domingo, 19 de abril de 2020

Mais de 300 milhões vivem com infecção crônica por hepatite no mundo, alerta OMS

Mais de 300 milhões vivem com infecção crônica por hepatite no mundo, alerta OMS

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Novos dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que cerca de 325 milhões de pessoas no mundo vivem com infecção crônica pelo vírus da hepatite B (VHB) ou pelo vírus da hepatite C (VHC).
O relatório global sobre hepatites de 2017 indica que a maioria dessas pessoas não tem acesso a testes e tratamentos que podem salvar vidas. Como resultado, milhões de pessoas estão em risco de uma lenta progressão para doença hepática crônica, câncer e morte.
“As hepatites virais são agora reconhecidas como um grande desafio de saúde pública que requer uma resposta urgente”, disse Margaret Chan, diretora-geral da OMS. “Existem vacinas e medicamentos para combatê-la e a OMS está empenhada em ajudar a garantir que essas ferramentas cheguem a todos os que delas necessitam”.

Aumento da mortalidade

As hepatites virais causaram 1,34 milhão de mortes em 2015, número comparável às mortes causadas por tuberculose e HIV. Entretanto, ao mesmo tempo em que a mortalidade por tuberculose e HIV tem diminuído, as mortes por hepatites estão aumentando.
Aproximadamente 1,75 milhão de pessoas foram infectadas com o VHC em 2015, elevando o número total de pessoas vivendo com hepatite C no mundo para 71 milhões.
Embora as mortes globais por hepatite estejam aumentando, novas infecções pelo VHB estão diminuindo graças ao aumento da cobertura vacinal contra o vírus entre crianças.
Mundialmente, 84% das crianças nascidas em 2015 receberam as três doses da vacina recomendadas contra a hepatite B. Entre a era pré-vacina — que, de acordo com o ano de introdução, pode variar desde a década de 1980 até o início dos anos 2000 — e 2015, a proporção de crianças menores de cinco anos com novas infecções caiu de 4,7% para 1,3%. No entanto, estima-se que 257 milhões de indivíduos, em sua maioria adultos nascidos antes da introdução dessa vacina, estavam vivendo com infecção crônica por hepatite B em 2015.

Epidemias em regiões e principais pontos

Os níveis de hepatite B variam amplamente entre as regiões da OMS, com a Região Africana e a Região do Pacífico Ocidental com a maior carga.
-Região do Pacífico Ocidental: 6,2% da população (115 milhões);
-Região Africana: 6,1% da população (60 milhões);
-Região do Mediterrâneo Oriental: 3,3% da população (21 milhões);
-Região Sudeste Asiático: 2% da população (39 milhões);
-Região Europeia: 1,6% da população (15 milhões);
-Região das Américas: 0,7% da população (7 milhões);
Atualmente, as injeções inseguras usadas em cuidados de saúde e o consumo de drogas injetáveis são consideradas as rotas mais comuns de transmissão do VHC. A prevalência da hepatite C nas regiões da OMS é de:
-Região do Mediterrâneo Oriental: 2,3% da população (15 milhões);
-Região Europeia: 1,5% da população (14 milhões);
-Região Africana: 1% da população (11 milhões);
-Região das Américas: 1% da população (7 milhões);
-Região do Pacífico Ocidental: 1% da população (14 milhões);
-Região do Sudeste Asiático: 0,5% da população (10 milhões);

Acesso ao tratamento é baixo

Atualmente, não existe vacina contra o VHC e o acesso ao tratamento para o VHB e VHC ainda é baixo. A Estratégia Global do Setor da Saúde da OMS sobre as hepatites virais tem o objetivo de testar 90% e tratar 80% das pessoas com hepatites B e C até 2030.
O relatório observa que apenas 9% de todas as infecções pelo VHB e 20% de todas as infecções pelo VHC foram diagnosticadas em 2015. Uma fração ainda menor — 8% dos diagnosticados com infecção pelo vírus da hepatite B (1,7 milhão de pessoas) estavam em tratamento e apenas 7% dos diagnosticados com infecção pelo vírus da hepatite C (1,1 milhão de pessoas) haviam iniciado tratamento durante esse ano.
A infecção pelo VHB requer tratamento ao longo da vida e a OMS atualmente recomenda o medicamento tenofovir, já amplamente utilizado no tratamento do HIV. A hepatite C pode ser curada dentro de um tempo relativamente curto usando antivirais de ação direta altamente eficazes.
“Estamos ainda numa fase inicial da resposta às hepatites virais, mas o caminho a seguir parece promissor”, disse Gottfried Hirnschall, diretor do Departamento de HIV e do Programa Global de Hepatites da OMS.
“Mais países estão disponibilizando serviços de hepatite para pessoas necessitadas — um teste de diagnóstico custa menos de US$ 1 e a cura para a hepatite C pode ser inferior a US$ 200. No entanto, os dados destacam claramente a urgência com que devemos resolver as lacunas remanescentes em testes e tratamento.”

Progressos nos países

O relatório global de hepatites da OMS deste ano demonstra que, apesar dos desafios, alguns países estão dando passos bem sucedidos para aumentar a escala dos serviços de hepatites.
A China atingiu uma cobertura elevada (96%) para a dose da vacina contra o VHB após o nascimento e atingiu o objetivo de controlar a hepatite B – menos de 1% de prevalência em crianças com menos de cinco anos em 2015.
A Mongólia melhorou o tratamento da hepatite incluindo VHB e VHC em seu esquema de Seguro Nacional de Saúde, que cobre 98% da população. No Egito, a concorrência genérica reduziu o preço de uma cura de três meses para a hepatite C, de 900 dólares em 2015 para menos de 200 dólares em 2016. Hoje, no Paquistão, o valor é de 100 dólares.
A melhoria do acesso à cura para a hepatite C recebeu um impulso no final de março de 2017, quando a OMS pré-qualificou o ingrediente farmacêutico ativo genérico do sofosbuvir. Este passo permitirá a mais países produzir medicamentos para hepatites a preços acessíveis.
O relatório de 2017 pretende fornecer um ponto de partida para a eliminação das hepatites, indicando estatísticas de base sobre as infecções pelo VHB e VHC, incluindo a mortalidade e os níveis de cobertura de intervenções-chave. As hepatites B e C — os dois principais tipos de cinco diferentes infecções por hepatites — são responsáveis por 96% da mortalidade global pela doença.

Notas aos editores

Semana Mundial da Imunização (24 a 30 de abril): a OMS recomenda a utilização de vacinas contra 26 doenças que incluem três tipos de hepatites virais (A, B e E) evitáveis por vacinação dos cinco tipos de hepatites virais (A, B, C, D, E).
Dia Mundial da Hepatite 2017 e Cúpula Mundial de Hepatites 2017: a OMS e parceiros organizarão duas iniciativas globais de alto nível para defender uma resposta urgente às hepatites virais.
O Dia Mundial da Hepatite será comemorado em 28 de julho sob o tema “Eliminar as hepatites”. A Cúpula Mundial de Hepatites, principal convenção da comunidade mundial sobre hepatites, está sendo co-organizada pela OMS, governo do Brasil e Aliança Mundial contra a Hepatite e será realizada de 1 a 3 de novembro em São Paulo, Brasil.
(Foto de capa do vídeo: Wilson Dias/ABr)

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