Linha entre a vida e a morte está menos clara – brain death
27/08/2013 — Celso Galli Coimbra __Inovações tecnológicas e diferença de procedimentos põem em causa diagnóstico de morte
O diagnóstico de morte não apresentou dúvidas aos médicos durante vários anos. Mas o avanço tecnológico que diariamente invade o mundo está a alterar esta realidade e pode alterar o momento em que, afinal, morremos.
Anestesistas de todo o mundo estão reunidos
num congresso europeu e alguns já pediram um acordo internacional sobre o
quando e como a morte é diagnosticada, informa a BBC.
Dois dos especialistas presentes no encontro defendem que devem ser
criadas directrizes mais precisas e que a pesquisa sobre o tema deve ser
aprofundada. Em causa, estão os raros, mas reais, casos de pessoas que
são pronunciadas mortas, mas que na realidade estão mortas. A
Organização Mundial de Saúde está também à procura de um consenso.Na maior parte dos casos nos hospitais, as pessoas são pronunciadas mortas apenas depois dos médicos examinarem o coração e os pulmões e verificarem que não existe mais bater do coração, respiração ou reação ao mundo exterior.
No entanto, Alex Manara, médico anestesista no Frenchay Hospital em Bristol, alega que existem mais de 30 casos na literatura médica que descrevem casos em que as pessoas foram consideradas mortas, mas na realidade estavam vivas. Casos que levam os especialistas a questionarem a possibilidade dos diagnósticos poderem ser melhorados.
No encontro da Sociedade Europeia de Anestesistas, o clínico afirmou que alguns médicos não observam o corpo tempo suficiente para declarar a morte. Alex Manara pediu um convenção internacional que determine a observação do corpo durante cinco minutos para evitar que erros.
Muitas instituições nos EUA e na Austrália consideram que dois minutos é o mínimo de tempo para observação. Já no Reino Unido e Canadá a recomendação é já de cinco minutos. A Alemanha não aplica uma recomendação e a Itália defende que o tempo de avaliação deve ser de 20 minutos.
Na conferência, Ricardo Valero, professor de anestesia na Universidade de Barcelona, considerou o cenário de doentes que estão nos cuidados intensivos, cujos corações e pulmões funcionavam por estarem ligados às máquinas. Nestes cenários, os médicos usam o conceito de morte cerebral, mas os critérios utilizados variam de país para país.
No Canadá, por exemplo, apenas um médico é necessário para diagnosticar morte cerebral. No Reino Unido, são recomendados dois médicos e em Espanha são precisos três. O número de testes neurológicos e o tempo necessários para determinar a morte também varia.
«Estas variações na prática não são parecem lógicas», defendeu o clínico.
Nenhum comentário:
Postar um comentário