domingo, 30 de setembro de 2012


ANEURISMA DA AORTA ABDOMINAL

Pedro Pinheiro - 23 de agosto de 2012 

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O aneurisma é uma dilatação em um segmento de uma artéria, que surge por uma fragilidade da parede da mesma. Ter um aneurisma é sempre um risco, pois uma artéria com uma parede fraca e dilatada apresenta maior probabilidade de se romper, provocando sangramentos volumosos.

O aneurisma da aorta, a maior e mais calibrosa artéria do nosso corpo, ocorre quando uma região deste longo vaso sanguíneo torna-se mais fraco, dilatando-se devido à imensa pressão que o sangue exerce dentro das artérias.

Neste artigo vamos explicar o aneurisma da aorta abdominal, isto é, os aneurismas que surgem no segmento da artéria aorta localizada na região do abdômen. Os aneurismas da aorta torácica serão abordados em um texto à parte.

Se você procura informações sobre aneurismas cerebrais, o seu texto é este: ANEURISMA CEREBRAL | Sintomas e tratamento.

A seguir vamos abordar os seguintes pontos sobre o aneurisma da aorta abdominal:
  • O que é um aneurisma.
  • O que é a artéria aorta.
  • Fatores de risco para um aneurisma de aorta abdominal.
  • Sintomas do aneurisma da aorta.
  • Risco de rompimento de um aneurisma da aorta abdominal.
  • Sintomas do aneurisma da aorta abdominal.
  • Tratamento do aneurisma da aorta abdominal.

O que é um aneurisma

Os aneurismas são definidos como uma dilatação focal em uma artéria, com um aumento de pelo menos 50% do diâmetro normal. Exemplo: uma região com 3 cm em uma artéria que possui 2 cm de diâmetro.

Os aneurismas surgem quando a parede de uma artéria encontra-se doente e enfraquecida. As artérias lidam com pressões sanguíneas muito elevadas e precisam ter paredes fortes e elásticas para não cederem, mesmo quando há um grande aumento da pressão arterial. Se um segmento de uma artéria por algum motivo torna-se mais fraco, a pressão do sangue irá lentamente causar uma dilatação nesta região, podendo, futuramente, atingir seu limite de expansibilidade e romper-se.

Como as artérias transportam grandes volumes de sangue sob elevada pressão, o rompimento de um destes vasos costuma causar intensa hemorragia e elevado risco de morte. Quanto maior for o diâmetro de um aneurisma, maior será o risco do mesmo se romper.

O que é a artéria aorta

A artéria aorta é a maior e mais calibrosa artéria do nosso corpo. A aorta nasce na saída do ventrículo esquerdo do coração, o que significa que ela é o primeiro vaso sanguíneo a receber o sangue bombeado pelo coração. Todo o sangue do organismo obrigatoriamente passa pela artéria aorta antes de ser distribuído para o resto do corpo.

Artéria aorta e aneurisma
Logo após sair do coração, a aorta faz uma grande curva, chamada de arco aórtico, e libera seus primeiros ramos, que irão levar sangue para os membros superiores e para a cabeça. A aorta segue, então, em direção à parte inferior do corpo, atravessando todo o tórax e abdômen.

Conforme a aorta vai descendo, seu diâmetro torna-se pregressivamente menor. Ela nasce na saída do ventrículo esquerdo com cerca de 3,5 cm de diâmetro, diminui para 2,5 cm após o fim do arco aórtico e apresenta cerca de 1,5 cm no segmento já abaixo dos rins.

Conforme a aorta vai descendo, dezenas de ramos vão sendo sendo lançados, de modo a nutrir tecidos e órgãos ao longo do corpo, incluindo intestinos, estômago, baço, fígado, rins, etc. Na parte mais baixa do abdômen, a artéria aórtica bifurca-se, transformando-se nas artérias ilíacas, responsáveis pela irrigação dos membros inferiores e da pelve.

Tecnicamente, a aorta abdominal inicia-se logo após a passagem da artéria pelo diafragma, estrutura que separa fisicamente o tórax do abdômen.

Fatores de risco para aneurisma da aorta abdominal

A maioria dos aneurismas da artéria aorta surge na aorta abdominal. Destes, mais de 90% se localizam abaixo no nível das artérias renais, como na ilustração acima.

O principal fator de risco para um aneurisma de aorta é a idade do paciente. Aneurismas da aorta abdominal são incomuns em pessoas com menos de 50 anos. Sua incidência começa a subir a partir do 60 anos, atingido um pico nos indivíduos entre 75 e 80 anos de idade. Cerca de 10% da população acima dos 60 anos possui um aneurisma da aorta abdominal, todavia, a maioria destes são aneurismas pequenos, com baixo risco de ruptura.

Além da idade, há outros fatores que aumentam o risco de uma pessoa desenvolver um aneurisma da aorta abdominal:
  • Cigarro: fumar aumenta significativamente o risco de aneurismas da aorta. Mais de 75% dos aneurismas de grande porte ocorrem fumantes. O risco está diretamente relacionado à quantidade e ao tempo de tabagismo.
  • Sexo: homens apresentam de quatro a seis vezes mais riscos de desenvolverem aneurismas da aorta do que as mulheres.
  • Etnia: caucasianos (brancos) são o grupo com maior risco de desenvolver aneurismas da aorta.
  • História familiar: há uma clara associação genética no risco de desenvolver um aneurisma da aorta. Quem tem um familiar próximo com história de aneurisma da aorta abdominal apresenta maior risco de também tê-lo.
  • Obesidade: pacientes obesos apresentam maior risco.
  • Aneurismas em outras artérias: pacientes que possuem aneurismas em outras artérias do corpo, principalmente nos membros inferiores, apresentam elevado risco de também desenvolverem aneurismas na aorta abdominal.
Algumas doenças também estão mais relacionadas ao desenvolvimento de aneurismas da aorta abdominal, entre elas podemos citar:

- Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) (leia: DPOC | Enfisema pulmonar e bronquite crônica).
- Hipertensão, princialmente se grave e não bem controlada (leia: HIPERTENSÃO ARTERIAL | Sintomas e tratamento).
- Doença coronariana (leia: INFARTO DO MIOCÁRDIO | Causas e prevenção).
- Colesterol elevado (leia: COLESTEROL HDL | COLESTEROL LDL | TRIGLICERÍDEOS).
- Vasculites (leia: VASCULITE | Causas e sintomas).
- Síndrome de Marfan.
- Síndrome de Ehlers-Danlos.

Risco de rompimento de um aneurisma da aorta abdominal

É importe realçar que nem todo aneurisma da aorta abdominal encontra-se sob risco de rompimento a curto prazo. Dois fatores devem ser sempre observados quando se avalia o risco de rotura de um aneurisma: tamanho e velocidade de crescimento.

Estudos demonstram que aneurismas com diâmetro menor que 4 cm não apresentam risco de ruptura e aneurismas com até 5,5 cm apresentam risco muito baixo. As chances de um aneurisma de aorta abdominal se romper no intervalo de 1 ano são as seguintes:

- 0% para aneurismas menores que 4,0 cm de diâmetro.
- 0,5 a 5% para aneurismas entre 4,0-4,9 cm de diâmetro.
- 3 a 15% para aneurismas entre 5,0-5,9 cm de diâmetro.
- 10 a 20% para aneurismas entre 6,0-6,9 cm de diâmetro.
- 20 a 40% para aneurismas entre 7,0-7,9 cm de diâmetro.
- 30 a 50% para aneurismas a partir de 8,0 cm de diâmetro.

Em relação à velocidade de expansão dos aneurismas, sabemos que aqueles que crescem cerca de 0,5 cm em seis meses também apresentam elevado risco de se romperem.

Sintomas do aneurisma da aorta abdominal

A maioria dos aneurismas da aorta abdominal são pequenos e não causam nenhum sintoma. Na verdade, a maioria das pessoas que possui um aneurisma não sabe que o tem. Muitos aneurismas da aorta são descobertos por acidente durante a realização de uma ultrassonografia ou tomografia computadorizada do abdômen solicitada por algum outro motivo médico.

