconhece-se que apesar do Estado de Calamidade Pública ter se dado com o fim específico de aliviar o controle fiscal de gastos públicos, este também demonstra cabalmente uma perda de estabilidade inerente aos desastres. 

 

Topo da página é pós-doutor em Direito Ambiental e dos Desastres, University of California, Berkeley, EUA (com bolsa CAPES); doutor e mestre em Direito Unisinos; professor do Programa de Pós-Graduação em Direito da UNISINOS, nível Mestrado e Doutorado.

Editorial: Jornal Nacional e as mais de 100 mil mortes por coronavirus n...

Nietzsche e os Sentidos da Vida • FERNANDO SCHÜLER

terça-feira, 4 de agosto de 2020

Transtorno histriônico: quando ser o centro das atenções é uma necessidade

Transtorno histriônico: quando ser o centro das atenções é uma necessidade

Mais do que buscar pelos holofotes: o histriônico precisa ter atenção para estar feliz - iStock
Mais do que buscar pelos holofotes: o histriônico precisa ter atenção para estar feliz Imagem: iStock

Sibele Oliveira

Colaboração para o VivaBem

30/07/2020 04h00

Resumo da notícia

  • O histriônico precisa ser visto e valorizado o tempo todo para se sentir bem
  • Uma de suas características mais marcantes é o jeito de falar teatral e a dramaticidade de suas emoções
  • É extremamente sedutor, tem um comportamento sexual ousado e vive à procura de excitação
  • As frustrações que o histriônico coleciona ao longo da vida podem levá-lo à depressão, ansiedade, bipolaridade e transtornos alimentares
  • Não tem cura, mas o tratamento psicoterápico o ajuda a se sentir melhor e a conviver de maneira mais harmônica com os outros

Sabe aquelas pessoas que fazem tudo para ser o centro das atenções? Para elas, não há limites quando o que está em jogo é atrair todos os olhares para si, receber elogios e ser um destaque absoluto. Quem tem o transtorno de personalidade histriônica é assim o tempo todo. Age como se a vida fosse uma eterna noite de estreia de um espetáculo de sucesso, onde espera aplausos calorosos. Para consegui-los vale chorar, desmaiar, vestir-se de forma extravagante, abusar da sedução e derramar as emoções como nos grandes dramalhões

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O transtorno, classificado no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5ª Edição (DSM-5) faz parte do grupo B, que também inclui o narcisista, o antissocial e o borderline. Bruno Netto Reys, psiquiatra, psicanalista e professor do departamento de psiquiatria da faculdade de medicina da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), afirma que os histriônicos representam aproximadamente 3% da população -ou seja, cerca de 3 a cada 100 pessoas. Sua causa ainda é desconhecida, mas especialistas acreditam que pode haver uma suscetibilidade genética e influência do meio externo.

À primeira vista, o exagero emocional do histriônico parece algo feito de propósito. Como uma estratégia que ele usa para ser mais visto e reconhecido do que os outros. Mas isso não verdade. Ser o centro das atenções não é um capricho dele, mas uma necessidade vital como respirar. Quando fica em segundo plano, seu mundo desaba e ele sente que falta um chão para pisar. Por isso, não mede esforços para manter-se sempre em evidência.

"Os histriônicos ficam seguros quando são o centro das atenções. Quando não são, ficam extremamente incomodados, sentem um desconforto muito grande, quase que um aniquilamento", resume Erlei Sassi, coordenador do Ambulatório de Transtornos de Personalidade do IPq da HC-FMUSP (Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo). Isso acontece no trabalho, nos relacionamentos amorosos, entre familiares e amigos e até mesmo no meio de estranhos.

Pessoas com esse transtorno têm uma baixa tolerância à frustração. Ficam entediadas facilmente, não lidam bem com a rotina e vivem à procura de excitação. O sofrimento no qual elas mergulham quando não são notadas faz com que tenham um humor instável e reativo, de acordo com o especialista. Para evitar que alguém brilhe mais do que ele, o histriônico aposta suas fichas na aparência física. Não raro recorre a vários procedimentos estéticos, segue dietas rigorosas, fica obcecado por exercícios físicos e usa roupas provocantes.

Como reconhecer uma pessoa histriônica?

Personalidade histriônica - iStock - iStock
Já conheceu aquela pessoa que adora estar nos centros das atenções, não importa como?
Imagem: iStock

Além do exibicionismo visual, ele fala de forma vigorosa, gesticula muito e expõe suas emoções de um jeito dramático, teatral, beirando o caricato. Também é conquistador, desinibido e tem a sexualidade à flor da pele, demonstrada inclusive em lugares inadequados, como o ambiente de trabalho. Ainda que pareça muito intenso, costuma ser emocionalmente superficial e percebe a realidade de uma maneira particular. É comum, por exemplo, o histriônico acabar de conhecer uma pessoa, já considerá-la íntima e exigir que ela se comporte como tal.

