Modernidade líquida: faces da incerteza5
Para Bauman, a contemporaneidade é marcada pela fluidez das relações, pela incerteza de cada ação. Não é possível saber quais serão as consequências de nossos atos e nem mesmo nos preocupamos com os males que podemos causar.
Ao mesmo tempo, nossa vida social se tornou cada vez mais volátil: não temos empregos fixos, não temos comunidades para nos sentirmos seguros, não somos mais apoiados por nenhuma tradição, por nenhuma instituição.
Em Modernidade Líquida, livro lançado em 2000 por Zygmunt Bauman, cada aspecto da contemporaneidade é abordado e destrinchado, para que a fluidez das relações seja vista em âmbitos improváveis e esferas de difícil compreensão.
Para Bauman, a emancipação deixou de ser um imperativo e a vida cotidiana das pessoas passou a atender àquilo que a própria sociedade prometia. É difícil lutar pela libertação num mundo que já parece livre, no entanto, para tratar este assunto, o sociólogo coloca em jogo dois tipos de liberdade: uma subjetiva, que é sentida pelo sujeito e o situa no mundo como alguém que se acha livre ou preso; e outra objetiva, que se refere à possibilidade de conseguir se mover dentro da sociedade sem impedimentos, de conseguir exercer poder sem ser dominado por outros.
A individualidade na modernidade líquida é constituída pelo imperativo do consumo, pela primazia do querer, que é incessante e faz do ato da compra um modus operandi. Isso significa que as identidades são formadas e trocadas na mesma velocidade em que se troca de aparelho eletrônico.
O tempo ultrapassou o espaço em importância e a nova forma de dominação é através da velocidade da informação, da possibilidade de controlar diversas ações em locais diferentes sem se comprometer diretamente com nenhum deles.
Já o trabalho se tornou uma rede fluida de insegurança, na medida em que não é possível estabelecer uma relação de forças minimamente disputável pelos trabalhadores, que estão à mercê das vontades e dos objetivos dos capitalistas.
Por sua vez, a comunidade é somente uma amostra dos processos identitários de individualidade. Ou seja, é tão consumida quanto qualquer identidade na modernidade líquida.
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