Conforme o aneurisma cresce, alguns sinais e sintomas podem começar a ser perceptíveis. Cerca de 30% dos aneurismas são descobertos após a detecção de uma pequena massa pulsante perto do umbigo. Alguns aneurismas podem causar dor no abdômen ou nas costas, e acabam por serem diagnosticados durante a investigação desta dor.

Infelizmente, a maioria dos aneurismas cresce sem causar sintomas e o paciente pode só descobrir a lesão na aorta quando esta se rompe. O rompimento de uma aneurisma da aorta abdominal costuma provocar intensa dor abdominal e evoluir rapidamente para choque circulatório devido à grande perda sanguínea. Cerca de 65% dos pacientes falecem antes mesmo de conseguirem chegar ao hospital. Em alguns casos, porém, o sangramento de um aneurisma roto pode ser temporariamente contido por algumas estruturas intra-abdominais, dando tempo do paciente receber atendimento médico.

Tratamento do aneurisma da aorta abdominal

A correção de um aneurisma da aorta abdominal é feita através de cirurgia. Uma vez que a rotura tenha ocorrido, a taxa de sucesso é muito menor do que se a cirurgia tivesse sido realizada eletivamente, antes do rompimento. O objetivo do tratamento, portanto, é corrigir o aneurisma antes da sua rotura

Mas todos os aneurismas da aorta abdominal precisam ser operados?

A resposta é não. A reparação cirúrgica de um aneurisma é uma complexa cirurgia e traz riscos. A cirurgia está indicada nos casos em que o risco de rotura do aneurisma a curto prazo é maior que os risco da cirurgia em si. Portanto, a cirurgia geralmente não é aconselhável se você tiver um aneurisma menor que 4,0 cm de diâmetro. Nestes casos o paciente deve apenas realizar ultrassonografias abdominais regularmente (a cada 6 meses) para confirmar que o aneurisma encontra-se estável, sem crescimento e sem risco de rotura a curto prazo.

Pacientes com um aneurisma entre 4,0 e 5,5 cm devem discutir suas opções com seu médico. A melhor solução irá depender do risco cirúrgico do paciente e do risco de rotura a curto prazo do aneurisma. Nestes casos, as características que influenciam na decisão incluem:

- O tamanho e a taxa de crescimento da aneurismas.
- Presença de dor abdominal.
- A existência de outros aneurismas.
- Risco cirúrgico. Os pacientes com múltiplas doenças, cujo risco cirúrgico é elevado, devem preferencialmente evitar a cirurgia.

Nos pacientes em que a cirurgia está indicada, existem duas opções cirúrgicas.

A cirurgia tradicional consiste na remoção de todo o segmento aneurismático e substituição por um enxerto (prótese). Esta é uma operação de grande porte e, como já referido, traz alguns riscos. No entanto, ela é bem sucedido na maioria dos casos. O enxerto geralmente funciona bem para o resto da vida do paciente.

A cirurgia tradicional leva de 4 a 6 horas e é feita sob anestesia geral (leia: ANESTESIA GERAL | Quais os riscos?). Após a cirurgia, o paciente é levado para a unidade de terapia intensiva para monitoramento (leia: ENTENDA O QUE ACONTECE COM OS PACIENTES NA UTI). Os pacientes geralmente são capazes de ter alta hospitalar depois de quatro a sete dias, e podem retomar suas atividades normais em cerca de quatro a seis semanas.

Um procedimento cirúrgico mais recente e menos invasivo, chamado reparação endovascular tem apresentado sucesso na reparação dos aneurismas da aorta. Nesta técnica, um enxerto (stent) é levado até o local do aneurisma através da cateterização de uma artéria dos membros inferiores, geralmente a artéria femural. A técnica é semelhante à implantação de stents no cateterismo cardíaco (leia: CATETERISMO CARDÍACO | ANGIOPLASTIA | STENT).

A técnica endovascular é mais segura, pois não é exatamente uma cirurgia. O processo habitualmente leva de 1 a 3 horas e os pacientes costumam deixar o hospital dentro de 1 ou 2 dias. As atividades normais podem ser retomadas de 2 a 6 semanas.

Mas nem tudo é perfeito. Há menos experiência, menos dados sobre resultados a longo prazo e a taxa de sucesso da técnica endovascular não é tão alta quando a da cirurgia aberta. Além disso, com o tempo, o stent pode sair do lugar, obrigando a realização de um novo procedimento.

Atualmente os stents são mais indicados em pacientes idosos, com múltiplas condições médicas que aumentam o risco da cirurgia convencional.


Leia o texto original no site MD.Saúde: ANEURISMA DA AORTA ABDOMINAL http://www.mdsaude.com/2012/08/aneurisma-da-aorta-abdominal.html#ixzz27z9AZn7M

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

ROBERTO CARLOS - CAVALGADA 1979 (Vídeo Raro) - HD

O Amor Romântico Prega Coisas Mentirosas, Diz Psicanalista


O Amor Romântico Prega Coisas Mentirosas, Diz Psicanalista


O amor. Um dia ele chega para todo mundo, acredite você leitor (leitora), ou não. Na contemporaneidade, o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, em seu livro “O Amor Líquido”, transforma a célebre frase marxista – “tudo que é sólido se desmancha no ar” – em ponto de partida para debater a fragilidade dos laços humanos e lançar o conceito de “líquido mundo moderno”.

Em síntese, o autor traz uma reflexão crítica de como esse mundo “fluido”, uma das principais características dos compostos líquidos, fragilizou os relacionamentos humanos. O sociólogo observa que o amor tornou-se, na sociedade moderna, como um passeio no shopping center – ícone do capitalismo – e como tal deve ser consumido instantaneamente e usado uma só vez, sem preconceito. É o que considera a sociedade consumista do amor.
Pois bem, é nesta linha fluida, sem preconceito e destarte liberal, com frases como “Ter parceiro único pode se tornar coisa do passado" e “Variar é bom, todo mundo gosta”, que a psicanalista e escritora Regina Navarro Lins, crítica do que considera “amor romântico”, lança os dois volumes do “O Livro do Amor” (Editora Best Seller, 364 páginas). Entre os seus dez livros, destaca-se também “A cama na varanda”.
Psicanalista há 39 anos, Lins acredita que as pessoas ainda sofrem muito por causa dos desejos, medos, culpas e frustrações. O Livro do Amor é um estudo que começa desde a pré-história, seguindo por todos os períodos da humanidade, até chegar à atualidade. “Descobri coisas muito interessantes, como que o amor é uma construção social, de que em cada época ele se apresenta de uma forma. Na Grécia era diferente da idade média”, avalia.
No século XX, o livro é divido em três partes. Para a psicanalista o que mudou o amor na contemporaneidade foram duas invenções: o automóvel e o telefone. “Pela primeira vez na história as pessoas puderam marcar encontro pelo telefone, mesmo com os moralistas defendendo que era uma indecência a voz do homem entrar pelo ouvido da mulher”, lembrou.
Regina Navarro Lins acredita que muito dos nossos comportamentos atuais tem origem em períodos históricos passados, como o “amor romântico”, surgido lá..., no século XII. “Eu aponto também as tendências de como o amor está se transformado. A repressão diminuiu, ainda bem. O sexo é da natureza, é desejável, mas a nossa cultura judaico-cristã, sempre viu o sexo com maus olhos. Nos últimos dois mil anos foi visto como algo abominável, a repressão sexual foi horrorosa”, apontou.
Sobre o tão alardeado amor romântico, Lins inicia sua crítica observando o caráter sub-humano que foi atribuído a mulher ao longo dos anos. “A mulher foi considerada incompetente e burra. O cavalheirismo é uma ideia péssima para as mulheres. Gentileza é outra coisa. O cavalheirismo implica sempre em o homem tratar a mulher como se ela fosse incompetente. Não tem sentido, se observarmos como a mulher foi considerada no passado, até hoje pessoas defenderem a ideia de que a mulher não pode puxar uma cadeira”, comparou a psicanalista.
Regina Navarro defende também que o amor romântico é baseado na idealização do outro, a invenção de uma pessoa, atribuindo a ela características que não tem. “Depois passa a vida ‘azucrinando’ o outro para mudar o jeito de ser, para se enquadrar naquilo que se imaginou.
Esse tipo de amor prega coisas mentirosas, como de que não existe desejo por mais ninguém, de que os amados vão se completar e nada mais vai faltar, que um terá todas as suas necessidades completadas pelo outro. É um amor prejudicial, o que critico é o que ele propõe. As pessoas só vão viver bem em um relacionamento se tiver a liberdade de ir e vir”, observou.
E sobre o ciúme? Para a psicanalista, aceitar o ciúme como algo natural é limitador para a vida. “Sofre o ciumento é quem é o alvo do ciúme. Eu nunca vi uma relação boa, quando as pessoas tem ciúme do outro. Na nossa cultura, aprendemos que quem ama sente ciúme, o que é um equivoco. Daqui a uns 30 ou 40 anos as relações serão muito mais frouxas, as pessoas não vão querer se fechar em uma relação a dois. Com o amor romântico saindo de cena, termina essa exclusividade que só se tem olhos para o outro”, prevê Lins.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Mães se Preocupam Muito com a Saúde e Pouco com a Socialização dos Filhos, Segundo Pesquisa