Quando isso não acontece, é um balde de água fria e ele se decepciona, até porque é dependente de provas de amor. Como o histriônico tem baixa tolerância à frustração, seus relacionamentos acabam não sendo muito tranquilos. Apesar de toda essa cobrança, ele muda de emoção como quem troca de roupa. Geralmente coleciona vários parceiros amorosos e não permanece muito tempo com nenhum deles, porque é movido à excitação. A paixão profunda que sente no início acaba de repente, pois deixa de ser novidade.

Com esse perfil, pode parecer lógico deduzir que pessoas com esse transtorno não ligam para o que as outras pensam a seu respeito. Mas é exatamente ao contrário. Elas se importam com a opinião alheia. E muito. Apesar de parecerem seguras de si, no fundo são bastante sugestionáveis, vivem em busca de apoio e aprovação e têm medo de ser abandonadas. Por outro lado são impulsivas, têm aversão a críticas e seus discursos são vagos e difusos.

Não começa da noite para o dia

Antes de entrar no mundo do histriônico, é importante entender o que é um transtorno de personalidade. "É uma forma de perceber, sentir e se relacionar, que traz sofrimento para a pessoa quem tem o transtorno e para as que a cercam", define Sassi. Ele salienta que a personalidade é formada pelo temperamento e caráter, que vamos desenvolvendo ao longo da vida.

"Especificamente o caráter pode ter traços que trazem sofrimento para a pessoa por conta da adaptação, que é fora da média".
Ou seja, essas pessoas têm um comportamento inflexível, que raramente muda. "Uma pessoa que não tem um transtorno vai se moldando de acordo com a experiência, se adaptando a uma realidade. A dificuldade no transtorno de personalidade é justamente a moderação, aprender com a experiência. A pessoa mantém esse padrão rígido", diferencia Reys.

Esse padrão se estende aos pensamentos, emoções e comportamentos. E afeta a maneira como a pessoa vê o mundo e se relaciona com quem está ao seu redor. Geralmente os primeiros sinais dos transtornos de personalidade começam cedo, ainda na infância, e vão se tornando mais nítidos no decorrer do tempo. Mas o diagnóstico só é feito entre o final da adolescência e o início da vida adulta.

No caso dos histriônicos, o transtorno foi baseado na histeria, um distúrbio comum entre as mulheres do século 19. Antigamente acreditava-se que a energia vital do útero se deslocava para outras partes do corpo provocando ataques histéricos. Mais tarde, Jean-Martin Charcot, o "pai" da neurologia, descobriu que a histeria tinha uma origem psíquica, e seu aluno Sigmund Freud demonstrou que ela era causada por traumas sexuais.

O termo histriônico é derivado da palavra histrião. Um de seus significados é "palhaço" e ela se refere aos comediantes que representavam fábulas e farsas na Roma Antiga. Pessoas com esse transtorno são assim. Capricham na "atuação" para ganhar a admiração das pessoas. Por sua alta carga de dramaticidade, muitas vezes não são levadas a sério. E em vez de atrair as atenções, acabam repelindo. Outras vezes o afastamento se dá porque elas são consideradas grudentas, chatas ou dão vexame. Isso lhes causa um sofrimento profundo.

Personalidade histriônica - iStock - iStock
Quando a atenção não é obtida, eles podem ficar bastante chateados, e até violentos
Imagem: iStock

Para evitar a indiferença, elas podem lançar mão de recursos como mentir, difamar, distorcer os fatos e fazer com que o outro sinta culpa e remorso. Esse mecanismo de manipulação emocional vem da necessidade de ser o centro das atenções, e nem sempre é consciente. Em casos mais graves, o histriônico pode ameaçar ou tentar o suicídio para alcançar seu objetivo.

"Tem a ver com as relações que a pessoa estabeleceu ao longo da vida, a partir da infância. Um comportamento que se estrutura até o final da adolescência, início da vida adulta. O relacionamento dela com os pais, com as pessoas que foram importantes na infância e na adolescência acabam gerando essa forma de se comportar", explica Reys. É bom ficar atento às crianças que se tornam muito dependentes de gratificação, pois elas podem se tornar adultos histriônicos.

Consequências sérias

  • Depressão: as frustrações que o histriônico vai acumulando na vida podem levá-lo ao esgotamento e à depressão, que pode ser profunda, pois se agrava com o tempo.
  • Ansiedade: quando não consegue a atenção que tanto deseja, ele vai ficando cada vez mais ansioso
  • Bipolaridade: por viver uma gangorra de emoções, o histriônico pode desenvolver a bipolaridade. Ou seja, viver alternando os estados de euforia e depressão.
  • Transtornos alimentares: A obsessão pela aparência perfeita pode levar o histriônico a ter distúrbios como anorexia e bulimia.