Mães se Preocupam Muito com a Saúde e Pouco com a Socialização dos Filhos, Segundo Pesquisa

Para as mães de crianças menores de três anos, cuidar da saúde do filho é muito mais importante do que dar carinho, brincar ou conversar com ele. Esse é o resultado de uma pesquisa realizada pelo Ibope que ouviu mais de 2 mil pessoas em 18 capitais brasileiras.
Quando perguntadas sobre o que é importante para o desenvolvimento da criança de zero a três anos, 51% delas responderam que a principal contribuição é levar ao pediatra regularmente e dar as vacinas. O porcentual de quem acredita na importância de brincar, passear e conversar cai para 19% e fica menor ainda se forem considerados os que defendem a necessidade da socialização com outras crianças: 8%.
— Isso mostra como a questão da saúde está bem resolvida - e é muito bom que esteja -, mas ainda precisamos avançar muito em relação aos fatores emocionais e comportamentais. Os pais ainda desconhecem a importância de estabelecer os vínculos afetivos e, consequentemente, os danos que podem haver quando se ignora o potencial de aprendizagem da primeira infância — diz Saul Cypel, neuropediatra e consultor da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal (FMCSV).
A fundação apresentou a pesquisa em um simpósio internacional sobre a primeira infância que promoveu em São Paulo. Os números mostram o desconhecimento dos pais: grande parte dos entrevistados acha que sentar, falar e andar são sinais mais claros do desenvolvimento infantil do que a criança ser capaz de interagir ou estranhar pessoas distantes; mais de 50% dos entrevistados acreditam que o bebê só tem capacidade de aprender a partir dos 6 meses.
— Precisamos de uma campanha que diga: "nasceu, começou a aprender". Sem isso, corremos o risco de perpetuar um cuidado instintivo que se preocupa com a sobrevivência, mas se esquece da dimensão ética, dos valores — diz Yves de La Taille, da Faculdade de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP).
Trabalho integrado
O caminho para essa conscientização passa pela criação de políticas públicas que unam as Secretarias de Saúde, Educação e Assistência Social, diz Eduardo Marino, gerente de avaliação da fundação.
Desde 2009, a fundação tem trabalhado com seis municípios na implementação de ações simples, porém eficazes. O trabalho abrange a criação de espaços lúdicos nos quais as crianças possam brincar e interagir com seus pais e cuidadores, encontros de reflexão interativa com a família e um pré-natal que inclua não só questões biológicas, mas também outros aspectos relevantes do desenvolvimento infantil e — muito importante a partir dos resultados desta pesquisa —, a ampliação do tempo da consulta pediátrica.
— Já que 79% das mães recorrem ao pediatra nos momentos de dúvida, é importante que esses profissionais assumam um papel que vá além do diagnóstico físico. Com uma consulta estendida, ele pode orientar sobre a importância dos momentos de lazer, do afeto — resume Cypel.
Por enquanto, os pais têm sido norteados por um censo comum que não difere escolaridade nem classe social: 55% das mães e gestantes acreditam que deixar as crianças assistirem a desenhos ou a programas infantis ajuda no desenvolvimento.
— A gente propõe, nessa etapa, atividades em que a criança se movimente, interaja, brinque, faça atividades artísticas, ao ar livre. Isso tem um papel muito mais importante. Ainda que a TV seja uma possibilidade cotidiana, o uso tem de ser muito cauteloso no sentido do tempo gasto e do que é proposto — diz a diretora da Escola Santi, Adriana Cury.
Pais ausentes
A figura paterna deixa a desejar na criação dos filhos pequenos. Na parte qualitativa da pesquisa, realizada com mães e gestantes, o papel do pai é muito valorizado, tanto na gestação (94%) quanto na criação dos filhos (92%).
Porém, na prática é muito diferente. Apenas 41% dessas mulheres afirmaram que os pais participam ou participaram ativamente da gestação e 51% das grávidas vão sozinhas às consultas. Somente 47% dos pais atuam efetivamente na criação dos filhos, nos cuidados, nas consultas ao pediatra e nas vacinas. Além disso, o tradicional papel de impor limites não é cumprido. Menos da metade (43%) assume essa responsabilidade.
— Se não é pelo instinto que move as mulheres, ao menos pela importância da questão ética os pais precisam participar — pondera Yves de La Taille, da Faculdade de Psicologia da USP.
Mesmo sem a ajuda do marido e tendo de trabalhar (55% das entrevistas estão empregadas), a creche não é vista com bons olhos: 57% acham que a casa é o melhor lugar para a criança se desenvolver.

domingo, 16 de setembro de 2012


Mesmo sem definir mensalão, STF já condenou dez réus

Mesmo sem definir mensalão, STF já condenou dez réusFoto: Divulgação

ATÉ AGORA, APENAS TRÊS FORAM ABSOLVIDOS: O EX-MINISTRO LUIZ GUSHIKEN, A EX-DIRIGENTE DO BANCO RURAL AYANNA TENÓRIO E A EX-GERENTE FINANCEIRA DA SMP&B GEIZA DIAS; NESTA SEGUNDA, COMEÇAM VOTOS DE CAPÍTULOS QUE ENVOLVEM INTEGRANTES DO PT

16 de Setembro de 2012 às 18:11
Débora Zampier, da Agência Brasil- A visão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a existência do mensalão, principal questão da Ação Penal 470 respondida a partir desta segunda-feira 17, não mudará a situação de dez réus que já foram condenados por diversos crimes. Até agora, apenas três foram absolvidos: o ex-secretário de Comunicação Social da Presidência da República Luiz Gushiken, a ex-dirigente do Banco Rural Ayanna Tenório e a ex-gerente financeira da SMP&B Geiza Dias.
Os ministros já reconheceram que houve desvio de dinheiro público no fundo Visanet e na Câmara dos Deputados, gestão fraudulenta no Banco Rural e lavagem de dinheiro para ocultar a origem e o destino de recursos movimentados pelas empresas de Marcos Valério. Agora analisarão se a verba foi usada para comprar o apoio de parlamentares ou se os valores recebidos pelos políticos eram referentes à quitação de dívidas de campanha assumidas pelo PT.
Vários réus que figuram no sexto capítulo, etapa analisada a partir desta segunda-feira, já foram considerados culpados em outras fases do julgamento. É o caso de Marcos Valério, Ramon Hollerbach e Cristiano Paz, condenados por corrupção ativa, peculato e lavagem de dinheiro; e de Rogério Tolentino e Simone Vasconcelos, condenados por lavagem de dinheiro.
Depois desta etapa, o STF terá que analisar mais três capítulos: o sétimo, sobre lavagem de dinheiro, envolvendo integrantes do PT e um ex-ministro dos Transportes; o oitavo, sobre evasão de divisas e lavagem de dinheiro, envolvendo o publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, e o segundo, sobre formação de quadrilha.
Até o final do julgamento, os ministros podem mudar de ideia sobre condenação proferida em capítulo anterior ou ainda sobre a fundamentação de seu voto. A proclamação definitiva do resultado, com as penas aplicadas a cada réu, só serão conhecidas no final do julgamento, em meados de outubro.
Confira os réus que já foram condenados na Ação Penal 470:
1) João Paulo Cunha: corrupção passiva (2 a 12 anos de prisão), peculato (2 a 12 anos de prisão), lavagem de dinheiro (3 a 10 anos de prisão)
2) Henrique Pizzolato: corrupção passiva (2 a 12 anos de prisão), peculato (2 a 12 anos de prisão), lavagem de dinheiro (3 a 10 anos de prisão)
3) Marcos Valério: corrupção ativa (2 a 12 anos de prisão), peculato (2 a 12 anos de prisão), lavagem de dinheiro (3 a 10 anos de prisão)
4) Cristiano Paz: corrupção ativa (2 a 12 anos de prisão), peculato (2 a 12 anos de prisão), lavagem de dinheiro (3 a 10 anos de prisão)
5) Ramon Hollerbach: corrupção ativa (2 a 12 anos de prisão), peculato (2 a 12 anos de prisão), lavagem de dinheiro (3 a 10 anos de prisão)
6) Rogério Tolentino: lavagem de dinheiro (3 a 10 anos de prisão)
7) Simone Vasconcelos: lavagem de dinheiro (3 a 10 anos de prisão)
8) Kátia Rabello: gestão fraudulenta de instituição financeira (3 a 12 anos de prisão), lavagem de dinheiro (3 a 10 anos de prisão)
9) José Roberto Salgado: gestão fraudulenta de instituição financeira (3 a 12 anos de prisão), lavagem de dinheiro (3 a 10 anos de prisão)
10) Vinícius Samarane: gestão fraudulenta de instituição financeira (3 a 12 anos de prisão), lavagem de dinheiro (3 a 10 anos de prisão)

Exame de Ordem - Luiz Flávio Gomes defende fim do exame da OAB de aluno aprovado no TCC e exame periódico para Advogados


Quarta-feira, 12 de Setembro de 2012


 
Exame de Ordem - Luiz Flávio Gomes defende fim do exame da OAB de aluno aprovado no TCC e exame periódico para Advogados



Brasília – Especializada na oferta de cursos preparatórios para carreiras públicas e exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Rede de Ensino LFG, que é pioneira no ensino via satélite, que permite a transmissão de aulas, ao vivo, para todos os Estados brasileiros.

O fundador da Rede de Ensino LFG, professor e formador de opinião Luiz Flávio Gomes, concede entrevista para o site Justiça em Foco, e logo abaixo é possível conferir o áudio da entrevista realizada pela jornalista Cristiane Batista.

Na entrevista, ele defende a manutenção do Exame de Ordem, porém, acredita que poderia haver uma mudança na lei, para conceder a carteira da OAB, aos alunos aprovados no Trabalho de Conclusão de Curso – TCC, com supervisão da OAB.
O professor Luiz Flávio Gomes concorda com a sugestão do Dr. Rubens Teixeira que, em entrevista ao site Justiça em Foco defende o exame de ordem periódico para todos os Advogados, como garantia de que os profissionais estariam atualizados.



Com o passar do tempo parece que cada vez mais fica claro que o Exame de Ordem, na forma em que se encontra, não é razoável.

Torçamos para que esse debate se intensifique.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Antidepressivos


Antidepressivos


 Joviane Moura 
O local de ação das drogas antidepressivas será nos sistemas noradrenérgico o serotoninérgico do Sistema Límbico. Os antidepressivos atuam no sentido de tentar normalizar as sinapses neuronais a partir do aumento de neurotransmissores (principalmente serotonina - 5-HT -, e noradrenalina ou norepinefrima – NE - e da dopamina - DA) disponível nas fendas sinápticas, bloqueando a recaptação dos mesmos pela membrana pré-sináptica.
O aumento de neurotransmissores na fenda sináptica se dá através do bloqueio da recaptação da noradrenalina e da serotonina no neurônio pré-sináptico ou ainda, através da inibição da Monoaminaoxidase (MAO) que é a enzima responsável pela inativação destes neurotransmissores.
Os primeiros sintomas que apresentam melhora são frequentemente o sono e os padrões de apetite. Agitação, ansiedade, episódios depressivos e falta de esperança são os próximos sintomas a apresentarem melhora. Outros sintomas-alvo incluem baixa energia, fraca concentração, sensações de impotência e diminuição da libido (Kaplan, Sadock, 1997).
A abordagem dos transtornos depressivos deve considerar aspectos relacionados à resposta – a melhora clínica evidenciada por redução maior ou igual a 50% de pontuação em escalas de avaliação padronizada, como a Escala de Depressão de Hamilton (HAM-D) ou a Escala de Depressão de Montgomery Asberg (MADRS).
A resposta terapêutica é classificada de acordo com critérios temporais em remissão e recuperação. Remissão completa dos sintomas é considerada quando a pontuação na Escala de Hamilton é menor ou igual a sete (HAM ≤ 7) por mais de duas semanas ou menos de seis meses. A recuperação indica a apresentação assintomática (HAM- D ≤ 7) por mais de seis meses.
No acompanhamento da resposta terapêutica é importante considerar as recaídas e as recorrências. Recaída é o retorno do episódio depressivo durante a resposta terapêutica, ou mesmo após a remissão e antes da recuperação. A recorrência é o aparecimento do episódio após a recuperação (Demétrio, Minotogawa, Rocco, 2005).
O risco de suicídio deve ser sempre considerado em pacientes com transtorno de humor. A maior parte dos antidepressivos são letais, se tomados em grandes quantidades.
As drogas tricíclicas, as drogas tetracíclicas estreitamente relacionadas e os inibidores da monoaminoxidade (IMAOs) são as drogas antidepressivas clássicas. Os antidepressivos variam em seus efeitos farmacológicos. Segundo Kaplan e Sadock (1997) esta variabilidade é a base para que pacientes individuais respondam a um antidepressivo, mas não a outros. A variação é também a base para os diferentes efeitos colaterais.
A maioria dos clínicos escolhe uma droga tricíclica ou tetracíclica ou um dos ISRSs como primeira opção no tratamento do transtorno depressivo. Os tricíclicos e os tetracíclicos são escolhidos em virtude do nível de familiaridade com essas drogas mais antigas, além de serem mais baratas. Os ISRS são escolhidos porque são muito melhor tolerados.
Podemos dividir os antidepressivos em 4 grupos: Antidepressivos Tricíclicos (ADT); Inibidores da Monoaminaoxidase (IMAO); novos antidepressivos; Inibidores Seletivos de Recaptação da Serotonina.

Antidepressivos Tricíclicos (ADT)