Diante do espelho

Personalidade histriônica - iStock - iStock
Pode até parece autoestima demais, mas não se engane! Normalmente eles precisam da aprovação do outro para se sentir bem
Imagem: iStock

Ao mesmo tempo em que sentem orgulho de sua personalidade e imagem, pessoas com esse transtorno não têm uma autoestima sólida como parece. Precisam da valorização dos outros para mantê-la intacta, caso contrário, ela pode ruir como um castelo de cartas. "É algo muito oscilante porque o histriônico é influenciado pelo que ouve das pessoas. Ele não tem uma instabilidade tão grande da imagem quanto o borderline, mas também não tem uma estabilidade tão grande quanto o narcisista. Nesse sentido, fica no meio do caminho", compara Sassi.

A atenção que ele recebe dos outros funciona como um termômetro que determina se ele se acha o máximo ou a pior das criaturas. Diferente do que acontece com quem não tem o transtorno. "A pessoa que é consciente de suas qualidades, que tem uma autoestima preservada, não precisa ficar buscando a atenção do outro todo o tempo. Geralmente o histriônico tem uma autoimagem prejudicada e tenta, de alguma forma, estabelecer laços carregados com um afeto que não tem tanto a ver com a situação que ela está vivendo naquele momento, com aquela pessoa", distingue Reys.

O histriônico pode até ter explosões de raiva se não conseguir atrair o olhar do outro, embora essa não seja uma característica marcante do transtorno. "Quando ele não está no centro das atenções, pode ficar violento. Para chamar a atenção, pode fazer algo ilegal, perigoso, até machucar outras pessoas", afirma Sassi. Ou ele mesmo. "É possível ter automutilação, bem menor do que o borderline, para chamar a atenção", completa o especialista. Mas não costuma chegar a esses extremos.

Embora faça parte do grupo B dos transtornos de personalidade, caracterizado pela presença de problemas de regulação emocional e de controle de impulsos, o histriônico é considerado o "mais leve" de todos, o que representa menos perigo para si mesmo e para os outros. Ele é movido pela atenção alheia. Quando a conseguem, fica tudo bem. Alguns histriônicos, inclusive, são artistas de sucesso. É um caminho que encontram para usar sua habilidade natural e conseguir a visibilidade que tanto precisam.

O desafio do tratamento

Todos nós queremos ser o centro das atenções em alguns momentos e isso é normal. Afinal, qual noiva não quer os holofotes todos voltados para ela no dia do seu casamento? Ou que profissional não espera o reconhecimento de seu chefe e colegas quando faz um trabalho excepcional na empresa? Um pouco de dramaticidade, idem. Algumas situações da vida pedem que a gente imprima um pouco mais de emoção.

O problema do histriônico é querer ser prestigiado o tempo inteiro, em qualquer situação. Mas ele nunca vai admitir que se comporta assim, nem reconhece que precisa de ajuda. Isso só acontece quando o sofrimento aperta. "Ele costuma procurar ajuda mais pela comorbidade, porque está deprimido e tem a ideia de que o mundo não gosta dele. Um histriônico procura tratamento pela insatisfação, pela tristeza, pelos transtornos alimentares, pelo alcoolismo, uso de drogas e descontentamento com o corpo", resume Sassi. E aí que ele recebe o diagnóstico.

Quando chega a esse estado, precisa de remédios. "A parte psiquiátrica pode ajudar no controle da ansiedade, da depressão, até de forma resolutiva, com medicamentos. Mas para a pessoa perceber seus exageros, o caráter repetitivo e pouco modulável desse comportamento, é necessária uma terapia em longo prazo", ressalta Reys. O tratamento do transtorno em si é feito com psicoterapia.

Uma possibilidade é a psicoterapia dinâmica (que trabalha os problemas psíquicos a partir dos conflitos inconscientes originados na infância, ajudando a pessoa a diminuir sua reatividade emocional). E outra é a cognitivo-comportamental (que ajuda o histriônico a reduzir pensamentos disfuncionais, através da identificação e compreensão dos sentimentos, além de treinamentos). Ele passa a dosar melhor os exageros, aprender um pouco mais com as experiências, ser mais tolerante e menos escravo da aparência e da busca de atenção. Não há cura, mas o tratamento aumenta a qualidade de vida dele e de quem está ao redor.

segunda-feira, 3 de agosto de 2020

Vade In Pace Portugal - A Vida, Infelizmente, Me Obriga A Dizer-lhe Adeus!