O local de ação dos antidepressivos tricíclicos é no Sistema Límbico aumentando a noradrenalina e a serotonina na fenda sináptica. Este aumento da disponibilidade dos neurotransmissores na fenda sináptica é conseguido através da inibição na recaptação destas aminas pelos receptores pré-sinápticos.
Ballone,(2005) diz que enquanto os efeitos terapêuticos exigem um período de latência, o mesmo não acontece com os efeitos colaterais. Estes aparecem imediatamente após a ingestão da droga e são responsáveis pelo grande número de pacientes que abandonam o tratamento antes dos resultados desejados.
Bollone (2005) aponta como principais efeitos colaterais sintomas oftalmológicos, gastrintestinais, cardiovasculares, problemas urinários e dificuldades sexuais e ainda alterações no sistema nervoso central.
Dificuldade de acomodação visual dependendo da dose do ADT, fato que não chega a ser importante a ponto de obrigar uma interrupção no tratamento. Midríase (dilatação da pupila) também é uma ocorrência que pode ser observada.
Secura na boca ocorre em quase 100% dos pacientes em doses terapêuticas dos ADT. Em casos mais severos pode ocorrer gengivite e glossite. Constipação intestinal também acontece em quase 100% das vezes e é resolvido com a mudança no hábito alimentar ou com a utilização de laxantes.
Podem provocar, principalmente no início do tratamento, um aumento na freqüência cardíaca. Outro efeito circulatório que pode aparecer é a ocorrência de hipotensão postural, também é suportável e que não exige mudança na posologia.
Pode ocorrer retenção urinária, principalmente em pacientes homens e portadores de adenoma de próstata. Com muita freqüência é registrada disúria em ambos os sexos. Pode ocorrer uma diminuição do interesse sexual e retardamento do orgasmo e mais raramente, anorgasmia (em ambos sexos).
Sedação e sonolência são encontradas no início do tratamento, diminuindo sensivelmente após os seis primeiros dias. Em doses terapêuticas a insônia, agitação e aumento da ansiedade não são comuns de se observar. Em pacientes mais idosos pode ocorrer a chamada "síndrome anticolinérgica central" com agitação, confusão mental, delírios e alucinações. Daí considerar-se a utilização de doses menores em tais pacientes. Em pessoas predispostas podem ocorrer convulsões do tipo generalizadas devido ao fato dos ADT diminuírem o limiar convulsígeno (Bollone, 2005).
Sinais de intoxicação começam a aparecer quando a ingestão de ADT ultrapassa 500 mg/dia, porém, a dose letal e maior que isso: varia entre 1.800 e 2.500 mg. Na intoxicação por ADT podemos encontrar agitação ou sedação, midríase, taquicardia, convulsões generalizadas, perda da consciência, depressão respiratória, arritmia cardíaca, parada cardíaca e morte. Tendo em vista a grande afinidade protéica dos ADT, sua eliminação por diálise ou diurese é muito difícil. Nos casos de intoxicação está indicado o uso de anticolenesterásicos (Prostigmina IM ou EV) e medidas de sustentação geral.
Indicações
Os ADT, em geral, estão indicados para tratamento dos estados depressivos de etiologia diversa: depressão associada com esquizofrenia e distúrbios de personalidade, síndromes depressivas senis ou pré-senis, distimia, depressão de natureza reativa, neurótica ou psicopática, síndromes obsessivo-compulsivas, fobias e ataques de pânico, estados dolorosos crônicos, enurese noturna (a partir dos 5 anos e com prévia exclusão de causas orgânicas).
A Amitriptilina (Tryptanol®) está mais indicada também para os casos de ansiedade associados com depressão, Depressão com sinais vegetativos, Dor neurogênica, Anorexia e nos casos de dor crônica grave (câncer, doenças reumáticas, nevralgia pós-herpética, neuropatia pós-traumática ou diabética).
A Maprotilina (Ludiomil®), embora seja descrito pelo fabricante como tetracíclico, não se justifica uma abordagem em separado dos tricíclicos. Tem melhor indicação na depressão de início tardio (involutiva ou senil), depressão na menopausa e na depressão por exaustão (esgotamento).
Alguns autores indicam a maprotilina para os casos de Depressão. Também é útil na depressão com ansiedade subjacente, devido sua capacidade sedativa (como a Amitriptilina).

Inibidores Seletivos de Recaptação da Serotonina (ISRS)

Os antidepressivos que são Inibidores Específicos da Recaptação da Serotonina (ISRS) são aqueles que não interferem ou interferem pouco nos demais neurotransmissores além da serotonina (5HT). O efeito antidepressivo dos ISRS parece ser conseqüência do bloqueio seletivo da recaptação da serotonina (5-HT).
Os ISRS apresentam um perfil de efeitos colaterais mais bem tolerado por muitos pacientes, e são mais seguros e de baixa toxicidade, o que favorece seu uso por pacientes idosos e/ou com elevado risco suicidam (Demétrio, Minotogawa, Rocco, 2005). A incidência de efeitos colaterais anticolinérgicos, antihistamínicos e alfa-bloqueantes, assim como o risco de soperdosagem é menor nos ISRS que nos chamados antidepressivos tricíclicos (ADT).
A fluoxetina foi o primeiro representante dessa classe de antidepressivos. As doses dos ISRS devem ser individualizadas para cada paciente.
Os principais representantes desse grupo são: citalopram (Cipramil, Parmil); fluoxetina (Daforim, Deprax, Fluxene, Nortec, Prozac, Verotina); nefazodona (Serzone); paroxetina (Aropax, Pondera, Cebrilin); sertralina (Novativ, Tolrest, Zoloft).
Fluoxetina tem se associado a alguns casos de acatisia, especialmente quando a dose é muito alta, e a estimulação do sistema nervoso central parece maior com a fluoxetina que com outros ISRS. A fluvoxamina parece produzir mais intolerância digestiva, sedação e interações farmacológicas que outros ISRS. A paroxetina origina mais sedação (também a fluvoxamina), efeitos anticolinérgicos e extrapiramidais que outros ISRS. Tem-se relatado sintomas de abstinência com a supressão brusca do tratamento com a paroxetina e com a venlafaxima.
Os ISRS estão indicados para o tratamento dos Transtornos Depressivos, Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), Transtorno do Pânico, Transtornos Fóbico-Ansiosos, neuropatia diabética, dor de cabeça tensional crônica e Transtornos Alimentares. Nos casos de Depressão Grave com Sintomas Psicóticos, alguns fabricantes de ISRS não recomendam essas drogas.
Os ISRS estão aprovados pela FDA (Food and Drug Administration, EUA) para tratamento de depressão (fluoxetina, paroxetina, sertralina, e recentemente o citalopram), transtorno obsessivo-compulsivo (fluoxetina, paroxetina, sertralina e fluvoxamina), transtorno do pânico (paroxetina), bulimia (fluoxetina) e fobia social (paroxetina) (Demétrio, Minotogawa, Rocco, 2005).
A fluoxetina tem ação anorexígena com uma discreta redução do peso corporal durante seu uso. Nos pacientes sensíveis pode ocorrer rash cutâneo, urticária, incluindo febre, leucocitose e artralgias, edema. Esses sintomas de hipersensibilidade são extremamente raros.

Novos antidepressivos

São os antidepressivos que não se caracterizam como Tricíclicos, como ISRS e nem como Inibidores da MonoAminaOxidase (IMAOs). Alguns deles aumentam a transmissão noradrenérgica através do antagonismo de receptores a2 (pré-sinápticos) no Sistema Nervoso Central, ao mesmo tempo em que modulam a função central da serotonina por interação com os receptores 5-HT2 e 5-HT3 (Ballone, 2005).
As melhoras sintomáticas poderão ser observadas a partir do 3º ao 5º dias e sobre o sono REM a partir do 20º dia de tratamento em posologia suficiente.
Fluvoxamina (Luvox); mianserina (Tolvon); mirtazapina (Remeron); reboxetina (Prolift); tianeptina (Stablon); trazodona (Donaren); venlafaxina (Efexor); duloxetina (Cymbalta).
Antidepressivos Inibidores da Monoamina Oxidase (IMAOs)
Os antidepressivos Inibidores da Monoamina Oxidase (MAO) promovem o aumento da disponibilidade da serotonina através da inibição da enzima responsável pela degradação desse neurotransmissor intracelular.
A monoaminoxidase (MAO) é uma enzima envolvida no metabolismo da serotonina e dos neurotransmissores catecolaminérgicos, tais como adrenalina, noradrenalina e dopamina. Os antidepressivos IMAOs são inibidores da MAO, ocasionando um aumento da concentração destes neurotransmissores nos locais de armazenamento, em todo o sistema nervoso central ou no sistema nervoso simpático. Acredita-se também que a ação antidepressiva dos IMAOs se correlacione com alterações nas características dos neuroreceptores, alterando o número e a sensibilidade desses receptores, o que explicaria o atraso de 2 a 4 semanas na resposta terapêutica.
Tranilcipromina (Parnate, Stelapar); moclobemida (Aurorix); selegilina (Elepril, Jumexil).
Indicações: estados depressivos; estados ansiosos; estados fóbicos; transtorno obsessivo-compulsivo; anorexia; bulimia; estados hipercinéticos; somatizações; ejaculação precoce; transtornos psicossomáticas; enxaqueca; dores neurogênicas.
A moclobemida tem ação seletiva de inibição reversível de MAO-A, com eficácia comparável a todos os tipos de antidepressivos convecionais e oferece menos rsico de interação com outros medicamento e alimentos. A tranilcipromina é o único Imao irreversível comercializado no Brasil; pode causar insônia e ativação, por isso sugere-se o uso antes da 16 horas; pode estar associado a maior chance de interação com outros medicamentos e alimentos.
Para depressões cronificadas e para distimia a eficácia dos IMAOs paraece ser superior ao dos ADTs. Os IMAOs também apresentam maior eficácia em pacientes bipolares com depressão anérgica, quando comparados com ADTs. São possivelmente mais benignos que os ADTs caso provoquem virada maníaca em bipolares. A incidência de disfunção sexual é menor que a reportada com ISRS e ADT.
Em pacientes idosos apresentam um perfil de tolerabilidade superior quando comparados aos ADTs e ISRS. A meclobemida é indicada em casos refratários e pacientes demenciados.
Alguns indivíduos que param de tomar antidepressivos podem sentir-se mal. Esse efeito pode ter dois motivos. O primeiro é que a interrupção abrupta de algumas medicações, como a paroxetina e a venlafaxina, pode causar uma “síndrome de descontinuação” pela interrupção da ação da serotonina sobre o sistema nervoso central. As suas características são náusea, tontura e outros sintomas desagradáveis. Para evitar o problema, é importante suspender a medicação aos poucos, sob orientação médica. Uma segunda situação diz respeito ao retorno dos sintomas. Nesse caso, o medicamento não teve um efeito curativo, apenas controlou as manifestações do transtorno. Trata-se de uma ocorrência bastante comum, uma vez que a depressão e vários outros distúrbios tratados com antidepressivos podem ser crônicos e exigem um tratamento prolongado.
Bernik, Braun, Corregiari (2005) esclarecem que o problema da síndrome de dependência raramente ocorre com antidepressivos. Os relatos médicos referem-se a apenas uma medicação da categoria, a amineptina, com esse potencial. Um caso de dependência também já foi verificado com a tranilcipromina. Vale ressaltar que os pacientes que ficaram dependentes desses remédios já haviam usado outras drogas de forma abusiva. Segundo os autores, já na categoria dos tranqüilizantes, a questão da dependência merece ser debatida com mais cuidado. Os barbitúricos, basicamente os de ação curta, são os que podem causar dependência. Entretanto, essas substâncias não são mais usadas como ansiolíticos ou hipnóticos, desde o início dos anos 60 foram sendo substituídos pelos benzodiazepínicos, cujas principais vantagens eram justamente o menor risco de dependência e menor risco de morte nos casos de envenenamento.


Fonte: Antidepressivos - Psiquiatria - Psicopatologia - Psicologado Artigos http://artigos.psicologado.com/psicopatologia/psiquiatria/antidepressivos#ixzz26SrKKGDQ

Transtornos Depressivos e Suicídio


 Flora Fernandes Lima 



Os transtornos depressivos tem como característica imprescindível, segundo os sistemas classificatórios DSM-IV e CID-10, humor deprimido e perda de interesse. O DSM adiciona agitação ou retardo psicomotor e o CID aponta como possíveis presentes auto-estima e auto-confiança reduzidas (KAY e TASMAN, 2002)
Outros sintomas passíveis de estarem presentes são perda de apetite, mudanças no padrão de sono, redução da capacidade de concentração, fatigabilidade, ideação ou planejamento suicida bem como idéias de culpa e inutilidade.
Apesar de serem reconhecidos e sujeitos a classificações desde à Antiguidade, os Transtornos Depressivos ainda não possuem etiologia claramente estabelecida. Teorias mais aceitas relacionam-nos à fatores biológicos, hereditários e ambientais. (TENG e DEMETRIOS, 2006). A divisão, entretanto, vem a ser arbitrária já que na prática esses fatores mesclam-se continuamente. (KAPLAN e SADOCK, 1997)
O Transtorno Depressivo Maior, um dos desdobramentos do Transtorno depressivo, envolve alterações do humor vivenciadas como uma situação de tristeza, irritabilidade, melancolia, desespero, perda de interesse ou de prazer. Possui como mais expressivo risco a possibilidade de suicídio, requerendo nesse caso tratamento imediato ou mesmo hospitalização. (KAY e TASMAN, 2002)
Constituem fatores de risco para suicídio: história familiar para transtorno depressivo, histórico de tentativas de suicídio, período puerperal, doença clínica comorbida, ausência de suporte social, eventos de vida estressantes ou negativos, abuso ativo de álcool ou outras substâncias.
Em caso de transtornos depressivos a avaliação de risco de suicídio deve sempre ser realizada com a busca por presença ou não de ideações suicidas em relação ao episódio atual, bem como tentativas de suicídio anteriores. Nos casos onde existe a ideação a ocorrência de eventos estressores significativos para o paciente pode vir a precipitar algum episódio. O uso de drogas também pode vir a aumentar o risco (KAPLAN e SADOCK, 1997).
No caso de tentativas de suicídio anteriores ou mesmo presença de tentativas no histórico familiar há que se ter cuidado com a melhora constatada após certo tempo de uso dos anti-depressivos, são grandes os índices de novas tentativas nesse período. Família e amigos devem ser prevenidos e alertados.
A abordagem farmacológica é feita por meio do emprego de antidepressivos e varia de acordo com os sintomas que vem a ser apresentados de forma a conseguir atingir a fase de remissão dos sintomas durante o que se chama fase aguda e prevenir a recorrência dos mesmos. Os antidepressivos mais utilizados são os ADT’s (anti-depressivos tricíclicos) (TENG e DEMETRIOS, 2006)
O trabalho terapêutico deve estar sempre aliado ao tratamento medicamentoso e apoio de familiares e amigos. A rede de segurança social é de fundamental importância no processo de recuperação e fortalecimento desses pacientes e deve ser trabalhada conjuntamente com o sujeito durante o processo psicoterapêutico


Fonte: Transtornos Depressivos e Suicídio - Transtornos Psíquicos - Psicopatologia - Psicologado Artigos http://artigos.psicologado.com/psicopatologia/transtornos-psiquicos/transtornos-depressivos-e-suicidio#ixzz26Sq5RsPi

O TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR



O transtorno bipolar foi descrito inicialmente por Kraeplin, em 1889, como psicose maníaco-depressiva. Apesar das já realizadas mudanças de nomes e classificação, até hoje existem polêmicas acerca das mesmas.
Para Teng e Demetrios (2006), O transtorno afetivo bipolar é definido pela presença de pelo menos dois episódios afetivos e diferencia-se do transtorno afetivo recorrente pela presença de pelo menos dois episódios não depressivos: mania, hipomania ou estado misto. Esse tipo de transtorno têm início na maioria das vezes entre 15 e 30 anos de idade. Os episódios costumam durar de 4 a 13 meses. (KAY e TASMAN, 2002).
De acordo com Kay e Tasman (2002), os dados fenomenológicos para diagnóstico dos transtornos bipolares devem ser transversais (aspectos descritivos referentes a um determinado ponto no tempo) e aspectos longitudinais (referente ao curso dos sintomas). Para que haja o diagnóstico de transtorno bipolar devem existir transtornos individuais ao longo do tempo já que os episódios depressivos do mesmo quando olhados de forma transversal não costumam diferir dos episódios de depressão maior.
BipolarOs episódios maníacos são definidos por períodos de humor anormalmente elevado, expansivo ou irritável acompanhados de prejuízos no setor ocupacional ou social, pode ser percebida também grandiosidade irrealista, excesso de energia ou intensificação das energias dirigidas a um objeto. Os sintomas hipomaníacos são idênticos, entretanto, menos severos. (kay e tasman, 2002)
O transtorno bipolar pode ser classificar em tipo I - com episódios depressivos maiores acompanhados de episódios maníacos - e transtorno bipolar do tipo II – episódios depressivos maiores acompanhados de episódios hipomaníacos (maníacos mais leves).
Podem vir a ocorrer sintomas psicóticos em qualquer um dos pólos do transtorno. Se os sintomas psicóticos estiverem limitados ao episódio de humor principal, os indivíduos são considerados portadores de transtorno bipolar com aspectos psicóticos, caso os sintomas psicóticos persistam é feito o diagnóstico de transtorno esquizoafetivo.
Em caso de ocorrência de quatro ou mais episódios do humor num período de até 12 meses pode-se caracterizar o transtorno como ciclagem rápid.
O tratamento pode ser classificado como agudo e de manutenção, mantendo assim um tratamento direcionado para manutenção de um problema específico aliado à continuidade da medicação a fim de prevenir novos episódios sendo assim, deve ter como objetivo principal a estabilização do humor e o estabilizador de humor deve tratar e prevenir a mania e a depressão.
Atualmente, no entanto, não existe ainda nenhuma droga que preencha totalmente o critério de estabilização do humor. Várias vem sendo utilizadas, como anticonvulsionantes, antipsicóticos, benzodiazepínicos e lítio sendo que este último é o que mais se aproxima do conceito restritivo de estabilização do humor. A terapia aliada ao tratamento medicamentoso vem se mostrado bastante eficaz.