(Arisson Marinho/Arquivo CORREIO) 

Luto na Bahia: morre o professor Jorge Portugal, ex-secretário da Cultura

Ele foi admitido 'em estado crítico' no início da tarde e teve falência cardíaca aguda


O ex-secretário estadual da Cultura, professor Jorge Portugal, 63 anos, que estava internado em estado grave no Hospital Geral Roberto Santos (HGRS), em Salvador, morreu na noite desta segunda-feira (03), às 20h15, por falência cardíaca aguda, conforme informado pela assessoria do hospital.

"O Hospital Geral Roberto Santos (HGRS) comunica, com pesar, o falecimento de Jorge Portugal, por volta das 20h15 (horário de Brasília), de falência cardíaca aguda. O professor e ex-secretário de Cultura da Bahia estava internado na unidade de terapia intensiva (UTI) cardiovascular da instituição. A diretoria do HGRS apresenta sua solidariedade aos familiares e amigos ao tempo que se coloca em oração", diz a nota da unidade.

Ele, que completaria 64 anos na próxima quarta-feira (5), foi levado ao local no início da tarde desta segunda-feira (3), pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). Só durante o trajeto, ele sofreu quatro paradas cardíacas.

Segundo a assessoria da unidade, Portugal foi admitido “em estado crítico” e estava em coma induzido até o início da noite. Assim que foi admitido no hospital, foi colhido material para teste RT-PCR, exame que identifica o novo coronavírus, o que tem sido uma medida protocolar.

Jorge Portugal era também compositor, poeta e apresentador. Natural de Santo Amaro, no Recôncavo, Portugal era um compositor e letrista aclamado, com parcerias de sucesso com Roberto Mendes, em ‘Só Se Vê Na Bahia’, e com Raimundo Sodré, em ‘A Massa’.
Deixou a Secretaria da Cultura da Bahia em 2017, alegando questões pessoais e profissionais. Na TV, foi o idealizador e apresentador do programa “Aprovado”, exibido na TV Bahia. 
Emotiva ao atender a ligação, sua esposa Rita Portugal, não pode falar com a reportagem por estar na sala de espera da UTI (Unidade de Terapia Intensiva), onde aguardava mais notícias do marido. “Tô aqui orando”, disse Rita, às 19h50. Menos de 30 minutos depois, veio a notícia de sua morte. 
“Portugal era um dos maiores letristas da música popular brasileira de todos os tempos. Era uma pessoa apaixonada pela Bahia, por Santo Amaro.”, definiu o cantor e compositor J. Velloso, amigo do músico. “Me tornei compositor muito mais pela convivência com Roberto [Mendes] e Portugal do que por ter nascido em uma família de artista. 
“Presenciei pela primeira vez o que era a criação de uma música através do trabalho dele com Roberto. Foi ali que entendi”, relembra Velloso. “A influência dele em minha música sempre permeia, até quando eu não tenho consciência. Ele tinha uma precisão poética e a Bahia era bem pintada pelas palavras de Portugal. A Bahia vai se empobrecer”, reflete o compositor. 
Depois de ter recebido a notícia que ele tinha sido internado, Velloso diz que a música que mais o lembrava de Portugal no momento era “Assim como ela é”, que foi gravada com Roberto Mendes.
O prefeito de Salvador, ACM Neto, lamentou a perda de Portugal em seu Twitter. "A Bahia perde hoje um grande professor, poeta e compositor que trouxe valorosas contribuições para a educação e cultura da nossa terra. Que Deus conforte os familiares e amigos de Jorge Portugal neste momento de profunda dor", escreveu o gestor municipal.
O governador da Bahia, Rui Costa (PT), decretou luto no estado nesta terça-feira (4). “Imensamente entristecidos, lamentamos a morte do ex-secretário de Cultura do Estado Jorge Portugal. Educador, poeta, compositor, Jorge era um homem de múltiplos talentos, exercidos com a energia e a simpatia que inspirava todos à sua volta. Era, antes de tudo, um homem apaixonado pela Bahia e pelo seu povo que estiveram sempre no centro do seu trabalho, fosse como administrador público, professor e artista. Como diz um dos seus versos: “Uma nação diferente, toda prosa e poesia, tudo isso finalmente, só se vê, só se vê na Bahia”. Nossos sentimentos para seus amigos e familiares por essa grande perda”.
O diretor teatral Fernando Guerreiro, presidente da Fundação Gregório de Mattos (FGM), também lamentou a morte do amigo e lembrou que ele é "um cidadão brasileiro, baiano e Santamarense de responsa, esse sempre foi Jorge Portugal. Impossível falar dele sem um sorriso nos lábios, uma leveza na alma e muita poesia no coração. Portugal ressignificou o ensino com sua excepcional  verve comunicativa e valorizou, como ninguém, nosso jeito de ver o mundo e se relacionar com ele. Com sua partida, as palavras perdem seu brilho e a nossa língua perde um de seus melhores tradutores. Vá em paz grande mestre!".