Fonte: Transtornos Bipolares - Transtornos Psíquicos - Psicopatologia - Psicologado Artigos http://artigos.psicologado.com/psicopatologia/transtornos-psiquicos/transtornos-bipolares#ixzz26SpMp2QV

A Institucionalização da Loucura - Introdução (Parte I)


A Institucionalização da Loucura - Introdução (Parte I)Flora Fernandes & Joviane Moura

As concepções sobre normalidade e anormalidade bem como as formas de lidar com a loucura variam de acordo com o contexto histórico. Até o início do estudo das ditas insanidades ser incluído no campo da medicina há cerca de 2.500 anos na Grécia, existiam apenas alusões à loucura como comportamentos estranhos, personalidades incomuns ou desagradáveis e mesmo “possessões demoníacas” (STONE, 1999).
Durante a Idade Média, segundo Stone (1999), pessoas consideradas loucas eram ditas possuídas pelo demônio e queimadas na fogueira. Considerava-se então que a qualquer momento o acometimento da loucura, por ser de natureza demoníaca, pudesse desapropriar a razão daqueles ditos sãos.
Em outros contextos sociais e históricos foram disseminadas idéias de que o louco possuía seu dito comprometimento mental decorrente de períodos cíclicos ou fases da natureza, incluem-se aqui as fases da lua. Baumgart (2006, p. 27) cita que “la locura estaba íntimamente relacionada con las fases y las transformaciones de la luna" e completa afirmando que daí surge a expressão do lunático, como sinônimo de louco.
Para Baumgart (2006, p.27), Nota-se que “a partir de todos estos ejemplos se ve cómo la patología asume formas fenoménicas diversas de acuerdo a una determinada sociedad, determinados órdenes etnográfico e histórico”.
No interstício entre período medieval e renascentista havia uma forte expressão social no ocidente de exclusão de um grupo de sujeitos, nesse caso os leprosos. Estes tidos desde os tempos pré-biblicos, como aqueles que traziam consigo as mazelas do mundo e que não tinham outro caminho se não serem excluídos, ou serem admitidos como objeto de caridade e indulgência por parte daqueles que concebiam um caráter religioso de pecado e condenação, ao explicar as causas da lepra.
A partir do final da Idade Média e início do período neoclássico ou renascentista, no entanto, a lepra passa a não mais figurar como causa biológica de impacto social de segregação, exclusão e banimento. Há a diminuição do número dos casos de lepra.
A partir de então esta peste e as mazelas que a ela eram atribuídas passam a desocupar o espaço de segregação social. Como resultado desse processo a sociedade da época passa a não mais experimentar a rotulação, condenação e a “cura sem a curar”.
Não obstante, em pouco tempo a loucura assume esse papel e passa a ser tida como substrato de exclusão e diluição social. A imagem do louco foi vitalizada e fortalecida como aquele agente social que fomenta a perda da razão, sinônimo de ordem e de norma.
Baumgart (2006), aponta que o doente mental era retirado da convivência com outros homens por que se alegava na época que devido à enfermidade suas funções mentais superiores desapareceriam e a convivência social ficaria inviabilizada. Acresce-se que, na Renascença, há a volta dos valores humanistas greco-romanos e retorno das indagações sobre as origens e causalidades naturais dos fenômenos mentais, são dessa época os primeiros asilos.

· Institucionalização da loucura

O surgimento dos asilos por volta do século XV e XVI, no entanto, não se restringiu a internação apenas dos considerados doentes mentais. Assumem de acordo com Basaglia (2001), a função de defender e afastar da sociedade todas as “espécies” que fossem incômodas impondo por intermédio desses locais sistemas de restrições e limites de forma mais incisiva. O controle social sobre as expressões e manifestações sociais tidas como desviantes retoma então através destas instituições o papel de segregação e exclusão.
Esses asilos, por vezes, situavam-se inclusive nas mesmas instalações físicas dos antigos leprosários da Idade Média, abandonados por um certo tempo pela regressão da lepra. Os leprosários constituíam espaços “malditos” caracterizados pelo isolamento físico e social particularmente direcionado aos leprosos. Segundo Foucault (2002, P.6)
A lepra se retira, deixando sem utilidade esses lugares obscuros e esses ritos que não estavam destinados a suprimi-la, mas sim a mantê-la a uma distância sacramentada, a fixá-la numa exaltação inversa. Aquilo que sem dúvida vai permanecer por muito mais tempo que a Lepra, e que se manterá ainda numa época em que, há anos, os leprosários estavam vazios, são os valores e as imagens que tinham aderido à personagem do leproso.
No contexto renascentista a loucura apresenta-se como ameaça ao sistema racional nascente. Tudo o que não pudesse ser enquadrado pelo cartesianismo era sistematicamente negado e rotulado como não-verdade e perdendo, segundo Birman (2003), a validade do discurso. Paulatinamente a loucura é emudecida como fonte de veracidade gerando assim exclusão social e política. Foucault (2000, p.47), afirma que
A não razão do século XVI constituía uma espécie de ameaça aberta cujos perigos podiam sempre, pelo menos de direito, comprometer as relações de subjetividade e da verdade. O percurso da dúvida cartesiana parece testemunhar que no século XVII esse perigo está conjurado e que a loucura foi colocada fora do domínio no qual o sujeito detém seus direitos à verdade: domínio este que, para o pensamento clássico, é a própria razão. Doravante, a loucura está exilada.
Antes do século XVII a loucura não era uma entidade diferenciada. Tinha-se consciência da sua existência, da sua diferença, mas de uma diferença que não é perfeitamente delimitada, “que não possuía um estatuto definido e que freqüentemente era vista como uma forma suprema de sabedoria para se perder em seguida no mistério da diferença pura” (ROZA, 2005, p.27). Não havia um abismo entre elas. Loucura e não-loucura estariam confusamente implicadas.
A partir do século XVIII, a psiquiatria adentra os asilos e o poder no interior dessas instituições que antes era conferido à Igreja e ao Estado passa a ser exercido pela Medicina. Pinel (1745-1826) e Esquirol (1772-1840) em Bicêtre, considerados os pais da Psiquiatria, promoveram uma inovadora reforma hospitalar que ficou conhecida como “tratamento moral”.
Promoveram um processo de humanização no sistema psiquiátrico, que até então se resumia ao depósito e degredo dos loucos. Revolucionou-se a filosofia do atendimento asilar, quebrando grilhões e cadeados, saneando a imundície das celas. Devolveu-se o sentimento de identidade aos doentes mentais (STONE, 1999). Identificação esta que não implica em inclusão social, mas denota, por outro lado, a outra face admitida pelo mesmo fenômeno – a loucura.
Mesmo com as mudanças proporcionadas pelos feitos de Pinel, Foucault (2002), defende que, a princípio, a Psiquiatria não surge como uma especialização do saber ou área da ciência médica e sim como um ramo especializado da higiene pública que tinha por objetivo a higiene do corpo social por inteiro. Para constituir-se como instituição de saber, nesse caso, saber médico fundamentado e justificável precisou, segundo mostra Foucault (2002), estabelecer dois parâmetros: a loucura foi simultaneamente codificada como patológica e perigosa objetivando com isso ganhar importância social.
A Psiquiatria como detentora de conhecimentos relacionados à doença mental poderia utilizá-los para prevenir e eventualmente curá-la de modo a funcionar, ainda segundo Foucault (2002), como forma de “precaução social absolutamente necessária para se evitar um certo número de perigos fundamentais decorrentes da existência mesma da loucura”. A loucura passa então a ser concebida como doença e percebida como perigo social.
O hospício consolidou-se como uma instituição total que tem por objetivo cuidar e segregar os loucos de condutas consideradas perigosas, do restante da sociedade. Por instituição total entenda-se de acordo com Goffman (2005, p. 11), local de residência onde “indivíduos com situação semelhante, separados da sociedade mais ampla por considerável período de tempo levam uma vida fechada e formalmente administrada”. Nessas instituições a individualidade é mortificada e a autonomia do sujeito delegada ao poder do médico.
Dentro do manicômio o médico tem a liberdade de agir independentemente de controles sociais externos. Jervis (2001), coloca que o psiquiatra tem um poder sobre o corpo do paciente ainda maior que os outros médicos já que não age apenas setorialmente e sim de forma global assumindo um papel de controle e contenção desse sujeito. Jervis (2001, p. 265), destaca que
O especialista em psiquiatria, juntamente com o psicólogo, o psicanalista e o sociólogo, serve para reeducar o cidadão para o consumo ou para a adesão ao poder, independentemente da presença nele daquilo que continuamos a chamar de “distúrbio mental".
Na prática isso quer dizer que os profissionais ligados à saúde mental trabalham majoritariamente com adequação de comportamentos. A patologização da loucura desemboca na normalização do modo de conduta da sociedade já que, segundo Jervis (2001), o internamento do louco em um hospício para tratamento é a reafirmação da sanidade de todos os que estão fora dele.
O manicômio sob essa ótica apresentar-se-ia como afirmação da própria necessidade de tornar distintos e claros os comportamentos considerados normais. A conseqüência social dessa delimitação é a busca de condicionamento a comportamentos considerados adequados pelos parâmetros sociais estabelecidos.


Fonte: A Institucionalização da Loucura - Introdução (Parte I) - Psiquiatria - Psicopatologia - Psicologado Artigos http://artigos.psicologado.com/psicopatologia/psiquiatria/a-institucionalizacao-da-loucura-introducao-parte-i#ixzz26SnxCh9d

Diagnóstico diferencial em Transtorno Obsessivo-Compulsivo

Escrito por Cida Melo   
O DSM-IV exige para o diagnostico sofrimento pessoal e comprometimento funcional para diferenciar o transtorno obsessivo-compulsivo de pensamentos ou hábitos comuns ou levemente excessivos. Kaplan (2000) considera os principais transtornos neurológicos a serem considerados no diagnostico diferencial são transtorno de Tourette, outros transtornos de tiques, epilepsia do lobo temporal e, ocasionalmente, traumatismo e complicações pós-cefálicas.
Transtorno de Tourette - são tiques motores e vocais que ocorrem frequentemente, virtualmente todos os dias. O transtorno de Tourette e o transtorno obsessivo-compulsivo têm uma idade similar de inicio e sintomas similares. Cerca de 90% dos pacientes com transtorno de Tourette tem sintomas compulsivos e ate dois terços reúnem os critérios diagnósticos.
Condições psiquiátricas
As principais considerações psiquiátricas no diagnostico diferencial do transtorno obsessivo compulsivo, fobias e transtornos depressivos. Pode ser diferenciado da esquizofrenia na ausência de outros sintomas pela natureza menos bizarra dos sintomas e pelo insight do paciente de seu transtorno. (Kaplan)
As fobias podem ser distinguidas pela ausência de uma relação entre os pensamentos obsessivos e as compulsões. O transtorno depressivo maior pode ocasionalmente estar associado com idéias obssessivas, mas os pacientes com transtorno obsessivo-compulsivo isoladamente não reúnem os critérios diagnósticos para transtorno depressivo maior.
Outras condições que podem estar relacionado a TOC são a hipocondria, transtorno dismórfico corporal e possivelmente outros transtornos dos impulsos como cleptomania e jogo patológico.
Curso e prognóstico
Mais de 50% dos pacientes com TOC experimentam um inicio súbito dos sintomas. Aproximadamente 50 a 70% dos pacientes têm o inicio dos sintomas após um acontecimento estressante.
Cerca de 20 a 30% dos pacientes tem melhoras significativas e seus sintomas, e 40 a 50% têm uma melhora moderada. 20 a 40% dos pacientes provavelmente permanecem doentes ou ate pioram em seus sintomas. (Kaplan)
Aproximadamente 1/3 desses pacientes desenvolve transtorno depressivo maior, e há risco de suicídio.
Tratamento
Os pacientes resistem tenazmente aos esforços de tratamento. Os sintomas têm valores psicológicos que tornam os pacientes relutantes em abandoná-los.
Farmacoterapia
Há significativa eficácia no tratamento farmacoterápico. Uma parcela significativa dos pacientes com transtornos obsessivo-compulsivo que respondem ao tratamento com drogas antidepressivas parece recair, se a terapia com a droga for descontinuada.
O enfoque convencional consiste em começar com uma droga especifica da serotonina, por exemplo, clomipramina ou um inibidor da seletiva recaptação(ISRS) da serotonina como fluoxetina, e depois avançar para outras estrategias de tratamento, se as drogas especificas a serotonina não forem efetiva.
Clomipramina - a droga padrão para o tratamento do transtorno obsessivo-compulsivo é a clomipramina, uma droga triciclica especifica da serotonina que tambem é usada para o tratamento de transtornos depressivos. A clomipramina é geralmente iniciada com 25 a 50 mg a hora de dormir e pode ser aumentada a incrementos de 25 mg/dia a cada dois ou três dias, ate uma dosagem máxima de 250 mg/dia ou o aparecimento de efeitos colaterais limitadores da dose. Uma vez que a clomipramina é uma droga triciclica, ela esta associada com os efeitos colaterais habituais dessas drogas, incluindo sedação, hipotensão, disfunção sexual e efeitos colaterias anticolinergicos.
Inibidores seletivos da recaptação de serotonina incluem fluoxetina, sertralina, paroxetina. Tem usado dosagens de 80mg/dia para aquisição de benefícios terapêuticos. Embora a ISRS estejam associadas com estimulação excessiva, inquietação, cefaléia, náusea e efeitos geralmente adversos, este grupo farmacológico é melhor como tratamento de primeira linha para o TOC.
Outras drogas - quando fracassa o tratamento com clomipramina ou um ISRS, geralemente acrescenta-se lítio a primeira droga. Outras drogas usadas incluem inibidores da minoaminoxidas(IMAOs), especialmente fenelzina. Drogas tambem usadas, mas com menor freqüência incluem buspirona, fenfluramina, triptofano e clorazepan.



quinta-feira, 13 de setembro de 2012

roberto carlos 10 musicas . 1972

Malher - Sinfonia


Aninha é uma Rosa!...


Lauro de Freitas - Bahia


PSIQUIATRIA


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TRANSE E POSSESSÃO
Apesar de acreditarmos piamente em todos os deuses e demônios, vamos abordar o tema como se espera da ciência, deixando para outros profissionais de outras áreas a difícil tarefa de lidar com o sobrenatural.
Em nosso meio a maioria das pessoas que se apresentam em transe não são, decididamente, portadoras de nenhuma patologia psiquiátrica. Trata-se da influência de elementos sócio-culturais na representação da realidade. Mas essa página não objetiva tratar desses casos.
A influência da cultura nos sentimentos, afetos e comportamentos não deve ser, por si só, tomada como doenças mental. Se assim fosse, um cordão de carnaval, aos olhos de outra cultura, por exemplo, poderia ser tomado como um batalhão de dementes. Trataremos aqui daqueles casos que comportam um diagnóstico médico e psíquico.
Alguns pacientes com Epilepsia do Lóbulo Temporal ou do Sistema Límbico podem sofrer exóticas mudanças de personalidade, tanto sob a forma aguda, durante crises (se houverem) ou, mais curiosamente, entre os ataques. A sintomatologia dessas mudanças de personalidade se dá, comumente, com episódios de êxtase místico, preocupações religiosas, compulsão e falar ou escrever sobre temas metafísicos, orações, estados de êxtase de graça (com sentimentos de bondade extrema).
Se as visões e alterações da personalidade forem muito evidentes nesses pacientes disrítmicos, podemos falar em Transtorno Psicótico Devido a uma Condição Médica Geral. Esse transtorno é caracterizado por alucinações ou delírios proeminentes, presumivelmente decorrentes dos efeitos fisiológicos diretos de uma condição médica geral sobre o cérebro.